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Dicas e estratégias para você passar em concursos 3ª edição Ricardo J. Ferreira Livro digital Rio de Janeiro 2015 Dicas e estratégias para você passar em concursos 3ª edição Ricardo J. Ferreira Livro digital Copyright © Editora Ferreira Ltda., 2010-2015 3ª edição 2015. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Impresso no Brasil/Printed in Brazil Projeto gráfico Meltunes Comunicação Visual Ilustração Erick Lothan Revisão Andrea Regina Oliveira Almeida Pâmela Isabel Oliveira Diagramação Thais Xavier Ferreira Nívia Bellos CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ F443m 3. ed. Ferreira, Ricardo J. (Ricardo José), 1961- Manual dos concurseiros [recurso eletrônico] : dicas e estratégias para você passar em concursos / Ricardo J. Ferreira. - 3. ed. - Rio de Janeiro : Ed. Ferreira, 2015. recurso digital : il. (Concursos) Formato: ePDF Requisitos do sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-85-7842-331-5 (recurso eletrônico) 1. Método de estudo - Manuais, guias, etc. 2. Serviço público - Brasil - Concursos - Manuais, guias, etc. 3. Livros eletrônicos. I. Título. II. Série. 15-24274 CDD: 371.30281 CDU: 37.04 Editora Ferreira contato@editoraferreira.com.br www.editoraferreira.com.br Manual dos Concurseiros3 Nota sobre o autor Ricardo J. Ferreira é graduado em Direito e Ciências Contá- beis. Foi auditor interno nos setores público e privado e as- sessor jurídico da Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro. Membro do Conselho Editorial da Editora Ferreira e criador da Feira do Concurso, foi recentemente homenageado com a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, principal Comenda do Rio de Janeiro. É professor de Legislação Tributária, Contabilidade e Audi- toria, tendo sido aprovado e classificado nos concursos para Técnico do Tesouro Nacional (TTN), Agente Fiscal de Tribu- tos do Estado de Minas Gerais (ICMS/MG), Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo (ICMS/SP), Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional (AFTN), Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro (ICMS/RJ) e Fiscal de Rendas do Município do Rio de Janeiro (ISS/RJ), entre outros. Manual dos Concurseiros5 Agradecimentos Sensacional! Essa é a única palavra com a qual consigo des- crever o sucesso alcançado pela 2ª edição do nosso livro Manual dos Concurseiros, em sua versão digital gratuita. Computadas apenas as informações dis- poníveis no site da Editora Ferreira e em suas redes sociais, foram mais de 30 mil downloads. Se conside- rarmos que alguns concurseiros repassaram o texto para parentes e amigos, chegaremos a, pelo menos, 50 mil leitores. A todos vocês, meus sinceros agradecimentos por terem prestigiado nosso livro, fazendo com que se tornasse um grande sucesso. Depois da divulgação do livro no formato digital, em julho de 2014, recebi centenas de mensagens, com elogios, sugestões, críticas, pedidos de orienta- ção etc. Isso me ajudou a identificar alguns dos acer- tos e erros contidos nesta obra e representou uma contribuição extraordinária para a 3ª edição, que ora lançamos. Por isso, a todos os amigos e amigas que lerem esta obra, peço que nos orientem sobre o que pode ser melhorado. Assim, poderemos auxiliar todos aqueles que sonham em ingressar no serviço público por meio de concurso. 6Ricardo J. Ferreira Será um prazer receber sua mensagem pelo Facebook (facebook.com/professorricardoferreira) ou por e-mail (contato@editoraferreira.com.br). Um forte abraço e muito sucesso! Ricardo Ferreira Manual dos Concurseiros7 Apresentação Aqui está a 3ª edição do nosso Manual dos Con- curseiros, publicado pela Editora Ferreira em PDF, com distribuição gratuita. Desejo que esta obra seja útil a você no alcance do seu objetivo: a aprovação em concurso público. Este livro foi escrito para pessoas que tenham como característica principal a determinação naquilo que fazem. Digo isso porque o contato com inúme- ras pessoas bem-sucedidas em concursos me faz crer que o aprovado é antes de tudo alguém cuja principal virtude está em seguir em frente diante de adversidades, em aproveitar as derrotas para corrigir suas estratégias, em vez de ficar se lamuriando. Para quem tem determinação, oportunidades não faltam. Injus- tiças e frustrações existem, mas elas não resistem ao esforço contínuo de quem está disposto a vencer na vida. Durante minha longa experiência em sala de aula de cursos preparatórios por todo o Brasil, tive a curiosidade de estudar o comportamento de diver- sos grupos, principalmente dos candidatos inician- tes. Para meu espanto, pude observar que, depois de três meses do início das turmas básicas, desti- nadas aos principiantes, entre 70 e 80% desistiam. Os motivos apontados eram os mais diversos: “não 8Ricardo J. Ferreira consigo conciliar trabalho e estudo”; “não tenho vocação para isso”; “estou prejudicando minha convivência com minha família e amigos”; “vou terminar meus estudos primeiro”. Em alguns casos, ficou evidente que o desistente tinha sido influen- ciado a prestar concurso por alguém da família ou por algum amigo aprovado, porém não tinha a menor aptidão para ser concurseiro. Em outras palavras, queria o bônus, que é a aprovação, mas não estava disposto a suportar o ônus de se prepa- rar de verdade para passar em concurso. Por isso, aqui vai nossa primeira dica: se você ainda não está certo de que estudar para concursos é realmente o que quer fazer neste momento, reco- mendo que recorra a livros ou pessoas que possam ajudá-lo a adquirir a confiança necessária para ser um vitorioso em concurso. Caso contrário, num dia você pode achar que obterá sucesso, no outro, não. Se existe algo que você realmente quer, então se jogue de corpo e alma para alcançá-lo. Sua atitude positiva vai fazer a diferença. Voltando às pesquisas em sala de aula, entre aqueles que seguiam adiante, os 20 a 30% restantes, a maioria demorava meses, às vezes mais de um ano, para perceber que estava adotando uma estratégia errada. Muitos desses candidatos foram atraídos por propaganda enganosa, que vendia uma imagem do mundo dos concursos bem diferente da realidade. No entanto, depois de algum tempo, perceberam Manual dos Concurseiros9 que estavam no caminho errado e começaram a refazer seus planos. Para evitar que isso aconteça com você, antes de começar a estudar, planeje sua estratégia de forma criteriosa. Ninguém, em sã consciência, pode acreditar que passar em concurso é uma tarefa fácil, mas, com cer- teza, para quem está disposto a enfrentar os desa- fios, o resultado compensa qualquer esforço. A sensação indescritível de ver seu nome publicado no Diário Ofi- cial vai compensar todo seu sacrifício. Numa época em que é possível observar, por meio da ressonância magnética, como o cérebro funciona, fica cada vez mais evidente que a autocon- fiança é fundamental no processo de aprendizagem. Por isso, estar em dúvida quanto a tomar uma deci- são tão importante em sua vida, que pode solucionar boa parte dos seus problemas, talvez seja indício de que este não é o melhor momento para ingressar no mundo dos concursos. Por outro lado, ainda que você tenha decidido que é isso mesmo que quer fazer da vida, esteja ciente de que, ao longo de sua jornada rumo à apro- vação, você pode se perguntar: “Será que estou no caminho certo? Será que vou conseguir?”. Isso é normal, acontece com quase todo mundo que enfrenta um grande desafio, dos mais seguros aos 10Ricardo J. Ferreira mais hesitantes. A diferença é que os primeiros con-trolam os pensamentos negativos e seguem em frente. Também já passei por isso. Quando batia o desâ- nimo, principalmente por causa da pressão da família e dos amigos, eu pensava na falta de perspectiva caso desistisse. Aí o desânimo passava, e eu voltava a estudar. Se você confiar em sua capacidade, usar estraté- gias adequadas e não desistir, garanto que será apro- vado em vários concursos. Quando constatarem seu êxito, aqueles que hoje criticam sua opção pelos estudos passarão a ter você como uma referência de sucesso. O mais irônico é que, para alguns deles, você será uma pessoa com “muita sorte”. Um forte abraço e muito sucesso. Ricardo J. Ferreira Manual dos Concurseiros11 Sumário Por que resolvi prestar concursos 13 O caminho mais rápido para ter o governo como patrão 15 Aprenda a se motivar para os estudos 23 É preciso ter foco 26 Como está seu controle emocional? 27 Não fique sem dormir para estudar 28 Mantenha uma rotina 29 Perfil do candidato a ser selecionado 29 Horas de estudo por dia 30 Fórmulas mágicas 31 Da autorização à homologação: entenda o processo de realização dos concursos 34 Qual é o prazo para ir à Justiça anular ilegalidade em concurso? 37 Banca examinadora 38 Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) 41 Escola de Administração Fazendária (Esaf) 42 Fundação Carlos Chagas (FCC) 43 Fundação Getúlio Vargas (FGV) 43 Fundação Cesgranrio 44 Escolha uma área específica 47 Causo 1 47 Comece pelas matérias básicas 49 12Ricardo J. Ferreira Matérias básicas por área 50 Técnicas de estudo 51 Como alternar as disciplinas 57 Causo 2 61 Quais são as matérias mais difíceis? 