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Módulo 2 - As crianças e adolescentes expostos à letalidade.
Neste módulo você estudará alguns dos principais grupos de crianças e adolescentes expostos às situações de vulnerabilidade no mundo e no nosso país também.
Antes de iniciar seus estudos assista ao filme:
“Direitos das crianças e adolescentes”
https://www.youtube.com/watch?v=kcozxGjAwNA
Objetivos do módulo.
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
Identificar quais são os grupos de crianças e adolescentes mais expostos à letalidade no Brasil e no mundo;
Caracterizar os grupos de crianças e adolescentes que representam o foco das ações de enfrentamento à letalidade no Brasil;
Reconhecer a importância de garantir os direitos das crianças e adolescente.
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Estrutura do módulo.
Este módulo possui as seguintes aulas:
Aula 1 – Grupos de crianças e adolescentes mais expostos à letalidade no Brasil e no mundo.
Aula 2 – Grupos de crianças e adolescentes que representam o foco das ações de enfrentamento à letalidade no Brasil.
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Aula 1 - Grupos de crianças e adolescentes mais expostos à letalidade no Brasil e no mundo.
As classificações que elencam as principais formas de violência contra as crianças e adolescentes e os grupos de crianças expostos às situações de vulnerabilidade à questão da letalidade têm como objetivo apresentar algumas realidades para que você possa entender melhor os grupos de crianças e adolescentes expostos à letalidade, ou seja, as meninas, os gays, as lésbicas, os travestis e transexuais, os que sofrem violência familiar e os que se encontram cumprindo medidas socioeducativas.
Estude sobre os principais grupos a seguir.
1.1. Crianças em conflito com a lei.
O discurso sobre a criança e a criminalidade coloca em questão um conjunto de opiniões fortemente consolidadas sobre o desenvolvimento infantil, os métodos de formação, a função dos sistemas de justiça, as pressões políticas e o potencial humano para a transformação após um "mau começo" na vida. Embora a institucionalização seja rejeitada, exceto como último recurso pelos especialistas mais modernos em desenvolvimento infantil, a sociedade, preocupada com o crime e a segurança, pode insistir nela. A violência no lar e as pressões exercidas pela pobreza crônica, somadas à falta de sistemas adequados de cuidado e proteção, levam muitas crianças a entrar em conflito com a lei. Uma pesquisa realizada no Peru concluiu que a violência na família e os maus-tratos dispensados à criança foram, em 73% dos casos, os fatores que precipitaram a sua migração para as ruas. Uma vez na rua, muitas crianças adotam comportamentos de sobrevivência arriscados, os quais as colocam em contato com a lei; são comportamentos tais como a mendicância, a vadiagem, a busca de comida e bens no lixo, os pequenos furtos e a prostituição. Daí a frequente associação entre pequenas infrações e a necessidade desesperada de cuidados.
1.2. Refugiados, solicitantes de asilo e imigrantes.
Crianças podem fugir de seu país natal por uma série de razões, inclusive conflitos armados, insurreição étnica, perseguição de sua família, morte ou desaparecimento dos pais e recrutamento militar forçado. Outras podem atravessar fronteiras em busca de melhores oportunidades econômicas e sociais, muitas vezes sem os documentos necessários ou em contravenção às
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leis de imigração. Seja em situação legal ou ilegal, muitas dessas crianças acabam internadas em instituições, onde são isoladas da comunidade.
1.3. Crianças em exércitos em tempos de paz.
Crianças que fazem parte de forças militares governamentais podem estar sujeitas à violência em tempos de paz. O modo de vida, trabalho e residência dessas crianças é essencialmente institucional, ocorrendo em quartéis do exército ou campos de treinamento. Em pelo menos 65 países de todo o mundo, meninos e meninas são recrutados para as forças militares do Governo, seja legalmente, como voluntários, ou ilegalmente, à força ou por meio de subterfúgios. Há evidências consideráveis, indicando que esses soldados com idade menor que 18 anos podem estar sujeitos a bullying, estupro, violência sexual e assédio, a ponto de cometerem autolesão e/ou suicídio e sofrerem de depressão ou de doença mental.
1.4. Crianças órfãs.
Quando a criança perde a sua família ou não pode permanecer com seus pais, as alternativas à institucionalização podem incluir uma família substituta, a adoção, o apoio a membros da família estendido para que atuem como cuidadores e os lares para pequenos grupos. Em regiões rurais da África com alta prevalência do HIV, onde crianças mais velhas desempenham o papel de arrimo de família, muitas vezes é possível oferecer apoio para manter os irmãos juntos e evitar o atendimento institucional.
1.5. Crianças em situação de trabalho infantil.
Não existem estatísticas sobre a prevalência da violência por faixa etária do trabalhador. Nos locais de trabalho regulamentados, onde jovens trabalhadores são contratados legalmente, vigoram códigos e padrões de segurança, que, entretanto, podem não proteger esses jovens adequadamente. Estes, por sua vez, podem relutar em relatar as violências sofridas. Nos lugares que empregam ilegalmente crianças abaixo da idade permitida, a probabilidade de que esses incidentes sejam denunciados é ainda menor. As formas mais comuns de violência cometida contra a criança no local de trabalho são: violência física, incluindo surras, chutes, tapas, chicotadas, queimaduras e em casos extremos, até assassinato; violência psicológica (emocional), incluindo gritos, repreensões, insultos, ameaças, linguagem obscena, bullying, mobbing, isolamento, marginalização e tratamento sistematicamente discriminatório;
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violência sexual, incluindo assédio sexual, carícias e estupro. O dano mais frequente ao bem-estar das crianças trabalhadoras causado pela violência parece ser a baixa autoestima resultante de abusos verbais, humilhações e bullying.
1.6. Crianças sujeitas a trabalho forçado e a servidão por dívida.
As crianças vítimas de trabalho forçado e servidão por dívida representam dois terços das crianças que desempenham as piores formas incondicionais de trabalho infantil, que, segundo uma estimativa conservadora da Organização Internacional do Trabalho (OIT), atingem 5,7 milhões de crianças no mundo todo. Uma porcentagem desconhecida, mas significativa, consiste em vítimas de tráfico: a maioria dos casos encontra-se na Ásia, mas a prática existe em todas as regiões. O trabalho forçado e a servidão por dívida são classificados como escravidão pela Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura de 1956. Embora ambos sejam universalmente considerados como atividades criminosas, muito raramente os casos são levados ao tribunal. A definição de trabalho forçado compreende dois elementos básicos: trabalho ou serviço extorquido sob ameaça de punição e trabalho empreendido involuntariamente. A ameaça ou punição pode vir sob muitas formas; sua forma mais violenta envolve violência ou contenção física ou mesmo ameaças de morte dirigidas à vítima ou a seus parentes. Também podem ser usadas formas mais sutis de coerção, como a ameaça de denunciar trabalhadores ilegais à polícia ou de informar os anciãos do vilarejo sobre meninas forçadas a se prostituírem em cidades distantes.
