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O QUE É A FILOSOFIA E A SUA IMPORTÂNCIA? Filosofia é amor a sabaedoria, e consiste no estudo de problemas fundamentais, como: • Existência • Conhecimento • Verdade • Valor moral • Estética • Mente e a Linguagem A Filosofia é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, sem uma visão pragmática, movido pela curiosidade na sua realidade. ORIGEM Surge na Grécia, por volta do séc. VI a.C. onde na época era um centro cultural importante e que recebia importantes influências de todo o mundo. O pensamento critico cresceu e muitos indivíduos procuravam por respostas fora da mitologia, esta reflexão na busca do conhecimento origina o nascimento da filosofia. Antes do termo filosofia, Heródoto utilizava o termo filosofar e Heráclito usava o termo filosofo, Pitágoras era considerado o primeiro filosofo, porem é indicado que Tales de Mileto foi o primeiro filosofo. A origem vem da Grécia com Tales de Mileto por volta do ano 285 a.C., porem mesmo tendo razoes de existir. ela não contempla os egípcios hindis e chineses que haviam produzido algo semelhante ao que chamamos de filosofia. A filosofia busca questionar e problematizar. Coloca o pensamento em movimento, questionar e por que não, incomodar. PROBLEMA FILOSOFICO • O que são as coisas? • Ponto de partida • Analítico e reflexivo • Se desenvolve em debates ao longo da história sobre os problemas. • Amor a verdade e ao saber MOMENTOS DA FILOSOFIA 1. Problema (pergunta) + Tese (resposta) + Argumentos. PARA QUE SERVE? Realizar uma nova leitura de nós, do mundo e dos outros. Abandonar os preconceitos e a ingenuidade contrapondo-se aos discursos prontos e dominantes. Compreendendo a cultura, a sociedade, os conceitos estéticos que movimentam a nossa cultura industrial, formas de governo, as ações que preservam a liberdade ou a ameaçam. Exercitando, com coragem, a capacidade crítica e reflexiva do nosso pensamento. Romper, a fim de questionar o utilitarismo, a alienação, o dogmatismo e os preconceitos. Para os gregos pré-socráticos, a Filosofia era uma maneira racional de se investigar a origem do universo por meio da formulação de teorias contrárias, muitas vezes, às afirmações dos mitos. Para Sócrates, a Filosofia seria um olhar para dentro de si e uma forma de extrair as ideias verdadeiras sobre aquilo que o próprio ser humano desenvolveu mediante a criação das sociedades. Para os helenistas, a Filosofia era uma espécie de prática de vida para alcançar a plenitude e a felicidade. Para os medievais, a Filosofia estaria submetida à Teologia, e a sabedoria infinita de Deus teria dado ao ser humano a possibilidade do conhecimento racional. Os modernos voltaram-se para a questão do conhecimento e da ciência, além da política e da ética, desenvolvendo um pensamento que resgatava certas características dos gregos, mas as aprimorava. Na contemporaneidade, a Filosofia abraçou novos problemas, característicos de nossa época, para desenvolver novos problemas e novos conceitos sobre eles. Marilena Chaui, professora emérita de Filosofia da USP, diz que a atividade filosófica vem para colocar em questão as nossas crenças costumeiras. Isso significa que, assim como Sócrates pretendeu na antiguidade, a Filosofia é um momento em que paramos e pensamos se aquilo que normalmente fazemos, cremos ou vemos é verdadeiro. Esse momento, ápice do pensamento filosófico, é, Segundo Chaui, um momento de crise, em que as nossas crenças costumeiras, sempre tidas como verdadeiras, são questionadas, são colocadas em suspensão pela dúvida. OBJETOS DE ESTUDO Objetos: a moral, o conhecimento, a política, a verdade, o bem, o mal, a arte, etc. Áreas da Filosofia: Lógica, Ética ou Filosofia Moral, Filosofia Política, Estética, Metafísica ou Ontologia, Epistemologia ou 2 Filosofia da Ciência, Teoria do conhecimento, História da Filosofia, etc. CONCEITOS Ética: moral, comportamento, costumes, hábitos, atitude perante si e perante o outro, limites da ação humana, fins e meios da decisão do agir, regras de proceder social, defesa de interesses sócio humanos; Lógica: raciocínio, pensamento, certeza proposicional, formas de estruturar os encadeamentos racionais, formas de conhecer o mundo e o próprio homem, regras do procedimento racional, inferências, deduções, abduções, induções, possibilidade do conhecimento; Estética: sensibilidade, capacidade artística, imitação da natureza, potencial criativo, juízo de gosto, proporção, invenção, gênio, a arte como prática social e cultural; Epistemologia: rigor científico, método, procedimentos de pesquisa, exequibilidade das experiências científicas, fins das atitudes científicas, possibilidade de alcance da verdade, papel social das ciências; Filosofia Política: poder, legitimidade, consenso, vontade popular, representatividade, participação, cidadania, totalitarismo, opressão, desvio de poder, governo, justiça social e distribuição das riquezas, políticas sociais, gestão social; Metafísica: origem das coisas, unidade divina, relação criador/criatura, preexistência do mundo, subsistência do ser, alma, destino, governo do universo, causa das causas, sentido da vida; História da Filosofia: conceitos filosóficos, escolas de pensadores, doutrinas e injunções históricas das doutrinas, atrelamentos entre o pensador e seu tempo, ou seus predecessores, discussões que perpassam a história com continuidades ou descontinuidades; Filosofia da História: os limites do saber histórico, o sentido da história, a valoração humana sobre os fatos passados, os meandros da ação humana sobre a história, as descontinuidades históricas, a história e sua escrita, a determinação ideológica das práticas e do saber histórico; Filosofia da Linguagem: o poder de significação das palavras, o pronunciamento do homem sobre a realidade, a dimensão do signo, a dependência da razão da linguagem, a participação do discurso na construção de arquétipos sociais, a análise dos instrumentos de comunicação, a interação social, as diversas linguagens, da gestual à escrita, a ambiguidade da linguagem, a manipulação da linguagem, o poder persuasório da linguagem. Estudar Filosofia é importante, ela dá ao estudante ferramentas para analisar o mundo, identificar preconceitos e falhas nas ideias do senso comum e detectar argumentos enganosos. Portanto, a Filosofia está relacionada à liberdade: quem estuda essa disciplina é capaz de formular suas ideias com embasamento, questionar a realidade à sua volta e fugir da submissão às concepções dominantes na sociedade, que nem sempre estão corretas. Por volta dos séculos V, IV A.E.C., houve, na cidade-Estado de Atenas, na Grécia, um fenômeno que entrou para a história da civilização ocidental: a criação da democracia. Não era exatamente como este sistema que hoje nós chamamos pelo mesmo nome. Se por um lado excluía parcela considerável da população das decisões políticas, por outro apresentava aspectos até mais ousados