62 Faça intervalos e descanse 64 Curso preparatório 65 Internet 68 Causo 3 70 Simulados 71 Como estudar depois do edital 73 O que fazer nos 15 dias anteriores à prova 74 Dicas para o dia da prova 76 Concursos de alto nível 80 Livros 82 Livro físico X livro digital 84 Causo 4 85 Edital 86 Família 87 Relação candidato/vaga 88 Redação ou prova discursiva 89 Avaliação psicológica 92 Teste de aptidão física 94 Investigação social 98 Causo 5 100 Vocação para o serviço público 100 Causo 6 102 Manual dos Concurseiros13 Por que resolvi prestar concursos Consegui meu primeiro emprego formal quando concluí o equivalente ao ensino médio. Eu elaborava relatórios, balancetes, demonstrações etc. Tudo sem a menor noção de como debitar ou creditar uma conta. Antes, havia sido feirante, camelô, artesão, fabricante de pipa e qualquer outra coisa que pudesse me servir de fonte decente de renda para sobreviver. Foi assim que consegui que assinassem minha car- teira: acompanhei um conhecido até uma empresa no Centro do Rio de Janeiro, na qual ele iria se inscre- ver para um emprego. Quando cheguei à recepção, uma secretária meio sem paciência achou que eu também queria participar do processo seletivo e, sem nada me perguntar, entregou-me um formulário. Pensei: “já que eu estou aqui...” e me inscrevi. Na semana seguinte, retornei para fazer um teste. Tratava-se de um psicotécnico, o que parecia já anunciar minha odisseia de testes e concursos para conseguir emprego. Devo ter me saído bem, pois fui chamado logo em seguida para trabalhar. Só então fiquei sabendo que a sociedade prestava serviços de consultoria e auditoria para uma autarquia federal. 14Ricardo J. Ferreira Fui trabalhar no setor de contabilidade da autarquia, sem saber direito com que finalidade ele existia. Algum tempo depois, “por necessidade imperiosa do serviço” e falta de orientação, ingres- sei na faculdade de ciências contábeis. E assim comecei meu diálogo com o método das partidas dobradas, mais por obra do acaso que por vocação. Devo confessar que somente alguns anos após isso, quando comecei a lecionar essa matéria, é que a contabilidade passou a ser para mim a “área mais importante do conhecimento humano”. Nos dois últimos anos da faculdade, tentei uma vaga em firmas de auditoria. Eu passava nas provas escritas, mas, invariavelmente, ficava reprovado na entrevista social. Numa delas, o entrevistador me fez apenas duas perguntas: “Onde você mora? Pra qual time torce?” E encerrou o nosso encontro. Até hoje não sei se ele me reprovou porque eu morava em Duque de Caxias, Baixada Fluminense-RJ, ou por- que torcia para o Flamengo. Como desgraça pouca é bobagem, o governo resolveu cortar despesas, a empresa em que eu traba- lhava perdeu alguns contratos, e fui demitido. O fato é que, em razão desses acontecimentos, desisti de seguir carreira na iniciativa privada. Decidi fazer concurso público. Você não está apenas estudando para fazer prova, você está transformando sua vida e planejando seu futuro. Manual dos Concurseiros15 O caminho mais rápido para ter o governo como patrão Antes de ser atraído pelo canto da sereia, é preciso que você verifique se tem o perfil necessário à pre- paração para concurso público. Quem, entre outras coisas, acha que não pode ficar sem o chopinho com os amigos no fim do expediente, pretende continuar a sair para a balada de quinta a domingo e pensa que estudar é muito chato não deve nem começar a se preparar, pois vai jogar tempo e dinheiro no lixo. Seu maior adversário não é o pequeno número de vagas, o exces- sivo número de inscritos ou a absurda quantidade de matérias. Seu maior adversário não é saber se sai ou não edital, descobrir qual é a banca ou adivinhar o que pode cair na prova. Seu maior adversário não é dominar o medo excessivo, derrotar a procrastinação ou manter o ânimo diante das incertezas. Seu maior adversário é você mesmo. 16Ricardo J. Ferreira Então qual é o perfil do concurseiro bem-suce- dido? É preciso ser um gênio? Bem, se você é determinado e já decidiu que realmente quer fazer concurso, então vejamos qual é a melhor estratégia a ser adotada para a sua apro- vação. Agora faremos um resumo para em seguida explicar os detalhes. Primeiro, é preciso escolher uma área específica, pois as matérias a serem estudadas variam muito de uma área para outra. Para quem tem o 2º grau (ainda não me acostu- mei com a expressão “nível médio”), os concursos para tribunais são bem interessantes, com salários acima de R$ 4.000,00. Aqui estão alguns exemplos: 1. Tribunal de Justiça – TJ 2. Tribunal Regional Eleitoral – TRE 3. Tribunal Regional do Trabalho – TRT 4. Tribunal Regional Federal – TRF O concurseiro bem-sucedido é alguém, essencialmente, muito determinado. Entre um gênio preguiçoso e uma pessoa normal determinada, é provável que a vaga fique com esta última. Manual dos Concurseiros17 5. Superior Tribunal de Justiça – STJ 6. Supremo Tribunal Federal – STF Nos tribunais, o número de convocados costuma ser bem superior ao que anunciam nos editais, de forma que, no decorrer do prazo de validade do concurso, são grandes as chances de convocação dos aprovados fora das vagas iniciais. As pessoas formadas em Direito dão preferência aos concursos da área jurídica, assim entendidos os que exigem, no mínimo, o bacharelado em Ciências Jurídicas. Nesses certames, as remunerações podem ultrapassar os R$ 20.000,00: 1. Juiz 2. Promotor 3. Defensor 4. Procurador 5. Delegado A Resolução nº 75, de 12 de maio de 2009, do CNJ, que dispõe sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura em todos os ramos do Poder Judiciário nacional, estabelece, em seu art. 58, § 1º, “b”: O pedido de inscrição, assi- nado pelo candidato, será instruído com certidão ou declaração idônea que comprove haver completado, à data da inscrição definitiva, 3 anos de atividade jurídica, efetivo exercício da advocacia ou de cargo, emprego ou função, exercida após a obtenção do grau de bacharel em Direito. 18Ricardo J. Ferreira Em alguns concursos da área jurídica, o prazo mínimo é de 2 anos. Para os concurseiros de nível superior com for- mação não jurídica, as melhores opçõesestão nos concursos para auditor-fiscal, com salário na faixa de R$ 14.000,00: 1. Auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil 2. Auditor-Fiscal do Trabalho 3. Auditor-fiscal dos estados (denominado “fis- cal do ICMS” ou apenas “ICMS”) 4. Auditor-fiscal dos municípios (denominado “fiscal do ISS” ou apenas “ISS”) A Receita Federal do Brasil e estados como São Paulo e Rio de Janeiro têm feito concursos para agente/auditor-fiscal regularmente, às vezes até mais de um certame por ano. Há também os cargos de analista e aqueles com formação específica por área (advogado, contador, eco- nomista, administrador), cujas remunerações variam entre R$ 7.000,00 e R$ 14.000,00: 1. Banco Central do Brasil 2. Petrobras Manual dos Concurseiros19 3. BNDES 4. Ibama 5. Ministério da Fazenda 6. SUSEP Algumas dessas entidades estão sendo obrigadas a fazer concurso para substituir empregados terceiri- zados, por isso devem promover certames regulares nos próximos anos. Os concursos das agências reguladoras também são uma excelente opção em termos de remunera- ção e condições de trabalho. Eis alguns exemplos: 1. Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) 2. Agência Nacional de Águas (ANA) 3. Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) 4. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Para conseguir êxito mais depressa, o ideal é que você não fique pulando de galho em galho, fazendo tudo quanto é concurso que aparece nas mais diversas áreas. Mesmo que esteja desempre- gado e morando de favor na casa da sogra, ainda que ela faça questão de olhar nos seus olhos e dizer, todos os dias: “Não foi com isso que eu sonhei para minha filha”, evite fazer concurso sem uma estra- tégia bem definida. Porém, em casos assim, deses- peradores, comece pelos concursos menos visados. 20Ricardo J. Ferreira Se possível, tente obter a aprovação para um lugar que lhe permita conciliar o trabalho com os estudos para outro concurso. Você vai alcançar o sucesso porque merece, não porque precisa. Por isso, resista à tentação de agir como vítima e seja o protago- nista do seu futuro. Aliás, quem precisa com urgência arrumar uma vaga no setor público deve observar as seguintes regras: 1. Quanto mais regional o concurso, menor a con- corrência (um concurso municipal atrai menos a atenção que um federal, por exemplo). 2. Concursos de nível médio são, em geral, mais fáceis e exigem menos disciplinas que os de nível superior. A Caixa Econômica Federal e Manual dos Concurseiros21 o Banco do Brasil, por exemplo, contratam, mediante concursos de nível médio, milhares de pessoas todos os anos. 3. Concursos com remuneração elevada ou muito status atraem muitos candidatos de altíssimo nível (envolvem pessoas dispostas a estudar durante anos, até passar, como é o caso da Receita Federal, Banco Central, Itamarati). Uma vez identificada a área, é hora de escolher as matérias a serem estudadas. Nos concursos de nível médio e de nível superior sem formação específica, as disciplinas mais impor- tantes tendem a ser: 1. Língua Portuguesa 2. Direito Constitucional 3. Direito Administrativo Quando mantém o foco na conquista de seu objetivo, você vence um pouco a cada dia. Não cometa o erro de começar seus estudos por matéria específica (regimento, código, regulamento) que sirva somente para um determinado concurso, salvo se a autorização já tiver sido publicada. Caso con- trário, se tiver de mudar seus planos ou se o concurso esperado não sair, o que você estudou terá sido tempo perdido. Por outro lado, essas matérias específicas geralmente são cobradas de forma estritamente literal. 