1.7. Crianças exploradas pela indústria do sexo.
A exploração de crianças com idade menor que 18 anos na prostituição, na pornografia infantil ou em shows de sexo constitui violência prima facie contra elas. Obrigar crianças a desempenhar atos sexuais ou atos com alta conotação sexual ou, ainda, oferecer uma criança a outra pessoa para uso sexual de qualquer natureza é uma violação dos seus direitos e constitui crime no mundo todo. As próprias crianças com idade para trabalhar condenam essa forma de ganhar a vida, descrevendo o comércio sexual como uma atividade criminosa que não deveser confundida com outros tipos de trabalho. Embora as estatísticas relacionadas ao número de crianças usadas na prostituição sejam genéricas e todas as estatísticas sobre prostituição devam ser encaradas com algum ceticismo, acredita-se que cerca de um milhão de crianças ingressem na prostituição a cada ano. Um estudo realizado em 13 países pela ONG Save the
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Children indica que a exploração sexual de crianças está aumentando, com evidências de atividades criminais crescentes relacionadas ao tráfico de crianças para fins sexuais, exploração por turistas e viajantes, pornografia e crimes relacionados à Internet.
1.8. Grupos indígenas.
Na América Latina, como em todos os lugares, os povos indígenas e suas crianças são submetidos a um alto nível de trabalhos forçados e, via de regra, enfrentam também altos índices de pobreza, discriminação e exclusão. Os habitantes de áreas remotas são especialmente suscetíveis ao recrutamento coercitivo e à servidão por dívida devido à fraca presença do Estado. Em áreas remotas do Brasil, é mais barato contratar crianças, pois estas são consideradas mais dóceis. Elas trabalham na derrubada de árvores, no corte de madeira, na plantação de cana-de-açúcar, na mineração, em destilarias e carvoarias, todas as quais são atividades perigosas. Uma vez contratadas, invariavelmente de forma enganosa, elas se tornam devedoras e não têm chance de voltar para casa.
1.9. Crianças envolvidas no comércio de drogas.
O comércio de drogas tornou-se uma das categorias mais difundidas de trabalho infantil ilícito. Embora não sejam viciadas quando começam a vender drogas, elas logo experimentam os produtos que estão vendendo. As crianças são atraídas para o comércio devido à socialização com traficantes nas ruas e
falta de alternativas. O aumento do envolvimento dos jovens reflete-se no aumento dramático de condenações registradas (de crianças menores de 18 anos) por venda de drogas e por tráfico de drogas - de 110 em 1980 para 1.584 em 2001. As ocorrências de infrações culposas e porte ilegal de armas também aumentaram significativamente durante esse período.
1.10. "Crianças de rua".
Formam uma categoria grande e mal definida de crianças. Desde os anos 80, os analistas traçaram uma distinção entre crianças nas ruas e crianças de rua. Uma parte relativamente pequena, menos de 10% das crianças visíveis nas ruas, adotou de fato a rua como o seu habitat. Esse grupo é normalmente caracterizado pelo termo "crianças de rua". Embora possa ser usado de forma pejorativa, o termo também é empregado por muitas crianças e por suas organizações representativas, algumas vezes, com orgulho considerável. A
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discriminação e a violência contra a criança moradora de rua, muitas vezes, nasce do estigma associado à falta de uma família (evidentemente, muitas têm família) e às atividades que elas podem ter que adotar para sobreviver. As crianças de rua de todos os lugares relatam ser demonizadas por atividades que, mesmo que envolvam pequenas infrações, de maneira nenhuma justificam o tipo de violência cruel e gratuita à qual são muitas vezes submetidas. Meninas e meninos de rua são vulneráveis ao abuso sexual cometido por muitos indivíduos, incluindo transeuntes e pessoas que oferecem abrigo. Elas também se arriscam a serem recrutadas por cafetões e traficantes para exploração sexual e econômica ou a ter que apelar para o "sexo de sobrevivência" (sexo em troca de comida ou abrigo).
Aula 2 - Grupos de crianças e adolescentes que representam o foco das ações de enfrentamento à letalidade no Brasil.
Para responder quem são as crianças e adolescentes mais expostos à letalidade no nosso país foram selecionados grupos que são o público-alvo de alguns projetos, ações e programas da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNPDCA) e que se constituem em grupos de grande exposição e vulnerabilidade à letalidade. São as crianças e os adolescentes, dos quais já falamos na aula 1, as meninas e os integrantes da comunidade LGBT, os que têm conflitos com a lei e os que são vítimas de violência sexual.
Dada as dificuldades e precariedades a que muitas crianças e adolescentes destes grupos estão expostas, a letalidade é um fenômeno que é muito mais recorrente entre elas que em outros grupos no nosso país.
Veja, a seguir, algumas especificidades sobre estes grupos.
2.1. As meninas.
Nos vídeos abaixo você estudará sobre a hostilidade e o preconceito existente, ainda nos dias atuais, referente ao nascimento das meninas, em muitas partes do mundo. Esta hostilidade e a consequente vulnerabilidade a que elas estão expostas tem motivos diversos e você poderá conhecer mais sobre este fenômeno, a seguir.
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“La maldición de ser la niña – parte 1”
http://www.youtube.com/watch?v=r-Wq40tPYho)
“La maldición de ser la niña – parte 2 a 5”
http://www.youtube.com/watch?v=bYOQxZgLlV8&feature=relmfu
A história de grande parte das meninas, no Brasil e no mundo, é a de um relato dramático, nos quais ficam evidenciadas suas vulnerabilidades e nos quais elas, antes mesmo de se firmarem legitimamente como sujeitos de direito, são vítimas de situações de abandono, maus tratos, desamparo e toda sorte de violações de direito. A luta por medidas protetivas, que garantam a cidadania e uma plena qualidade de vida a estas cidadãs, está na pauta de muitas agendas governamentais e de outras instituições que reivindicam uma existência plena para crianças e adolescentes.
Saiba mais...
Você sabe o que é feminicídio?
Para saber mais sobre o tema e sobre meninas expostas à letalidade, acesse o site http://es.wikipedia.org/wiki/Feminicidio sobre o assunto e leia o texto “Quem são as meninas, crianças e adolescentes que morrem vítimas da letalidade no nosso país e no mundo?1”.
No Brasil, a realidade sobre a violência contra as mulheres, jovens e meninas também é flagrante e dramática. Segundo as informações contidas no Caderno Complementar ao Mapa da Violência 2012 (WAISELFIZ, 2012), de 1980 a 2010, foram assassinadas no país cerca de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década.
De acordo com o mapa, as armas de fogo são empregadas em pouco mais da metade dos homicídios femininos. O restante dos assassinatos de mulheres se dá com o uso de objetos cortantes, penetrantes, contundentes, e por sufocação
Ver anexo.
