Buscar

Apontamentos sobre Direito Civil I - Parte Geral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Suzana Ferreira
 Pós Doutora em Direito – Itália
+ 55 17 99603 7542
suzanadagloria@uol.com.br
APONTAMENTO INICIAL
APONTAMENTOS SOBRE DIREITO CIVIL BASILEIRO
(LEI 10.406, DE 10/01/2002)
PARTE GERAL: BREVES CONSIDERAÇÕES
Suzana Maria da Glória Ferreira[footnoteRef:1] [1: FERREIRA, Suzana Maria da Glória. Graduada em Direito e Pedagogia. Mestre – Unesp//Franca. Doutora – PUC/SP. Pós Doutora pela Università di Messina- Itália. Delegada de Polícia Aposentada. Professora de Direito Civil. Avaliadora de cursos de Direito INEP/MEC.] 
São José do Rio Preto –SP
2020
BREVE HISTÓRICO DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
CONCEITO: é o direito comum; que rege as relações entre os particulares. Do nascimento até pós morte (testamento).
 Define como um dos ramos do direito privado destinado a regulamentar as relações de família e as relações patrimoniais que se formam entre os indivíduos encarados como tal, isto é, tanto quanto membros da sociedade. 
É o direito comum a todos os homens, é chamado de Constituição do homem comum ( do cotidiano). 
Remonta-se ao direto romano ( jus civile) aplicado aos súditos romanos e o ( jus gentium) aos estrangeiros.
Idade Média - tivemos o Corpus Juris Civilis 
Idade moderna – as Revoluções contribuíram para dar início a especialização do direito.
A partir do século XIX os ramos do direito tomou-se corpo em Códigos. . Ex. Código de Napoleão de 1804; Código Comercial na França em 1807; Código Comercial no Brasil em 1850. 
CODIFICAÇÃO CIVIL NO BRASIL
Descobrimento 1500 até 1822 – Ordenações do Reino ( Ordenações Filipinas) que vigorou até o Código Civil de 1916. 
1865 - Teixeira de Freitas elaborou o primeiro ESBOÇO DO CÓDIGO CIVIL , com 5.000 artigos ( não acolhido) 
1900 – Clóvis Beviláqua encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de Código Civil . Aprovado em Janeiro de 1916, passou a vigorar em 01 de janeiro de 1917, com 1.807 artigos.
Código Civil de 1916 ( Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916). 
Leis publicadas posteriormente de grande alcance: 
Estatuto da Mulher casada – Lei nº 4.121/ 62
Lei dos Registros Públicos- Lei nº 6015/73 
Lei do Divórcio – Lei nº 6.515/77
Constituição Federal de 1988
Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8 069/90
Código de Defesa do Consumidor Lei nº 8 078/90 
Lei do Inquilinato – Lei nº 8 245/90 
Leis da União Estável – Leis nº s 8 971/94 e 9 278/ 96
CÓDIGO CIVIL DE 2002 - LEI nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 . 
(ENTRA EM VIGOR EM 11 DE JANEIRO DE 2003).
Comissão nomeada em 1967 formada pelos juristas Miguel Reale, José Carlos Moreira Alves, Agostinho Alvim, Sylvio Marcondes, Ebert Vianna Chamooun, Clóvis do Couto e Silva e Torquato Castro.
Projeto apresentado em 1972 (Projeto de Lei nº 634/75). 
Aprovado em 2002, com 2.046 artigos, foi dividido em Parte Geral (pessoas, bens e fatos jurídicos) e, Parte Especial ( direito das obrigações, direito das empresas, direito das coisas, direito de família e direito das sucessões). 
PRINCÍPIOS
1- SOCIALIDADE
2- ETICIDADE
3- OPERABILIDADE OU CONCRETUDE
O princípio da socialidade reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana.
O social é uma das características mais marcantes do novo diploma, em contraste com o sentido individualista e patrimonial do Código Civil de 1916. Ex. posse pro-labore; posse-trabalho, boa fé objetiva; função social do contrato entre outros. 
O princípio da eticidade funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. Prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa e demais critérios éticos. É posto como princípio do equilíbrio econômico nos contratos como base ética de todo o direito obrigacional. 
O princípio da operabilidade ou da concretude leva em consideração que o direito é feito para ser efetivado, para ser executado, afastando complexidades e perplexidades.
Apontamentos nº 01
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES - PARTE GERAL I
Normas Jurídicas e Morais: Têm em comum o fato de constituírem normas de comportamento. Distinguim-se pela sanção (no direito é imposta pelo Poder Público e na moral pela consciência do homem-remorso). 
Hoje distingue a norma jurídica das demais pelo AUTORIZAMENTO, pois só a norma jurídica é autorizante. É a condição para o uso lícito da coatividade, sendo o elemento necessário e específico da norma jurídica, distinguindo-a das demais. 
As normas jurídicas e morais tem em comum o fato de constituírem regras de comportamento. As normas jurídicas têm um conteúdo que varia de acordo com as épocas, lugares, políticas dominantes, etc. 
Direito Positivo: é o ordenamento jurídico em vigor em determinado País e em determinada época ( jus in civitate positum) . É o conjunto de normas, estabelecidas pelo poder político, que se impõem e regulam a vida social de uma dado povo em determinada época.
Direito Natural: é a idéia abstrata de direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e suprema .
Na época moderna, direito natural desenvolveu-se sob o nome de jusnaturalismo. 
Para o direito positivo não é exigível o pagamento de dívida prescrita e de dívida de jogo. Mas para o direito natural esse pagamento é obrigatório.
Direito Objetivo: é o conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter geral, a cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção (norma agendi) - expressão da vontade geral ( jus est norma agendi). 
Direito Subjetivo: faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar a sua proteção - expressão de vontade individual ( facultas agendi):
Obs: Duguit e kelsen - direito subjetivo é o mesmo que objetivo. 
 Windscheid e Friedrich Karl von Savigny - teoria da vontade - direito subjetivo constitui um poder de vontade.
 Rudolf von Ihering - teoria do interesse- direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido.
 JellineK- teoria mista- é o interesse protegido que a vontade tem o poder de realizar. 
Direito Público: regula as relações do Estado com outro Estado, ou as do Estado com os cidadãos. É o que compreende as coisas do Estado.
Direito Privado: disciplina as relações entre os indivíduos como tais, nas quais predominam imediatamente o interesse de ordem particular. O que pertence à utilidade do particular. 
São de direito público as normas em que predomina o interesse geral; e de direito privado as que visam atender imediatamente o interesse dos indivíduos.
O direito público seria o que protege interesses preponderantemente públicos, regulando relações jurídicas de subordinação, e o direito privado , o que concerne a interesses preponderantemente particulares e que regula relações jurídicas de coordenação. 
Pertencem ao direito público, o direito constitucional, direito administrativo, direito tributário, direito penal, direito processual (civil e penal) , internacional (público e privado ) e o direito ambiental. 
Pertencem ao direito privado, o direto civil, direito comercial, direito consumidor, direito agrário, direito marítimo, direito aeronáutico e direito do Trabalho ( este com grandes ressalvas e várias correntes) . 
A clássica divisão em direito público e privado vem do direito romano e tem sua origem com ULPIANO.
Normas cogentes ou de ordem pública: são de aplicação obrigatória. São as eu se impõem de modo absoluto, não sendo possível a sua derrogação pela vontade das partes. 
Normas de ordem privada ou dispositiva: vigoram enquanto à vontade dos interessados não convencionar de forma diversa (caráter supletivo).
CONCEITO DE DIREITO 
É a norma que rege as ações humanas e suas consequências na vida real, estabelecida por uma organização soberana, com caráter sancionatório. 
São elementos do direito , segundo Miguel Reale, - fato, valor e norma - e coexistem numa unidade concreta. 
Busca-se o justo através:
a) justiça comutativa - justiça particular - um particular confere ao outro aquilo que lhe é devido, por meio de uma igualdade simples.
b) justiça distributiva - igualdadeproporcional - ex. imposto sobre grandes fortunas.
c) justiça geral ou social - membros da sociedade dão à comunidade o bem que lhe é devido. 
Causas de Direito 
São as formas como o direito se estabelece, os fatores que determinam os efeitos do direito.
a) causa eficiente - é a origem histórica do direito; discute-se se a origem advém do direito natural (dever ser) ou do direito positivo (normas estabelecidas pelo poder político e que regulam a vida social). 
b) causa final - busca do justo, que vem estabelecido nos princípios e regras constitucionais, nas leis infraconstitucionais e nas demais fontes.
c) causa material - divisões didáticas do direito- direito público (normas cogentes e vínculo de subordinação), direito privado (normas dispositivas e vínculo de coordenação) e direito social.
d) causa formal - fontes do direito.
