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8.Compras Governamentais

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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
 
GOVERNADOR DO ESTADO 
Antonio Augusto Junho Anastasia 
 
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO 
Alberto Pinto Coelho 
 
SECRETÁRIOS DE ESTADO DO GOVERNO DE MINAS 
Renata Maria Paes de Vilhena – Secretária de Estado de Planejamento e Gestão 
 
COORDENADORA EXECUTIVA DO PROJETO 
Adriane Ricieri Brito – Subsecretária de Gestão da Estratégia Governamental 
 
COORDENADORA TÉCNICA DO PROJETO 
Milla Fernandes Ribeiro Tangari – Gestora do Núcleo Central de Inovação e Modernização 
Institucional 
 
 
ELABORAÇÃO TÉCNICA DA CARTILHA: 
Jean Mattos Duarte – Superintendente Central de Recursos Logísticos e Patrimônio 
Luciana Vianna De Salles Drumond – Diretora Central de Licitações e Contratos 
Helena Alaíde Mortimer Macedo – Coordenadora do Projeto Gestão Estratégica de Suprimentos 
Daniela Aparecida Silva Rocha – Coordenadora do Catálogo de Materiais e Serviços 
Liliane Gualberto Scalioni – Assessora da Diretoria Central de Licitações e Contratos 
Lívia Colen Diniz – Assessora da Superintedência Central de Recursos Logísticos e Patrimônio 
Welson Kleiton Antônio de Souza – Assessor da Diretoria Central de Licitações e Contratos 
 
REVISÃO TÉCNICA E DIAGRAMAÇÃO DO CONTEÚDO 
Kamila Araújo Rola Fontes Moreira 
 
COMITÊ TÉCNICO DO PROJETO 
Janaína Ribeiro Araújo 
Isabela de Lima Rocha 
Kamila Araújo Rola Fontes Moreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
Abril/2013 
 
 
 
1. Introdução ....................................................................................................................................... 5 
2. Motivação ........................................................................................................................................ 7 
3. Objetivos ......................................................................................................................................... 8 
4. Resultados Esperados ..................................................................................................................... 9 
5. Política de Compras Públicas......................................................................................................... 10 
5.1. A Obrigatoriedade na Utilização do Pregão .......................................................................... 10 
5.1.1. Conceito ......................................................................................................................... 10 
5.1.2. Objeto do Pregão........................................................................................................... 10 
5.1.3. Vedações legais para utilização do Pregão ................................................................... 12 
5.1.4. Atores do Pregão ........................................................................................................... 13 
5.1.5. Características do Pregão .............................................................................................. 13 
5.1.6. Vantagens na adoção do Pregão .................................................................................. 15 
5.1.7. Considerações finais ...................................................................................................... 15 
5.2. A Preferência pelas Compras Eletrônicas .............................................................................. 17 
5.2.1. O Exemplo do Governo de Minas Gerais ....................................................................... 18 
5.2.2. O pregão eletrônico ....................................................................................................... 18 
5.2.3. A Cotação Eletrônica de Preços ..................................................................................... 19 
5.3. Registro de Preços ................................................................................................................. 20 
5.3.1. A Regulamentação em Minas Gerais: Decreto n° 44.787/2008 .................................... 23 
5.3.2. Hipóteses de adoção do Registro de Preços .................................................................. 23 
5.3.3. Atores do Registro de Preços ......................................................................................... 24 
5.3.4. Etapas do procedimento para Registro de Preços ........................................................ 25 
5.3.5. Algumas vantagens do SRP ........................................................................................... 27 
5.4. Incentivo à Participação de Pequenas Empresas .................................................................. 28 
6. Planejamento de Compras ............................................................................................................ 33 
6.1. Objetivos .................................................................................................................................... 33 
6.2. Conceitos Relevantes ................................................................................................................. 34 
6.3 Passo a Passo para a Implantação ............................................................................................... 35 
 
6.4 Experiência de Minas Gerais ....................................................................................................... 36 
6.5 Dificuldades e Lições Aprendidas ................................................................................................ 39 
6.6 Considerações Finais ................................................................................................................... 39 
7. Gestão Estratégica de Suprimentos .............................................................................................. 41 
7.1 Motivação .................................................................................................................................... 41 
7.2 Objetivos ..................................................................................................................................... 41 
7.3 Conceitos Relevantes .................................................................................................................. 42 
7.4 Metodologia ................................................................................................................................ 43 
7.5 Passo a passo para implantação ................................................................................................. 44 
7.6 Principais Entregas e Indicadores ................................................................................................ 49 
7.7 Experiência de Minas Gerais ....................................................................................................... 49 
7.8 Lições Aprendidas e Dificuldades ................................................................................................ 51 
7.9 Dicas e Sugestões ........................................................................................................................ 52 
7.10 Considerações Finais ................................................................................................................. 52 
8. Compras Públicas Sustentáveis ..................................................................................................... 53 
8.1 Práticas Sustentáveis Adotadas no Estado de Minas Gerais ....................................................... 54 
8.1.1 Programa Estadual de Gestão de Água e Esgoto – PEGAE: .................................................. 54 
8.1.2 Programa de Gestão Energética Estadual – PGEE ................................................................ 55 
8.1.3 Programa “AmbientAÇÃO” .................................................................................................. 55 
8.1.4Obras Públicas Sustentáveis ................................................................................................. 56 
8.1.5 Outras iniciativas .................................................................................................................. 59 
9. Sistema Integrado de Administração de Materiais e Serviços ...................................................... 60 
9.1 Aspectos Gerais ............................................................................................................................... 60 
9.1 Histórico .................................................................................................................................. 60 
9.2 Estrutura do SIAD .................................................................................................................... 62 
9.3 Fluxo do Processo de Compras ............................................................................................... 64 
9.4 Benefícios do Sistema de Compras ......................................................................................... 65 
10. Catálogo de Materiais e Serviços .............................................................................................. 67 
11. Cadastro de Fornecedores ........................................................................................................ 72 
12. Legislação Pertinente ................................................................................................................ 76 
13. Referencial Teórico ................................................................................................................... 83 
5 
 
1. Introdução 
 
 
 
A Constituição Federal de 1988 determina, no capítulo em que disciplina a Administração Pública, a 
utilização obrigatória da licitação nos processos de aquisições e contratações públicos: 
Art. 37 – A Administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios 
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também ao 
seguinte: 
[...] 
XXI – ressalvados os casos específicos na legislação, as obras, serviços, compras e 
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que 
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que 
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da 
proposta, nos termos da Lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação 
técnica e econômica indispensáveis a garantia do cumprimento das obrigações. 
 
O processo de Licitação pública encontra-se regulamentado pela Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho 
de 19931, que dita as normas gerais para licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, 
serviços e compras de materiais. 
Art. 1º. Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos 
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, 
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios (Lei nº 8.666/1993). 
 
O instituto da licitação pode ser definido como: 
Procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a 
proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. 
Visa a propiciar iguais oportunidades aos que desejam contratar com o Poder 
Público, dentro dos padrões previamente estabelecidos pela Administração, e atua 
como fator de eficiência e de moralidade nos negócios administrativos. 
É o meio técnico-legal de verificação das melhores condições para a execução de 
obras e serviços, compra de materiais, e alienação de bens públicos. Realiza-se 
através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para 
os licitantes, sem a observância dos quais é nulo o procedimento licitatório e o 
contrato subsequente. (Hely Lopes Meirelles, 2002, p. 25). 
 
 
1
 As alterações posteriores sofridas pela Lei Federal nº 8.666/1993 foram compiladas e promulgadas pela Lei nº 8.883, de 8 
junho de 1994 e Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, que alteraram diversos de seus artigos. 
6 
 
A Lei Federal nº 8666/1993 estabelece, em seu artigo 22, as modalidades de licitação, que 
representam as diversas formas de regular o procedimento de seleção, com graus diferentes de 
complexidade. São cinco as modalidades previstas nesse artigo: concorrência, tomada de preços, 
convite, concurso e leilão. 
Outra modalidade de licitação, o pregão, foi criada pela Medida Provisória nº. 2.026, de 4 de março 
de 20002. Ela é aplicável à aquisição de bens e serviços comuns e poderá ser utilizada 
independentemente do valor estimado para a contratação. 
A implantação da modalidade pregão foi uma política de sucesso no Estado de Minas Gerais. A 
utilização da modalidade se tornou prioritária por meio do Decreto Estadual nº 42.408, de 08 de 
março de 2002, e, atualmente, obrigatória, conforme Decreto Estadual nº 44.786, de 18 de abril de 
2008. Suas principais vantagens são a economia, a celeridade e transparência. 
 
