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Sociologia Organizacional: Fundamentos e Contextualização

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Sociologia Organizacional 
 
 
 
 
 
 
Aula 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Carolina de Souza Walger 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
 
 
Introdução 
As organizações podem ser consideradas microsociedades, pois apresentam, 
nas devidas proporções, todos os fenômenos da vida social. As organizações 
são compostas por pessoas, que se relacionam, que passam por processo de 
socialização, que formam uma cultura e assim por diante. Assim, cabe aos 
administradores, fazer a gestão dos indivíduos e das relações decorrentes 
dessa convivência em grupo. Dessa forma, compreender conceitos da 
sociologia passa a ser fundamental na formação dos administradores. 
Com essa disciplina pretendemos que você domine conceitos da sociologia 
que possam ser aplicados na sua prática profissional, mas que também possa, 
enquanto ser humano, compreender a vida social de uma forma diferente, a 
partir de uma visão crítica sobre todo o sistema social. 
Seja bem-vindo a esse desafio e bons estudos! 
 
Problematização 
“Unir duas empresas para gerar uma nova marca sem pôr em risco a 
identidade de cada uma delas não é uma tarefa fácil. Há quase oito anos, a 
Sony e a Ericsson apostaram nesta joint venture para produzir celulares, 
agregando valores das duas marcas. É também o que convencionou-se 
chamar de co-brand. De um lado havia o conhecimento da Sony focado em 
produtos eletrônicos, de outro, a experiência da Ericsson no mercado de 
telecomunicações. A iniciativa deu origem a Sony Ericsson que hoje figura 
entre as cinco marcas de celulares mais vendidas do mundo, ao lado da Nokia, 
da Samsung, da Motorola e da LG. Segundo dados do Gartner, em 2008, a 
companhia vendeu mais de 93 milhões de aparelhos mundialmente, gerando 
uma receita líquida de US$ 16.754 bilhões. O desempenho da Sony Ericsson, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
no entanto, está longe da finlandesa Nokia, líder de mercado. De acordo com o 
IDC, no ano passado, a Nokia possuía 40,9% de market share contra 8,4% da 
Sony Ericsson. Depois de muitas especulações sobre uma possível crise e o 
fim da parceria entre a Sony e a Ericsson, agora as empresas investem no 
reposicionamento da marca”. 
(Fonte: https://casesdesucesso.files.wordpress.com/2009/09/sonyericsson.pdf) 
Na sua visão, porque a união de duas empresas pode pôr em risco a 
identidade de cada uma delas? 
a) Você não concorda com essa afirmação, o processo de fusão é 
vantajoso estrategicamente não tendo necessidade de preocupação com 
identidade da empresa. 
b) O processo de fusão implica combinação de duas culturas diferentes, o 
que pode gerar conflitos, mas não há necessidade da gestão se preocupar com 
isso, pois com o tempo as coisas se adaptam. 
c) O processo de fusão implica combinação de duas culturas diferentes, o 
que pode gerar conflitos. Os administradores devem estar atentos a esse 
processo e fazer a gestão das culturas organizacionais. 
Comentário: as organizações podem ser consideradas microsociedades, 
portanto a fusão de duas empresas significa a junção de duas sociedades, as 
quais possuem regras, cultura e funcionamentos diferentes. Esse processo 
precisa ser acompanhado por profissionais competentes para evitar a perda de 
bons profissionais e conflitos decorrentes da fusão. Assim, a resposta mais 
adequada a esse questionamento seria a letra “C”. 
 