22Ricardo J. Ferreira Nada que não se possa estudar após o edital, desde que as matérias básicas já estejam dominadas. Em se tratando da área fiscal, a espinha dorsal dos concursos costuma ser: 1. Direito Constitucional 2. Direito Administrativo 3. Direito Tributário 4. Contabilidade 5. Português Se você for fazer curso preparatório, seja presencial ou a distância, escolha-o com muito critério. Peça infor- mações a pessoas aprovadas ou que já estudam há mais tempo. No entanto, considere que existe um curso apro- priado para cada tipo de aluno, de acordo com o está- gio em que se encontra. Não ajuda muito, por exemplo, começar a preparação por um curso que dá prioridade aos candidatos mais experientes e já aptos à aprovação. Mal comparando, é como se você fosse para a autoes- cola e recebesse uma Ferrari para treinar. A melhor escolha costuma ser aquela que leva em consideração o nível e a experiência dos professores Manual dos Concurseiros23 que lecionam no curso. Entretanto, veja também se a empresa tem tradição no mercado de concursos. Comece por uma turma com as matérias básicas da área de seu interesse. Caso sinta mais dificuldade em alguma disciplina, faça um módulo dessa matéria. Em seguida, faça cursos de exercícios e simulados. Quando surgirem boatos sobre um concurso de seu interesse, procure acompanhar o andamento do processo de autorização. Se o concurso for federal, você pode consultar a movimentação do processo na página do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (www.planejamento.gov.br). Há casos em que as notícias sobre um concurso não têm o menor fundamento, o que pode gerar grande frustração. Com o advento da internet, houve a democrati- zação e barateamento dos estudos para concursos. Informações que antes eram restritas aos grandes centros agora estão disponíveis para todos na grande rede. Existem centenas de sites, fóruns, redes sociais etc. especializados em concursos. Aprenda a se motivar para os estudos Nossa mente registra de modo permanente, basicamente, duas espécies de experiências: 1. As que nos emocionam positivamente e que- remos repetir 2. As que nos traumatizam e queremos evitar 24Ricardo J. Ferreira Como aproveitar as experiências negativas? Em vez de ficar se lamentando por não ter ido bem numa prova ou disciplina, analise o que fez de errado e corrija a falha para o próximo concurso. Não desista do seu sonho por causa de um resultado negativo, nem deixe que isso afete a sua determinação de alcançar o sucesso. Não desanime: no futuro, quando você olhar para trás e avaliar suas conquistas, o sacrifício de agora será seu maior motivo de orgulho. Quando você estuda um assunto com indife- rença, sem nenhum envolvimento emocional, ele tende a ser esquecido rapidamente. Desse modo, se você diz “não gosto de Matemática” ou “estu- dar Português é muito chato”, o significado para seu cérebro é este: isso não é algo relevante a ponto de ser registrado de forma permanente na memória. Com essa atitude, mesmo que estude essas duas dis- ciplinas à exaustão, dificilmente você conseguirá ter um bom desempenho. Portanto, antes de iniciar a preparação, resolva seus conflitos e traumas em rela- ção ao que precisa estudar. Caso contrário, o tempo necessário à aprovação aumenta bastante. Manual dos Concurseiros25 Quem estuda porque gosta consegue passar bem antes do que quem não gosta de estudar. Quando você escolhe um concurso ligado à sua vocação, a tarefa de estudar é bastante facilitada. Mas se isso não for possível, você deve buscar outras formas de estímulo. Que tal se motivar pensando no veículo que vai comprar? Imagine o cheirinho de carro novo. Em que bairro vai ser seu novo apartamento? De frente pro mar tá bom pra você? Que países pretende conhecer (França, Itália, Grécia, China)? Entre os concurseiros, existe uma lenda que diz: quem passa em concurso, pouco tempo depois, troca de carro, troca de casa e troca de cônjuge, não necessariamente nessa ordem. Com o novo salário você poderá quitar todas as suas dívidas. Como será melhor o futuro de sua famí- lia após a aprovação! Quando você passar, aquela garota que não te dá bola vai te achar um gato. Sua ex-namorada, a que te abandonou quando você começou a estudar, vai querer voltar rapidinho. Muitos concurseirosrecorrem à técnica da repetição (releitura), que até pode funcionar bem para alguns, mas toma muito tempo. Você se lem- bra do cursinho de inglês? “Repeat, class!”. Pois é, 26Ricardo J. Ferreira esse exercício de repetir à exaustão acaba vencendo nosso cérebro pelo cansaço. De tanto ver a gente repetir, ele conclui que o assunto deve ser impor- tante. Faz mais de 20 anos que estudei inglês em cursinho, mas até hoje me lembro de alguns diálo- gos que éramos obrigados a decorar e a repetir na turma. Fiquei traumatizado com isso. Num deles, o personagem principal dizia: “Look at my belly. I’m not in good shape”. Acho que nunca mais vou esque- cer isso, até porque, a cada ano que passa, me sinto mais fisicamente inserido no contexto desse diálogo. É preciso ter foco Quando eu era criança e minha mãe me man- dava comprar 4 ou mais coisas no mercado, eu sem- pre me esquecia de trazer algo e comprava errado pelo menos um dos produtos. Coitada! Ela ficava muito aborrecida e parecia temer pelo meu futuro. O problema é que eu me distraía com as crian- ças que brincavam na rua e não prestava atenção no que deveria comprar. Na escola, o problema era semelhante: se a matéria não me interessasse, eu tinha um péssimo desempenho. Até hoje, ainda continuo assim: se não esti- ver concentrado na tarefa que executo, faço tudo errado. Com o tempo, aprendi que isso era falta de foco, um problema que, aliado à baixa autoestima, pode decretar o fim de uma carreira promissora. Manual dos Concurseiros27 Hoje em dia, identifico esse problema em mui- tos estudantes, alguns inclusive com uma capaci- dade bem acima da média. Por isso, diante de um resultado ruim, acho importante considerar até que ponto a falta de foco, e não de talento, é res- ponsável pelo nosso fracasso. Como está seu controle emocional? Os profissionais da área social dizem que as pessoas que mais precisam de ajuda são as que mais negam sua necessidade, ou seja, é natural haver alguma resistência quando se trata de reconhe- cer problemas emocionais. Ao longo de mais de 30 anos atuando como pro- fessor em cursos preparatórios, observei atentamente o comportamento de candidatos muito bem prepa- rados nos estudos, mas que na hora da prova tinham um desempenho sofrível. Alguns inclusive davam aulas particulares a colegas de turma, entre os quais muitos foram aprovados antes daqueles. Ao conversar com alunos que tinham essa carac- terística, invariavelmente o problema identificado era a falta de controle emocional na hora da prova. Segundo eles, os dias e horas que antecedem uma prova representam um verdadeiro inferno. Um deles chegou a me dizer que, às vésperas da prova, até água 28Ricardo J. Ferreira lhe fazia mal. Uma aluna tinha problemas sérios de pele: ficava com o rosto parecendo um abacaxi. Hoje, posso dizer com segurança que o controle emocional é tão ou mais importante (dependendo das características do concurseiro) que o conheci- mento das disciplinas. Na hora da prova, um assunto que estudamos com profundidade pode ser comple- tamente esquecido por causa do excesso de estresse. Não fique sem dormir para estudar Noites bem dormidas são fundamentais para quem precisa ter um bom desempenho nos estu- dos, pois é durante o sono que ocorre o processo de registro permanente do que foi estudado. Portanto, dormir mal prejudica a fixação das matérias. O ideal é dormir oito horas por noite, sempre no mesmo horário, de preferência entre 23h e 7h. Toda- via, cada caso é um caso. Há quem precise de pelo menos nove horas de sono, enquanto outros ficam plenamente satisfeitos com apenas sete. Se você costuma perder o sono com facilidade, evite ingerir café ou bebidas similares no período da tarde/noite, não faça exercícios físicos à noite e coma pouco durante o jantar. Manual dos Concurseiros29 Mantenha uma rotina Criar hábitos de estudo auxilia seu cérebro a ter um melhor desempenho, facilitando o processo de memorização de longo prazo das matérias. Não é uma boa prática, por exemplo, estudar 3 horas num dia e 10 horas no outro. Um grande volume de assuntos estudados fora dos padrões facilita o esquecimento. Perfil do candidato a ser selecionado Em tese, existe um perfil bem definido do profissio- nal que o poder público pretende selecionar. Trata-se de pessoa com iniciativa e capacidade de liderança, conhecedora das funções de seu cargo, hábil na ges- tão de pessoas e comunicativa, entre outras coisas. Todavia, na prática, a falta de critérios adequados no processo de seleção tem como consequência a esco- lha de pessoas que, em sua maioria, são atraídas ape- nas pela remuneração e estabilidade. Uma flagrante 30Ricardo J. Ferreira falha das bancas é focar as questões na capacidade de memorização do candidato, na decoreba. É notório que algumas provas exigem mais ades- tramento do que raciocínio. Mas isso não garante que a melhor estratégia seja decorar e não compreender. Quem compreende também memoriza, enquanto quem estuda apenas para decorar acaba não conse- guindo resolver questões mais bem-elaboradas, que fogem à decoreba. Portanto, de uma forma ou de outra, estude para entender. Isso não significa per- der a objetividade nos estudos, pois as questões, em geral, são de múltipla escolha e a quantidade de matérias a estudar parece nunca ter fim. O segredo é estudar para compreender, mas não ficar divagando. Horas de estudo por dia O tempo necessário de estudo diário varia bas- tante, conforme o perfil do candidato. O importante é ter qualidade, e não apenas quantidade. Por exemplo, O verdadeiro perdedor é aquele que não tem coragem de enfren- tar desafios para realizar seus sonhos. O medo de não conquistar o impede de tentar. Manual dos Concurseiros31 quando você estuda por obrigação, sem nenhuma relação emocional com as matérias, pouco adianta ler durante 10 ou 12 horas por dia. Em situações assim, sua capacidade de registrar e relacionar de forma per- manente assuntos tão diversos é mínima. Por outro lado, quando se dedica por 3 ou 4 horas diárias envol- vido emocionalmente no estudo, quase tudo é regis- trado de forma permanente em sua mente. Fórmulas mágicas A preparação para concursos não é fácil. Requer muita dedicação, tempo de estudo e controle emo- cional. Que o digam alguns candidatos que levaram anos até conquistar a tão sonhada vaga. Não há fórmulas mágicas para a aprovação, que depende principalmente de sua dedicação. Existem, sim, formas de encurtar o caminho. 