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Aula 5 - Análises Físico-Químicas e Microbiológicas de Águas Prezado(a) Aluno(a)! Nesta aula, você irá conhecer os métodos de análises físico-químicas e micro- biológicas de águas,dando continuação ao conteúdo da Disciplina de Quí- mica Ambiental. Esta unidade está muito relacionada à aula 2 – Química da Água, subitem 3 – Requisitos de Qualidade da Água, portanto convém relembrar. A metodologia para análises de água está, amplamente, divulgada, no en- tanto, devemos utilizar apenas fontes reconhecidas nacional ou internacio- nalmente. A principal referência internacional para análise de água e esgotos chama- se “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” que foi publicado inicialmente em 1905, é o resultado do trabalho conjunto de três associações técnicas americanas: American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF). Ao longo desses anos, centenas de técnicas analíticas para determinação da qualidade da água foram disponibilizadas em 21 edições diferentes. Você pode obter maiores informações sobre essa publicação acessando ao site http://standardmethods.org. 1. Avaliação da Qualidade de Águas A água está, frequentemente, associada a doenças, seja pela contaminação de origem biológica, seja pela presença de substâncias tóxicas nocivas à saú- de humana. As doenças de veiculação hídrica podem ser transmitidas, não apenas através da água doce, mas também, através das águas salinas e/ou salobras quando utilizadas para fins de recreação, pesca, prática de esportes, etc. Entre os principais agentes etiológicos envolvidos com as doenças de veicu- lação hídrica temos: Glossário QUÍMICA ANALÍTICA A Química Analítica é a ciência que estuda técnicas para determinar a composição de uma amostra natural ou artificial. Ela está dividida em química analítica qualitativa, se- gundo a qual são identifica- das as substâncias presentes na amostra e em química analítica quantitativa que engloba técnicas para quan- tificação dos componentes existentes naquela amostra. Fonte: www.agrolab.com.br UABQuímica Ambiental 103 Bactérias – causadoras da febre tifóide (Salmonella tiphy), salmoneloses (Salmonella sp), disenteria bacilar (Shigella sp), gastroenterites (Escheri- chia coli), cólera (Vibrio cholerae), etc. Vírus – causadores da poliomielite (Enterovírus), gastroenterites (Rotavírus), Hepatite A, entre outros. Protozoários – causadores da amebíase (Entamoeba histolytica), giardíase (Giardia lamblia), entre outros. Helmintos – causadores de verminoses (Ascaris lumbricoides, Trichuris tri- chiura), esquistossomose (Schistosoma mansoni) etc. A garantia da qualidade das águas é responsabilidade das autoridades sani- tárias de um país, visto que sua contaminação pode acarretar sérios proble- mas à população, particularmente, em se tratando de mananciais e águas destinadas ao consumo humano. Por isso, há necessidade de se estabele- cerem exames rotineiros para avaliação da qualidade da água, tanto sob o aspecto químico, quanto biológico e toxicológico. Os requisitos, a serem analisados em uma amostra de água, estão pré-esta- belecidos na legislação vigente e dependem do objetivo de sua utilização, conforme já discutido na aula 2. A análise das águas naturais para fins de classificação segue as diretrizes es- tabelecidas na Resolução 357/2005 do CONAMA, enquanto os padrões de potabilidade estão definidos na Portaria 518/2004 da ANVISA. A ANVISA, ainda, regulamenta a qualidade da água mineral, água natural, águas envasadas e gelo comercializado, conforme descrito a seguir: Água Mineral e Água Natural Resolução - RDC nº 274, de 22 de setembro de 2005 Resolução - RDC nº 275, de 22 de setembro de 2005 Águas Envasadas e Gelo Resolução - RDC nº 274, de 22 de setembro de 2005 Água Adicionada de Sais Resolução - RDC nº 274, de 22 de setembro de 2005 Resolução - RDC nº 275, de 22 de setembro de 2005 Glossário ÍNDICES DE QUALI- DADE A CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamen- to Ambiental do Estado de São Paulo) classifica as variáveis a serem monito- radas em águas de rios e reservatórios em: • físicas • químicas • microbiológicas • hidrobiológicas • ecotoxicológicas Os resultados dessas análises permitem o cálculo de índices de qualidade da água para diferentes finalidades. Assim, a partir de 2002, a CETESB tem utilizado índices específicos para os principais usos dos recursos hídricos: IAP - águas destinadas para fins de abastecimen- to público; IVA - águas destinadas para a proteção da vida aquática; Classificação da Praia - águas destinadas para banho. Gestão AmbientalUAB 104 2. Análises Físico-Químicas da Água Face ao elevado número de parâmetros necessários para a avaliação da qua- lidade de uma água, apresentaremos aqui, apenas, as técnicas empregadas para realização de algumas determinações analíticas tradicionais. 