 
2
 Substituída pela Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001(convertida na Lei Federal nº 10.520, de 17, de 
julho de 2002). 
7 
 
2. Motivação 
 
 
 
A presente Cartilha visa demonstrar algumas iniciativas relativas ao objeto compras públicas, nos 
quais serão abordadas algumas políticas de compras, como a utilização obrigatória do Pregão, a 
priorização das compras eletrônicas, a utilização do sistema de registro de preços, o incentivo à 
participação de pequenas empresas, o modelo adotado para o planejamento de compras, a gestão 
estratégica de suprimentos e as compras sustentáveis. 
Além disso, será demonstrada uma iniciativa de sucesso no Governo de Minas, a concepção e 
implantação do Sistema Integrado de Administração de Materiais, em especial o Catálogo de 
Materiais e o Cadastro de Fornecedores. 
 
 
8 
 
3. Objetivos 
 
 
 
Os objetivos desta Cartilha são: 
1) Apresentar as políticas, diretrizes e iniciativas aplicadas nas reformas em sede de compras públicas 
no âmbito Governo do Estado, destacando: 
 a utilização do Pregão; 
 as características e as vantagens na adoção do Pregão; 
 a preferência pelas compras eletrônicas; 
o o pregão eletrônico; 
o a cotação eletrônica de preços; 
 o Sistema de Registro de Preços; 
 o incentivo à Participação de Pequenas Empresas nas compras públicas 
 o planejamento de compras; 
 a gestão estratégica de suprimentos; 
 as compras públicas sustentáveis; 
2) Apresentar o Sistema Integrado de Administração de Materiais e Serviços, demonstrando seus 
aspectos gerais, como: 
 o histórico; 
 a estrutura do Sistema Integrado de Administração de Materiais e Serviços – SIAD; 
 o fluxo do processo de compras; 
 os benefícios do sistema de compras; 
 o catálogo de materiais e serviços; 
 o cadastro de fornecedores. 
 
9 
 
4. Resultados Esperados 
 
 
 
A ampliação do atendimento ao cidadão e a melhoria da qualidade dos serviços a eles ofertados 
devem ser objetivos primordiais da Administração Pública e, para concretizá-los, é essencial a 
qualidade e a produtividade do gasto. Para tal deve-se visar uma gestão pública que zele por 
resultados e que busque meios mais efetivos para o planejamento, a execução e o controle de suas 
despesas com aquisições e contratações. 
A despesa realizada com compras públicas destaca-se entre as despesas do Estado. Assim, o Governo 
do Estado de Minas Gerais tem buscado o desenvolvimento de políticas, processos e ferramentas 
quepromovam o uso dos recursos públicos com máxima eficiência. No âmbito das reformas 
empreendidas nas compras, será destacado abaixo algumas políticas, diretrizes e iniciativas de 
sucesso já implantadas, visando oferecer material de consulta e subsídios para ampliar a qualidade e 
produtividade do gasto municipal. 
 
 
10 
 
5. Política de Compras Públicas 
 
 
 
5.1. A Obrigatoriedade na Utilização do Pregão 
5.1.1. Conceito 
 
Pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o 
valor estimado da contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de PROPOSTAS 
e LANCES em sessão pública, de forma presencial ou eletronicamente, nas quais os lances deverão 
ser sucessivos e decrescentes. 
Formas de realização do Pregão: Decreto 44.786/2008 – Art. 4º, incisos XV e XVI 
Pregão Presencial: é a forma de pregão realizada em ato público presencial, em que é permitido aos 
licitantes alterar o preço das propostas exclusivamente por meio de lances verbais decrescentes, não 
se admitindo correspondência postal, fax ou outros meios de comunicação à distância. 
Pregão Eletrônico: é a forma de pregão em que os atos são realizados à distância, por meio da 
utilização de recursos de tecnologia da informação que promovam a comunicação pela Internet, 
sendo permitido aos licitantes alterar o preço das propostas exclusivamente por meio de lances 
eletrônicos decrescentes. 
5.1.2. Objeto do Pregão 
 
A modalidade de licitação Pregão poderá ser utilizada para: 
Aquisição de bens e contratação de serviços comuns: Decreto nº 44.786/2008 – Art. 3º, caput. 
Art. 3º - Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos padrões de 
desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos no objeto do edital, 
por meio de especificações usuais praticadas no mercado, tais como os 
exemplificados no Anexo. 
 
Marçal Justem Filho (2005, p.25), define bem ou serviço comum como “aquele que se apresenta sob 
identidade e características padronizadas e que se encontra disponível, a qualquer tempo, num 
mercado próprio”. 
11 
 
Para Jair Santana (2010, p. 185), a especificação “comum” se refere ao domínio das técnicas de 
realização do serviço objeto do certame pelo mercado, permitindo uma oferta segura, diante das 
especificações do edital. 
Acrescente-se, ainda, que, a noção de comum não está na estrutura simples do bem, nem a estrutura 
complexa é razão suficiente para retirar do bem sua qualificação de bem comum. 
 
Aquisição de Serviços de Engenharia comuns: Decreto n º 44.786/2008 – Art. 3º, §2º, Inciso I 
Art. 3º (...) 
§2º (...) 
I - nas contratações de serviço de engenharia comum, mesmo que se exija 
profissional registrado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e 
Agronomia - CREA para execução; 
 
De acordo com Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (2007, p.28-33): 
Nada obstante a utilização de tais premissas entende-se que a melhor forma de 
estabelecer se o serviço de engenharia é comum depende da análise concreta do 
objeto. Isso porque o atributo “comum” do serviço depende, nos termos da Lei, de 
ser possível à especificação por meio usual no mercado. Comum, portanto, é a 
definição ditada pelo mercado fornecedor ou prestador do serviço. 
 
Para qualquer valor estimado para contratação: Decreto nº 44.786/2008 – Art. 3º - § 2º - Inciso II 
Art. 3º [...] 
§2º [...] 
II - independentemente do valor estimado para o objeto da licitação e 
exclusivamente para as licitações do tipo menor preço; 
 
Licitações Internacionais: Decreto nº 44.786/2008 – Art. 3º - § 2º - Inciso III 
Quando a Lei Federal nº. 8.666/1993, e a Lei Federal nº. 10.520, de 2002, calam-se 
acerca da possibilidade de pregão internacional, não devemos entender 
imediatamente como vedação. Afinal, os princípios da eficiência, da 
proporcionalidade, da razoabilidade, da impessoalidade e da moralidade são 
capazes de sustentar a aplicação efetiva do pregão internacional. E, nesse aspecto, 
o Decreto Estadual nº. 42.408, de 2002, e o Decreto Federal nº. 3.555, de 2000, ao 
permitirem a participação de empresa estrangeira em pregão, não contrariam o 
sistema jurídico anterior. E como componentes desse mesmo sistema, se o 
administrador admitir a utilização do pregão internacional, estará agindo de acordo 
com a legalidade (MINAS GERAIS, Parecer Seplag/AJA nº. 2.061/2005, de 09 de 
novembro de 2005. Belo Horizonte, 2005). 
 
12 
 
Em licitações precedidas de pré-qualificação de objetos e de licitantes: Decreto nº 44.786/2008 - 
Art. 3º - § 2º - Inciso IV 
Art. 114 - O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-qualificação de licitantes 
nas concorrências, a ser procedida sempre que o objeto da licitação recomende 
análise mais detida da qualificação técnica dos interessados. 
[...] 
§ 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação será feita mediante proposta 
da autoridade competente, aprovada pela imediatamente superior. (Lei Federal nº 
8.666/1993). 
 
 
Para utilização da modalidade pregão, enquanto procedimento auxiliar para a pré-qualificação de 
licitantes de determinado bem ou serviço, os órgãos e entidades da Administração Pública deverão 
observar as seguintes regras: 
a) Utilizar a pré-qualificação de licitantes para as licitações de grande vulto ou complexidade, 
sempre que o objeto da licitação recomendar análise mais detida da qualificação técnica e 
econômica dos interessados; 
b) Elaborar justificativa da utilização do procedimento que deverá ser submetida à aprovação 
de sua adoção pela autoridade competente do órgão; 
c) Publicar aviso de edital de licitação específico para convocação dos interessados; 
d) Somente poderá ser exigida prova de regularidade técnica e/ou econômica financeira do 
licitante; 
e) As provas solicitadas para a habilitação técnica e econômica dos licitantes deverão 
demonstrar as condições técnicas compatíveis com as especificidades, dificuldades e vulto do bem 
ou serviço, restringindo-se a futura licitação aos pré-qualificados. 
 
5.1.3. Vedações legais para utilização do Pregão 
 
A licitação na modalidade de pregão não se aplica às contratações de obras regidas 
pela legislação específica, e igualmente às locações imobiliárias e alienações em 
geral (Decreto Estadual nº 44.786/2008 – Art. 3º, § 3º). 
 