32Ricardo J. Ferreira Primeiro, não estude para vários concursos ao mesmo tempo. É melhor escolher uma área e se dedicar às suas matérias básicas. Cada concurso tem matérias específicas. Por isso, quem estuda para todos eles acaba não se preparando bem para nenhum. Você também precisa obter informações sobre o cargo e as funções que pretende exercer e sobre a entidade/órgão realizador do concurso. Para manter o foco, é importante ver utilidade no que estuda, entender, e não simplesmente decorar. Uma vez escolhido seu objetivo, chegou a hora da preparação. O material de estudo é muito impor- tante, pois, na maioria dos casos, você tem de estudar matérias que nunca viu na vida. Por exemplo, quem é formado em Comunicação e quer conquistar uma vaga em algum tribunal terá de se adaptar ao estudo do Direito. Por isso, o material deve ser de linguagem simples e objetiva, além de ter conteúdo abrangente. Cuidado! Evite resolver questões sem gabarito. O ideal é que, além de ter as respostas, as questões sejam comentadas. Na hora de escolher os livros e as apostilas, ana- lise o índice para ver se todo o conteúdo programático pedido no edital é abordado. Questões comentadas de provas anteriores e exercícios são muito importantes. Manual dos Concurseiros33 Principalmente após conhecer as matérias básicas de sua área de interesse, teste seus conhecimentos regu- larmente com exercícios e simulados. Boa parte desse material pode ser encontradode graça na internet. Se você é autodidata, excelente, pode estudar sozi- nho. Caso contrário, tenha muito cuidado na escolha do curso. Informe-se sobre seus professores. É importante se preparar com quem já tem experiência em concursos e está há bastante tempo no mercado. Com atenção nessa dica, você vai economizar tempo e dinheiro. Não despreze a leitura de jornais e revistas, pois ela auxilia na solução das questões que exigem conhecimentos gerais e atualidades, além de servir para que você perceba como o que está estudando se aplica ao seu dia a dia. Por último, reserve algumas horas da semana para o lazer. Distrair a mente ajuda a preparar a cabeça para o estudo, enquanto insistir em estudar cansado facilita o esquecimento. Não é um bom negócio estudar tudo de novo diversas vezes, não é mesmo? Reserve um dia por semana, ou pelo menos metade dele, para relaxar. Vida de concurseiro causa um tremendo embarangamento. Em compen- sação, depois de aprovado, como num passe de mágica, todo mundo vai achar que você ficou mais bonito. 34Ricardo J. Ferreira Da autorização à homologação: entenda o processo de realização dos concursos Para quem se prepara com a devida antecedên- cia, uma das coisas mais desgastantes é a onda de boatos sobre se vai sair ou não o concurso desejado. No entanto, quando você conhece o processo de rea- lização dos certames, boa parte do sofrimento provo- cado pela onda regular de boatos pode ser eliminada. Na área federal, por exemplo, tudo começa com um pedido de autorização, para a realização de concurso, ao Ministério do Planejamento, Orça- mento e Gestão (MPOG). Por exemplo, a Receita Federal do Brasil pede autorização ao MPOG para realizar concurso visando à contratação de 1.000 auditores-fiscais. Nos estados e no Distrito Federal, quem autoriza os concursos são os governadores; nos municípios, os prefeitos. A análise do MPOG pode demorar meses. Às vezes, mais de um ano se passa entre a data do pedido e sua autorização. Além do mais, devido a restrições orçamentárias ou políticas, o Ministério do Planejamento nem sempre aprova o concurso com o número solicitado de vagas. Há casos em que são liberadas menos de 50% das vagas solicitadas. Em situações extremas, o pedido pode ser rejeitado. Manual dos Concurseiros35 Portanto, antes da autorização do MPOG, não dê muita importância quando os responsáveis pelo órgão ou entidade que solicitou o concurso, ou mesmo a mídia “especializada”, fazem previsões relacionadas ao cronograma do processo de seleção. Por mais que eles tenham boa-fé, dificilmente acertarão as datas, até porque, no setor público, as coisas costumam andar mais lentamente do que gostaríamos (é o que chamo “princípio da morosidade do ato administrativo”). Uma vez autorizado o concurso, praticamente há a certeza de que ele será realizado, pois dificil- mente a entidade que o solicitou deixará de pro- movê-lo. Desse modo, a partir da sua autorização, o concurso pode ser tratado como prioridade. Vale dizer, esse é o momento mais adequado para você começar a se dedicar especificamente a um con- curso de seu interesse. Após a autorização, o órgão que solicita e pro- move o processo seletivo deve contratar uma institui- ção organizadora de concursos para gerir o certame. Em seguida, é publicado o edital (em média, de quatro a seis meses após a autorização), trazendo as regras do jogo e o programa das disciplinas que serão exigidas. As inscrições têm início. O tempo entre o edital e a prova costuma ser muito curto (de dois a três meses). Logo, começar a estudar especifica- mente para um concurso apenas a partir do edital não é uma boa estratégia. Aplicadas as provas, abre-se o prazo para recla- mações, perante a instituição organizadora, quanto 36Ricardo J. Ferreira a possíveis falhas na formulação das questões. Como quem examina os “recursos” é a própria banca exa- minadora que elaborou as questões, não fique muito empolgado com a possibilidade de anulação. Você também pode reclamar à Justiça, mas para isso é preciso contratar um advogado. Depois da apreciação das reclamações na instân- cia administrativa, publica-se o resultado final com a lista dos aprovados e o concurso é homologado, ou seja, tem sua validade reconhecida. A convocação de candidatos aprovados deve observar a rigorosa ordem de classificação. O prazo de validade do concurso, previsto no edital, é contado a partir da data da homologação. Antes do término desse prazo, não deve haver outro concurso para o mesmo cargo. A Justiça tem entendido que a realização de novo concurso durante o prazo de validade do con- curso anterior dá ao candidato aprovado neste, ainda que fora do seu número de vagas, o direito de ser convocado, observado o número de vagas do novo concurso (se isso acontecer com você, contrate um advogado e entre na Justiça para exigir sua convoca- ção). Logo, durante o prazo de validade do concurso anterior, não se pode levar a sério qualquer boato sobre a realização de novo concurso. Em resumo, enquanto espera a realização de um concurso, o concurseiro que está de fato deci- dido a conseguir uma das vagas deve continuar seus Manual dos Concurseiros37 estudos, sem se deixar levar pelos boatos. Como a contratação para o serviço público depende de con- curso, mais cedo ou mais tarde, vai sair edital. Pedido de autorização → Autorização → Contratação de instituição organizadora Publicação do edital → Inscrições → Aplicação das provas Prazo para recursos → Resultado final e lista dos aprovados → Homologação Qual é o prazo para ir à Justiça anular ilegalidade em concurso? Quando a lei da entidade realizadora do certame não estabelece prazo, como acontece na maioria dos estados e municípios, a prescrição ocorre em 5 anos, a contar da data da homologação do concurso. Na área federal, a matéria é regulada por lei (7.144/1983), segundo a qual prescreve em 1 ano, a contar da data em que for publicada a homologação do resultado final, o direito de ação contra quais- quer atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na Administração Federal Direta e nas Autarquias Federais. Decorrido esse prazo, se 38Ricardo J. Ferreira não houver ação pendente, as provas e o material inservível poderão ser incinerados. Banca examinadora Muito embora, na prática, tenham sido consa- gradas como expressões sinônimas, instituição orga- nizadora e banca examinadora são coisas diferentes. Instituição organizadora é a pessoa jurídica ou órgão responsável pela gestão do processo de seleção de candidatos mediante concurso. É ela que recebe, da entidade que pretende admitir pessoas, delegação para realizar o certame, no qual devem ser selecio- nados os candidatos mais bem qualificados. À ins- tituição organizadora cabe também a formação da banca examinadora, composta por pessoas dotadas, em tese, de conhecimento notório nas disciplinas que serão objeto das questões das provas. Com base na análise de provas aplicadas em con- cursos anteriores pela mesma instituição, você pode ter indícios sobre o tipo de prova que o espera: se exige raciocínio ou decoreba, se as questões tendem a ser teóricas ou práticas, baseadas na legislação, jurisprudência ou doutrina, bem ou mal elaboradas, com textos curtos ou longos para interpretação, bem como a provável posição da banca examinadora diante de assuntos polêmicos. Manual dos Concurseiros39 Quando a instituição organizadora é vinculada a um grande centro de estudos ou pesquisas, a banca é formada por seus pesquisadores, professores, cien- tistas. Nesse caso, em razão do vínculo permanente entre a instituição e a banca, pode-se esperar que haja certa uniformidade ou estabilidade na aborda- gem das matérias exploradas nas provas, criando-se o que podemos chamar de “jurisprudência” da ins- tituição organizadora. Assim, há relativa segurança de que um tema polêmico, já abordado em provas anteriores organizadaspor essa instituição, terá igual tratamento em suas novas provas. Já no caso de instituição organizadora não vin- culada a centro de estudos, ou similar, a banca é formada, em caráter temporário, para elaborar