Tema 1: Fundamentos da Sociologia 
 
1.1. Descrição e Contextualização 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
A sociologia é uma ciência relativamente recente, que segundo Paixão (2012) 
começou a se desenvolver a partir de fins do século XVIII, na Europa. De 
acordo com o autor, os primeiros trabalhos que apresentavam uma perspectiva 
sociológica foram resultado de profundas transformações na sociedade. 
Uma das condições essenciais para o surgimento da sociologia, foi o uso da 
ciência para explicar a realidade (PAIXÃO, 2012). Na atualidade a explicação 
científica é tida como verdade e por isso é dominante e legítima. Contudo, a 
religião e a tradição eram as formas mais comuns de explicação da realidade 
até meados do século XV. 
Para compreender o uso da religião e da tradição na explicação da realidade 
recorremos a Idade Média Europeia (século V ao século XV). Nesse período o 
poder da igreja era muito forte, portanto as explicações baseadas na fé 
predominavam. 
De acordo com Paixão (2012) o desenvolvimento de uma perspectiva científica 
e racional teve a influência de dois importantes movimentos - o Renascimento 
e o Iluminismo. O Renascimento (que iniciou a partir do século XVI) foi 
marcado por uma tendência cultural laica (não religiosa), racional e científica, 
por isso os renascentistas rejeitavam as explicações baseadas na fé, no 
misticismo, na tradição e passaram a buscar outras explicações para as coisas 
que aconteciam. O Iluminismo (que iniciou a partir da segunda metade do 
século XVIII) foi outro movimento intelectual que enfatizou a razão e a ciência 
para explicar o universo. 
Além da mudança na forma de interpretar o mundo, outra condição essencial 
para o surgimento da sociologia foi a transformação da sociedade decorrente 
das revoluções Francesa (século XVIII) e Industrial (século XIX). A Revolução 
Francesa marcou o fim do feudalismo, a ascensão da burguesia ao poder, o fim 
dos privilégios da nobreza e o abalo do poder da Igreja. A Revolução Industrial 
apresenta novas tecnologias, mudanças na forma de organizar o trabalho, 
industrialização, urbanização, surgimento do proletariado e a consolidação do 
 
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5 
capitalismo. 
Paixão (2012) explica que as duas grandes revoluções transformaram a 
realidade social e desafiaram os pensadores a formular novas explicações e a 
encontrar novas soluções, sem embasamento na religião ou na tradição, 
buscando respostas científicas e racionais. Nesse contexto, surge a sociologia 
como uma forma de compreensão da realidade social com base na ciência e 
na razão, sendo definida como a ciência que estuda as sociedades e a 
organização da vida social. 
Weber (2014, p. 3) define a sociologia como “uma ciência que pretende 
compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente 
em seu curso e em seus efeitos”. Assim, conforme explica Paixão (2012), a 
sociologia se dedica ao estudo da vida social, dos grupos e das sociedades e 
ajuda a compreender melhor as questões relativas à organização social e à 
interação do indivíduo com a sociedade. Portanto, como indica Nova (2011, p. 
35), aos sociólogos “cabe desvendar as relações sociais existentes entre os 
diferentes conjuntos de indivíduos ligados conscientemente ou não, por alguma 
característica compartilhada, e que fazem a sociedade”. 
E, o que é uma sociedade? De acordo com Krech et al (1975, p. 357) a 
“característica central de uma sociedade é ser uma coletividade organizada de 
pessoas que interagem, e cujas atividades se centralizam em volta de um 
conjunto de objetivos comuns e modos de ação comuns”. Complementando, 
Araújo et al (2009, p. 16-17) explica a sociedade como uma “estrutura 
composta pelos grupos sociais, diferentes e assemelhados, que mantêm laços 
entre si, sejam pela língua, pela cultura, pelo modo como se relacionam, 
produzem e trabalham”. Nova (2011, p. 221) explica que a “sociedade humana 
nada mais é do que uma complexa teia de indivíduos e grupos interagindo de 
acordo com o significado por eles atribuídos a suas ações”. 
Obviamenteque o interesse em estudar os fenômenos sociais é anterior ao 
nascimento da sociologia e está presente na humanidade desde que a mesma 
 