Fontes do Direito
a) formais (estatais ) legislativas ( leis, decretos, regulamentos ( jurisprudenciais ( sentenças, súmulas, etc) e convencionais ( tratados e convenções internacionais. 
b) não formais e indireta ou mediatas ( não estatais) - direito consuetudinário- (costumes), doutrina e e as convenções em geral ou negócios jurídicos. 
A lei é a fonte formal e direta ou imediata. É a principal fonte do direito. 
Fontes secundárias - analogia, costumes e princípios gerais do direito, doutrina, jurisprudência e brocados jurídicos. O intérprete é obrigado a integrar o sistema jurídico, ou seja, diante da lacuna, deve sempre encontrar uma solução adequada. 
LEI 
CONCEITO: É o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e obrigatório. É uma norma de conduta, no sentido de que seu escopo direito ou indireto é dirigir o comportamento dos indivíduos particulares, das comunidades, dos governante e funcionário no seio do Estado e do mesmo Estado na ordem internacional. Ela prescreve como se deve orientar a conduta de cada um, sendo, portanto prescritiva e diretiva. Apresenta-se, portanto, na vida social como uma ordem de conduta, ou de DEVER SER, que indica que os comportamentos devem ser assim, de uma determinada maneira; logo pertence à ordem ética, que tem por objeto as ações humanas. 
Características: 
a) generalidade - dirige-se a todos e seu comando é abstrato.
b) imperatividade absoluta ou impositiva - impõe um dever, uma conduta. Também chamadas de cogentes ou de ordem pública. 
b 1 - imperatividade relativa ou dispositivas: que não ordenam, nem proíbe de modo absoluto; permitem ação ou abstenção ou suprem a declaração de vontade não existente. 
c) autorizamento - é a lei que autoriza e legitima o uso da faculdade de coagir. 
d) emanação de autoridade competente.
CLASSIFICAÇÃO: 
Quanto à especialidade: a lei especial revoga a lei geral, ante o fato de ter sido elaborada com maior rigor pelo jurista. 
a) normais gerais: discorrem sobre todo um ramo do direito.
b) normas especiais: regulam determinado ramo do direito. 
Quanto à hierarquia:
a) Constituição Federal
b) Leis complementares e ordinárias
C) Decretos, portarias e demais atos administrativos 
Quanto à cronologia: 
a) leis permanentes – não têm prazo certo para vigorar, vigendo até que outra a modifique ou revogue.
b) leis temporárias - prazo certo para vigência, podendo ser: 
b-1 expressas - os prazos de vigência estão disciplinados na norma, que tem conteúdo auto-revogatório.
b-2 tácitas - leis que vigoram apenas para uma situação especial e com a cessação do fato, cessa também a norma (leis excepcionais).
Obs: a norma poderá ser eficaz e não efetiva – é eficaz porque não foi revogada, mas não é efetiva pois caiu em desuso. 
Antinomia das leis (conflito de leis) - critérios adotados: 
a) hierárquico - lei superior revoga a inferior
b) especialidade - lei especial revoga a geral
c) cronológico - lei posterior revoga a anterior. 
Quanto a imperatividade: 
a) cogente 
b) dispositivas
Quanto ao autorizamento: 
a) mais que perfeitas: são as que por sua violação autorizam a aplicação de duas sanções: a nulidade do ato praticado ou o restabelecimento da situação anterior ainda a aplicação de uma pena ao violador.
b)perfeitas: são aquelas cuja violação as leva autoriza a declaração da nulidade do ato ou a possibilidade de anulação do ato praticado contra sua disposição e não a aplicação de pena ao violador. 
c) menos que perfeitas: não acarreta nulidade ou anulabilidade, apenas uma sanção. 
d) imperfeitas: são aquelas cuja violação não acarreta qualquer consequência jurídica. São normas sui generis, não são propriamente normas jurídicas, pois estão são autorizantes. 
OBRIGAÇÕES NATURAIS: Essas obrigações, cujo cumprimento é inexigível, são chamadas obrigações naturais, que são obrigações civis cuja evolução ainda não se completou por não ter chegado a adquirir a indispensável tutela jurídica ( dívida prescrita, dívida de jogo). 
Quanto à natureza : 
a) substantivas (materiais)
b) adjetivas (processuais formais) 
ANALOGIA
Conceito: É a fonte formal mediata do direito, consistente na aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente. Onde há a mesma razão, aplica-se a mesma disposição. 
COSTUMES 
Norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, sem que o Poder Público a tenha estabelecido. Diferente do hábito por não haver o elemento subjetivo. 
O costume é, também, fonte supletiva em nosso sistema jurídico, porém, está colocado em plano secundário , em relação a lei. 
O costume é composto de dois elementos: o uso ou prática reiterada de um comportamento ( elemento externo ou material)e a convicção de sua obrigatoriedade ( elemento interno ou psicológico, caracterizado pela opinio juris et necessitate), segundo Carlos Roberto Gonçalves. 
a) subjetivo - crença na obrigatoriedade – e que o descumprimento gera sanção.
b) objetivo - constância na realizado do ato. 
Classificação dos costumes: 
a) contra legem - o costume não respeita as normas constantes do regime jurídico
b) praeter legem - o costume amplia o preceito da lei. Ex. cheque pré-datado.
c) secundum legem- o próprio texto da lei delega ao costume a solução do caso concreto. Ex. art. 569, II, CC.
JURISPRUDÊNCIA
Conceito: são decisões reiteradas, constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre determinada matéria num determinado sentido. Não se confunde com orientação jurisprudencial (qualquer decisão do poder judiciário que esclareça a norma legal). 
Súmula Vinculante – Art. 103 - A - da CF/88 ( reiteradas decisões sobre a mesma matéria)
Doutrina 
Conceito: conjunto de indagações, pesquisas e pareceres dos cientistas do direito. 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Conceito: são postulados que estão implícita ou explicitamente expostos no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. São vetores de interpretação, que por sua generalidade e amplitude, informam as demais regras, constituindo a base de todo o ramo do direito. São estes constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas. 
Equidade: não constituiu meio supletivo de lacuna da lei, sendo mero recurso auxiliar da aplicação desta. É utilizada somente quando a lei permite.
Brocados jurídicos 
Conceito: são frases, sentenças concisas e de fácil memorização que encerram uma verdade jurídica. Aplica-se a todo sistema jurídico. Ex. excetio non adimpleti contratus; sine qua non; data venia. 
Apontamentos nº 02
LEI DE INTODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
(Decreto-Lei 4;657, de 04/10/1942, alterado pela Lei 12.376/2010)
Conceito: um conjunto de normas sobre normas, visto que disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento, no tempo e no espaço. É considerado um Código de Normas. È um conjunto de normas sobre normas . É uma lei de introdução às leis, por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação. 
Objetivo da LINDB normas de sobredireito apresentando institutos e regras que abrangem todos os ramos dodireito. 
Objetiva: 
a) tratar da obrigatoriedade das leis, discorrendo sobre a vigência e eficácia destas; 
b) estabelecer o início e o fim da produção de efeitos das normas; 
c) apresentar todas as fontes do direito; 
d) conferir ao intérprete princípios hermenêuticos e integrativos; 
e) solucionar o conflito das leis no tempo; 
f) resolver o conflito das leis no espaço. 
EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO 
A lei passa por três fases: elaboração, promulgação ( nascimento) e publicação ( começa a vigorar). 
Princípios
a) da obrigatoriedade: (art. 3º da LICC) somente a norma jurídica publicada é obrigatória a todos e ninguém poderá descumpri-la, alegando ignorância. 
b) da continuidade: (art. 2º caput da LICC) a norma permanente só perderá a eficácia se outra, de mesma ou superior hierarquia, vier modificá-la ou revogá-la. 
c) da irretroatividade: (art. 6º da LICC) a lei nova não pode retroagir para abarcar situações consolidadas por lei anterior ( direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada) . 
VIGÊNCIA DA LEI ( Vacatio legis)
Conceito: As leis nascem, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas . Correspondem à determinação do início de sua vigência, à continuidade de sua vigência e à cessação de sua vigência.
Existe um período de tempo que se estabelece entre a publicação e a entrada em vigor da lei. A lei não produzirá efeitos durante a vacatio legis, que existe: 
a) cognitivo: (para que a lei se faça conhecer antes de sua vigência);
b) instrumental: ( para que a norma ganhe efetividade e os órgãos da administração se aparelhem). 