2.1 Escolha do método analítico Quando recebe uma amostra de água para análise, o analista deve definir a técnica ou técnicas mais adequadas às determinações requeridas. Para isso, o analista deve estar familiarizado com os detalhes e os princípios em que estão baseados os métodos analíticos, levando em consideração possíveis interferências sobre a análise, bem como questões relacionadas com a pre- cisão, exatidão, tempo e custo. Pode acontecer que um método mais exato seja mais demorado ou utilize reagentes mais caros e nesse caso, cabe ao analista ponderar e pesquisar um método menos exato que produza resultados, igualmente, satisfatórios num menor intervalo de tempo. As principais técnicas empregadas nas análises químicas quantitativas são baseadas em: a) desenvolvimento de reações químicas com a quantificação dos reagentes necessários à realização da reação ou dos produtos resultantes; b) medidas elétricas (potenciometria); c) medidas de propriedades ópticas (absorção de energia); d) combinação dos métodos acima descritos. Os métodos tradicionais da análise química estão fundamentados em téc- nicas gravimétricas ou volumétricas. Os métodos instrumentais, usualmente mais rápidos, são dependentes da medição de uma propriedade elétrica, da determinação da absorção da radiação ou ainda, da avaliação da intensidade da radiação emitida e requerem o uso de um instrumento adequado. Em ge- ral são aplicáveis quando desejamos detectar concentrações bem pequenas da substância que está sendo pesquisada, que não estão ao alcance das téc- nicas empregadas nos métodos tradicionais. A despeito das vantagens que os métodos instrumentais apresentam, os métodos químicos clássicos ainda são bastante utilizados, pois, em alguns casos, os instrumentos são de alto custo, justificando o seu uso apenas quando temos um número considerável de amostras a analisar. Glossário ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA BRUTA PARA FINS DE ABASTECIMENTO PÚBLICO - IAP O IAP é composto por três grupos principais de parâ- metros: • IQA - grupo de parâme- tros básicos (temperatura da água, pH, oxigênio dissol- vido, demanda bioquímica de oxigênio, coliforme fecal, nitrogênio total, fósforo to- tal, resíduo total e turbidez); • Parâmetros que indicam a presença de substâncias tóxicas (teste de mutage- nicidade, potencial de for- mação de trihalometanos, cádmio, chumbo, cromo total, mercúrio e níquel); • Grupo de parâmetros que interfere na qualidade or- ganoléptica (fenóis, ferro, manganês, alumínio, cobre e zinco). O IAP descreve cinco clas- sificações da qualidade da água, conforme apresenta- das abaixo: Ótima 79 < IAP 100 Boa 51 < IAP 79 Regular 36 < IAP 51 Ruim19 < IAP 36 Péssima IAP < 19 Fonte: www.cetesb.sp.gov.br UABQuímica Ambiental 105 2.2 Amostragem A amostra é uma fração representativa do material a ser analisado. Para realização das análises, o laboratorista toma uma fração dessa amostra de- nominada “alíquota” ou “amostra de laboratório”. A etapa de amostragem antecede qualquer análise química e é fundamental para a confiabilidade e segurança analítica. Existem protocolos próprios de amostragem para diferentes tipos de materiais. No caso da água, dependen- do da origem (subterrânea, lagos, sistemas de abastecimento, entre outras), os procedimentos técnicos de coleta variam de acordo com a finalidade da análise, devendo obedecer a critérios pré-estabelecidos de coleta, preserva- ção e transporte. Colheita e preservação da amostra de água As amostras são coletadas em recipientes próprios (sacos ou frascos), confor- me o ensaio a ser realizado, identificadas e acondicionadas para o transporte de forma que não haja alterações das suas características. E a integridade das amostras pode ser garantida através da adição de pre- servantes intencionais. A colheita de amostras de água para determinações físico-químicas gerais como cor, turbidez, dureza, entre outros parâmetros pode ser feita em frasco de água mineral de primeiro uso, com a tampa original.Deve-se enxaguar o frasco e a tampa com a água a ser analisada por seis vezes. Caso a colheita seja realizada numa torneira, deixa-se a água escorrer por, naturalmente, por 3 minutos, no mínimo. Após a colheita, fechar bem o frasco com a tampa, de forma a evitar vazamentos, identificar a amostra e transportar para o laboratório sob refrigeração. Na colheita de água para análise de metais, devem-se utilizar frascos de polipropileno ou polietileno de alta densidade, com a tampa do mesmo ma- terial. Não utilizar frascos de vidro comum, porém podem-se utilizar frascos de vidro borossilicato. Todos os recipientes de coleta devem estar limpos, descontaminados com HNO3 (ácido nítrico) e enxaguados com água destila- da ou deionizada. Devem-se acidificar os frascos com HNO3 até pH < 2,0 (use 0,5 ml de HNO3 40% para cada 100 ml de amostra) para minimizar a precipitação ou ad- sorção nas paredes, quando serão analisados cátions como alumínio (Al), Glossário ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA PARA A PROTEÇÃO DA VIDA AQUÁTICA - IVA O segundo índice, o IVA, tem como objetivo a avaliação da qualidade