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6 
existe. Porém, a palavra sociologia é proposta por August Comte, no século 
XIX, para denominar a nova ciência. De acordo com Nova (2011) um equívoco 
comum é pensar que a sociologia existe para resolver os problemas sociais, na 
verdade o seu objeto de estudo podem ser os problemas sociais, mas seu 
objetivo é explicar os fatos observáveis, como eles ocorrem e quais as suas 
causas. Assim, os sociólogos devem buscar explicações teóricas para o que 
acontece na vida social. Outro esclarecimento importante é colocado por 
Lakatos e Marconi (1999, p. 25) quando afirmam que “a sociologia não é 
normativa, nem emite juízos de valor sobre os tipos de associação e relações 
estudados, pois se baseia em estudos objetivos que melhor podem revelar a 
verdadeira natureza dos fenômenos sociais”. 
Podemos considerar Augusto Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx 
como os primeiros pensadores da sociologia que mais se destacaram, por isso 
considerados clássicos. Embora suas propostas sejam antigas, ainda têm 
poder explicativo. Como afirma Araújo et al (2009, p. 14) esses autores são 
considerados clássicos porque “sua vitalidade interpretativa alcança a era 
contemporânea”. É claro que as propostas apresentam certas limitações, afinal 
“ciência e realidade social são fenômenos conjugados, históricos e em 
constante mutação”. No Quadro 1 vamos conhecer, de forma resumida, as 
principais ideias desses clássicos. 
 
 
 
 
Quadro 1: Principais pensadores da sociologia e suas ideias 
PENSADOR PRINCIPAIS IDEIAS 
 
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7 
AUGUSTO COMTE 
(1798-1857) 
 Criador da doutrina positivista. 
 Defendia o ponto de vista de somente serem válidas as 
análises das sociedades quando feitas com verdadeiro espírito 
científico, com objetividade e com ausência de metas 
preconcebidas, próprios da ciência em geral. 
 Seus estudos apresentam três princípios básicos: 
prioridade do todo sobre as partes (para compreender e explicar um 
fenômeno social particular devemos analisa-lo no contexto global a 
que pertence); o progresso dos conhecimentos é característico da 
sociedade humana (a sucessão de gerações permite a acumulação 
de experiências e conhecimentos); o homem é o mesmo por toda a 
parte e em todos os tempos. 
ÉMILE DURKHEIM 
(1858-1917) 
 É considerado o fundador da sociologia como ciência 
independente das demais Ciências Sociais. 
 Preconizou o estudo dos fatos sociais como “coisas”. 
MAX WEBER (1864-
1920) 
 Considera a sociologia o estudo das interações 
significativas de indivíduos que formam uma teia de relações 
sociais, sendo seu objetivo a compreensão da conduta social. 
KARL MARX (1818-
1883) 
 Fundador do materialismo histórico. 
 Salienta que as relações sociais decorrem dos modos de 
produção (fator de transformação da sociedade). 
 O postulado básico de sua teoria é que o fator econômico é 
determinante da estrutura do desenvolvimento da sociedade. 
Fonte: elaborado com base em Lakatos e Marconi (1999) 
 
Tanto a sociologia quando as propostas dos seus principais pensadores são 
mais complexas do que o aqui apresentado. Por isso, não se pretendeu 
esgotar nesse material todos os conceitos e possibilidades, mas sim introduzir 
o tema, que, certamente, será aprofundado na continuidade dessa disciplina. 
 
Tema 2: Conceitos Sociológicos Fundamentais 
 
1.2. Descrição e Contextualização 
Você pode imaginar a vida sem outras pessoas? Consegue se imaginar 
totalmente sozinho no mundo? O ser humano é um ser social. Ele se agrupa e 
depende de seus pares de diversas formas durante a vida, desde o 
nascimento. Em geral, o primeiro grupo social ao qual pertencemos é a família, 
 
