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Atendimento humanizado aos portadores de HIV/Aids

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Juliana Andrade da Silva
Maria Vanda Alves de Oliveira 
Atendimento humanizado aos portadores de HIV/Aids- CTA/SAE- Divinópolis/MG
Divinópolis, MG
Faculdade Pitágoras- FAP
2017
�
Juliana Andrade da Silva
Maria Vanda Alves de Olveira 
Atendimento humanizado aos portadores de HIV/Aids- CTA/SAE- Divinópolis/MG
Artigo apresentado ao curso de Psicologia, como requisito para a obtenção de créditos na disciplina Estágio Básico I ministrada pelo Me. Leonel Cardoso.
Área de concentração: Psicologia 
Orientador: Prof. Me.: Leonel Cardoso 
Divinópolis, MG
Faculdade Pitágoras- FAP
2017�
ATENDIMENTO HUMANIZADO AOS PORTADORES DE HIV/Aids- CTA/SAE- DIVINÓPOLIS/MG
Juliana Andrade da Silva �
Maria Vanda Alves de Oliveira �
Leonel Cardoso �
RESUMO
Este artigo tem como objetivo estabelecer a importância do atendimento humanizado aos portadores de HIV/AIDS, contextualizando com o histórico socialmente construído sobre a doença. Procuramos tratar o conceito de humanização dentro dos princípios doutrinários e operacionais de equidade, integralidade, universalidade e descentralização que regem o Sistema Único de Saúde (SUS). Pretendemos buscar em um aparato teórico e prático medidas de melhorias para o desempenho dos profissionais que constituem o Centro de Testagem e Acolhimento (CTA)/ Serviço de Assistência Especializada (SAE). O artigo também visa apresentar as dificuldades enfrentadas pelos profissionais constituintes do CTA/SAE que impossibilitam a prática do atendimento humanizado para com os portadores de HIV/Aids. 
Palavras-chave: atendimento humanizado, HIV/Aids, princípios, SUS, CTA/SAE. 
1 INTRODUÇÃO
Humanização é um conceito comumente utilizado na saúde coletiva, necessitando de conhecimentos práticos e teóricos sobre sua política de implantação. Ao relacionarmos as práticas do atendimento humanizado com o HIV/Aids não nos deparamos apenas com questões políticas e burocráticas que permeiam o Sistema Único de Saúde, estamos discorrendo, também, sobre um assunto que ainda hoje é velado entre as pessoas. As questões que permeiam a construção em relação ao HIV/Aids advém de uma modelo reproduzido socialmente que perdura mesmo com o passar do tempo. 
Alguns termos como “praga gay” foram substituídos por expressões eufêmicas, porém carregando o mesmo peso do preconceito atribuído aos portadores de HIV/Aids. Os avanços na medicina trouxeram significativas melhoras no tratamento e na qualidade de vida dos portadores e mesmo com todos os avanços e mudanças em relação à doença, o mais difícil de mudar é o preconceito social. 
A política de humanização emerge como uma estratégia que possa auxiliar e dar o suporte necessário aos portadores compreendendo suas necessidades para além da doença. Pautada pelos princípios que regem o SUS, tirar a política de humanização somente do patamar teórico e colocá-los em prática é uma tarefa que depende de inúmeros fatores que independem apenas de ações políticas e sim dos profissionais que constituem os Centros de Testagem e Acolhimento (CTA) e dos usuários do serviço. 
Este artigo visa discorrer sobre a constituição do CTA relacionado-a com os princípios do SUS e como estes atuam e influenciam a efetividade do atendimento humanizado. Visa promover questões que auxilie o funcionamento da instituição frente às dificuldades que os profissionais lidam cotidianamente.