das águas para fins de proteção da fauna e flora em geral. Também, fornece infor- mações sobre a quali- dade da água em termos ecotoxicológicos e sobre o seu grau de trofia (con- centração de nutrientes). Para fins de classifica- ção da qualidade, o IVA descreve as cinco faixas de qualidade da água relacionadas abaixo: Ótima IVA = 2,2 Boa IVA = 3,2 Regular 3,4 IVA 4,4 Ruim 4,6 IVA 6,8 Péssima IVA > 7,6 Fonte: www.cetesb.sp.gov.br Gestão AmbientalUAB 106 cádmio (Cd), chumbo (Pb), cobre (Cu), cromo (Cr), ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn). Para determinação de mercúrio (Hg), para cada frasco de 100 ml, adicionar 2g de cloreto de sódio (NaCl) com comprovada ausência de mercúrio e 5 ml de HNO3 40%. Para análise de compostos orgânicos voláteis, as amostras devem ser cole- tadas em recipientes de vidro com capacidade de 500 ml, contendo 1 ml de HCl 6 M como conservante. Águas, contendo cloro livre ou combinado, devem receber adição de um agente redutor (50 mg de tiossulfato de sódio ou 250 mg de ácido ascórbico), sendo imediatamente transportadas sob refrigeração ao laboratório, para análise. Transporte As amostras, após coletadas, devem ser transportadas aos laboratórios para análise imediata ou, na impossibilidade, mantidas em refrigerador, por um tempo que depende da natureza e estabilidade das espécies químicas que serão analisadas. 2.3 Determinação de cor em águas A cor de uma amostra de água natural é devida à presença de sólidos dissol- vidos, principalmente, materiais em estado coloidal orgânico e inorgânico. Dentre os colóides orgânicos, podem-se mencionar os ácidos húmico e fúlvi- co, substâncias naturais resultantes da decomposição parcial de compostos orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos. Há também compostos inorgânicos capazes de possuir as propriedades e provocar os efeitos de matéria em estado coloidal. Os principais são os óxi- dos de ferro (Fe) e manganês (Mn), que são abundantes em diversos tipos de solo. Em geral, íons dissolvidos, pouco ou quase nada, interferem na passagem da luz. A cor pode ainda ser oriunda das ações antrópicas sobre as águas super- ficiais, como o lançamento de efluentes industriais e esgotos domésticos. A presença de cor de origem natural na água não apresenta risco direto à saúde, mas interfere nas características estéticas, enquanto que a cor devida ao lançamento de efluentes industriais pode conferir toxidade. A cor é, comumente, determinada através de uma análise colorimétrica, a qual determina a intensidade da cor de um sistema, em função da concen- UABQuímica Ambiental 107 tração de um de seus componentes. Também, está associada ao grau de absorção relativa da luz. O termo cor expressa a “cor verdadeira” da amostra, isto é, aquela obtida após a remoção da turbidez por filtração ou centrifugação. A “cor aparente” corresponde à cor original da amostra, incluindo não apenas a cor devida às substâncias dissolvidas, como também a cor devida à matéria em suspensão. A cor aparente é determinada na amostra original, sem filtração ou centri- fugação. A resolução CONAMA no 357/05 estabelece para águas doces, das classes 2 e 3, cor verdadeira de até 75 mg Pt/l, enquanto a Portaria no 518/04 – MS estipula nos padrões de aceitação para consumo humano, para a água potá- vel uma cor aparente máxima de 15 uH (unidades de Hazen). A escolha do método para análise da cor depende da amostra a ser analisa- da. Amostras de água para consumo humano são analisadas pelo método de comparação visual, no entanto, certos efluentes industriais podem pro- duzir cores não usuais e devem ser analisados por métodos instrumentais. Determinação de Cor por Comparação Visual Nesse método, a cor é determinada por comparação visual da amostra com soluções coloridas de concentrações conhecidas e isso também pode ser feita com discos coloridos de vidro calibrados adequadamente. O método da escala de Cobalto-Platina (Hazen) é considerado como método padrão, pois a medida da cor é feita por comparação com soluções padrão de cloroplatinato de potássio (K2PtCl6) e cloreto de cobalto hexahidratado (CoCl2. 6H2O) em tubos de Nessler próprios para comparação visual. A uni- dade padrão de cor é aquela produzida por 1mg de Platina/L na forma de íon cloroplatinato (PtCl6 -2). A faixa de cor do cobalto à platina pode ser varia- da para se adequar à tonalidade em casos especiais. 