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AULA CIÊNCIA POLÍTICA ESTADO CONTEMPORÂNEO E DEMOCRACIA

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ALGUMAS QUESTÕES RELATIVAS AO ESTADO CONTEMPORÂNEO E A DEMOCRACIA
ESTADO DEMOCRÁTICO MODERNO:
A idéia moderna de Estado Democrático tem suas origens nos embates que se travaram ao longo dos séculos XVII e XVIII contra o Absolutismo no sentido da afirmação de determinados valores fundamentais do homem e da atuação do Estado na proteção destes valores; 
Na teoria contemporânea da Democracia confluem três grandes tradições clássicas do pensamento político: a teoria clássica das três formas de governo, a teoria medieval baseada na soberania popular e a teoria moderna (maquiaveliana) onde a antiga Democracia é entendida como uma forma de República;
Os sistemas políticos dos séculos XIX e de parte do século XX se constituíram a partir de um permanente tensionamento entre os princípios liberais clássicos e sua extensão a parcelas mais amplas da população, incorporando temas de natureza social.
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Movimentos político-sociais que transpuseram para o plano prático os princípios que marcariam o surgimento do Estado Democrático
A Revolução Inglesa de meados do século XVII
A Independência das Treze Colônias Inglesas da América do Norte
A Revolução Francesa do final do século XVIII
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Princípios básicos que passaram a nortear, a partir dos três grandes movimentos político-sociais dos séculos XVII e XVIII, a consecução da ideia do Estado Democrático 
A supremacia da vontade popular que coloca o problema da participação popular nas decisões de governo, tratando de questões a respeito da representatividade, extensão do direito de sufrágio e dos sistemas partidários e eleitorais
A preservação das liberdades públicas e individuais 
A igualdade de direitos relacionada à proibição de quaisquer discriminações no exercício dos direitos por motivos econômicos e por distinções entre classes sociais
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Principais “tipos” de Democracia
Democracia direta - Democracia direta é aquela em que o povo exerce os poderes governamentais, por si somente. Não há outorga de mandato do povo aos parlamentares e representantes políticos (ou seja, não há representação), e as funções políticas são geridas e desenvolvidas pelos próprios detentores do direito de votar. 
Democracia semi-direta ou indireta (implica necessariamente na representação) - Democracia semidireta ou mista ou participativa implica na combinação da democracia representativa com alguns institutos de participação direta do povo.
Democracia representativa - Democracia indireta ou representativa é o modelo mais comum – consiste em um modelo de exercício da democracia em que o povo escolhe os seus representantes para gerir as funções de governo e decidir em seu nome. 
Instrumentos de democracia semi-direta: o referendum, o plebiscito, a iniciativa popular, o veto popular e o recall
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Caracterização dos principais instrumentos da democracia participativa (semi-direta)
Referendum (referendo) - é um meio de consulta popular formulada posteriormente à aprovação de projetos de lei pelo Legislativo, o que demonstra que, por meio dele, o povo apenas confirmará ou rejeitará o ato legislativo criado. 
Plebiscito – é um meio de consulta popular que é formulado anteriormente à edição de um determinado ato legislativo ou administrativo - cabe aos eleitores, aprovar ou denegar o que lhe foi submetido.
Veto popular - O veto popular consiste em uma consulta ao eleitorado sobre uma lei existente, visando sua revogação.
Iniciativa popular –. Instrumento de participação popular que consiste na apresentação de um projeto de lei de iniciativa da sociedade ao Legislativo. 
Recall (revogação de mandatos) - mecanismo por meio do qual os eleitores podem cassar ou revogar o mandato de representante político que não esteja correspondendo às expectativas do eleitorado.
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Instrumentos (institutos) de democracia participativa presentes na Constituição Brasileira
Plebiscito -Exemplo desse instrumento de democracia participativa é exigido no art. 18, §§3º e 4º da Constituição Federal, que prevê a aprovação da população diretamente interessada para que os estados e municípios incorporarem-se entre si, subdividam-se ou desmembrem-se para se anexarem a outros ou formarem novos estados ou municípios. Podemos citar também o plebiscito realizado em 21 de abril de 1993 para que a população deliberasse sobre o regime de governo – monarquia parlamentar ou república – e sobre o sistema de governo – parlamentarismo ou presidencialismo.
 Referendo - Nas questões de competência da União, a autorização para a realização de referendo é exclusiva do Congresso Nacional, e a Constituição Federal não estabeleceu critérios para o seu exercício. Naquelas de competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, o referendo (assim como o plebiscito) será convocado de conformidade com as constituições estaduais e com as leis orgânicas, respectivamente. 
Iniciativa popular - Conforme prevê a Constituição Federal no art. 61, § 2º, para sua aceitação, é exigido que o projeto esteja subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional (1 milhão e 400 mil eleitores), distribuído por, pelo menos, cinco estados, com não menos do que três décimos por cento de eleitores em cada um desses estados. 
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A DEMOCRACIA DOS “ANTIGOS” E A DEMOCRACIA DOS “MODERNOS” (I)
A democracia dos “antigos” foi aquela que se desenvolveu originalmente entre os gregos que buscaram, especialmente na RAZÃO, as respostas para seus problemas de NATUREZA POLÍTICA.
 Os gregos, organizados em suas CIDADES–ESTADO, deixaram para o Ocidente, o legado de fazer com que os homens se submetessem à LEI sob a égide da ISONOMIA em que os homens eram considerados iguais perante a LEI.
