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Filosofia und 1 tp 5

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Unidade 1: Tópico 5
Filosofia prática e Concepções Éticas
O que eu quero da vida? Quero ser feliz! Mas o que é ser feliz? Eis a questão! Para uns a felicidade está em buscar o prazer. Para outros, os prazeres provocam instabilidade, dor, sofrimento, por isso o ideal seria sufocar as paixões.  Há quem pense que a perfeita felicidade só se encontra na vida futura, realizando-se com Deus. Para outros, ainda, não é a felicidade que importa, o que vale é agir conforme o dever.
		ARANHA, 1992. p, 120.
Essas questões, que certamente você possivelmente já se colocou algumas vezes, também tem sido preocupação dos filósofos através dos tempos. Na Filosofia, elas são pensadas especialmente pela ética, que, em linhas gerais, é um conjunto normativo de valores que procuram prescrever os comportamentos humanos, isto é, um determinado conjunto de valores e/ou regras que regulam as ações e práticas dos indivíduos.
SAIBA MAIS
A palavra ética, do ponto de vista etimológico*, deriva da palavra grega “ethos”, que significa hábito, costume, e que foi usada inicialmente pelo filósofo grego Aristóteles.
A ética, segundo Danilo Marcondes, seria:
“um estudo sistemático sobre as normas e os princípios que regem a ação humana e com base nos quais essa ação é avaliada em relação a seus fins”.
		MARCONDES, 2009, p. 38.
Pode-se afirmar que a reflexão ética se inicia no mundo ocidental na Grécia antiga, no século V a. C., notadamente no período antropológico, marcado, especialmente, pelos Sofistas, Sócrates e Platão, sendo, finalmente, sistematizado por Aristóteles (384-322 a. C.) (período sistemático) e por Epicuro (período helenístico)**.
No século citado, destaca-se o esforço de Sócrates no sentido de se contrapor à oposição dos sofistas, buscando os fundamentos da moral nas convenções das práticas e valores humanos. A partir de Sócrates, portanto, a virtude passará a ser o grande ponto no qual desenvolverá as principais maneiras de se pensar a ética grega.
SAIBA MAIS
A palavra sofista (do grego sophistes) deriva das palavras sophia e sophos, que significam "sabedoria" ou "sábio" desde os tempos de Homero e foi originalmente usada para descrever a experiência em um conhecimento ou ofício em particular. A oratória para os sofistas é muito importante, uma vez que eles afirmavam, contrapondo-se a Sócrates, que a verdade era relativa, dependendo então de convencimento. Segundo Japiassú e Marcondes,
"Na Grécia clássica, os sofistas foram os mestres da retórica e da oratória, professores itinerantes que ensinavam a sua arte aos cidadãos interessados em dominar melhor a arte do discurso, instrumento político fundamental para os debates e as discussões públicas, já que na pólis (cidade-estado) grega as decisões políticas eram tomadas nas assembleias, sendo os principais Protágoras de Abdera (490-420 a. C.), Górgias (485-380 a. C.) e Hípias (460-400 a. C.)
Cf. JAPIASSÚ; MARCONDES,1996, p. 252.
*ETIMOLÓGICO
Etimologia é a parte da gramática que se dedica ao estudo da origem e da formação das palavras.
**EPICURO [PERÍODO HELENÍSTICO] 
Em linhas gerais e apenas para cunho didático, separa-se a Filosofia clássica grega em alguns períodos, a saber: a) o pré-socrático ou cosmológico; b) o antropológico; c) o sistemático e o; d) helenístico. Os pensadores citados acima são, respectivamente, representantes desses períodos.
Evolução do conceito de virtude (areté)
Deve-se entender por virtude uma disposição firme e constante para a prática do bem. Do ponto de vista etimológico, virtude deriva da palavra latina vir, que significa homem, varão, e tem sentido de força, potência.
Mas o que significa a palavra areté?
Os gregos usavam a palavra areté para designar virtude. Esta palavra, areté, é formada pelo termo áristos, que em grego significa distinto, nobre. Assim, em um primeiro sentido com Homero, a areté “é atributo próprio da nobreza e representa a força que é elementar para qualquer classe dominante” *. Já em Hesíodo, a areté passou a significar o trabalho do homem no campo que ganha o pão de seu dia a dia com o suor de seu rosto **. Para ele, o trabalho não desonra, e, sim, o ócio.