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etc. Em 2007, 1.066 adolescentes, de 15 a 24 anos do sexo feminino, foram assassinadas no Brasil, sendo 40% deste total no sudeste. Já segundo o Mapa 2010, ainda em relação à população feminina nesse mesmo intervalo etário, o homicídio é maior na região centro-oeste (7,5%), percentual que é seguido pelas regiões sul (6,9%), sudeste (6,7%), nordeste (5,2%) e norte (4,8%).
Veja, a seguir, alguns tipos mais comuns de violências sofridas pelas meninas e adolescentes ao redor do mundo e no Brasil.
2.1.1. Tipos mais comuns de violências sofridas pelas meninas e adolescentes no Brasil e no mundo.
As meninas e adolescentes caracterizadas a seguir constam do Relatório Mundial sobre a Violência contra Criança2 coordenado por Paulo Sérgio Pinheiro e são as seguintes:
Meninas e adolescentes expostas à violência relacionada a comportamentos sexuais e percepções de honra.
Em algumas circunstâncias, as meninas são vistas como cúmplices em casos de violência sexual e são responsabilizadas pelo ato sexual, seja ele forçado, violento ou não, em vez de seus agressores. Em alguns países, se o agressor negar o ato e não houver testemunhas, uma menina com mais de 12 anos de idade pode ser severamente punida por um estupro e outros tipos de agressão sexual. Em algumas culturas, a perda de virgindade de uma menina da família, mesmo que em decorrência de um estupro, é percebida como algo que compromete a honra familiar, podendo levar à sua morte nas mãos de parentes. Atos de extrema violência podem ser cometidos contrameninas e mulheres que não assumem comportamentos estereotipados. A rejeição de investidas românticas ou propostas de casamento, por exemplo, pode desencadear uma reação violenta. O número de ataques com ácido contra mulheres e meninas em Bangladesh, em função de rejeições de propostas de namoro ou casamento, que atualmente está estimada em cerca de 120 por ano, alcançou o percentual de 17% em 2003. A maioria das meninas que sofre ataques desse tipo pertence a lares pobres e eles geralmente ocorrem quando elas estão a caminho da escola ou quando saem de casa para pegar água ou combustível.
http://pt.scribd.com/doc/52945229/Relatorio-Mundial-Sobre-a-Violencia-Contra-a-Crianca
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As meninas e adolescentes expostas à violência sexual em relacionamentos íntimos e casamentos precoces.
Para um grande número de meninas - e alguns meninos, a primeira experiência de uma relação sexual na adolescência é indesejada e até forçada e alguns desses estupros ocorrem no contexto de relacionamentos íntimos ou de uniões estáveis ou casamentos de precoces. Casos de violência podem também ocorrer em namoros, mas esse tipo de relacionamento não formal entre meninos e meninas (e entre casais do mesmo sexo) tende a ocorrer fora do lar e do contexto familiar, razão pela qual ele será abordado principalmente no capítulo sobre violência contra a criança na comunidade. Em muitas sociedades, os casamentos ou uniões estáveis são arranjados - no caso das meninas, geralmente quando elas chegam à puberdade ou pouco depois - pelos pais e membros mais velhos da família. Algumas vezes, essas uniões são forçadas, particularmente para meninas, e resultam em casamentos precoces. Embora as justificativas para essa prática incluam a pretensa necessidade de proteger a honra da família e a pureza sexual da menina, fatores econômicos também desempenham um papel importante nesse contexto. As meninas podem ser vistas como uma responsabilidade econômica em famílias pobres, o dote para elas geralmente é mais baixo, os ganhos econômicos gerados pelo casamento são mais altos para meninas mais novas e o casamento de uma menina nova pode ser arranjado para garantir seu futuro econômico e o de sua família.
A Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra Mulheres prevê que o casamento de qualquer criança não tem efeito legal e que todas as medidas necessárias devem ser tomadas para especificar uma idade mínima para o casamento, inclusive medidas legislativas. Nas suas Recomendações Gerais de 1994, sobre igualdade e relações familiares, o Comitê para a Eliminação da Discriminação contra Mulheres (CEDAW) recomendou que a idade mínima para o casamento de meninos e meninas deve ser de 18 anos. O Comitê sobre os Direitos da Criança acatou essa proposta e frequentemente recomenda aos Estados que aumentem e equalizem a idade legal para o casamento.
O casamento precoce de meninas tem consequências negativas significativas sobre sua saúde, desenvolvimento e direitos. Frequentemente, ele mina suas oportunidades de receber uma educação formal e provoca seu isolamento social. Esposas jovens são vistas como pessoas que concordaram em ter relações sexuais com seus maridos e, por isso, elas engravidam antes de seus
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corpos estarem plenamente formados. Elas enfrentam taxas mais altas de problemas no parto e de mortalidade materna. O mesmo se aplica ao casamento com crianças. Além de outros riscos para sua saúde e desenvolvimento, meninas que se casam antes dos 18 anos correm o risco de sofrerem violência física, sexual e psicológica nas mãos de seus maridos e há evidências que sugerem que meninas que se casam cedo ficam mais expostas ao risco de sofrerem violência que outras mulheres. A violência íntima contra meninas casadas constitui frequentemente uma manifestação de uma relação desigual de poder entre elas e seus maridos e revela crenças subjacentes da sociedade em relação à função e condição de homens e mulheres.
Meninas e adolescentes expostas às mutilações e cortes genitais femininos.
O termo "práticas tradicionais prejudiciais" é mais frequentemente associado à mutilação ou "corte" genital feminino, como é descrito nas áreas, onde essa prática é adotada. Segundo estimativas da OMS, entre 100 e 140 milhões de meninas e mulheres foram submetidas a algum tipo de mutilação genital no mundo. Desde a mais tenra idade até a adolescência, meninas são submetidas a essa extirpação, que geralmente remove seu clitóris antes de se casarem. A mutilação genital feminina é vista como uma forma de proteger sua virgindade ou como um processo de embelezamento e, em várias culturas, ela é considerada como um pré-requisito essencial para o casamento. Há diferentes formas de mutilação genital feminina, algumas das quais envolvem extirpações mais radicais na área genital que outras. Em sua forma mais extrema (infibulação), os lábios internos e externos são cortados e as bordas expostas são costuradas, deixando a vagina quase fechada. Após esse procedimento, as pernas das meninas geralmente são amarradas dos pés aos quadris e elas ficam imobilizadas por vários dias para permitir a formação de tecido cicatrizante. De 90 a 98% das meninas somalis são submetidas a esse tipo de procedimento, geralmente com idades entre 7 e 8 anos. Ele acarreta consequências profundas para as experiências das mulheres em suas relações sexuais e maternidade. Seu trabalho de parto geralmente fica mais prolongado ou elas podem dar à luz a natimortos. Após o parto, ela geralmente é "recosturada". O fenômeno também ocorre em países industrializados, entre grupos da diáspora.
