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1 RELATÓRIO DE ENSAIO DE COMPRESSÃO EM CORPOS-DE- PROVA DE CONCRETO: PROCEDIMENTOS, CUIDADOS E RESULTADOS Pedro Liotto – Matrícula 2170510 Mestrando em Engenharia Civil da UFAM INTRODUÇÃO Para que seja atestada a resistência a qual o concreto poderá ser submetido em serviço são necessários testes laboratoriais de compressão em corpos-de-prova. Esses ensaios realizados em equipamentos de compressão (prensa) seguem premissas afim de que seja mantida a padronização. O presente trabalho visa a elaboração de levantamento teórico dos procedimentos de preparo e execução do ensaio de compressão dos corpos-de-prova moldados em concreto estrutural. Ainda é objetivo deste trabalho fazer as observações necessárias quanto aos cuidados e por fim a análise dos resultados a partir do gráfico de tensão-deformação. DESENVOLVIMENTO A compressão é um esforço axial que tende a provocar um encurtamento do corpo submetido a este esforço. Os corpos de prova são submetidos a essa força axial de modo uniforme em toda a seção transversal. Este ensaio é executado em máquina universal que funciona com uma parte fixa (de cima) e uma móvel (acionada por fluído em baixo), onde movimentam-se uma ao encontro da outra comprimindo o corpo de prova centralizado e firme entre as duas. A resistência de um determinado corpo de prova de concreto é influenciada por vários fatores secundários, como a velocidade de carregamento, condições de umidade, dimensões do corpo de prova e condições de cura. Todos esses fatores que influenciam de maneira negativa na resistência são evitados quando seguidos os procedimentos padronizados por normas brasileira (ABNT NBR) e internacional (ASTM). Estas normas apresentam os procedimentos que se deve adotar como padrão na coleta das amostras, moldagem dos corpos de prova, processo de cura e na execução propriamente dita do ensaio de compressão. Normalmente o ensaio é realizado em corpos de prova cilíndrico com dimensões 100x200 mm, tal dimensão é preconizada pela norma em função da granulometria do agregado graúdo. A norma ASTM C 470-02 A estabelece que estes corpos de prova devem ser moldados em um molde reutilizável com base removível, feito de aço ou ferro fundido. Embora esta norma ainda classifique alguns outros materiais possíveis como moldes, não são os mais utilizados em função da sustentabilidade, pois a quantidade de corpos de prova, para um determinado traço e volume de concreto, é alta. Na escolha do material do molde esta norma estabelece que deve ser mantida as exigências físicas de estanqueidade, absorção e deformação. A Norma Brasileira 5738/2008 que prescreve os procedimentos para moldagem e cura de corpos de prova adota procedimentos similares da norma citada acima 2 Com todo esse trabalho exercido pelo esforço o corpo de prova sofre a deformação elástica e a seguir a deformação plástica. Na fase de deformação plástica o corpo volta ao tamanho original quando se retira a carga de compressão. Enquanto que na deformação plástica, o corpo retém a deformação residual depois de ser descarregado. Nos ensaios de compressão a lei de Hooke é utilizada apenas para a fase elástica da deformação, permitindo assim determinar o módulo de elasticidade dos materiais ensaiados, que no caso são corpos de prova em concreto estrutural. Procedimentos Os corpos de prova são moldados em recipiente metálico ou outro material não absorvente com fundo removível. Os moldes são limpos, ajustados e preparados para receber o concreto com um fina camada de óleo mineral. No momento em que está sendo moldado, o concreto deve receber adensamento correto, sendo observado o que descreve a Tabela nº 1 da NBR 5738/08. Para o CP cilíndrico de diâmetro 100 mm serão realizados 12 golpes, em adensamento manual, dividindo o CP em duas camadas. Para a definição do tipo de adensamento a NBR 5738/08 determina que deva ser feita em função do abatimento do concreto, que é definido pela NBR NM 67. Após realizar o ensaio de abatimento do concreto, pelo método do tronco de cone, a NBR 5738/08 estabelece algumas condições. A primeira é que quando o abatimento resultar entre 10 mm e 30mm deve ser usado o método de adensamento por vibração. A segunda é que quando o abatimento resultar entre 30 mm e 150 mm pode ser utilizado um dos dois métodos, haste (manual) ou vibração, o que estiver disponível. Por fim, para resultados de abatimento acima de 150 mm, usa-se apenas a haste. Quando o adensamento é realizado por vibrador, também divide-se em camadas e procede a introdução da ponta do vibrador no CP. A sequência prevista pela norma após o adensamento é o Rasamento. Com o auxílio de uma régua metálica ou uma colher de pedreiro, faz-se o rasamento da superfície com a borda do molde. O próximo passo, a cura, os CPs devem ser desmoldados após 24 horas, a partir da moldagem, identificados e imediatamente armazenados em solução saturada de hidróxido de cálcio ou em câmara úmida à temperatura de 23 (+/- 2) °C e umidade relativa ao ar de 95%. Antes de realizar os ensaios, as bases dos CP devem ser preparadas de modo que se tornem superfícies planas e perpendiculares ao eixo longitudinal ao CP. Para isso a norma recomenda de forma opcional que entre 6 e 15 horas do momento de moldagem, pode ser passada uma escova de aço e arrematado com pasta de cimento sem que a espessura, deste, ultrapasse 3mm. Para o acabamento da superfície usa-se uma placa de vidro. Para os corpos de prova que não receberem esse acabamento, as superfícies, devem ser retificadas ou capeadas. A retificação é a retirada com auxílio de ferramentas, como por exemplo, lixadeiras, de uma fina camada da superfície do CP. Buscando-se com isso a planicidade e uniformidade da superfície. 