Sistema de vacatio legis
a) simultâneo ou sincrônico: a lei sempre entra em vigor na mesma data em todo o território nacional. É o adotado pelo Brasil. 
b) progressivo: vigência distinta para locais distintos do território nacional. Era o do CC de 1916. 
c) omisso: não existe vacatio legis e toda lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Espécies de vacatio legis 
a) expressa: há na lei expressão determinando quando entra em vigor.
b) tácita: no silêncio da lei, entra em vigor 45 dias depois de oficialmente publicada.
Contagem: Art. 8, § 1º - inclui a data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente a sua consumação integral. 
Erros 
a) irrelevantes: não influi na interpretação da norma.
b) substanciais: implicam divergência de interpretação e se: 
b-1 antes da publicação: corrige-se sem problemas.
b-2 no período de vacatio legis: corrige-se e conta-se novo prazo.
b-3 após a entrada em vigor: corrige-se mediante uma nova norma de igual conteúdo.
Obs: O prazo de 45 dias não se aplica aos decretos e regulamentos, cuja obrigatoriedade determina-se pela publicação oficial.
REVOGAÇÃO 
É a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia, o que só pode ser feito por outra lei.
Pode ser: 
a) expressa: a nova lei diz expressamente que revoga a anterior.
b) tácita: a nova lei se torna incompatível com a anterior, ficando esta revogada.
c) ab-rogação: revogação total da norma.
d) derrogação: revogação parcial da norma.
Critérios para verificação de revogação das normas:
a) hierárquico: verifica qual das normas é superior.
b) cronológico: norma posterior revoga anterior.
c) especialidade: normas gerais não podem revogar ou derrogar norma especial. 
Repristinação 
Conceito: A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo disposição em contrário, ou seja, quando houver pronunciamento expresso do legislador nesse sentido. 
CONFLITOS DA LEI NO TEMPO 
O direito intertemporal visa solucionar os conflitos entre as novas e as velhas normas.
Critérios: qual lei aplica? 
a) disposições transitórias: o próprio legislador na nova lei concilia a mesma com as relações já definidas pela norma anterior
b) princípio da irretroatividade: (é regra, a exceção é a retroatividade) a lei não deve retroagir para atingir fatos e efeitos já consumados sob a lei antiga.
DIREITO ADQUIRIDO
Conceito: Aquele que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular.
Limites:
a) não prevalece contra normas constitucionais (exceto para alguns doutrinadores, se decorrente de emenda constitucional pois se trata de cláusula pétrea).
b) retroagem normas administrativas e processuais.
c) retroagem normas penais benéficas ao réu.
d) retroagem normas que dizem respeito ao estado e à capacidade das pessoas.
ATO JURÍDICO PERFEITO 
Conceito: já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. É o ato que tem aptidão para produzir efeitos.
Pode ser: 
a) instantâneo: aquele que, no momento de seu nascimento, já produz efeitos- não existe conflito de leis.
b) diferido: é o ato que produz efeito em um momento único, mas concretiza-se em momento posterior à sua prática.
c) de trato sucessivo ou execução continuada: é o ato que produz efeitos periodicamente, enquanto a relação jurídica se protai no tempo. 
Espécies:
a) condicional: evento futuro e incerto.
b) termo: evento futuro e certo - já produziram efeitos.
COISA JULGADA 
Conceito: imutabilidade dos efeitos da sentença, não sujeita a recursos. 
Portanto, como regra, aplica a lei nova aos casos pendentes e aos futuros, só podendo retroagir quando:
a) não ofender o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada;
b) o legislador expressamente, mandar aplicá-la a casos pretéritos.
EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO
Princípio da territorialidade 
Conceito: A norma tem aplicação dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado, estendendo-se às embaixadas, consulados, navios de guerra onde quer que se encontrem, navios mercantes em águas territoriais ou em alto-mar, navios estrangeiros (menos os de guerra) em águas territoriais, aeronaves no espaço aéreo do Estado e barcos de guerra onde quer que se encontrem. 
O Brasil segue o sistema da territorialidade moderna - art. 7º - a lei do País em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
Pela EXTRATERRITOORIALIDADE, a norma é aplicada em território de outro Estado, segundo os princípios e convenções internacionais. 
Denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de origem. 
Fazer a leitura dos artigos de 8 a 19 da LINDB.
HERMENÊUTICA JURÍDICA
Conceito: É a ciência, a arte da interpretação da linguagem jurídica. Exegese é a prática das regras hermenêuticas.
 
INTERPRETAÇÃO: (é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica). Há interpretação mais simples, quando a lei é clara, e complexas, quando o preceito e de difícil entendimento. 
PODE SER: 
 
a) gramatical: busca o significado literal da norma. 
b) lógica: busca contextualizar a norma, visando o seu alcance, e tem por base o sistema jurídico. 
c) histórica: busca a intenção do legislador quando da elaboração e do momento que foi elaborada.
d) teleológica: busca a adaptação da norma ao contexto social existente ao tempo de sua aplicação.
e) sistemática: busca a interpretação contextual da norma, sua colocação nos textos, suas subordinações a outros textos, sua ordem na espécie legislativa que a prevê e sua conseqüente seara de aplicação. 
 SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO
a) - sistema da livre pesquisa: o intérprete deve buscar a finalidade social da norma. ( utilizado no Brasil- art. 5º da LICC). 
b) - sistema dogmático: o direito só pode ser interpretado com base na lei.
c) - sistema histórico: evolutivo (Savigny) procura abrandar o sistema dogmático.
Passos na interpretação e integração da lei
a) interpretação gramatical ou literal.
b) verificação dos quatros critérios (lógica+ histórica+ teleológica+ sistemática). 
c) utilização da analogia.
d) uso das fontes secundárias (costumes+ doutrina+ jurisprudência).
e) utilização dos princípios gerais do direito.
Resultados da interpretação
a) declarativo: lei diz o que pretendia dizer.
b) restrito: lei disse mais do que precisava, restringindo o intérprete o seu alcance.
c)extensivo: lei disse menos do que deveria, sendo necessária a ampliação de seu campo de atuação.
Apontamentos nº 03 
DA PESSOAS NATURAL 
Pessoa Natural: é o ser humano (só as pessoas possuem personalidade jurídica) considerado como sujeito de direitos e obrigações. Para ser pessoa basta existir, nascer com vida, adquirindo personalidade.
Personalidade Jurídica: é a aptidão que toda pessoa tem para titularizar direitos, ou seja, ter direitos e contrair obrigações. 
A personalidade tem sua medida na capacidade, que é reconhecida, num sentido de universalidade, no art 1º do CC, que ao prescrever que toda pessoa é capaz de direito e deveres, emprega o termo “pessoa” na acepção de todo ser humano, sem qualquer distinção de sexo, idade, credo ou raça. 
Capacidade: é a medida da personalidade (legitimação - aptidão para prática de determinados atos jurídicos). 
Capacidade que é oriunda da personalidade, para adquirir direitos e contrair deveres na vida civil, dá-se o nome de capacidade de gozo ou de direito 
Capacidade de direito : é a capacidade de aquisição ou de gozo de direito não importando a idade da pessoal. É a consequência natural da personalidade jurídica.
Capacidade de fato ou de ação ou de exercício : é a capacidade de exercer, por si só, os atos da vida civil. É a aptidão par exercer por si os atos da vida civil, dependendo, portanto, do discernimento que é critério, prudência, juízo, tino, inteligência, e, sob prisma jurídico, a aptidão que tem a pessoa de distinguir o lícito do ilícito, o conveniente do prejudicial.
Quem possui as duas espécies tem capacidade plena; quem só tem a de direito tem a capacidade limitada e necessita que outra pessoa substitua ou complete a sua vontade, são “incapazes”
Não confundir incapacidade com impedimento ou falta de capacidade fato (falta de discernimento que enseja regra de proteção ao indivíduo) com falta de legitimação (restrição específica para prática de algum negócio jurídico específico. Ex. maior de 18 anos mas não tem legitimidade para casar com a irmã. Pai ou mãe vender para o filho sem anuência dos demais – é capaz mas tem restrição).
 
Incapacidade: é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Não se confunde com falta de legitimação (impede apenas a prática de um determinado ato da vida jurídica e não todos). Não tem prerrogativa para exercitar os seus direitos. A incapacidade é matéria protetiva onde o CC estabeleceu regras de incapacidade para proteger, porque considerou aquele que não tem nenhum discernimento ou tem parcial discernimento (quer por idade ou por doença mental).
 O instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção que para os absolutamente incapazes assume a feição de representação, uma vez que estão totalmente privados de agir juridicamente, e para os relativamente incapazes o aspecto de assistência, já que tem o poder de atuar na ida civil desde que autorizados. Por meio da representação e da assistência, supre-se a incapacidade, e os negócios jurídicos realizam-se regularmente.