do que a que vivemos atualmente (como a participação do cidadão comum nas decisões estatais). Três dos maiores nomes da filosofia de todos os tempos – Sócrates, Platão e Aristóteles – tenham viveram exatamente nesse período e nesse lugar, sem contar no florescimento do teatro e de outras escolas do pensamento, como a sofística. Em comum, todos os três grandes filósofos pensavam em como a ética é indispensável no trato da coisa pública, que os governantes devem ser os mais bem qualificados para lidar com a comunidade, e que as leis podem até não ser perfeitas, pois não conseguem lidar com as imprevisibilidades da vida, mas são propostas razoáveis para se criar estabilidade nas sociedades. Isso nos leva a pensar que, mesmo com a enorme distância do tempo, ainda temos muito a aprender com os antigos gregos. MOVIMENTO FILOSÓFICO Indagar, questionar, duvidar do que parece óbvio. Saber colocar questionamentos no que pareceóbvio. Filosofia como modo de ser- autoconhecimento, menos robótico, menos inconsciente dos meus desejos, escapar do óbvio. A Filosofia é capaz de criar subterfúgios e caminhos para que o pensamento continue avançando, que a humanidade continue questionando-se e tentando entender o mundo e o seu próprio pensamento de maneira crítica e racional. Oferece ferramentas para as ciências ao mesmo tempo em que questiona a validade das teorias científicas. Oferece subsídios teóricos para a política, ao mesmo tempo em que questiona as ações políticas. Estrutura a ética e o modo como o ser humano deve agir. Tem a capacidade de derrotar a ignorância por intermédio de um pensamento livre, crítico e autônomo. Colocar o pensamento em movimento, questionar e, por que não, incomodar. MITO VS FILOSOFIA Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que surgiu para se contrapor ao 3 modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua educação. A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito. Foi somente a partir de determinadas condições (navegações, uso e invenção do calendário e da moeda, a criação da democracia que preconizava o uso da palavra, bem como a publicidade das leis etc.) que o modelo mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia outros critérios para a confecção de argumentos. Surge a Filosofia como busca de um conhecimento racional, sistemático e com validade universal. É uma narrativa fantástica sobre a origem de alguma coisa, ele é ausente de ciência, ou seja, um mito não depende de comprovações de hipóteses, mas depende da confiança entre quem conta e quem o ouve. O mito é, portanto, incontestável e inquestionável. NARCISISTAS NA SOCIEDADE ATUAL Estamos vivendo em uma sociedade repleta de narcisistas, por conta do estímulo à exaltação do Eu nas redes sociais. Traços como exigência pela própria perfeição e do outro, arrogância e aniquilação do ego alheio são algumas das características dos narcisistas. O principal objetivo do narcisista é seu próprio bem-estar. A pessoa narcisista caracteriza-se por tirar proveito das relações interpessoais, ou seja, aproveita-se dos outros para seus próprios propósitos, independentemente do que a outra pessoa possa sentir. Transtorno de personalidade narcisista é um dos vários tipos de transtornos de personalidade. Trata-se de uma condição mental em que as pessoas têm um senso inflado de sua própria importância, uma profunda necessidade de atenção e admiração excessivas, relacionamentos conturbados e falta de empatia pelos outros. MITO Mito, do grego mýthos, é uma narrativa tradicional cujo objetivo é explicar a origem e existência das coisas. Esse foi o recurso utilizado durante anos para explicar tudo o que existe no Universo. Desta forma, foram criados mitos para explicar a origem dos homens, dos sentimentos, dos fenômenos naturais, entre outros. O mito era considerado uma história sagrada, narrada pelo rapsodo - que supostamente era a pessoa escolhida pelos deuses para transmitir oralmente as narrativas. O fato de o narrador advir de uma escolha divina atribuía ao mito o caráter de incontestabilidade, pois os deuses eram inquestionáveis. Importa referir que, além de explicar as origens, a mitologia - o conjunto dessas histórias fantásticas - desempenhavam um papel moral. FUNÇÕES DO MITO 1) Explicar – o presente é explicado por alguma ação que aconteceu no passado, cujos efeitos não foram apagados pelo tempo, como por exemplo, uma constelação existe porque, há muitos anos, crianças fugitivas e famintas morreram na floresta, mas uma deusa levou-as para o céu e transformou-as em estrelas. 2) Organizar – o mito organiza as relações sociais, de modo a legitimar e determinar um sistema complexo de permissões e proibições. O mito de Édipo existe em várias sociedades e tem a função de garantir a proibição do incesto, por exemplo. O “castigo” destinado a quem não obedece às regras funciona como “intimidação” e garante a manutenção do mito. 3) Compensar – o mito conta algo que aconteceu e não é mais possível de acontecer, mas que serve tanto para compensar os humanos por alguma perda, como para garantir-lhes que esse erro foi corrigido no presente, oferecendo uma visão estabilizada da Natureza e do meio que a cerca (Chauí, p. 162) DIFERENÇAS ENTRE MITO E FILOSOFIA 1º) MITO: fixa a narrativa no passado; FILOSOFIA: se preocupa em explicar como e porque, no passado, no presente e no futuro; 2º) MITO: narra a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas (Urano, Ponto e Gaia); FILOSOFIA: explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais (céu, mar e terra). 3º) MITO: não se importa com contradições, com o fabuloso e o incompreensível; a autoridade é posta na confiança religiosa no narrador; FILOSOFIA: não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis; exige explicação coerente, lógica e racional; autoridade: vem da razão, que é a mesma em todos os seres humanos, e não da pessoa do filósofo. O MITO HOJE As manifestações míticas hoje são formas de encarnações dos desejos inconscientes humanos. São criados mitos para responder a esses desejos, os quais a razão não pode preencher adequadamente. Também, pode-se encontrar manifestações que são heranças do passado mítico da humanidade. 