13 
 
5.1.4. Atores do Pregão 
 
Pregoeiro 
Função do Pregoeiro: O Pregoeiro é o servidor responsável pela sessão de pregão, até o momento da 
adjudicação ao vencedor, do objeto licitado. É ele quem coordena a sessão do pregão, conduzindo-a 
com o auxílio da equipe de apoio. 
É designado pela autoridade competente, que também exerce controle sobre os seus atos. 
Atribuições do pregoeiro: artigo 9º, Decreto Estadual nº 44.786/2008. 
Equipe de Apoio 
Função da Equipe de Apoio: apoiar o Pregoeiro em todas as fases do procedimento licitatório. Os 
atos do pregão que não possuem cunho decisório podem ser delegados pelo pregoeiro à equipe de 
apoio. São aquelas atribuições de cunho burocrático, que envolvem recebimento e análise de 
documentos, elaboração de atas, além de outras. 
A equipe de apoio não se equipara à Comissão de Licitação. 
Autoridade Competente 
Função da Autoridade Competente: a Autoridade Superior atua durante todo o procedimento 
licitatório, desde a fase interna, até a contratual. 
Atribuições da Autoridade competente: artigo 8º, Decreto Estadual nº 44.786/2008. 
 
5.1.5. Características do Pregão 
 
Prazo para abertura da licitação de, no mínimo, 8 (oito) dias úteis. 
Menor prazo de publicidade proporciona redução do tempo gasto com o procedimento de compras: 
menor tempo entre a necessidade e aquisição efetiva do bem. 
Inversão das fases 
1º: Verificação da conformidadedas propostas de preços; 
2º: Verificação dos documentos de habilitação. 
14 
 
No pregão, ao contrário das outras modalidades de licitação previstas na Lei Federal nº 8.666/1993, 
há a análise das propostas de todos os licitantes, no que se refere à conformidade com os requisitos 
do edital, desclassificando motivadamente aquelas incompatíveis com as exigências do edital de 
licitação. A inversão das fases em termos práticos significa adotar procedimento diverso do formato 
moroso das modalidades tradicionais de licitação. A sistemática imposta pelo pregão prima pela 
desburocratização do processamento da licitação garantindo a celeridade. 
Disputa entre os interessados é feita em sessão pública, por meio de propostas escritas e lances 
 verbais sucessivos – pregão presencial; 
 eletrônicos, aleatórios – pregão eletrônico. 
 
Preços menores do que os propostos inicialmente 
No pregão, na fase de entrega das propostas de preços, os valores não são definitivos, são apenas 
valores pré-classificatórios que podem ou não qualificar os licitantes para a fase de lances, na qual os 
preços são novamente apresentados, porém mediante manifestações verbais/eletrônicas e em 
sessão pública. 
É nessa etapa em que é definido o vencedor. Será vitorioso aquele que oferecer o lance de menor 
valor. 
A possibilidade de disputa por lances verbais incrementa a competição, ampliando a disputa pelo 
fornecimento. 
Habilitação apenas do licitante vencedor 
Após a disputa de lances e definição da melhor proposta de preços examinam-se os documentos de 
habilitação do licitante vencedor. 
Utilização de meios eletrônicos (tecnologia da informação) para o procedimento 
O processo de compras por meio do pregão é simples e a introdução de controles gerenciais e 
aplicação de tecnologias da informática tornam a concorrência mais competitiva porque permite a 
confrontação direta entre os fornecedores. 
Podem participar da sessão os fornecedores estabelecidos em lugares diversos, desde que possuam 
acesso à Internet. 
Fase recursal única: motivada e imediata, somente no final da sessão 
15 
 
A fase de recursos somente ocorre ao final da sessão pública, condensando todas as intenções 
motivadas durante as etapas anteriores para este momento final. 
Negociação buscando menor preço: redução de custo 
Transparência 
Qualquer cidadão poderá acompanhar a sessão pública do pregão eletrônico por meio da Internet 
Maior rigor na punição por irregularidade 
 
5.1.6. Vantagens na adoção do Pregão 
 
 A inversão de fases, que consiste na verificação apenas da documentação de habilitação do 
licitante vencedor, suprimindo-se os trabalhos de análise da documentação exigida para os 
demais interessados, acarretaram grande economia de esforços e tempo; 
 Criação de uma fase de lances, em que é permitido aos licitantes melhorarem seus preços 
inicialmente ofertados; 
 Possibilidade de negociação do preço do licitante vencedor pelo Pregoeiro; 
 Unificação da fase de recursal; 
 Utilização do pregão para qualquer valor estimado para contratação: uniformização de 
procedimento: menor complexidade e maior número de licitantes na disputa; 
 Celeridade: nessa modalidade, o tempo para julgamento das propostas, ou seja, a diferença 
entre a data de homologação e a data de início da licitação foi menor que os demais 
procedimentos. 
 
5.1.7. Considerações finais 
 
O Governo de Minas Gerais, voltado à eficiência e eficácia da máquina pública, foi pioneiro em tornar 
obrigatória a utilização do Pregão para aquisição de bens e serviços comuns, preferencialmente na 
sua forma eletrônica. 
A norma do art.2º, do Decreto Estadual nº 44.786/2008, dita: 
Art. 2º Ressalvadas as hipóteses previstas em lei, a aquisição de bens e de serviços 
comuns será precedida, obrigatoriamente, de licitação pública na modalidade de 
pregão, preferencialmente eletrônico, nos termos do art. 4º da Lei nº. 14.167, de 
10 de janeiro de 2002. 
16 
 
Caso não seja realizado o Pregão na sua forma eletrônica, existe a necessidade de apresentação de 
justificativa pela sua não utilização, que deverá constar dos autos do processo, quando da realização 
de outra modalidade ou do pregão na forma presencial: 
§ 1º A impossibilidade de utilização do pregão em sua forma eletrônica deverá ser 
justificada no momento da abertura da licitação, nos autos do processo, pela 
autoridade competente. 
§2º Excepcionalmente, nas hipóteses previstas no caput, a contratação por outra 
modalidade de licitação prevista em lei poderá ser autorizada pelo Secretário de 
Estado de Planejamento e Gestão, no prazo de até cinco dias úteis a contar da 
solicitação motivada do dirigente máximo de órgão ou entidade envolvida, exceto 
aquelas controladas direta ou indiretamente pelo Estado. 
 
 
 
Dados a respeito da utilização do pregão em detrimento a demais modalidades competitivas: 
Gráfico 1 - Pregão e Demais Modalidades de Licitação 
 
 Fonte: Armazém de Informações SIAFI/MG, Seplag. Minas Gerais, 2012a. 
 
98%
2%
Pregão
Demais Modalidades de 
Licitações
17 
 
Dados relativos utilização do pregão eletrônico em detrimento ao presencial: 
Gráfico 2 - Pregão Eletrônico e Presencial 
 
 Fonte: Armazém de Informações SIAFI/MG, Seplag. Minas Gerais, 2012a. 
 
 
5.2. A Preferência pelas Compras Eletrônicas 
 
Cabe destacar que as compras eletrônicas são realizadas por meio da Internet, tanto na realização da 
disputa quanto na seleção dos interessados em vender produtos ou prestar serviços para o poder. 
Para o fornecedor, a utilização de procedimentos eletrônicos oferece maior facilidade para a 
participação nas compras. Ele não precisa sair de seu escritório para fazer a sua proposta, enviar seus 
lances ou acompanhar o desenrolar de qualquer processo de compra eletrônico. 
Para a Administração Pública, é uma forma de democratizar o acesso de empresas e organizações ao 
mercado governamental, ampliar a competição e obter melhores preços, pois se consegue agregar 
um número maior de competidores – propiciando a eficiência e eficácia da máquina pública. 
Mesmo aqueles governos que não dispõem de recursos de tecnologia da informação suficientes para 
desenvolver e implementar sistemas de informação voltado para gestão das compras 
governamentais, podem adotar soluções de terceiros para planejar, executar e gerenciar suas 
contratações eletrônicas. 
Para os municípios, existem soluções gratuitas e pagas. Entre outras, podem-se destacar: 
 
95%
5%
Pregão eletrônico
Pregão presencial
18 
 
 Governo Federal – Comprasnet: 
<http://comprasnet.gov.br> 
 Banco do Brasil – Licitacoes-e: 
<http://www.licitacoes-e.com.br> 
 Caixa Econômica Federal – Compras Caixa: 
<http://www.caixa.gov.br/compras_caixa> 
 Confederação Nacional de Municípios - Cidade Compras: 
<https://www.cidadecompras.com.br> 
 
Por isso, a participação é simples e ágil, com total segurança tanto para fornecedores quanto para o 
governo. Além disso, as compras eletrônicas propiciam maior transparência para toda a sociedade! 
Qualquer cidadão, de qualquer lugar do mundo com acesso à Internet, pode acompanhar o 
andamento das compras em tempo real ou após sua finalização. Para os governos, é uma forma de 
demonstrar que a administração agiu com economia, eficiência e honestidade. 
Os servidores públicos encontram nos sistemas Web um amplo suporte técnico-legal para 
consecução das tarefas licitatórias. De certa forma, processos e atividades exigidas por eles induzem 
aos técnicos a observância aos preceitos da legislação. Isso resulta em maior segurança das ações 
tomadas pelos funcionários públicos.5.2.1. O Exemplo do Governo de Minas Gerais 
 
As compras eletrônicas são operacionalizadas por meio do Portal de Compras MG 
(www.compras.mg.gov.br). Elas podem ser feitas por meio de Pregão Eletrônico ou Cotação 
Eletrônica de Preços. Aproximadamente 92% de tudo que o Estado adquire é por meio eletrônico. 
 
