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Álgebra Linear e Geometria Analítica I (M143) 2014/15 Resolução – Exame – 19-01-2015 – Duração 2h 1. Para cada a, b ∈ R, considere o sistema ax+ by = 0ay + bz = 0 ax+ bz = 0 nas incógnitas x, y, z. (0, 5 val.) a) Diga, justificando, para que valores de a e b é que o sistema é possível. O sistema dado é linear e homogéneo, logo, admite sempre a solução nula. Assim, o sistema é possível para todo a, b ∈ R. (1 val.) b) Diga, justificando, para que valores de a e b é que o sistema tem uma e uma só solução. O sistema linear e homogéneo tem 3 equações e 3 incógnitas. Portanto tem uma e uma só solução (a solução nula) se e só se a matriz dos coeficientes tem determinante não nulo. Como det a b 00 a b a 0 b = ab(a+ b) então o sistema tem uma e uma só solução se e só se (a, b) pertence ao conjunto {(a, b) ∈ R2 : a 6= 0, b 6= 0, a 6= −b}. 2. (1, 5 val.) Diga, justificando, se qualquer subespaço próprio de um endomorfismo injetivo está contido no contradomínio desse endomorfismo. A afirmação é verdadeira. Sendo f um endomorfismo injetivo de um espaço vetorial V e λ um valor próprio de f , então λ é não nulo. Por definição de espaço próprio Eλ, como para qualquer v ∈ Eλ se tem f(v) = λv, temos que {λv : v ∈ Eλ} ⊆ Imf . Como Imf é um subespaço vetorial de V , então é fechado para a multiplicação por escalar. Assim, se λv ∈ Imf com v ∈ Eλ então também λ−1(λv) = v ∈ Imf . Portanto Eλ ⊆ Imf . 3. Considere o espaço vetorial real R3 munido das operações usuais e produto escalar usual. Sejam f e g os endomorfismos de R3 definidos por: f(x, y, z) = (z, x, y), (x, y, z) ∈ R3; g(1, 1, 1) = (1, 1, 1), g(1, 0, 1) = (0, 1, 1), g(1, 2, 0) = (2, 1, 0) . (1 val.) (a) Sem determinar explicitamente g(x, y, z), (x, y, z) ∈ R3, mostre que g é bijectiva. Como (1, 1, 1), (0, 1, 1), (2, 1, 0) ∈ Im g, então G({(1, 1, 1), (0, 1, 1), (2, 1, 0)}) ⊆ Im g. Mas (1, 1, 1), (0, 1, 1), (2, 1, 0) são linearmente independentes (basta verificar que det 1 0 21 1 1 1 1 0 6= 0), portanto geram R3, logo Im g = R3, isto é, g é sobrejetivo. Como g é um endomorfismo de R3, segue que g também é injetivo, logo bijetivo. (1 val.) (b) Determine g(x, y, z), (x, y, z) ∈ R3. Resolvendo o sistem linear em α, β, γ que se obtem da equação (x, y, z) = α(1, 1, 1) + β(1, 0, 1) + γ(1, 2, 0), obtemos (α, β, γ) = (−2x+ y + 2z, 2x− y − z, x− z), e portanto (x, y, z) = (−2x+ y + 2z)(1, 1, 1) + (2x− y − z)(1, 0, 1) + (x− z)(2, 1, 0). Logo, g(x, y, z) = (−2x+ y + 2z)g(1, 1, 1) + (2x− y − z)g(1, 0, 1) + (x− z)g(1, 2, 0) = (y, x, z), (x, y, z) ∈ R3 . (1 val.) (c) Determine um vetor próprio comum a f e a g. Observando que f(1, 1, 1) = g(1, 1, 1) = (1, 1, 1) segue que (1, 1, 1) é um vetor próprio comum a f e a g (associado ao valor próprio 1 de ambos os endomorfismos). Nas alíneas que se seguem, considere h = f + f ◦ f . (1 val.) (d) Mostre que Mbcbc(h) = 0 1 11 0 1 1 1 0 . Calculando A =Mbcbc(f) = 0 0 11 0 0 0 1 0 obtemos que Mbcbc(h) = A+A2 = 0 1 11 0 1 1 1 0 . (2 val.) (e) Averigue se existe uma base ortonormada B de R3 tal que MB,B(h) = 2 0 00 −1 0 0 0 −1 . Caso exista, indique uma