Buscar

Da caridade ao Assistencialismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

�PAGE �1�
�PAGE �1�
 
Curso: Serviço Social
Professor(a):	Patricia Vergasta 
Disciplina: Introdução ao Serviço Social
 
Leia o texto “Elementos na Evolução do Serviço Social” no seu item - Da caridade ao Assistencialismo e responda as questões que serão discutidas na sala de aula.
Como era vista a pobreza, a doença e a miséria nas diferentes fases históricas? E a quem cabia a sua responsabilidade?
	Veja o que Michel Foucalt , no seu livro Microfísica do Poder fala sobre a questão dos hospitais e sua ligação com os religiosos e com a pobreza.
	“Era um pessoal caritativo – religioso ou leigo- que estava no hospital para fazer uma obra de caridade que lhe assegurasse a salvação eterna. . Assegurava-se, portanto, a salvação da alma do pobre no momento da morte e a salvação do pessoal hospitalar que cuidava dos pobres.. Função de transição entre a vida e a morte de salvação espiritual mais do que material, aliada à função de separação dos indivíduos perigosos para a saúde geral da população” . (...) “ O hospital permanece com essas características até o começo do século XVIII e o Hospital Geral, lugar de internamento onde se justapõem e se misturam doentes, loucos, devassos, prostitutas, etc, é ainda, em meados do Séc. XVII, uma espécie de instrumento misto de exclusão, assistência e transformação espiritual., em que a função médica não aparece.” ( 1)
2. ELEMENTOS NA EVOLUÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL A PARTIR DAS DIVERSAS FORMAS DE SOCIEDADE
2.1 DA CARIDADE AO ASSISTENCIALISMO
	Do nosso ponto de vista, a compreensão do Serviço Social implica no entendimento de sua evolução partir das diversas formas sociais. Isto significa o desenvolvimento das diversas formas de ajuda àqueles que sempre constituíram a pobreza, gerada no seio das relações sociais estabelecidas nas sociedades através do tempo. Balbina Ottoni Vieira teórica do Serviço Social se reporta à antiguidade, dizendo que o trabalho era oferecido ao homem em sua tribo ou clã, contudo, a miséria ocorria das crises econômicas , das invasões das guerras e das catástrofes. A pobreza era o estado daqueles que não possuíam meios de subsistência por serem velhos, doentes, viúvas, crianças, órfãos abandonados. A assistência era da responsabilidade da família, clã ou tribo e variava a forma, de acordo com as crenças, os usos, os costumes, as tradições. Nas sociedades místicas, o inexplicável encontra explicação no sagrado, o mal era castigo dos deuses pelas faltas das pessoas ou de seus antepassados. Como castigo, o sofrimento, que era uma provação- manifestação da justiça divina. Cabia aos sacerdotes, delegados da divindade, a cura dos males. Daí, os templos serem também hospitais, ambulatórios, dispensários de esmola. É o momento da prevalência da caridade.
	A Bíblia , no livro O Deuteronômio, indicava regras para auxiliar aos pobres e aos escravos, na prática da caridade, deixando àqueles o resíduo das colheitas, imprimindo o castigo de Deus para os que não observassem os preceitos da caridade. Vê-se, aí, o conceito utilitário da caridade: “ faça o bem para receber quando precisar”. O governo só intervinha, quando em calamidade pública.
	O Império Romano estabeleceu plano sistemático de distribuição de espórtulos, dando aos pobres e desempregados “víveres” e espetáculo. As famílias aristocráticas seguiam o Imperador, adotando grandes clientela, que vivia exclusivamente de donativos, o que gerou abusos e graves conseqüências sociais.
	Os problemas sociais, contudo, continuam eclodindo. Vê-se, assim, a instabilidade da economia rural e artesanal, acrescida das guerras, das epidemias, além da mendicância, da vagabundagem.
	Na Idade Média, a Igreja Católica e os leigos procuram minimizar os males da pobreza, assistindo famílias com alguns donativos, visitando doentes e outros. O período é marcado pelas divergências econômicas, pela pobreza generalizada dos servos e, em contrapartida, o exercício da caridade na tentativa de ajuda aos pobres: 
A caridade nasceu com o Cristianismo que estimulou a fundação de obras de assistência não somente para prestar socorro material e espiritual porem sobretudo visando a constituição de uma verdadeira legião de organizadores.¹
A Igreja administra as obras da caridade, cabendo aos Reis e Imperadores a defesa do território e a manutenção da ordem interna. São transformados os conceitos da caridade, considerando todos os homens como irmãos e a pobreza não como castigo de Deus, mas como fruto da imprevidência individual ou das circunstancias.
Esta aliança entre Estado e Igreja, os conceitos, as idéias que emitem, deslocam desde o começo o pólo da questão da exploração do trabalho.
