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A ÉTICA EM PESQUISA NO CONTEXTO DA LINGUÍSTICA CONTRASTIVA: DESDOBRAMENTOS DE UMA PERSPECTIVA CRÍTICA
Débora de Souza Ferreira (Bolsista UEL)
Otávio Goes de Andrade, e-mail: goes@uel.br
Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Letras Estrangeiras Modernas (DLEM)
Área e subárea do conhecimento: Linguística, Letras e Artes. Linguística Aplicada.
Palavras-chave: Interlíngua de aprendizes de línguas; Ética em pesquisa; Formação do professor.
Resumo
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, embasada teoricamente por leituras advindas mormente da Linguística Contrastiva, com fulcro no estudo da ética em pesquisa e na adoção de uma perspectiva crítica em pesquisas linguísticas. O presente trabalho foi desenvolvido em conjunto com o discente André Luís Caçula Gaia, aluno do curso de Biblioteconomia (UEL) e bolsista de iniciação científica (CNPq), responsável pelo subprojeto intitulado “Dos direitos linguísticos e da ética em pesquisa no contexto da Linguística Contrastiva: Aproximações necessárias entre o Direito e a Linguística Aplicada Crítica”.
Introdução e objetivo
O presente escrito deriva de um subprojeto desenvolvido em sede de iniciação científica subsidiado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), o qual teve por meta estudar a ética em pesquisa, especificamente no contexto da Linguística Contrastiva, como um dos desdobramentos da adoção de uma perspectiva crítica no âmbito da Linguística Aplicada.
Para alcançar a referida meta, foi determinado como objetivo o estudar a Resolução CNS 466, de 12 de dezembro de 2012 (disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>), relacionando-a ao campo da Linguística Contrastiva, à luz de uma perspectiva crítica.
A proposta deste subprojeto de iniciação científica justifica-se pela necessidade da adoção de uma postura crítica também em pesquisas no âmbito da Linguística Contrastiva, e, consequentemente, de uma conduta ética condizente com tal necessidade na pesquisa e no processo de ensino e de aprendizagem que adotem os pressupostos teórico-metodológicos da referida área.
Procedimentos metodológicos
No concernente à metodologia adotada, tendo em vista o projeto de pesquisa ao qual está ligado, o subprojeto que desenvolvemos, assim como o presente trabalho, possui um recorte qualitativo. Destarte, os dados foram levantados a partir da combinação de técnicas de pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias) e de pesquisa documental (ou de fontes primárias). Cabe-nos esclarecer que entendemos os termos pesquisa bibliográfica e pesquisa documental na perspectiva das autoras Marconi e Lakatos (2011, p. 43-44), segundo as quais a pesquisa documental engloba “todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou não, que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 43)” e a pesquisa bibliográfica “trata-se do levantamento de toda a bibliografia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto [...] (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 43-44)”. Sendo assim, a pesquisa realizada pautou-se na leitura e no fichamento de escritos de diferentes autores afeitos à área da Linguística Contrastiva com vistas à perspectiva crítica da Linguística Aplicada.
Resultados e discussão
Andrade (2015c) considera a resolução CNS nº 466/2012 como a terceira geração de resoluções CNS. Essa resolução se sustenta em documentos que reconhecem e afirmam a dignidade, a liberdade e a autonomia do ser humano, entre os quais se encontram Código de Nuremberg, de 1947, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, assim como alguns dos mais importantes documentos internacionais dos séculos XX e XXI:
a Declaração de Helsinque, adotada em 1964 e suas versões de 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000;
o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966;
o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 1966;
a Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos, de 1997;
a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, 
de 2003;
e a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, de 2004.
Além dos documentos antes mencionados, também faz parte do alicerce da Resolução CNS 466/2012 a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988.
Andrade (2015c) defende que “[...] a existência de uma “proficiência científica”, a qual, para ser desenvolvida e consolidada, depende do domínio de questões atinentes à ética em pesquisa envolvendo seres humanos, considerando sua vulnerabilidade e hipossuficiência”. Segundo o referido autor, 
Violações aos direitos humanos deram ensejo à discussão sobre a necessidade ética de se valorizar a dignidade humana, sendo o Código de Nuremberg, de 1947, um dos primeiros documentos a atingir tal finalidade. A partir desse documento seminal, muitos outros viram a luz, entre eles, as três gerações de dispositivos legais compostas pelas resoluções CNS nº 01/1988, nº 196/1996 e nº 466/2012, recentemente em contexto pátrio. Destarte, tanto na formação inicial como na formação continuada do professor de línguas estrangeiras / adicionais advogamos pela urgência do amplo conhecimento da Resolução CNS nº 466/2012, assim pela importante incorporação do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos como parte integrante do referido contexto de formação (ANDRADE, 2015c).