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Meninas e adolescentes expostas à violência psicológica.
Todas as formas de violência física e sexual envolvem algum dano psicológico, mas a violência psicológica pode também assumir a forma de insultos, desprezo, isolamento, rejeição, ameaças, indiferença emocional e depreciação
que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento psicológico e ao bem-estar da criança. Não há definições padronizadas e pouco se sabe sobre a escala global dessa forma de violência contra a criança, exceto que ela é frequentemente acompanhada por outras formas de violência; no entanto, observou-se que a agressão psicológica e a física coexistem em lares violentos. Em contextos familiares violentos, o medo e a ansiedade prevalecem constantemente em função da expectativa da violência e da dor, humilhação e medo experimentados no momento da agressão. Grupos de crianças mais velhas desenvolvem uma sensação de solidão devido à rejeição e desconfiança dos pais e, em alguns casos, auto-rejeição.
As expostas à violência sexual e baseada no gênero.
A violência de gênero tem origem na desigualdade de gênero, em estereótipos e em papéis socialmente impostos. A violência sexual, inclusive o assédio sexual de meninas, pode ser motivado pelo desejo de punir ou humilhar meninas em função de seu sexo ou sexualidade, por interesse sexual ou por mera bravata. Ela também é usada para intimidar, humilhar e diminuir meninas. Isso pode ser claramente percebido na prática de responsabilizar meninas por estupros e, onde a discriminação de gênero não é questionada, elas podem ser responsabilizadas por quase qualquer tipo de assédio, agressão ou exploração sexual. Estudos sugerem que o assédio sexual de meninas em escolas, por parte de professores e colegas, é comum em todo o mundo em diferentes níveis e que ele pode ser particularmente frequente e extremo, onde outras formas de violência também prevalecem. Os professores geralmente percebem o assédio sexual entre alunos, mais frequentemente com meninas, como um elemento normal da vida na escola e, por isso, o ignoram. Nessas circunstâncias, é difícil para os alunos denunciarem casos de assédio.
As expostas ao Bullying centrado no sexo ou na sexualidade.
Professores e outras crianças frequentemente pressionam crianças para que se ajustem a valores culturais e a atitudes sociais que definem o que significa ser"masculino" ou "feminino". Um método amplamente empregado é o de se usar palavras para sugerir que um menino está agindo como uma menina ou
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talvez seja gay e que uma menina está agindo como um homem ou talvez seja lésbica. Essas conotações podem ser usadas jocosamente, mas transmitem a mensagem de que seria muito ruim ou inaceitável se fossem verdade. Elas podem ser usadas maliciosamente para castigar ou intimidar crianças por serem "afeminadas demais" ou "masculinizadas demais", por serem sabida ou supostamente gays ou lésbicas ou simplesmente por serem diferentes em algum outro aspecto não aceito. Quando meninos chamam meninas de "piranhas", "lésbicas" ou outros termos semelhantes, os quais questionam sua moral sexual ou sexualidade, eles podem, na verdade, estar expressando ressentimentos em relação a elas de um modo geral ou sentimentos de raiva, frustração ou inveja.
A situação especial das meninas.
Em muitas partes do mundo, há escolas locais para crianças pequenas, mas elas precisam deixar seus lares e passarem a viver em colégios internos ou a morarem com parentes para poderem cursar as últimas séries do ensino fundamental e o ensino médio. Isso é o que geralmente acontece em regiões, cujas populações estão espalhadas em áreas rurais remotas, como em montanhas ou outros locais de difícil acesso. Os pais temem que as meninas sejam agredidas a caminho da escola ou ao voltarem dela a pé ou em ônibus lotados. Em algumas sociedades, caracterizadas por baixos níveis de escolarização entre meninas, o isolamento delas em casa após a puberdade ainda é comum, bem como a taxa de casamentos precoces. Isso acontece, por exemplo, em muitas partes do Sul da Ásia e do Oriente Médio. Mesmo quando elas não são segregadas, pesquisas revelam que seus pais temem pela segurança sexual de suas filhas na escola.
As meninas internadas.
O uso da chamada "custódia protetora" afeta de forma desproporcional as meninas, que são as vítimas mais frequentes da violência e da exploração sexual. O número de internações para a proteção de meninas que sofreram abuso sexual é particularmente alto em países, onde se praticam "crimes contra a honra". Por exemplo, na Síria é comum que as meninas que sofreram violência sexual sejam internadas em instituições para delinquentes juvenis em vez de serem entregues a seus pais, devido ao temor de que sejam mortas para preservar a honra da família ou forçadas a se casarem com seus estupradores. Como as meninas normalmente são internadas em menor número que os meninos, os governos tendem a dispor de uma quantidade
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ainda menor de instalações, onde sejam segregadas das mulheres adultas. As meninas em casas de internação correm maior risco de sofrerem abuso físico e sexual, particularmente quando detidas em instalações para ambos os sexos ou quando a ausência de instalações específicas para meninas faz com que sejam internadas em instituições para adultos. A falta de funcionárias do sexo feminino é uma preocupação adicional nos centros que alojam meninas detidas. Muitas vezes, funcionários do sexo masculino dedicam-se ao "assédio sexual permitido", o que inclui toques impróprios durante as revistas ou a observação das meninas enquanto elas se vestem, tomam banho ou usam o banheiro. Os funcionários do sexo masculino também se valem da sua posição de autoridade para exigir favores sexuais e são responsáveis pela prática de violência sexual e estupro.
Meninas empregadas domésticas.
A acolhida de crianças de outros domicílios para desempenhar tarefas domésticas é vista há muito tempo, em muitas sociedades, como uma forma de asilo, adoção ou auxílio à criança da família menos afortunada. Na África Ocidental, existe uma tradição de migração das crianças das áreas rurais para áreas urbanas, onde trabalham para outros como parte da sua formação. Na maior parte da África Subsaariana, a troca de crianças entre casais da mesma família estendida costumava ser uma forma de apoio mútuo. Hoje essas práticas se tornaram cada vez mais comercializadas. Milhões de crianças vivem nas casas de outras pessoas, a distâncias cada vez maiores das suas próprias casas e realizam trabalhos domésticos como "ajudantes" ou “empregadas”. Embora haja uma pequena proporção de meninos, o trabalho doméstico geralmente é reservado às meninas e constitui a maior categoria de emprego para meninas com menos de 16 anos de idade em todo o mundo. Recrutadores e traficantes de várias regiões fornecem meninas da zona rural, oriundas de grupos em condições desfavoráveis, áreas desvalorizadas e países vizinhos, para alimentar a demanda urbana por trabalhadores domésticos em vários países do mundo. Isso vem se tornando cada vez mais uma forma de emprego não regulamentado, exploração e até servidão. Esse cenário é confirmado por vários estudos recentes, que ressaltam a extrema vulnerabilidade das crianças empregadas domésticas.