5.2.2. O pregão eletrônico 
 
19 
 
No Pregão Eletrônico os fornecedores encaminham as suas propostas por meio de um sistema de 
compras eletrônico e, posteriormente, ocorre uma competição na qual cada um deles envia seus 
lances de preços eletronicamente. 
Toda a comunicação com o governo é feita por meio de um chat nesse sistema eletrônico. 
Importante ressaltar que os fornecedores participantes somente são conhecidos após o 
encerramento da sessão de lances, proporcionando mais segurança (sigilo) para empresários e 
servidores. 
O uso do Pregão Eletrônico na contratação de bens e serviços pelos governos (Federal, Estadual e 
Municipal) é uma grande evolução nas contratações públicas. Sem dúvida, é a forma mais econômica 
de contratação, porque funciona como um leilão reverso – vence quem oferecer o melhor preço. 
Além de ser a modalidade licitatória mais rápida (duração do procedimento). 
A utilização do Pregão na sua forma eletrônica deve ser privilegiada em relação ao presencial, caso 
não seja adotado, existe a necessidade de apresentação de justificativa pela sua não utilização, que 
deverá constar dos autos do processo. 
 
5.2.3. A Cotação Eletrônica de Preços 
 
A Cotação Eletrônica de Preços – COTEP é um procedimento para aquisição de bens ou contratação 
de serviços comuns por dispensa de licitação, com fundamento nos inciso II do artigo 24 da Lei 
Federal n.º 8.666/1993 e Decreto Estadual nº 46.095, de 29 de novembro de 2012. 
Essas aquisições são caracterizadas pelo pequeno valor e a Lei prevê a possibilidade de realização de 
procedimentos mais simples e rápidos. É a forma de contratação denominada Dispensa de Licitação 
por Limite de Valor. 
Nesses casos, o governo coleta alguns orçamentos de preços para os produtos ou serviços, e contrata 
o fornecedor que ofereceu o menor preço. Como não há licitação, o procedimento recebe o nome de 
Compra Direta. 
No Estado de Minas Gerais, para contratação de bens comuns que se enquadrem no limite de valor 
estabelecido na citada Lei, o procedimento obrigatório a ser utilizado é a COTEP, no qual a coleta de 
preços é feita com o envio de lances pelos fornecedores no Portal de Compras. 
20 
 
O procedimento amplia a disputa, a transparência, a publicidade, além de proporcionar a oferta 
pelos concorrentes de preços menores que os orçados inicialmente. 
A utilização de COTEP para serviços, embora seja facultada, é contabilizada para a apuração do 
indicador de compras eletrônicas do Acordo de Resultados do Governo de Minas Gerais. 
O Acordo de Resultados é um contrato de gestão no qual são definidos, pelo governo, os resultados 
esperados para cada área de atuação governamental, também chamada de Sistemas Operacionais. 
Posteriormente, esses resultados esperados são desdobrados para cada órgão e entidade do Poder 
Executivo Estadual na forma de metas por equipes de trabalho. 
O principal objetivo desse instrumento de gestão é a definição de prioridades representadas por 
indicadores e metas, garantindo que os resultados esperados sejam o foco de atuação das 
instituições e dos servidores públicos mineiros. 
Em contrapartida, é oferecido aos órgãos e entidades um conjunto de autonomias gerenciais e 
financeiras e, em caso de desempenho satisfatório, pagamento de prêmio por produtividade aos 
servidores, como incentivo. 
A Agenda Setorial dos Acordos de Resultados, a partir de 2006, passou a conter indicadores de 
compras eletrônicas que visavam ampliar a utilização das formas eletrônicas de aquisição no Estado 
de Minas Gerais. 
Nos anos de 2007 e 2008, as metas de compras eletrônicas foram pactuadas com todos os órgãos 
que assinaram o Acordo de Resultados e eram acompanhadas cumulativamente ao longo de cada 
ano. Tinham-se quatro indicadores para realizar esse acompanhamento, que foram estipulados com 
metas baseadas no número de processos de compras de bens e serviços comuns, e respectivos 
valores. 
A utilização das ferramentas eletrônicas para aquisições de bens e serviços comuns se tornou efetiva 
pelos órgãos e entidades, a partir do ano de 2009. A meta foi, então, unificada no indicador 
“Quantidade de Processos realizados por Compras Eletrônicas”. 
 
5.3. Registro de Preços 
 
21 
 
O artigo 2º do Decreto Estadual nº 44.787, de 18 de abril de 2008, define o Sistema de Registro de 
Preços (SRP) como um “conjunto de procedimentos para registro formal de preços, objetivando 
contratações futuras pela Administração Pública”. 
Para Marçal Justen Filho (2005), o SRP é uma das mais úteis e interessantes alternativas de gestão de 
contratações colocada à disposição da Administração. O doutrinador atribui o seguinte conceito ao 
instituto: 
O registro de preços é um contrato normativo, constituído como um cadastro de 
produtos e fornecedores, selecionados mediante licitação, para contratações 
sucessivas de bens e serviços, respeitados lotes mínimos e outras condições 
previstas no edital (JUSTEN FILHO, 2005, p. 144). 
 
Jacoby Fernandes (2007) procura facilitar a compreensão do termo e adota um conceito mais 
analítico, considerando-o como: 
[...] um procedimento especial de licitação que se efetiva por meio de uma 
concorrência ou pregão sui generis, selecionando a proposta mais vantajosa, com 
observância do princípio da isonomia, para eventual e futura contratação pela 
Administração (FERNANDES, 2007, p. 31). 
 
O SRP está previsto em lei e muito se aproxima da forma de contratação praticada pelo setor 
privado. Como evidenciado no artigo 15 da Lei Federal nº 8.666/1993, transcrito abaixo, a 
contratação administrativa não deve ser mais onerosa e menos eficiente do que a do setor privado, 
sendo este um dos princípios norteadores das compras públicas: 
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: (Regulamento) 
I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de 
especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as 
condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; 
II - ser processadas através de sistema de registro de preços; 
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor 
privado; 
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as 
peculiaridades do mercado, visando economicidade; 
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da 
Administração Pública. 
 
O SRP não chega a ser uma modalidade de licitação. Trata-se de um procedimento diferenciado, que 
se aplica tanto às compras quanto aos serviços. 
22 
 
Uma das características do sistema de registro de preços, segundo o conceito de Jacoby Fernandes 
(2007) é a possibilidade de que a licitação seja realizada apenas nas modalidades concorrência e 
pregão, as duas modalidades que, notoriamente, mais ampliam a competição. 
 
23 
 
Entretanto, essas modalidades ocorrem de maneira singular, sui generis, uma vez que não obrigam a 
Administração Pública a promover as aquisições, conforme disposto no § 4º do artigo 15 da Lei 
Federal nº 8.666/1993: 
Art. 15 
[...] § 4o A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as 
contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros 
meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao 
beneficiário do registro preferência em igualdade de condições. 
 
 
Assim, oSRP confere flexibilidade à concorrência ou pregão, pois permite que as compras ocorram 
de acordo com as necessidades diretas, ou seja, as quantidades a serem adquiridas e a ocasião em 
que ocorrerá a aquisição dependerão das conveniências da Administração. 
Posto que não há obrigatoriedade de contratação pela Administração, não se aplica ao Sistema de 
Registro de Preços a exigência de recursos orçamentários no momento de realização do certame 
licitatório. Em outras palavras, não há necessidade de haver dinheiro em caixa para realizar o 
certame para RP, pois a indicação de disponibilidade financeira e orçamentária só necessita ser feita 
antes da contratação. 
 
5.3.1. A Regulamentação em Minas Gerais: Decreto n° 44.787/2008 
 
O sistema de registro de preços no Estado de Minas Gerais está regulamentado pelo Decreto 
Estadual nº 44.787/2008, que é aplicado aos órgãos da administração direta dos Poderes do Estado, 
aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de 
economia mista e às demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo Estado. O Poder 
Legislativo e o Poder Judiciário não estão obrigatoriamente submetidos ao Decreto, mas podem 
adotá-lo. 
 
5.3.2. Hipóteses de adoção do Registro de Preços 
 
Em seu artigo 3º, o Decreto Estadual nº 44.787/2008 trata das hipóteses em que, preferencialmente, 
será adotado o SRP. Elas consistem nas seguintes: 
 Quando pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de 
contratações frequentes, com maior celeridade e transparência; 
24 
 
 Quando for conveniente a compra de bens ou a contratação de serviços para 
atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; e 
 Quando pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o 
quantitativo a ser demandado pela Administração. 
 
