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Amerı́ndia - Cesar Sondereguer – Carlos Punta

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Amerı́ndia 
Cesar Sondereguer – Carlos Punta 
INTRODUÇÃO 
 
 O texto de Cesar Sondereguer e Carlos Punta tem como objetivo centrar-se nos aspectos investigativos, 
analíticos e pedagógicos de três pontos principais: 
1. Relatos históricos dos aspectos pan-americanos, ou seja, aqueles que abarcam a América do Norte, a 
Mesoamérica e a América do Sul. 
2. As cronologias históricas e artísticas com base nos arquétipos de cada civilização. 
3. Uma resenha panameríndia das obras artísticas – monumentos, esculturas, edificações, objetos – que 
complementam uma explicação das características políticas, socioeconômicas e culturais como a religião e 
as expressões metafísicas de cada civilização. 
 
ETNO HISTÓRIA 
 
 As principais vertentes para compreensão dos povos da América estão fundamentadas em elementos étnicos, 
históricos, religiosos, científicos, sociais e artísticos das culturas ameríndias que habitaram do Estreito de Bering à Terra 
do Fogo por mais de quarenta milênios. 
 Pode-se ter em conta que milênios de evoluções culturais provocaram a transformação dos primeiros 
caçadores e coletores de hábitos nômades em altas culturas de grande relevância. 
 Quando os primeiros europeus chegaram ao continente encontraram uma terra habitada por cerca de 40 
milhões de habitantes divididos em uma grande quantidade de etnias, agrupadas em mais de 350 tribos maiores e que 
falavam mais de 150 línguas. Assim, para um estudo desta gama de populações deve-se ter em conta três fatores: 
 - o extenso território americano e sua multiplicidade de ecossistemas; 
 - o distanciamento temporal que separa os primeiros grupos humanos que entraram no continente e as 
grandes culturas encontradas durante a conquista do continente; 
 - a desigual relevância que grupos distintos alcançaram do ponto de vista cultural e histórico. 
 Um elemento principal a ser destacado é a diferença entre a cultura ocidental e os ameríndios. Eles 
mantiveram uma visão integralista e totalitária baseada em seus mitos, dogmas e castas governantes, onde cada ação 
praticada tinha correlação a um todo cósmico e mítico. E assim, pode-se entender que a vida material das altas e 
médias culturas da Ameríndia, baseada no desenvolvimento agrícola e neolítico, era sustentada por uma metafísica 
presente em todas as expressões de sua existência. 
 Em termos estéticos, as obras realizadas pelos ameríndios envolvia uma razão filosófica-conceitual, mística e 
artística como uma expressão poética símbolos das ideias emanadas desde a geografia, a arquitetura, história e 
antropologia destas populações. 
 
O INÍCIO DO HOMEM NA AMÉRICA 
 
 Em 1870 Florentino Ameghino, com a descobertas de alguns sítios na Patagônia argentina, propôs que o 
homem se desenvolveu a partir da América do Sul, hipótese que caiu por terra com as descobertas e teorias da 
imigração do homem pelo Estreito de Bering com Aleš Hrdlíčka. Seguramente é que a arqueologia atual acorda que a 
ocupação da América teve início cerca de 40.000 anos passados, período correspondente ao último período glacial que 
provocou o recuo do nível do mar e a aparição de uma ponte natural entre a Ásia e o continente americano, o estreito 
de Bering. 
 Os grupos humanos que adentraram o continente, primeiramente seguindo a rota dos grandes animais, 
associavam-se como caçadores-coletores. Uma vez instalados, estes bandos se dispersaram e ocuparam os mais 
variados nichos ecológicos desde desertos, planícies, bosques, selvas e montanhas. 
 A economia de subsistência neste período de acomodação, cerca de 15.000 a.C., estava orientada à caça de 
animais da megafauna – mamutes, megatérios, mastodontes, camelídeos, entre outros. Com o gradual desgelo 
aproximadamente há 11.000 anos, ocorreram grandes mudanças climáticas que modificaram, por conseguinte, a flora 
e a fauna. Estas bruscas mudanças acabaram por extinguir muito dos animais do Pleistoceno o que obrigou aos grupos 
de grandes caçadores adaptarem-se a novas condições como a caça de animais pequenos, a coleta de novas espécies 
de plantas alimentícias e a pesca. 
 Posteriormente, seguiu-se um processo de domesticação alimentar de plantas e animais. Esta mudança de 
uma subsistência depredatória como a caça e a coleta para a produção agrícola e pastoril implicou também na 
sedentarização dos grupos, da evolução destes para aldeias, do surgimento da cerâmica, da confecção, da religião, das 
obras, monumentos, das estruturas sociais, da escrita e posteriormente, das formas de governo. 
 