A situação das crianças empregadas domésticas geralmente é considerada segura por seus pais, uma vez que a criança tende a viver em acomodações melhores que as da sua casa, pode comer melhor e está sob os cuidados dos seus empregadores e familiares. No entanto, a natureza fechada do domicílio,
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o isolamento da criança e a natureza "invisível" desse tipo de trabalho coloca a criança sob risco considerável. As crianças empregadas domésticas estão à mercê dos empregadores e de outras pessoas da casa. A relação entre as crianças domésticas e as demais pessoas da casa frequentemente é relatada como boa, tornando-se depois intolerante e abusiva. Em lugares onde existe um estigma social firmemente estabelecido com relação às classes sociais mais baixas, uma patroa pode comportar-se com impunidade, sujeitando sua empregada ou empregado a demandas impossíveis, formas extremas de castigos físicos e violência grave. Ao mesmo tempo, as meninas empregadas podem ser assediadas sexualmente pelos homens da casa.
Violência contra a criança moradora de rua.
"Crianças de rua" formam uma categoria grande e mal definida de crianças. Desde os anos 80, os analistas traçaram uma distinção entre crianças nas ruas e crianças de rua. Uma parte relativamente pequena, menos de 10% das crianças visíveis nas ruas adotaram de fato a rua como o seu habitat. Esse grupo é normalmente caracterizado pelo termo "crianças de rua". Embora possa ser usado de forma pejorativa, o termo também é empregado por muitas crianças e por suas organizações representativas, algumas vezes com orgulho considerável. No passado, pensava-se que milhões de crianças sem raízes viviam nas ruas de vários países da Ásia e da América Latina. Porém, as pesquisas estabeleceram que muitas dessas crianças na verdade têm famílias funcionais. Apesar disso, existem cidades em muitas regiões em que grandes quantidades de crianças estabeleceram-se nas ruas e raramente ou nunca vão para casa. As crianças de rua de todos os lugares relatam ser demonizadas por atividades que, mesmo que envolvam pequenas infrações, de maneira nenhuma justificam o tipo de violência cruel e gratuita à qual são muitas vezes submetidas. Meninas e meninos de rua são vulneráveis ao abuso sexual cometido por muitos indivíduos, incluindo transeuntes e pessoas que oferecem abrigo. Elas também se arriscam a serem recrutadas por cafetões e traficantes para exploração sexual e econômica ou a terem que apelar para o "sexo de sobrevivência" (sexo em troca de comida ou abrigo).
Tráfico de crianças.
Desde os anos 90, o tráfico substancial de seres humanos, incluindo crianças, em territórios nacionais por meio das fronteiras internacionais é motivo de grande preocupação internacional. As estatísticas sobre o tráfico são imprecisas, mas a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou em
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2003 que um milhão e duzentas mil crianças são traficadas todos os anos. O tráfico pode envolver rapto, porém em muitos casos ele começa com enganação ou engodo. Por exemplo, muitos recrutadores e traficantes lidam diretamentecom os pais, que podem acreditar que está lhes sendo oferecida uma oportunidade para melhorar as perspectivas de vida da criança, que obterá um trabalho bem remunerado e poderá remeter dinheiro para casa e ajudar a família. Contudo, uma vez longe de casa e da comunidade, a criança torna-se vulnerável a muitas formas de violência. Essa violência inclui os abusos físicos e sexuais a que é submetida uma parcela significativa das vítimas durante a viagem, sua manutenção em cativeiro, enquanto esperam pela colocação em um "trabalho", e também os tipos de situações para as quais são traficadas. Essas situações vão do trabalho doméstico mal pago à prostituição, ao trabalho rural em condições de escravidão ou à servidão por dívida (ver o capítulo sobre violência contra a criança no local de trabalho). Uma criança traficada geralmente não tem documentos e muitas vezes não sabe falar o idioma do país em que está, o que dificulta suas tentativas de voltar para casa.
Em muitos casos, as crianças voltam para circunstâncias sociais inalteradas e, portanto, correm novo risco de serem traficadas. Quando são resgatadas ou escapam, as crianças traficadas podem ser detidas pela polícia ou pelas autoridades de imigração, correndo o risco de serem deportadas para o país de origem. Isso foi relatado em países de todas as regiões e, tipicamente, ocorre sem encaminhamento para os tribunais ou outras autoridades. A repatriação acontece sem qualquer atenção aos interesses superiores da criança ou ao seu direito de ser consultada em decisões que afetem o seu futuro. As crianças vítimas de tráfico frequentemente são tratadas como criminosas devido ao seu envolvimento suposto ou real com atos delituosos cometidos, como resultado da sua situação de vítima do tráfico ou da coerção de seus captores, tais como: furto, prostituição ou imigração ilegal.
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2.1.2. Casos emblemáticos relativos à letalidade e dados significativos.
Você estudará, a seguir, três casos emblemáticos – Ana Lídia, Aracelli e Isabella Nardoni - relativos à letalidade de meninas e adolescente do nosso país.
importante destacar que por demais recorrentes que sejam os casos e que servem aqui para dar visibilidade ao problema e tirar a história destas meninas e adolescentes do esquecimento, entendem-se que a denúncia e o testemunho são instrumentos poderosos para a criação de políticas específicas às jovens vítimas.
O caso Ana Lídia refere-se ao assassinato de Ana Lídia Braga, um crime acontecido no Brasil na década de 1970, em plena ditadura militar.
A família de Ana Lídia morava na Asa Norte em Brasília, no Distrito Federal. Ela tinha sete anos de idade, quando a sequestraram do Colégio Madre Carmen Salles, escola onde foi deixada pelos pais às 13h30 do dia 11 de setembro de 1973. A menina foi, posteriormente, torturada, estuprada e morta por asfixia; morte que, segundo os peritos que analisaram seu corpo, teria acontecido na madrugada do dia seguinte. Seu corpo foi encontrado por policiais, em um terreno da UnB, às 13 h do dia 12 de setembro. Estava semienterrado em uma vala, próxima da qual havia marcas de pneus de moto e duas camisinhas, provas que com facilidade poderiam levar os investigadores até os culpados da atrocidade.
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Filha de Gabriel Crespo e de Lola Sanchez, Aracelli Cabrera Sanchez Crespo, de 8 anos, não voltou para casa depois da escola, na cidade de Serra, no Espírito Santo, no dia 18 de maio de 1973. O corpo da menina foi encontrado seis dias depois nos fundos do Hospital de Vitória (Hospital Jesus Menino) desfigurado e com marcas de abuso sexual.
Vinte e sete anos depois, a data de sua morte foi transformada no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes pelo Congresso Nacional. Paulo Helal e Jorge Michelini, acusados de terem abusado barbaramente e assassinado a menina, jamais foram condenados.