4 PERÍODO SOCRÁTICO A importância de Sócrates para a história da filosofia é tal que todos aqueles que vieram antes dele são chamados de pré- socráticos. Isso significa que a forma como a filosofia ocidental se desenvolveu é tributária da forma como Sócrates entendia o que era a atividade de filosofar e à sua investigação a respeito do humano, que ele inaugurou. A filosofia de Sócrates se desenvolvia a partir de diálogos e era composta de dois momentos básicos: A refutação ou ironia e a Maiêutica. Ironia: Sócrates perguntava o que as pessoas sabiam para que, elas próprias, ao tentarem defender suas opiniões, percebessem a limitação de seus argumentos, a contradição entre eles e a imprecisão de seus conceitos. Para Sócrates, é importante para todos aqueles que querem conhecer alguma coisa, começarem reconhecendo a própria ignorância. Para conduzir seus interlocutores a reconhecerem que não sabiam sobre aquilo que conversavam, Sócrates iniciava seu diálogo com perguntas que faziam parecer que ele também não sabia sobre o assunto. Sentido original da palavra ironia: derivada do verbo eirein (perguntar), ironia tinha o sentido de interrogação fingindo ignorância. Maiêutica, em seu sentido original: a arte de parir era a segunda fase do diálogo. Consistia num método de sucessivas perguntas pela essência das coisas. Sócrates lançava uma pergunta, o interlocutor respondia- a, Sócrates perguntava novamente sobre um conceito em cima da resposta anterior, e assim por diante. No fim, a percepção que restava era a de que o interlocutor, que julgava conhecer algo, na verdade não conhecia nada. A maiêutica e a ironia eram uma combinação utilizada por Sócrates. O filósofo começou a perceber que a instigação irônica desestabilizava seus interlocutores, além de instigar as pessoas a responderem e a arriscarem respostas que pudessem estar mais próximas da verdade. SÓCRATES O pensamento do filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) marca uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Como diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu para a terra" e concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A preocupação deSócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Veterano da guerra contra Esparta, onde salvou a vida do futuro político Alcibíades (450 A.E.C.-404 A.E.C.) e de seu futuro discípulo e escritor Xenofonte (430 A.E.C.-355 A.E.C.), defensor da lei ateniense para julgar mesmo generais antipopulares, corajoso para enfrentar tiranos que tentaram sequestrar adversários políticos, Sócrates não era uma figura exatamente desconhecida em Atenas, mesmo antes de se tornar mestre de uma geração. Entretanto, apesar das glórias acumuladas, ele não considerava nenhum desses acontecimentos como o mais importante de sua vida. Fato que mais marcou sua vida: a declaração do oráculo do deus Apolo, localizado na famosa cidade de Delfos, bem no centro da Grécia, de que ele, Sócrates, seria o homem mais sábio de todos. Vivendo junto a generais vitoriosos, políticos cativantes, criativos dramaturgos, Sócrates se perguntava por que exatamente ele – humilde filho de uma parteira com um escultor – seria o mais sábio entre todos. A única resposta que conseguiu encontrar foi o fato de ele ser o único entre todos a duvidar das próprias certezas. Essa sua ignorância era o sinal de sua sabedoria, porque fazia com que ele, ao menos, soubesse de algo: de que nada sabia. Daí vem a famosa frase: “Só sei que nada sei” (que não foi dita exatamente assim, mas o sentido é esse mesmo). A partir desse momento, Sócrates entendeu que sua tarefa era revelar a seus concidadãos a ignorância de todos. Começava, assim, sua missão. O “mais sábio entre todos os homens” queria fazer com que as pessoas se conhecessem, se encontrassem, fugissem de pseudoverdades, não acreditassem em falsas ideias ou meras opiniões. O importante era se descobrir, mergulhar dentro de si, racionalmente, e perceber o que era a verdade. A política, continua o incansável Sócrates, deveria ser confundida com a filosofia e produzir bons cidadãos, que “conhecem a si mesmos”, como estava escrito no oráculo de Delfos e como o filósofo repetia sempre. Aqueles que não são comedidos, não são racionais, não se entendem, são incapazes de ter amizades e, assim, de viver em comunidade. Defensor do diálogo como método de educação, Sócrates considerava muito importante o contato direto com os interlocutores. Sócrates se fazia acompanhar frequentemente por jovens, alguns pertencentes às mais ilustres e ricas famílias de Atenas. Para Sócrates, ninguém adquire a capacidade de conduzir-se, e muito menos de conduzir os demais, se não possuir a capacidade de autodomínio. Depois dele, a noção de controle pessoal se transformou em um tema central da ética e da filosofia moral. Também se formou aí o conceito de liberdade interior: livre é o homem que não se deixa escravizar pelos próprios apetites e 5 segue os princípios que, por intermédio da educação, afloram de seu interior. Sócrates valorizava acima de tudo a verdade e as virtudes - fossem elas individuais, como a coragem e a temperança, ou sociais, como a cooperação e a amizade. O pensador afirmava, no entanto, que só o conhecimento (ou seja, o saber, e não simples informações isoladas) conduz à prática da virtude em si mesma, que tem caráter uno e indivisível. Segundo Sócrates, só age erradamente quem desconhece a verdade e, por extensão, o bem. A busca do saber é o caminho para a perfeição humana, dizia, introduzindo na história do pensamento a discussão sobre a finalidade da vida SOFISTAS × FILÓSOFOS Na democracia ateniense, as capacidades da oratória e da retórica se valorizaram extremamente. Como o debate, o diálogo público e a discussão eram as maneiras de se portar no conselho, tornou-se comum que quem conseguisse se comunicar mais persuasivamente alcançasse, com facilidade maior, os objetivos almejados. Quem era eloquente e, ainda assim, bastante proativo acabava, pela lábia, exercendo cargos políticos, mesmo sem precisar ser eleito – caso, inclusive, de Péricles, citado anteriormente. Por conta disso, alguns jovens atenienses endinheirados recorriam a um grupo de professores chamados de sofistas (algo como “sábios”) para que estes lhes ensinassem as manhas da fala em público. Estavam mais preocupados diretamente com as questões morais e políticas, isto é, os temas mais pragmáticos da vida pública. Em vez de olhar para o alto e divagar, miravam o pequeno, o próximo, aquilo em que podemos influir diretamente. Em vez de tentar explicar o mundo de uma vez só, como os pré-socráticos, esforçavam-se para dar conta, buscavam o melhor jeito de influir na vida de sua própria sociedade. Ou seja, em vez da abstração, pregava-se a materialidade. Os sofistas afirmavam que “o homem é a medida de todas as coisas”, como famosamente disse Protágoras de Abdera, um dos mais famosos sofistas. Tal frase – uma espécie de resumo da filosofia sofista – já demostra que o diálogo sofista era mais concreto. Há, ao menos, duas formas – uma quase antagônica à outra – de interpretá-la, e ambas reforçam esse aspecto mais “pé no chão”. Em primeiro lugar, mostra a tentativa de se criar um conjunto de regras pessoais (daí o homem ser a medida) para a tomada de decisões, para fazer escolhas, para, enfim, viver. SOFISMO Etimologicamente, sofismo deriva do grego sophisma, em que sophia ou sophos significam respetivamente “sabedoria” e “sábio”. Esta palavra passou a denotar todo o tipo de conhecimento sobre os assuntos humanos gerais. Os sofistas da Grécia Antiga eram conhecidos por serem importantes professores, que viajavam pelas cidades e ensinavam aos seus alunos a arte da