Alguns autores consideram a caridade como antecedente do Serviço Social na Europa, evoluindo até o Serviço Social profissional hoje. Segundo Barreix, as situações de necessidade e desamparo, nesse tempo , foram orientadas por pessoas com inspirações religiosos e não religiosas. As primeiras faziam o bem pelo amor de Deus ( a caridade, a beneficência) e as outras faziam o bem pelo amor ao homem ( filantropia). Vêem-se aí, também, as formas paliativas de assistir a pobreza sem considerá-la do ponto de vista das relações de exploração da força de trabalho.
O Clero Católico, assumindo sempre o trabalho assistencial e situado no cume da hierarquia do Estado Feudal, como grande proprietário de terra, não assumiu interesses das classes subalternas. Ao contrario, institui ordens mendicantes como os Dominicanos, os Franciscanos e outras , submetidas ao Estatuto Monástico ( votos de pobreza, obediência, castidade, obrigação do trabalho), para difundir a caridade com vistas a uma ação imediatista e assistencialista.
Vem o Renascimento e a pobreza é considerada como fenômeno social normal, conseqüência das condições, cabendo à sociedade o dever de ajudar aos pobres, que passam a ter o direito a essa assistência.
Com a Reforma Protestante, advém a secularização, libertando o homem do controle religioso. Daí , a nova concepção de caridade, de dever, de solidariedade natural. Os senhores distribuem esmolas e as senhoras fazem visitam domiciliares.
Começa a ser estabelecido critérios, definindo-se aqueles que merecem ou não receber ajuda. Contudo, com o confisco dos bens da Igreja pelo Estado, nos países conquistados pela Reforma Protestante, houve a desordem e a anarquia no que se refere à assistência. Daí a necessidade de sistematização da mesma, sendo autores desta, os filósofos, humanistas, pessoas consideradas de espírito social.
Autoras no Serviço social se referem, por exemplo, a Juan Luís Vives, pensador que viveu entre os séculos XV e XVI, mas tinha uma visão bastante ampla a cerca dos problemas sociais. Por esse motivo recebeu críticas do Estado e da Igreja . Vives tinha princípios avançados que contradiziam aqueles pregados na sua época. Posicionava-se contra a mendicância profissional, propondo a organização da assistência para evitar abusos, ressaltando a necessidade de auxílio às crianças, órfãos e abandonados. Porem, defendia a idéia de que o Estado deveria oferecer meios para que as pessoas não precisassem de esmolas.
São Vicente de Paula ( entre os séculos XVI e XVII) propunha, também, ajuda aos pobres para encontrar trabalho e ensinar-lhes um oficio para não precisarem recorrer à caridade.
Outros personagens se destacaram, ainda, nas lutas pela organização da assistência. Entretanto, ressaltamos , aqui, as primeiras intervenções do Estado nesse campo, no séc. XVI. A preocupação entretanto, era de maior racionalização na distribuição da ajuda. A exemplo, pode-se citar: a municipalidade de Nuremberg “ pão dos pobres” (1522); Bureaux dês Pauvres – Paris (1555); Grand Bureaux (futuro conselho de Obras Sociais); Poor´s Law – promulgada em 1601 pela rainha Elizabeth I da Inglaterra ( cada município devia tomar conta de seus pobres, evitandoa andança dos mendigos profissionais); Código de Assistência- Dinamarca,1683; Suécia, 1686.
Vê-se, assim, que, desde a Idade Média, já surgem as primeiras preocupações sobre o modo de assistir aos pobres, o que começa a se intensificar no inicio da Idade Moderna. A evolução européia do Serviço Social se inicia como filantropia, caridade, assistência, para depois tomar a arma técnica do Serviço Social, baseando-se em estudos profundos da sociedade, objetivando obter condições para “resolver” os problemas sociais. Isto decorre do movimento das idéias do século XVIII, que se caracterizava pela busca de uma explicação racional para todas as coisas.
Segundo Barreix, teórico do Serviço Social, com a Revolução Industrial, surge a classe operária, formando os aglomerado humanos nos centros industriais. Reproduz-se, cada vez mais a miséria, a pobreza e também, como conseqüência, a assistência aos necessitados, rigorosamente controlados, exigindo-se o uso de métodos e técnicas (“fazer o bem e fazê-lo bem”) o que se denominou de Assistência Social. O autor diz que a mentalidade assistencialista foi –se modificando do século XIX a princípios do século XX, ressaltando-se a figura de Mary Richmond, nos Estados Unidos. 
______________________________________________________________________________________________________________
(1) FOUCALT, Michel. Microfísica do Poder.6.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal.
Fonte:. SOUZA, Juvanete Santos. Elementos na Evolução do Serviço Social. 39- 43
�PAGE �

Continue navegando