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CONSTITUCIONAL 166 174 2017

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2017 - 07 - 07 
Reta Final OAB - Edição 2017
3. DIREITO CONSTITUCIONAL
Erival Oliveira
Índice
DIREITO CONSTITUCIONAL 131
CONSTITUIÇÃO 131
PIRÂMIDE NORMATIVA ATUAL 131
PODER CONSTITUINTE 132
FENÔMENOS QUE SURGEM COM UMA NOVA CONSTITUIÇÃO 133
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 – CONSTITUIÇÃO CIDADÃ 134
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 135
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS 136
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 139
CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 141
AS ADINS, ADC E ADPF 143
INTERVENÇÃO FEDERAL 150
ESTADO DE DEFESA 153
ESTADO DE SÍTIO 153
BREVE ESTUDO DOS PODERES 155
TEMAS RECORRENTES 165
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 172
REGULAMENTAÇÃO: LEI 13.300, DE 23.06.2016 177
MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO (LEI 13.300/2016) 177
QUADRO COMPARATIVO DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 187
NACIONALIDADE 188
INSTITUTOS LIGADOS à NACIONALIDADE 190
DIREITOS POLÍTICOS 193
DA ORDEM SOCIAL 195
LEITURA RECOMENDADA 198
SÚMULAS VINCULANTES DO STF 198
DIREITO CONSTITUCIONAL
É o conhecimento sistematizado da organização jurídica fundamental do Estado (estudo das
Constituições dos Estados).
CONSTITUIÇÃO
• É a Lei Fundamental de um Estado, ou seja, é o conjunto de normas que organiza os elementos
constitutivos do Estado. O ordenamento jurídico de um país é formado pela união da Constituição e das
normas infraconstitucionais.
• No Brasil, o ordenamento jurídico é formado pela Constituição Federal de 1988 e pelo Dec. 6.949/2009
(Convenção Internacional sobre o Direito das Pessoas com Deficiência), e no plano infraconstitucional,
pelos demais tratados de direitos humanos (normas supralegais) pelas Constituições Estaduais dos 26
Estados-membros, pelas Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, bem como por todos os
demais tipos de normas.
• Brasil = Estados (26) + Distrito Federal + Municípios = união indissolúvel (vedada secessão).
PIRÂMIDE NORMATIVA ATUAL
• CF/1988, Emendas e Tratados Internacionais de Direitos Humanos cuja aprovação ocorra com
quorum especial: art. 5.º, § 3.º da CF (Dec. 6.949/2009).
• Normas Supralegais – Tratados Internacionais de Direitos Humanos sem quorum especial (RE
466.343-1).
• Lei Complementar.
• Lei Ordinária.
• Lei Delegada.
• Medida Provisória.
• Decretos Legislativos.
• Resoluções.
PODER CONSTITUINTE
• Poder constituinte originário, de 1.º grau, primário ou genuíno: é um poder de fato que institui a
Constituição de um Estado, com as seguintes características: inicial, absoluto, soberano, ilimitado,
independente, autônomo e incondicionado. Admite-se como limitação a “vedação do retrocesso” referente
aos direitos humanos (não diminuir direitos previstos em tratados de direitos humanos).
• Poder constituinte derivado de reforma, de emendabilidade, de 2.º grau, de revisão, secundário
de mudança ou reformador: é a possibilidade de alterar uma Constituição (cabe ao legislador ordinário
– Congresso Nacional).
Características: secundário, relativo, condicionado e limitado. Pode-se citar como exemplo o art. 60 da
CF/1988 (Emendas Constitucionais) e o art. 3.º do ADCT (Emendas Constitucionais de Revisão).
Art. 3.º do ADCT, da CF/1988: “a revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em
sessão unicameral”. Dessa forma, a revisão constitucional só poderia se iniciar após 5 de outubro de 1993,
fato que realmente ocorreu com a edição das seis emendas constitucionais de revisão, que não podem
mais ser utilizadas, por decisão do STF nas ADIs 815 e 981. Se a Constituição fosse imutável, não haverá o
poder constituinte reformador.
• Poder constituinte derivado decorrente ou secundário federativo: é o poder dos Estados-
membros da federação de se constituírem, ou seja, de elaborarem suas próprias Constituições,
respeitando os princípios constitucionais da CF/1988.
Fundamento legal: art. 25 (Estados). Note-se que é possível ampliar esse poder para englobar os
Municípios (art. 29) e o Distrito Federal (art. 32), destacando que estes são regidos por Lei Orgânica.
Poder
Constituinte
ORIGINÁRIO (1.º grau, genuíno, primário)
• Poder para fazer a 1.ª ou nova Constituição para um Estado.
• Características: inicial, soberano, absoluto, ilimitado, autônomo, independente e
incondicionado. Salvo em relação aos direitos humanos (vedação do retrocesso).
DERIVADO REFORMADOR (2.º grau, de revisão, de emendabilidade, secundário de
mudança, derivado de reforma etc.)
• Autorização para mudança da Constituição e depende do originário.
• Características: secundário, relativo, condicionado e limitado.
• Art. 3.º do ADCT – emendas constitucionais de revisão. Após 5 anos da promulgação.
Maioria absoluta (total de membros). Congresso nacional. Única votação (sessão
unicameral).
• Foram feitas 6 ECR – as emendas de revisão não podem mais ser usadas por decisão do
STF (ADIs 815/981).
• Art. 60 da CF/1988 – Emenda Constitucional.
DERIVADO DECORRENTE (decorrente, secundário federativo)
• Depende de previsão do Poder Constituinte Originário.
• É o poder que autoriza os entes federativos a elaborarem suas normas fundamentais.
FENÔMENOS QUE SURGEM COM UMA NOVA CONSTITUIÇÃO
• Regra: A nova Constituição revoga a Constituição anterior e a legislação infraconstitucional
materialmente incompatível.
• Fenômenos:
a) Recepção: Toda legislação infraconstitucional anterior compatível com a nova Constituição
continua em pleno vigor. Necessário, tal fenômeno, para evitar que a cada Constituição, se elaborasse
novo conjunto normativo. São exemplos: O Código de Processo Penal (Dec.-lei 3.689/1941), o Código Penal
(Dec.-lei 2.848/1940) entre outros.
b) Repristinação: A nova Constituição revalida ou revigora a legislação infraconstitucional revogada
pela Constituição que a antecedeu. Essa restauração de eficácia, conhecida por repristinação, não deve ser
admitida em nosso ordenamento jurídico em virtude dos princípios da segurança e da estabilidade das
relações sociais. Não obstante, destaque-se no plano infraconstitucional, o § 3.º do art. 2.º do Dec.-lei
4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), bem como o efeito repristinatório de
decisões do STF em sede de ADI Genérica.
c) Desconstitucionalização: A nova Constituição recebe a anterior como legislação infraconstitucional
(lei ordinária). Esta tese não vigora entre nós, pois não há justificativa e lógica para que as leis
constitucionais sejam “rebaixadas” a legislação ordinária.
d)Prorrogação: é a continuação de atos ou situações jurídicas anteriores até a efetiva regulamentação
dos temas de acordo com a Constituição Federal de 1988. Por exemplo, arts. 27, § 1.º (o STF teve
prorrogada a sua competência, até a criação do STJ), 29, § 3.º, 34 e 70 do ADCT.
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 – CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
• Forma: Escrita (Constituição codificada e sistematizada num texto único, elaborado por um órgão
constituinte).
• Elaboração: Dogmática (escrita e elaborada por um órgão constituinte, sistematizando os dogmas ou
as ideias fundamentais da teoria política e do Direito dominante naquele momento).
• Origem: Popular ou Democrática (Constituição originária de um órgão constituinte composto por
representantes do povo, eleitos para o fim de elaborá-la e estabelecê-la).
• Estabilidade, alteralidade, consistência ou mutabilidade: Rígida (Constituição somente alterável
por meio de processos, solenidades e exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os de
formação das leis ordinárias e complementares: 3/5 em dois turnos, nas duas Casas do Congresso Nacional
– § 2.º do art. 60 da CF/1988).
Observação: a única Constituição brasileira semirrígida foi a de 1824 – Constituição da Mandioca
(Império). Para alguns autores a atualConstituição é super-rígida, pois contém as cláusulas pétreas.
• Extensão: Analítica = Prolixa: Constituição que contém um número elevado de artigos, tratando dos
mais diversos assuntos. Possui normas constitucionais materiais (separação dos poderes, direitos e
garantias fundamentais etc.) e formais (do meio ambiente, dos índios, da família etc.).
• Religião: Laica, leiga ou não confessional (não pode ser adotada uma religião oficial – art. 19, I, da
CF/1988).
Pode-se inferir que a Constituição Federal vigente é escrita, dogmática, popular, rígida, analítica e
laica. Além disso, pode ser considerada democrática, pluralista, promulgada, eclética, entre outras
classificações doutrinárias.
Pode-se inferir que a Constituição Federal vigente é escrita, dogmática, popular, rígida, analítica e
laica. Além disso, pode ser considerada democrática, pluralista, promulgada, eclética, entre outras
classificações doutrinárias.
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia jurídica (abstrata), porém nem todas possuem
efetividade (concreta), e, segundo a doutrina majoritária, podem ser classificadas em:
• Normas constitucionais de eficácia plena: São aquelas de aplicabilidade imediata, direta, integral,
independentemente de legislação infraconstitucional para sua inteira operatividade. Por exemplo, arts.