2 conceito de hiv/aids socialmente construído
O conhecimento adquirido por muitas pessoas sobre o HIV/Aids perpassa uma longa construção histórica e social que apesar das mudanças em relação ao tratamento e desmistificação sobre a doença, insiste em perdurar embasado pelo preconceito. Historicamente a doença é associada aos homossexuais e profissionais do sexo sendo denominados “grupo de risco”. Segundo Gomes (p.2, 2011) “O uso dessa expressão marcaria a construção histórica, cultural, imaginária e social da AIDS”. 
A doença consiste em três momentos históricos e conceituais distintos. O primeiro já relatado consistia na atribuição dos homossexuais e profissionais do sexo aos chamados “grupo de risco”. Em um segundo momento, o termo “grupo de risco” foi substituído por “comportamento de risco”, no qual responsabilizava o indivíduo pelo seu falho comportamento a exposição de risco. Posteriormente o termo foi novamente substituído, sendo denominado por vulnerabilidade, que de acordo com Gomes (p.3, 2011), “a chance de exposição das pessoas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) e ao adoecimento, daí decorrente, não é resultante de um conjunto de aspectos individuais, coletivos e contextuais”.
Em um contexto atual, o HIV/Aids ainda assim é marcado pela falta de conhecimento em relação as formas de contágio e ao tratamento da doença. E diante disso, nos deparamos ainda com a “rotulação” da doença, na qual as pessoas acometidas são as populações vulneráveis, pessoas com baixa e renda e pouca escolaridade. Sabe-se hoje que em relação ao tratamento, houve muitos avanços na medicina e significativa melhoria da qualidade de vida dos portadores. Como observado em nossa prática no campo de estágio, no imaginário das pessoas que desconhecem sobre o assunto, os portadores de HIV/Aids precisam tomar uma quantidade considerável de medicamentos para o tratamento e são impossibilitados de terem uma vida julgada como normal. 
Todo o histórico da doença advém de uma construção social que perdura pelos tabus que acometem o HIV/Aids. Nosso conhecimento adquirido ao longo do tempo não é uma construção meramente subjetiva, sendo fortemente influenciado pelo aparato social com o objetivo de construir representações sobre a doença atribuindo-lhe sentido. Como é nos apresentado por Spink em relação aos sentidos atribuídos sobre os fenômenos sociais, a autora traz que:
“O sentido é uma construção social, um empreendimento coletivo, mais precisamente interativo, por meio do qual as pessoas – na dinâmica das relações sociais historicamente datadas e culturalmente localizadas – constroem os termos a partir dos quais compreendem e lidam com as situações e fenômenos a sua volta. (SPINK, 2013, p. 22). 
É nas interações e nas relações com as outras pessoas que nosso conhecimento é construído. Emerge a necessidade de novas práticas sociais que disseminem informações a respeito do HIV/Aids que sejam capazes de desconstruir o que foi historicamente construído, não atribuindo rótulos a doença .
3 CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS DO SUS
A humanização é uma das propostas constituintes do Sistema Único de Saúde (SUS). Para entender seu conceito, faz-se necessário contextualizá-lo com um breve histórico do SUS e a implantação de suas políticas. 
O SUS foi impulsionado pela VIIIª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Influenciado também pelo movimento da Reforma Sanitária que tinha como alguns dos objetivos, reconhecer o direito ao acesso integral da saúde. Mesmo com a influência da Reforma Sanitária, o SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 (CF/99, arts. 196 a 200) e regulamentado pelas Leis Orgânicas da Saúde (Leis n°s 8.080/90 e 8.142/90). 
Com a implantação do SUS, a saúde emerge como direito de todos. Segundo o artigo 196 da Constituição Federal de 1988: 
Artº.196. A saúde é direito de todos e dever do Estado garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e serviços de saúde para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988)
De acordo com Pasche (2008), foi em 2003 que a proposta de humanização foi inserida ao SUS pelo Ministério da Saúde. Porém a Política Nacional de Humanização (PNH) já era uma proposta existente ao SUS desde meados do ano 2000, mas sendo de fato articulada e implantada somente em 2003.