			
Com o surgimento da pólis (cidade-Estado) grega, o conceito de virtude foi ganhando novo sentido, inicialmente com os sofistas. Com eles, aareté passou a ser o domínio da palavra, instrumento importante para a participação política do cidadão na ágora***(a praça pública, onde, de maneira geral, se promoviam os debates).
Seguindo as pistas já oferecidas por Sócrates, Platão e Aristóteles estabeleceram significados mais amplos para o sentido de virtude, elevando, assim, o objetivo das discussões sobre essa temática.
Na Ética, Platão propõe a busca do Bem, que reside no mundo das essências, ou seja, no mundo das ideias. Devemos adiantar que, para Platão, o real não se encontra no mundo sensível, visível, e tanto as coisas existentes como os conceitos (universais) de nossa mente são imagens reflexas do ser transcendente que se encontra no mundo das ideias.
Segundo Platão, todo cavalo encontrado	Fonte: O livro da filosofia.
 à nossa volta, é uma versão simplificada (trad. Douglas Kim). São Paulo:
de um cavalo ideal ou perfeito, que existe	Globo, 2011, p. 52
 em nosso mundo das ideais.
Em A República, Platão levanta a questão sobre se a conduta correta dos homens se daria por medo da punição ou por convicção da necessidade de um comportamento justo. Em outra passagem de A República, Platão, ao analisar a natureza humana, descreveu o diálogo (uma vez que a maior parte da obra de Platão é por meio de diálogos) de Sócrates com Glauco sobre que tipo de homem seria mais feliz: aquele que busca o lucro e a satisfação, aquele que é amigo do sucesso e da glória, ou aquele que é amigo do saber. Após debate entre os dois, Sócrates afirmou que o homem mais feliz é aquele que é governado pela razão (pelo pensamento, a ideia, termo desenvolvido no anexo I) e pela busca do saber.
Ética das virtudes em Aristóteles: ética e Política
Para Aristóteles a virtude pode e deve ser ensinada, pois é um hábito. Nesse sentido, ele se contrapõe a Platão, que, no diálogo Mênon,defende a posição de que a virtude é inata no homem.*
Fonte: http://bit.ly/1HkHjcM
Aristóteles afirma que a virtude é um hábito e depende de nossa prática, uma vez que aprendemos as coisas fazendo.
Para Aristóteles, tanto a ética quanto a política compõem o saber prático da experiência humana**. Critica a ideia platônica de Bem supremo como algo que não pode ser praticado e como algo inatingível pelo homem e propõe, então, a busca de um bem que o homem possa praticar e vivenciar.
Esse bem é a felicidade, que é o bem desejável em si mesmo. Para Aristóteles, a felicidade não é conseguida pela realização dos prazeres terrenos, mas na realização das virtudes.
“A felicidade é a atividade da alma segundo a perfeita virtude”.
Ao se relacionar a busca da felicidade, como comenta Aristóteles, com a pólis, percebe-se que esta possui como função política a busca do bem comum dos cidadãos, o que se traduz pela consecução de uma vida feliz. Contudo, quem é o cidadão da pólis? É aquele que administra a justiça e exerce funções públicas, participa do corpo de jurados ou é membro da assembleia na ágora e que nasceu de uma família de cidadãos ou é o escravo que conquistou a cidadania com as rebeldias ou com a participação em guerras em defesa da pólis. 
A pólis se constitui na autonomia da palavra, não mais a palavra mágica dos mitos, palavra dada pelos deuses e, portanto, comum a todos, mas a palavra humana do conflito, da discussão, da argumentação; ou seja, a pólis é fruto das circunstâncias políticas. O saber deixa de ser sagrado e passa a ser objeto de discussão. 
A expressão da individualidade por meio do debate faz nascer à política, libertando o homem dos exclusivos desígnios divinos e permitindo a ele tecer seu destino na praça pública.
Para Aristóteles, os cidadãos não são simplesmente aqueles que moram na pólis, mas, aqueles que participamda administração, da jurisdição e da legislação relativa à cidade.
Finalmente, é necessário esclarecer que a condição de cidadão se aplica a poucos na Grécia, mesmo em seu auge como exemplo de democracia para o Ocidente, uma vez que as mulheres, as crianças, os estrangeiros e os escravos não eram considerados cidadãos.
Por volta do século V a. C., a cidade de Atenas tinha cerca de 500.000 habitantes, dos quais 300.000 eram escravos; 50.000 eram metecos (estrangeiros); mulheres e crianças eram excluídas. Cerca de 10%, apenas, eram considerados cidadãos.