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Isabella de Oliveira Nardoni, de cinco anos de idade, filha de Alexandre Alves Nardoni e Ana Carolina Cunha de Oliveira, foi jogada, no dia 29 de março de 2008, de uma altura de seis andares do Edifício London no distrito da Vila Guilherme, em São Paulo. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina, foram condenados e presos no início de 2009.
A história da morte destas meninas representa e expressa de forma contundente a hostilidade e negligência de uma cultura e de uma sociedade que não cuida de suas meninas.
2.2. Os adolescentes LGBT.
Outro grupo de adolescentes que tem suas vidas continuamente expostas à letalidade, no nosso país e no mundo, é o das LGBT. Mesmo com todos os avanços do Movimento LGBT no Brasil e no mundo, parece que vivemos, na atualidade, um retrocesso imenso no que se refere à luta contra o preconceito e a discriminação e contra esta comunidade.
No vídeo, a seguir, você poderá perceber que os ataques a este grupo de adolescentes é cada vez mais frequente e denunciado:
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=mxKcdECwYnw
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As reivindicações do coletivo LGBT, no entanto, fazem parte da pauta de qualquer campanha política, na atualidade, dado ao grande número de eleitores que defendem esta pauta, o que os torna, em muitos casos, uma estatística decisiva em determinados pleitos. Não há como ignorar a força política de suas reivindicações, expressão legítima de uma parte grande da população e apoiada por um grande número de pessoas que defende a liberdade da orientação sexual de cada um.
Temas como a questão do casamento gay, da legalidade das relações homoafetivas, das famílias homo parentais, atualíssimos, convivem, no entanto, com as estatísticas aterradoras de jovens mortos em todo o país, vítimas da expressão de ódio que estes avanços suscitam em determinados segmentos sociais, principalmente os mais conservadores e muitos religiosos.
2.2.1. Os direitos reivindicados pela comunidade LGBT.
Os direitos reivindicados pela comunidade LGBT variam de país para país e mesmo dentro das próprias comunidades LGBT de acordo com as especificidades e vocações locais. Questões como a luta contra a pena de morte para homossexuais, como a reivindicação para a defesa do direito ao casamento e a sucessão de bens, assim como a defesa dos travestis em relação aos tratamentos hormonais e cirúrgicos, ou dos transexuais em defesa dos direitos relativos à assistência de cirurgias de redesignação de sexo, mudança do nome e sexo nos registros civis, são demandas e reivindicações que variam de formas diferentes em diversos países.
Veja algumas das reivindicações de direitos:
O direito à vida, independente de orientação sexual, identidade de gênero e identidade sexual etc;
O direito à integridade social, refutando todas as formas de preconceito contra homossexuais;
Os direitos civis, incluindo o direito ao casamento civil e à união estável entre pessoas do mesmo sexo, refletindo nos direitos de pensão, sucessão de bens, adoção de filhos etc, garantidos aos casais heterossexuais;
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O direito de tratamento médico, os quais travestis e transexuais buscam ser atendidos pelos órgãos de saúde públicos para realizarem as mudanças hormonais e/ou cirúrgicas que condizem com as suas identidades;
O direito de revisão do nome e sexo nos registros civis para transexuais.
Saiba mais...
Para melhor situar o contexto histórico dos problemas relativos à violência contra a comunidade LGBT da atualidade é importante lembrar que a institucionalização desta luta, no Brasil e no mundo, ainda que recente, se consolida cada dia mais. Conheça um pouco do histórico dessa questão3.
2.2.2. Marcos legais contra a violência e a impunidade.
Como marcos legais é importante destacar os quesitos relativos ao tópico IV, do Programa Brasil sem Homofobia, que fala do Direito à Segurança- Combate à violência e à impunidade:
Apoiar a criação de instrumentos técnicos para elaboração de diretrizes,de recomendações e de linhas de apoio por meio do Plano Nacional de Segurança e de outros programas para as Secretarias Estaduais de Segurança Pública e os órgãos municipais que atuam na área de Segurança Urbana, Brasil Sem Homofobia, visando o estabelecimento de ações de prevenção à violência e combate à impunidade contra gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais;
Estimular o desenvolvimento e o apoio na implementação de políticas públicas de capacitação e de qualificação de policiais para o acolhimento, o atendimento e a investigação em caráter não discriminatório; a inclusão nas matrizes curriculares das Polícias e das Guardas Municipais do recorte de orientação sexual e do combate à homofobia nos eixos temáticos de direitos humanos; e a sistematização de casos de crimes de homofobia para possibilitar uma literatura criminal sobre o tema;
Apoiar a criação de Centros de Referência contra a Discriminação, na estrutura das Secretarias de Segurança Pública, objetivando o acolhimento, orientação, apoio, encaminhamento e apuração de denúncias e de crimes contra homossexuais;
Ver anexo “Um pouco da história”
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Criar instrumentos técnicos para diagnosticar e avaliar a situação de violação aos direitos humanos de homossexuais e de testemunhas de crimes relacionados à orientação sexual para levantar os tipos de violação, a tipificação e o contexto dos crimes, o perfil de autores e o nível de vitimização, de modo a assegurar o encaminhamento das vítimas GLBT, em serviços de assistência e proteção;
Propor a criação de uma câmara técnica para diagnosticar, elaborar e avaliar a promoção das políticas de segurança na área em questão.
A segunda versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH II, 2002) também contém uma seção dedicada ao assunto, com quinze ações a serem adotadas pelo Governo Brasileiro para o combate à discriminação por orientação sexual4 e para a sensibilização da sociedade para a garantia do direito à liberdade e à igualdade de gays, lésbicas, travestis, transgêneros e bissexuais, da qual ressaltamos as relativas ao enfrentamento contra a violência à comunidade LGBT.
Este grupo, que tem de conviver com a discriminação e o preconceito e que por conta destas limitações tem seus direitos básicos de cidadania e o direito a sua livre expressão afetivo-sexual restritos, é um dos grupos de adolescentes mais expostos à letalidade no nosso país. As estatísticas são aterradoras.
Segundo o Relatório Anual do Grupo Gay da Bahia, o Brasil confirma a sua posição em primeiro lugar de assassinatos homofóbicos, e informa que em 2011 houve 266 homicídios.
Para o responsável por este Relatório, o Prof. Luiz Mott, antropólogo da Universidade Federal da Bahia e fundador do GGB, “a subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg de crueldade e sangue.” Para Mott, quanto a idade, “4% das vítimas tinham menos de 18 anos ao serem assassinadas, sendo a vítima mais jovem um estudante gay paulista de 14 anos.”
Leia	mais	na	página
http://www.ggb.org.br/Assassinatos%20de%20homossexuais%20no%20Brasil%20relatorio%20 geral%20completo.html
Ver anexo “Garantia de Direito de Liberdade”.
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O trabalho realizado pela campanha Mães pela Igualdade5, que reúne mães de várias partes do Brasil, tem como objetivo o engajamento a campanhas contra a discriminação, a violência e a homofobia, que, no entendimento delas, apresenta índices cada vez mais alarmantes no país. Para elas é importante fomentar a idéia de que “há vários modelos de família e que por isso respeito à diversidade, igualdade de direitos e fraternidade são valores que defendemos e promovemos”.