A incapacidade pode ser: 
a) ABSOLUTA: Art. 3º do CC. Os menores de 16 anos ( desenvolvimento mental incompleto) . Será absoluta quando houver proibição total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de violação do preceito a nulidade do ato. 
b) RELATIVA: Art. 4º do CC. Fala por si, mas é assistido por um responsável. Permite a prática dos atos civis, desde que o incapaz seja assistido por seu representante, sob pena de anulabilidade e é suprida pela assistência. Para casar precisa de assistência antes, mas ela não é simultânea, ou seja, dizer sim junto. 
O efeito da violação desta norma é gerar a anulabilidade do ato jurídico , dependendo da iniciativa do lesado, podendo em algumas hipóteses o ato ser confirmado ou ratificado. 
São Relativamente incapazes: 
1- maiores de 16 e menores de 18 anos;
2- ébrios habituais e os viciados em tóxicos; 
3- aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;  
4- os pródigos.
No entender de muitos juristas os “causa transitória ou permanente” alarga os casos de incapacidade reativa. Imprescindível que se tenha um estado transitório ou permanente que justifique a interdição, não podendo ser um estado fugaz de falta de percepção. 
A interdição é ato judicial que declara a incapacidade real e efetiva de determinada pessoa maior, para a prática de certos atos da vida civil, na regência de si mesmo e seus bens, privada de discernimento.
O art. 84, § 1 a 3 do EPD prescreve que, quando necessário a pessoa com deficiência deverá ser submetida à curatela, atendendo-se as necessidades e circunstâncias de cada caso, durando o menor tempo possível, e o Ministério Público tem legitimidade ativa para promover interdição em caso de doença mental grave.
É preciso observar que pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPD) ao lado da interdição, fez nascer a possibilidade da tomada de decisão apoiada ( arts, 115 e 116 da Lei nº 13 146/2015 e no CC, art. 1783- A).
,
Exceções: podem os relativamente incapazes, sozinhos, ser testemunhas, reconhecer filho, aceitar mandato (art. 666), fazer testamento ( art. 1860, exercer empregos púbicos, casar, ser eleitor, celebrar contrato de trabalho, etc). 
PRÓDIGOS: são aqueles que dilapidam o patrimônio 
Classificam-se em : 
1- Oniomania: perturbação mental que provoca o portador a adquirir descontroladamente tudo o que tiver vontade; 
2- Cibomania: psicose conducente a dilapidação patrimonial em jogos de azar e, 
3- Imoralidade: que leva a gasto excessivo para satisfação de impulsos sexuais. 
São privados de alguns atos (arts. 1767, V e 1.728 do CC/2002). O pródigo enquanto não declarado tal, é capaz para os atos, pois só com sua interdição passa a ser relativamente incapaz. 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
 Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.             (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)          (Vigência)
 I - (Revogado);        (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)      (Vigência)
 II - (Revogado);          (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)        (Vigência)
 III - (Revogado).          (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)        (Vigência)
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:             (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)        (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
 II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;         (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)         (Vigência)
 III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;          (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)        (Vigência)
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.        (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)         (Vigência)
SÍLVÍCOLAS E INDÍGENAS
Por suas peculiaridades, a capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.   
Os índios enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do registro de nascimento ( Lei 6015/73, art. 50. § 2º). Se for possível, fará sua inscrição junto a FUNAI. A Lei nº 6001/73, coloca o silvícola, habitante da floresta, e sua comunidade enquanto nãointegrado à comunhão nacional, sob regime tutelar.
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
A incapacidade termina, em regra, ao desaparecerem as causas que a determinaram. Ex. viciados em tóxicos reabilitados ou enfermidade físico-psíquica que as determinou.
a) quando desaparecer a causa (viciados em tóxicos reabilitados ou enfermidade físico -psíquica que as determinou.) e art. 5º- aos 18 anos completos; 
b) quando ocorrer à emancipação.
Emancipação
Pode ser:
a) voluntária (CC art. 1631): só tem cabimento para menores que já tenham completado 16 anos. Decorre da vontade dos pais (estes ao emanciparem seus filhos não se eximem da responsabilidade – art. 932, I - por eles). Embora a Lei de Registros Públicos, no seu art. 90, dava entender que a emancipação podia ser por instrumento particular, o NCC superou a discussão exigindo escritura pública. Obs: na divergência entre pai e mãe, o juiz decidirá. Se um dos pais faleceu, só o outro concede, mas se o pai sumiu ou ocorreu uma das hipóteses do art. 7 º ou 22, se o pai/mãe sumiu, mas foi declarada sua ausência, lavra-se a escritura de emancipação. Se não houver dado jurídico deste sumiço entendo que há necessidade de suprimento judicial, não sendo possível a emancipação = contudo, as normas de serviço da Corregedoria de SP, item 112.1 do Capítulo 17- Registro Civil, autoriza o registro da escritura de emancipação, desde que o pai/mãe tenha sumido, sem necessidade de suprimento. 
b) judicial: (CPC, arts 719 a 725, I Lei 8069/90, art 148, VII § U) só na hipótese de não ter pais e o menor deve ter 16 anos completos. É decretada pelo juiz ao menor sob tutela, tendo em vista que o tutor não pode emancipar o tutelado - o próprio tutor ou o menor pode requerer a emancipação - o juiz só vai conceder se achar que isso interessa ao menor, já que a emancipação não é direito do menor. Esta emancipação é irrevogável.
c) legal ou automática: decorre de determinados fatos previstos na lei:
c 1- pelo casamento: independente da idade do menor- art. 1520 do CC (mesmo abaixo da idade núbil- emancipa).Mesmo que não tenha idade núbil, uma coisa é a autorização para o casamento e outra é a emancipação ( embora não seja caso de emancipação pelos pais)
Separação e divórcio não afetam a emancipação pelo casamento?
R; Não, uma vez casado é emancipado.
Casamento anulado, o que acontece com a emancipação?
Respostas:
 a) há quem sustente que a anulação (nulidade/anulabilidade) do casamento não afeta a emancipação ( não prevalece).
 b) outros dizem que a emancipação se anula por consequência sempre. 
 c) com a anulação do casamento a emancipação se anula, a não ser que o casamento tenha sido declarado putativo (quem se emancipou pelo casamento, casou-se de boa-fé e isso foi reconhecido por sentença já que a putatividade precisa estar expressa na sentença. Se estiver de má-fé, volta a ser menor. Terceiros de boa fé tem os atos preservados mesmo que a emancipação tenha sido anulada) . 
Obs. Na hipótese do casamento não vai a registro a emancipação porque o casamento já foi registrado. A união estável gera todos os efeitos materiais do casamento mas não induz a emancipação porque não tem o efeito da publicidade que tem o casamento. 
c 2- pelo exercício de emprego público efetivo: quem representa o Estado deve ser considerado capaz. Trata-se do exercício de um cargo na Administração Direta, ou seja, interpretação restritiva, não abrangendo a Administração Indireta, em que há o regime de direito privado com cargos demissíveis ad nutum, muito embora há quem entenda que também na indireta ocorrerá a emancipação tendo em vista que fala em nome do Estado. 
Nesta hipótese não há restrição de idade também. Quando deixa o cargo ainda menor de idade, como fica?
R: De acordo com o entendimento de Silvio de Sávio Venosa, volta a ser menor, mas existe corrente contrária, pois se já o era no tempo do exercício do cargo não deixa de ser só porque parou de exercer o emprego público. 
c 3- Colação de grau em curso de ensino superior: apenas curso universitário emancipa, curso técnico ou semelhante não possuem o condão de emancipar. Com a diminuição da idade para se adquirir capacidade (18 anos), esta hipótese de emancipação ficará restrita aos superdotados tendo em vista que dificilmente alguém se formará com menos de 18 anos.
c 4- pelo estabelecimento civil ou comercial (requisitos: estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego e, idade mínima de 16 anos ) ou pela existência de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. Esta hipótese deve ser analisada sob dois aspectos (economia própria e relação de emprego).
economia própria: só se aplica ao menor que já tenha completado 16 anos, ou seja, exige-se idade mínima. Contudo, os artigos 972 a 974 do CC dizem que o menor para ser empresário precisa ter capacidade, precisa ser emancipado. Se não tiver 18 anos esta emancipação decorreria não da economia própria, mas da vontade dos pais. Contudo, em sendo sociedade despersonificada (irregular ou de fato) poderia o menor com 16 anos se emancipar com economia própria. 
Relação de emprego: Menor aprendiz: (14 anos) que se mantém com o salário, se emancipa? Não, porque se tem entendido que aqui também a idade mínima de 16 anos se faz necessária. Só se emancipa se, tiver 16 anos, mesmo sendo aprendiz. 