as provas do concurso. Nessa hipótese, é pouco pro- vável que os membros (ou alguns deles) dessa banca 40Ricardo J. Ferreira sejam os mesmos em concursos posteriores geridos pela mesma instituição, ainda que o processo sele- tivo seja realizado para o mesmo cargo. Como não são ligados à organizadora de forma permanente, os novos membros da banca poderão ter pontos de vista completamente diferentes dos que elaboraram as provas anteriores. A consequência mais visível dessa instabilidade é a falta de coerência, ao longo dos anos, nas provas da instituição organizadora, não sendo raro o absurdo de questões iguais em sua formulação terem respostas conflitantes em concursos de anos diferentes. Os candidatos mais experientes levam tão a sério a escolha da organizadora do concurso, que muitos chegam ao extremo de não prestar concursos orga- nizados por determinadas instituições. Alguns muni- cípios, por mais absurdo que pareça, criam, em cima da hora do certame, entidades organizadoras apenas para realizar um concurso. Nos concursos regionais, nos quais as pressões políticas têm grande influência, algumas entidades preferem promover seleção por meio de instituições organizadoras sem muita experiência. Quando isso acontece, o desastre é quase inevitável. Nesse caso, é bom estar preparado para tudo, inclusive para ingressar na Justiça. Manual dos Concurseiros41 Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília é a maior instituição do gênero do país. Pode-se dizer que suas provas exi- gem mais raciocínio que decoreba. Diferente das outras organizadoras, nas provas do Cespe/UnB, em regra, são apresentados itens para julgamento. Você deve assinalar se cada um deles está certo ou errado. Em algumas provas, um item res- pondido de forma incorreta implica perda de pontos correspondentes a um item acertado. Quando opta por não responder, você não ganha nem perde pon- tos. Nessa hipótese, considere a seguinte estratégia: se está em dúvida, mas tem noção do assunto per- guntado, você deve responder o item. Caso o tema lhe seja completamente estranho, não responda. Assim, nas provas do Cespe é preciso ter uma tática bem definida quanto aos itens que serão ou não res- pondidos. Quando a gente se omite na vida, o destino pode ser igual a prova do Cespe: o medo de errar elimina a possibilidade de acertar. 42Ricardo J. Ferreira Escola de Administração Fazendária (Esaf) A Escola de Administração Fazendária (Esaf) é responsável pela organização dos concursos da Receita Federal do Brasil, entre outros. Suas provas são de múltipla escolha (questões com cinco alter- nativas, das quais apenas uma é a resposta aceita pela banca). Em geral, são questões trabalhosas, que exigem enorme agilidade, com muitos cálculos e tex- tos longos para interpretação. Você deve considerar, inclusive, a hipótese de aprender leitura dinâmica. Principalmente nos concursos da área fiscal, as ques- tões da Esaf são complexas. Por isso, é necessário um controle rigoroso do tempo, já que dificilmente o candidato consegue resolver todas elas. Nesse caso, é necessário abandonar as questões de maior com- plexidade e resolver as mais simples. Outra caracte- rística marcante da Esaf é sempre imprimir um grau maior de dificuldade a duas ou três disciplinas em cada concurso, que podem variar a cada certame. Manual dos Concurseiros43 Fundação Carlos Chagas (FCC) Até recentemente, as provas da Fundação Carlos Chagas (FCC) apresentavam questões claras, objeti- vas e em nível acessível. Em consequência, as notas de corte eram altas. Suas provas não eram tipica- mente feitas para reprovar em massa. Assim, era pre- ciso estar bem atento para não errar coisas óbvias, o que, nesse cenário, tornava-se mais importante do que preparar-se para acertar questões muito difíceis ou absurdas. Recentemente, porém, o per- fil da banca parece ter começado a mudar. Agora suas provas estão bem parecidas com as da Esaf, com textos mais longos e cálculos um pouco mais complexos. Isso tem ficado ainda mais evidente nas provas da área fiscal, como as que foram aplicadas para auditor-fiscal do estado do Rio de Janeiro no início de 2014. De qualquer modo, a FCC continua a apresentar muitas questões semelhantes às de seus certames anteriores. Fundação Getúlio Vargas (FGV) Criada na década de 1940, com o objetivo de preparar pessoal qualificado para a administração pública e privada do país, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) é atualmente responsável pelo planejamento e execução de diversos concursos públicos em âmbito nacional. Os certames sob sua organização têm um estilo peculiar, pois em geral apresentam um grande 44Ricardo J. Ferreira número de disciplinas e conteúdos programáticos extensos, além de abordarem de forma balanceada as matérias nas provas. Fundação Cesgranrio Constituída com o objetivo de organizar o vesti- bular unificado para ingresso no ensino superior na área do Grande Rio, a Fundação Cesgranrio é atual- mente responsável por avaliações nacionais de larga escala e importantes concursos para ingresso no ser- viço público, como Petrobras e BNDES. Suas pro- vas caracterizam-se por apresentar textos objetivos e questões não muito extensas, mas com graus de dificuldade variados. Eis uma lista dos sites de algumas das principais instituições organizadoras de concursos do país: Manual dos Concurseiros45 • Assessorarte www.assessorarte.com.br • Assessoria em Organização de Concursos Públicos (AOCP) www.aocp.com.br • Cesgranrio www.cesgranrio.org.br • Cespe/UnB www.cespe.unb.br • Cetro Concursos www.cetroconcursos.com.br • Consulplan www.consulplan.net • Consultoria em Projetos Educacionais e Con- cursos (Consultec) www.consultec.com.br • Escola Superior de Administração Fazendária (Esaf) www.esaf.fazenda.gov.br 46Ricardo J. Ferreira • Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de São José do Rio Preto (Faperp) www.faperp.org.br • Fundação Carlos Chagas (FCC) www.concursosfcc.com.br • Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) www.fundep.ufmg.br • Fundação Ceperj (antiga Fesp) www.ceperj.rj.gov.br • Fundação Euclides da Cunha www.fec.uff.br • Fundação Getúlio Vargas www.fgv.br • Instituto Mineiro de Administração Municipal (Imam) www.imam.org.br • Magnus Auditores e Consultores www.magnusauditores.com.br • Objetiva Concursos www.objetivas.com.br • Select www.selectrh.com.br • Vunesp www.vunesp.com.br Manual dos Concurseiros47 Causo 1 No intervalo de uma aula de contabilidade, em curso prepara-tório no Rio de Janeiro, uma senhora muito simpática veio me pedir informações sobre um concurso para fiscal do estado do Amazonas que ela pretendia fazer. Eu comentei sobre o cargo e as funções que ela iria exercer. Fiquei uns 5 minutos falando direto sobre a rotina de tra- balho e lhe disse inclusive que a remuneração era superior a R$ 15.000,00. Quando finalmente lhe dei uma oportunidade para que explicasse melhor sua principal dúvida, ela me pergun- tou: “E eu vou ter que trabalhar lá?”. Escolha uma área específica Os concursos podem ser dividi- dos em dois segmentos: • Jurídico • Não jurídico O segmento jurídico é definido como aquele que exige formação em Direito (juiz, procurador, defensor). Essa definição não é pacífica, havendo quem inclua entre os concursos jurídicos os destina- dos à seleção de técnicos e analistas de tribunais. A 48Ricardo J. Ferreira participação em concursos para técnico exige ape- nas o nível médio, enquanto para analista, em regra, é necessário o nível superior em qualquer área. No segmento não jurídico, que contempla os concursos para os quais agraduação em Direito é dispensável, há uma infinidade de áreas, como: 1. Fiscal 2. Técnico, analista e cargos administrativos dos tribunais de justiça 3. Técnico, analista e cargos administrativos dos tribunais de contas 4. Policial 5. Administrativa Fora da área jurídica, os concursos mais disputados são os da área fiscal, por causa principalmente dos salá- rios, que podem ultrapassar os R$ 14.000,00. Entre- tanto, é importante observar que concurso da área fiscal é para generalista. Não basta ser bom em algo, pois a principal característica exigida do concursando é ter conhecimento razoável sobre disciplinas que não se relacionam diretamente (normalmente são no mínimo 10 e no máximo 16). Por isso, uma qualidade essencial dos aprovados nessa área é a determinação para estudar assuntos completamente diferentes, sem desanimar com as adversidades e reprovações segui- das, de forma semelhante aos concursos da área jurí- dica. Não é raro um candidato aprovado em primeiro lugar em concursos da área fiscal ter sido reprovado diversas vezes em certames anteriores. Manual dos Concurseiros49 Na área fiscal, fazer um bom curso preparatório com as matérias básicas é fundamental. De qualquer forma, é preciso ter consciência de que ninguém, por mais inteligente que seja, conseguirá absorver tantos assuntos diferentes em alguns poucos meses. Comece pelas matérias básicas Como as matérias exigidas em cada área são muito diferentes, a melhor estratégia é escolher uma área e prestar apenas concursos relacionados a ela. Se você tentar um concurso para fiscal, por exemplo, e em seguida outro para policial, todo o esforço relativo ao estudo de matérias como Conta- bilidade, Direito Tributário e Legislação Específica de nada servirá para este último concurso. Depois de escolher a área de seu interesse, comece a estudar suas matérias básicas. 