3 O capeamento é o revestimento na superfície dos CPs com uma fina camada de material apropriado: aderência ao CP, compatibilidade química com o concreto, fluidez, no momento de sua aplicação, acabamento liso e plano após endurecimento, resistência à compressão compatível com os valores normalmente obtidos em concreto. Cuidados Os cuidados que devem ser tomados desde a moldagem dos corpos de prova até o seu rompimento têm o objetivo de não alterar as propriedades físicas do molde bem como manter em condições padronizadas. Alguns cuidados devem ser observados na preparação dos corpos de prova: os mesmos devem ter juntas estanques caso contrário devem ser vedado com material inerte ao concreto. A geratriz dos CP devem ter sua oclusão precisa evitando deformações na superfície lateral. Após ser preparado, para receber a mistura, o CP deve ser apoiado em superfície rígida, horizontal, livre de vibrações e qualquer outras perturbações que possam desagregar a mistura moldada. Após todo esses cuidados com os CP, ainda devem ser tomados os cuidados com a mistura, como por exemplo, antes de se lançar o concreto nos molde deve-se realizar uma mistura para que se tenha a homogeneidade. No adensamento devem ser tomados mais cuidados, como por exemplo, após ter escolhido o método de adensamento, observa-se as peculiaridades de cada um. No uso da haste a quantidade de golpes deve ser exata e uniformemente distribuída na seção transversal do molde, sem que haja choque com a base do molde (o fundo), ultrapassando a outra camada em 2 cm. Caso seja observada a geração de vazios, pode-se bater levemente na face externa do molde para que eles se fechem. No uso do vibrador como método de adensamento, deve ser observada a consistência da mistura, o tipo de vibrador e o tempo de vibração que deve ser mantido constante. Ainda observa-se a razão entre o diâmetro do CP e o diâmetro da pontavibrante que para os corpos cilíndricos não deve ser inferior a quatro e para os corpos prismáticos não deve ser inferior a três. Cuidados ainda devem ser tomados no momento em que é retirada a ponta vibrante para que não haja a formação de vazios. No Rasamento o cuidado a ser tomado é na busca da superfície mais uniforme e livre de rugosidades. Ao manusear e transportar os CPs, deve-se tomar os cuidados para evitar trepidações, golpes, inclinações ou qualquer movimento que possa perturbar o concreto ou a superfície dos mesmo. Ao proceder a Cura, deve-se observar a identificação precisa das amostras e lotes. No processo de acabamento ou capeamento deve-se observar a uniformidade da superfície onde serão recebidas as cargas e a perpendicularidade destes planos com o corpo de prova. As superfícies devem ser lisas, isenta de riscos ou vazios. Para análises de comportamento quando submetido ao carregamento, pode-se ainda realizar filmagens do momento de ruptura do CP, para posterior correlação com o crescimento do carregamento e conclusões. Para isso uma câmera ajustada frente a prensa com resolução de 8 Mega Pixels é a ideal. 4 Por fim, um cuidado que se ainda pode ter no rompimento e que auxilia no momento de análises e o uso do extensômetro. Este equipamento quando acoplado no CP passa informações simultâneas de deformação gerando mais informações para as conclusões do trabalho. Resultados A padronização do ensaio desde o momento de moldagem do CP até o efetivo rompimento tem o objetivo, como dito anteriormente, a regularidade dos resultados com isso a diminuição da dispersão de resultados. A NBR 5739/07 apresenta o cálculo da resistência e forma de apresentação dos resultados. A expressão que a norma apresenta: 𝑓𝑐 = 4𝐹 𝜋𝐷2 fc= resistência à compressão, Mpa; F = carga máxima de ruptura, N; D = diâmetro do corpo de prova, mm. Para a apresentação dos resultados, deve-se inicialmente construir uma tabela com os resultados da compressão e outra com os resultados da deformação. Construir um gráfico da Tensão-Deformação e realizar as análises pertinentes nas várias idades de rompimento dos corpos de prova. Ao realizar o ensaio verificamos que até determinado limite superior de tensão, as tensões (δ) são proporcionais às deformações específicas correspondentes (ε), entendendo como deformação específica o coeficiente entre o alongamento ou encurtamento do CP e o comprimento inicial deste. Conhecemos assim a Lei de Hooke (δ = E . ε), como já mencionada neste trabalho. A constante de proporcionalidade (E) é uma propriedade característica do material e é denominada de Módulo de Elasticidade. Geometricamente, o módulo é a tangente do menor ângulo que o trecho retilíneo do diagrama tensão-deformação forma com o eixo das deformações. Assim quanto mais próximo da vertical estiver o DTD maior o módulo da Elasticidade do material. Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5738: Concreto. Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5739: Concreto. Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8522: Concreto – Determinação do Módulo de Deformação Estática e Diagrama tensão x deformação – Método de Ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. Neville, A. M.; Brooks, J. J. Tecnologia do Concreto. 2ª Edição, Ed Bookman. 2013. 5 Barros, L. M. Concreto de ata resistência a partir de matérias primas amazônicas e vidro reciclado. 2016. Tese (Doutorado em Engenharia de Materiais e Área de Concentração Desenvolvimento, Caracterização e Aplicação de Materiais.) – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2016.
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