É preciso que haja uma relação de emprego regular ou se trabalhar sem contrato já emancipa? 
R.- há quem sustente que não há emancipação precisando de um contrato regular com todos os vínculos da atividade laboral. Contudo, para aqueles que sustentam que pode emancipar com uma sociedade de fato/irregular, também pode haver emancipação sem que exista contrato regular. 
Assim, o melhor entendimento é de que pode até não haver contrato, mas o desempenho das funções deve se dar como se existisse um contrato, estando caracterizada a habitualidade, subordinação, pois do contrário não se emancipa.
Obs: “em função deles” deve ser entendido como em razão deles - porque em função pode querer dizer para o fim de quando isto ocorrer não haverá emancipação. Ex. pai dá dinheiro ao filho para abrir negócio - neste caso não haverá emancipação.
Quando tiver o significado em razão de, haverá a emancipação porque devido ao estabelecimento civil ou comercial que conseguiu obter economia própria para se manter. 
Obs. Lei 4.375/64, que repete disposição do Dec. Lei 9559/46 diz que para efeito de alistamento e do sorteio militar, cessará a incapacidade do menor que houver completado 17 anos de idade. 
Obs: emancipação (pelos pais - há o registro civil da emancipação) emancipação é, portanto, a aquisição da capacidade civil antes da idade legal. O CC é expresso no sentido de exigir o instrumento público para o ato de emancipar, no caso de concessão pelos pais e, uma vez concedida é irrevogável a qualquer título, exceto nos casos de nulidade absoluta, ressalvados sempre os direitos de terceiros de boa fé. Antes do registro as emancipações não produzirão efeitos, exceto a legal que não necessita registro. 
Discutível e apurável no caso concreto será a existência de economia própria (recursos próprios de sobrevivência e manutenção), podendo ser necessária sentença declaratória judicial que declare a maioridade do interessado neste caso, para que haja prova da economia própria – e esta sentença pode ser registrada ( art. 89 da LRP).
INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
TEORIA NATALISTA: art. 2 º NCC - a personalidade jurídica começa do nascimento com vida- (outras que sustentam desde a concepção - CC Argentino). Com o nascimento com vida já é possível adquirir direitos e contrair obrigações, não importa a idade, a higidez mental. 
Conquanto comece do nascimento com vida, a personalidade civil da pessoal, a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Não se exige o corte do cordão umbilical, nem que seja viável (que tenha aptidão vital), nem que tenha forma humana. Nascendo vivo, ainda que morra em seguida, o entechegou a ser pessoa, adquiriu direitos e com sua morte os transmitiu.
Nascituro: Apesar da personalidade jurídica só se iniciar com o nascimento com vida, a lei já protege os direitos do nascituro desde a concepção. Nascituro é aquele que já foi concebido mas que ainda não nasceu (direitos eventuais- art. 130 CC).
Se nascer com vida adquire personalidade jurídica material, mas se tal não ocorrer nenhum direito patrimonial terá. 
TEORIAS DO NASCITURO
a) o nascituro tem expectativa de direito - desde o instante em que foi concebido até o seu nascimento tem expectativa de adquirir direitos.
b) o nascituro tem um direito condicional (condição suspensiva) já tem direitos mas estes estão sujeitos a uma condição (de o nascituro nascer com vida). Problema: o direito sob condição é um direito pronto mas não possui eficácia e a própria lei fala que, em princípio o nascituro não é sujeito de direito, portanto não pode estar pronto o direito. 
c) direito potencial - o nascituro tem um direito em formação porque o sujeito está se formando.
d) o nascituro não tem direitos patrimoniais - mas já tem direitos pessoais essenciais (vida, saúde, etc.). 
Embrião, enquanto fora do útero materno, já é nascituro?
R: O embrião fecundado congelado, ainda não inoculado no útero materno não é considerado nascituro. Essa é a orientação que predomina, mas nada pode ser absoluto porque não existe regulamentação acerca do assunto. 
Nascimento: qual é o momento exato sob o ponto de vista jurídico? 
R: Quando o feto se desprende da vida biológica da mãe e o corte do cordão umbilical faz o rompimento(representa a independência biológica da vida da criança com relação à mãe), mas precisa ter vida, ainda que por alguns segundos, para adquirir personalidade jurídica. 
Todo nascimento deve ser registrado, mesmo que tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se natimorto o registro será feito no livro “C Auxiliar”. 
O registro de nascimento é uma instituição pública destinada a identificar os cidadãos, garantindo o exercício dos seus direitos.
Local do Registro: onde se deu o parto ou na residência dos pais.
Prazo: de acordo com o art. 52, itens 1 e 2º, da Lei 6015/73, com redação dada pela Lei 13.112, de 30 de março de 2015, o prazo é de 15 dias para o pai ou a mãe conjunta ou isoladamente proceder o registro. Se não fizer por falta ou impedimento o outro deverá fazer no prazo de 45 dias. Se a distancia do cartório for de mais de 30 km, o prazo é ampliado para 3 meses. ( Lei nº 9.053/95)
É necessário verificar se a criança nasceu em hospital onde será emitida a Declaração de Nascido Vivo (DNV) ou com parteira ou sem assistência nenhuma, mas a todos são garantidos o direito de registro junto ao Cartório de Registro Civil que é obrigatório e gratuito ( Lei nº 12.662/2012, art 3º § 2º e at. 4º, § 4º). 
ESTADO DA PESSOA
Conceito: é a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. É o seu modo particular de existir:
Aspectos: 
a) estado individual ou físico: modo de ser quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde, etc;
b) estado familiar: indica sua situação na família, em relação ao matrimônio ou parentesco (solteiro, viúvo, separado, divorciado, casado; pai, filho, irmão, sogro, cunhado);
c) estado político: qualidade jurídica que advém da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser nacional ou estrangeira.
CARACTERES OU ATRIBUTOS DO ESTADO
a) indivisibilidade: o estado é uno (ninguém pode ser casado ou solteiro ao mesmo tempo) e indivisível e regulado por normas de ordem pública. A dupla nacionalidade é exceção à regra.
b) Indisponibilidade: bem fora do comércio, inalienável e irrenunciável; o que não impede a sua mutação (diante de determinados fatos e preenchido os requisitos legais) ex. solteiro para casado.
c) Imprescritibilidade: não se perde nem se adquire o estado pela prescrição. É elemento integrante da personalidade, e assim, nasce com a pessoa e com ela desaparece.
TÉRMINO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Diagnóstico científico do momento exato da morte, modernamente representado pela paralisação da atividade cerebral, circulatória e respiratório - feito por perito médico.
 A partir do instante da morte - art. 6º CC, contudo existem direitos que se prorrogam mesmo após a morte (imagem, honra, etc). A morte determina o fim da personalidade jurídica e o fim para se adquirir direitos e obrigações (encerra-se a aptidão). 
Tipos de morte: 
a) real: trata da morte real e sua prova faz-se pelo atestado de óbito ou pela justificação, em caso de catástrofe e não encontro do corpo.
b) civil: morte civil é a morte de alguém biologicamente vivo - existente no direito romano para os que se tornavam escravos. 
Existe ainda no sistema este tipo de morte civil?
 R. CC, art. 1814 – exclusão por indignidade – herdeiro excluído da sucessão em virtude de ato praticado em relação ao autor da herança. Obs. A indignidade só gera efeitos sucessórios - não é completa morte civil porque só há exclusão da herança mas continua apto para os outros atos da vida civil. 
c) presumida:- morte presumida - morte sem cadáver. 
Hipóteses:
a) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (pessoa não é encontrada embora cessada a situação de perigo); 
b) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois (2) anos após o termino da guerra. 
Nestas duas hipóteses o juiz pode declarar por sentença a morte, depois de esgotadas as tentativas de se encontrar a pessoa. A lei não exige tempo. Na sentença o juiz manda expedir certidão de óbito. 
Portanto, o juiz pode :
a) mandar lavrar o assento de óbito;
b) se possível, deve especificar data provável de óbito.
Comoriência ou morte simultânea- art. 8 CC/2002 - morte de duas pessoas no mesmo evento (ocasião - não precisa ser no mesmo lugar) sem se saber quem morreu antes e, tinham estas pessoas entre si vínculo sucessório. 
Na dúvida sobre quem tenha falecido anteriormente, presume o falecimento conjunto. 
Não há transferência de bens entre comorientes. Se houver morte sem saber quem morreu antes, a regra é que A não herda de B e B não herda de A. A transmissão se faz de maneira separada como se um não existisse para o outro. Ex. casal sem descendentes e ascendentes - os colaterais da mulher ficarão com a meação dela enquanto os colaterais do marido ficarão com a meação dele. 