50Ricardo J. Ferreira Matérias básicas por área Fiscal Tribunais de Contas Constitucional Constitucional Administrativo Administrativo Português Português Tributário Finanças Públicas Contabilidade Contabilidade Tribunais de Justiça Policial Administrativa Constitucional Constitucional Constitucional Administrativo Administrativo Administrativo Português Português Português Direito Constitucional, Direito Administrativo e Português são matérias comuns a quase todos os con- cursos. O que muda é o grau de dificuldade. O início dos estudos pelas matérias básicas tam- bém é importante pelo fato de que mesmo os con- cursos da mesma área podem apresentar diversas matérias diferentes. Por exemplo, as disciplinas para auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil não são todas iguais às de um concurso para auditor-fiscal estadual ou municipal. Então nunca devemos prestar concurso de área diferente daquela para a qual estamos estudando? Essa regra não é absoluta. Como grande parte das matérias básicas dos diversos concursos é igual ou semelhante, após esgotar as matérias básicas, é razoável estudar para concursos de outras áreas. Por exemplo, se Manual dos Concurseiros51 o que você quer de fato é ser fiscal, mas, por enquanto, não saiu um concurso de seu interesse, caso já tenha estudado as matérias básicas da área fiscal, pode fazer concurso para um tribunal de contas estadual, sem perder totalmente o foco no seu objetivo. Grandes conquistas exigem enormes sacrifícios e muitas renún- cias. Por isso, em vez de se preocupar com o esforço necessário, pense no resultado a ser alcançado. Você vai perceber que está fazendo um excelente investimento. Técnicas de estudo Em um estudo publicado na revista Psychological Science in the Public Interest, em 2013, denominado Improving Students’ Learning With Effective Learning Techniques (Melhorando a aprendizagem dos alunos com técnicas eficazes), foram avaliadas algumas das principais técnicas de estudo. Como já era esperado, entre as estratégias de alto grau de utilidade, está a solução de questões (teste prático). No entanto, contrariando o senso comum, algumas das técnicas mais utilizadas pelos concurseiros, como grifar e resumir, foram avaliadas como de baixa utilidade. Antes de passamos às técnicas propriamente, é importante ressaltar que, nessa pesquisa, não foram considerados os efeitos dos hábitos e demais 52Ricardo J. Ferreira características dos estudantes envolvidos na adoção de cada uma das técnicas. Vale dizer, uma pessoa que já esteja habituada a utilizar uma certa técnica pode ter um desempenho melhor com a sua adoção do que com o uso de outra técnica que tenha sido “cientificamente” avaliada como mais útil. Segundo o estudo em questão, são técnicas de utilidade baixa: Grifar. Apesar de ter sido considerada como de baixa utilidade, sinalizar o texto pode ajudar quando o estudante tem o conhecimento necessário para desta- car de forma mais eficaz ou quando os textos são mais complexos. Todavia, pode prejudicar o desempenho em assuntos que exigem a inferência. Também pode ser utilizada de forma combinada com outras técni- cas. Por exemplo, grifar as expressões mais importan- tes e reler apenas o texto marcado. Reler. Técnica de utilidade baixa, que pode ser um pouco mais útil quando combinada com outras técnicas, como o exemplo que vimos na técnica “grifar textos”. Nas pesquisas, a releitura apresen- tou melhores resultados quando realizada após um intervalo moderado em vez de imediatamente após uma leitura inicial. Além disso, em comparação com algumas outras técnicas de aprendizagem, a releitura foi considerada relativamente econômica (o tempo gasto na releitura tende a ser menor do que o gasto na leitura inicial). No entanto, nas comparações com as técnicas interrogativa, autoexplicação e teste prá- tico, por exemplo, a releitura não se saiu bem, sendo Manual dos Concurseiros53 avaliada como uma estratégia inferior para promover a aprendizagem. Usar mnemônicos. Estratégia de baixa utilidade, consiste em utilizar técnicas para auxiliar a memori- zação. Em geral, importa no uso das primeiras letras ou sílabas de um texto como chave para decorar o assunto. Talvez o mais conhecido seja o mnemônico SoCiDiVaPlu, amplamente utilizado no estudo do Direito Constitucional para memorizar os fundamen- tos da República Federativa do Brasil. Na avaliação da pesquisa, não se trata de uma técnica altamente efi- ciente (em termos de tempo necessário para a forma- ção e geração de palavra-chave) e pode não produzir aprendizagem durável. Todavia, pode ser adequada para assuntos não muito complexos, nem abstratos, ou seja, que envolvem decoreba. Fazer mapas mentais. A técnica de visualização também foi considerada de baixa utilidade, tendo se mostrado mais útil quando envolve frases, textos conhecidos ou curtos e testes de memória. Segundo a pesquisa, o esforço envolvido no treinamento para desenvolver a técnica e na geração de palavras-chave pode não ser o uso mais eficiente do tempo do estu- dante, se comparado ao tempo gasto na utilização de outras técnicas tão eficientes quanto a elaboração de mapas mentais. Resumir. Técnica de utilidade baixa para provas objetivas, mas bastante útil para provas escritas. Con- forme a pesquisa, pode ser uma estratégia eficaz de aprendizagem para os estudantes que já estão acos- 54Ricardo J. Ferreira tumados a resumir. No entanto, como exige treina- mento longo de quem não está acostumado ao seu uso, é uma técnica pouco viável para aplicação geral. Eis as técnicas de utilidade moderada: Interrogar ou entender o porquê (interrogação elaborativa). Técnica de utilidade moderada, em que se procura justificar o assunto estudado, inclusive pela pesquisa de suas origens. Por exemplo, por que a palavra “sabiá”, que designa o pássaro, tem acento na última sílaba? Se analisarmos o efeito do deslo- camento da sílaba tônica e as regras de acentuação, entenderemos o motivo: sábia (com muita sabedo- ria), sabia (verbo saber) e sabiá (pássaro). Essa técnica é muito útilem redações e provas discursivas. Con- forme a pesquisa, no caso de estudantes com baixos níveis de conhecimento, algumas evidências sugerem que os benefícios da interrogação elaborativa podem ser limitados. A técnica apresentou melhor resultado quando aplicada após um curto intervalo de tempo. Autoexplicar. Técnica de utilidade moderada, em que, durante a leitura, o estudante explica a si mesmo, em voz alta, com suas próprias palavras, o que estu- dou. Bastante útil no estudo de temas muito abstratos. Intercalar as matérias. Técnica de utilidade mode- rada. Consiste em alternar as matérias estudadas (ao longo do dia, por exemplo). Segundo a pesquisa, essa técnica é mais eficiente do que estudar apenas uma matéria por vez, até esgotá-la. Seu principal benefí- cio é ajudar a manter a concentração por mais tempo (provoca menos cansaço). Por exemplo, estudar qua- Manual dos Concurseiros55 tro matérias por dia, durante uma hora cada, com intervalo de 15 minutos entre elas. Estas são as técnicas de utilidade alta: Exercitar (teste prático). Técnica de utilidade alta, que pode ser até duas vezes mais eficiente que as outras estratégias. Por exemplo, com o uso de ques- tões de concursos anteriores das disciplinas de seu interesse, o estudante pode simular a resolução de uma prova. Todavia, essa técnica precisa ser associada a um nível, no mínimo, razoável do estudo da teoria. Além disso, os assuntos com maior incidência de erros durante o teste prático precisam ser revisados. Distribuir o estudo (prática distribuída). Técnica de utilidade alta, consiste em dividir, por um período razoável de tempo, os assuntos a serem estudados. Assim, o estudante deve distribuir as matérias e assuntos por um período não muito curto. O rees- tudo dentro de um período reduzido pode trans- mitir a impressão de que o leitor sabe mais do que realmente sabe (o assunto fica retido na memória de curto prazo). Por isso, o desempenho na retenção das informações costuma melhorar quando a matéria é revista após um intervalo maior. O tempo de inter- valo depende do período durante o qual o estudante quer reter a matéria. Segundo as pesquisas, a perfor- mance é melhor quando os intervalos nas sessões de estudo são entre 10 e 20% do tempo desejado de retenção. Por exemplo, para o estudante se lembrar de uma disciplina ao fim de 10 meses, ela deve ser revista a cada mês. 56Ricardo J. Ferreira Técnicas de estudo Técnicas de utilidade baixa: Grifar Reler Usar mnemônicos Fazer mapas mentais Resumir Técnicas de utilidade moderada: Interrogar Autoexplicar Intercalar as matérias Técnicas de utilidade alta: Exercitar Distribuir o estudo Manual dos Concurseiros57 Como alternar as disciplinas Há diversas estratégias de estudo das matérias. Entre elas, existem aquelas em que o candidato estuda: 1. Uma matéria por vez, até esgotá-la, para só então passar para outra. Ponto mais posi- tivo: a disciplina é vista de forma sistemá- tica, com início, meio e fim, e a possibilidade de aprendê-la aumenta. Ponto mais nega- tivo: o tempo entre uma matéria e outra é muito grande. Por isso, o concursando pode esquecer com mais facilidade matérias que já estudou. 2. Uma matéria a cada hora, alternando várias disciplinas ao longo do dia. Ponto mais posi- tivo: menor desgaste mental, visto que são exploradas diversas áreas do cérebro de forma alternada, o que provoca menor can- saço. Ponto mais negativo: o tempo entre o início e o fim de cada matéria demora muito. 