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TRABALHO MAGDA NCPC EXECUCAO TRABALHISTA

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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR
DISCIPLINA- PROCESSO CIVIL III
Acadêmica Magda Susana Bertuzzo Talini – RA 07015317
Comentários sobre a palestra: Aplicação subsidiario do NCPC no Processo do Trabalho na fase de excução
Professor: Sérgio ricardo Tinoco
CASCAVEL/2017
Conforme exposto na última palestra do dia 01/06/2017, a discussão a cerca do novo Código de Processo Civil e suas mudanças refletidas no Processo do Trabalho, como por exemplo no principio do contraditório – O Juiz não poderá proferir nenhuma decisão com base em fundamentos que não tenha oportunizado a parte de se manifestar, ainda que se trate de matéria de Ordem Pública – acabando, assim, com a decisão surpresa.
Foi criado, também, um novo modelo de cooperação – das partes para o Tribunal - (boa-fé objetiva) e - do Tribunal para com as partes – (deveres) que a doutrina classifica em:
Esclarecimento: O Juiz deve esclarecer, ex: “você (parte) deseja tal prova?” Não poderá simplesmente indeferir a produção da prova, e a parte deverá justificar o porque do seu desejo de produção daquela determinada prova.
Prevenção: Os Juízes deverão prevenir as partes, um convite para as partes aperfeiçoarem suas alegações e manifestações no processo ex: “perguntar a parte realmente desistiu de ouvir a determinada testemunha e porque.”
Consulta: Nenhuma decisão poderá ser proferida sem que a parte se manifeste.
Auxílio: O Juiz não poderá deixar que obstáculos possam impedir que a parte alcance seus objetivos no processo.
Outra mudança é a Garantia de Decisão de Mérito:
Art. 4º NCPC - “As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
O Juiz deve empregar todos os esforços ao seu alcance para permitir a integral decisão de mérito.
Outro benefício a celeridade do Processo do Trabalho é que agora, Agravo de Instrumento poderá ser julgado mesmo que lhe faltem documentos. Os Juízes poderão, em suma, afastar qualquer pressuposto de admissibilidade que não resulte em grave erro, desde que não se trate de tempestividade.
Quanto ao Preparo – OJ 140 – Qualquer diferença ínfima, ainda que em centavos, no preparo importa em deserção – tal regulamentação deixou de valer no NCPC.
No que tange os recursos extemporâneos – São recursos interpostos antes de publicado o acórdão impugnado, houve em 2011 uma mudança, mas mesmo assim, o TST converteu a OJ em súmula – 434 do TST - mantendo o caráter extemporâneo.
O STF entende que essa modalidade de recurso não é extemporânea desde 2011, o que deve ser mantido como entendimento no NCPC.
Com relação aos prazos, o NCPC criou no art. 219 a contagem dos prazos em dias uteis, como mencionei em meu post anterior sobre o “As mudanças no Novo CPC”.
No Processo do Trabalho a CLT traz, no art. 775 que os prazos são contínuos e irreleváveis, não tem prazo parado por conta de sábados e domingos, por isso, essa mudança de prazos contados em dias úteis, não será estendido ao processo do trabalho, em virtude da celeridade do processo.
Já com foco nos prazos do MPT e Fazenda Pública – anteriormente tínhamos os prazos na justiça do trabalho para estes entes em dobro, para recorrer e quadruplo para contestar.
Ocorre que, esses prazos foram substituídos pelos constantes nos art. 180 e 183 do NCPC, se padronizando em - dobro para recorrer e dobro para contestar - no caso do Ministério Público do Trabalho.
Em se tratando da Fazenda Pública, há a necessidade de voltarmos nossas atenções ao Dec. Lei 779/69 – Normas Procedimentais Trabalhistas – essas normas são aplicadas a fazenda e dispõem:
Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica:
[...]
II - o quádruplo do prazo fixado
III - o prazo em dobro para recurso;
[...]
Nesse interim, cabem duas argumentações para a complementação do DEC LEI 779/69, no que tange as demais manifestações do processo referente a Fazenda Pública:
Privilégios interpretados restritivamente, apenas dobro para recorrer e quadruplo para contestar, não tendo os dispostos no novo CPC com relação aos demais atos processuais, ou seja os demais atos não seriam contados o prazo em dobro.
Interpretação de que o DEC LEI 779/69, será complementado pelo novo CPC, cabendo prazo em dobro para as demais manifestações no processo do trabalho.
Sobre o Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica, deve-se levar em conta duas teorias:
Teoria Maior – Art. 50 do C. C – baseada no caput do art. 28 do CDC – em caso de abuso de personalidade, é possível a desconsideração da personalidade jurídica, com base no desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
Teoria Menor – art. 28, § 5º CDC – se houver insuficiência de patrimônio da pessoa jurídica é possível a desconsideração da personalidade gerando penhora dos bens quantos bastem para a satisfação do pleito.
No caso do novo CPC, ocorre o requerimento da parte ou do MP nos casos previstos, por sua vez, o juiz recebe o requerimento mediante análise dos pressupostos de admissibilidade, suspende o feito, cita os sócios e então, profere a decisão interlocutória desconsiderando ou não a personalidade jurídica da PJ.
No Processo do Trabalho seria viável tal desconsideração se levasse em conta a Teoria Maior - com base no desvio de finalidade ou confusão patrimonial, não só a insuficiência de patrimônio e, ainda, mediante a manifestação das partes no processo, caracterizando o contraditório.