Registro civil 
Art. 9 – do NCC e Lei 8935/94.
Registro serve para assentar dados da pessoa natural que interessem a todos saber: 
a) nascimento, casamento e óbito;
b) emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
c) interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
d) sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
CF art. 236 – serviço público delegado ao exercício do particular que é concursado pelo Poder Público. O Poder Judiciário concursa e fiscaliza a atividade do registrador. O ato de registro é regulado pela lei 6015/73 que completa o CC, determinando que registra. 
Art. 10- averbação em registro público:
a) das sentenças que decretarem nulidade ou anulação do casamento; o divórcio; a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
b) atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
Apontamentos nº 04
DIREITO DE PERSONALIDADE ( ART. 11 E SS)
A personalidade é o conceito básico da ordem jurídica, que a estende a todos os homens, consagrando-a na legislação civil e nos direitos constitucional de vida, liberdade e igualdade.
Capacidade é a medida da personalidade, ou seja, é a manifestação do poder de ação implícita no conceito de personalidade.
Personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. Os direitos da personalidade são os direito subjetivo da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a identidade, a liberdade, a sociabilidade, a hora, a autoria , etc. 
São direitos da personalidade, cuja existência tem sido proclamada pelo direito natural, destacando-se, dentreoutros, o direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo , à imagem e à honra. 
Constituição Federal/88, art. 5º, X: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
(Não tem conteúdo econômico imediato e não se destacam da pessoa do titular). 
Direito subjetivo da pessoa de defender o que lhe é próprio (integridade física, intelectual e moral). São inerentes à pessoa humana, estando ligados de maneira perpétua.
Os direitos da personalidade têm como fonte à dignidade. São direitos essenciais à pessoa; essenciais à formação da dignidade, à formação e desenvolvimento da pessoa enquanto ser humano. São também chamados de direitos essenciais, inatos, humanos ou fundamentais. 
Embora o CC trate dos direitos da personalidade, vale lembrar que a CF/88 foi a que primeiro tratou desses direitos de maneira exemplificativa (art. 5º e outros- direito à vida; à integridade moral; à privacidade; à imagem; à identidade; ao meio ambiente saudável ; à segurança; à voz; direito de informação; de culto; crença, etc).
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
1- Intransmissibilidade e irrenunciabilidade o que acarreta a indisponibilidade dos direitos fundamentais. 
2- Absolutismo: é consequência de sua oponibilidade erga omnes. 
3- Não limitação. É ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o código civil/2002, nos arts. 11 a 21, tenha se referido expressamente apenas a alguns.
4- Imprescritibilidade: não se extinguem pelo decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de defende-los. 
5- Impenhorabilidade: são inerentes a pessoa humana e dela inseparáveis.
6- Não sujeito a desapropriação: não são suscetíveis de desapropriação, por se ligarem à pessoa humana de modo indestacável. 
7- Vitaliciedade. Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da concepção e acompanham a pessoa até sua morte.
Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade ( art. 52 CC/2002). As pessoas jurídicas públicas ou privadas, poderão sofrer dano moral objetivo ( embora não tenham capacidade afetiva ou receptividade sensorial), por terem atributos da personalidade reconhecidos jurídica e publicamente como um modo de ser, sujeito à valoração extrapatrimonial da comunidade em que atuam ( prestígio, bom nome, confiança, credibilidade)
CLASSIFICAÇÃO E ASPECTOS FUNDAMENTAIS DOS DIRETOS DA PERSONALIDADE
1- Integridade física ( vida, corpo vivo ou morto, alimentos, etc)
2- Integridade intelectual: (liberdade de pensamento, autoria científica, etc) 
3- Integridade moral ( liberdade civil, religiosa, segredo , recato, etc) 
Direitos consagrados pelo CC/ 2002: 
O CC trata de pouquíssimos direitos da personalidade (direito ao corpo vivo ou morto, ao nome, à imagem, à vida privada) de um rol extenso previsto na Constituição, o CC trata apenas de quatro direitos. 
Art. 11 e 12- traços dos direitos da personalidade. É a idéia de caracterizar os direitos como: irrenunciáveis, imprescritíveis e intransmissíveis, com exceções aos casos expressos em lei (às vezes é preciso limitar alguns direitos para proteger outros). O direito à vida não é absoluto e outros direitos da personalidade também não são absolutos. 
Os reflexos patrimoniais dos direitos são ou podem ser transmitidos, explorados, mas não o direito em si. 
Os direitos da personalidade não são tutelados apenas quando lesionados. A ameaça de lesão já autoriza a tutela (como a CF já designava).
Obs: não confundir com censura o direito de preventivamente evitar-se a lesão ou ameaça de lesão de um direito à personalidade.
(art. 12-ameaça e lesão- tutela específica)
(art. 12 – indenização- tutela substitutiva)
Art. 12, § único) – tutela do direito da personalidade de pessoas mortas. 
Problema: com a morte cessa a personalidade e seus direitos, uma vez que não há mais personalidade, não há que se falar em direitos da personalidade. No entanto, estes mesmos, com a morte projetam efeitos. 
Ex. Ofensa à honra do morto - os parentes agem na defesa desse morto ou agem por direito próprio? Uma vez ofendendo um morto estariam ofendendo a ele também? 
R: Não há uma legitimação extraordinária, não é preciso ter ferido um direito próprio para que o parente do morto seja legitimado para defender seu direito à honra. 
* O Código estabelece uma lista (rol) dos legitimados para propor ação, mas não há uma ordem a ser seguida. A lei fala em cônjuge, mas deve se fazer uma interpretação extensiva onde se chega à conclusão de que o companheiro também é legitimado. 
* Os legitimados podem pedir indenização na ação da proteção dos direitos do morto? R: Com quem fica essa indenização, uma vez que os direitos são do morto? 
R. Alguns doutrinadores dizem que não, que só pode propor ação com obrigação de fazer e não fazer. No entanto, o Código nada ressalva. Para aqueles que admitem, a indenização se converte a favor do espólio.
Arts. 13, 14 e 15- direito ao próprio corpo, vivo e morto. 
A vida humana é o bem supremo. Preexiste ao direito e deve ser respeitada por todos. O direito à vida deve ser entendido como o direito ao respeito à vida do próprio titular e de todos.
Arts. 13 e 14. Direito ao próprio corpo abrange tanto a sua integralidade como as partes dele destacáveis e sobre as quais exerce o direito de disposição. 
Lei n º 9434/97- Lei de transplantes- art. 9 e § 3º. Os atos de disposição do próprio corpo, segundo Maria Helena Diniz, só podem ser realizados para fins de transplantes, desde que o ato não represente risco para a sua integridade física e mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável. Ex. doar um rim, um pedaço do fígado, medula óssea. 
No caso de retirada post mortem deverá ser esta precedida de diagnóstico de morte encefálica, baseado em critérios clínicos definidos por Resolução do Conselho Federal de Medicina ( Lei n. 9.434/97).
É preciso observar que precisa do CONSENSO AFIRMATIVO (dizer o sim) o querer de forma livre, através de manifestação da sua vontade.
Se for de falecido incapaz, só por meio de seu representante legal Se o corpo for de pessoa não identificada, proibida está a remição post mortem de seus órgãos ou tecidos.
Regra: Toda pessoa tem direito a dispor do próprio corpo. Quando para fins de transplantes, rege-se por lei especial. Se não for para esse fim segue a regra geral. Disposição do próprio corpo do morto (forma gratuita e com finalidade científica ou altruística).
Obs: art. 13 do CC proíbe a ablação de órgãos do corpo humano realizada em transexuais. Contudo, a legitimidade para reclamar do ato e de suas consequências, em juízo, é exclusivamente do paciente, que dispõe do próprio corpo e poderá dar-se por satisfeito com o resultado.
A Resolução nº 1955/2010 do CFM, não considera ilícita a realização de cirurgias que visem à adequação do sexo, autorizando-as.
A venda de órgãos é vedada pela CF (art 199, par. 4º). O ato de disposição do próprio corpo não pode contrariar os bons costumes. Quando conveniente por disposição médica poderá dispor (ex. tirar um rim necrosado).
Art. 15- Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
A regra obriga os médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem prévia autorização do paciente, que tem a prerrogativa de se recusar a se submeter a um tratamento perigoso. (intervenção cirúrgica quando há risco de vida) . Está ligo ao principio da transparência e do dever de informação, previstos no Código de Defesa do consumidor.
Só se pode usar tratamento ou cirurgia para o bem do enfermo. Em caso de colisão de direitos, deve-se aplicar a técnica da ponderação. A lei, portanto, privilegia o direito à vida, que deve nortear a ação do profissional de saúde.