3. Uma matéria a cada dia, semana, mês etc. Qual a melhor estratégia: alternar diversas maté- rias no mesmo dia ou estudar uma por vez? Se você já está acostumado a estudar, deve ter adquirido diversos hábitos em sua preparação, por isso pode enfrentar enorme dificuldade em mudá-los. Outro aspecto importante é que cada pessoa responde 58Ricardo J. Ferreira de forma diferente a algumas espécies de estímulos. Há quem aprenda mais com textos, assim como existe quem prefira imagens e sons, por exemplo. Por isso, aquilo que é uma boa técnica de estudo para uma pes- soa pode não ser a melhor para outra. Cada um deve avaliar o que funciona bem ou não em sua preparação e priorizar os estímulos que lhe sejam eficazes. Porém, se estiver disposto a aperfeiçoar sua estratégia de estudo, será importante considerar que Manual dos Concurseiros59 o cérebro funciona de forma “departamentalizada”. Vale dizer, cada uma de suas áreas é especializada em um assunto. Se estudar seguidamente apenas Português, por exemplo, depois de algumas poucas horas, você terá saturado a área do seu cérebro responsável pelas habilidades relacionadas a essa disciplina. No entanto, se depois de aproximadamente uma hora de estudo de Português você alternar para Matemá- tica, a área acionada no cérebro será diferente da anterior, e seu rendimento poderá ser mantido em alto nível. Por esse critério, você pode explorar diver- sos grupos de neurônios de forma alternada, sem deixar que eles fiquem completamente saturados. Enquanto o Tico estuda, o Teco descansa. Você já observou que quem é gago não gagueja quando canta? Pois é, um dos fatores para isso ocor- rer é que quem responde predominantemente pelo ato de falar é o lado esquerdo do cérebro, enquanto no canto prevalece o lado direito. Apenas para fins didáticos, podemos imaginar que os quatro retângulos apresentados a seguir represen- tam um agrupamento de neurônios que respondem pelas disciplinas indicadas: Português Constitucional Matemática Informática Com base nisso, eis o nosso plano de estudo em um dia para o qual programamos 4 horas de dedicação, com 15 minutos de intervalo após cada disciplina: Português Matemática Constitucional Informática 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora Este é apenas um exemplo, que deve ser adap- tado de acordo com suas possibilidades, conside- rando, por exemplo, o tempo disponível diariamente. É interessante observar que quanto menor a semelhança entre a matéria que você para de estu- dar e aquela que inicia, menor a probabilidade de ficar muito cansado mentalmente. É o que acontece, por exemplo, entre Português e Matemática. É fundamental mesclar teoria e exercícios, o que, além de ajudar na fixação da teoria, também lhe dá mais ânimo e ritmo no processo de aprendizagem. Nesse aspecto, uma boa estratégia é, periodica- mente, resolver exercícios das disciplinas cujo con- teúdo teórico você já esgotou. Assim, o estudo da teoria fica limitado a matérias novas. Por exemplo, se você já estudou a teoria de Português e Direito Constitucional e ainda tem de estudar a teoria de Matemática, considerando ape- nas essas três disciplinas e quatro horas disponíveis, sua grade diária pode ficar assim: Matemática Português 1h – teoria e exercícios 1h – exercícios Manual dos Concurseiros61 Constitucional Matemática 1h – exercícios 1h – teoria e exercícios Depois de conquistar a vitória tão sonhada, o que você hoje vê como grande dificuldade vai se transformar em motivo de orgulho e objeto da admiração geral. Antes, porém, alguns tropeços são quase inevitáveis. Causo 2 Aula de contabilidade para surfistaAluno surfista: – Pô, “fessor”, num tô entendendo nada dessa matéria. Na hora do balanço fico perdidinho. Professor de contabilidade: – Isso é fácil, meu brother! Imagina que você acabou de conquis- tar uma gata. A classificação do relacionamento vai depender das suas intenções. Se você só está ficando, sem compromisso, é ativo circulante. Porém, se rola a intenção de permanecer com a mina por mais tempo, porém você não quer se casar, então é ativo não circulante realizável a longo prazo. Agora se você está a fim de se casar, a classificação depende da finalidade: se é por interesse, investimentos; se é na base do amor, imobilizado. Todavia, se você está a fim da gata, mas ela é que não quer se casar, aí é intangível. 62Ricardo J. Ferreira Quais são as matérias mais difíceis? As bancas sempreescolhem pelo menos uma ou duas disciplinas para arrochar um pouco mais os candidatos. Mas a cada prova o foco muda. Nesse aspecto, portanto, nem sempre a prova anterior é uma boa referência. Há casos em que as disciplinas que reprovam mais são as que valem menos pontos ou apresentam o menor número de questões. Em resumo, sempre sabemos que haverá pelo menos uma ou duas disciplinas com grau de dificuldade acima da média, mas não existe nenhum critério lógico que nos permita definir quais serão elas. Em concursos de nível médio, o destaque costuma ser para Português. Nesses certames, em disciplinas como Direito Constitucional e Direito Administrativo, são cobradas apenas noções, em geral, quase que a literalidade de textos legais. Em Português, não, pois conhecer o vernáculo é obrigação de qualquer pessoa que pretenda ser um bom servidor público. Certas disciplinas chegam a causar calafrios em alguns candidatos, como é o caso de Contabilidade e Economia, que são muito cobradas na área fiscal e em tribunais de contas. Há quem evite certos Manual dos Concurseiros63 concursos somente para fugir dessas matérias. Trata-se de assuntos com linguagem muito peculiar. Mal comparando, é como estudar um novo idioma, pois existem inúmeras palavras e expressões com sentido bastante específico. Portanto, não será anormal sentir enorme dificuldade em aprender essas disciplinas, caso em que você deve considerar a possibilidade de aumentar o tempo de dedicação a elas, até adquirir mais segurança. Sou autor de vários livros sobre Contabilidade. No entanto, na minha época de estudante do 2º grau, passei pela experiência de tirar zero numa prova de Contabilidade Geral. E o pior é que o professor fazia questão de chamar cada aluno pelo nome e de anunciar a nota. Alguns anos depois, resolvi estudar Contabilidade a sério por causa da faculdade e para prestar concursos da área fiscal. Felizmente, aprendi. E se eu consegui, você também vai conseguir. “Quero, posso, faço a minha parte e consigo.” Acredite nisso e você será imbatível. 64Ricardo J. Ferreira Faça intervalos e descanse Todo mundo, inclusive o patrão, entende a necessidade de o trabalhador fazer intervalos diários, ter repouso semanal e tirar férias. Porém, nem todo mundo consegue perceber a semelhança entre isso e o descanso do guerreiro que se prepara para concursos. Após mais ou menos uma hora de estudo, bate um cansaço natural. Por isso, depois desse tempo, procure descansar por pelo menos uns 15 minutos para repor sua capacidade efetiva de atenção e con- centração. Se insistir em estudar cansado, sua mente vai começar a buscar maneiras de desviá-lo dos estu- dos: você vai querer ligar para alguém, comprar algo, arrumar o quarto, sentir sono, fome, tristeza etc. Já que dessa maneira o que você estuda não é provei- toso, melhor é parar por alguns instantes, recuperar a atenção e concentração e só então voltar ao estudo. O mesmo raciocínio vale para quem estuda todos os dias da semana, sem descanso e lazer. Há quem ache que o período dedicado ao namoro, ao cinema, ao teatro, ao bate-papo e ao futebol com os amigos (ou à fofoca com as amigas) é perda de tempo nos estudos. No entanto, se tudo isso for feito com equilíbrio, serão atividades necessárias para que você se mantenha em condições de absorver de fato o que precisa estudar. Não esqueça que na prepa- ração para concursos a qualidade deve vir antes da Manual dos Concurseiros65 quantidade. É improdutivo estudar todos os dias da semana e não conseguir fixar quase nada. Grosso modo, estudar 10 horas e assimilar de fato o que foi lido durante apenas 3 horas líquidas é pior que estu- dar 5 horas com 4 de efetiva assimilação. Estudar não é tempo perdido, e sim tempo investido em você mesmo. Curso preparatório Fazer ou não curso preparatório e que curso escolher são dúvidas que afligem a maioria dos can- didatos. É perfeitamente possível passar em concurso público sem fazer curso, mas isso torna a aprovação ainda mais difícil e, em regra, mais demorada. A orientação fornecida por professores e orienta- dores dos cursos, presenciais ou a distância, abrevia o tempo de preparação e ajuda a direcionar os estu- dos para temas relevantes e questões mais prováveis de prova. Todavia, seja muito criterioso na escolha do curso, buscando referências com quem estudou ou estuda lá, informando-se sobre o nível dos profes- sores, proposta pedagógica etc. Por sinal, um dos requisitos mais importantes na escolha do curso pre- paratório é sua equipe de professores, pois a orien- tação geral quanto ao que e como se deve estudar para as provas depende essencialmente deles. 66Ricardo J. Ferreira Muitos concursandos começam a estudar ape- nas com a cara e a coragem, sem saberem clara- mente por quais matérias iniciar a preparação, quais turmas frequentar, qual é o material didático indicado para cada matéria e que concurso deve ser priorizado. Nessas circunstâncias, entre aqueles que não desistem, alguns chegam a perder mais de um ano estudando de maneira errada, por falta de orientação adequada. Em geral, a convivência nos cursos preparatórios presenciais é de excelente nível. A maioria absoluta dos alunos é bastante solidária, simpática e aten- ciosa. No entanto, há exceções, que podem criar um ambiente hostil e desagradável. Nesse grupo de alunos, estão incluídos os candidatos que tratam os colegas como inimigos. São incapazes de ajudar alguém, sonegam informações e pensam que é mais fácil conseguir a aprovação quando se dificulta a vida dos concorrentes. Ledo engano. Manual dos Concurseiros67 O que se observa é que os concursandos mais soli- dários formam grupos e mantêm uma rede de contatos e de amizades que favorece e estimula os estudos. Menos de 10% dos inscritos em concursos fre- quentam regularmente um ou mais cursos prepara- tórios (presenciais ou a distância). Porém, mais de 90% dos aprovados nos concursos mais cobiçados (principalmente os de nível superior) são egressos de cursos preparatórios. A escolha é sua: estudar sozinho, em grupo ou com a ajuda de professores. Todavia, qualquer que seja a sua decisão, não deixe de planejar seus estu- dos e de estabelecer uma estratégia. Mal comparando, estudar é igual a decidir comprar algo com carnê das Casas Bahia: a gente deve pensar apenas no valor da presta- ção, que representa cada dia de estudo. Se refletir muito sobre o total a pagar, desiste do negócio. A principal diferença é que, no caso do estudo, as pessoas que conseguem pagar todas as prestações concluem que fizeram um excelente negócio. 