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o segundo a escola e depois vem o trabalho. 
Dessa relação com outras pessoas surgem os comportamentos. Todos os 
comportamentos de um indivíduo são resultantes da convivência com os 
demais, ou seja, nossos comportamentos são frutos da interação social. E o 
que é a interação social? 
Braguirolli (1990) explica que a interação social é o processo que se dá entre 
dois ou mais indivíduos, em que a ação de um deles é, ao mesmo tempo, 
resposta a outro indivíduo e estímulo para ações deste. Em outras palavras, as 
ações de um são, simultaneamente, um resultado e uma causa das ações do 
outro. 
Então poderíamos alegar que os comportamentos que temos quando estamos 
sozinhos não são fruto das interações sociais, certo!? Errado! Veja um 
exemplo: Uma garota está no seu quarto, sozinha, se arrumando para um 
encontro com o namorado. Ela veste várias roupas, se olha no espelho, faz 
‘caras e bocas’ e até ensaia no espelho algumas coisas que quer falar. Ela vai 
ao encontro, fica sozinha por horas esperando o namorado no local combinado 
e ele não aparece. Enquanto isso ela mexe no celular, arruma o cabelo, 
caminha um pouco para o tempo passar. Decide ir embora, sozinha e furiosa, 
chutando as coisas que vê pelo caminho. 
Tinha alguém com a garota nesses momentos? Não, ela estava sozinha. 
Porém, mesmo sozinha seus comportamentos são fruto da interação social, 
pois eles são baseados na expectativa de uma interação social. Enquanto se 
arruma ela tem a expectativa do encontro, seu comportamento é consequência 
do comportamento que ela espera que o namorado tenha. Quando vai embora 
furiosa, a frustração pelo não acontecimento do encontro também é fruto do 
comportamento social. Outro belo exemplo dessa situação é o filme ‘O 
Náufrago’, estrelado por Tom Hanks. No filme, o personagem principal fica 
preso em uma ilha deserta sozinho, mas continua manifestando 
comportamentos sociais, como se apegar à foto da namorada, à encomenda 
 
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que deveria entregar e a uma bola como um ‘amigo imaginário’. 
Percebemos que, ao compreender o processo de interação social, podemos 
explicar e entender muitas coisas sobre o comportamento de uma pessoa. Os 
comportamentos não são fatos isolados, é preciso compreender o contexto em 
que eles acontecem, quais são os eventos que podem ter gerado aqueles 
comportamentos e quais serão suas consequências. Uma forma de identificar 
isso é quando dois irmãos brigam. Ao ter a briga apartada iniciam um longo 
processo de discussão sobre quem foi que começou, com uma ladainha mais 
ou menos assim: “mas eu fiz isso porque você fez aquilo, mas eu fiz aquilo 
porque você fez aquele outro, mas eu fiz aquele outro porque você fez tal 
coisa, mas eu fiz tal coisa porque você falou ‘A’, mas eu falei ‘A’ porque você 
falou ‘B’...” Viu? Nossos comportamentos são causa e consequência do 
comportamento do outro! 
Além da interação social, o processo de socialização também nos ajuda a 
explicar o comportamento humano. Braguirolli (1990) explica que a 
socialização é o processo pelo qual o indivíduo adquire os padrões de 
comportamento que são habituais e aceitáveis nos seus grupos sociais. 
Quando um indivíduo se socializa ele aprende a ser membro de uma família, 
de uma comunidade, de um grupo maior. Percebemos, então, que existe uma 
forte influência da cultura em que o indivíduo vive na forma como o seu 
comportamento será expresso. Assim, a formação de hábitos, jeitos, manias, 
gostos e costumes se dá pela influência da cultura e das instituições sociais 
com as quais nos relacionamos, como afirma Paixão (2012, p. 147), “é como se 
a coletividade fizesse imposição de padrõessociais às condutas individuais”. 
Paixão (2012) explica que a sociologia considera duas etapas de socialização – 
a socialização primária e a socialização secundária. A socialização primária 
ocorre na infância e a família é o principal agente de socialização. A 
socialização secundária é decorrente de outros agentes de socialização, como 
a escola, os amigos e o trabalho. 
 
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Entender o meio de qual o sujeito é oriundo nos ajuda muito a compreender o 
comportamento que ele irá expressar. Inclusive as organizações chamam de 
Processo de Socialização os programas de integração de novos funcionários. 
Qual é o objetivo desses programas? Fazer com que a pessoa conheça a 
organização e as atividades que irá desempenhar, mas, principalmente, que 
aprenda as regras e os comportamentos esperados. 
Quando se fala do processo de socialização é importante ressaltar que o 
grupo, de certa forma, pressiona a pessoa para que mude o seu 
comportamento e/ou pensamento para se adequar àquilo que é aceito pelo 
grupo. Em alguns casos esse é um processo tranquilo, pois a pessoa já se 
identifica com o grupo e a adequação ocorre naturalmente. Porém, em alguns 
casos, o processo é mais árduo. Podemos, então, dizer que existem quatro 
padrões possíveis na busca dessa conformidade com o grupo: 
 Concordância e aceitação: nesse caso a pessoa concorda com os 
comportamentos e pensamentos do grupo e adere ao novo formato, 
podendo até acreditar que seus antigos comportamento e percepções 
eram errados. 
 Concordância sem aceitação: o indivíduo cede e se comporta da forma 
como o grupo espera, porém não se sente convencido de que isso é o 
melhor, portanto terá esse comportamento apenas para ser aceito pelo 
grupo e não ser rejeitado. 
 Aceitação sem concordância: a pessoa sente o desejo de se comportar 
conforme o grupo, mas os seus aprendizados anteriores são mais fortes 
e, mesmo concordando com o grupo, ela opta por não se comportar 
daquela forma. 
 Ausência de aceitação e de concordância: o sujeito não concorda com 
os comportamentos exigidos pelo grupo e simplesmente não os segue, o 
que pode acarretar rejeição e exclusão do grupo. 
 