1 Unidade Hazen = 1mg Pt/L Gestão AmbientalUAB 108 Figura 1. Disco comparador para análise de cor Figura 2. Comparador de bancada para determinação de parâmetros de cor em água de acordo com os padrões na escala de Hazen (Platina / Cobalto). O método Cobalto-Platina é indicado para medir cor em águas naturais e potáveis, nas quais a cor é devida a materiais que estão, naturalmente, pre- sentes e não é aplicável para a maioria dos efluentes industriais, altamente coloridos. A cor da água é dependente do pH e aumenta quando o pH da água é ele- vado. 2.4 Determinação da Dureza em águas A dureza da água é uma característica conferida pela presença de sais de cálcio e magnésio, resultante da dissolução de minerais do solo e das rochas ou do aportede resíduos industriais. Águas duras (dureza acima de 300 mg/L CaCO3), tanto de mananciais superficiais como subterrâneos, são mais comuns em áreas possuindo extensas formações geológicas de calcário. UABQuímica Ambiental 109 A dureza das águas é devida à presença de compostos de cálcio e magnésio, tais como bicarbonatos, sulfatos cloretos e nitratos, quando constituída pe- los bicarbonatos de cálcio e magnésio é denominada, frequentemente, de dureza temporária e aquela formada por sulfatos, cloretos e nitratos, dureza permanente, estando relacionada aos processos incrustrantes. A soma das duas constitui a dureza total. De acordo com a Portaria no 518/04 – MS o valor máximo permitido para dureza em águas potáveis é de 500 mg/l CaCO3. O método analítico, para determinação da dureza total, fundamenta-se na titulação complexométrica de sais de cálcio e magnésio por uma solução de sal dissódico do EDTA 0,01 M em presença de indicador adequado (negro de Eriocromo ou comprimido indicador-tampão) e os resultados são expres- sos como carbonato de cálcio (mg/l CaCO3). Já o pH da reação é controlado através da adição de uma solução tampão (pH 10), visto que, nessas con- dições, muitos metais capazes de interferir na titulação são eliminados por precipitação. Dureza total (mg/l CaCO3) = 1.000 x V x f V´ V = volume da solução de EDTA 0,01M gasto na titulação F = fator de correção da solução de EDTA 0,01M V´= volume de amostra 2.5 Determinação do pH em águas O pH, ou potencial hidrogeniônico, está relacionado com a quantidade livre de íons hidrogênio H+ em solução aquosa. Na água pura ou usada como solvente os íons H+ e OH- encontram-se em equilíbrio: Logo: [H+] = [oH-] solução neutra [H+] > [oH-] solução ácida [H+] < [oH-] solução básica Gestão AmbientalUAB 110 Em 1909, o bioquímico dinamarquês Peter Sorensen propôs o uso de uma escala como um método alternativo para determinação da concentração dos íons H+. Sorensen adotou o termo pH para indicar o cologaritmo na base 10 da concentração de H+: pH = colog10 [H +] ou pH = - log. [H+] Na prática, o pH é um número entre 0 e 14 que indica se uma solução é ácida (pH<7), neutra (pH=7), ou básica/alcalina (pH>7). A determinação do pH pode ser realizada através de tiras de papel impreg- nadas com indicadores, que são introduzidas na solução da qual se deseja medir o pH e posteriormente comparadas com a escala impressa na embala- gem (figura 3). Esse método, embora menos preciso, apresenta a vantagem de ser simples e rápido para as determinações de campo. Os indicadores são substâncias que mudam de cor em função da [H+] e da [OH-], ou seja, do pH. Existem vários tipos de indicadores ácido-base, natu- rais ou sintéticos. Alguns indicadores, denominados indicadores univer- sais, apresentam cores diferentes para cada valor de pH e são obtidos pela mistura adequada de vários outros indicadores. Figura 3. Papel indicador universal de pH O pH de uma solução também pode ser determinado por um processo ele- trométrico, utilizando-se o pH-metro ou potenciômetro. É um método bas- tante preciso e simples, em que o pH é determinado por imersão do eletrodo na solução a ser testada. Antes da leitura do pH da amostra, é necessária a calibração do aparelho com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0, bem como o ajuste do aparelho à temperatura da solução. Existem pH-metros de banca- da, para laboratórios, e portáteis, para uso em atividades de campo. Glossário POTENCIOMETRIA Os métodos, utilizados na análise potenciométrica, são baseados na medida da força eletromotriz de uma pilha ou célula galvânica constituída pela associação de dois eletrodos: um de referência e outro indicador. O eletrodo de referência é aquele que possui potencial estável e reproduzível em relação à solução, enquan- to o eletrodo indicador é aquele que apresenta po- tencial variável, de acordo com a espécie química em solução. No caso da determina- ção do pH, comumente, utilizam-se eletrodos sensíveis ao íon hidrogênio, como o eletrodo de vidro e um eletrodo de referência, como o Ag/AgCl. UABQuímica Ambiental 111 De acordo com a legislação, o pH para águas potáveis deve ser mantido na faixa de 6,0 a 9,5; para águas naturais doces entre 6,0 e 9,0; para águas naturais salinas e salobras entre 6,5 a 8,5. Figura 4. Equipamento pH-metro digital de bancada 2.6 Determinação da turbidez em águas A transparência é uma característica importante para águas destinadas ao consumo humano, assim como para determinados fins industriais como a fabricação de bebidas e produção de alimentos. Em geral, são utilizados processos de clarificação (coagulação, floculação, sedimentação e filtração), com o objetivo de remover a turbidez existente em águas superficiais desti- nadas ao abastecimento público. A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la, devido à presença de sólidos