68Ricardo J. Ferreira Internet A internet tornou mais barato e democrático o estudo para concursos. Antes, as informações e materiais didáticos eram praticamente restritos aos grandes centros, de maior poder econômico. Agora, há uma quantidade infinita de aulas, orientações, artigos, dicas etc. disponíveis na grande rede. Exis- tem centenas de sites especializados em concursos, muitos com conteúdo gratuito. A partir do advento da internet, a falta de dinheiro não mais pode ser usada como desculpa para deixar de estudar. A grande vedete da internet são as redes sociais, principalmente os fóruns e o Facebook, nos quais os candidatos se organizam em grupos e trocam infor- mações relevantes sobre concursos. Eis os endereços de alguns sites úteis à prepara- ção para concursos: • Fórum Concurseiros No fórum administrado pelos próprios candida- tos, você encontra informações atualizadas sobre tudo o que acontece no mundo dos concursos. www.forumconcurseiros.com • Editora Ferreira Atualizado diariamente com notícias, toques de mestre, dicas, estratégias, estatísticas de provas, recursos, legislação, entrevistas, editais etc., tudo gratuitamente. www.editoraferreira.com.br Manual dos Concurseiros69 • G1 No editorial sobre concursos e emprego, estão disponíveis notícias e artigos sobre con- cursos e mercado de trabalho, bem comodicas de especialistas. www.g1.globo.com • Correio Web Notícias, provas, editais, aulas, consultoria e um fórum para contato entre os concurseiros e troca de informações. www.correioweb.com.br • Jornal dos Concursos Versão on-line do jornal semanal das bancas. Notícias e informações sobre concursos públi- cos, estágios e empregos na iniciativa privada. www.jornaldosconcursos.com.br • Folha Dirigida Versão on-line do jornal semanal das ban- cas. Notícias e informações sobre concursos Vencer na vida por esforço próprio passa por um caminho longo e difícil, por isso é normal questionar se vale a pena tanto sacrifício. Todavia, todo esse esforço é muito menos doloroso do que o senti- mento de querer e não poder dar um futuro melhor às pessoas que a gente ama. públicos, estágios e empregos na iniciativa pri- vada. Algumas áreas são restritas a assinantes. www.folhadirigida.com.br • PCI Concursos Provas e editais para download, notícias sobre concursos, simulados etc. www.pciconcursos.com.br • Tec Concursos Banco de questões de provas com gabaritos e comentários. Para ter acesso aos comentá- rios, é necessário ser assinante. www.tecconcursos.com.br Causo 3 No curso de formação do ICMS de São Paulo, aprendemos a calcular o peso de uma carga: pesa-se o veículo carregado e se abate a sua tara (peso do veículo sem a carga). Alguns dias depois, determina- ram que fôssemos, em duplas, botar isso em prática num posto fiscal paulista. Eu fui escalado junto com uma patricinha que mais parecia a Penélope Charmosa. Eis que se aproxima um caminhão carregado, vindo do Maranhão. O motorista, que devia estar na estrada há uns 3 dias mal parando para dormir e comer, entrega a nota fiscal para minha parceira. Ela examina o documento e com autoridade pergunta ao caminhoneiro: “Qual é a sua tara?”. O cara olhou pra mim com um sor- riso que parecia perguntar: “Posso responder?”. Manual dos Concurseiros71 Simulados Simulados são provas com ques- tões inéditas ou adaptadas, elaboradas por professores de cursos preparatórios, nas quais há a reprodução de condições semelhantes às das provas de concursos, tais como tempo de duração, grau de dificuldade, preenchimento do cartão de respostas. Além de testar os conhecimentos dos partici- pantes, os simulados ajudam a identificar e a corrigir erros comumente cometidos por candidatos menos experientes. Com esse treinamento, você pode se preparar para: • Não ficar muito tempo preso na mesma questão • Estabelecer por quais matérias deve começar a prova • Reservar um tempo mínimo para marcar as respostas no cartão • Não cometer erros na marcação do cartão • Não deixar de responder a questões • Não errar questões por distração Os simulados também são fundamentais para que você adquira um melhor controle físico e emo- cional. Numa prova simulada, você não vai ficar tão nervoso quanto no dia da prova efetiva. No entanto, 72Ricardo J. Ferreira a exposição contínua aos simulados permite que você se habitue a fazer prova sob pressão. Muitos candidatos excelentes tecnicamente ficam reprovados por falta de controle emocional. Alguns inclusive só estudam assuntos muito difíceis e acabam reprovados por errarem coisas óbvias. Nesses casos, o treinamento sob pressão é fundamental. Outro aspecto importante dos simulados é a concentração e a preparação física para a prova. Quem não está treinado dificilmente consegue man- ter o máximo de atenção e de paciência durante 4 a 5 horas de prova. Em situações assim, você pode sentir fome, sede, irritação, ansiedade, dor no pes- coço, na coluna (devido à falta de prática, alguns candidatos desistem no meio da prova em função de fortes dores no pescoço e na coluna). Os candidatos mais bem preparados tendem a entregar o cartão de respostas após o término do tempo de prova, o que demonstra boa preparação física e mental. Os “franco-atiradores”, ao contrário, entregam o cartão, em média, duas horas após o iní- cio da prova. Logo, também em concursos, os últi- mos serão os primeiros. Manual dos Concurseiros73 Como estudar depois do edital Programe-se para, no mínimo, ter esgotado o estudo das matérias básicas até a data de publicação do edital. A partir daí, sua prioridade deverão ser as matérias que ainda não tiver estudado, mantendo o estudo das matérias básicas na forma de questões, de preferência de provas anteriores da mesma instituição que orga- niza o concurso. Depois do edital, em princípio, você deve se dedicar às disciplinas de maior peso. Fora isso, a melhor estratégia é levar em conta a obtenção de nota mínima por disciplina, por prova e na soma das provas, conforme o edital, bem como a solução do maior número de questões, caso o tempo não seja suficiente para resolver tudo. Muitos candidatos obtêm notas excelentes, mas não conseguem nota mínima em uma matéria ou prova. Outros conse- guem passar em todas, mas alcançam pontuação total muito baixa. Na hipótese de conseguir estudar, antes do edi- tal, todas as disciplinas cobradas (é o caso dos candi- datos mais experientes), paute seu estudo quase que exclusivamente em questões, de preferência elabo- radas pela instituição organizadora do concurso. Em tal caso, resolva as questões e, em seguida, tire 74Ricardo J. Ferreira dúvidas nos livros e apostilas em relação aos assuntos nos quais não tiver um bom desempenho. Para quem vai à luta, o futuro talvez demore. Mas para quem se omite, ele nunca chega. O que fazer nos 15 dias anteriores à prova Se você está se preparando para provas objeti- vas, eis aqui uma estratégia a ser aplicada nos 15 dias que antecedem o evento. As matérias podem variar conforme o concurso de seu interesse. Logo, de acordo com o seu caso, faça as devidas adaptações. Pelo menos 15 dias antes da prova, dedique-se a memorizar as principais normas legais compreen- didas no conteúdo programático do seu concurso. Comece pela Constituição Federal. Faça sua “leitura dinâmica” em aproximadamente dois dias. Mas não se prenda a detalhes que deveriam ter sido estuda- dos em época mais oportuna. O objetivo agora é criar condições de lembrar a literalidade das nor- mas para não errar questões formuladas conforme a letra dos textos legais. Cuidado para não ler arti- gos que estão fora do programa, a menos que você esteja cansado de estudar o que cai e queira relaxar um pouco lendo assuntos que não serão cobrados na prova. Manual dos Concurseiros75 Em seguida, pegue os códigos e a legislação em geral e leia todos os seus artigos relacionados ao programa. Reveja e resuma as principais fórmulas e coman- dos de Matemática, Estatística, Informática, Contabi- lidade, Análise, Custos etc. Insistimos: não é hora de tentar aprender, mas de memorizar. Eu sei, eu sei! O tempo é pouco para tanta coisa. Mas se você se organizar e dominar a ansiedade, verá que vale a pena o sacrifício. Palavra de um ex-combatente de concurso. Siga em frente. Muitas pessoas terão você como modelo de sucesso, mas pou- cas estarão dispostas a enfren- tar os desafios e passar pelas dificuldades que você vive agora. 76Ricardo J. Ferreira Dicas para o dia da prova Não existe fórmula matemática com a qual se possa ensinar alguém a fazer prova. Na hora fatal, cada concurseiro tem um comporta- mento diferente de acordo com seu domínio das matérias, equilíbrio emocional, experiência e hábitos de estudo. Caso você ainda não tenha sua própria estra- tégia a respeito disso, aceite uma sugestão: resolva primeiro as questões que envolvam maior grau de interpretação e concentração (Português e Língua Estrangeira, por exemplo). Depois de algumas horas de prova, dificilmente você conseguirá manter con- centração suficiente para resolver questões relacio- nadas à interpretação de textos longos. Se estiver muito ansioso, outra estratégia também interessante é começar pela matéria na qual se sinta mais con- fiante, pois isso ajuda a aumentar sua segurança.
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