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1 Prof. Genoveva Ribas Claro Aula 3 Fundamentos Psicológicos da Educação Psicanálise e educação: contextos de ensino e aprendizagem Conceito de psicanálise Conceitos que são base da teoria psicanalítica freudiana Contribuições da psicanálise para as teorias da aprendizagem Organização da aula O que significa o termo psicanálise? Conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da nossa vida psíquica (Bock, Furtado e Teixeira, 2002) Psicanálise Representante mais ilustre da psicanálise: Sigmund Freud (1856- 1939) Ao estudar com Charcot, na França, em 1885, ficou impressionado com o potencial terapêutico da hipnose para o tratamento de distúrbios neuróticos. (...) Ao voltar para Viena, empregou a hipnose em seus pacientes com o intuito de facilitar a lembrança de eventos perturbadores aparentemente esquecidos Começou a desenvolver a psicanálise descartando a hipnose em favor da associação livre 2 A teoria psicanalítica tem como origem a teoria do recalcamento (repressão de necessidades) na terapêutica de algumas neuroses (Teles,1989) Para Freud, o homem é visto dentro de um contexto que abrange o plano biopsicossocial Os seres humanos não são tão racionais; em vez disso somos motivados por instintos e impulsos inconscientes que não estão disponíveis na parte racional e consciente de nossa mente O inconsciente é a base do estudo psicanalítico. O termo inconsciente está aderido tão fortemente ao cotidiano das pessoas que é difícil imaginarmos o pensamento e o comportamento sem aceitar sua existência Personalidade a resultante psicofísica da interação da hereditariedade com o meio, [...] Conceitos fundamentais da psicanálise [..] manifestada através do comportamento, cujas características são peculiares a cada pessoa (D’Andrea, 1989) constitui num atributo exclusivo do homem é a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir dos genes particulares que herdamos, (...) 3 (...) das existências singulares que suportamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social Caráter conjunto de maneiras habituais de sentir e de reagir, que distinguem um indivíduo do outro e, às vezes, um grupo de indivíduos de outro grupo é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para as várias situações. Inclui atitudes e valores conscientes, estilos de comportamento [...] [...] (timidez, agressividade e assim por diante) e atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo) (Reich) é o atributo funcional da personalidade responsável pela vontade e pelos conceitos éticos e morais Freud concebeu para atividade psíquica uma estrutura, a qual chamou de aparelho psíquico, composta de três partes: A primeira teoria do aparelho psíquico 4 Consciente: o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior Pré-consciente: refere-se ao sistema onde aparecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência Inconsciente: o conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência. Constituído por conteúdos reprimidos A atividade psíquica passa a agora a ter mais três conceitos fundamentais para a psicanálise: A segunda teoria do aparelho psíquico 5 A parte mais primitiva e menos acessível da personalidade, constituída de conteúdos inconscientes, inatos ou adquiridos Não conhece o juízo moral; busca sempre a satisfação imediata Id Atua de acordo com o princípio do prazer e a ele não se aplica as leis lógicas do pensamento, ou seja, os conteúdos podem ser contrários uns aos outros São forças primárias ou impulsos instintivos instintos de morte (destruidores) ou instintos de vida (libido) (Minicucci, 1995) Não tolera frustração, evita dor, busca satisfação imediata. Ex.: bebê com fome Quando o id se revolta contra o mundo exterior cria os chamados estados neuróticos Responsável pelo contato do psiquismo com a realidade externa Contém elementos conscientes e inconscientes Atua de acordo com a realidade (princípio da realidade) Ego Procura unir e conciliar as reinvindicações do id e do superego, frequentemente incompatíveis Orienta-se por uma fria moral autoritária e por uma razão lógica (Minicucci, 1995) 6 Serve de intermediário entre o id e o mundo exterior, freando e controlando o comportamento Protege a pessoa dos perigos, criando o medo Vai acumulando experiências e adaptando o indivíduo ao mundo em que vive, de forma conveniente ao seu desenvolvimento Atua como censor do ego Representa, em geral, as exigências da moralidade Tem a função de formar as ideias, a auto- observação, entre outros Constitui a forma moral da personalidade, a censura Superego Representa o ideal mais do que o real e busca a perfeição mais do que o prazer É responsável pelo sentimento de culpa pelas ações ou pensamentos contrários a princípios morais É o representante da sociedade dentro de nós Pais e educadores determinam às crianças em que medida podem serem cumpridas as exigências do id. Identifica-se a criança com os pais, os educadores, as autoridades através do SUPEREGO (MINICUCCI, 1995) Id princípio do prazer Ego princípio da realidade Superego normas sociais, regras https://www.youtube.com/watch?v=tMgpFnycZCg 7 Freud concebeu o desenvolvimento da personalidade a partir do conceito de libido Estágios de desenvolvimento psicossexual: da infância à vida adulta Libido é um conceito biológico e significa a energia que está à disposição dos impulsos de vida ou sexuais Todas as pessoas, seja qual for o meio em que vivam, atingiram a fase adulta através de sucessão de fases Libido centrada na porção superior do trato digestivo Estágio oral – 0 a 2 anos No primeiro ano de vida, os lábios e a boca representam a sede principal da libido; o sugar e chupar dão prazer Alcoolismo, obesidade Libido centrada na porção inferior do trato digestivo. Entra nas exigências