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Direito Civil I

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Direito Civil I
Prof(a). Dr(a) Jurema Gomes Xavier
Direito: O homem é um ser eminentemente social. A convivência impõe uma certa ordem, determinada por regras de conduta. O fim do direito é precisamente determinar regras que permitem aos homens a vida em sociedade.
Justiça: É a perpétua vontade de dar a cada um o que é seu, segundo uma igualdade.
Moral: Pautar a conduta pela ética. Distingue-se do direito pela sanção que é imposta pela consciência do homem. Geralmente a ação juridicamente condenável o é também pela moral.
- O Direito e a moral também se distinguem-se pelo fato do primeiro atuar no foro exterior, ensejando medidas repressivas do aparelho executivo quando violado, e a segunda no foro íntimo das pessoas encontrando reprovação na sua consciência.
- O Direito tem efeito bilateral, seu campo é restritivo, seu conteúdo é definitivo, seu fim é o bem estar social e sanção é coercível. No caso da moral, ela tem efeito unilateral, seu campo é amplo, o conteúdo é indefinido, o fim é o bem estar pessoal e a sanção é incoercível.
Direito Positivo: Ordenamento jurídico em vigor num determinado país e numa determinada época.
Direito Natural: Lei superior ao direito positivo. É universal e imutável, perfeito e permanente. Justiça suprema. Está dentro de nós.
Direito Objetivo: Conjunto de normas impostas pelo Estado, imprimem ao nosso comportamento uma direção. É a norma da ação humana,
Direito Subjetivo: É a faculdade de agir de acordo com a lei e de invocar proteção aos seus interesses.
Direito Público: Visa proteger os interesses da sociedade.
- Normas de ordem pública não são normas de direito público. Embora cogentes, ou seja, inderrogáveis como as de direito público, as normas de ordem pública estão presentes no direito privado e nas relações jurídicas em que elas aparecem não há a presença do estado, somente de particulares.
Direito Privado: Visa assegurar a satisfação dos interesses individuais.
Direito Civil: Regula os direitos e obrigações de ordem privada concernentes às pessoas, bens e as suas relações.
- Código de 1916 é um Código individualista, tira o poder do estado sobre os indivíduos. O motivo é que esse código foi elaborado no século XIX e XX diante de uma sociedade colonial.
- Código Civil de 2002 preserva, no possível, a estrutura do Código de 1916, atualizando-o. 
Normas Inderrogáveis: Cogentes, imperativas, impositivas, de ordem pública. Imperatividade absoluta.
Normas Derrogáveis: Dispositivas, facultativas, de ordem privada. Nenhum interesse social a ser protegido.
Lei: Norma geral e permanente editada pela autoridade soberana e dirigida coativamente a obediência dos cidadãos. A lei é sancionada (aprovada), promulgada (declaração de existência) e publicada (divulgação oficial).
Lei físico-natural: Imutável, não podem ser violadas e não há liberdade de escolha.
Lei jurídica: Mutável, podem ser violadas e há liberdade de escolha.
Costume: Norma jurídica não escrita que o uso consagrou como obrigatória. É	constante, imperativo, uniforme e é usado todos os dias.
Doutrina: Ideias e opiniões que os autores/doutores/comentaristas expõem e defendem no estudo e ensino do direito.
Jurisprudência: Interpretação que os tribunais dão as leis, adaptando-as a cada caso concreto submetido a seu julgamento.
Súmula/Ementa: Resumo de decisões dos tribunais.
Súmula Vinculante: É a que deve ser seguida obrigatoriamente pelos juízes de todas as instâncias. Ementa constitucional nº 45 (8/12/04).
Código Civil: Disciplina as relações jurídicas privadas que nascem da vida em sociedade e se formam entre pessoas.
Personalidade Jurídica: Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. É pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica.
- A lei não pode ignorar o nascituro(feto) e por isso lhe salvaguarda os eventuais direitos. Mas, para que estes se adquiram, preciso é que ocorra o nascimento com vida.
Capacidade Jurídica: É a capacidade de direito ou de gozo. Capacidade de exercício ou de ação, que é a aptidão para exercer os atos da vida civil.
- Nem todas as pessoas têm a capacidade de fato por faltarem maioridade, saúde, desenvolvimento mental. A lei, com intuito de protege-las, não lhes nega a capacidade de adquirir direitos, sonega-lhes o de se autodeterminarem, de o exercer diretamente, exigindo sempre a participação de outra pessoa, que as representa ou assiste.
Legitimação: É a aptidão para a prática de determinados atos jurídicos, uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações.
Relação Jurídica: É toda a relação da vida social regulada pelo direito.
Pessoa natural ou física: O ser humano.
Pessoa jurídica ou coletiva: Agrupamento de pessoas naturais, visando alcançar fins de interesse comum.
Incapacidade: É a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.
Incapacidade absoluta: A proibição total de exercício do direito por si só. O ato somente poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz.
- São absolutamente incapazes: Menores de 16 anos; os que não puderem exprimir sua vontade; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos.
Incapacidade relativa: Permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade. Porém certos atos podem praticar sem a assistência de seu representante. Ex: Ser testemunha.
- São os relativamente incapazes: Maiores de 16 anos e menores de 18; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os pródigos.
- A situação jurídica dos índios será regulada por legislação especial. Lei nº6001 de 19 de dezembro de 1973, que dispõe sobre o Estatuto do índio, proclamando que ficarão sujeitos à tutela da União, até se adaptarem a civilização. O índio é assistido pela Fundação Nacional do Índio(FUNAI).