1.º ; 2.º ; 14, § 2.º; 17, § 4.º; 37, III; 44, parágrafo único; 69; entre outros da CF/1988.
• Normas constitucionais de eficácia contida: São aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral,
plena, mas podem ter reduzido o seu alcance pela atividade do legislador ordinário, em virtude de
autorização constitucional. São também chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível. Por
exemplo, arts. 5.º, VIII, XIII, XV, XXVII, XXXIII, LVIII, LX, LXII, LXVII; 9.º c/c § 1.º; 170, parágrafo único; 184;
entre outros da CF/1988. Destaque-se que a limitação das normas constitucionais pode ser realizada não
apenas por normas infraconstitucionais, mas, também, por normas constitucionais. É o caso, por exemplo,
da decretação de estado de defesa e do estado de sítio, em que há a possibilidade de restrição de direitos
constitucionais. São exemplos os arts. 136, § 1.º e 139 da CF/1988.
• Normas constitucionais de eficácia limitada: São aquelas que dependem da emissão de uma
normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrando-lhes a eficácia, mediante lei, lhes dê
capacidade de execução em termos de regulamentação dos interesses visados. Por exemplo, incisos IV,
XXIII, XXVII do art. 7.º; incisos I e VII do art. 37, inciso VII do art. 153 da CF/1988 entre outros. Neste tópico
pode, ainda, existir uma subdivisão classificatória:
a) Normas de princípio institutivo: São aquelas que dependem da lei para dar corpo às instituições,
pessoas e órgãos previstos na Constituição. São exemplos da CF/1988 os arts. 18, § 3.º, 25, § 3.º e 224 entre
outros.
b) Normas de princípio programático: são aquelas que estabelecem programas a serem
desenvolvidos mediante legislação integrativa da vontade constituinte. São exemplos da CF/1988 os arts.
196, 205, 214, 215 entre outros.
As normas constitucionais de eficácia limitada contêm eficácia jurídica indireta, independentemente
de regulamentação, pois revogam a legislação anterior contrária aos ditames da nova Constituição, bem
como impossibilitam a elaboração de leis e atos normativos contrários à Lei Fundamental. Além disso,
autorizam a busca da regulamentação por intermédio do Poder Judiciário (mandado de injunção ou ADI
supridora da omissão ou por omissão – ADO).
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS
Os poderes da União são enumerados nos arts. 21 (competência legislativa e administrativa exclusiva,
que não admite delegação, por exemplo, conceder anistia, emitir moeda, entre outras) e 22 (competência
legislativa privativa, que admite delegação, por exemplo, desapropriação, trânsito e transporte por lei
complementar); os Estados ficam com os poderes remanescentes (art. 25, § 1.º); e os Municípios ficam com
os poderes indicados genericamente no art. 30 e incisos da CF/1988 (interesse local, por exemplo, legislar
sobre o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais).
Alguns poderes, por exemplo, de competência legislativa privativa podem ser delegados, como o poder
da União para legislar a respeito de certas matérias. Neste caso, o art. 22, parágrafo único, da CF/1988
autoriza a delegação da atribuição legislativa aos Estados, mediante lei complementar (competência
legislativa privativa). Cuidado com o inciso I do art. 22 da CF/1988, pois tem grande incidência (direito
civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho).
Em determinadas áreas, permite-se a atuação concorrente entre União, Estado e Distrito Federal – art.
24 da CF/1988 (competência legislativa concorrente, por exemplo, direito tributário, financeiro,
penitenciário, econômico e urbanístico) –, que é a questão mais perguntada em concursos, em especial
seus parágrafos: “§ 1.º: No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais. § 2.º: A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados. § 3.º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4.º: A superveniência de
lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”.
“Competência privativa da União para legislar sobre serviço postal. É pacífico o entendimento deste
Supremo Tribunal quanto à inconstitucionalidade de normas estaduais que tenham como objeto matérias
de competência legislativa privativa da União. Precedentes: ADIn 2.815/SC, Sepúlveda Pertence
(propaganda comercial), MC na ADIn 2.796/DF, Gilmar Mendes (trânsito), ADIn 1.918/ES, Maurício Corrêa
(propriedade e intervenção no domínio econômico), ADIn 1.704/MT, Carlos Velloso (trânsito), ADIn 953/DF,
Ellen Gracie (relações de trabalho), ADIn 2.336/SC, Nelson Jobim (direito processual), ADIn 2.064/MS,
Maurício Corrêa (trânsito) e ADIn 329/SC, Ellen Gracie (atividades nucleares).
O serviço postal está no rol das matérias cuja normatização é de competência privativa da União (art.
22, V, da CF/1988). É a União, ainda, por força do art. 21, X, da CF/1988, o Ente da Federação responsável
pela manutenção desta modalidade de serviço público” (STF, ADIn 3.080/SC, Pleno, j. 02.08.2004, rel. Min.
Ellen Gracie, DJU 27.08.2004).
“Invade a competência da União, norma estadual que disciplina matéria referente ao valor que deva
ser dado a uma causa, tema especificamente inserido no campo do direito processual” (STF, ADIn
2.655/MT, Plenário, j. 09.10.2003, rel. Min. Ellen Gracie, DJU 26.03.2004).
“Estacionamento de veículos em áreas particulares. Lei estadual que limita o valor das quantias
cobradas pelo seu uso. Direito Civil. Invasão de competência privativa da União. Hipótese de
inconstitucionalidade formal por invasão de competência privativa da União para legislar sobre Direito
Civil (art. 22, I, da CF/1988). Enquanto a União regula o direito de propriedade e estabelece as regras
substantivas de intervenção no domínio econômico, os outros níveis de governo apenas exercem o
policiamento administrativo do uso da propriedade e da atividade econômica dos particulares, tendo em
vista, sempre, as normas substantivas editadas pela União” (STF, ADIn 1.918/ES, Plenário, j. 23.08.2001,
rel. Min. Maurício Corrêa, DJU 01.08.2003). No mesmo sentido: STF, ADIn 2.448/DF, Plenário, j. 23.04.2003,
rel. Min. Sydney Sanches, DJU 13.06.2003).
“A exigência de depósito recursal prévio aos recursos do Juizado Especial Cível, criada pelo art. 7.º da
Lei estadual (AL) 6.816/2007, constitui requisito de admissibilidade do recurso, tema próprio de DireitoProcessual Civil e não de ‘procedimentos em matéria processual’ (art. 24, XI, da CF/1988). Medida cautelar
deferida para suspender a eficácia do art. 7.º, caput, e respectivos parágrafos, da Lei 6.816/2007, do Estado
de Alagoas” (STF, MC na ADIn 4.161/AL, Plenário, j. 29.10.2008, rel. Min. Menezes Direito, DJe 17.04.2009).
“São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento” (Súmula 722 do STF).
Súmula Vinculante 38: “É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.”
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Tem por fundamentos: o princípio da supremacia da Constituição: Todos os atos jurídicos devem estar
de acordo com a Constituição e a rigidez constitucional.
O controle de constitucionalidade é a verificação da compatibilidade vertical que necessariamente
deve haver entre a Constituição e as normas infraconstitucionais a ela subordinadas.
• Inconstitucionalidade por ação: É a produção de atos legislativos ou administrativos que não
estejam de acordo com as normas ou princípios da Constituição.
a) Inconstitucionalidade formal: É inobservância ao procedimento previsto na Constituição para a
elaboração de um ato jurídico (iniciativa, competência, espécie normativa etc.). Ex.: se é exigida a
assinatura de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal para a propositura de
uma proposta de emenda constitucional (art. 60, I, da CF/1988), qualquer número inferior ao estabelecido
caracteriza uma inconstitucionalidade formal. O mesmo acontece se há violação do sistema de votação
(número menor que o estabelecido) ou a adoção de espécie normativa diferente do estabelecido pela
Constituição. Ex. se a Constituição determina mediante lei complementar, só pode ser usada lei
complementar (campo material próprio ou especificidade de matéria de lei complementar, por exemplo,
art. 163 da CF/1988).
b) Inconstitucionalidade material: é a adoção de atos jurídicos que violem as cláusulas pétreas (art.
60, § 4.º, da CF/1988). Ex.: uma emenda constitucional que estabeleça a pena de prisão perpétua estaria
violando o inciso IV do § 4.º do art. 60, ou seja, estaria violando uma garantia fundamental prevista no art.
5.º, XLVII, b.
Nesse caso, pode haver nulidade total ou parcial a depender do caso, por exemplo, se há uma lei com
cinco artigos e apenas um deles contraria um direito da Constituição, haverá nulidade parcial, mas se
todos contrariarem a Norma Fundamental, haverá nulidade total.
• Inconstitucionalidade por omissão: Há uma norma constitucional de eficácia limitada que não foi
regulamentada, ou seja, existe um direito assegurado na Constituição, porém não é possível exercê-lo em
virtude da ausência de regulamentação. Ex.: os arts. 7.º, XXVII, 37, VII, ambos da CF/1988.