A legislação estadual aponta, no § 2º deste mesmo artigo, outra possibilidade de adoção do registro 
de preços: 
Art. 3º 
[...] § 2º Nos casos em que a Lei nº 8.666, de 1993, permitir a dispensa, em razão 
do valor ou de emergência, após a contratação, a autoridade responsável pelo ato 
avaliará a conveniência de incluir o bem ou serviço em futuro registro de preços, 
visando reduzir as contratações diretas. 
 
Ressalta-se que estas hipóteses constituem um rol exemplificativo, não sendo vedada a utilização do 
SRP em outras hipóteses, a critério da Administração. 
 
 
5.3.3. Atores do Registro de Preços 
 
Figura 1 – Atores do Registro de Preços 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
25 
 
Conforme o Decreto Estadual nº 44.787/2008, os atores do Registro de Preços são: 
a) Órgão gerenciador: é o responsável pela condução do conjunto de procedimentos do 
certame para registro de preços e gerenciamento da Ata de Registro de Preços (ARP) 
dele decorrente (artigo 4°, X); 
b) Órgão participante: órgão ou entidade que participa desde o início do procedimento do 
SRP e integra a ARP. Portanto, ele se vincula ao SRP desde o início do procedimento, e 
deve informar ao órgão gerenciador, por meio do Termo de Adesão, o seu desejo de 
participar, a estimativa do consumo, a expectativa do cronograma de consumo e as 
demais informações solicitadas (artigo 4°, XI); 
c) Beneficiário da Ata: é o licitante vencedor que, regularmente convocado, assina a ARP. 
Suas atribuições se resumem em assinar o contrato ou retirar a respectiva nota de 
empenho ou instrumento equivalente, no prazo estabelecido pela Administração; e 
cumprir as condições da ARP (artigo 4º, V); 
d) Órgão não-participante (“carona”): é o órgão ou entidade da Administração Pública que, 
inicialmente, não tenha participado do certame licitatório ou de lote específico e que 
adere a ARP durante sua vigência (artigo 4º, XII). Salienta-se que a utilização da ARP pelo 
“carona” deve observar certos requisitos, como, por exemplo: comprovação, nos autos 
do processo, da vantagem da adesão à ARP; consulta prévia ao órgão gerenciador; 
aceitação da contratação pretendida pelo fornecedor beneficiário da ARP, entre outros. 
 
5.3.4. Etapas do procedimento para Registro de Preços 
 
O Sistema de Registro de Preços é constituído de quatro etapas, relacionadas ao fluxo do processo: 
planejamento, licitação, contratação e acompanhamento. 
 
 
 
26 
 
Figura 2 – Fluxo do Processo 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
Na etapa planejamento, inicialmente se define quem será o órgão gestor do registro de preços (RP) e 
quais os itens que farão parte do certame licitatório. Em seguida, faz-se o convite aos órgãos e 
entidades para que participem do RP e realiza-se o levantamento da demanda pelo objeto nos 
órgãos participantes, consolidando-se a estimativa de consumo total. 
Depois disso, procede-se à reunião com os fornecedores para esclarecimentos sobre o procedimento 
e elaboram-se as estratégias de definição dos itens e lotes que comporão o edital da licitação. É 
interessante ressaltar que a definição do objeto deve ser precisa, suficiente e clara, sendo vedadas 
especificações excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, que limitem a competição. A assinatura do 
Termo de Adesão pelo órgão participante formaliza a sua participação no certame e consolida a sua 
demanda, que será incluída no Edital de Licitação. 
Na fase de licitação é realizado o certame licitatório de acordo com a previsão do edital, nas 
modalidades concorrência ou pregão. Elabora-se a Ata de Registro de Preços, na qual constarão os 
fornecedores, os preços e as condições a serem praticadas e procede-se à publicação do extrato da 
ARP. 
A fase de contratação é aquela na qual são emitidos os pedidos de compras e realizados os 
respectivos processos e, se necessário, é feita a assinatura de contratos com os fornecedores. Pode 
ser feito o uso de instrumentos equivalentes ao contrato para a formalização da aquisição, que são a 
nota de empenho, a autorização de compra ou a solicitação de serviço. 
27 
 
Por fim, na fase de acompanhamento o órgão gestor gerencia a Ata de Registro de Preços, 
procedendo às alterações que se fizerem necessárias, como a alteração no quantitativo de um órgão 
participante, por exemplo. 
Figura 3 – Sistema de Registro de Preços 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
Em Minas Gerais, o registro de preços é realizado pelo Sistema Informatizado de Registro de Preços 
(SRP), no qual os procedimentos operacionais do SRP são automatizados. O Estado foi o pioneiro na 
implementação do processo informatizado em todas as suas fases. 
 
5.3.5. Algumas vantagens do SRP 
 
 Redução de estoques e de custos: o fornecedor realiza entregas em menores quantidades e 
com maior frequência; 
 Evita perda de validade de produtos estocados; 
 Proporciona melhor aproveitamento do espaço em virtude da redução dos estoques; 
 As Notas de Empenho são emitidas de acordo com as necessidades dos Órgãos participantes 
do SRP, durante o prazo de vigência do SRP e pelos quantitativos necessários à aquisição; 
 Em casos excepcionais, nos quais não seja possível estimar o consumo, constitui ferramenta 
útil pela desnecessidade de aquisição de todo o quantitativo registrado. 
 
28 
 
5.4. Incentivo à Participação de Pequenas Empresas 
 
As Micro Empresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP), conhecidas como Pequenas 
Empresas ou simplesmente MPE (Micro e Pequenas Empresas) são importantes alavancadoras do 
desenvolvimento social e econômico brasileiro. Em 2008, grande parte dos negócios formais e 
informais do país representam 20% do PIB, 26%da massa salarial. Geram um número maior de 
empregos (empregam 57% da força de trabalho que atua no setor formal urbano - excluindo os 
empregados governamentais) e, além disso, estão aumentando os salários de seus funcionários. 
A Constituição Federal de 1988 nos seus artigos 170 e 179 afirmou a importância delas para o país 
permitindo que haja tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte. A regulamentação 
desses benefícios foi realizada por meio da Lei Complementar Federal nº. 123, de 14 de dezembro de 
2006 – chamada de Lei Geral das Pequenas Empresas, Lei do Super Simples ou meramente Estatuto 
das MPE. 
O intuito da Lei foi de promover o acesso e simplificar: 
 o pagamento de impostos 
 a obtenção de créditos 
 o acesso à tecnologia 
 o acesso às exportações 
 a formalização das ME e EPP 
 a forma de vender para o governo 
 
Ela representou um grande avanço para o setor empresarial brasileiro e iniciou um novo ciclo de 
desenvolvimento para os pequenos negócios no Brasil. Em especial, contribuiu para demonstrar que 
as compras governamentais representam uma grande oportunidade de negócios para os 
empresários e organizações interessadas em vender para a Administração Pública. 
Conforme experiência nacional e internacional, a adoção de uma política pública diferenciada para 
MPE demonstra que é possível desenvolver a economia local e gerar emprego e renda, primando 
pelo desenvolvimento econômico sustentável, usando do poder de compra dos governos estadual, 
federal e municipal como política de fomento e qualificação de fornecedores. 
29 
 
Em Minas Gerais, o Estatuto das MPE foi regulamentado, no tocante às compras governamentais, 
por meio do Decreto Estadual nº 44.630/2007. Podem-se destacar os seguintes benefícios: 
- Preferência como critério de desempate3 - é a preferência pela contratação de MPE caso haja 
empate nas licitações. Consideram-se empatadas, ao final da disputa, as propostas de ME ou EPP que 
sejam superiores à melhor oferta, até os limites percentuais previstos na Lei. São eles: 
 5% na modalidade de pregão; 
 10% nas demais modalidades de licitação. 
Ocorrendo o empate, a MPE mais bem classificada terá a oportunidade de apresentar novos preços 
para cobrir a melhor oferta, vencendo, assim, a licitação. 
- Pendências fiscais4 - As MPE podem participar de processos licitatórios mesmo que possuam 
pendências fiscais. Apenas a MPE vencedora da licitação terá que regularizar seus documentos 
fiscais. Para isso, ela terá um prazo de 2 (dois) dias úteis, prorrogáveis por mais 2 (dois) dias úteis. 
- Compras diferenciadas para MPE - O Governo de Minas Gerais regulamentou 3 (três) hipóteses de 
realização de compras com características diferenciadas, para beneficiar as micro e pequenas 
empresas. São elas: 
1. A realização de compras para a participação exclusiva de MPE. 
Todas as compras, dos órgãos da administração direta e indireta do Estado, cujo valor estimado não 
ultrapasse R$80.000,00, incluindo Cotações Eletrônicas de Preços, são destinadas à participação 
exclusiva de MPE5. 
2. A reserva de uma parte do objeto da compra para participação exclusiva de MPE. Essa parte 
corresponderá a, no máximo, 25% do objeto. 
Por exemplo, numa compra de R$ 100.000,00, os R$ 75.000,00 seriam disputados por pequenas, 
medias e grandes empresas; e, R$ 25.000,00 disputados apenas pelas MPE. 
3. A possibilidade de exigir no Edital que os licitantes façam a subcontratação de MPE em parte 
do objeto. 
 