O atendimento humanizado proposto pela PNH consiste em entender cada pessoa na sua singularidade, como tendo necessidadesespecíficas e assim, criando condições para que tenham maiores possibilidades de exercer sua vontade de forma autônoma. A PNH, através de seus princípios, visa melhorar e fortalecer a saúde no Brasil enfatizando os princípios doutrinários de equidade, integralidade e universalidade que regem o SUS.
A universalidade condiz com o artigo 196 da Constituição Federal de 1988, que assegura a saúde como direito de todos. O princípio de integralidade, também podendo ser chamado de global ou holístico, diz respeito do atendimento acontecer como um todo e não desintegrando as partes. Fazendo a conexão entre o princípio de integralidade, a PNH e os portadores de HIV/Aids, podemos ver na prática como essas propostas se relacionam e em algumas vezes podem ser parecidas. A PNH tem o objetivo de fornecer protagonismo e autonomia à pessoa, não enfatizando somente seu estado de saúde e sim todo o contexto em que está inserida. A premissa básica do princípio da integralidade é que o atendimento os portador de HIV/Aids não enfatize somente a doença, mas dê importância aos aspectos sociais e subjetivos de cada pessoa. Esse princípio também diz respeito à promoção da saúde e a prevenção das enfermidades. Em relação ao HIV/Aids, a conscientização das pessoas tem por objetivo a prevenção aos fatores e a exposição ao risco. 
A equidade relaciona-se com o princípio de justiça de acordo com a necessidade de cada um. O princípio doutrinário da equidade pode gerar algumas dúvidas, por isso é importante seu esclarecimento. A universalidade, a integralidade e a equidade são princípios distintos, porém indissociáveis. A saúde é um direito de todos, porém é preciso que cada pessoa seja atendida de acordo com a sua necessidade e particularidades, esse atendimento não deve ser igualitário. Contextualizando esse princípio com a prática para o melhor atendimento, cada pessoa portadora do HIV/Aids apesar da mesma doença, é única e por isso tem necessidades diferentes. Mesmo com a construção social da doença perpassar pelos conceitos tido sobre tal, a significação atribuída por cada um é muito subjetiva, não podendo o atendimento ocorrer igualmente para todos desconsiderando as particularidades de cada um. 
O atendimento humanizado visa proporcionar à pessoa, através de um processo de escuta e reflexão, a capacidade de percepção e avaliação dos próprios riscos e, nesse processo, resgatar os recursos internos que lhes possibilitem reconhecer como sujeitos da própria saúde e da sua transformação. Para tanto, torna-se importante refletir e adotar maneiras realistas de enfrentar seus problemas relacionados ao HIV/Aids.
4 CONSTITUIÇÃO DO CTA/SAE 
	O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) é um serviço de saúde que realiza ações de diagnóstico e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Nesse serviço além de realizar o teste rápido do HIV, é possível realizar testes de sífilis e hepatites B e C gratuitamente. Os profissionais que atuam nesses centros lidam cotidianamente com as interfaces estabelecidas entre dois campos do conhecimento: a clínica e a prevenção.
	Os centros de testagem emergiram em 1989 como um dispositivo de prevenção em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), hoje o termo foi substituído por infecções sexualmente transmissíveis (IST’s). Com os avanços na área da medicina, o resultado do teste sai em torno de dez a quinze minutos, sendo uma característica positiva. A angústia acometida pela demora do resultado fazia com que muitas pessoas não realizassem o teste. Antes da implantação do teste de rápido, o exame era feito somente em laboratórios passando por dois períodos, em um primeiro momento o tempo de espera para o resultado era de um mês, em um segundo momento de sete dias e hoje contamos com o teste rápido que em pouco tempo sabemos o resultado. 