Se o tratamento não trouxer risco e se for necessário à vida, a pessoa não pode ser constrangida mesmo contra sua vontade?
R. Entendo que pode, mas a construção será doutrináriae jurisprudencial.
Convicção religiosa: a convicção religiosa só deve ser considerada se tal perigo na hipótese, não for iminente e houver outros meios de salvar a vida do doente. 
É direito do paciente a recuso a algum tratamento ou não aceitação de continuidade terapêutica nos casos incuráveis ou de sofrimento atroz ou, ainda, que possa trazer disco de vida ( testamento vital ou diretiva antecipada) 
DIREITO AO NOME ( arts. 16 a 19 ) 
Trata-se de direito da personalidade que identifica e distingue a pessoa no seio da sociedade e da família.
 
É tratado de maneira expressa pelo NCC. É um direito de personalidade que deriva diretamente do direito à identidade. A pessoa identifica-se no meio da sociedade pelo nome, estado e domicílio.
Portanto, a natureza jurídica do nome é direito da personalidade e não um direito de propriedade (que é alienável e tem características que não se compatibilizam com o nome). O direito ao nome é inalienável e imprescritível. 
Aspectos
a) individual: direito que todas as pessoas têm ao nome;
b) público: interesse que o Estado tem de que as pessoas possam se distinguir uma das outras (LRP, arts. 54 a 58; CC arts. 16 a 19)
Trata-se de direito inalienável, imprescritível e irrenunciável, essencial para o exercício regular dos direitos e do cumprimento das obrigações. 
Elementos do nome
a) prenome ou nome:- identificação do indivíduo - simples ou composto;
b) sobrenome - agora é juridicamente assim denominado, mas antes do NCC era denominação vulgar de apelido de família ou nome patronímico - procedência familiar do indivíduo- também chamado apelido de família ou patronímico – mãe + pai – nada impede o contrário.
c) agnome: Junior, neto, sobrinho, terceiro, quarto, filho.
 Axiônimo:- designação que se dá à forma cortês de tratamento. Ex. Exmo Sr.; Vossa Santidade; Dr.; etc.
O prenome pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo (LRP, art 55, par. único) a regra é que o prenome é definitivo (LRP, art. 58).
O sobrenome é sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe. Adquire-se com o nascimento e é imutável (art. 55 e 56 da Lrp)- pode ser o do pai ou o da mãe, ou de ambos - não é escolhido, faz parte, por lei, do nome completo. Pode ser simples ou composto e acompanhado de de , do , da , dos e das.
Obs:- registro de filhos havidos fora do casamento- art. 59 e 60 da LRP - não será lançado o nome do pai sem que este expressamente autorize – Lei 8560/92, obrigação de remeter ao juiz os dados sobre o suposto pai que será convocado voluntariamente para reconhecer o filho e não o fazendo, os dados serão encaminhados ao MP que poderá promover ação de investigação de paternidade.
 CC, art.16, direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
Os reflexos patrimoniais do nome podem ser negociados (nome artístico) mas ninguém pode abrir mão do nome, tendo em vista ser irrenunciável, imprescritível e inalienável.
CC, art. 17- a lei proíbe a usurpação do nome alheio e garante a indenização dos danos que a usurpação possa ter provocado.
CC, art. 18- sem autorização não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
CC.art. 19- entende-se que há uma interpretação ampla, protegendo todas as formas de “nome” da pessoa natural. Mesma proteção que se dá ao nome, estende-se ao pseudônimo, independente de qualquer registro. 
O pseudônimo é o nome suposto que alguém usa para esconder o seu próprio nome, ocultar o nome. Ex. Mano, Veio, Doquinha, Kaká, Robinho, etc. Na época da ditadura, Chico Buarque assinava suas composições como Julinho da Adelaide.
 
Heterônimo: é nome imaginário de um personagem criado, que tem características próprias. Ex. Fernando Pessoa tinha 07 heterônimos para cada personagem que escrevia.
Hipocorístico: Claudinho, Claucau, etc. 
Alcunha ou epíteto : vulgarmente chamado de apelido (Pelé, Lula, Xuxa) permite o art. 58 da LRP a incorporação do nome de alcunhas notórias.
ALTERAÇÃO DO NOME ( LEI N º 6015/73)
Consta do art. 58 da Lei 6015/73 que o prenome será definitivo, portanto não pode ser alterado, em regra, livremente (não é modificado só porque a pessoa quer) Interpretação jurisprudencial - o nome não é livremente mutável como é o sobrenome até 1 ano após a maioridade.
Contudo, dispõe o art. 56 da mesma lei que o interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá pessoalmente ou por procurador, alterar o nome (sem qualquer justificação), desde que não prejudique os apelidos de família – assim, devemos entender o “nome” como expressão de “sobrenome” + “prenome”, ou seja nome completo - deve o interessado respeitar a definitividade (imutabilidade) do prenome, de acordo com o art. 58, bem como o sobrenome. Afora isso, poderá acrescentar novos nomes intermediários e não precisa para a jurisprudência (RT 562/73) respeitar o prazo da maioridade, podendo requerer antes. 
Após o prazo do art. 56 não será por procedimento administrativo a mudança, mas por procedimento judicial, mediante pedido motivado (art 57) e sempre por sentença , nos casos de:
a) erro de grafia: art. 110 e ss da LRP - procedimento sumário, no próprio Cartório, com manifestação do MP e sentença do Juiz.
b) que exponha o titular ao ridículo: art. 109 LRP- retificação do nome;
c) homonímia: nomes idênticos – pode alterar trazendo mais sobrenome e quando isto não for possível, acrescenta-se um prenome.
d) apelidos públicos e notórios: podem ser incluídos no nome e também substituir o prenome (art.58 da LRP)
e) Lei de Proteção às testemunhas: pessoas que entrarem no esquema de proteção à testemunha podem mudar o prenome e inclusive, o sobrenome, a fim de permanecerem no anonimato;
f) ECA - alteração a princípio do sobrenome e se houver pedido expresso ao juiz, pode-se alterar o prenome;
g) tradução de prenome estrangeiro: por ex. Willian por Pedro.
h) casamento: homem ou mulher podem adotar o sobrenome do outro (art. 1565, par. 1º) e também há a faculdade de não se adotar o sobrenome, permanecendo o nome de solteiro. No que se refere à união estável, a LRP no seu art. 57, par. 2º já previa que o companheiro adotasse o sobrenome do outro.
Tanto o CC de 1916, como o CC/2002 utilizam o verbo acrescer de tal modo que o cônjuge/companheiro não podem adotar sobrenome com supressão total ou parcial de seu sobrenome. Contudo, esta matéria está também regulada na esfera administrativa- normas de serviço da Corregedoria Geral da Justiça – que permitiu, contra a lei, que o cônjuge ao adotar o sobrenome do outro pudesse fazê-lo em prejuízo de seu próprio nome, suprimindo total ou parcialmente o seu sobrenome. 
Obs:- Mudança de sexo – não há, a rigor, nenhuma hipótese específica de alteração de nome. Contudo, na jurisprudência existe posição minoritária que nega a alteração do nome sob fundamento de que não há previsão legal e outra que permite a alteração do nome sob fundamento de exposição ao ridículo alguém que tem nome masculino e conformação feminina ou vice-versa e que fere o direito constitucional à identidade, que deve corresponder ao que a pessoa é. Permite-se também como base no direito de igualdade e de tolerância. 
Hoje é posição consolidada nos enunciados, na doutrina e na jurisprudência a permissão para a cirurgia de mudança de sexo e do nome e até do direito ao esquecimento.
TÉRMINO DO CASAMENTO: 
Com o divórcio pode haver alteração do sobrenome. Será da seguinte forma:
a) consensual: há opção do cônjuge em continuar ou não usando o sobrenome do outro;
b) litigiosa: discutível depois da EC nº 66/2010. O CPC novo tenta reabilitar a Separação Lázara. 
O Código prevê a possibilidade de manter o nome quando:
a) significar grave prejuízo à sua identificação;
b) causar grave prejuízo de identificação dos filhos;
c) dano grave reconhecido na decisão judicial.
DIREITO A PALAVRA E À IMAGEM
Imagem –retrato é a representação física da pessoa, como um todo ou em partes separadas do corpo (nariz, olhos, boca, etc) desde que identificáveis, implicando o reconhecimentode seu titular, por meio de fotografia, escultura, desenho, pintura, cinema, sites, face, instagram, etc. Imagem- atributo é o conjunto de caracteres ou qualidades cultivadas pela pessoa, reconhecidos socialmente como habilidade, competência, lealdade, pontualidade, etc. . O direito de imagem é autônomo, não necessitando estar ligado a intimidade, identidade, honra, etc. 