retórica, que era muito importante para quem desejasse seguir na vida política. Os sofistas eram considerados mestres nas técnicas de discurso, fazendo com que o interlocutor acreditasse rapidamente naquilo que falava, sendo verdade ou não. O principal compromisso dos sofistas seria em fazer com que o público acreditasse naquilo que diziam, e não com a busca pela verdade ou em instigar este sentimento no interlocutor. Sócrates foi um dos principais opositores ao pensamento sofista, que além disso também detestava as elevadas taxas que os professores sofistas cobravam de seus alunos. Platão e Aristóteles também foram importantes filósofos que desafiaram o sofismo, que a partir de então passou a ter uma conotação pejorativa como uma forma de desonestidade intelectual. Era comum que sofistas viajassem em grupos pelas cidades gregas e romanas, para assim poderem realizar elaborados discursos e acalorados debates públicos, demonstrando suas habilidades na expectativa de atrair estudantes para suas escolas. Em particular, nobres, homens de estado e jovens que pudessem pagar pelos estudos. Os sofistas foram muito criticados por Platão e Aristóteles por só ensinarem aos que podiam pagar pela educação. A expressão "sofisma" existe hoje para identificar uma argumentação rebuscada, porém sem fundamentação sólida. O confronto entre a filosofia socrática e a retórica dos sofistas era uma constante. Sócrates acusa os sofistas de serem amorais, sem se importar com as necessidades de buscar o que seria o certo e evitar o errado, sem se interessar em distinguir o que é nobre do que é vergonhoso. Os sofistas, por sua vez, dizem que a filosofia seria uma retórica inferior, um brinquedo lógico. Na melhor das hipóteses, um jeito de educar os jovens, jamais uma ferramenta decente para os adultos. Sócrates rebatia dizendo que a retórica, técnica oratória ensinada pelos sofistas, era, no máximo, um truque para agradar as pessoas, e que apenas a filosofia produzia uma verdadeira tékhnē que busca a bondade nas almas. Seu objetivo seria, por fim, produzir bons cidadãos. PERÍODO HELENÍSTICO OU GRECO-ROMANO Inicia no fim do século III a.C. e termina com a queda do Império Romano e início da Idade Média (século VI da era cristã). Nesse longo período, a filosofia se expande da Grécia para outroscentros como Roma e Alexandria e alcança o pensamento dos 6 primeiros padres da Igreja. Ocupa-se sobretudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus. O “helenismo” pode ser definido como o período que se estende desde a morte de Alexandre, O Grande até o momento em que a península grega foi anexada por Roma. Os pensadores do período helenístico preocuparam-se especialmente com a condução da vida humana e com a busca pela tranquilidade espiritual (chamada de ataraxia), que como consequência, proporcionaria a felicidade. PRINCIPAIS ESCOLAS FILOSÓFICAS HELENÍSTICAS EPICURITAS: Associaram-se em um cerrado círculo de “amigos” com o propósito de dar ao homem a certeza de que, ao morrer, sua alma se dispersaria em átomos e nada teria que temer depois do túmulo. Na vida, deve-se buscar um prazer inteligente, que não traga prejuízos. O principal expoente desta escola Filosófica foi Epicuro de Samos. Para o Filósofo, a busca pelos prazeres moderados é a chave para a paz de espírito (ataraxia). Aquele que é sábio, portanto, deve evitar certos tipos de prazeres que lhe podem ser prejudicais, e deve buscar os prazeres corretos para encontrar a felicidade. Epicuro fundou uma escola que se tornou conhecida como “Jardim”, e nesse local reuniam-se amigos e seguidores. Defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz. Epicuro defendia dois grandes grupos de prazeres. O primeiro reúne os prazeres mais duradouros, que encantam o espírito, como a boa conversação, a contemplação das artes, a audição da música etc. O segundo inclui os prazeres mais imediatos, muitos dos quais são movidos pela explosão das paixões e que, ao final, podem resultar em dor e sofrimento. Para desfrutar dos prazeres do intelecto é necessário dominar os prazeres exagerados da paixão. ESTOICISMO: Acreditavam numa Lei universal, superior à sociedade e ensinavam que o homem deve seguir seus ditames. Esta lei se manifesta nos deveres e obrigações que estão acima de tudo. Seu fundador foi Zenão de Cítio e seu mais conhecido filósofo: o Imperador romano Marco Aurélio. Os estoicos acreditavam que há um ordenamento cósmico que rege a existência, e que o homem virtuoso deve aceitar serenamente viver de acordo com esse fato. A estrutura do pensamento estoicista fundamenta-se sobre a lógica, a física e a ética. Defendiam uma atitude de completa austeridade física e moral, baseada na resistência do homem ante os sofrimentos e os males do mundo. Zenão propõe o dever, vinculado à compreensão da ordem cósmica, como o melhor caminho para a felicidade. CÍNICOS. Adotavam uma moralidade tão intransigente quanto os estoicos. Procuravam alcançar a verdadeira liberdade ao estilo beatnik ou existencialista dos nossos dias. Seu fundador Diógenes de Sinope, conhecido como “o cão”, andou com uma vela acesa, ao meio-dia, em Atenas, procurando um Homem honesto. Dormia num barril e durante o dia ficava sentado ao sol. Viveu pelas ruas de Atenas levando uma vida despojada, simples e sem se importar com qualquer tipo de convenção social vigente. Recusava e combatia a fama, a posição social, o dinheiro e o acúmulo de materiais, pois para ele, nenhum destes elementos pode proporcionar felicidade. A palavra “cínico” vem da palavra grega “kynicos” que significa “cão”. Levavam ao extremo a tese socrática de que o ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. CETICISMO: A escola mais antiga do Ceticismo inicia-se com o Filósofo Pirro. Para os céticos pirrônicos, o homem seria incapaz de formular certezas a respeito da natureza, e por isso, deveria optar pela suspensão do juízo que lhe ajudaria a combater a ansiedade. Houve outra vertente desta mesma escola, chamada Ceticismo Acadêmico, que acreditava que os sentidos são falhos e incapazes de proporcionar um tipo de conhecimento seguro. Defendia a ideia de que tudo é incerto, nenhum conhecimento é seguro, qualquer argumento pode ser contestado. Desse modo, aceitando que das coisas só se podem conhecer as aparências e desfrutando o imediato captado pelos sentidos, as pessoas viveriam felizes e em paz. PLATÃO ORIGEM: Atenas (cerca de 428-347 a.C.) PRINCIPAIS OBRAS: Apologia de Sócrates; A República; O Banquete; Mênon; Fédon FRASE-SÍNTESE “Enquanto os filósofos não forem reis, ou os reis não tiverem o poder da filosofia, as cidades jamais deixarão de sofrer.” Discípulo de Sócrates, Platão era proveniente de uma família ateniense rica e famosa. Consta que seu verdadeiro nome era Aristocnes – “Platão” ou “Platon” seria um apelido derivado da largura de seus ombros ou de sua testa. Serviu no exército entre 409 e 404 a.C., final da Guerra do Peloponeso. Após a guerra, estabeleceu-se uma oligarquia em Atenas, em 404 a.C., o chamado governo dos Trinta Tiranos (um deles Carmides, tio de Platão), antes de, em seguida, a democracia ser restabelecida. A República é o segundo diálogo mais extenso de Platão (428- 347 a.C.), composto por dez partes (dez livros) e aborda diversos temas como: política, educação, imortalidade da alma, etc. Entretanto, o tema principal e eixo condutor do diálogo é a justiça. No texto, Sócrates (469-399 a.C.) é o personagem principal, narra em primeira pessoa e é responsável pelo desenvolvimento das ideias. Essa é a principal e mais complexa obra de Platão, onde estão presentes os principais fundamentos de sua filosofia. 