Mesmo com as melhorias em relação à prestação de serviço e a implantação do teste rápido, o receio das pessoas em buscarem os centros de testagem é algo presente em nosso cotidiano. Na vivência do campo de estágio foi possível presenciar a angústia acometida pelo tempo de espera entre a realização do teste rápido e a entrega do resultado. 
O CTA/SAE é composto por uma equipe multiprofissional, sendo necessário psicólogo, enfermeiro, médico infectologista, farmacêutico e assistente social. O serviço realizado pelos profissionais deve ser feito em equipe para a melhoria do atendimento para com os usuários. De acordo com o Ministério da Saúde (1999) o CTA tem por objetivos:
Expandir o acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV;
Contribuir para a redução dos riscos de transmissão do HIV;
Estimular a adoção de práticas seguras:
Encaminhar as pessoas HIV-positivas para os serviços de referência, auxiliando os usuários no processo de adesão aos tratamentos antirretrovirais;
Absorver a demanda por testes sorológicos nos bancos de sangue;
Estimular o diagnóstico das parcerias sexuais;
Auxiliar os serviços de pré-natal para a testagem sorológica de mulheres gestantes; e
Levar informações sobre prevenção das DST/HIV/Aids e do uso indevido de drogas para grupos específicos.
O serviço é prestado a toda a população, devendo ser regidos por normas e princípios éticos. Também de acordo com o Ministério da Saúde (1999), as normas de organização e funcionamento são as seguintes:
Acessibilidade e Gratuidade: a instituição deve ser de fácil acesso a população. O serviço prestado ocorre regularmente na instituição podendo também ser disseminado para outros lugares a pedido de outros profissionais. Exemplo: realizar o teste rápido em uma comunidade terapêutica a pedido do coordenador da instituição;
Anonimato flexível e confidencialidade: é imprescindível manter a confidencialidade e integridade de cada pessoa atendida. O anonimato diz respeito que a pessoa ao buscar o teste rápido não precisa necessariamente se identificar;
Agilidade e resolutividade: o atendimento deve ser procedido com rapidez, dispondo de uma recepção acolhedora que encaminhe cada pessoa para o acolhimento e a realização do teste;
Aconselhamento adequado e não pontual: o momento do aconselhamento é essencial na instituição, nesse momento é estabelecida uma relação de confiança entre ambas as partes, quem busca realizar o teste rápido e o conselheiro. Busca-se por meio da escuta, levantar informações sobre a pessoa e fazer com que a mesma possa refletir sobre os seus comportamentos, é importante ressaltar também a relevância da conscientização para que a pessoa possa aderir maneiras preventivas frente às IST’s;
Referência e contra-referência: suporte assistencial necessário que já encaminhe cada pessoa, nos casos de resultados positivos, para o tratamento e serviços adequados. Nos testes positivos para HIV, é realizado outro teste rápido de outra fabricação, após a confirmação dos dois testes rápidos o usuário é encaminhado ao Centro Municipal de Apoio a Saúde (CEMAS) para realizar a coleta de sangue e verificar sua carga viral com o objetivo de manejar o tratamento específico para a sua doença, já que ocorre a mutação do vírus o tratamentos não é o mesmo para todos os portadores de HIV/Aids; e
Equipe interdisciplinar: a equipe constituinte do CTA deve ser de acordo com a demanda, sendo necessários profissionais de várias formações. A equipe necessariamente deve ser constituída por aconselhadores, coletadores de sangue, pessoas para o apoio administrativo e funcionários para a limpeza.