As sociedades de caçadores-coletores 
 
 Dedicados exclusivamente à caça dos grandes animais da megafauna do pleistoceno, da coleta de plantas e 
frutos. Possuíam um caráter nômade e reuniam-se em pequenos grupos. Com as mudanças climáticas que provocaram 
a diminuição da fauna e flora este tipo de agrupamento começou a ser substituído por grupos de economia baseada na 
coleta, na pesca e caça de pequenas presas. 
 
Caçadores-coletores pós-glaciais 
 
 Para a caça de pequenas presas e a dependência dos recursos marítimos, fluviais e da coleta, estes grupos 
desenvolveram uma melhoria na tecnologia de suas ferramentas. Este estágio foi precedente à domesticação de 
espécies de vegetais. 
 
As sociedades agrícolas e pastoris 
 
 Entre 10.000 e 4.000 anos antes do presente, por diversas causas como as climáticas, demográficas e 
territoriais, muitos grupos de caçadores-coletores complementavam sua alimentação com a seleção de vegetais. Esta 
mudança permitiu o desenvolvimento de ferramentas e a consequente domesticação destes alimentos. Houve 
também uma domesticação de animais para o pastoreio como lhamas e guanacos e, também, a criação de aves. O 
desenvolvimento da agricultura e pastoreio, período não menor que 5.000 anos, permitiu a sedentarização destes 
grupos, a criação de uma mitologia baseada na agricultura, a produção têxtil, a cerâmica, a construção de templos, 
astronomia, urbanização e complexidade na organização social, características nas grandes culturas. 
 
A AMÉRICA CENTRAL - MESOAMÉRICA 
 
Geografia e zonas culturais 
 
 Existe uma grande variedade ambiental, de planícies baixas e selvas a regiões montanhosas nesta região do 
continente o que gera uma diversidade de ecossistemas: 
1. Planície Mexicana – região desértica não propícia ao desenvolvimento de uma agricultura pelas baixas 
precipitações anuais. Etnologicamente ligada aos chichimecas. 
2. Vale Central do México – a mais importante região do ponto de vista cultural foi berço das altas culturas 
como a teotihuacana e a asteca. É uma bacia formada pelas Serras Madres rodeada de densos bosques 
que proporcionam oportunidades de caça e pesca. 
3. Vale de Oaxaca – possui características montanhosas e formação de vales interiores. Foi um dos territórios 
mais povoados da mesoamérica e região dos zapotecos e mixtecas. 
4. Costa do Golfo – região de terras baixas e pantanosas, de grande umidade e temperaturas elevadas. Rica 
em fauna, flora e de grande potencial para a pesca, foi o local de assentamento dos huastecas e dos 
totonacos. 
5. Ocidente Mexicano – localizado sobre a Serra Madre Ocidental, é uma região montanhosa com diversos 
lagos e bosques. Foi habitada pelos tarascos. 
6. Região Maia – dividida em três regiões, ao sul com terras altas, a central e a norte com terras baixas. É o 
território da península de Iucatán e os territórios atuais da Guatemala e de Belize onde se desenvolveu a 
cultura maia. Caracteriza-se ao sul por uma região de terra fértil e de vales amplos, ao centro, de grandes 
florestas e estações de chuva bem definidas e ao norte de bosques baixos e terreno plano de escassas 
chuvas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Culturas Pré-agrícolas e arcaicas 
 
Divididas em duas etapas: 
1. Etapa lítica ou pré-agrícola (...15.000 - 7.000 a.C.) – Do Pleistoceno à colonização o Vale do México foi uma 
região com a maior concentração de caçapara os grupos residentes em sua vizinhança. 
2. Etapa Arcaica (7.000 - 1.500 a.C.) – Período de adaptação dos grupos de caçadores-coletores às novas 
condições ambientais. 
Período Formativo (3.000 - 1.400 a.C.) 
 