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Para compreender melhor a conformidade vamos pensar em um exemplo: 
Pedro teve uma criação bastante rígida de seus pais, com valores bem 
determinados sobre o que é certo e errado para aquela família. Uma das 
questões que seus pais sempre foram taxativos é que bebida alcoólica é algo 
que deve ser evitado, inclusive o chamado ‘beber socialmente’. Porém, ao 
chegar à adolescência Pedro é convidado pelos amigos para ir a uma festa. 
Nessa festa os amigos lhe oferecem bebida e começam a típica pressão dos 
adolescentes para que o amigo beba para mostrar que é homem. Nessa 
situação Pedro pode ter quatro reações: a) beber e se convencer de que os 
pais estão errados, aceitando que consumir bebida alcoólica é legal 
(concordância e aceitação); b) pode ceder para ser aceito, consumir a bebida, 
mas ficar extremamente arrependido, pois continua acreditando que seus pais 
estão certos (concordância sem aceitação); c) mesmo com muita vontade de 
consumir a bebida e acreditar que seus amigos estão certos, Pedro não tem 
coragem de beber, afinal seus pais podem descobrir (aceitação sem 
concordância); d) Pedro pode não aceitar a bebida e permanecer convencido 
de que os pais estão certos e ele concorda que consumir bebida alcoólica é 
errado (ausência de aceitação e concordância). 
Veja que o processo de socialização acontece toda vez que entramos em um 
novo grupo, portanto isso acontece durante toda a vida de uma pessoa. Mas, o 
que é um grupo? 
Há consenso na literatura de que um grupo nada mais é do que um conjunto de 
indivíduos, em interação, que atuam de forma interdependente, que se reúnem 
visando obtenção de um determinado objetivo. Assim, podemos dizer que um 
grupo é mais do que um aglomerado de pessoas, para que um conjunto de 
pessoas possa ser chamado de grupo é importante levar em conta esses 
quatro critérios: 
 
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12 
 Conjunto de pessoas 
 Em interação 
 Interdependentes 
 Objetivo comum 
 
Os grupos podem ser classificados em Grupo Formal ou Grupo Informal: 
Grupo Informal: também conhecido como grupo primário, é aquele que, além 
de satisfazer os critérios de grupo, caracteriza-se pela existência de laços 
afetivos íntimos e pessoais unindo seus membros. Em geral é um grupo 
pequeno, com comportamento interpessoal informal. Os principais exemplos 
são a família e os amigos. Esses grupos podem surgir dentro das 
organizações, serão as alianças que não são estruturadas formalmente nem 
determinadas pela organização. São formações naturais dentro do ambiente de 
trabalho, que surgem em resposta à necessidade de contato social. Dentro do 
grupo informal podemos ter os grupos de interesse (quando as pessoas se 
reúnem espontaneamente para atingir interesses comuns) ou os grupos de 
amizade (formados por pessoas que possuem características em comum, 
compondo uma aliança social que pode extrapolar o ambiente organizacional). 
Grupo Formal: também conhecido como grupo secundário, no qual as 
relações são formais e impessoais, o grupo não é um fim em si mesmo, mas 
um meio para que seus componentes atinjam fins externos. Podemos ter 
colegas de uma sala de aula ou colegas de trabalho como os principais 
exemplos. No contexto organizacional são aqueles grupos definidos pela 
estrutura da organização, com atribuições de trabalho e tarefas. Nestes grupos 
o comportamento das pessoas é estipulado e dirigido em função das metas 
organizacionais. Dentro dos grupos formais podemos ter os grupos de 
comando (determinado pelo organograma da organização, composto por 
pessoas que se reportam diretamente a um executivo) e o grupo de tarefa 
 