em suspensão e material coloidal, como areia, argila, matéria orgânica, plânc- tons e organismos microscópicos. Essa redução se dá por absorção e espa- lhamento da radiação incidente. O método utilizado para determinação da turbidez é o nefelométrico que se baseia na comparação da intensidade da luz dispersada através de uma amostra, com a intensidade da luz dispersada por uma solução padrão de referência, nas mesmas condições de ensaio. A turbidez é determinada pela medida da luz espalhada numa direção específica, normalmente a 900 da trajetória do raio incidente. Gestão AmbientalUAB 112 A cor da água interfere na medida da turbidez devida à absorção da luz incidente. A turbidez é determinada em um equipamento chamado turbidímetro e os valores são expressos em unidades nefelométricas de turbidez (UT), sendo estabelecido pela legislação um valor máximo de 5,0 UT para a água potável, 40 UT para águas naturais doces da classe 1 e 100 UT para águas naturais doces das classes 2 e 3. Figura 5. Turbidímetro de bancada microprocessado 2.7 Determinação do cloro residual em águas A cloração das águas de abastecimento e das águas poluídas tem como prin- cipal objetivo a eliminação de microrganismos patogênicos. Nos sistemas de tratamento de águas, a cloração também é usada para oxidação de certas substâncias como amônia, ferro, manganês, sulfitos e compostos orgânicos, com a finalidade de melhorar a qualidade da água de uma maneira geral. Quando o cloro é aplicado em águas naturais, algumas substâncias presen- tes, como a matéria orgânica e a amônia, são responsáveis por reações se- cundárias importantes, tais como: • Formação de cloretos inativos (aumentam o teor de cloretos na água); • Formação de cloraminas (NH2Cl e NHCI2). UABQuímica Ambiental 113 As cloraminas também são bactericidas, porém exigem, para um mesmo efeito desinfetante, um residual quase 10 vezes maior do que o cloro livre. Assim sendo, após a cloração da água, podemos obter dois tipos de residual de cloro: o livre e o combinado. Quando se adiciona cloro à água na forma gasosa (Cl2) ou como hipoclorito (ClO-), ele se hidrolisa para formar o ácido clorídrico,o ácido hipocloroso e o íon hipoclorito, conforme as reações abaixo: (I) Cl2 + H2O HCl + HClO (II) Ca (ClO)2 + 2 H2O Ca(OH)2 + 2 HClO (III) NaClO + H2O NaOH + HClO (IV) HClO H+ + ClO- Dessa forma, o cloro pode ser encontrado na água nas seguintes formas: • Cl2 (cloro molecular); • HCIO (ácido hipocloroso); • ClO- (íon hipoclorito). A proporção relativa das diferentes formas de cloro na água depende do pH e da temperatura. Para os valoresde pH, usualmente, encontrados nas águas a serem tratadas (acima de 5,0) são predominantes as formas HClO e ClO-, as quais denomi- namos cloro residual livre. Quando se adiciona cloro à água, ele reage com a matéria orgânica e inorgâ- nica nela contida. Entre as substâncias orgânicas, frequentemente contidas na água com as quais o cloro reage, encontramos a amônia NH3 e outros compostos nitrogenados, como proteínas e aminoácidos, com os quais o cloro forma as chamadas cloraminas que também são relevantes no proces- so de desinfecção da água. (V) NH3 + HClO NH2Cl + H2O (monocloramina) Gestão AmbientalUAB 114 (VI) NH2CI + HClO NHCl2 + H2O (dicloramina) (VII) NHCl2 +HClO NCI3 + H2O (tricloreto de nitrogênio) Ao residual de cloro na forma de NHCI2 e NH2CI denominamos cloro resi- dual combinado. O poder desinfetante do cloro, portanto, depende do cloro disponível para novas reações, ou seja, do cloro residual disponível o qual inclui tanto o cloro residual livre, como também o cloro residual combinado. Existem vários métodos para análise de cloro residual, no entanto, existe dificuldade na quantificação individual do cloro livre e combinado, quando necessário. Alguns métodos apresentam ainda restrições quanto à aplicação, dependendo da origem da amostra (água natural, tratada ou efluentes). O método colorimétrico de leitura visual do DPD (N, N-dietil-p-fenilenedia- mina) pode ser empregado em todos os tipos de amostras, embora também sofra interferências. É um método simples que utiliza o DPD como indica- dor, permitindo a determinação do cloro residual total, livre e combinado. O cloro presente na amostra reage com o DPD, produzindo uma coloração vermelha. É necessário o controle do pH entre 6,2 e 6,5 para que a reação se processe adequadamente. A reação do cloro livre é imediata, enquanto que o cloro combinado (cloraminas) só reage após adição de íons iodeto como catalisador. Existem diversos kits para análise rápida de cloro residual disponíveis no mercado que utilizam discos comparadores em substituição a equipamentos mais sofisticados (espectrofotômetros ou fotômetros), permitindo a realiza- ção da determinação de maneira simples e prática. Figura 6. Kit para análise de cloro método DPD por comparação visual UABQuímica Ambiental 115 A resolução do 357/05 do CONAMA estabelece limites para o cloro residual total (livre + combinado) em águas doces classes 1 e 2 (máximo 0,01 mg/l Cl); águas salinas e salobras classe 1 (máximo 0,01 mg/l Cl); águas salinas e salobras classe 2 (máximo 19 g/l Cl). Para as águas potáveis, a Portaria 518/04 da ANVISA determina um teor mí- nimo de cloro residual livre de 0,5 mg/l após a desinfecção da água, sendo obrigatória a manutenção de 0,2 mg/l, no mínimo, em qualquer ponto da rede de distribuição. 