Cessação da incapacidade: No caso de loucura e da surdo-mudez desaparece a incapacidade, cessando a enfermidade que as determinou. Quando a causa é menoridade, desaparece pela maioridade e pela emancipação. 
- Emancipação voluntária é a concedida pelos pais, se o menor tiver 16 anos completos. (Não é necessário a sentença judicial)
- Emancipação jurídica é a deferida por sentença, ouvido o tutor, em favor do tutelada que já completou 16 anos. (Só é necessário a sentença judicial quando o menor é representado por um tutor, está sobre tutela)
- Emancipação legal é a que decorre de determinados fatos previstos na lei, como consta do dispositivo legal. Ex: pelo casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso de ensino superior; pelo estabelecimento civil ou comercial.
Extinção da personalidade natural: Modos de extinção: 
A morte real é responsável pelo término da existência da pessoa natural. A sua prova se faz pelo atestado de óbito. 
A morte simultânea ou comoriência ocorre quando dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião, não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro. Somente interessa saber qual dekas morreu primeiro se uma for herdeira ou beneficiária da outra.
A morte civil é referida as pessoas privadas dos direitos civis e consideradas mortas para o mundo, embora vivas. (Abolida pelo Direito contemporâneo)
A morte presumida pode ser com ou sem declaração de ausência. Permite a declaração de morte presumida se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; se alguém desaparecido não for encontrado até 2 anos após o término da guerra.
- A declaração de morte presumida somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Individualização da pessoa natural: É essencial que o sujeito da relação jurídica, negocial e familiar seja individualizados, perfeitamente identificados. Os principais elementos individualizadores da pessoa naturalsão: o nome, o estado e o domicílio.
Nome: Individualiza a pessoal não só durante a sua vida como também após a sua morte. Nome é a designação ou sinal exterior pelo qual a pessoa identifica-se.
- Aspecto público do nome: O Estado tem interesse em que as pessoas sejam perfeita e corretamente identificadas na sociedade pelo nome.
- Aspecto individual do nome: Consiste no direito ao nome, no poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir abusos cometidos por terceiros.
- A tutela do nome alcança o pseudônimo proporcionando direito a indenização em caso de má utilização.
Agnome: Distingue pessoas pertencentes a uma mesma família e com o mesmo nome. Ex: Neto, Jr, Filho. 
Axiônimo: Ex: Conde, Vossa Senhoria.
Prenome: É o nome próprio de cada pessoa. Ele pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo.
- Pode ser simples, ex: José.
- Pode ser composto, ex: João Carlos.
Sobrenome: É sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando a sua filiação. O sobrenome é característico de sua família, transmissível por sucessão. 
Imutabilidade do nome/Ratificação de prenome: O pronome é imutável, todavia, permite a retificação no caso evidente de erro gráfico e no caso em que expõe o seu portador ao ridículo. A retificação depende de alterações perante o juiz. O pronome é definitivo de modo a evitar eventuais alterações indesejáveis para a segurança das relações jurídicas.
- Pode haver mudança do prenome também em caso de adoção.
- O sobrenome só deve ser alterado em casos excepcionais.
Apelidos públicos notórios: São apelidos populares que podem ser acrescentados entre o prenome e o sobrenome e também podem eles substituir o prenome. Ex: Lula, Xuxa, Pelé.
Estado: Soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. É o modo particular de existir.
Ordens de estado:
Individual: Modo de ser quanto a idade, sexo, cor, altura e saúde.
Familiar: Solteiro, casado, viúvo, pai, filho, irmão.
Político: Posição de indivíduo na sociedade política. EX: Nacional ou estrangeiro.
- Não é possível possuir mais de um estado. Ele é indivisível e uno. Não se perde nem se adquire o estado pela prescrição.
Domicílio: Local, livremente escolhido ou determinado por lei, onde o indivíduo pode ser encontrado para responder por suas obrigações. Lugar onde a pessoa natural, de modo definitivo, estabelece a sua residência e o centro principal de sua atividade. É a sede jurídica da pessoa. A pessoa jurídica não tem residência, mas sede ou estabelecimento.
Direitos da personalidade: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícias de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhes os bens.
- Em face da ausência procura preservar os bens deixados pelo ausente, para hipótese de seu eventual retorno.
- Constatado o desaparecimento, qualquer interessado declarará a ausência e será nomeado um curador para os bens. 
- O cônjuge, que não esteja separado judicialmente, será o legítimo curador. Em falta de cônjuge será curador nessa ordem, os pais e os descendentes.
- A situação do ausente passa por três fases:
Curadoria do ausente: Em que o curador cuida de seu patrimônio.
Sucessão provisória: Prolongando-se a ausência, o legislador passa a preocupar-se com os interesses de seus sucessores. Os bens serão entregues aos herdeiros em caráter provisório e condicional, ou seja, desde que possam garantir a restituição deles.
- Os ascendentes, descendentes e o cônjuge poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
- Cessará a sucessão provisória pelo comparecimento do ausente; quando houver certeza da morte do ausente; dez anos depois de passada em julgado a sentença da sucessão provisória; quando o ausente contar 80 anos e houverem decorridos 5 anos das últimas notícias suas.
Sucessão definitiva: É quase definitiva, porque pode ocorrer o retorno do ausente. Os sucessores adquirem o domínio dos bens.
- O cônjuge do ausente pode requerer o divórcio direto, com base na separação de fato por mais de dois anos, requerendo a citação do ausente por edital.

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