Para buscar a regulamentação pode ser utilizado:
Mandado de Injunção Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão
Controle difuso Controle concentrado
Autor: qualquer pessoa Autor: autoridades do art. 103 da CF/1988
Foro: STF (art. 102, I, q, da CF/1988) e STJ (art. 105,
I, h, da CF/1988) Foro: STF (art. 102, I, a, da CF/1988)
Efeitos: concretos (resolve o caso do cliente, por
exemplo, conseguir se aposentar)
Efeitos: CF/1988: art. 103, § 2.º, da CF/1988) e
Legislação vigente: art. 12-H da Lei 9.868/1999
Obs.: STF não admite liminar Obs.: admite cautelar (art. 12-F da Lei 9.868/1999)
Decisões sobre os temas:
“Por ofensa ao art. 61, § 1.º, II, a e c, da CF/1988 – que atribuem ao chefe do Poder Executivo a iniciativa
de leis que disponham sobre a remuneração e o regime jurídico de servidores públicos –, o Tribunal, por
maioria, julgou procedente o pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado da
Paraíba, para declarar a inconstitucionalidade formal do art. 39 da Constituição, do mesmo Estado, que
assegurava a servidores públicos, em cada nível de vencimento, como garantia do princípio da hierarquia
salarial, ‘um acréscimo nunca inferior a cinco por cento do nível imediatamente antecedente, e a fixação,
entre cada classe, referência ou padrão, de diferença não inferior a cinco por cento’. Vencidos os
Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, que julgavam improcedente a ação relativamente ao alegado
vício formal. Precedente citado: ADIn 1.977/PB (DJU 02.05.2003)” (STF, ADIn 2.863/PB, j. 11.09.2003, rel.
Min. Nelson Jobim).
“A alteração substancial do texto constitucional em razão de emenda superveniente prejudica a análise
da ação direta de inconstitucionalidade. O controle concentrado de constitucionalidade é feito com base
no texto constitucional em vigor. A modificação do texto constitucional paradigma inviabiliza o
prosseguimento da ação direta. Precedentes. Ação direta de inconstitucionalidade julgada prejudicada”
(STF, Pleno, ADIn 2.159/DF, Pleno, j. 12.08.2004, rel. p/ o acórdão Min. Eros Grau, DJe 07.12.2007). No
mesmo sentido: STF, Pleno, ADIn 2.813/RS, Pleno, j. 01.08.2011, rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 26.08.2011;
STF, Pleno, ADIn 307/CE, Pleno, j. 13.02.2008, rel. Min. Eros Grau, DJe 01.07.2009. Vide: STF, ADIn 2.158/PR
e ADIn 2.189/PR, Pleno, j. 15.09.2010, rel. Min. Dias Toffoli, DJe 16.12.2010.
“O STF já assentou o entendimento de que é admissível a ação direta de inconstitucionalidade de
emenda constitucional quando se alega, na inicial, que esta contraria princípios imutáveis ou as
chamadas cláusulas pétreas da Constituição originária (art. 60, § 4.º, da CF/1988). Precedente: ADIn 939/DF
(RTJ 151/755)” (STF, MC na ADIn 1.946/DF, Pleno, j. 29.04.1999, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 14.09.2001).
CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
• Quanto ao momento em que é exercido:
a) Preventivo, a priori ou priorístico: Opera antes que o ato – particularmente a lei – se aperfeiçoe,
ou seja, o controle é feito sobre o projeto de lei ou PEC. No Brasil, o controle preventivo é exercido pelo
Poder Legislativo – Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) – e pelo Poder Executivo por meio do veto
presidencial por inconstitucionalidade – veto jurídico (art. 66, § 1.º, da CF/1988). Nada impede que o Poder
Judiciário o exerça excepcionalmente, desde que seja acionado (princípio da inércia) e exista
inconstitucionalidade formal. Por exemplo, a impetração de mandado de segurança por deputado federal
ou senador no STF se um projeto de lei federal violar o processo legislativo (projeto de lei complementar
aprovado em uma casa por maioria simples e que se encontra tramitando na outra casa legislativa).
b) Repressivo, a posteriori, posterior ou sucessivo: Controle exercido sobre a lei ou ato normativo,
em regra, já existente no ordenamento jurídico. A exceção ocorre com as normas constitucionais de
eficácia limitada ainda não regulamentadas (casos de mandado de injunção ou de Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão).
No Brasil, o controle repressivo é confiado ao Poder Judiciário, que o exerce por meio do controle
difuso e do controle concentrado. Excepcionalmente, a CF/1988 admite que o Poder Legislativo retire a
efetividade de certas normas infraconstitucionais. São os seguintes casos: (1) Medidas provisórias
rejeitadas pelo Congresso Nacional por não atenderem aos requisitos de relevância e urgência ou outra
inconstitucionalidade (art. 62, § 5.º); (2) Decreto legislativo do Congresso Nacional visando sustar atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação
legislativa (arts. 49, V c/c art. 84, IV e 68); (3) Resolução do Senado Federal que suspende a execução, no
todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF (art. 52, X, da CF/1988).
• Quanto ao número de órgãos encarregados do controle:
a) Concentrado, reservado, objetivo, fechado, abstrato ou austríaco: um único órgão desempenha
esta função. Exemplo: STF;
b) Difuso, aberto,indireto, subjetivo, ou norte-americano: todos os magistrados, ao julgarem seus
processos, podem exercer o controle de constitucionalidade dentro da sua competência jurisdicional.
• Quanto aos efeitos da decisão:
a) Inter partes: Os efeitos atingem apenas as partes litigantes. É o efeito existente, em regra, no caso
concreto. Tais efeitos podem ser ampliados para erga omnes por Resolução do Senado Federal, nos termos
do art. 52, X, da CF/1988;
b) Erga omnes: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade, produzirão eficácia contra todos e
terão efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (art. 102, § 2.º, da CF/1988). Tais efeitos também
se aplicam nas Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental. É o efeito existente no controle
concentrado. Em se tratando de decisão de Tribunal, esta deve ser tomada necessariamente pela maioria
absoluta do Plenário ou do órgão especial (Cláusula de Reserva de Plenário: art. 97 c/c art. 93, IX, da
CF/1988).
AS ADINS, ADC E ADPF
• Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica (ADIn/ADI Genérica):
a) Objetivo: Banir, do ordenamento jurídico, a lei ou o ato normativo estadual ou federal em tese
atingidos pelo vício da inconstitucionalidade (art. 102, I, a, da CF/1988). Admite-se, também, contra
Emenda Constitucional, Medida Provisória ou Lei Distrital que tenha conteúdo estadual. O STF tem
admitido o controle concentrado sobre o decreto autônomo (art. 84, VI e XII) ou dos decretos que tenham
extravasado o poder regulamentar do Poder Executivo, invadindo matéria reservada à lei.
b) Legitimidade ativa: art. 103 da CF/1988 e art. 2.º da Lei 9.868/1999.
c) Foro: STF (art. 102, I, a, da CF/1988).
d) Quorum de Instalação: Oito Ministros (2/3) do STF e art. 22 da Lei 9.868/1999.
e) Quorum de Aprovação: Seis Ministros (maioria absoluta, ou seja, o primeiro número inteiro depois
da metade do total de membros – art. 97 da CF/1988 e art. 23 da Lei 9.868/1999).
f) Efeitos: Declarada inconstitucional, a lei torna-se inaplicável, fazendo a decisão coisa julgada, com
efeitos erga omnes e vinculante, de acordo com o art. 102, § 2.º, da CF/1988 (relativamente aos demais
órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal) e art. 28, parágrafo único, da Lei 9.868/1999. Em regra, tem efeito ex tunc, podendo ser dado
efeito ex nunc se houver manifestação de 2/3 dos Ministros (Modulação de Efeitos ou Modulação Temporal
– art. 27 da Lei 9.868/99). A cautelar tem efeito ex nunc, podendo ser concedido o efeito ex tunc
(Modulação de Efeitos ou Modulação Temporal – art. 11, § 1.º, da Lei 9.868/1999).
• Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADIn/ADI Interventiva):
a) Objetivo: Restabelecer o respeito dos princípios constitucionais sensíveis ou expressos previstos no
inciso VII do art. 34 da CF/1988 (forma republicana, sistema representativo e regime democrático, direitos
da pessoa humana, autonomia municipal, prestação de contas da Administração Pública, direta e indireta,
aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde).
b) Legitimidade ativa: Procurador-Geral da República (arts. 36, III, e 129, IV, da CF/1988).
c) Foro: STF (arts. 36, III, e 102, I, a, da CF/1988).
d) Quorum de instalação: Oito Ministros (2/3) – art. 9.º da Lei 12.562/2011.
e) Quorum de aprovação: Seis Ministros (maioria absoluta – art. 97 da CF/1988 e art. 10 da Lei
12.562/2011).
f) Efeitos: Restaurar a supremacia constitucional, com efeitos erga omnes e vinculante. Além disso,
tem efeito ex nunc para a edição do decreto.
Cumpre destacar que é possível a ADIn Interventiva Estadual com as devidas adaptações (art. 35, IV, da
CF/1988). Assim, vejamos:
• Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva Estadual (ADIn/ADI interventiva Estadual):
a) Objetivo: Restabelecer o respeito dos princípios constitucionais estaduais sensíveis ou expressos
desrespeitados por lei municipal (inciso IV do art. 35 da CF/1988).
b) Legitimidade: Procurador-Geral de Justiça – Chefe do Ministério Público Estadual (art. 129, IV, da
CF/1988).
c) Foro: TJ (art. 35, IV, da CF/1988).
d) Quorum de instalação: 2/3 dos Desembargadores do Tribunal de Justiça ou do órgão especial deste.
e) Quorum de aprovação: Maioria absoluta do Tribunal de Justiça ou do órgão especial (art. 97 da
CF/1988).
Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial,
com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das
vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno (art. 93, XI, da CF/1988).
f) Efeitos: Restaurar a supremacia constitucional, com efeitos erga omnes e vinculante. Além disso,
tem efeito ex nunc. Em ambos os casos, seja federal ou estadual, a decisão do Poder Judiciário será
comunicada ao chefe do Poder Executivo respectivo, que, por meio de decreto, suspenderá a execução do
ato impugnado; caso tal ato não seja suficiente para restabelecer a constitucionalidade, poderá o chefe do
Poder Executivo decretar a intervenção, nomeando interventor e usando dos demais atos constritivos
necessários.
• Ação Direta de Inconstitucionalidade Supridora da Omissão ou por Omissão (ADIn/ADI-SO,
ADIn/ADI-PO ou ADO):
a) Objetivo: Pleitear a regulamentação de uma norma constitucional de eficácia limitada ainda não
regulamentada.
b) Legitimidade ativa: art. 103 da CF/1988 e art. 12-A da Lei 9.868/1999.
c) Foro: STF (art. 102, I, a, da CF/1988).
d) Quorum de instalação: Oito Ministros (2/3) – art. 22 da Lei 9.868/1999.
e) Quorum de aprovação: Seis Ministros (art. 97 da CF/1988 e art. 23 da Lei 9.868/1999).
f) Efeitos: o STF deverá dar ciência ao poder competente para que sejam tomadas as medidas
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 dias (art. 103, § 2.º, da CF/1988).
Nesse último caso poderá haver a possibilidade de ampliação do limite temporal para um prazo razoável
a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o
interesse público envolvido (art. 12-H da Lei 9.868/1999).
O art. 12-F da Lei 9.868/1999 prevê a possibilidade de medida cautelar na ADI PO: “Em caso de
excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, observado o disposto no art. 22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos
ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5
(cinco) dias. § 1.º A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato
normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de
procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. § 2.º O relator,
julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da República, no prazo de 3 (três) dias. § 3.º No
julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos representantes judiciais do
requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão inconstitucional, na forma
estabelecida no Regimento do Tribunal”.
• Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADECON/ADECO/ADC):
a) Objetivo: Definir a constitucionalidade da lei ou do ato normativo federal (art. 102, I, a, da CF/1988),
impugnada em processos concretos, tendo recebido, nas instâncias inferiores, a maioria de decisões
desfavoráveis– inconstitucionais (fruto de relevante controvérsia judicial). A prova da controvérsia deve
acompanhar a petição inicial.
b) Legitimidade ativa: art. 103 da CF/1988.
c) Foro: STF (art. 102, I, a, da CF/1988).
d) Quorum de instalação: Oito Ministros (2/3 – art. 22 da Lei 9.868/1999).
e) Quorum de aprovação: Seis Ministros (maioria absoluta – art. 97 da CF/1988 e art. 23 da Lei
9.868/1999).
f) Efeitos: Erga omnes, vinculante, de acordo com o art. 102, § 2.º, da CF/1988, e ex tunc. Cumpre
destacar que a decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato
normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos
declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória (art. 26 da Lei 9.868/1999).
Não cabe desistência ou intervenção de terceiros (arts. 16 e 18 da Lei 9.868/1999).
• Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF):
a) Regulamentação: A Lei 9.882/1999 regulamentou a ADPF prevista no art. 102, § 1.º, da CF/1988.
b) Objetivo: Evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público (art.
1.º, caput, da Lei 9.882/1999). Caberá também quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição (art. 1.º, parágrafo único, da Lei 9.882/1999).
c) Legitimidade ativa: As mesmas pessoas legitimadas para propor a ADIn/ADI: art.103 da CF/1988 e
art. 2.º da Lei 9.882/1999.
d) Foro: STF (art. 102, § 1.º, da CF/1988 e art. 1.º da Lei 9.882/1999).
e) Quorum de instalação: Oito Ministros (2/3 – art. 8.º da Lei 9.882/1999).
f) Quorum de aprovação: Seis Ministros do STF (art. 97 da CF/1988 e art. 5.º da Lei 9.882/1999,
inclusive liminar).
g) Efeitos: fixa as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito fundamental (art. 10,
caput, da Lei 9.882/1999), “a decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos
demais órgãos do Poder Público.” (art. 10, § 3.º, da Lei 9.882/1999). Além disso, em regra, tem efeito ex
tunc, podendo ser dado efeito ex nunc se houver manifestação de 2/3 dos Ministros (Modulação de Efeitos
ou Modulação Temporal – art. 11 da Lei 9.882/1999). A liminar poderá determinar a suspensão de
processos e decisões judiciais, respeitada a coisa julgada (art. 5.º, § 3.º, da Lei 9.882/1999). Por fim, a
decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em ADPF é irrecorrível, não podendo ser objeto
de ação rescisória (art. 12 da Lei 9.882/1999).
AÇÕES DE CONTROLE CONCENTRADO
ESPÉCIE OBJETO LEG.ATIVA FORO EFEITOS
ADI GENÉRICA
Lei ou ato
normativo
Art. 103,
CF/1988
STF Erga omnes evinculante
Federal ou
estadual
Quorum de
Instalação: 2/3 do
STF (8 ministros)
Ex Tunc (em regra)
Inconstitucional
(Art. 102, I, a,
CF/1988)
Quorum de
Aprovação:
maioria absoluta
do STF (6
ministros)
ADI
SUPRIDORA DA
OMISSÃO/POR
OMISSÃO
Norma
Constitucional de
eficácia limitada
Não
regulamentada
Art. 103,
CF/1988
STF
Quorum de
Instalação: 2/3 do
STF (8 ministros)
Ciência ao Poder
competente
(Legislativo)
Órgão
Administrativo
(Executivo): prazo de
30 dias ou em prazo
razoável a ser
estipulado
excepcionalmente
pelo Tribunal –
circunstâncias do caso
e interesse público
Quorum de
Aprovação:
maioria absoluta
do STF (6
ministros)
AÇÕES DE CONTROLE CONCENTRADO
ESPÉCIE OBJETO LEG.ATIVA FORO EFEITOS
ADI
INTERVENTIVA
FEDERAL
União irá
intervir nos
Estados/Distrito
Federal
Por violação aos
princípios
constitucionais
sensíveis (art. 34,
VII).
PGR
STF
Decreto do
Presidente
Intervenção no
ente federado
Em regra ex nunc
Quorum de
Instalação: 2/3 do
STF (8 ministros)
Quorum de
Aprovação:
maioria absoluta
do STF (6
ministros)
ADECON
Lei ou ato
normativo federal
STF Erga omnes,vinculante, ex tunc
ADECO
Quorum de
Instalação: 2/3 do
que está sendo
julgado
inconstitucional em
processos judiciais
Art. 103,
CF/1988
STF (8 ministros)
ADC
Quorum de
Aprovação:
maioria absoluta
do STF (6
ministros)
ADPF
Lesão de
preceito
fundamental por
órgão público (lei
ou ato normativo
federal, estadual ou
municipal, inclusive
anterior à CF)
Art. 103,
CF/1988
STF Erga omnes,vinculante, ex tunc
Quorum de
Instalação: 2/3 do
STF (8 ministros)
Quorum de
Aprovação:
maioria absoluta
do STF (6
ministros)
“Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”
Súmula Vinculante 10: “Viola a cláusula de reserva de plenário (art. 97 da CF/1988) a decisão de órgão
fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”.
• Atribuição do Advogado-Geral da União, do Procurador-Geral da República e do amicus curiae
no controle concentrado de constitucionalidade.
O Advogado-Geral da União tem por atribuição defender a lei ou ato normativo federal ou estadual
impugnado na ação direta de inconstitucionalidade, sustentando a presunção de constitucionalidade das
normas infraconstitucionais elaboradas pelo poder público (art. 103, § 3.º, da CF/1988 e art. 8.º, da Lei
9.868/1999). Poderá o AGU ser ouvido em caso de ADPF (art. 5.º, § 2.º, da Lei 9.882/1999) e no caso de ADI
PO (art. 12-E, § 2.º, da Lei 9.868/1999).
Segundo decisões do Supremo Tribunal Federal é desnecessária a oitiva do AGU no processo da ação
declaratória constitucionalidade, em ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADIn 480-8), bem
como não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela o Supremo Tribunal Federal já fixou
entendimento pela sua inconstitucionalidade (ADIn 1.616-4/PE).
O PGR é ouvido previamente nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de
competência do STF (art. 103, § 1.º, da CF/1988).
O amicus curiae corresponde à possibilidade da participação de órgãos e entidades estranhos à causa,
por despacho do Ministro relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes (art. 7.º, § 2.º, da Lei 9.868/1999), em que pese a não admissão da intervenção de terceiros no
processo de ação direta de inconstitucionalidade (art. 7.º, caput, da Lei 9.868/1999). Há quem entenda que
o amicus curiae estaria fundamentado nos arts. 9.º, § 1.º e 20, § 1.º, da Lei 9.868/1999 e no art. 6.º, § 1.º, da
Lei 9.882/1999. Nada impede que no controle concreto (difuso) de constitucionalidade também exista a
figura do amicus curiae.