3. Análises Microbiológicas da Água A qualidade higiênico-sanitária de uma água pode ser determinada por meio da realização de análises microbiológicas. Os requisitos a serem analisados seguem as determinações contidas na legis- lação pertinente a cada tipo de água, conforme segue: Águas para consumo humano: e. coli ou coliformes termotolerantes: ausência em 100 ml Coliformes totais: ausência em 100 ml Águas Minerais Naturais e Águas Naturais (Envasadas): e. coli ou coliformes (fecais) termotolerantes, em 100 ml : ausência Coliformes totais, em 100 ml : <1,0 UFC; <1,1 nmp ou ausência enterococos, em 100 ml: <1,0 UFC; <1,1 nmp ou ausência pseudomonas aeruginosa, em 100 ml: <1,0 UFC; <1,1 nmp ou ausência Clostrídios sulfito redutores ou Clostridium perfringens, em 100 ml: <1,0 UFC; <1,1 nmp ou ausência. Águas Naturais: Padrão de Balneabilidade: Coliformes fecais (termotolerantes): inferior a 2500 UFC/100 ml e. coli: inferior a 2000 UFC/100ml enterococos: inferior a 400/100 ml Glossário Morfologia das Bactérias As bactérias apresentam diferentes formas, depen- dendo do gênero a que pertencem. Principais formas bacte- rianas: A) Cocos (esféricos) B) Bacilos ou bastonetes (cilíndricos) C) Vibriões (em forma de vírgula) D) Espirilos (em forma de espiral) Gestão AmbientalUAB 116 Águas Doces: Quadro 1. Valores máximos de coliformes termotolerantes em 100 ml Coliformes termotolerantes/ 100 ml Classe 1 Classe 2 Classe 3 200 1.000 2.5001 ou 4.0002 1. Para o uso de recreação de contato secundário; 2. Para os demais usos. Obs.: Valores não devem ser excedidos em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. Águas salinas: Quadro 2. Valores máximos de coliformes termotolerantes em 100 ml Coliformes termotolerantes/ 100 ml Classe 1 Classe 2 Classe 3 1.000* 2.500 4.000 *Exceto para cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana. Obs.: Valores não devem ser excedidos em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. Águas salobras: Quadro 3. Valores máximos de coliformes termotolerantes em 100 ml Coliformes termotolerantes/ 100 ml Classe 1 Classe 2 Classe 3 2001 ou 1.000* 2.500 4.000 1. Para irrigação de hortaliças consumidas cruas, parques, jardins, campos, etc. *Exceto para cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana. Obs.: Valores não devem ser excedidos em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Glossário Escherichia coli A bactéria E. coli foi identi- ficada em 1885, por Theo- dor Escherich, um pediatra alemão. Está presente em grande quantidade no in- testino de seres humanos e animais de sangue quente. A E. coli faz parte da família Enterobacteriaceae, que inclui outros gêneros de bactérias patogênicas como Salmonella, Shigella e Yersinia. Embora muitas cepas de E. coli não sejam consideradas patogênicas, algumas po- dem atuar como patógenos oportunistas, causando infecções em hospedeiros imuno- deprimidos. Existem ainda cepas patogênicas que causam transtornos gastrointestinais em seres humanos quando ingeridas. A E. coli tem sido utilizada como indicador de conta- minação fecal desde 1892, devido ao fato de estar pre- sente em abundância nas fezes de animais e huma- nos, e de comumente, não ser encontrada em outros habitats. Fonte: http://en.wikipedia. org/wiki/Escherichia_coli Acesso em 04.06.2007 UABQuímica Ambiental 117 3.1 Bactérias do grupo coliforme A avaliação da qualidade sanitária de uma amostra de água, através da de- tecção de cada microrganismo potencialmente patogênico, seria, pratica- mente, impossível, face à grande variedade de bactérias, vírus, protozoários e vermes presentes na água. Assim, para avaliação da qualidade microbioló- gica da água são utilizados organismos indicadores da contaminação fecal, entre os quais citamos as bactérias do grupo coliforme (total e fecal). A Portaria 518/04 da ANVISA – MS, define bactérias do grupo coliforme como “bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não for- madores de esporos, oxidase-negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares ou agentes tensoativos que fermentam a lactose com produ- ção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5ºC em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima ß –galactosidase”. Essa é uma definição bastante técnica e, dificilmente, é compreendida pela população. Em termos práticos,o grupo inclui várias espécies de bactérias entéricas, ou seja, originárias do trato intestinal de humanos e outros ani- mais de sangue quente e por isso, a sua detecção em amostras de água e alimentos é indicativa de contaminação de origem fecal. A palavra “coliforme” não é, portanto, uma classificação