7 A República (Politeia) idealizada pelo filósofo se refere a uma cidade ideal, chamada de Kallipolis (em grego, "cidade bela"). Nela, deveria ser adotado um novo tipo de aristocracia. Diferente da aristocracia tradicional, baseada em bens e na tradição, a proposta do filósofo é que esta possua como critério o conhecimento. A Kallipolis estaria dividida em estratos sociais baseados no conhecimento e seria governada pelo "rei-filósofo". Os magistrados, responsáveis pelo governo da cidade, seriam aqueles que possuíssem uma aptidão natural para o conhecimento, e, somente após um longo período de formação, estariam preparados para ocupar os devidos cargos. Esse sistema de governo é chamado de sofocracia, que vem das palavras gregas sophrós (sábio) e kratia (poder) e é representado como "o governo dos sábios". ara o filósofo, a democracia é injusta por permitir que uma pessoa ignorante tenha o mesmo valor que um sábio, dentro das deliberações políticas. Deste modo, injustiças são cometidas. Para ele, o critério da maioria, base da democracia, não possui qualquer tipo de validade já que, em muitos casos, como o de Sócrates, a maioria pode estar errada e ser democraticamente injusta. É em A República que se apresenta o célebre Mito da Caverna, proposto por Platão, uma metáfora sobre a vida de Sócrates e o papel da filosofia. Sua filosofia pode ser vista como uma resposta ao fracasso e à decadência da democracia ateniense. Após esse acontecimento, Platão viajou para o Egito, a Itália e a Sicília. Difundiu os conhecimentos filosóficos pela Grécia e fundou a Academia (que ganhava esse nome por se reunir no Jardim de Academo), escola onde se estudava filosofia e se praticava ginástica. Muito importante para a história da filosofia, Platão é responsável por termos acesso ao pensamento de diversos filósofos da Grécia antiga, como Sócrates, seu mestre, Heráclito, Parménides e Pitágoras. Platão foi ainda o introdutor do método de diálogo em filosofia e com sua obra A República fundou a filosofia política ocidental Fundador da Academia de Atenas, Platão, aluno de Sócrates e professor de Aristóteles, é um dos filósofos gregos mais conhecidos e estudados até os dias atuais, especialmente por sua obra ter sobrevivido praticamente intacta mais de 2400 anos, o que não aconteceu com a grande maioria de seus contemporâneos. A FILOSOFIA DE PLATÃO Como o ser humano obtém, pela primeira vez, o conhecimento e comopode identificá-lo se não sabemos o que é? Platão aborda essa questão por meio do dualismo. Segundo ele, existem dois mundos: – O mundo das formas ou ideias (inteligível): Platão diz que a alma traz consigo desde o seu nascimento um conhecimento prévio, a priori, que lhe permite a identificação do objeto – o chamado conhecimento inato. Tais conhecimentos são as ideias ou formas, que residem no mundo inteligível, fora do tempo e do espaço. Os objetos do mundo comum organizam suas estruturas conforme essas ideias ou formas primordiais, mas não são capazes de revelá-las em sua plenitude, sendo apenas imitações imperfeitas. – O mundo concreto e sensível: trata-se de um mundo acessível pelos sentidos ou material. É o mundo que conhecemos pelo olfato, paladar, audição, visão e tato. A opinião (doxa), fundamentada nas sensações, tem uma “falsa consciência” de si mesma, julgando-se correta. Esse mundo, em Platão, é um engano, um falseamento. Segundo Platão, atingir o conhecimento implica converter o sensível ao inteligível – ou seja, despertar, reviver e relembrar esse conhecimento esquecido. Dessa forma, a alma se liberta das aparências para se abrir ao conhecimento das ideias verdadeiras. Para isso, Platão recorre à dialética, essencialmente dialógica. É por isso que escreveu em forma de diálogo, gênero que consagrou – em seus livros não há a exposição sistemática de uma filosofia, mas conversas entre Sócrates e seus amigos sobre justiça, amor, virtude etc. Para Platão, o diálogo é a melhor maneira de buscar a verdade e o único meio de chegarmos ao consenso, estabelecendo o que se diz e por que se diz. INTERPRETAÇÃO DO MITO DA CAVERNA A caverna é uma alegoria ao modo que os homens permanecem antes da filosofia, tal como sua subida ao mundo superior. O homem comum, prisioneiro de hábitos, preconceitos, costumes e práticas que adquiriu desde a infância, é um homem que está na caverna, e só consegue enxergar as coisas de maneira parcial, limitada, incompleta e distorcida, como “sombras”. Na caverna, só veriam as sombras, ou seja, estariam presos nas correntes da ignorância, não entendendo o mundo em que vivem. A caverna representa, portanto, o domínio da opinião (doxos). A partir da filosofia, o homem buscaria compreender o mundo, se libertaria das correntes e sairia da escuridão da caverna, tomando contato com a luz do sol, que é a representação da verdade do mundo das Ideias. Com o Mito da Caverna, Platão revela a importância da educação e da aquisição do conhecimento, sendo esse o instrumento que permite aos homens estar a par da verdade e estabelecer o pensamento crítico. O senso comum, que dispensa estudo e investigação, é representado pelas impressões aparentes vistas pelos homens através das sombras. O conhecimento científico, por sua vez, baseado em comprovações, é representado pela luz. Assim, tal como o prisioneiro liberto, as pessoas também podem ser confrontadas com novas experiências que ofereçam mais discernimento. 