Corroboramos a ideia de Andrade (2015c), e acreditamos que a adoção de uma perspectiva crítica no âmbito dos estudos linguísticos depende fundamentalmente do domínio de questões éticas na pesquisa, no sentido do desenvolvimento de uma “proficiência linguística”, como abordado anteriormente.
A Linguística Contrastiva tem como marco o livro Linguistics across cultures. Applied linguistics for language teachers, editado por Robert Lado em 1957. Esse autor, discípulo de Charles Fries, assentou a base teórico-metodológica para diferentes tipos de pesquisa no âmbito da referida área de conhecimento, a qual, por sua vez, por ser considerada como um ramo da Linguística Aplicada, tem como objeto de pesquisa a linguagem em uso. Em virtude de suas características teórico-práticas, a Linguística Contrastiva subsidia pesquisas interlinguísticas, isto é, entre duas ou mais línguas, assim como pesquisas entre duas ou mais variantes de uma mesma língua, as quais são denominadas pesquisas intralinguísticas.
Desde o momento de sua criação, a Linguística Contrastiva sofreu influências dos paradigmas teóricos que foram sendo desenvolvidos sobre o que vinham a ser os termos “língua”, “ensino” e “aprendizagem”. Nesse sentido, concomitantemente às noções estruturalistas sobre o termo “língua”, se sucederam influencias comportamentalistas, mentalistas e sociais nos termos “ensino” e “aprendizagem”, e, por via de consequência, essas influências teóricas perpassaram os três modelos de análise da Linguística Contrastiva no decurso do tempo: o modelo de Análise Contrastiva, o modelo de Análise de Erros e o Modelo de Interlíngua. Os três modelos, cada qual ao seu momento, tiveram validade na formação de professores, tanto de línguas estrangeiras/adicionais, como de línguas maternas, e na atualidade são usados de maneira conjugada nas denominadas Análises de Interlíngua (DURÃO, 2004; 2007).
Na medida em que visa a interferir na realidade social por meio dos estudos da linguagem, a Linguística Aplicada Crítica prima pela proposição de pesquisas e de práticas pedagógicas alinhadas diretamente às necessidades linguístico-sociais dos participantes, para
[...] não perder de vista a busca da relevância ‘para a vida’ dos envolvidos no trato das questões de linguagem [...], [os quais] tanto são o lingüista e o leigo, quanto o pesquisador e o pesquisado; tanto são os membros da comunidade acadêmica quanto os da sociedade (RAJAGOPALAN, 2003 apud SIGNORINI, 2003, p. 386).Adotar uma perspectiva crítica, seja no desenvolvimento de uma investigação, seja no processo de ensino e de aprendizagem, implica recepcionar em seu bojo a dimensão ética que envolve os participantes, fato que se constitui como uma importante preocupação nas práticas levadas a cabo nesses contextos. 
Conclusão
Por ser a Linguística Contrastiva uma área estreitamente ligada à Linguística Aplicada, em suas pesquisas não se pode perder de vista o importante viés social que permeia a linguagem, o que configura um espaço de reflexão para o que os teóricos vêm denominando como Linguística Aplicada Crítica. Como afirmamos anteriormente, a adoção de uma perspectiva crítica no âmbito dos estudos linguísticos depende fundamentalmente do domínio de questões éticas atinentes à pesquisa, no sentido do desenvolvimento de uma “proficiência linguística”.
Referências
ANDRADE, Otávio Goes de. A construção do princípio jurídico da dignidade da pessoa humana e seus desdobramentos na ética em pesquisa com seres humanos. 2015. 337f. Trabalho de Conclusão de Curso (Direito) – Pontifícia Universidade Católica de Londrina, Londrina, 2015a.
______. "Porque gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente”: da ética em pesquisa com seres humanos. In: Profissionalização Docente: História, Políticas e Ética. Editora Pontes: São Paulo: 2015b (no prelo).
______. A ética em pesquisa envolvendo seres humanos como elemento fundamental da proficiência científica na formação de professores de línguas estrangeiras / adicionais. CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO, 5., 2015, Bauru. Anais... Bauru, 2015c. Disponível em: <http://li327-81.members.linode.com:8080/vcbe-anais/api/arquivo/17095.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2015. 
______. Análisis de errores en la interlengua de brasileños aprendices de español y de españoles aprendices de portugués. Londrina: Eduel, 2004.
______. La interlengua. Madrid: Arco/Libros:, 2007.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 7. ed. – 6. reimpr. São Paulo: Atlas: 2011.
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e questão ética. Sâo Paulo: Parábola Editorial, 2003. 
______. Repensar o papel da lingüística aplicada. In: MOITA LOPES, Luiz Paulo. Por uma Lingüística Aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 149-168.
SIGNORINI, Inês. Resenha de Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e questão ética. D.E.L.T.A., 19: 2, 2003 (381-387).

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