O declínio da pólis
No contexto do declínio da pólis no mundo helênico, vamos estudar, para concluir essa unidade, o epicurismo.
Fonte: http://bit.ly/1GcjJmu
Epicuro cresceu numa época em que a filosofia da antiga Grécia já tinha alcançado o auge com as ideias de Platão e Aristóteles. Nesse período, o foco principal do pensamento filosófico já estava mudando da metafísica* para a ética/política, como foi abordado anteriormente.
Entende-se, em linhas gerais, por Metafísica, a doutrina filosófica que busca investigar a essência e ser das cosias.
Fundamentalmente a visão filosófica defendida por Epicuro é a da paz de espírito, ou tranquilidade como objetivo da vida. Ele diz que o prazer e a dor são as raízes do bem e do mal e que qualidades como virtude e justiça derivam dessas raízes, porque é impossível viver uma vida agradável sem viver de maneira sábia, honrada e justa e é impossível viver de maneira sábia, honrada e justa sem viver de maneira agradável.
Em 306 a. C., Epicuro funda em Atenas sua própria escola filosófica, situada em meio a grandes jardins, que admite mulheres, escravos e estrangeiros. Nesse sentido, o epicurismo rompe com o preconceito empreendido contra estes, abrindo a possibilidade da docência e do exercício filosófico para segmentos da sociedade que não eram considerados cidadãos. O que era esse Jardim? “Uma horta, útil para a alimentação frugal dos que ali se recolhem, em convivência amigável junto ao mestre e inteiramente apartados das questões e distúrbios da pólis**”. Essa philia (amizade) sustentava a relação dos discípulos com o mestre e unia todos à mesma doutrina.
Dança dos Aldeões –
 Fonte: http://bit.ly/1INB8E3
O epicurismo, assim, muitas vezes é erroneamente interpretado como simples busca dos prazeres sensuais. Para Epicuro, o maior prazer só é alcançável por meio do conhecimento, da amizade e de uma vida moderada, livre do medo e da dor, como marca muito bem em sua Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Vale ressaltar que a ética epicurista tem por meta da vida a busca do prazer, mas, com moderação e simplicidade.
Epicuro afirmava:
“(...) afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos com o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor (...)”
		EPICURO, 2002, p. 37.
A meta do homem epicurista é atingir a ataraxia, isto é, a imperturbabilidade de espírito. Daí o epicurismo propor também uma vida simples, de acordo com a natureza. O homem só consegue essa imperturbabilidade, finalmente, que é condição para conseguir a serenidade da alma, na medida em que não só consiga dominar as paixões e submetê-las à razão, mas quando conseguir erradicá-las.
Se retornarmos ao trecho citado que interpretamos ao longo dessa unidade a partir do tópico dois, lemos o seguinte já no trecho final:
“Nada de derramamentos, efusões e transbordamentos fúteis. É simples, sóbrio, mas nisso e por isso cheio do solene e do hierático da montanha. Sendo assim, desde o contido e do intenso, sua medida é sempre o sóbrio, o pouco, o parco, o pobre.”
Pelo o que foi comentado sobre Epicuro e os gregos de modo geral, salvo algumas poucas exceções, a ataraxia é a busca pela felicidade que se traduz na forma de certa serenidade, tal como exposto no fragmento acima. A serenidade, algo que sempre a cada vez mais desaparece de nossas ações ansiosas e fugazes, é a intensidade para uma sobriedade tranquila que impele o homem à meditação, que não se confunde com nenhuma prática “de moda” de “esvaziar a cabeça”, mas a meditação como impulso para a investigar os difíceis contornos que perfaz a existência humana.
Por isso o “hierático da montanha”. Em nossa pressa, não pensamos essa palavra, hierático, que significa algo sagrado. Os gregos viam com tanta estima o exercício da ataraxia, isto é, da serenidade que impele os homens ao pensamento, que o viam de forma sagrada. Por isso a felicidade, quer em Aristóteles, quer em Epicuro, não se confunde com prazer desmedido, mas, pelo contrário, à medida justa, simples e sóbria.
Assim, o filósofo é o que vive sem “derramamentos”, sem luxo (como nos Jardins de Epicuro), pois o que lhe basta é a sobriedade do pensar, e não a desmedida do prazer hedônico.

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