Conheça mais sobre o trabalho realizado, por meio dos depoimentos a seguir:
	Depoimento 1
	Depoimento 26
A premissa ideal prevista no preâmbulo da Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC)7, que declara que “a criança, para o desenvolvimento harmonioso de sua personalidade, deve crescer num ambiente familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão”, não se estende para muitos adolescentes considerados infratores e que deveriam ter o seu bem-estar assegurado pela família e pelo Estado.
O destino de muitas crianças e adolescentes é crescer longe de suas famílias e em situações precárias e muitas vezes expostas a uns cem números de violências institucionais. Paulo Sérgio Pinheiro, em seu Relatório Mundial sobre Violência Contra a Criança, repara para a existência frequente de um profundo grau de discriminação contra crianças e adolescentes que acabam sendo institucionalizados ou detidos e que “a falta de preocupação do público com a brutalidade dispensada às crianças em instituições correcionais pode refletir a rejeição da sociedade em relação às crianças que não se encaixam no comportamento social convencional.” (CDC p.188)
Saiba mais...
Por que crianças entram em conflito com a lei?
Para saber mais sobre essa questão clique aqui8.
http://maespelaigualdade.blogspot.com.br
Ver anexo “Depoimento 1 e 2”.
http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/convencao_direitos_crianca2004.pdf
Ver anexo “Por que crianças entram em conflito com a lei?”
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Para melhor compreendermos quem é o adolescente que cumpre medida socioeducativa, convém lembrar do substantivo avanço que representou, no Brasil, a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 ao adotar a Doutrina da Proteção Integral9, também chamada Doutrina das Nações Unidas para a Proteção dos Direitos da Infância, e romper com a tradição do “menor” expressa no Código de Menores de 1927, e com a Doutrina da Situação Irregular10, consubstanciada no Código de Menores de 1979 e na Política Nacional do Bem-Estar do Menor.
A partir da promulgação do ECA, uma nova concepção é adotada, a de que crianças e adolescentes são sujeitos de direito e realinham-se assim às atribuições do Estado e ao papel da família em relação a eles.
dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além de deixá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1990, p. 23).
a partir desta perspectiva inovadora que se deve observar os itens específicos do Estatuto que assevera que somente os adolescentes, pessoas entre 12 e 18 anos de idade, são passíveis de cometerem o ato infracional, entendido como a transgressão das normas estabelecidas, do dever jurídico, que em face das especificidades que os cercam, não pode se caracterizar enquanto crime, cabendo-lhes, nestes casos, medidas socioeducativas, cujo objetivo é menos a punição e mais a tentativa de reinserção social, de fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Esta perspectiva reclama uma nova forma de ver, compreender e atender a criança e o adolescente em regime da mais absoluta prioridade, com ênfase na prevenção e na implementação de políticas públicas, nos mais diversos setores e níveis de governo, que permitam a efetiva solução dos problemas que afligem a população infanto-juvenil tanto no plano individual quanto coletivo.
9Ver anexo
Ver anexo.
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Sobre esta questão, veja a seguir o Artigo 112 do ECA.11
Importante!
Do ponto de vista do tratamento emprestado pelo ECA à questão do adolescente em conflito com a lei, cabe esclarecer que enquanto sanção, a medida não é pena, e que o objetivo da pena é causar sofrimento ao transgressor, puni-lo por meio da privação de direitos, enquanto que a medida socioeducativa12 tem como objetivo uma ação pedagógica sistematizada, mesmo quando se trata de medida de privação de liberdade.
2.3.1. Sistema nacional de atendimento socioeducativo (SINASE).
A criaçãodo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE)13 surgiu como resposta imprescindível ao tema que mobiliza a opinião pública, a mídia e diferentes segmentos da sociedade brasileira: o que deve ser feito no enfrentamento de situações de violência, os quais envolvem adolescentes enquanto autores de ato infracional ou vítimas de violação de direitos humanos no cumprimento de medidas socioeducativas. (SINAS, p.13, 2006).
Saiba mais...
Para saber mais sobre o contexto do surgimento da proposta do SINASE e sua importância, leia o texto “O contexto do surgimento da proposta do SINASE14”.
Segundo Paulo Vanucchi, na apresentação da publicação referente às normativas do sistema, o SINASE...
(...) Reafirma a diretriz do Estatuto sobre a natureza pedagógica da medida socioeducativa. Para tanto, este sistema tem como plataforma inspiradora os acordos internacionais sobre direitos humanos, dos quais o Brasil é signatário, em especial na área dos direitos da criança e do adolescente. (...) Outrossim, priorizam-se as medidas em meio aberto (prestação de serviço à comunidade e liberdade assistida) em detrimento das restritivas de liberdade (semiliberdade e internação em estabelecimento educacional, haja
Ver anexo.
Ver anexo “classificação das medidas”.
http://www.asbrad.com.br/conte%C3%BAdo/sinase_integra1.pdf
Ver anexo.
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vista que estas somente devem ser aplicadas em caráter de excepcionalidade e brevidade). Trata-se de estratégia que busca reverter a tendência crescente de internação dos adolescentes, bem como confrontar a sua eficácia invertida, uma vez que se tem constatado que a elevação do rigor das medidas não tem melhorado substancialmente a inclusão social dos egressos do sistema socioeducativo. (...) O SINASE, enquanto sistema integrado articula os três níveis de governo para o desenvolvimento desses programas de atendimento, considerando a intersetorialidade e a corresponsabilidade da família, comunidade e Estado. (p.14, 2006)
O SINASE é o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios, de caráter jurídico, político, pedagógico, financeiro e administrativo, que envolve desde o processo de apuração de ato infracional até a execução de medida socioeducativa. Esse sistema nacional inclui os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todas as políticas, planos e programas específicos de atenção a esse público.
Importante!
O SINASE se orienta pelas normativas nacionais (Constituição Federal e Estatuto da Criança e do Adolescente) e internacionais, das quais o Brasil é signatário (Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, Sistema Global e Sistema Interamericano dos Direitos Humanos: Regras Mínimas das Nações Unidas para Administração da Justiça Juvenil – Regras de Beijing – Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade). Os princípios do atendimento socioeducativo se somam àqueles integrantes e orientadores do Sistema de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Veja os princípios que atingem indiscriminadamente todas as medidas socioeducativas, destacando, quando for o caso, aqueles que informam uma ou mais medidas15.
Tendo em vista as denúncias existentes sobre adolescentes vítimas de homicídio durante o cumprimento de medida socioeducativa dentro de unidades de internação é de grande importância o resultado da pesquisa Pelo Direito de Viver com Dignidade (ANCED, 2011), realizada em parceria pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) com a Associação Nacional dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do
Ver anexo “Princípios que atingem indiscriminadamente todas as medidas socioeducativas”
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Adolescente (ANCED), da qual você poderá, a seguir, conhecer alguns dados importantes.