8 O fato de passar a entender coisas pode, no entanto, ser chocante e esse fato inibidor para que continuem a buscar conhecimento. Isso porque a sociedade tem a tendência de nos moldar para aquilo que ela quer de nós, que é aceitar somente o que nos oferece através da informação transmitida em meios de comunicação. Desde a Antiguidade, Platão quer mostrar a importância da investigação para que sejam encontrados meios de combate ao sistema, o qual limita ações de mudança. CONCLUSÕES A metáfora proposta pela Alegoria da Caverna pode ser interpretada da seguinte maneira: Os prisioneiros: os prisioneiros da caverna são os homens comuns, ou seja, somos nós mesmos, que vivemos em nosso mundo limitado, presos em nossas crenças costumeiras. A caverna: a caverna é o nosso corpo e os nossos sentidos, fonte de um conhecimento que, segundo Platão, é errôneo e enganoso. As sombras na parede e os ecos na caverna: sombras e ecos nunca são projetados exatamente do modo como os objetos que os ocasionam são. As sombras são distorções das imagens e os ecos são distorções sonoras. Por isso, esses elementos simbolizam as opiniões erradas e o conhecimento preconceituoso do senso comum que julgamos ser verdadeiro. A saída da caverna: sair da caverna significa buscar o conhecimento verdadeiro. A luz solar: a luz, que ofusca a visão do prisioneiro liberto e o coloca em uma situação de desconforto, é o conhecimento verdadeiro, a razão e a filosofia. Mito da Caverna visto nos dias de hoje A preguiça intelectual tem sido, talvez, a mais forte característica de nosso tempo. A dúvida socrática, o questionamento, a não aceitação das afirmações sem antes analisá-las (elementos que custaram a vida de Sócrates na antiguidade) são hoje desprezados. As notícias falsas estão enganando cada vez mais pessoas que não se prestam ao trabalho de checar a veracidade e a confiabilidade da fonte que divulga as informações. As redes sociais viraram verdadeiras vitrines do ego, que divulgam a falsa propaganda de vidas felizes, mas que, superficialmente, sequer sabem o peso que a sua existência traz para o mundo. A ignorância, em nossos tempos, é cultivada e celebrada. O MITO DA ALMA GEMEA O mito da alma gêmea foi criado por Platão que em seu livro O Banquete tenta definir o que é o amor. E nessa busca, muitos convidados de uma festa, cada um por vez, faz um elogio ao deus Eros (deus do amor). Um dos momentos mais fascinantes do texto é quando toma a palavra o comediógrafo Aristófanes. Ele faz um discurso belo e que se imortalizou como a teoria da alma gêmea. Chegada a vez de Sócrates falar E sua primeira questão é: o que é o amor? Ou seja, antes de falar se ele é bom ou mau, belo ou feio, se ajuda ou se atrapalha na educação, deveríamos saber o que ele é. Para desconcerto geral, Sócrates define o amor como sendo a busca da beleza e do bem. E sendo assim, ele mesmo não pode ser belo nem bom. Quem ama, deseja algo que não tem. Quando se tem, não se deseja mais, ou se se deseja, deseja manter no futuro, o que significa que não o tem. E todos só desejam o melhor, ninguém escolhe o mal voluntariamente. Logo, o amor é o desejo do belo e do bom. Essa definição permite uma compreensão universal do objeto (o amor). Mas não devemos também acreditar que por não ser bom, o amor é mau. Não é uma conclusão necessária. O amor platônico deve o seu nome a Platão (350 a.C.), filósofo grego da Antiguidade. No ideal de Platão, ele seria um amor essencialmente puro, que não se fundamenta em um interesse, mas na virtude, e é desprovido de paixões, que segundo ele são cegas, materiais, efêmeras e falsas. ARISTÓTELES Frequentador da Academia ateniense, Aristóteles foi o mais prestigiado e crítico discípulo de Platão. Sua origem: Estagira (atual Stavros) (384-322 a.C.) Principais obras: Metafísica; Física; Ética a Nicômaco; política; Órganon; retórica Frase-síntese: “Aquele que chega a conhecer as coisas mais árduas e que apresenta grande dificuldade para o conhecimento humano, este é um filósofo. Além disso, aquele que conhece com maior exatidão as causas e é mais capaz de ensiná-las é, em todas as espécies de ciências, um filósofo.” BIOGRAFIA Filho de um médico da família real da Macedônia, Aristóteles foi frequentador da Academia ateniense, sendo o mais prestigiado discípulo de Platão. No entanto, Aristóteles não pôde assumir a liderança da Academia porque era meteco, isto é, não era ateniense. Devido à sua fama, Aristóteles, em 333 a.C., foi convidado por Felipe da Macedônia a encarregar-se da educação de seu filho Alexandre, futuro senhor do mundo. Aos 49 anos, Aristóteles fundou, perto do templo de Apolo Lício, sua escola, o Liceu, rival da Academia de Platão. Como Aristóteles dava aulas passeando, sua escola também ficou conhecida como peripatética (peripatos é caminho em grego). Morreu em Cálcis, na ilha de Eubeia, na Grécia. 9 Aristóteles ficouconhecido como o maior discípulo de Platão e educador do então jovem Alexandre, O Grande. Ele nasceu no ano 384 a.C. na cidade de Estagira (por isso, alguns o chamam de “O estagirita). Era filho e sobrinho de médicos e provavelmente seguiria essa profissão. Foi para Atenas na adolescência para estudar e acabou entrando na Academia de Platão. Após a morte de seu mestre, Aristóteles partiu para desenvolver sua própria filosofia e estudos diversos (muitos ligados às ciências naturais), fundando no futuro a famosa escola Liceu (em 335 a.C.) em Atenas. Aristóteles morreu de causas naturais em 322 a.C. OBRAS DE ARISTÓTELES Lógica - "Sobre a Interpretação", "Categorias", "Analíticos", "Tópicos", "Elencos Sofísticos" e os 14 livros da "Metafísica", que Aristóteles denominava "Prima Filosofia". O conjunto dessas obras é conhecido pelo nome de "Organon"; Filosofia da Natureza - "Sobre o Céu", "Sobre os Meteoros", oito livros de "Lições de Física" e outros tratados de história e vida dos animais; Filosofia Prática - "Ética a Nicômano", "Ética a Eudemo", "Política", "Constituição Ateniense" e outras constituições; Poéticas - "Retórica" e "Poética". FILOSOFIA DE ARISTÓTELES Aristóteles foi um severo crítico de Platão. O ponto central de sua contestação consiste na rejeição do dualismo – mundo sensível e mundo inteligível – representado pela teoria das ideias. A questão que Aristóteles levanta, em resumo, é: se Platão propõe a existência de dois mundos e, após isso, explicita que, por meio da dialética, é possível passar do mundo sensível para o mundo inteligível, ele admite que os dois mundos possuem relações internas, isto é, possuem características em comum. Se isso for verdadeiro, os dois mundos têm intersecções, e, nesse caso, não se trata de dois mundos – e a teoria platônica cai por terra. De outra forma, se não existirem relações entre os dois mundos, torna-se impossível passar de um para o outro, e a teoria platônica também não se sustentaria. Para resolver esse problema, Aristóteles cria um novo ponto de partida. Os indivíduos possuem duas substâncias indissociáveis: – A matéria (hyle) é a marca da particularidade. – A forma (eidos) é o princípio que determina a matéria e lhe proporciona uma essência, uma universalidade. Assim, todos os indivíduos de uma mesma espécie teriam a mesma forma, mas difeririam do ponto de vista da matéria, já que se trata de indivíduos diferentes. As formas são imutáveis e perfeitas, como as ideias platônicas, mas não residem em outro mundo. Não existem formas ou ideias puras, como queria Platão – o intelecto humano, por meio da abstração, separa a matéria da forma. Aristóteles também ignora o conhecimento inato para reconhecer formas, como admitia Platão. Para Aristóteles, todo conhecimento principia com os sentidos ou as sensações (aisthesis), de maneira que não há “nada no intelecto que não estivesse antes nos sentidos”: a sensação, portanto, não