3
 Aplicação imediata conforme Lei Complementar Federal nº. 123, de 14 de dezembro de 2006. 
4
 Aplicação imediata conforme Lei Complementar Federal nº. 123, de 14 de dezembro de 2006. 
5
 Obrigatória conforme determinação do Decreto Estadual nº 45.749, de 05 de outubro de 2011 que altera o Decreto 
Estadual nº 44.630 de 03 de outubro de 2007. 
30 
 
Numa contratação, parte do objeto licitado pode ser fornecido ou prestado por uma empresa que 
não tenha participado da disputa licitatória – a empresa subcontratada atua em nome da contratada. 
O percentual do objeto a ser subcontratado não poderá exceder a 30% do total licitado. 
Além disso, a estratégia do governo mineiro passou por adotar práticas e soluções tais como: 
- Sensibilização e capacitação de servidores, empresários e fornecedores: por meio de parcerias com 
entidades representativas (CDL, FECOMERCIO etc.) e em especial com o SEBRAE-MG foram realizadas 
diversas palestras, workshops, eventos e seminários que exploraram as alterações da legislação e os 
benefícios de se vender para o governo. Dentre os materiais utilizados, estão: cartazes, folders, 
panfletos, cartilhas etc. 
- Simplificação de processos e integração de sistemas de informação: o processo de cadastro foi 
simplificado, otimizado e expandido para o interior de Minas Gerais. A utilização do sistema de 
compras agiliza e facilita a interação do cidadão com o governo. Uma vez cadastrado, vários dados e 
certidões são atualizados automaticamente pelo Portal de Compras. 
- Atendimento e suporte aos fornecedores: disponibilização de manuais e tutoriais eletrônicos 
instruindo a operacionalização dos sistemas. Caso haja dúvidas, eles contam com o atendimento 
exclusivo e gratuito por e-mail e por telefone – central de atendimento ao cidadão - LigMinas. Além 
disso, se necessário, há o atendimento presencial ao interessado. 
Ressalta-se que os impactos e resultados gerados tanto para a gestão logística do governo quanto 
para os fornecedores e empresários (MPE) são bastante positivos. Indicadores demonstram o 
sucesso das iniciativas relatadas: 
 o número de MPE no Cadastro de Fornecedores saltou de 26% para 63%, de 2008 para 2012. 
De 4.347 para 15.859 pequenas empresas – um salto de 260%. 
 a participação6 em compras eletrônicas de MPE subiu de 44%, em 2008, para 103%, em 2012 
– um aumento de 70% ao longo dos anos. 
 a contratação7 em compras eletrônicas de MPE subiu de 46%, em 2008, para 83%, em 2012 – 
um aumento de 80% ao longo dos anos. 
 na COTEP, o valor contratado saltou de R$ 9,8 para 16,0 (milhões) de 2007 para 2012 – um 
incremento de 63%. 
 
6
 Em relação à quantidade de processos de compra. 
7
 Em relação à quantidade de processos de compra. 
31 
 
 no Pregão, o valor contratado saltou de R$ 29 para 278,5 (milhões) de 2007 para 2012 – um 
incremento de 860%. 
Gráfico 3 – MPE Cadastradas 
 
 Fonte: Armazém de Informações SIAFI/MG, Seplag. Minas Gerais, 2012a. 
 
Gráfico 4 – Contratação MPE 
 
 Fonte: Armazém de Informações SIAFI/MG, Seplag. Minas Gerais, 2012a. 
 
 
 
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
2008 2009 2010 2011 2012
CAGEF - MPE Cadastradas
R$ 0
R$ 100
R$ 200
R$ 300
R$ 400
R$ 500
R$ 600
R$ 700
2008 2009 2010 2011 2012
mi
lhõ
es
Contratação MPE - Geral
32 
 
Dessa forma, o acesso ao mercado das compras governamentais representa uma nova fonte de 
receita para as MPE proporciona o desenvolvimento de seus negócios, a profissionalização de suas 
operações, bem como a competição mais saudável no seu ramo de atuação. 
Para os governos, representa aumento na geração de emprego e renda local, a certeza de 
incremento na sua arrecadação e possibilita que seja exercida a prática da função social da compra 
governamental. 
Portanto, a utilização do poder de compra é uma das formas do governo atuar como propulsor do 
desenvolvimento local e de seus empreendedores – promovendo o fortalecimento e ampliação da 
competitividade das Micro e Pequenas Empresas (MPE).33 
 
6. Planejamento de Compras 
 
 
 
É dever da Administração Pública oferecer aos cidadãos uma prestação de serviços públicos 
satisfatória, garantir o compromisso dos prestadores com a qualidade e zelar pela melhor utilização 
dos recursos. De maneira a promover o bem comum, no que cabe à Administração, tanto os meios 
como os resultados são indispensáveis. 
Para que a Administração Pública alcance os resultados ótimos e minimize a utilização de recursos, 
ela deve atualizar-se, lançando mão de práticas gerenciais modernas e novas estratégias que 
acompanhem a rápida evolução a que o mundo assiste. 
Nesse intuito e inserido dentro das iniciativas de melhoria da qualidade do gasto público, o 
Planejamento de Compras instituiu um modelo padronizado de planejamento de aquisição de 
materiais e de contratações de serviços no âmbito dos órgãos e entidades do Poder Executivo do 
Estado de Minas Gerais. 
Desta forma, cabe ao solicitante de qualquer material ou serviço informar, em período específico, 
toda a demanda projetada para o ano, de modo que o responsável pelo recurso possa realizar a 
programação e o setor de compras realize a gestão dessas compras dentro do órgão. 
Diante das oportunidades de melhoria encontradas ao longo do processo, bem como dos benefícios 
obtidos, torna-se relevante apresentar a experiência mineira, demonstrar o caminho já percorrido e 
os desafios enfrentados durante a implantação, sendo esse o objetivo do presente texto. 
 
6.1. Objetivos 
 
A iniciativa de Planejamento de Compras surgiu com o objetivo de atender a demanda por uma 
ferramenta de gestão capaz de promover a melhor utilização dos recursos públicos no tocante a 
aquisições e contratações públicas, segunda maior despesa do Estado de Minas Gerais, não sendo 
superior apenas aos gastos com pessoal. 
34 
 
Desta forma, o Planejamento de Compras visa: 
 Melhorar a comunicação entre as áreas finalísticas e as Superintendências de 
Planejamento Gestão e Finanças – SPGF (setor responsável por operacionalizar as compras e 
contratações); 
 Ampliar a gestão interna de compras: 
• Conferir previsibilidade à demanda de aquisições e contratos; 
• Mapear e distribuir os processos e esforço do setor de compras ao longo do 
exercício; 
• Possibilitar o mapeamento e priorização de processos críticos; 
• Imprimir eficiência ao atendimento das demandas das áreas finalísticas; 
 Economia de recursos em virtude de: 
• Redução do número de processos; 
• Redução do preço em razão do aumento da quantidade. 
 
6.2. Conceitos Relevantes 
 
Áreas Envolvidas 
Para que o Planejamento de Compras cumpra seus objetivos é indispensável que todas as áreas do 
órgão ou entidade trabalhem de maneira integrada e contribuam, cada qual, com as informações 
que lhes cabem. Desta forma, torna-se relevante esclarecer quem são os envolvidos na elaboração 
do planejamento. 
Área solicitante: qualquer setor que tenha demanda de compras de materiais ou contratações 
de serviços, sejam elas rotineiras ou esporádicas. 
Ordenador de despesas: é a figura responsável por aprovar o planejamento de demandas das 
áreas, uma vez que cabe a ele verificar se elas se adéquam aos projetos a serem executados 
durante o exercício, bem como se os valores condizem com os recursos disponíveis. 
Área de compras: setor responsável por operacionalizar as compras nos órgãos e entidades. 
No Planejamento de Compras, tem o papel de receber as demandas de materiais e serviços 
35 
 
aprovadas pelos ordenadores de despesas e, de acordo com a liberação orçamentária, 
estabelecer o cronograma de aquisições e contratações para o exercício. 
 
Onde Planejar 
No intuito de promover a padronização dos procedimentos e permitir o gerenciamento com base em 
dados confiáveis, todos os procedimentos de Planejamento de Compras são realizados no sistema de 
informação de compras do Estado de Minas Gerais, o Sistema Integrado de Administração de 
Materiais e Serviços – SIAD. 
O que Planejar 
Por ser o produto final do Planejamento de Compras um cronograma de aquisições e contratações, 
as áreas solicitantes devem planejar todas as demandas que serão adquiridas por meio de processos 
licitatórios, dispensa ou inexigibilidade de licitação. Cabe ressaltar que gastos com folha de 
pagamento, locação de imóveis e execução de contratos já existentes não devem ser inseridos no 
Planejamento de Compras. 
Os códigos e descrições dos itens planejados devem respeitar o padrão do Catalogo de Materiais e 
Serviços – CATMAS, módulo do Sistema Integrado de Administração de Materiais – SIAD. 
 