INTERVENÇÃO FEDERAL
É medida excepcional e só deve ocorrer nos casos previstos expressamente na Constituição (arts. 34 a
36 da CF/1988).
Materializa-se por decreto do Presidente da República (art. 84, X, da CF/1988), e, ao ser publicado,
tornar-se-á imediatamente eficaz, legitimando os demais atos atinentes à intervenção, submetendo essa
decisão à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas (art. 36, § 1.º, da CF/1988). Nos casos de
intervenções de ofício ou de solicitação do Legislativo ou Executivo coagidos, previstos no art. 34, I, II, III,
IV e V, o Presidente ouvirá os Conselhos de República (art. 90, I, da CF/1988) e de Defesa Nacional (art. 91, §
1.º, II, da CF/1988) que opinarão a respeito. Após, poderá discricionariamente decretar a intervenção no
Estado-membro. Nas hipóteses do art. 34, VI e VII (requisição judicial), o controle político será dispensado
(art. 36, § 3.º, da CF/1988). Bem como no caso do art. 34, IV, por requisição do STF acionado pelo Poder
Judiciário Estadual (TJ) coagido (art. 36, I, da CF/1988).
Intervenção federal comum ou possível Intervenção federal anômala ou incomum
Art. 34 da CF/1988 – Da União nos Estados-membros
e no DistritoFederal
Art. 35 da CF/1988 – 2.ª parte – Da União nos
municípios localizados em território federal
Intervenção federal comum ou possível
a) De ofício: art. 34, I, II, III e V.
b) Por solicitação dos poderes: art. 34, IV.
c) Por requisição judicial: art. 34, VI e VII.
Sobre o tema intervenção o STF já se manifestou no seguinte sentido:
ESTADO DE DEFESA
Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária por certo tempo, em locais restritos e
determinados, mediante decreto do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional para preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza
(art. 136 da CF/1988).
Há controle político feito pelo Congresso Nacional por maioria absoluta (confirmando o decreto,
controle concomitante – cinco membros da mesa do Congresso Nacional acompanham o andamento do
Estado de Defesa – e sucessivo – o Presidente da República em mensagem relata ao Congresso Nacional o
que ocorreu durante o Estado de Defesa).
Estado de Defesa Fundamento Constitucional: arts. 136, 140 e 141 da CF/1988
Motivo: Preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz
social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
Prazo: Não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as
razões que justificaram a sua decretação.
Direitos que podem ser limitados:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica.
ESTADO DE SÍTIO
É a instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado tempo e em certa área, com o fim
de preservar ou restaurar a normalidade constitucional. No procedimento, devem ser ouvidos os
Conselhos da República e o de Defesa Nacional e há necessidade de autorização pelo voto da maioria
absoluta do Congresso Nacional para sua decretação (controle político prévio), em atendimento à
solicitação fundamentada do Presidente da República (art. 137 da CF/1988).
Há também o controle político feito pelo Congresso Nacional concomitante – cinco membros da mesa
do Congresso Nacional acompanham o andamento do Estado de Sítio – e o sucessivo – o Presidente da
República em mensagem relata ao Congresso Nacional o que ocorreu durante o Estado de Sítio).
Estado de sítio
Fundamento: arts. 137 a 141 da CF/1988
Art. 137, I Art. 137, II
Motivo: comoção grave de repercussão nacional ou
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa.
Motivo: declaração de estado de guerra ou resposta
a agressão armada estrangeira.
Prazo: não poderá ser decretado por mais de trinta
dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior.
Prazo: poderá ser decretado por todo o tempo que
perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
Limites: art. 139 da CF/1988: “I – obrigação de
permanência em localidade determinada; II – detenção
em edifício não destinado a acusados ou condenados
por crimes comuns; III – restrições relativas à
inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das
comunicações, à prestação de informações e à
liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na
forma da lei; IV – suspensão da liberdade de reunião; V
– busca e apreensão em domicílio; VI – intervenção nas
empresas de serviços públicos; VII – requisição de
bens.”
Limites: não há limites em artigo específico da
Constituição, sendo possível a pena de morte.
BREVE ESTUDO DOS PODERES
• Poder Executivo
É aquele que tem a finalidade (função típica) de administrar e gerenciar o Estado. Realiza atos de
chefia de Estado, de governo e de administração. Além disso, também exerce a função legislativa por meio
de medidas provisórias e leis delegadas. Participa, ainda, do processo legislativo pela iniciativa, sanção ou
veto e promulgação das leis. O Poder Executivo está previsto na Constituição Federal vigente no Capítulo
II do Título IV (arts. 76 a 91).
a) Na esfera federal é chefiado pelo Presidente da República (cidadão brasileiro nato, idade mínima de
35 anos; art. 14, § 3.º, VI, a, da CF/1988), tendo como auxiliares diretos o Vice-Presidente e os Ministros de
Estado.
b) Na esfera estadual é chefiado pelo Governador do Estado (cidadão brasileiro, idade mínima de 30
anos; art. 14, § 3.º, VI, b, da CF/1988), tendo como auxiliares diretos o Vice-Governador e os Secretários
Estaduais. No Distrito Federal há também Governador e Vice, porém existem Secretários Distritais.
c) Na esfera municipal é chefiado pelo Prefeito do Município (cidadão brasileiro, idade mínima de 21
anos; art. 14, § 3.º, VI, c, da CF/1988), tendo como auxiliares diretos o Vice-Prefeito e os Secretários
Municipais. Destaque-se que em Municípios com 200.000 (duzentos mil) eleitores ou menos a eleição é
feita em um só turno (art. 29, II, da CF/1988). Se o Município possuir mais de 200.000 (duzentos mil)
eleitores o sistema de eleição é o majoritário absoluto, podendo ter um ou dois turnos.
d) O mandato dos chefes do Poder Executivo é de quatro anos, sendo possível a reeleição por apenas
um período subsequente (art. 14, § 5.º, da CF/1988).
e) A eleição do Presidente da República e do Vice-Presidente com ele registrado será realizada no
primeiro domingo de outubro (primeiro turno) e, se necessário, também no último domingo de outubro
(segundo turno) do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente (art. 77, caput, da
CF/1988). Os vencedores devem alcançar a maioria absoluta de votos válidos (sistema majoritário
absoluto), não computados os brancos e os nulos (art. 77, § 2.º, da CF/1988). A posse será no dia 1.º de
janeiro do ano seguinte à sua eleição, perante o Congresso Nacional (art. 82 da CF/1988). Se a posse de
qualquer deles não ocorrer em até dez dias depois desse prazo, salvo motivo de força maior, o cargo será
considerado vago (parágrafo único do art. 78 da CF/1988).
f) O Presidente será substituído e sucedido pelo Vice-Presidente (art. 79 da CF/1988) e na falta deste,
sucessivamente, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, pelo Presidente do Senado Federal e pelo
Presidente do STF (art. 80 da CF/1988). A sucessão por estes três últimos é sempre provisória, pois, se
vagarem os cargos tanto de Presidente quanto de Vice-Presidente da República, deverão ser realizadas
novas eleições para o preenchimento de ambos os cargos, e os eleitos apenas completarão o período
remanescente do mandato presidencial (art. 81, § 2.º, da CF/1988).
PODER EXECUTIVO
NO BRASIL
(Arts. 76 a 91,
CF/1988)
Federal:
• Presidente da República + vice-presidente (brasileiros natos) – Mandato: 4 anos
(possível reeleição por + 4 anos)* – Sistema majoritário absoluto
Estadual:
• Governador do Estado + vice-governador – Mandato: 4 anos (possível reeleição
por + 4 anos)* – Sistema majoritário absoluto
PODER EXECUTIVO
NO BRASIL
(Arts. 76 a 91,
CF/1988)
Distrital:
• Governador Distrital + Vice-Governador
• Mandato: 4 anos (possível reeleição por + 4 anos)* – Sistema majoritário absoluto
Municipal:
• Prefeito Municipal + Vice-Prefeito – Mandato: 4 anos (possível reeleição por + 4
anos)*
• Sistema majoritário absoluto: município com + de 200.000 eleitores
• Sistema majoritário simples: município com até 200.000 eleitores
* A reeleição foi inserida pela EC 16/1997.
g) Impeachment (impedimento): deve ser entendido como o processo pelo qual o Poder Legislativo
pune a conduta da autoridade pública, destituindo-a do cargo e impondo-lhe uma pena de caráter político
em virtude de ter cometido crime de responsabilidade (art. 85 da CF/1988).
O art. 86 da CF/1988 vigente divide o processo de impeachment em duas fases:
i) ACâmara dos Deputados, após admitida a acusação feita por qualquer cidadão, limita-se pela
maioria de 2/3 de seus membros a receber ou não a denúncia (juízo de admissibilidade). A Câmara
considerou haver indícios e razoáveis provas do ato imputado ao acusado. Se não constatasse tal situação,
poderia arquivar.
ii) A acusação é encaminhada ao Senado Federal, que instaura o processo, suspendendo o Presidente
de suas funções (art. 86, § 1.º, II, da CF/1988). Se decorrido o prazo de 180 dias, o julgamento não estiver
concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (art.