4.1 Acolhimento e aconselhamento 
O acolhimento e o aconselhamento são ferramentas que apresentam grande importância dentro da instituição, nesse momento é estabelecida uma relação de confiança entre a pessoa que busca a testagem e quem a acolhe. São levantadas informações sobre a pessoa, o motivo da procura e se teve alguma exposição ao risco. O aconselhamento, no Brasil, tem como precursor Rogers, na prática da psicologia clínica, em sua abordagem não diretiva e centrada na pessoa, não buscando aparatos interpretativos ou pautado por um julgamento de valor e simprotagonizando o autor (a pessoa) como um princípio da PNH. O Aconselhamento deve ter como objetivo auxiliar cada pessoa em sua autonomia em relação aos seus comportamentos. “As ações de aconselhamento realizadas no âmbito dos CTA constituem a possibilidade de transformar o cidadão em sujeito da sua própria saúde e da sua doença”. (Ministério da Saúde, 1999).
O CTA tem como um dos seus objetivos e princípios éticos, atender os portadores de HIV/Aids em sua integralidade, tendo o aconselhamento como estratégia que beneficie o tratamento e que não foque somente em aspectos relacionados a doença. O que priorizamos em atendimento humanizado consiste em atender cada usuário de acordo com suas necessidades específicas, desenvolvendo o trabalho pautado por uma escuta atenciosa e de qualidade que saiba compreender as atribuições que cada um concerne à doença. A escuta em certos momentos é a melhor intervenção feita por um profissional. 
O aconselhamento não precisa necessariamente ser feito por um psicólogo, por contar com uma equipe multiprofissional, este pode ser feito por outros profissionais desde que sejam capacitados. Porém, acreditamos na importância que o acolhimento e o aconselhamento sejam feitos pelo psicólogo da instituição, pois conta com embasamento teórico e prático diferente de outros profissionais para escutar e compreender o que cada usuário traz. É importante esclarecer que cada profissional tem sua importância na constituição da equipe e faz-se necessário reconhecer as aptidões de cada um. Da mesma maneira que foi ressaltada a importância do acolhimento ser realizado por um psicólogo, é inviável a este profissional que prescreva a medicação de cada usuário ou realize o teste rápido. 
O aconselhamento ocorre de duas maneiras, pré-teste e pós-teste, podendo ser feito individual ou coletivo. No aconselhamento individual é possível obter maiores informações sobre o usuário, informações estas que provavelmente não seriam obtidas no aconselhamento coletivo. No pré-teste levantamos as informações do usuário, esclarecemos suas possíveis dúvidas quanto à realização do teste e as IST’s e reafirmamos a confidencialidade do teste e seu resultado. É neste momento que compreendemos o motivo da procura pelo teste rápido e se houve alguma exposição ao risco do vírus HIV. O pós-teste depende do resultado do teste rápido. Sendo o resultado negativo/não reagente, o aconselhamento tem caráter de conscientização em relação à prevenção. O resultado positivo/reagente exige do profissional que estiver fazendo o acolhimento que este o forneça amparo emocional, deixe com que a pessoa assimile o que está acontecendo, a reação de cada é muito variável e depende da significação atribuída por cada um com essa nova informação. O profissional deve ressaltar que o resultado positivo não significa necessariamente que a pessoa esteja com Aids e sim com o vírus. O encaminhamento ao profissional correto também deve ser feito. Todas essas informações sobre como proceder diante do resultado positivo parecem ser muito difíceis de serem realizadas em um único momento, surge daí a necessidade dos portadores de HIV/Aids terem o acompanhamento e suporte psicológico que não foque somente nos aspectos relacionados a doença.
Tanto nos resultados negativos como nos positivos, deve ser tido o aconselhamento com o caráter de conscientização. Ocorre o risco, quando não há os cuidados necessários, dos portadores de HIV/Aids se infectarem novamente por um outro vírus do HIV. Também deve ser discorrido sobre os seus comportamentos em relação aos parceiros sexuais. Mesmo diante do resultado positivo, as práticas preventivas o perpassam fazendo-se necessário à prevenção entre todas as pessoas independente da sorologia.