 Segundo J. Ober, a cidadania, na Atenas da Era Clássica, não se baseava na riqueza, no lugar ou na condição de nascimento – se um homem pudesse demonstrar que seus pais eram atenienses, se fosse aceito por um voto de seus vizinhos e se não fosse declarado culpando de algum crime contra o Estado, ele era considerado um CIDADÃO LIVRE, com direito de voto e de voz (e de se fazer ouvido – princípio da ISEGORIA) na Assembleia dos Cidadãos.
 Assim, a LIBERDADE POLÍTICA, a IGUALDADE POLÍTICA e a DIGNIDADE eram as marcas fundamentais da democracia direta ateniense.
 De acordo com Norberto Bobbio, a imagem da DEMOCRACIA, para os Antigos, era bem diferente do que entendemos atualmente como DEMOCRACIA – esta era pensada em termos de uma praça pública ou de uma assembleia onde os cidadãos eram chamados à tomada de decisões que diziam respeito às suas próprias vidas, significando, portanto, o poder dos DEMOS e não, como atualmente, o poder dos representantes dos DEMOS. 
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A DEMOCRACIA DOS “ANTIGOS” E A DEMOCRACIA DOS “MODERNOS” (II)
A democracia dos “modernos” não possui conotação negativa que possuía no âmbito do pensador grego clássico (Platão, Aristóteles), encontrando-se a democracia presente na agenda dos Estados atuais, possuindo uma conotação claramente positiva.
A manifestação política dos gregos antigos (especialmente dos atenienses) se fazia na ÁGORA, por meio de participação direta dos cidadãos – A principal instituição era a Assembleia dos Cidadãos que se reunia 40 vezes por ano, cuja ordem do dia era determinada por um Conselho, composto por 500 membros, com idade superior a 30 anos e escolhidos por sorteio.
 As reuniões da Assembleia eram abertas a todos os cidadãos com idade superior a 18 anos – em um dia típico de reunião da Assembleia, verificava-se a participação que oscilava entre 7.000 e 8.000 cidadãos, o que correspondia a um quarto do conjunto dos cidadãos, aproximadamente.
 Já os “modernos” se apropriaram da liberdade política por meio da REPRESENTAÇÃO POLÍTICA firmada através de ELEIÇÕES PERIÓDICAS.
 Assim, a DEMOCRACIA DOS MODERNOS se caracteriza por um sistema regularizado de eleições periódicas com livre escolha de candidatos, sufrágio universal para adultos, oportunidade de organização de partidos políticos concorrentes, decisões majoritárias e salvaguardas para a proteção
dos direitos das maiorias, Judiciário independente do Executivo e garantias constitucionais para as liberdades civis fundamentais.
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CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES !!!
De acordo com Norberto Bobbio, a existência da REPRESENTAÇÃO POLÍTICA no jogo democrático significa que as deliberações coletivas são tomadas por pessoas eleitas para esta finalidade.
 Segundo C. F. Campilongo, existem três tipos de representação política:
A representação popular – refere-se aos direitos da cidadania.
 A representação de interesses – relacionada em “grupos ocupacionais’.
 A representação funcional – baseada em “categorias funcionais”.
 Nas democracias contemporâneas está a se verificar a sobreposição da representação dos interesses sobre a representação popular e, muitas vezes, sobre a representação funcional.
 O sistema democrático vigente não está conseguindo processar as demandas políticas da população, uma vez que a representação de interesses está a fortalecer crescentemente a atuação política de grupos de interesses dominantemente econômicos.
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PRINCIPAIS DESAFIOS QUE ESTÃO A SE COLOCAR, MODERNAMENTE, PARA QUALQUER ORGANIZAÇÃO DEMOCRÁTICA:
 A relação entre os interesses de indivíduos e grupos e uma hipotética “vontade coletiva” – como garantir a livre expressão dos interesses em conflito e, ao mesmo tempo, manter o mínimo de coesão essencial à existência da sociedade...
Qualquer democracia deve lidar com as diferentes capacidades dos indivíduos em determinar suas preferências e interesses de acordo com os recursos cognitivos de que dispõem e de acordo com a posição em que se encontram na sociedade 
OBS: A liberdade formal de acesso às decisões não dá conta dos problemas que existem por força das desigualdades reais que se colocam na “ambiência” social. 
O desafio gerado pela possibilidade (bem concreta) de manipulação da chamada “vontade coletiva” por meio do uso estratégico das regras de delimitam o “jogo da democracia”.
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PROBLEMAS QUE SE COLOCAM PARA A NECESSIDADE DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA:
 A separação entre GOVERNANTES e GOVERNADOS – as decisões políticas são tomadas efetivamente por um pequeno grupo e não pela grande massa de pessoas, ou seja, quem governa exerce de fato a soberania que pertence nominalmente ao povo.
A formação de uma elite política distanciada da população como consequência da especialização funcional – o grupo governante (as elites políticas) tende a exercer permanentemente o poder.
OBS: A separação entre GOVERNANTES e GOVERNADOS, tende a se aproximar das clivagens que produzem maior impacto na reprodução das desigualdades sociais.
A ruptura do vinculo entre a vontade dos representados e dos representantes que se deve ao fato de que os governantes possuem características sociais distintas dos governados, ao mesmo tempo em que existem “mecanismos” próprios da diferenciação funcional que atuam, mesmo quando não existe a desigualdade da origem social.
A distância que se estabelece entre o momento em que se firmam os compromissos (campanha eleitoral) e o exercício do mandato.

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