86, § 2.º, da CF/1988). O papel do Senado, ao apreciar a imputação ao acusado de atos atentatórios à
Constituição e à lei, previstos de forma genérica no art. 85 da CF/1988 e especificados em lei ordinária
especial (Lei 1.079/1950), deverá limitar-se à verificação da adequação deles às hipóteses legais.
h) O julgamento, presidido pelo Presidente do STF, poderá resultar em absolvição, com o
arquivamento do processo, ou em condenação por 2/3 dos votos do Senado Federal, limitando-se a decisão
à perda do cargo com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das
demais sanções judiciais cabíveis (art. 52, parágrafo único, da CF/1988). Além do Presidente da República,
de acordo com a Constituição Federal, podem ser passíveis de responsabilização política os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, nos crimes conexos com aqueles
praticados pelo Presidente, os Ministros do STF, os membros do CNJ do CNMP, o PGR e o AGU (art. 52, I e II,
da CF/1988).
Decisões sobre o tema:
“STF reafirma rito aplicado ao processo de impeachment de Fernando Collor (Disponível em:
[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo="306614])." STF, ADPF 378, Pleno, j.
17.12.2015, m. v., rel. p/ acordão Min. Roberto Barroso, DJE 08.03.2016.
Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou parcialmente procedente a Arguição
de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 378, que discute a validade de dispositivos da Lei
1.079/1950 que regulamentam o processo de impeachment de presidente da República. Com o julgamento,
firmou-se o entendimento de que a Câmara dos Deputados apenas dá a autorização para a abertura do
processo de impeachment, cabendo ao Senado fazer juízo inicial de instalação ou não do procedimento,
quando a votação se dará por maioria simples; a votação para escolha da comissão especial na Câmara
deve ser aberta, sendo ilegítimas as candidaturas avulsas de deputados para sua composição; e o
afastamento de presidente da República ocorre apenas se o Senado abrir o processo.
A corrente majoritária seguiu o voto do ministro Luís Roberto Barroso, divergente do relator da ação,
ministro Edson Fachin, que rejeitava alguns dos principais pedidos feitos pelo Partido Comunista do Brasil
(PCdoB), autor da ADPF, como a necessidade de defesa prévia do presidente da República, a vedação ao
voto secreto para a formação da comissão especial e a possibilidade de o Senado rejeitar a instauração do
processo. Seguiram a divergência as ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia e os ministros Luiz Fux, Marco
Aurélio, em menor extensão, e o presidente, ministro Ricardo Lewandowski. O ministro Teori Zavascki
divergiu do voto do ministro Barroso apenas quanto à comissão especial, por entender cabível o voto
secreto. Com o relator, votaram os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes. O ministro Celso de Mello
divergiu do relator em relação ao papel do Senado. Para ele, não há qualquer relação de subordinação do
Senado em relação à Câmara.”
“São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.” (Súmula 722 do STF).
“O processo de impeachment dos Ministros de Estado, por crimes de responsabilidade autônomos, não
conexos com infrações da mesma natureza do presidente da República, ostenta caráter jurisdicional,
devendo ser instruído e julgado pelo STF. Inaplicabilidade do disposto nos arts. 51, I e 52, I, da Carta de
1988 e 14 da Lei 1.079/1950, dado que é prescindível autorização política da Câmara dos Deputados para a
sua instauração. Prevalência, na espécie, da natureza criminal desses processos, cuja apuração judicial
está sujeita à ação penal pública da competência exclusiva do Ministério Público Federal (art. 129, I, da
CF/1988). Ilegitimidade ativa ad causam dos cidadãos em geral, a eles remanescendo a faculdade de
noticiar os fatos ao Parquet.” (STF, Pet 1.954, Plenário, j. 11.09.2002, rel. Min. Maurício Corrêa, DJU
01.08.2003).
“Os atos de improbidade administrativa são tipificados como crime de responsabilidade na Lei
1.079/1950, delito de caráter político-administrativo. Distinção entre os regimes de responsabilização
político-administrativa. O sistema constitucional brasileiro distingue o regime de responsabilidade dos
agentes políticos dos demais agentes públicos. A Constituição não admite a concorrência entre dois
regimes de responsabilidade político-administrativa para os agentes políticos: o previsto no art. 37, § 4.º
(regulado pela Lei 8.429/1992) e o regime fixado no art. 102, I, c, (disciplinado pela Lei 1.079/1950). Se a
competência para processar e julgar a ação de improbidade (art. 37, § 4.º, da CF/1988) pudesse abranger
também atos praticados pelos agentes políticos, submetidos a regime de responsabilidade especial, ter-se-
ia uma interpretação ab-rogante do disposto no art. 102, I, c, da CF/1988. (...) Os Ministros de Estado, por
estarem regidos por normas especiais de responsabilidade (art. 102, I, c, da CF/1988; Lei 1.079/1950), não
se submetem ao modelo de competência previsto no regime comum da Lei de Improbidade
Administrativa (Lei 8.429/1992). Crimes de responsabilidade. Competência do STF. Compete
exclusivamente ao STF processar e julgar os delitos político-administrativos, na hipótese do art. 102, I, c,
da CF/1988. Somente o STF pode processar e julgar ministro de Estado no caso de crime de
responsabilidade e, assim, eventualmente, determinar a perda do cargo ou a suspensão de direitos
políticos. Ação de improbidade administrativa. Ministro de Estado que teve decretada a suspensão de seus
direitos políticos pelo prazo de oito anos e a perda da função pública por sentença do Juízo da 14.ª Vara da
Justiça Federal – Seção Judiciária do Distrito Federal. Incompetência dos juízos de primeira instância para
processar e julgar ação civil de improbidade administrativa ajuizada contra agente político que possui
prerrogativa de foro perante o STF, por crime de responsabilidade, conforme o art. 102, I, c, da CF/1988.
Reclamação julgada procedente.” (STF, Rcl 2.138, Plenário, j. 13.06.2007, rel. p/ o acórdão Min. Gilmar
Mendes, DJe 18.04.2008). No mesmo sentido: STF, AgRg no RE 579.799/SP, 2.ª T., j. 02.12.2008, rel. Min. Eros
Grau, DJe 19.12.2008. Vide: STF, AgRg na Rcl 4.119/BA, Plenário, j. 06.10.2011, rel. Min. Cármen Lúcia, DJe
28.10.2011.
Iniciativa privativa do Presidente da República: art. 61, § 1.º, da CF/1988: São de iniciativa privativa
do Presidente da República as leis que: fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas, disponham
sobre: criação de cargos, funções ou empregos públicos na Administração direta e autárquica ou aumento
de sua remuneração, entre outros casos. Se for violada há inconstitucionalidade por ação formal.
Decisão sobre o tema:
“Por ofensa ao art. 61, § 1.º, II, a e c, da CF/1988 – que atribuem ao chefe do Poder Executivo a iniciativa
de leis que disponham sobre a remuneração e o regime jurídico de servidores públicos –, o Tribunal, por
maioria, julgou procedente o pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado da
Paraíba, para declarar a inconstitucionalidade formal do art. 39 da CF/1988, do mesmo Estado, que
assegurava a servidores públicos, em cadanível de vencimento, como garantia do princípio da hierarquia
salarial, ‘um acréscimo nunca inferior a cinco por cento do nível imediatamente antecedente, e a fixação,
entre cada classe, referência ou padrão, de diferença não inferior a cinco por cento’. Vencidos os
Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, que julgavam improcedente a ação relativamente ao alegado
vício formal. Precedente citado: ADIn 1.977/PB (DJU 02.05.2003)” (STF, ADIn 2.863/PB, Pleno, j. 11.09.2003,
rel. Min. Nelson Jobim, DJU 28.05.2004).
As atribuições do Presidente da República são de leitura obrigatória (art. 84 da CF/1988).
• Poder Judiciário
Tem a função de exercer a jurisdição, ou seja, compete a ele resolver as lides. Desse modo, com o
objetivo de resolver o litígio, deve aplicar o direito ao caso concreto. No Brasil, o Poder Judiciário pode ser
dividido em uma Justiça de âmbito federal (comum ou especializada) e em uma estadual (residual – o que
não for competência federal comum ou especializada). A Justiça Federal comum de primeira instância
tem a competência estabelecida no art. 109 da CF/1988. Considera-se como Justiça especializada federal: a
Justiça Trabalhista, Eleitoral e Militar (arts. 111 a 124 da CF/1988). Destaque-se que há autorização
constitucional para a criação de Juizados Especiais e da Justiça de Paz (art. 98, I e II, da CF/1988) e da
Justiça Militar Estadual (art. 125, § 3.º, da CF/1988).
a) O ingresso na carreira é feito por meio de concurso público de provas e títulos, cujo cargo inicial
será o de juiz substituto, com a participação da OAB em todas as suas fases, exigindo-se do bacharel em
direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se à ordem de classificação nas
nomeações (art. 93, I, da CF/1988).
b) Com o objetivo de assegurar a imparcialidade e a tranquilidade dos magistrados no exercício de
suas funções, foram estabelecidas as seguintes garantias (art. 95 da CF/1988):
c) A EC 45, de 30.12.2004, acrescentou ao art. 5.º, da CF/1988, o inciso LXXVIII, que estabelece: “a todos,
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação”. Tal inciso é chamado de princípio da celeridade, brevidade ou
da razoável duração do processo.
No intuito de dar celeridade aos processos judiciais foi introduzido em nosso ordenamento jurídico a
Súmula Vinculante (vide textos das súmulas vinculantes ao final deste capítulo) a repercussão geral para
admissão do recurso extraordinário entre outros institutos.