Art. 20 - proteção à imagem e palavra – proíbe a divulgação sempre que esta agredir a boa honra ou com finalidade comercial (Lei 9610/98-direitos autorais). 
CC/2002, art 20- parte interessada, sem prejuízo da indenização que couber pode requerer a proibição da divulgação de escritos; transmissão da palavra ou publicação, exposição ou utilização da imagem que atingirem a honra, boa fama ou respeitabilidade ou que destinarem a fins comerciais.
O lesado poderá pleitear reparação por dano moral e patrimonial provocado por violação do uso da imagem-retrato ou imagem-atributo e pela divulgação não autorizada de escritos ou de declarações feitas. 
A captação de imagem também é proibida? E se a divulgação não afrontar a honra ou tiver fim comercial, não há proteção? Pode haver ofensa à imagem sem haver ofensa à honra ou sem a finalidade comercial. ( VIDE ADIN 4815) 
A reprodução da imagem é emanação da própria pessoa e somente ela pode autorizá-la. 
A CF/88 declara inviolável a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação ( art. 5º X). 
Art. 21- proteção à intimidade - a vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz , a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma — c/c art. 5º, X, CF que protege todos os aspectos da intimidade, e concede ao prejudicado a prerrogativa de pleitear ou cessar o ato abusivo ou ilegal. Caso o dano, material ou moral, já tenha ocorrido, o direito à indenização é assegurado expressamente pela norma constitucional. ( VIDE ADIN 4815)
Privacidade não se confunde com intimidade, mas a intimidade pode estar incluída na privacidade. A privacidade ( minha casa, minha sala, meu estúdio) está geralmente ligado a aspectos externos e, a intimidade a aspectos internos do viver da pessoa ( seus segredos, pudor, medos, relacionamento. A intimidade é a zona espiritual íntima e reservada de uma pessoa, constituindo um direito da personalidade.
Apontamentos 05
AUSÊNCIA (CC, arts. 22 e ss.)
O Código de 1916 previa a ausência no capítulo da curatela e o CPC regulamentava o processo de ausência, contudo, algumas normas conflitavam. O CC/2002, além de trazer a ausência para a parte geral. 
Comenta-se o fato do ausente não estar incluído entre os absolutamente incapazes, dizendo que, em verdade, não o são, tanto que gozam de plena capacidade de fato no lugar onde eventualmente se encontram. 
A ausência, embora considerada morte presumida, no CC de 1916 tinha apenas efeitos sucessórios; não tinha nenhum efeito pessoal (declarada a ausência o patrimônio se transferia aos herdeiros apenas). Hoje, passou a ter efeitos pessoais - enquanto houver o processo de ausência o cônjuge não perde a condição de herdeiro (a não ser que peça o divórcio direito antes). Com a declaração de ausência pode extinguir o casamento. 
CONCEITO: Ausência é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens (art. 22). 
Ausência é o instrumento jurídico pelo qual se protegem os interesses daquele que se agastou de seu domicilio, sem deixar procurador ou representante e do qual não há notícias, instituindo-se a curatela (arts. 744 e 745, § 1 a 4 do NCPC) 
A curadoria é dos bens do ausente e não da pessoa do ausente. 
A quem interessa a declaração de ausência? 
a) cônjuge;
b) herdeiros;
c) quem tiver algum direito sobre os bens do ausente;
d) qualquer credor do ausente;
O Juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do MP, declarará a ausência e nomear-lhe-á curador. Este será nomeado também quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes, forem insuficientes (art. 23).
 
O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais (dois) 2 anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. Em falta de cônjuge, a escolha recairá, em ordem preferencial, nos pais e nos descendentes (os mais próximos precedem os mais remotos). Na falta das pessoas mencionadas, o juiz nomeará curador dativo (CC, art. 25 caput e §).
Fases
a) curadoria do ausente: após o desaparecimento, o ordenamento jurídico procura preservar os bens por ele deixados, para hipótese de eventual retorno. 
Procede-se à arrecadação dos bens do ausente e nomeação de curador. Esta fase fica restrita aos bens não produzindo efeitos pessoais.
Equipara-se à morte (é chamada morte presumida) somente para o fim de permitir a abertura da sucessão, mas a esposa do ausente não é considerada viúva (ver novo inciso do Novo Código).
Comunicada a ausência ao juiz, este determinará a arrecadação dos bens – ( Art 744 CPC) - do ausente e os entregará a administração do curador nomeado. 
A curadoria prolonga-se por ( um) 1 ano (publicados editais de 2 em 2 meses convocando o ausente a reaparecer (CPC art. 745). Decorrido o prazo sem que o ausente reapareça, ou se tenha notícia de sua morte, ou se ele deixou representante ou procurador, em se passando 3 anos, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória (art. 26). 
A publicação se dá na rede mundial de computadores, no site do tribuna que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, ou, em órgão oficial e na imprensa da comarca. 
Cessa a curadoria : 
a) pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente;
b) pela certeza da morte do ausente;
c) sucessão provisória. 
 
Sucessão Provisória: 
Apoia-se nos arts 26 a 36 do CC/2002 e 745, § 1 a 3 do CPC) .
 
O prazo de 1 ano se prorroga para 3 anos quando, deixando representante, este renuncia ou deixa de ter poderes de representação.
Os bens são provisoriamente transferidos aos sucessores.
Podem requerer a abertura da sucessão provisória: 
a) o cônjuge não separado judicialmente;
b) os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
c) os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
d) os credores de obrigações vencidas e não pagas (art.27). 
O Ministério Público tem legitimidade subsidiária, se não houver interessado na sucessão provisória ( art. 28, § 1 do CC).
 A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeitos 180 dias depois de publicada pela imprensa, mas logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver , e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido (art. 28).
Os bens serão entregues aos herdeiros em caráter provisório e condicional (prestem garantias de restituição). Se não prestarem garantias de restituição (penhor/hipoteca) não serão imitidos na posse, ficando os respectivos quinhões sob a administração do curador ou de outro herdeiro designado pelo juiz e que preste garantia. Porém os ascendentes, descendentes e cônjuge, independentemente de garantia, poderão entrar na posse dos bens do ausente.
Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando ordene o juiz, para lhes evitar a ruína (art.31).
Os descendentes, ascendentes ou cônjuge que forem sucessores provisórios do ausente farão seus todos os frutos e rendimentos dos bens; os outros sucessores deverão capitalizar ½ desses frutos e rendimentos. Se o ausente aparecer, ficando provado que a ausência foi voluntária e injustificada, não terá direito aos frutos (art. 33, § u). Com o aparecimento do ausente, cessa a sucessão provisória (art. 36).
Sucessão Definitiva ( CC arts.37 e 38 e 745, § 4º do CPC)
Ocorrerá quando: 
a) houver certeza da morte do ausente;
b) dez anos depois de passada em julgada a sentença de abertura da sucessão provisória (durante este período os bens ficam com os sucessores sem que estes tenham qualquer disponibilidade da coisa);
c) quando o ausente contar 80 anos de idade e já houver decorrido cinco (5) anos das últimas notícias suas.
Passados dez anos em julgado da sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória, requer a definitiva e o levantamento das cauções prestadas;
A sucessão é quase definitiva 
Ocorrendo uma das três hipóteses, os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo o domínio dos bens, mas resolúvel porque se o ausente regressar nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva (prazo de espera) receberá o patrimônio de volta (os bens que ainda existem; os sub-rogados no local daqueles que não existem ou o preço). Só não receberá bens, que, por exemplo, foram doados.
Passados os 10 anos do prazo de espera, se o ausente voltar retoma os bens no estado em que está (art. 39).
Art. 39, § u - ausente não regressa nos 10 anos e nenhum interessado promove a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do município ou do Distrito Federal, ou incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.
A presunção de morte por ausência tem o poder de por fim ao vinculo conjugal, por mais prolongada que seja.
Ver Emenda Constitucional nº 66/2010 ( Divórcio) 
 
DA AUSÊNCIA
Da Curadoria dos Bens do Ausente
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
 Seção II
Da Sucessão Provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
 Seção III
Da Sucessão Definitiva
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
Apontamentos nº 06
DOMICÍLIO – (ART. 70 a 78 CC2002)
Conceito: domicilio civio é o local em que a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Onde se cumpre as obrigações. É a sede jurídica da pessoa onde pratica habitualmente seus atos e negócios jurídicos. 
O domicilio é a sede jurídica da pessoal, onde ela se presume presente para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos.
Dois elementos: 
a) objetivo: residência (lugar em que a pessoa se fixa- é necessário que haja estabilidade); 
b) subjetivo: ânimo definitivo (vontade- intenção

Outros materiais