tal base B. Podemos começar por observar que, pelos dados da alínea anterior, a matriz Mbcbc(h), representando h relativamente a uma base ortonormada de R3 (a base canónica), é simétrica. Logo, pelo Teorema espectral, obtemos que h é diagonalizável e existe uma base ortonormada de R3 de vetores próprios de h. Como Mbcbc(h) = 0 1 11 0 1 1 1 0 , temos que o polinómio característico p de h é definido por p(α) = det −α 1 11 −α 1 1 1 −α = (2 − α)(−1 − α)2 e ficamos a saber que 2 e −1 são realmente os valores próprios de h. Tem-se E2 = (x, y, z) ∈ R3 : −2 1 11 −2 1 1 1 −2 xy z = 00 0 = G ({(1, 1, 1)}) e E−1 = (x, y, z) ∈ R3 : 1 1 11 1 1 1 1 1 xy z = 00 0 = G ({(1,−1, 0), (1, 0,−1)}). Juntando os elementos de uma base ortonormada de cada um dos subespaços próprios, obtemos então uma base B de R3 que é ortonormada (porque uma vez que Mbc,bc(h) é simétrica, vetores próprios associados a valores próprios distintos são ortogonais) tal que MB,B(h) = 2 0 00 −1 0 0 0 −1 . Uma base ortonormada de E2 é por exemplo ( 1√3 (1, 1, 1)). Uma base ortonormada de E−1 é por exemplo( 1√ 2 (1,−1, 0), 1√ 6 (1, 1,−2) ) . Então B = ( 1√ 3 (1, 1, 1), 1√ 2 (1,−1, 0), 1√ 6 (1, 1,−2) ) é uma base nas condições indicadas. (1 val.) (f) Determine proj⊥E(x, y, z), onde E é o subespaço próprio de h associado ao valor próprio −1. Usando o facto de ( 1√ 2 (1,−1, 0), 1√ 6 (1, 1,−2) ) ser uma base ortonormada de E (visto na alínea anterior), obtemos então que proj⊥E(x, y, z) = α 1√ 2 (1,−1, 0) + β 1√ 6 (1, 1,−2), onde α = (x, y, z)| 1√ 2 (1,−1, 0) = 1√ 2 (x− y) e β = (x, y, z)| 1√ 6 (1, 1,−2) = 1√ 6 (x+ y − 2z). Assim, proj⊥E(x, y, z) = 1 3 (2x− y − z,−x+ 2y − z,−x− y + 2z) . (2 val.) (g) Considere o espaço vectorial real V = L(R3,R3) dos endomorfismos lineares em R3 munido das operações usuais (soma de funções e multiplicação de funções por reais) e os seguintes subespaços: S1 = {L ∈ V : L ◦ f = f ◦ L}, S2 = {L ∈ V : L ◦ f = f ◦ L e L ◦ g = g ◦ L} . Para i = 1, 2, determine uma base de Si e a dimensão de Si. Seja L um endomorfismo de R3 e seja a b cd e f g h i a matriz de L relativamente à base canónica de R3; comoMbcbc(f) = 0 0 11 0 0 0 1 0 , então L ◦ f = f ◦ L⇔ a b cd e f g h i 0 0 11 0 0 0 1 0 = 0 0 11 0 0 0 1 0 a b cd e f g h i ⇔ a = e = i, b = f = g, c = d = h . Logo L ∈ S1 sse existem a, b, c ∈ R tais que Mbc,bc(L) = a b cc a b b c a = a 1 0 00 1 0 0 0 1 +b 0 1 00 0 1 1 0 0 +c 0 0 11 0 0 0 1 0 = aMbcbc(idR3)+bMbcbc(f ◦f)+cMbcbc(f) ou seja, L ∈ S1 sse L é combinação linear de idR3 , f ◦f, f . Isto é, os endomorfismos idR3 , f ◦f, f geram S1 (e são linearmente independentes). Portanto constituem uma base de S1 e S1 tem dimensão 3. Para calcular uma base de S2 basta notar que Mbcbc(g) = 0 1 01 0 0 0 0 1 e a b cc a b b c a 0 1 01 0 0 0 0 1 = 0 1 01 0 0 0 0 1 a b cc a b b c a ⇔ b = c . Portanto, Mbcbc(L) = a 1 0 00 1 0 0 0 1 +b 0 1 00 0 1 1 0 0 +b 0 0 11 0 0 0 1 0 = aMbcbc(idR3)+bMbcbc(f◦f+f) = aMbcbc(idR3)+bMbcbc(h) . Isto é, os endomorfismos idR3 e h geram S2 (e são linearmente independentes). Portanto constituem uma base de S2 e S2 tem dimensão 2.
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