dos pais no controle dos esfíncteres Estágio anal – 2 a 3/4 anos Expulsiva (sádica) Retensiva (masoquista) São pessoas meticulosas, detalhistas 8 Libido centrada nos genitais. Inicia a curiosidade sexual, a fase dos “porquês”, as diferenças sexuais, masturbação infantil Estágio fálico – 3/4 a 5/6 anos Superego é herdeiro da fase fálica Caráter fálico: pessoas seguras de si mesmas são narcisisticamente fixadas na fase fálica Pessoas que não são tão organizadas quanto se mostram; é só aparência; são onipotentes Freud se baseou em suas próprias experiências de infância, como a morte de seu pai, quando propôs a teoria do complexo de Édipo Complexo de Édipo https://www.youtube.com/watch?v=V0rh91tKiRE Baseia-se no mito de Édipo, rei de Tebas, escrito por Sófocles em 427 a.C. Édipo assassinou seu pai e se casou com sua mãe 9 O mito é uma alusão à fase fálica, em que os meninos se apaixonam pela mãe e tentam anular a figura do pai (id) Quando percebem a força do pai, tentam imitá-lo (ego) Percebem que não podem eliminar a figura do pai e passam a admirá-lo (superego) Sucede então um período de latência, em que os impulsos libidinosos parecemadormecer Estágio latência – 5/6 a 10 anos Nesta fase desenvolve a força psíquica como inibidora e canalizadora da libido para objetos não sexuais A criança entra para a escola e seus interesses concentram-se nos estudos. Relaciona-se com as crianças do mesmo sexo. Observa as características de seu grupo e tenta imitar A gradual progressão da criança no seu desenvolvimento para a maturidade é perturbada pelas transformações da puberdade, [...] Pré-puberdade – 10 a 12 anos [...] que altera seu físico, originando profunda reorganização intrapsíquica 10 Na primeira fase, pré- puberdade, o indivíduo não distingue o seu próprio eu do ambiente As mudanças no desenvolvimento físico são aceleradas (autoerotismo) Busca objetos fora da família (esportes, atividades intelectuais) Na segunda fase, a puberdade consegue reconhecer o seu eu e separá-lo do ambiente; o ego passa a ser objeto da libido Puberdade – 12 a 15 anos O marco mais importante nesta fase é a menarca e a primeira ejaculação A puberdade representa maturação dos órgãos reprodutores, preparando o indivíduo para a sexualidade adulta (narcisismo) A menina renuncia aos impulsos masculinos e os meninos superam a ansiedade de castração A terceira fase, pós- puberdade, é a fase da adolescência, quando a libido enfim se orienta para os indivíduos do sexo oposto Pós-puberdade – 15 a 20 anos É o mais conflitivo em nossa sociedade; aumenta o perigo da busca pelas drogas e a ansiedade pelo seu próprio corpo 11 Se o adolescente traz problemas não resolvidos de fases anteriores, resulta em dificuldades que podem chegar até a uma desorganização mental A vocação talvez seja o maior problema que o adolescente tem a resolver, pois está ligada à sobrevivência É quando se estabelece o maior equilíbrio da personalidade e melhor se demonstra o trabalho útil, razão pela qual a chamam de fase produtiva. (...) Adulto jovem – 20 a 35 anos Neste período o indivíduo normal está definido profissionalmente e está apto a associar- se com outras pessoas em condições de igualdade Enfrenta três grandes responsabilidades: ajustamento profissional, casamento e a paternidade ou maternidade Modificações no meio familiar (filhos independentes, aposentadoria) Meia-idade – 35 a 50 anos Buscar maior aproveitamento da vida (promoção na vida social) Visão da velhice (reaparecimento das tendências egoístas, pessimismo nas mulheres e cepticismo no homem) 12 Considerar o declínio global das funções físicas, intelectuais e emocionais Fase da velhice – 50 a 70 anos Diminuição da atividade genital (menopausa, andropausa) Dilema da perda da autonomia, possibilidade de voltar à dependência Propensão a reações de prejuízo e de perseguição, tendência à desconfiança, exagero do egoísmo, do ciúme, da inveja, da angústia e do sentimento de rejeição Nessa fase cresce o índice de suicídio, porque o indivíduo percebe que aposentou-se da vida Comprometimento maior das funções físicas e psíquicas Senilidade – após os 70 anos Balanço da vida e perspectiva da morte Morte: término do ciclo vital Presente de uma paciente para Freud Divã: símbolo da psicanálise 13 Pelo conforto que oferecia aos pacientes, foi incorporado como instrumento de trabalho Está no Freud Museum London A psicanálise de Freud propunha uma educação que considerava os desejos do aluno Psicanálise e educação Freud foi muito criticado pelos educadores da época, pois o objetivo da escola era baseado em treinamento e transmissão de conteúdos Freud acreditava que os alunos deveriam aprender por satisfação e não por coerção Transferência: os sentimentos dos alunos pelos professores eram manifestados de forma inconsciente, relacionados às experiências passadas Finalizando Psicanálise de Freud enfatizando seus principais conceitos: consciente, pré- consciente, inconsciente, id, ego e superego Fases do desenvolvimento psicossexual da infância até a vida adulta, com destaque para o complexo de Édipo Contribuições da psicanálise para a educação 14 O filme retrata as descobertas de Freud sobre a psique humana relacionadas às experiências de sua própria vida pessoal Sugestão de filme: Freud além da alma FREUD: além da alma. Direção: John Huston. EUA: 1962. 140 min. Referências ASSIS, A. L. A. Influências da psicanálise na educação: uma prática psicopedagógica. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2012. COELHO, W. F. (Org.). Psicologia da Educação. São Paulo: Pearson, 2014. NOGUEIRA, M. O. G.; LEAL, D. Teorias da aprendizagem: um encontro entre os pensamentos filosófico, pedagógico e psicológico. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2015.
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