É válido ressaltar a importância do aconselhamento referente a coleta de informações, pois o paciente pode estar em janela imunológica. Janela imunológica é o termo utilizado quando a exposição de risco tem um período inferior a trinta dias. Caso a pessoa esteja com o vírus do HIV, na primeira realização do teste rápido o resultado será negativo/não reagente ou inconcluso, sendo necessário a realização de outro teste após trinta dias da exposição ao risco para fornecer o diagnóstico correto e as possíveis intervenções caso precise. 
O serviço prestado pelo CTA perpassa os limites da instituição física, tem como objetivo a conscientização e a prevenção para que ocorra a disseminação sobre as informações necessárias do HIV/Aids e a desmistificação sobre a doença. 
5 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFISSIONAIS 
Com a vivência no campo de estágio, verificamos que o desenvolvimento de um trabalho humanizado é afetado por fatores internos e externos à instituição. Mesmo com a divulgação do serviço oferecido, nos deparamos com a resistência e o receio das pessoas em buscar a testagem e aderir medidas preventivas em relação ao HIV/Aids.
A estrutura da instituição conta com uma equipe multidisciplinar que oferece desde o acolhimento, tratamento até o acompanhamento aos portadores de HIV/Aids. Promovendo conscientização em relação às infecções sexualmente transmissíveis não somente aos portadores de HIV/Aids e sim a todos que buscam o serviço. 
O CTA/SAE de Divinópolis é uma regional que carece da quantidade de funcionários suficientes para atender a demanda de serviço, consequentemente o trabalho desenvolvido pelos profissionais fica prejudicado. Neste sentido, o trabalho deve ser desenvolvido com maior rapidez fazendo com que o atendimento não priorize as particularidades de cada pessoa.
Ao identificarmos esse problema no CTA/SAE de Divinópolis em relação à carência de profissionais em relação à demanda de usuários, nos deparamos com a ausência de um dos princípios operacionais que regem o SUS, a descentralização. O teste rápido é centralizado somente ao CTA, não sendo realizado nas Unidades Básicas de Saúde. 
Inúmeras questões afetam o trabalho desenvolvido pelos profissionais que constituem o CTA. A não aderência ao tratamento entre os portadores de HIV/Aids é um desses problemas que afetam o funcionamento da instituição. A resistência em aderir e seguir corretamente o tratamento é muito grande. Muitos usuários alegam os efeitos colaterais decorrentes da medicação e o preconceito ainda é o principal motivo pela falta de aderência ao tratamento. Com a observação atenciosa durante o período de estágio alguns comportamentos dos usuários nos chamou atenção, a maioria das pessoas após retirarem os medicamentos na farmácia descartam a embalagem antes de saírem do local. Na abordagem que realizamos entre os usuários do serviço, alguns alegaram que faziam tratamento de outras doenças como um comportamento de defesa para não falar sobre a doença.
Outro problema que nos deparamos é a hostilidade de alguns usuários para com os funcionários da instituição. 
A falta de recursos financeiros também afetam os profissionais, por ser um órgão público a carência de materiais necessários para a realização dos testes e os demais serviços prestados. São desde problemas mais simples, como um dos banheiros estragados até a falta de material para a realização do teste. 
5.1 Preconceito: vivendo no anonimato 
O preconceito social e dos próprios portadores de HIV/Aids faz com que eles busquem viver no anonimato. O medo de não ser socialmente aceito faz com que os portadores falem o mínimo possível sobre a doença. Em muitos relatos é perceptível que a aceitação social é fator primordial na vida muitas pessoas. Muitos usuários alegaram que o HIV/Aids no ditado popular é um “divisor de águas”, como se fosse uma vida antes e outra depois da descoberta da doença. Os portadores temem o afastamento das outras pessoas por causa da doença e infelizmente esse afastamento é presente em grande parte dos casos, têm medo de perder o emprego e não conseguir se relacionar com outras pessoas.