 É o período que transcorre da caça nômade ao desenvolvimento da agricultura sedentária, tem início com o 
assentamento dos grupos em pequenas aldeias. 
 
Período Pré-Clássico (1.400 - 100 a.C.) 
 
 Ocorrem neste período uma especialização na divisão do trabalho e a aparição de estruturas de governo. 
Aparece a cerâmica, a metalurgia, a organização de elementos mítico-religiosos e as estruturas cerimoniais e de 
habitação 
 
Vale do México 
 
 Estabelecem-se grupos de agricultores sedentários que dispunham de cerâmica, tecidos e um comércio. 
Destes, muitos grupos sucederam-se um após o outro como os zacatencos e depois os ticoman, mas seu ápice chegou 
com o povo de Tlatilco (1.000 - 400 a.C.). 
 
Vale do Oaxaca 
 
 Em um primeiro momento os grupos aldeões eram formados de culturas de coletores e incipientes agricultores 
seguidos de um desenvolvimento agrícola em torno do ano 1.000 a.C. As obras cerimoniais denotam influências 
olmecas e posteriormente a assentamento da cultura zapoteca. Em torno de 400 a.C., a população cresceu gerando 
traços de uma diferenciação social, centralização do poder político e de intensa atividade cerimonial, com Monte Albán 
sendo o centro de culto. Densamente povoado, parece o vale ter sido dividido em uma série de estados independentes 
e aliados por laços matrimoniais e comerciais. 
 
Costa do Golfo 
 
 Foi o centro da primeira grande cultura da América Central, a olmeca (1.300 - 100 a.C.). Estes tem sua história 
dividida em três períodos: 
1. San Lorenzo – cerca de 1.500 a.C. há os primeiros registros de ocupação por aldeias de agricultores sem 
uma diferenciação social; 
2. La Venta – com a destruição de San Lorenzo em 900 a.C., foi nesta região que ocorreu seu apogeu cultural. 
3. Tres Zapotes – em 500 a.C. cessaram as construções e aparece aqui uma população hierarquizada, 
marcada por uma divisão do trabalho, uma rede comercial, escrita hieroglifa, um calendário agrícola e uma 
vocação à escultura. 
A influência olmeca sobre seus vizinhos se deu na forma de transmissão cultural, intelectual e comercial. Era 
uma cultura governada por uma poderosa elite e abaixo dela estavam os artesãos, os camponeses e os escravos. Não 
se sabe, porém, o que provocou seu desaparecimento que pode ter sido ocasionado por revoluções sociais ou por 
pressões de povos vizinhos que alcançaram um maior desenvolvimento. 
 
Ocidente Mexicano 
 
 Os povos que se desenvolveram nesta região podem ter sido a mesma que habitou a região do Vale do México, 
conhecidos como zacatencos. Podem ser divididos em três tipos de populações: a de Jalisco, de uma fase mais antiga; 
as de Nayarit que habitavam o sul; e as de Colima, altamente desenvolvidos e divididos em classes sociais. 
 Ao que parece, a cultura que se desenvolveu nesta região apresenta características de ter passado do período 
pré-clássico ao pós-clássico de forma direta, sem um período teocrático. 
 
Região Maia 
 
 Na costa do Pacífico teve relevância a cultura izapan na região de Abaj Takalik. Deixaram inscrições calendárias 
e grandes esculturas. Supõe-se que estiveram conectados à cultura olmeca. 
 Na área das terras altas, em Kaminaljuyú, ergueram um importante centro cerimonial. Seus governantes 
concentraram o poder econômico e político sobre grande parte dos territórios montanhosos o que permitiu disporem 
de grande mão-de-obra campesina para a construção de suas pirâmides. Kaminaljuyú começou a declinar com a 
penetração de grupos de Teotihuacan. 
 Já nas regiões de terras baixas, compostas por imensas florestas, houve uma ocupação por sociedades de 
economia agrícola que também ergueram grandes centros cerimoniais. Foi o centro da cultural chicanel. Os centros 
mais importantes foram o de Uaxactún e Tikal onde localizam-se grandes pirâmides-templos. 
 