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13 
(também determinado pela organização, formado por pessoas que se reúnem 
para executar uma determinada tarefa, que podem ultrapassar as relações de 
comando). 
Para melhor compreender o funcionamento de um grupo e a influência dos 
grupos no comportamento das pessoas, é importante saber que cada indivíduo 
assume uma posição, um status e um papel que são diferentes em cada um 
dos grupos que ela faz parte. A posição é um conjunto de direitos e deveres do 
indivíduo no grupo. Vejamos um exemplo: se Paulo é pai, ele possui 
determinados direitos e deveres no seu grupo familiar, já seu filho possui outro 
conjunto. Se Paulo possui um cargo de chefia no grupo de trabalho, possui 
outro conjunto de direitos e deveres, os quais serão diferentes daqueles 
apresentados pelos seus subordinados. 
O status está articulado com a posição ocupada pelo sujeito, porém se refere 
ao valor diferencial de cada posição dentro de um grupo. Por exemplo: de 
forma geral, no grupo familiar, ser pai tem mais status do que ser filho, pois é o 
pai que trabalha, ganha dinheiro e possui bens. Já no grupo de trabalho, ser 
chefe tem mais status do que ser subordinado, pois o chefe ganha mais, pode 
tomar decisões e acaba possuindo mais regalias. 
O papel pode ser entendido como o comportamento socialmente esperado da 
pessoa que ocupa determinada posição com determinado status. Ocupamos 
diversos papéis na nossa vida e em cada um dos contextos é esperado que 
tenhamos determinadas reações. Vamos voltar ao exemplo do Paulo: Paulo é, 
ao mesmo tempo, pai, filho, irmão, marido, chefe, empregado, amigo e etc. 
Quando Paulo está no papel de pai, a sociedadee as pessoas com as quais 
ele se relaciona esperam que ele tenha um comportamento típico de pai, que 
será diferente daquele comportamento que ele deve expressar quando está no 
papel de filho e assim sucessivamente. 
E porque as pessoas se reúnem em grupos? O que faz com que ao longo da 
vida um sujeito sempre busque formas de agrupamento humano? Em geral, a 
 
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14 
busca por fazer parte de um grupo responde às seguintes necessidades: 
 Segurança: reunindo em grupos as pessoas podem reduzir a 
insegurança de “estar sozinho”, elas se sentem mais fortes, têm menos 
dúvidas e se tornam mais resistentes às ameaças. 
 Status: a inclusão em um grupo considerado importante pelos outros 
proporciona reconhecimento e status para seus membros. 
 Autoestima: os grupos podem dar a seus membros uma sensação de 
valor próprio, ou seja, além de demonstrar status para os outros, a 
filiação a um grupo também faz com que seus membros se sintam 
valorizados por si mesmos. 
 Associação: os grupos podem satisfazer necessidades sociais, as 
pessoas apreciam a constante interação com outros indivíduos. Para 
muitas pessoas, as interações no ambiente de trabalho representam a 
principal fonte de satisfação de suas necessidades de associação. 
 Poder: as coisas que não podem ser obtidas individualmente, 
geralmente, tornam-se possíveis através da ação grupal, pois existe 
poder no agrupamento. 
 Alcance de metas: há ocasiões em que é preciso mais de uma pessoa 
para realizar uma determinada tarefa, há necessidade de diferentes 
talentos, conhecimentos ou poderes para que uma meta seja atingida. 
 