Lidar com as questões que permeiam a doença exige apoio e estrutura emocional. Esse apoio não cabe somente ao suporte fornecido pelo psicólogo,o apoio deve ser tido principalmente entre os vínculos afetivos mais fortes que o usuário constitui. É preciso, também, apoio social. É emergente a necessidade de mudanças na postura da sociedade em relação ao HIV/Aids e que os conceitos historicamente construídos sobre a doença não perdurem e faça com que o preconceito seja maior que a informação e o respeito. 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O CTA/SAE tem o objetivo de promover a igualdade de acesso ao atendimento, prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV/Aids e de outras infecções sexualmente transmissíveis. O aconselhamento visa promover à reflexão sobre a vulnerabilidade de cada um em relação à exposição ao riso diante do vírus, estimulando a adoção de medidas preventivas. Busca-se também a redução do impacto emocional consequente de um diagnóstico positivo.
Há a necessidade de disseminar informações a respeito do HIV/Aids, visando a conscientização e prevenção da população. Além da conscientização em relação às práticas preventivas, é necessária a conscientização de valores éticos que regem a sociedade. 
A PNH, princípio instituído pelo SUS, tem por objetivo aperfeiçoar o funcionamento do sistema e atendimento dos funcionários, melhorando também a forma como cada um lida com a doença e que possa aderir o tratamento sem que este o cause angústias. Porém, para de fato concretizar a PNH dentro do CTA, é preciso o trabalho multiprofissional e a participação social, sendo também um princípio operacional do SUS, junto à descentralização. 
Para atingir melhorias nos aspectos que afetam os profissionais para o desenvolvimento de um trabalho humanizado, é preciso que os próprios profissionais articulem estratégias que para que o serviço seja maior desempenhado, identificando o que deve ser melhorado em aspectos institucionais. 
A descentralização é necessária para que os profissionais sejam capazes de atender com qualidade a demanda de usuários. Fornecer o teste rápido nas Unidades Básicas de Saúde é uma estratégia para melhorar o serviço prestado. 
O atendimento humanizado deve ser estritamente marcado pelos princípios doutrinários do SUS, universalidade, integralidade e equidade. Deve considerar os aspectos subjetivos de cada pessoa, como meios de compreender e poder auxiliar cada pessoa a considerando como única. O atendimento integral está intimamente relacionado com a humanização, considerando todas as informações trazidas pelos usuários e direcionando o foco do aconselhamento não somente para a doença. 
	
	
	
REFERÊNCIAS
BENEVIDES, R.; PASSOS, E. A humanização como dimensão pública das políticas de saúde. Rev. de Saúde Coletiva, São Paulo, 10(3): 561-571, 2005.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
GOMES, A. M. T.; SILVA, E. M. P.; OLIVEIRA, D. C. de. Representações sociais da AIDS para pessoas que vivem com HIV e suas interfaces cotidianas. Rev. Latino-Am. Enfermagem. São Paulo, 19(3): 8 telas, 2011.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA): manual. Ministério da Saúde; Brasília-DF, 1999.
OLIVEIRA, I. C.; CUTOLO, L. R. A. Humanização como expressão de integralidade. Revista O Mundo da Saúde, São Paulo, 36 (3): 502-506, 2012.
OLIVEIRA, L.A. et. al. Humanização e cuidado: a experiência da equipe de DST/Aids no município de São Paulo. Rev. de Saúde Coletiva. São Paulo, 10(3): 689-698, 2005.
PASCHE, D.F.; PASSOS, E. A importância da humanização a partir do sistema único de saúde. Revista de Saúde Pública de Santa Catarina. Santa Catarina, 1 (1): 92-100, 2008.
SPINK, M. J. et. al. Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas / Org. Mary Jane Spink; Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, Rio de Janeiro, 2013.
� Discente do 6° período do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras Divinópolis.
� Discente do 6° período do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras Divinópolis.
� Mestre em Psicologia pela UFMG, docente do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras Divinópolis. Supervisor de estágio do 6° período da Faculdade Pitágoras Divinópolis.
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