Também foi abordado as mudanças na execução trabalhista, reflexos do NCPC na execução trabalhista, que devem ser analisados sob o ângulo do constitucionalismo processual.
Logo após a entrada em vigor do NCPC, o TST editou a IN 39/16, com o intuito de dar segurança jurídica ao jurisdicionado e aos aplicadores do direito.
É obvio que a referida Instrução Normativa não conseguiu de forma plena exaurir todos os dispositivos do NCPC, fixando em linhas gerais os artigos não aplicáveis ao Processo do Trabalho e os aplicáveis diante da omissão e compatibilidade com as normas do Direito do Trabalho.
Quanto a execução trabalhista, a IN 39/16 estabeleceu a aplicação do artigo 805 e seu parágrafo único, que trata da obrigação do executado de indicar outros meios mais eficientes e menos onerosos para promover a execução. Assim, caberá ao executado ao alegar que o meio executivo é oneroso, indicar outro meio menos oneroso e mais eficiente para que se efetive a execução. Desta forma, afasta-se do procedimento de execução requerimentos irresponsáveis, alcançando a efetividade da execução, como também, a garantia constitucional da duração razoável do processo.
No que concerne ao instituto da Fraude à Execução, prevista no art. 792 do NCPC e aplicável ao Execução Trabalhista, permanece a condição de haver no registro do bem alienado a averbação da pendência de processo de execução ou de hipoteca judicial e constrição. Contudo, a inovação diz respeito aos bens que, em razão de suas características, não são sujeitos a registro, como o caso de bens semoventes. Assim, nesses casos, caberá ao terceiro adquirente comprovar que agiu de boa-fé, por meios objetivos, demostrando seu desconhecimento sobre a execução, invertendo-se o ônus, que antes cabia ao credor comprovar a má-fé do terceiro adquirente.
Inovou-se, também, a ordem preferencial de bens a serem penhorados, preservando em primeiro lugar no rol de bens, a penhora em dinheiro e acrescentou a essa relação, a penhora de bens semoventes e direitos aquisitivos derivados da promessa de compra e venda ou de alienação fiduciária. A ordem de bens a serem penhorados pode ser alterada pelo magistrado a depender do caso em questão. Fato é que a nova ordem de bens penhoráveis arrola primeiramente bens de maior liquidez a fim de garantir ao jurisdicionado celeridade no trâmite da execução, uma vez que esses bens
dispensam o procedimento burocrático dos atos de expropriação.
A IN 39/16 conferiu aplicabilidade do artigo 854 §1º e 2º, que regulamenta a penhora on-line chamada de BACENJUD, à Execução Trabalhista. O referido artigo dispõe que a indisponibilidade dos valores será concedida em 24 horas e sem o conhecimento do executado. Somente após a indisponibilidade, o executado será informado da penhora on-line para se manifestar. Com exceção do prazo do executado para se manifestar sobre a penhora, todos os outros prazos concernentes a penhora on-line (BACENJUD) ocorrerão em 24 horas, haja vista, as garantias constitucionais de celeridade e efetividade do processo judicial.
Há ainda outros dispositivos fixados pela Instrução Normativa que devem ser aplicados ao Processo do trabalho, em especial à execução trabalhista, a título de exemplo, estão o artigo 916, que trata do parcelamento do crédito exequendo, o artigo 918 que regulamenta a rejeição dos embargos à execução, dentre outros.
Contudo, é importante salientar o artigo 6º da IN 39/16, que estabelece a aplicação no Processo do Trabalho do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica regulamentado no novo CPC, precisamente nos artigos 133 a 137.
A desconsideração da personalidade jurídica, em suma, visa satisfazer o direito do terceiro lesado, nos casos de fraude, atos ilícitos e abusos cometidos pela pessoa jurídica, assim sendo, na ocorrência de tais situações, os sócios responderão com seus bens particulares pelo dano causado a terceiro.
O NCPC inovou ao regulamentar o procedimento do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, antes previstos no CDC e CC.
Agora, o NCPC dispõe, além de outras peculiaridades, que o pedido de desconsideração deve ser formulado por petição fundamentada nos requisitos legais e documento probatório e poderá ser formulado tanto na fase de conhecimento quanto na de execução. Em seguida, os sócios serão citados para manifestar e produzir provas, tendo em vista a garantia constitucional processual do contraditório.
Na Justiça do Trabalho, o incidente de desconsideração da pessoa jurídica é aplicado na maioria das vezes pelo simples fato de não localizar bens penhoráveis do executado, não oferecendo a este o direito de se defender, violando as garantias constitucionais referidas acima.
Com a regulamentação e aplicação do NCPC, a desconsideração de pessoa jurídica no Processo do Trabalho divide opiniões, uma vez que, para alguns, essa regulamentação fere o princípio da celeridade da Justiça do trabalho ao determinar o contraditório para os sócios e ao estabelecer um procedimento próprio para tal desconsideração. Para outros, essa regulamentação evitará injustiças, pois para se promover a desconsideração da pessoa jurídica deve-se observar os pressupostos e requisitos para instauração do incidente, o que antes não ocorria.
Desta feita, a IN 39/16 foi significativa ao traçar os pontos aplicáveis à Execução Trabalhista. Agora devemos aguardar o posicionamento dos nossos tribunais a fim de consolidar o entendimento sobre os novos dispositivos legais do CPC/15, para dar ao jurisdicionado uma execução efetiva, respaldada nas garantias constitucionais da duração razoável do processo, do direito de petição e do direito ao contraditório e da ampla defesa.

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