6.3 Passo a Passo para a Implantação 
 
A implantação de um modelo de Planejamento de Compras se inicia com a mobilização da alta 
direção dos órgãos e entidades, pois, na maior parte das vezes, o processo demanda uma mudança 
cultural. Desta forma, a sensibilização dos dirigentes é indispensável para promover essa mudança e 
garantir o sucesso do trabalho. 
O envolvimento do corpo técnico e gerencial é outra etapa fundamental, pois são eles que fornecem 
as informações que subsidiam o Planejamento de Compras. Por ser o modelo participativo, a não 
colaboração integrada das áreas gerará, indubitavelmente, o insucesso. 
Tendo todas as áreas conhecimento dos objetivos, benefícios e dificuldades do processo, deve-se 
partir para a elaboração do Planejamento de Compras do órgão ou entidade, tendo em mente que o 
36 
 
trabalho somente será eficaz se as informações ali colocadas forem fidedignas e representarem ao 
máximo a realidade das áreas. 
Depois de percorridas todas as etapas de elaboração do Planejamento de Compras, parte-se para 
outro momento fundamental, o monitoramento. Para auxiliar os envolvidos na consolidação das 
informações e acompanhamento dos resultados, indicadores devem ser estabelecidos de modo a 
mapear os gargalos relativos às compras e contratações públicas, bem como possibilitar a proposição 
de melhorias de forma assertiva. 
É imperativo que os resultados apurados sejam de conhecimento não só do corpo técnico de uma 
área específica, até mesmo porque todo o órgão é responsável por elaborar o Planejamento de 
Compras. Assim, faz parte da implantação do processo a realização de reuniões gerenciais e 
estratégicas que tenham como pauta o desempenho do órgão ou entidade nos indicadores 
acompanhados e os resultados das soluções propostas para os desafios encontrados. Além disso, 
para permitir o acesso a um número maior de pessoas, esses indicadores devem ser periodicamente 
expostos em quadros de “gestão a vista”. 
 
6.4 Experiência de Minas Gerais 
 
As iniciativas para a elaboração de um modelo padronizado de planejamento de compras públicas se 
iniciaram em 2009, com a elaboração do diagnóstico de maturidade em compras do Estado de Minas 
Gerais, oportunidade em que foi levantada e comparada a situação atual dos órgãos e entidades com 
práticas de referência. Tal análise foi realizada com auxílio de uma consultoria contratada, que 
também auxiliou na elaboração de ferramentas que auxiliassem na implantação do modelo. 
Foi identificado que dentre os cinco vértices analisados (planejamento de compras, processo, 
fornecedores, itens de compras e controle), dois apresentavam maiores oportunidades de melhorias, 
quais sejam, planejamento e controle. A figura abaixo representa graficamente o perfil de 
maturidade de Minas Gerias em Compras em 2009. 
 
37 
 
Figura 4 – Cidade Administrativa 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
A partir do diagnóstico foi elaborado, durante o ano de 2010, o modelo de Planejamento de Compras 
do Estado de Minas Gerais, de modo a mitigaralguns dos riscos identificados e promover a qualidade 
do gasto público com a geração de melhorias nas compras públicas. 
Ainda em 2010 o modelo piloto foi implantado em 06 (seis) órgãos: 
 Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – Seplag; 
 Secretaria de Estado de Defesa Social – Seds; 
 Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social – Sedese; 
 Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais – Hemominas; 
 Secretaria de Estado de Educação – SEE; 
 Sistema Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Sisema. 
 
Em 2011, depois de constatados os benefícios advindos do modelo, decidiu-se por expandir a 
utilização para mais 22 (vinte dois) órgãos e entidades do poder executivo estadual. A implantação 
foi realizada órgão a órgão, com a realização de reuniões de treinamento e acompanhamento em 
cada etapa, sendo o produto final os servidores capacitados e o Calendário de Compras elaborado. 
Até esse momento todos os procedimentos de planejamento de compras e de controle eram 
realizados em de planilhas de Excel modelo devidamente trabalhadas para o recebimento e 
tratamento das informações requeridas. 
38 
 
Diante da necessidade de expandir o Planejamento de Compras para todos os órgãos e entidades do 
poder executivo, foi elaborado o Módulo de Planejamento de Compras no Portal de Compras MG. 
Desta forma, ficou estabelecido que cabe à área solicitante informar no sistema todas as demandas 
previstas para o exercício, especificando o material ou serviço desejado, a unidade de fornecimento, 
a quantidade, o preço, a data de entrega, o local da entrega, bem como algumas informações 
orçamentárias. 
Posteriormente, cabe ao ordenador de despesas aprovar a demanda sob sua responsabilidade. Isso 
realizado, a área de compras assume a responsabilidade por organizar toda a demanda em um 
cronograma de aquisições e contratações, de modo que sejam realizados processos de forma 
eficiente e eficaz e as áreas solicitantes sejam atendidas de forma adequada. O produto final é 
denominado Calendário de Compras do órgão ou entidade. 
Figura 5 – Fluxo de Planejamento 
 
Fonte: elaborado pelo autor. 
 
Assim, a partir de 2012, a realização do planejamento de compras no modelo estabelecido no Portal 
de Compras MG se tornou obrigatório para todos os órgãos e entidades do poder executivo do 
Estado de Minas Gerais, exceto para as empresas públicas. 
 
39 
 
6.5 Dificuldades e Lições Aprendidas 
 
Durante o diagnóstico realizado e também no decorrer da implantação, foram identificadas algumas 
oportunidades de melhoria, principalmente no tocante ao uso do sistema de informação de compras 
do Estado de Minas Gerais, o Sistema Integrado de Administração de Materiais e Serviços – SIAD. As 
dificuldades encontradas de forma mais frequente foram: 
 Utilização de formulários em meio físico pelas áreas solicitantes e ordenadores de 
despesa, sendo o registro no Portal de Compras feito posteriormente pela área de 
compras. Tal prática compromete a gestão e a análise dos resultados relativos a 
compras, pois as datas ficam inconsistentes para acompanhamento e dados podem 
ser perdidos ou entendidos de forma correta. 
 Dificuldade das áreas solicitantes em especificar o objeto ou serviço que desejam. 
Por isso, elas encaminham a demanda com informações incompletas ou transferem a 
responsabilidade de determinar o que será comprado para a área de compras, o que 
gera atrasos em virtude de discussões para a definição da especificação ou compras 
que não atendem perfeitamente a necessidade. 
 Envolvimentos dos técnicos e gestores das áreas finalísticas dos órgãos e entidades 
por entenderem que o planejamento se trata de uma atividade administrativa não 
sendo, portanto, de sua responsabilidade. 
 
6.6 Considerações Finais 
 
É a tônica atual das organizações, sejam elas públicas ou privadas, a busca pela melhoria nos 
processos de gestão, de modo a atender a sociedade com serviços com maior qualidade, mas com a 
menor utilização de recursos possível. 
Em Minas Gerais, grande parte do orçamento é direcionado para a aquisição de bens ou contratação 
de serviços que, por sua vez, possibilitam que o Estado realize sua atividade finalística, o 
atendimento ao cidadão. 
40 
 
Desta forma, percebe-se que a qualidade dos serviços públicos prestados está diretamente 
relacionada à eficiência dos processos de compras, uma vez que o atraso no fornecimento de 
vacinas, por exemplo, impacta diretamente no serviço entregue à população. 
A Administração Pública que preza por resultados busca gerir seus recursos com qualidade tem a 
necessidade de buscar procedimentos que a dotem de meios mais efetivos para o planejamento, 
execução e controle de suas aquisições. 
Sobretudo, faz-se necessário o desenvolvimento e implantação de estratégias e metodologias de 
gestão que contribuam para as fases que antecedem o processo de compra, de modo que se elimine 
erros de descrição de materiais e serviços e ainda evite a realização desnecessária de processos 
licitatórios. 
Desta forma, o Planejamento de Compras se insere nas iniciativas do Estado de Minas Gerais de criar 
mecanismos de gestão mais eficazes e que privilegiem a melhor utilização dos recursos públicos. 
 
41 
 
7. Gestão Estratégica de Suprimentos 
 
 
 
O Projeto Gestão Estratégica de Suprimentos – Projeto GES, desenvolvido pelo Governo do Estado de 
Minas Gerais, sob coordenação da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – Seplag, que 
possui uma equipe permanente, dedicada a este projeto, e conta com a colaboração e participação 
efetiva dos demais órgãos e entidades estaduais. Esse projeto tem sido desenvolvido e implantado 
em “ondas”. 
Em 2006, foi iniciada a 1ª. Onda do Projeto GES (Gestão Estratégica de Suprimentos), com o apoio de 
uma consultoria contratada. A 2ª. Onda do GES foi iniciada em 2009, também com suporte de 
consultoria contratada. 
 