A Súmula Vinculante está prevista no art. 103-A, da CF/1988, onde se lê:
“Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1.º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas,
acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a Administração Pública
que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2.º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3.º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente,
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja
proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso”.
A norma infraconstitucional que regulamentou o tema é a Lei 11.417, de 19 de dezembro de 2006, e
dentre as novidades houve a ampliação da legitimidade ativa para propor a criação, revisão ou
cancelamento da súmula vinculante (Defensor Público-Geral da União, Tribunais Superiores, Tribunais de
Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, Tribunais Regionais Federais, Tribunais Regionais
do Trabalho, Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunais Militares. Além disso, admite-se incidentalmente a
propositura pelos Municípios – art. 3.º, incisos VI, XI e § 1.º).
d) controle externo da magistratura e do Ministério Público: art. 103-B e 130-A, respectivamente, da
CF/1988.
A criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)
tem a função de implementar o chamado controle externo da Magistratura e do Ministério Público. Na
atualidade, constata-se a importância de tais Conselhos que realizam fiscalizações e corrigem desvios de
conduta de membros das respectivas carreiras jurídicas.
Quadro comparativo entre o STF e o STJ
Art. 102 da CF/1988 – STF Art. 105 da CF/1988 – STJ
Inciso I – competência originária: ADI, ADC,
extradição entre outros
Atentar para as hipóteses de HC, MS e MI, por
exemplo HC e MS contra ato de CPI federal
Inciso I – competência originária:
Governador de Estado que comete crime comum,
homologação de sentença estrangeira entre outros
Atentar para as hipóteses de HC, MS e MI, por
exemplo, MS contra ato de Ministro de Estado
Inciso II – competência ordinária – ROC
Indeferimento HC em única instância por Tribunal
Superior, da sentença de Juiz Federal que julga crime
político entre outros
Inciso II – competência ordinária – ROC
Indeferimento HC em única ou última instância por
TJ/TRF entre outros.
Inciso III – RE (observar o § 3.º do art. 102 que
prevê repercussão geral para admissão do RE,
disciplinada pela Lei 11.418/2006 –art. 1.036 do
CPC/2015)
Inciso III – REsp
Legitimidade ativa: a parte interessada (reclamante) ou o Ministério Público.
Legitimidade passiva: autoridade reclamada a quem for imputada a prática do ato. Será pessoa ou ente
de qualquer órgão que descumpra a decisão judicial. Se for por usurpação de competência, o sujeito
passivo será órgão jurisdicional.
Foro: STF (art. 102, I, l, da CF/1988) ou STJ (art. 105, I, f, da CF/1988).
A petição inicial será endereçada ao Presidente do Tribunal e deverá estar instruída com prova
documental pré-constituída. Ao despachar a inicial da reclamação, o relator requisitará informações da
autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que terá 10 dias para fazê-lo; ordenará, se
necessário, para evitar dano irreparável, a suspensão do processo ou do ato impugnado.
Interessante observar que qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante.
O Ministério Público, nas reclamações que não houver formulado, terá vista do processo, por cinco
dias, após as informações.
Efeitos: julgado procedente o pedido feito na reclamação, o Tribunal cassará a decisão exorbitante do
seu julgado ou determinará medida adequada à preservação de sua competência. Se a reclamação for por
desrespeito a enunciado de súmula vinculante, julgado procedente o pedido, o STF anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, nos termos do art. 7.º, § 2.º, da Lei 11.417/2006.
• Decisões sobre o tema:
“Reclamação. Natureza jurídica. Alegado desrespeito a autoridade de decisão emanada do STF.
Inocorrência. Improcedência. A reclamação, qualquer que seja a qualificação que se lhe dê – ação (Pontes
de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, t. V/384, Forense), recurso ou sucedâneo recursal
(Moacyr Amaral Santos, RTJ 56/546-548; Alcides de Mendonça Lima. O Poder Judiciário e a nova
Constituição. Rio de Janeiro: Aide, 1989. p. 80), remédio incomum (Orozimbo Nonato apud Cordeiro de
Mello. O processo no Supremo Tribunal Federal.vol. 1/280), incidente processual (Moniz de Aragão. A
correição parcial. São Paulo: Ed. J. Bushatsky, 1969. p. 110), medida de direito processual constitucional
(José Frederico Marques. Manual de direito processual civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1987. vol. 3, p. 199.
2.ª parte) ou medida processual de caráter excepcional (Min. Djaci Falcão, RTJ 112/518-522) –, configura,
modernamente, instrumento de extração constitucional, inobstante a origem pretoriana de sua criação
(RTJ 112/504), destinado a viabilizar, na concretização de sua dupla função de ordem político-jurídica, a
preservação da competência e a garantia da autoridade das decisões do STF (art. 102, I, l, da CF/1988) e do
STJ (art. 105, I, f, da CF/1988). Não constitui ato ofensivo à autoridade de decisão emanada do Supremo
Tribunal Federal o procedimento de magistrado inferior que, motivado pela existência de várias
execuções penais ainda em curso, referentes a outras condenações não desconstituídas pelo writ, deixa de
ordenar a soltura imediata de paciente beneficiado por habeas corpus concedido, em caso diverso e
específico, por esta Corte”. (STF, Rcl 336/DF, rel. Min. Celso de Mello).
“Reclamação. Constituição estadual. Admissibilidade. É admissível ao Estado-membro criar, em sua
Constituição, o instrumento processual da reclamação para a preservação da competência dos tribunais
estaduais e garantia do respeito às suas decisões”. (STF, ADIn 2.212-1/CE, Pleno, rel. Min. Ellen Gracie).
“Reclamação. Usurpação da competência do Supremo. Avocação do processo. Irrelevância. Surge
irrelevante avocar o processo quando, estabelecida a competência do Supremo, nota-se a carência da ação
proposta na origem ante a ilegitimidade da parte ativa.” (STF, Rcl 5.096/SP, Plenário, j. 20.05.2009, rel. Min.
Marco Aurélio, DJe 19.06.2009).
• Poder Legislativo
a) Na esfera federal temos o Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, integrados respectivamente por Deputados e Senadores Federais – sistema denominado
bicameralismo. Não há predominância substancial de uma Casa sobre a outra. Formalmente, contudo, a
Câmara dos Deputados tem o privilégio referente ao início do processo legislativo federal, pois é perante
ela que o Presidente da República, o STF, o STJ e os cidadãos promovem a iniciativa do processo de
elaboração das leis. Por conta disso, a Câmara dos Deputados é chamada de casa iniciadora (arts. 61, § 2.º,
62, § 8.º, e 64, da CF/1988) e o Senado Federal a casa revisora. Entretanto, é possível que o Senado Federal
seja a casa iniciadora e a Câmara dos Deputados seja a revisora se a iniciativa legislativa partir dos
Senadores.
– Câmara dos Deputados: é composta por representantes do povo, eleitos atualmente pelos Estados e
pelo Distrito Federal de acordo com o sistema proporcional. O art. 45 da CF/1988 estabelece que a Câmara
dos Deputados terá representação proporcional ao número de cadeiras do partido político de cada
unidade federativa e à população de cada Estado e do Distrito Federal. Cumpre observar que nenhuma
das unidades federativas terá menos de oito ou mais de 70 Deputados Federais, com exceção dos
Territórios Federais (se voltarem a existir), que elegerão quatro Deputados Federais.
– Senado Federal: Como versa o art. 46 da CF/1988, o Senado Federal será composto por
representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o sistema majoritário simples. O número
de Senadores é fixo por unidade federativa, e cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores,
com mandato de oito anos. Destaque-se que cada Senador será eleito com dois suplentes. A representação
de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e
dois terços.
b) Na esfera estadual, o Poder Legislativo é composto por Deputados Estaduais, eleitos pelo sistema
proporcional para um mandato de quatro anos. Sua casa legislativa é a Assembleia Legislativa.
O Distrito Federal possui Câmara Legislativa, composta por Deputados Distritais, também eleitos pelo
sistema proporcional para um mandato de quatro anos.
As regras da CF/1988 referentes aos membros do Congresso Nacional aplicam-se aos Deputados
Estaduais e Distritais (sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda do mandato,
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas; art. 27, § 1.º, e art. 32, § 3.º, da CF/1988).
c) Na esfera municipal, temos os Vereadores Municipais compondo o Poder Legislativo. São eleitos pelo
sistema proporcional para um mandato de quatro anos, e sua casa legislativa é conhecida como Câmara
Municipal. Os Vereadores gozam apenas das imunidades materiais (art. 29, VIII, da CF/1988).
Quadro do Poder Legislativo no Brasil (arts. 44 a 75 da CF/1988)
Esferas Representantes Representam Mandato
Federal
Congresso
Nacional
bicameral
Câmara
dos
Deputados
Deputados
Federais: mínimo
de 8 por UF e
máximo de 70,
proporcional à
população do
Estado
Total de 513
Povo 4 anos
Senado
Federal
Senadores
Federais ou
Senadores da
República
Representam os
Estados membros e
o DF; 3 por unidade
federativa
Total de 81
26 Estados-
Membros
+
DF
(27 UF)
8 anos,
(troca 1/3
por 2/3)
Estadual AssembleiaLegislativa
26
Assembleias
Deputados
Estaduais Povo 4 anos
Distrital
DF
Câmara
Legislativa
01
Câmara
legislativa
Deputados
Distritais Povo 4 anos
Municipal CâmaraMunicipal
+ de
5.560
Câmaras
Municipais
Vereadores
(Edil) Povo 4 anos
TEMAS RECORRENTES
Tipos de Normas (art. 59 da CF/1988)
• Emenda Constitucional: Arts. 59, I, e 60 da CF/1988.