O objetivo da pesquisa foi o de realizar um levantamento sobre a violação do direito à vida, por meio da investigação do número total de homicídios de adolescentes que cumpriam medidas socioeducativa de internação e os acautelados provisoriamente, sob responsabilidade do Poder Público, de janeiro de 2007 a janeiro de 2010, bem como das causas destes homicídios.
Veja alguns casos das violações que ocorrem em muitos lugares do país, apontados pela pesquisa, que são emblemáticos16.
2.4. Crianças e adolescentes expostos à violência sexual.
Outro grupo de crianças e adolescentes expostas aos riscos de letalidade são as vítimas de violência sexual. Para identificar os tipos de violências sexuais e em que contexto isto acontece é importante partir da premissa de que este fenômeno sempre ocorreu em todas as classes sociais ao longo da história do mundo. E, na atualidade, há uma grande mobilização de diferentes segmentos sociais que pensam formas e estratégias de enfrentamento a esta maneira de violação de direitos.
Segundo o Guia Escolar (2004)17 a preocupação com o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, como um problema social, tomou importância definitiva na última década do século XX. Foi a partir de 1990 que esta questão passa a ter relevância política, visibilidade social e deixa de ser um segredo familiar a ser escondido.
Saiba mais...
Veja18 tipologia da violência contra criança e adolescentes, proposta pela psicóloga Rosário Ferreira (OIT/USAID, s.d.) no artigo “Os tipos de violência contra crianças e adolescentes”.
Ver anexo “Alguns casos apontados pela pesquisa”
http://pt.scribd.com/doc/40347258/Guia-escolar-de-enfrentamento-da-violencia-sexual
Ver anexo tipos de violência
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No Brasil, o Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes ( PNEVSCA)19 é uma das iniciativas mais importantes no enfrentamento à violência sexual.
Este programa tem como foco a proteção e garantia dos direitos humanos sexuais e reprodutivos de crianças e adolescentes, por meio da construção de estratégias integradas de políticas públicas, incluindo o desenvolvimento de dados e indicadores de impacto e a definição e disseminação de metodologias de intervenção no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. E uma das ações mais importantes do PNEVSCA é o Disque Denúncia Nacional (Disque 100), o qual além das denúncias de violação de direitos humanos, praticada contra crianças e adolescentes, atende a denúncia de violação de direitos praticadas contra pessoas com deficiência, idosos, combate à tortura, homofobia e população de rua.
Saiba mais sobre o Disque 10020
2.4.2. Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual – PAIR.
Outra importante ação do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes – PNEVSCA é o Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual (PAIR)21.
O PAIR é uma política de intervenção integrada para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, de abrangência nacional.
O objetivo principal do PAIR é disseminar uma metodologia de formulação de políticas públicas de forma inter setorial. O Programa foi criado com o intuito de orientar a realização de diagnóstico rápido e participativo sobre a situação de
http://portal.mj.gov.br/sedh/spdca/T/folder21x21cm_exploracao_programa_1512.pdf
Ver anexo “O Disque 100”.
http://www1.direitoshumanos.gov.br/spdca/exploracao__sexual/Acoes_PPCAM/pair
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violência sexual contra crianças e adolescentes e sobre a rede de atendimento no município, bem como promover seminários de mobilização e de capacitação da rede de atendimento e defesa de direitos, para a elaboração e implementação de um Plano de Enfrentamento Local.
O PAIR é uma política de intervenção integrada do enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes que conta, no âmbito do governo federal, com ações de diversos ministérios na sua implementação, tendo a SDH comoórgão articulador e financiador da disseminação dessa metodologia, por meio de convênios com municípios, estados e universidades.
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Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
As classificações que elencam as principais formas de violência contra as crianças e adolescentes e os grupos de crianças expostos às situações de vulnerabilidade à questão da letalidade têm como objetivo apresentar algumas realidades para que você possa entender melhor os grupos de crianças e adolescentes expostos à letalidade, ou seja, as meninas, os gays, as lésbicas, os travestis e transexuais, os que sofrem violência familiar e os que se encontram cumprindo medidas socioeducativas;
Dada às dificuldades e precariedades a que muitas crianças e adolescentes destes grupos estão expostas, a letalidade é um fenômeno que é muito mais recorrente entre elas que em outros grupos no nosso país;
No Brasil, a realidade sobre a violência contra as mulheres, jovens e meninas também é flagrante e dramática. Segundo as informações contidas no Caderno Complementar ao Mapa da Violência 2012 (WAISELFIZ, 2012), de 1980 a 2010, foram assassinadas no país cerca de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década.
Os direitos reivindicados pela comunidade LGBT variam de país para país. Questões como a luta contra a pena de morte para homossexuais, como a reivindicação para a defesa do direito ao casamento e a sucessão de bens, assim como a defesa dos travestis em relação aos tratamentos hormonais e cirúrgicos, ou dos transexuais em defesa dos direitos relativos à assistência de cirurgias de redesignação de sexo, mudança do nome e sexo nos registros civis, são demandas e reivindicações que variam de formas diferentes em diversos países.
Para melhor compreendermos quem é o adolescente que cumpre medida socioeducativa, convém lembrar do substantivo avanço que representou, no Brasil, a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 ao adotar a Doutrina da Proteção Integral, também chamada Doutrina das Nações Unidas para a proteção dos
Direitos da Infância e romper com a tradição do “menor” expressa no
Código de Menores de 1927, e com a Doutrina da Situação Irregular, consubstanciada no Código de Menores de 1979 e na Política Nacional do Bem-Estar do Menor;
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Para identificar os tipos de violências sexuais e em que contexto isto acontece é importante partir da premissa de que este fenômeno sempre ocorreu em todas as classes sociais ao longo da história do mundo. E, na atualidade, há uma grande mobilização de diferentes segmentos sociais que pensam formas e estratégias de enfrentamento a esta maneira de violação de direitos;
No Brasil, o Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (PNEVSCA) é uma das iniciativas mais importantes no enfrentamento à violência sexual;
Dentre as ações mais importantes do PNEVSCA destacam-se o Disque Denúncia Nacional (Disque 100) e o Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual (PAIR).
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Quais são os grupos que representam o foco das ações de enfrentamento à letalidade no Brasil?
Orientação de resposta:
As meninas e os integrantes da comunidade LGBT, os que têm conflitos com a lei e os que são vítimas de violência sexual.
Quem são as meninas e adolescentes expostos às situações de letalidade no Brasil e no mundo?
Orientação de resposta:
Descrição no Brasil.
3. Qual o objetivo da medida socioeducativa?
Orientação de resposta:
A medida socioeducativa tem como objetivo uma ação pedagógica sistematizada mesmo quando se trata de medida de privação de liberdade.