7.1 Motivação 
 
O Projeto GES (Gestão Estratégica de Suprimentos) visa desenvolver novos modelos de aquisição 
alinhados com as melhores práticas da iniciativa privada, adequadas às compras e contratações 
públicas, e conceitos de Strategic Sourcing. Esse projeto vem trazendo inovações para os processos 
de aquisição relevantes do Estado, por meio dos novos modelos de Gestão Estratégica de 
Suprimentos, desenvolvidos para diversas famílias de compras. 
 
7.2 Objetivos 
 
Implementar novas políticas e estratégias para as compras e contratações relevantes do Poder 
Executivo do Estado de Minas Gerais, aprimorando a qualidade das compras de materiais e 
contratações de serviços, com foco na redução dos custos totais de aquisição. 
 
42 
 
7.3 Conceitos Relevantes 
 
Gestão Estratégica de Suprimentos: administração dos processos de suprimentos de forma 
sustentável, que busca qualidade e produtividade nas aquisições, melhor conhecimento do mercado, 
aplicação de boas práticas de gestão, redução dos custos e melhoria da relação com os fornecedores. 
Família de compras: categoria de itens de materiais ou serviços semelhantes em relação a sua 
natureza, forma de aquisição, mercado fornecedor (entre outros critérios), que podem ser agrupados 
e classificados para gestão de suprimentos e realização de compras/ contratações. 
Strategic Sourcing: metodologia aplicada à área de suprimentos e utilizada para desenvolvimento de 
famílias de compras, que tem como objetivo analisar profundamente o Custo Total de Propriedade 
(Total Cost of Ownership - TCO) de cada categoria de materiais ou serviços, por meio da identificação 
dos requerimentos internos e mapeamento do mercado fornecedor, avaliação das especificações e 
os níveisde serviço atuais, para entender e identificar as estratégias e as potenciais alavancas de 
obtenção de reduções de custos, com melhoria da qualidade de fornecimento. 
Figura 6 - Metodologia 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
43 
 
Custo total de Propriedade (Total Cost of Onwnership - TCO): foco não somente na redução do preço 
de compra do material ou de contratação do serviço, mas em todos os custos envolvidos, desde a 
preparação, planejamento da demanda, aquisição, logística, até o descarte do material. 
 
 
7.4 Metodologia 
 
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do Projeto GES de novas famílias de compras, é a 
metodologia de Strategic Sourcing, que busca a redução de custos por meio da melhoria na relação 
com os fornecedores de modo geral, permitindo a obtenção de economias em curto prazo com baixo 
investimento. Essa metodologia é baseada em seis ferramentas, distintas e inter-relacionadas: 
Figura 7 - Diamante das ferramentas do Strategic Sourcing 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
A partir dos enfoques do “diamante” das ferramentas de Strategic Sourcing, foram definidos cinco 
passos fundamentais da metodologia para a realização do projeto: 
 
Ad
equ
açã
o d
e 
vol
um
es
Avaliação 
do 
melhor 
preço
Melhora de 
especificações
Melhora 
do
processo
em 
conjunto
Re
laç
ões
de 
alto
 va
lor
Global 
Sourcing
Enfoque comercial
• Entendimento dos 
mercados internacionais
• Alternativas globais
• Novas tecnologias
• Consolidação da 
base
• Otimização do mix
• Custos meta
• Curva de aprendizagem
• Padronização de 
especificações
• Consolidação da base
de fornecedores
• Otimização de 
especificações
• Análise de valor
• Integração do 
supply chain
• Engenharia 
simultânea
• Contratos de risco
• Contratos de largo prazo
• Cross-ownership
• Integração vertical
Enfoque técnico
Strategic
Sourcing
44 
 
Figura 8 - Ferramentas do Strategic Sourcing 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
7.5 Passo a passo para implantação 
 
Adaptada às especificidades de compras e contratações públicas para o Projeto GES no Estado de 
Minas Gerais, a metodologia foi desenvolvida em 7 passos e aplicada no desenvolvimento: 
Figura 9 - Metodologia Strategic Sourcing 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
Negociação com fornecedores 
e seleção
Solicitação e avaliação de 
propostas comerciais
Seleção de estratégia de 
suprimento e geração de base 
de fornecedores
Entendimento do mercado de 
suprimentos
Definição do perfil da 
categoria
1
2
3
4
5
45 
 
Antes da aplicação dos 7 passos da metodologia para o desenvolvimento de cada família de compras, 
a primeira atividade do Projeto GES foi realizar a análise detalhada da cadeia de suprimentos, 
conhecendo as lacunas e oportunidades de melhorias dos processos internos e a evolução dos gastos 
do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais, por meio de: 
 coleta e análise de dados da função de suprimentos na Administração Direta, Autárquica e 
Fundacional do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais, abordando os aspectos legais, os 
modelos organizacionais, as condições de infraestrutura (compreendendo a rede física e os 
recursos tecnológicos utilizados), os recursos humanos (perfil, qualificação profissional e 
quantitativo da força de trabalho), bem como o entendimento dos processos e das formas de 
aquisição e contratação de materiais e serviços; 
 levantamento e análise das aquisições e contratações realizadas. 
 
A partir das análises realizadas, foi gerada uma matriz de priorização, para definição, junto com a alta 
administração da Seplag, as famílias de compras a serem trabalhadas em cada Onda do Projeto GES. 
As ações principais foram: 
 indicar as famílias de compras para aplicação do Modelo de Gestão Estratégica de 
Suprimentos, com as justificativas dessas indicações; 
 apresentar possíveis estratégias para redução de custos e de gastos nas famílias indicadas, 
levando em conta três premissas: qualidade, produtividade e sustentabilidade das compras e 
contratações; 
 determinar o grau de complexidade para a implementação das estratégias, os resultados 
esperados e a estimativa de economia nas famílias indicadas, levando-se em conta as normas 
legais que regem as contratações públicas e a realidade da Administração Estadual. 
 
46 
 
Figura 10 – Matriz de Priorização 
 
 Fonte: elaborado pelo autor. 
 
As atividades descritas a seguir, foram desenvolvidas com o objetivo mapear, analisar e documentar 
a inteligência interna para cada família de compras. 
 
 
Passo 1 - Inteligência Interna 
Nesta etapa, foram realizadas as atividades abaixo, conforme previsto no edital de licitação do 
projeto GES – Gestão Estratégica de Suprimentos do Governo do Estado de Minas Gerais: 
 definir os requerimentos de inteligência interna através da coleta e análise dos dados e 
despesas da família; análise de editais e contratos; entendimento e documentação do 
processo e das práticas de aquisições e contratações, avaliação das políticas de aquisições e 
contratações; entendimento da estrutura de custos e desenvolvimento da análise de custo 
total (TCO); 
 analisar a situação diagnosticada no Governo de Minas Gerais, inclusive avaliando as 
principais lacunas, levando em consideração os aspectos legais e estratégicos das compras 
públicas. 
 
47 
 
Passo 2 - Inteligência Externa 
Nesta etapa, foram realizadas as atividades abaixo, conforme previsto no edital de licitação do 
projeto GES – Gestão Estratégica de Suprimentos do Governo do Estado de Minas Gerais: 
 identificar, coletar e analisar dados do mercado fornecedor e da cadeia de fornecimento; 
 desenvolver benchmarking de melhores práticas e analisar tendências de mercado; 
 analisar a segmentação de mercado e; 
 analisar a competitividade das empresas fornecedoras do setor 
 
Passo 3 - Desenvolvimento de Políticas e Estratégias 
Nesta etapa, foram realizadas as atividades abaixo, conforme previsto no edital de licitação e no 
planejamento do Projeto GES – Gestão Estratégica de Suprimentos do Governo do Estado de Minas 
Gerais: 
 desenvolver políticas e estratégia de aquisição e contratação, visando à redução de custos e 
de gastos, de forma sustentável, produtiva e com qualidade; 
 definir e validar critérios para seleção de fornecedores; 
 desenhar o modelo proposto; 
 elaborar minuta de decreto de políticas e de criação do Comitê de Gestão Estratégica de 
Suprimentos de cada família de compras. 
 
Passo 4 - Avaliação de Fornecedores 
Nesta etapa, foram realizadas as atividades abaixo, conforme previsto no edital de licitação do 
projeto GES – Gestão Estratégica de Suprimentos do Governo do Estado de Minas Gerais: 
 desenvolver questionários, coletar, consolidar e analisar as informações de fornecedores; 
 conduzir reuniões e entrevistas com fornecedores; 
 obter informações adicionais sobre os fornecedores; 
 elaborar ranking de fornecedores; 
 definir critérios para avaliação de desempenho de fornecedores; 
 desenvolver ferramenta para a apuração do desempenho de fornecedores. 
 
48 
 
Passo 5 - Estratégias de Negociação 
Nesta etapa, foram realizadas as atividades abaixo, conforme previsto no edital de licitação do 
projeto GES – Gestão Estratégica de Suprimentos do Governo do Estado de Minas Gerais, para cada 
família de compras: 
 desenvolver estratégia

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