Limitações Procedimentais: O art. 60, nos seus incisos I, II e III, trata da iniciativa, ou seja, de quem
pode propor uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC); nos §§ 2.º, 3.º e 5.º, como deve ser o
procedimento para emendar a Constituição. Tem-se, então, que:
a) Iniciativa: De no mínimo um terço dos Deputados ou Senadores Federais, do Presidente da
República ou de uma proposta com a anuência de mais da metade das Assembleias Legislativas da
federação brasileira, manifestando-se a maioria relativa de seus membros em cada uma delas.
b) Trâmite: A proposta será discutida e votada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em dois
turnos, com a obtenção em cada um deles de três quintos dos votos dos respectivos membros de cada
Casa. Se aprovada, a emenda constitucional será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, com o respectivo número de ordem (presidente, 1.º vice-presidente, 2.º vice-presidente,
1.º, 2.º, 3.º e 4.º secretários). Cumpre destacar que a matéria constante de emenda constitucional rejeitada
ou prejudicada não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Limitações Circunstanciais: O art. 60, § 1.º, na vigência de estado de sítio, estado de defesa e
intervenção federal, a Constituição não poderá ser emendada.
Limitações Materiais: São as chamadas limitações materiais explícitas, cláusulas pétreas, cerne fixo
da Constituição, cláusulas inabolíveis, cláusulas de inamovibilidade ou núcleos constitucionais
intangíveis, ou seja, são partes da Constituição que não podem ser modificadas por emendas
constitucionais para abolir direitos. As cláusulas pétreas só poderão ser retiradas da Constituição se
houver uma nova Assembleia Nacional Constituinte, que, como se sabe, não encontra limites. As cláusulas
pétreas explícitas estão previstas no § 4.º do art. 60 e são os seguintes casos: a forma federativa de Estado;
o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais.
• Lei Complementar: Tratam de assunto específico, matéria própria (campo material próprio ou
especificidade de matéria). Tem o mesmo processo legislativo das leis ordinárias, com exceção do quorum,
pois o art. 69 da CF/1988 exige a votação pela maioria absoluta. Dessemodo, as matérias reservadas à lei
complementar não podem ser tratadas por medida provisória ou lei delegada. Destaque-se que se a
Constituição Federal estabelecer que certo tema seja regulamentado por lei complementar outra espécie
normativa não poderá ser utilizada, sob pena de se cometer uma inconstitucionalidade formal. Ex.:
Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da CF/1988), Estatuto da Magistratura (art. 93, caput, da
CF/1988), finanças públicas (art. 163, I, da CF/1988).
• Lei ordinária: É a lei comum aprovada por maioria simples ou relativa (dos presentes – art. 47 da
CF/1988). Se a Constituição determinar: “nos termos da lei”, “fixada em lei” ou outra expressão que
envolva apenas “lei”, a lei ordinária é a adequada para regulamentar o assunto.
• Lei delegada:
a) Trata-se da possibilidade de o Presidente da República pedir, ao Congresso Nacional, delegação para
legislar sobre certos assuntos.
b) A delegação se efetiva por resolução que fixará os limites (art. 68 da CF/1988) e, eventualmente, a
necessidade de aprovação do projeto do Presidente pelo Congresso, em votação única, vedada qualquer
emenda (art. 68, § 3.º, da CF/1988).
c) Não podem ser objeto de lei delegada matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional e de
suas Casas, matérias reservadas à lei complementar e relativas ao orçamento, à organização do Ministério
Público e do Poder Judiciário e questões referentes à cidadania, aos direitos individuais, políticos e
eleitorais (art. 68, § 1.º, da CF/1988).
• Medida Provisória (art. 62 da CF/1988): Binônimo: relevância – urgência.
a) Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
b) Prazos: §§ 3.º e 7.º: 60 dias, prorrogável, por igual período; § 4.º: “O prazo a que se refere o § 3.º
contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do
Congresso Nacional”.
c) O art. 2.º da EC 32/2001 estabelece que as medidas provisórias editadas em data anterior à da
publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue
explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional (aquelas que vigiam até 11.09.2011
não tem prazo).
• Decretos legislativos: São de competência exclusiva do Congresso Nacional, por exemplo,
referendar tratados internacionais (art. 49 da CF/1988).
• Resoluções: A resolução vincula-se às competências privativas de cada uma das Casas do Congresso
Nacional (arts. 59, VII, 51 e 52 da CF/1988). Não está sujeita a sanção ou veto, sendo promulgada pela Mesa
da Casa que a editou.
• Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
É uma comissão nomeada por uma casa legislativa, composta por membros desta e que agem em seu
nome para realizar uma investigação sobre determinado objeto de interesse do Estado. Na esfera federal,
há necessidade de requerimento de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal
para investigar fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
Ministério Público para a responsabilização civil e criminal dos infratores. Elas não têm a faculdade de
proceder, por si próprias, a sequestros, buscas e apreensões, de determinar prisões provisórias,
interceptações telefônicas e dos demais meios de comunicação; não têm acesso aos livros mercantis e à
escrituração das sociedades mercantis, pois estas são atividades da órbita do Poder Judiciário. Nada
impede que, se houver necessidade de tais medidas, as CPIs possam recorrer a este Poder para viabilizá-
las. Podem fazer visitas em determinados locais, pedido de perícias ou exames laboratoriais, notificar
pessoas, realizar oitivas, pedir a quebra de sigilo telefônico, bancário, telemático e fiscal diretamente aos
órgãos responsáveis (nestes casos de quebra de sigilos podem realizá-los as CPIs federais – da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal e mista, estaduais e distritais desde que fundamentadamente), entre
outros. Obs. Ler art. 58, § 3.º, da CF/1988.
• Inviolabilidade
Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
e votos. Isso significa que não cometem crime, pois não há ilicitude (ato contrário à lei), nem respondem
na ordem civil por tais atos. A doutrina denomina esta inviolabilidade de “Imunidade Material ou
Absoluta” (art. 53, caput, da CF/1988). A doutrina e a jurisprudência destacam que os referidos atos devem
estar vinculados ao “exercício da atividade parlamentar”.
Imunidade Propriamente Dita ou “Imunidade Formal ou Relativa”: nesse caso, o crime existe, porém
podem ocorrer restrições quanto ao processo ou à prisão do parlamentar (por maioria absoluta dos
membros da respectiva casa pode haver a suspensão do processo ou da prisão em flagrante por crime
inafiançável – art. 53, §§ 2.º e 3.º, da CF/1988). A sustação do processo suspende a prescrição enquanto
durar o mandato (art. 53, § 5.º, da CF/1988). As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão
durante o Estado de Sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa
respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional incompatíveis com a
execução da medida (art. 53, § 8.º, da CF/1988).
Vereadores não possuem imunidade formal.
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
São meios postos à disposição dos indivíduos e dos cidadãos para provocar a intervenção das
autoridades competentes, visando corrigir ilegalidade ou abuso de poder em prejuízo de direitos e
interesses individuais. São também chamados de garantias individuais.
• Habeas Corpus: O art. 5.º, LXVIII, estabelece que: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder”.
No Brasil, o habeas corpus foi previsto pela primeira vez, de modo expresso, no Código de Processo
Criminal de 1832, no art. 340. Constitucionalmente, foi previsto pela primeira vez na Constituição
Republicana de 1891 (art. 72, § 22).
a) Natureza jurídica: é uma ação penal de natureza constitucional, sem requisitos técnicos formais,
não necessitando de advogado.
b) Finalidade: prevenir ou sanar a ocorrência de violência ou coação na liberdade de locomoção por
ilegalidade ou abuso de poder.
c) Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa, brasileira ou estrangeira.
d) Paciente (vítima): qualquer pessoa física, maior ou menor de idade, brasileiro ou estrangeiro.
e) Sujeito passivo: autoridade ou agente público. Trata-se do coator, ou seja, a pessoa que, por
ilegalidade ou abuso de poder, está causando o constrangimento ou a ameaça à liberdade de locomoção
de alguém.
É possível que o particular figure no polo passivo, pois a Constituição Federal não se referiu apenas ao
“abuso de poder” (próprio das autoridades públicas), mas também à “ilegalidade”, que pode decorrer,
também, de conduta do particular.
f) Espécies:
– Preventivo: evitar a ocorrência de uma violação à liberdade. O juiz determina a expedição de “salvo-
conduto”, para impedir a prisão ou a detenção pelo motivo alegado.
– Liberatório ou repressivo: objetiva a cessação da efetiva coação ao direito de ir e vir. O juiz
determina a expedição do alvará de soltura (se o paciente se encontrar preso) ou do contramandado (se
contra o paciente houver a expedição de mandado de prisão).
O endereçamento do habeas corpus deverá ser para a autoridade imediatamente superior à coatora. É
isento de custas.
g) Regulamentação: arts. 647 a 667 do CPP.
Súmulas do STF sobre o tema:
395: “Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas, por
não estar mais em causa a liberdade de locomoção”.
431: “É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou

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