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Por que criancas entram em conflito com a lei

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Por que crianças entram em conflito com a lei?1
A violência no lar e as pressões exercidas pela pobreza crônica, somadas à falta de sistemas adequados de cuidado e proteção, levam muitas crianças a entrar em conflito com a lei. Uma pesquisa realizada no Peru concluiu que a violência na família e os maus-tratos dispensados à criança foram, em 73% dos casos, os fatores que precipitaram a sua migração para as ruas. Uma vez na rua, muitas crianças adotam comportamentos de sobrevivência arriscados que as colocam em contato com a lei, como a mendicância, a vadiagem, a busca de comida e bens no lixo, os pequenos furtos e a prostituição. Daí a frequente associação entre pequenas infrações e a necessidade desesperada de cuidados. Em um estudo sobre jovens infratores realizado em três distritos de Uganda, 70% das crianças disseram que a satisfação de suas necessidades, incluindo a alimentação, era a sua principal motivação para roubar.
Até 95% de crianças e adolescentes internados são acusados de pequenas infrações. 98,99 Os mais comuns são o furto e outros crimes contra o patrimônio. Nas Filipinas, um estudo realizado em Davao concluiu que mais de 80% das infrações referiam-se a furto (35%), abuso de substâncias (28%) e violação do toque de recolher (19%). Os crimes violentos correspondiam a apenas 7% das infrações praticadas por eles. 100 Em Malauí, um estudo realizado em 1999 concluiu que 68% dos atos registrados consistiam em furto, arrombamento de residências e roubo. A palavra "vagabundo" foi usada para descrever outros 8% dos adolescentes infratores e, como observa o estudo, é "um termo... que representa casos óbvios de crianças de rua". Além de praticarem pequenas infrações, a maioria dessas crianças e adolescentes não tem passagem anterior pela prisão. Por exemplo, na República Popular Democrática do Laos e nas Filipinas, constatou-se que mais de 90% das crianças e adolescentes internados eram primários.
Muitas crianças são detidas e internadas por atos infracionais que somente configuram delito quando praticados por crianças. Essas "infrações de status" incluem gazetear, fugir de casa ou estar "fora do controle dos pais". Em março e abril de 2003, 60% das crianças detidos em uma Casa de Internação para Meninos em Lagos, Nigéria, não constituíam casos criminais, sendo que 55% deles eram meninos que estavam "fora
Relatório Mundial sobra a Violência contra a Criança, In: http://pt.scribd.com/doc/52945229/Relatorio-�� HYPERLINK "http://pt.scribd.com/doc/52945229/Relatorio-Mundial-Sobre-a-Violencia-Contra-a-Crianca" Mundial-Sobre-a-Violencia-Contra-a-Crianca
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do controle dos pais" e 30% constituíam casos de assistência e proteção (meninos "achados"). Outros 15% eram crianças recolhidas em buscas policiais.
Da mesma forma, 80% de meninas detidas na Casa de Internação para Meninas não constituíam casos criminais e eram apenas crianças "fora do controle dos pais", casos de "assistência e proteção" ou casos de litígio. Embora quase não haja dados disponíveis sobre adolescentes infratores portadores de deficiência, é praticamente
consensual que as crianças ou adolescentes com comprometimento intelectual e Formatado: Cor da fonte: Automática problemas de saúde mental correm maior risco de entrar em conflito com a lei -
freqüentemente sob o comando de outros, que os tratam como fantoches. Uma vez envolvidas em problemas, essas crianças têm menor probabilidade de conseguir sair deles ou de fazer uma defesa convincente do seu caso. Na prisão, elas também têm maior probabilidade de serem vitimadas. Embora a justiça da infância e da juventude e o sistema de bem estar e proteção não estejam bem equipados para lidar com as necessidades de saúde mental dessas crianças, é cada vez maior o número de crianças com distúrbios mentais ou emocionais institucionalizados. Essas internações são devastadoras para a família. Crianças com necessidades de saúde mental enfrentam o estresse adicional de serem desalojadas e de sentirem-se abandonadas. Enquanto isso, os pais perdem o controle sobre aspectos importantes da vida dos seus filhos e às vezes não conseguem sequer manter-se informados sobre onde seus filhos estão vivendo.
Detenção em substituição a proteção
Em um grande número de países, o sistema de justiça criminal é usado como substituto para sistemas adequados de assistência e proteção. A polícia muitas vezes é o primeiro e único órgão a responder às crianças necessitadas e, na falta de alternativas adequadas, aloja crianças vulneráveis na carceragem das delegacias ou em centros de detenção.105 Por exemplo, um estudo realizado no Quênia constatou que 80 a 85% das crianças que estavam sob custódia da polícia ou em centros correcionais eram crianças necessitadas de assistência e proteção que não haviam praticado qualquer infração.
Muitas crianças que trabalham ou vivem nas ruas são simplesmente encaradas como elementos antissociais e detidas pela polícia sem prova de infração. Em Ruanda, assim como em muitos outros países, as crianças de rua são arregimentadas e colocadas em "centros de reeducação", onde são privadas da sua liberdade quer tenham praticado
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uma infração ou não. Em muitos casos, os tribunais determinam sua reclusão em casas de internação ou prisões para adultos, onde podem permanecer indefinidamente.

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