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Unidade 1: Tópico 4
O mito como possibilidade privilegiada de discurso e elementos fundamentais para o surgimento da Filosofia
O que é Mito?
Atualmente, quando se pensa em mitos, imediatamente se lembra, fazendo referência à mitologia grega, em especial, ao mito de Pandora, a primeira mulher, que levava um jarro que continham “presentes” dos deuses aos homens, ou de Hércules, o grande semideus que era filho do deus maior do panteão grego, Zeus, e da mortal Alcmena. Ou ainda do mito da ciumenta Hera, esposa de Zeus, que enviara duas serpentes para matar Hércules ainda no berço, mas que ele estrangulara-as com as próprias mãos.
Do rol dos belos mitos gregos, há ainda o de Afrodite, o de Apolo, deus da beleza, da juventude e da luz. Filho de Leto e de Zeus, descrito como um jovem alto e bonito, além de simbolizar a ordem, a medida e a inteligência, também é considerado patrono das artes. Segundo o mito, embora Apolo não fosse considerado bom esportista, era um arqueiro de grande habilidade. Suas flechas podiam causar doenças e morte súbita aos homens.
Apolo
Fonte: http://bit.ly/1Hhnt7K
A partir desses exemplos, pode-se perceber que o mito procura explicar os fenômenos naturais, as origens do mundo e da humanidade pela existência de deuses, semideuses e heróis. O mito sempre tem um viés religioso, diferenciando-se, assim, de lenda, folclore, fábula ou ainda de mentira. Os povos gregos antigos explicavam fatos que não eram compreendidos na época e justificavam o que ainda não tinha sido descoberto por cientistas. Tanto um mito pode ser explicativo como pode ser simbólico a partir de um acontecimento histórico.
É importante que se marque que o discurso mítico não é, de forma alguma, um discurso falso. Ele era a forma encontrada na antiguidade para explicar a ordem das cosias e da realidade, aja vista que o discurso racional só passou a ser utilizado a partir do século VI a. C. com os primeiros filósofos, os chamados pré-socráticos, com Tales de Mileto à frente.
Atente-se ao que escreve o professor Danilo Marcondes:
O pensamento mítico consiste em uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive: a origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens deste povo, bem como seus valores básicos. O mito caracteriza-se, sobretudo, pelo modo como essas explicações são dados, ou seja, pelo tipo de discurso que constitui. O próprio termo grego Mythos significa um tipo bastante especial de discurso, um discurso ficcional ou imaginário (...).
As narrativas míticas não são produto de um autor ou autores, mas parte da tradição cultural de um povo. Sua origem cronológica é indeterminada, e sua forma de transmissão é basicamente oral. O mito é, portanto, fruto de uma tradição cultural e não da elaboração de um determinado indivíduo. Mesmo poetas como Homero, com a Ilíada e aOdisseia (séc. IX a. C.), e Hesíodo (séc. VIII a. C.), com a Teogonia, que são as principais fontes de nosso conhecimento dos mitos gregos, na verdade não são autores desses mitos, mas indivíduos – no caso de Homero cuja existência é talvez lendária – que registraram poeticamente lendas recolhidas das tradições dos diversos povos que sucessivamente ocuparam a Grécia desde o período arcaico (c. 1500 a.C.).
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia – Dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010, p. 20.
Os gregos não sabiam descrever tudo que acontecia, não existia forma para explicar os acontecimentos, os fenômenos da natureza. Dessa mistura de dúvidas surgiu a “existência” de deuses para explicar tudo o que trazia desconfiança. Eles eram tidos como respostas para tudo o que quisessem saber.
O mito surgiu como uma forma de explicação para o que ocorria; como exemplo, vários elementos da natureza, o vento, o mar, o céu, etc. eram explicados por meio de divindades para os gregos. Pela mitologia, os gregos explicaram a chuva, por exemplo, por um deus que ficava triste e chorava. Quando tinha raios, era porque outro estava enfurecido. Tudo era baseado em criaturas sobrenaturais para que não houvesse questionamentos. Como frisado acima, o mito consiste em uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, das guerras, do poder, etc.).
O mito não se importava com contradições, com o incompreensível. A Filosofia, ao contrário, não se pauta em contradições e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, com os sentidos minimamente explicitados; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo ou do cientista, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.
SAIBA MAIS
A palavra mito vem do grego, mythos (contar, narrar, falar alguma coisa para os outros) e do verbo mytheyo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes – já que era notadamente oral – que confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador, sendo este chamado de poeta aedo.
Do mito à tradição pré-socrática – entre o mito e o logos
Os primeiros filósofos não confiam inteiramente nos mitos e questionam a realidade, buscam elementos da natureza para esclarecer os fatos. Entretanto, é importante marcar que os primeiros pensadores, os chamados pré-socráticos ou pensadores originários (séc. VI a. C.), não abandonaram de imediato a mitologia. De modo geral, salvo algumas exceções, como Aristóteles, quase todos os filósofos ainda farão menções aos deuses e a religião grega. A passagem do mito para o pensamento lógico-racional foi consideravelmente lenta.
Os primeiros filósofos buscaram um princípio (arché, em grego) para todas as coisas. O filósofo pré-socrático Pitágoras (571-495 a. C.), por exemplo, dizia que os números eram o princípio de tudo. Surgiu então a filosofia como uma nova possibilidade de pensamento utilizando a razão como maneira fundamental de explicar os acontecimentos, visando sempre investigar e fazer questionamentos para se obter uma base racional de sabedoria para todos.
Podemos constatar então que tanto o mito quanto a Filosofia são explicações que visam responder aos questionamentos sobre o sentido da vida, a natureza do homem e do universo, assim como justificar as normas políticas, éticas e religiosas da própria comunidade.

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