taxonômica de bactérias e sim, um termo usado para definir um grupo de bactérias que possuem características semelhantes e que são utilizadas como indicadores da qualidade sanitária em amostras de água e alimentos. O grupo dos coliformes inclui, ainda, gêneros de bactérias não entéricas, como Aeromonas e Serratia e por essa razão, sua presença em amostras de águas ou alimentos é menos representativa de contaminação fecal. Devido a esse fato, surgiu a denominação coliformes fecais ou termotolerantes, de- finidos na legislação como o “subgrupo das bactérias do grupo coliforme que fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas; tendo como principal representante a Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal.” (Portaria 518/04 – ANVISA) . O grupo dos coliformes fecais inclui pelo menos 3 gêneros: Escherichia, En- terobacter e Klebsiella, dos quais apenas a Escherichia tem origem, exclusi- vamente, fecal. Por esse motivo, a detecção de bactérias do grupo colifor- mes fecais, embora mais representativa que as bactérias do grupo coliformes totais, ainda não é suficiente para a indicação segura da contaminação fecal Glossário Método do Substrato Cromogênico/Fluorogêni- co É uma técnica simples que permite a detecção simultânea de coliformes totais e E. coli, num curto espaço de tempo (18-24h). Esse teste pode ser real- izado em água de qualquer procedência. Lembrando que água clorada deve ser inativada com 0,1ml de tiossulfato de sódio a 10% para cada 100 ml de amostra e em águas “in natura” devem ser acres- centados 0,2 ml de EDTA 15% para quelar metais que possam interferir na análise. E baseia-se na tecnolo- gia do substrato definido (DSTTM), na qual são usados dois nutrientes indicadores que, quando metabolizados por enzimas produzidas pelas bactérias, apresentam coloração diferencial ou fluorescência, permitindo assim a indicação da pre- sença do microrganismo. Os coliformes usam a enz- ima -d-galactosidase para metabolizar o orto- nitrofe- nil- -d-galactopiranosídeo (ONPG), produzindo uma coloração amarela. A E. coli usa a enzima -d- glicuronidase para metaboli- zar o 4- metil- umbeliferil- -d- glicuronídeo (MUG), ge- rando fluorescência quando a amostra é submetida à radiação UV a 365 nm. Gestão AmbientalUAB 118 em uma amostra, sendo preferível a enumeração direta da bactéria Escheri- chia coli. Existem, basicamente, três métodos convencionais para detecção e/ou con- tagem de coliformes em água, os quais são enumerados abaixo: 1. Técnica dos tubos múltiplos ou número mais provável (NMP) – é um método quantitativo de análise, baseado numa probabilidade estatísti- ca. Quando são utilizados meios de cultura convencionais, como Cal- do Lactosado, Caldo Lauril Sulfato Triptose e Caldo Verde Brilhante Bile. Esse método é desenvolvido em três etapas que consistem em: teste presuntivo, teste confirmativo e confirmação bioquímica para E. coli. Nessa técnica, o analista prepara diluições seriadas da amostra e as ino- cula numa série de tubos, contendo um meio de cultura específico. Após incubação, observa-se o número de tubos que apresentaram formação de gás em cada etapa da análise, estimando-se o número de microrga- nismos presentes na amostra, após consulta a uma tabela estatística. Quando se utiliza o meio de cultura, contendo substrato cromogênico/ fluorogênico, o método é desenvolvido numa única etapa que permite a identificação dos coliformes totais e da E.coli em 18-24 horas. 2. Técnica da membrana filtrante – é um método de análise quantitativo que permite a determinação do número de unidades formadoras de colônias (UFC). É realizado por meio da filtração de um volume de amostra através de um filtro membrana com porosidade de 0,45 m. As bactérias ficam retidas na membrana que é então transferida para uma placa, contendo meio de cultura seletivo e diferencial. Essa técnica é indicada para amos- tras com baixo índice de contaminação, ou seja, águas para consumo humano. 3. Técnica presença/ausência (P/A) – é um teste qualitativo, originário de uma simplificação da técnica dos tubos múltiplos, que não tem obje- tivo de quantificar as bactérias, mas verificar sua presença num dado volume de amostra. É indicado para análise de águas para consumo hu- mano, visto que a legislação brasileira estabelece como padrão a au- sência de coliformes totais e termotolerantes em 100 ml de amostra. É mais simples e econômico que a técnica dos tubos múltiplos, pois utili- za menor quantidade de meios de cultura. Pode ser realizado com meios de cultura diferenciais que se baseiam na fermentação da lactose, como o caldo PA ou Caldo Lactosado, contendo indicador Púrpura de Bromo- Glossário Para análise, utiliza-se um meio de cultura em pó, composto pelos nutrientes ONPG e MUG, apresentado em frascos ou cartelas. O pó contido na cartela ou frasco é, então, adicionado a 100 ml da amostra que pode ser incubado direta- mente (prova de presença/ ausência) ou ser distribuídos em 5 tubos com 20 ml de amostra (prova quantitativa/ NMP). Após incubação, o NMP é calculado a partir dos tubos que apresentaram resulta- dos positivos, consultando- se a tabela adequada. A prova será considerada negativa quando não hou- ver mudança de cor (figuras abaixo). Fonte: www.interlabdist.com.br Sites de interesse: Colilert® UABQuímica Ambiental 119 cresol, necessitando confirmação posterior da presença de coliformes, ou ainda, meios contendo substrato cromogênico e fluorogênico, que dispensam confirmação posterior (Colilert® ou Aquatest coli). Acessando o site http://www.idexx.com/water/colilert/colilert300_en.jsp você poderá assistir a um vídeo demonstrativo da técnica de determinação de coliformes pelo método Colilert®. 