é o engano ou a mentira, como dizia Platão. É a partir da memória que retemos dados do mundo sensorial e, assim, criamos experiências a partir das quais estabelecemos relações entre os dados sensoriais e aquilo que está na memória. A partir das experiências passamos a elaborar os conceitos e, com a repetição de dados sensoriais, o homem cria conclusões e expectativas. A partir disso, a etapa seguinte é a techné, isto é, a arte ou técnica. A techné significa saber “o porquê das coisas”, as regras que nos permitem produzir determinados resultados, o que nos dá a possibilidade de ensinar. Para Aristóteles, de modo geral, quem conhece as regras, isto é, possui a techné, é superior a quem apenas possui a técnica. A última etapa do conhecimento, a mais elevada para Aristóteles, é a episteme, quer dizer, a ciência ou o conhecimento: trata-se do conhecimento do real em seu sentido mais abstrato e genérico, quer dizer, as leis da natureza ou do cosmo. É um saber gratuito, uma finalidade em si mesma, que satisfaz uma curiosidade natural no homem, o desejo de conhecer, sem objetivos práticos imediatos. “É preciso dizer que, com a superioridade excessiva que proporcionam a força, a riqueza, os muito ricos não sabem e nem mesmo querem obedecer aos magistrados. Ao contrário, aqueles que vivem em extrema penúria desses benefícios tornam-se demasiados humildes e rasteiros. Disso resulta que uns, incapazes de mandar, só sabem mostrar uma obediência servil e que outros, incapazes de se submeter a qualquer poder legítimo, só sabem exercer uma autoridade despótica.” OLIGARQUIA Na ciência política, oligarquia ("oligarkhía" do grego ολιγαρχία, literalmente, "governo de poucos") é a forma de governo em que o poder político está concentrado num pequeno número pertencente a uma mesma família, um mesmo partido político ou grupo econômico ou corporação. Tipo de organização do poder do Estado e se refere a grupos que controlam este poder baseado em seus interesses ou visões de sociedade. A palavra deriva do grego e se refere a um governo de poucos, ou seja, de uma pequena elite. Diferentes momentos da história tiveram grupos oligárquicos no poder. Para alguns autores da filosofia, uma oligarquia é um governo corrompido de grupos que manipulam o Estado para seus interesses. DEMOCRACIA A oligarquia figura entre os tipos de governo a que se refere Aristóteles, em sua obra Política. Para o autor os governos podem ser governados por uma pessoa, poucas ou muitas, e se serão bons dependendo de para quem se governa. Para 10 Aristóteles, um governo justo governa em prol do bem-comum sempre, já o injusto seria governado em torno de interesses particulares. Assim, dos governos justos temos a monarquia, a aristocracia e a politeia. E dos injustos, a tirania, a oligarquia e a democracia. A democracia seria corrompida por defender os interesses de muitos sobre os indivíduos e não trabalhar pelos indivíduos de forma separada. Tomás de Aquino também defende a mesma ideia inspirado em Aristóteles. Politeia: originalmente um termo usado na Grécia Antiga para se referir às muitas cidades-estado que possuíam uma assembleia de cidadãos como parte de seu processo político. O sufrágio em tais democracias não incluía mulheres, escravos, servos ou estrangeiros. Sufrágio: Processo de escolha através do qual os indivíduos selecionados terão o direito ao voto; processo de seleção feito através de uma votação; eleição. O voto que faz parte de uma eleição. ETICA E POLÍTICA Em Aristóteles, a ética presume-se como o estudo da virtude (areté), de maneira que “nosso objetivo é nos tornarmos homens bons, ou alcançar o grau mais elevado do bem-humano. Esse bem é a felicidade; e a felicidade consiste na atividade da alma de acordo com a virtude”. Todavia, as virtudes éticas não são mera atividade racional, como as virtudes intelectuais, mas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão, e não pode, todavia, ser completamente resolvido na razão. A ética de Aristóteles também é conhecida como Ética das Virtudes, porque o filósofo nos diz que devemos buscar a excelência (areté em grego, que foi traduzido para virtus em latim, e que nesse contexto é sinônimo de virtude). Por isso, podemos dizer que o ser humano é feliz quando busca viver uma vida virtuosa, uma vida que busca a excelência, a plenitude da natureza humana, a vida equilibrada entre corpo e mente. ETICA ARISTOTELICA Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) foi o primeiro filósofo a tratar da ética como uma área própria do conhecimento, sendo considerado o fundador da ética como uma disciplina da filosofia. A ética (do grego ethos, "costume", "hábito" ou "caráter") para Aristóteles está diretamente relacionada com a ideia de virtude (areté) e da felicidade (eudaimonia). Para o filósofo, tudo tende para o bem e a felicidade é a finalidade da vida humana. Entretanto, a felicidade não deve ser compreendidacomo prazer, posse de bens ou reconhecimento. A felicidade é a prática de uma vida virtuosa. O ser humano, dotado de razão e capacidade de realizar escolhas, é capaz de perceber a relação de causa e efeito de suas ações e orientá-las para o bem. A PRUDÊNCIA COMO CONDIÇÃO DE TODAS AS VIRTUDES Aristóteles afirma que entre todas as virtudes, a prudência é uma delas e a base de todas as outras. A prudência encontra-se na capacidade humana de deliberar sobre as ações e escolher, baseado na razão, a prática mais adequada à finalidade ética, ao que é bom para si e para os outros. Só a ação prudente está de acordo com bem comum e pode conduzir o ser humano a seu objetivo final e essência, a felicidade. A PRUDÊNCIA COMO O JUSTO MEIO A sabedoria prática baseada na razão é o que torna possível o controle dos impulsos pelos seres humanos. No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles mostra que a virtude está relacionada com o "justo meio", a mediana entre os vícios por falta e por excesso. Por exemplo, a virtude da coragem é a mediana entre a covardia, vício pela falta e a temeridade, vício por excesso. Assim como o orgulho (relativo à honra) é o meio entre a humildade (falta) e a vaidade (excesso). Desse modo, o filósofo compreende que a virtude pode ser treinada e exercitada, conduzindo o indivíduo mais efetivamente para o bem comum e a felicidade. JUSTICA A noção de justiça como virtude foi trabalhada pelo filósofo grego Aristóteles (384 - 322 a. C.) ... A justiça é uma virtude total, completa, pois o homem justo pode exercer sua virtude não só em relação a si mesmo, como também em relação ao próximo. A justiça geral é representada pela lei, e a lei será justa porque refletirá as normas do Direito Natural, e estabelecerá a igualdade. Segundo a justiça particular um homem será justo à medida que pratique a igualdade, igualdade esta prescrita na lei. Não pode um homem ser justo e injusto ao mesmo tempo Aristóteles distingue a justiça em duas importantes classes: a universal e a