Já discutimos que um grupo não é um simples agrupamento de pessoas, não 
são multidões desorganizadas. Para que um grupo tenha um funcionamento 
adequado existe uma estrutura que modela o comportamento de seus 
membros e permite a explicação e previsão desses comportamentos. Com isso 
podemos dizer que ao conhecer a estrutura de um grupo é fácil explicar e 
prever a forma como seus membros irão reagir frente a determinadas 
situações. Segundo Robbins (2005) essa estrutura é composta pelos seguintes 
 
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elementos: 
 Papéis: o conceito de ‘papel’ no âmbito dos grupos já foi visto nesse 
encontro. Os papéis são aqueles padrões comportamentais socialmente 
esperados, de acordo com a posição ocupada pelo indivíduo no grupo. 
Assim, cada membro do grupo desempenha um papel diferente que nos 
faz compreender sobre o funcionamento e prever reações. 
 Status: esse conceito também já foi discutido, se refere à posição social 
definida pelas pessoas a um grupo ou a membros de um grupo. O status 
determina a forma como as pessoas que ocupam determinadas 
posições irão se comportar e explicam a forma como determinado grupo 
se posiciona frente aos demais. 
 Normas: as normas são padrões de comportamento aceitáveis que são 
compartilhados por todos os membros do grupo, aqueles aprendidos no 
processo de socialização. As normas dizem aos membros do grupo o 
que eles devem ou não fazer em determinadas circunstâncias. 
 Coesão: A coesão é o grau em que os membros são atraídos entre si e 
motivados a permanecer em um grupo. De maneira geral, quanto mais 
coeso um grupo for, maior será a sua capacidade produtiva, portanto 
podemos dizer que a coesão é o principal fator ligado à harmonia do 
grupo. 
 
Ao participar de grupos e passar pelo processo de socialização, os indivíduos 
formam a sua identidade e passam a estar imersos em uma cultura. Por 
identidade entende-se a “forma e os elementos que possibilitam uma 
compreensão sobre o que os indivíduos são e sobre o que é significativo para 
eles (...) Assim, a identidade diz ao mesmo tempo sobre o que o indivíduo é e 
sobre o que ele não é” (PAIXÃO, 2012, p. 153). Por sua vez, a cultura se refere 
a um sistema de símbolos e significados, compartilhados por membros de uma 
 
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sociedade, que torna possível a vida em comum, compreende tanto aspectos 
materiais (objetos, símbolos, tecnologia), quanto aspectos imateriais, como 
crenças, hábitos, ideias e valores. 
Agora é a sua vez, faça uma análise do filme a partir dos conceitos aqui 
trabalhados. 
 
Na Prática 
O Caso Utiyama 
A empresa multinacional japonesa Utiyama nomeou Douglas para trabalhar na 
filial brasileira. Sua função principal era tornar a cultura organizacional da filial 
brasileira idêntica à da matriz, mantendo o clima organizacional favorável. 
Assim que Douglas chegou ao Brasil sofreu um forte impacto pelas diferenças 
na forma como os brasileiros realizavam suas atividades e se relacionavam no 
ambiente de trabalho. 
A implantação da cultura da matriz japonesa na filial brasileira sofreu muitas 
resistências, pois era totalmente diferente da cultura nacional. Os funcionários 
demonstravam profunda insatisfação com as mudanças e demonstravam-se 
impotentes, pois não sabiam a quem se reportar sobre as mudanças 
organizacionais. 
Fonte: SOUZA (2014, p. 157) 
 
Analise o caso apresentado, articulando com os conceitos trabalhados nessa 
aula. Quais elementos podem explicar ou justificar o caso? O que os gestores 
deveriam ter levado em consideração? Proponha um plano de ação para 
resolver a situação. 
 
 
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Síntese 
Nesse encontro vimos que O Renascimento, o Iluminismo, as Revoluções 
Francesa e Industrial favoreceram o cenário para o surgimento da Sociologia. A 
condição fundamental para o surgimento dessa nova ciência foi o uso da 
ciência para explicar a realidade, assim o objetivo dessa ciência, em linhas 
gerais, passa a ser compreender e explicar a sociedade. Para isso, os autores 
que mais se destacaram foram: Comte, Durkheim, Weber e Marx. 
Em um segundo momento discutimos conceitos fundamentais para dar 
continuidade aos estudos dessa disciplina, que foram os conceitos de interação 
social, socialização e grupo. Com isso estamos aptos a continuar. Nos 
próximos encontros iremos aprofundar esses conteúdos, buscando uma melhor 
compreensão de como a sociologia explica a sociedade. 
Até breve! 
 
 
 
 
Referências 
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