3.2 Bactérias heterotróficas Segundo a Portaria 518/04 da ANVISA–MS, a contagem de bactérias hetero- tróficas é definida como a “determinação da densidade de bactérias que são capazes de produzir unidades formadoras de colônias (UFC), na presença de compostos orgânicos contidos em meio de cultura apropriada, sob condi- ções pré-estabelecidas de incubação: 35,0 ± 0,5ºC por 48 horas;”. Tem por finalidade a enumeração do total de bactérias presentes numa amostra e constitui uma ferramenta para controle das condições higiênico- sanitárias da água no processo de envase (águas minerais) ou nas etapas do tratamento (água potável). A contagem total de bactérias heterotróficas também é conhecida como contagem padrão em placas, pois a técnica empregada para sua quantifica- ção é a contagem em placas, procedimento que se baseia no princípio de que cada célula presente na amostra, quando fixada em um meio de cultura sólido adequado, irá formar uma colônia visível e isolada. Como existem gêneros de bactérias que se agrupam de maneiras diferentes (pares, cadeias, cachos, cubos, etc.) não se pode estabelecer uma relação direta entre o número de colônias e o número de células, visto que, às vezes, uma colônia tem origem de um grupo de células e não de uma célula indivi- dual. Assim surgiu o conceito de “Unidades Formadoras de Colônias - UFC”, que podem ser células individuais ou grupamentos característicos de um tipo de microrganismo, permitindo que seja estabelecida uma relação correta com o número de colônias formadas. A técnica de contagem em placas pode ser realizada segundo três procedi-mentos básicos: 1. Plaqueamento em profundidade (“pour plate”) – nesse procedimento, um volume de até 2,0 ml é adicionado a uma placa estéril, sobre o qual é Gestão AmbientalUAB 120 adicionado o meio de cultura fundido. É indicado para análise de amos- tras com contagens acima de 102 UFC/ml e apresenta limite de detecção de 1 UFC/ml. 2. Plaqueamento em superfície (“spread plate”) – nesse procedimento um pequeno volume de amostra (0,1ml) é espalhado sobre a superfície de um meio de cultura sólido, contido em uma placa de Petri. Apesar de permitir melhor visualização das características das colônias, apresenta como restrição um limite de detecção de 10 UFC/ml. 3. Filtração em membrana – conforme já descrito no item anterior, nesse procedimento, um volume de amostra é filtrado através de uma mem- brana que retém os microrganismos presentes, a qual é depositada em uma placa de Petri contendo meio de cultura sólido. Permite análise de volumes maiores (100 ml), porém só é indicado para amostras com baixo índice de contaminação (águas minerais e tratadas). Caso você queira obter mais informações sobre as análises microbiológicas de água acesse ao site: http://www.cefetpe.br/cefetpe.br/novosite/quimi- ca_down.php Siglas: ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo. CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente CPRH: Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Referências aWWWa/apHa/WeF. standard methods for examination of Water and Wastewater. 20th ed.Washington: 1998. Baird, Colin. química ambiental, Bookman Companhia, 1ª ed., 2002. 624 p. Basset, J.; denneY, r.C.; JeFFerY, g.H.; mendHam, J. Vogel. análise inorgânica quantitativa. 4ª ed. rio de Janeiro: guanabara dois, 1981. UABQuímica Ambiental 121 Brasil. ministério da saúde. agência nacional de Vigilância sanitária. métodos Físico- químicos para análise de alimentos. iV ed. Brasília: ministério da saúde, 2005. 1018 p. HitCHins, a.d.; Feng, p.; WatKins W.d.; rippeY s.r.; CHandler l.a. escherichia coli and the Coliform bacteria. in: Bacteriological analytical manual online. 2001. disponível em: http:// www.cfsan.fda.gov. silVa, n.; Cantúsio neto, r.; JUnqUeira, V.C.a.; silVeira, n.F.a. manual de métodos de análise microbiológica da Água. Campinas: ital/ núcleo de microbiologia, 2000. 99p. Vaitsman, delmo santiago; Vaitsman, mauro santiago. Água mineral. rio de Janeiro: interciência, 2005. 219 p. Sites de Interesse http://www.anvisa.gov.br (agência nacional de Vigilância sanitária). http://www.cetesb.sp.gov.br/ (CetesB – sp, acesso em 02/06/2007). Gestão AmbientalUAB 122 UABQuímica Ambiental 123 Gestão AmbientalUAB 124
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