particular. A primeira é o cumprimento da lei. O homem justo, portanto, é aquele que cumpre a lei. Neste caso, a justiça se coloca ao lado das demais virtudes, pois respeitar a igualdade implica, quando necessário, agir virtuosamente. A justiça é considerada a maior das virtudes. Ela é perfeita porque as pessoas que possuem o sentimento de justiça podem praticá-la não somente em relação a si mesmas como também em relação ao próximo. Somente a justiça é o bem do outro. O magistrado deve possuir inúmeras qualidades: integridade, vocação verdadeira, profundo sentimento de justiça, cultura não só jurídica, dedicação ao estudo e às causas que lhe são submetidas, discrição, coragem e humanidade. A coragem, 11 segundo Aristóteles, é a mais importante delas porque garante as outras. A lei, segundo Aristóteles, é o instrumento de que dispõe a cidade para regular as relações entre os cidadãos segundo o princípio do justo e do injusto, do bem e do mal. FELICIDADE Para Aristóteles, a felicidade do ser humano está na realização plena da sua natureza humana. Ou seja, o ser humano deve almejar viver plenamente a sua essência humana. Mas qual é a natureza humana? Qual é a essência humana? Para Aristóteles, o ser humano é um animal racional, um ser que possui um corpo, que tem sentidos e desejos, mas também um ser que pensa, que raciocina. Dessa forma, Aristóteles define a felicidade humana como viver uma vida equilibrada entre as vontades do corpo e da razão. as vontades do corpo e da razão. A felicidade aristotélica é a vida equilibrada. Mas como alcançá-la? Aristóteles nos dirá que para uma vida equilibrada, não podemos negar os desejo do corpo humano, e sim “educá-los” pela razão. Todas as vontades do corpo são necessárias para termos uma vida plena, mas elas não podem nos controlar. Nós é que devemos controlar as necessidades do corpo, atendendo-as de forma equilibrada. Aristóteles vai dizer que a privação faz mal ao ser humano, assim como o excesso. É o equilíbrio que nos faz felizes, e esse equilíbrio é conquistado pela prática, pelo hábito. Devemos alcançar o meio-termo entre os extremos. Assim, podemos concluir que nós não somos felizes, e sim estamos felizes. A felicidade é uma meta a ser alcançada, mas ela é vivida diariamente, enquanto vamos conseguindo viver o equilíbrio de nossas vontades VIRTUDES ARISTOTELICAS. Aristóteles vai dizer que felicidade não está no prazer, nem na fama nem no dinheiro. Viver pelo prazer te torna escravo dele, dependente. Viver pela fama tira a sua autonomia de conquista e coloca nas mãos das pessoas que vão te aprovar ou não. Viver pelo dinheiro também não é felicidade porque o dinheiro é só um meio para se comprar algo. Uma de suas mais famosas teses prevê que o homem feliz e justo está sempre à procura do meio-termo justo, tendo em vista a prudência e a moderação. O homem não será feliz se viver apenas cultivando os prazeres carnais ou o intelecto, mas, sim, se desenvolver e encontrar todas as suas capacidades e possibilidades. O homem feliz evita os extremos e busca o autocontrole. Aristóteles pensa o “meio-termo justo” não apenas como princípio a ser seguido na vida pessoal, mas na própria constituição das cidades gregas: “Em todas as cidades há três partes: os muito ricos, os muito pobres e os terceiros no meio destes. Se, portanto, concordarmos que o mediano e o meio são o melhor, é óbvio que a melhor prosperidade de todas é a média”. Tem-se, portanto, um elogio da mediocridade como o ideal de cidade para Aristóteles. Em sua obra Política, encontra-se sua famosa definição segundo a qual “o homem é um animal político”, isto é, um ser que, por ter o discurso racional (logos), se realiza na comunidade e não pode ser compreendido fora de suas relações com seus semelhantes. Em Ética a Nicômaco, Aristóteles escreve que “uma andorinha não faz verão”. Como as andorinhas, na época do calor, andam juntas, o filósofo diz isso para lembrar que o indivíduo não deve ser entendido (e julgado) isoladamente. LOGICA Aristóteles buscou encontrar um método universal de raciocínio pelo qual seria possível aprender tudo que poderia ser aprendido sobre a realidade. Aristóteles criou um sistema de raciocínio dedutivo, que, desde então, tem sido de imensa importância para a aquisição de conhecimento. O sistema de raciocínio dedutivo de Aristóteles é baseado em silogismos – um raciocínio que se baseia em certas premissas para chegar a uma conclusão. Se as premissas são verdadeiras, a conclusão será correta. Exemplo clássico de silogismo: Premissa maior: Todos os seres humanos são mortais. Premissa menor: Sócrates é um ser humano. Conclusão: Sócrates é mortal. Analisemos: 1. Todos os homens são mortais - premissa universal afirmativa, pois inclui todos os seres humanos. 2. Sócrates é homem - premissa particular afirmativa porque refere-se apenas a um determinado homem, Sócrates. 3. Sócrates é mortal - conclusão - premissa particular afirmativa. FALACIA Da mesma forma, o silogismo pode ter argumentos verdadeiros, mas que levam a conclusões falsas. Exemplo: 1. Os sorvetes são feitos de água doce – premissa universal afirmativa 2. O rio é feito de água doce – premissa universal afirmativa 3. Portanto, o rio é um sorvete – conclusão = premissa universal afirmativa Neste caso, estaríamos diante de uma falácia ETICA A obra Ética a Nicômaco de Aristóteles aborda assuntos como a moralidade, a ética e o propósito da vida humana. Os pontos principais da filosofia ética de Aristóteles são que o sumo bem, o fim de todas as ações humana, é a felicidade. Esta é o objetivo principal da Ética. 12 METAFISICA ARISTOTELICA A metafísica foi um termo utilizado por um dos discípulos de Aristóteles, Andrônico de Rodes, para classificar os textos aristotélicos destinados a estudar a relação dos seres e suas essências, para além das relações físicas(meta significa "para além"). Aristóteles afirmava que a filosofia primeira (metafísica) se ocupava da investigação "do ser enquanto ser". Para Aristóteles, Deus não é o Criador, mas o motor do universo. Deus não pode ser resultado de alguma ação, não pode ser escravo de amo algum. Ele é a fonte de toda a ação, o amo de todos os amos, o instigador de todo o pensamento, primeiro e último Motor do Mundo. ARISTOTELES HOJE A metafísica foi um termo utilizado por um dos discípulos de Aristóteles, Andrônico de Rodes, para classificar os textos aristotélicos destinados a estudar a relação dos seres e suas essências, para além das relações físicas (meta significa "para além"). Aristóteles afirmava que a filosofia primeira (metafísica) se ocupava da investigação "do ser enquanto ser". Para Aristóteles, Deus não é o Criador, mas o motor do universo. Deus não pode ser resultado de alguma ação, não pode ser escravo de amo algum. Ele é a fonte de toda a ação, o amo de todos os amos, o instigador de todo o pensamento, primeiro e último Motor do Mundo.
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