 
 
Período Clássico (200 - 900 d.C.) 
 
 Caracteriza-se por um período de acentuação política, marcado pelo domínio teocrático das castas sacerdotais, 
de máximo esplendor das culturas da América Central onde os estados, a arte, as ciências e tecnologias marcaram seu 
apogeu. É também um período marcado pelo urbanismo e construção de grandes centros cerimoniais. 
 
 
Vale do México 
 
 Marcada pela cultura teotihuacana, entre o período de 100 a.C. a 700 d.C. Originalmente não pertenciam à 
região do Vale do México e sim, migrados da costa do Golfo, ligados aos antigos olmecas e que mantiveram relações 
com os zapotecos e maias de Tikal. 
 A cultura teve seu desenvolvimento a partir de 200 d.C. possuindo uma tecnologia de irrigação e uma política 
de cidades-estados de caráter teocrático. É seguro dizer que o poder estava nas mãos de uma nobreza sacerdotal e civil 
e, contava também com uma mão-de-obra camponesa e uma parte da população dedicava-se à produção artesanal. 
Teotihuacan chegou a uma população com cerca de 125.000 habitantes, podendo ser considerada a primeira cidade da 
América. 
 Como centro comercial, Teotihuacan manteve uma rede comercial e para assegurar o livre trânsito de 
mercadorias pode ter contado com um exército e entrepostos com cidades aliadas. Mantiveram um contato com a 
região do Golfo do México, com os zapotecas do Vale de Oaxaca e uma intensa relação com a zona dos maias 
destacando-se as cidades de Kaminaljuyú e Tikal. A intensa relação comercial deixou sua marca em todo o território da 
mesoamérica repercutida desde sua arte à economia e religião. 
 Sobre o fim da cultura Teotihuacan pouco se sabe, entretanto é conhecido que foi saqueada e incendiada em 
torno de 670 d.C. 
 
Vale de Oaxaca 
 
 Berço da cultura zapoteca durante o período de 200 a 900 d.C. Marcados por uma população socialmente 
estratificada e de política de caráter teocrático traduzidos por palácios, templos, edifícios administrativos e 
monumentos. Sua capital situava-se em Monte Albán. Não faziam parte do “império teotuihuacano”, e sim receberam 
sua influência por contatos comerciais e acordos matrimoniais, sendo seu auge dado após a queda de Teotihuacan. 
 Seus deuses estavam associados à agricultura e à fertilidade. Aos fins do ano de 900 até 1350 d.C., houve um 
colapso e o fim das atividades de construção. 
 
Costa do Golfo 
 
 Entre 400 a.C. e 500 d.C., uma cultura construiu uma série de montículos nas terras baixas de Veracruz. Eram 
os chamados remojadas que mantiveram contatos com Teotihuacan e em sua última etapa fortes influências dos 
maias. 
Outra cultura surgida entre 200 e 900 d.C., a cultura Veracruz, teve importância posterior para a economia dos 
astecas uma vez que situaram-se em um território de terras baixas e muito férteis. Mantiveram também uma estreita 
relação com outras populações e em especial com Teotihuacan. 
Seu centro cerimonial foi El Tajín onde se construíram sistemas de drenagem, de armazenamento de água, 
canais subterrâneos, templos e palácios. Seu período de decadência deu-se a partir do ano 1.000 quando El Tajín foi 
abandonado. 
 
Região maia 
 
 Na região leste do México, da Guatemala, Belize e oeste de Honduras prosperou a cultura maia, herdeira das 
antigas culturas desenvolvidas em Izapa e Kaminaljuyú. 
 Pode-se dividir o período onde se desenvolveu a cultura maia em dois subperíodos. O Inicial, de 300 a 600 d.C., 
de forte influência teotihuacana e o Tardio, entre 600 e 900 d.C., onde houve um aumento da população, uma forte 
urbanização e um florescimento econômico, político e cultural. 
 Na parte norte, as principais estruturas arquitetônicas de características maias encontram-se em Oxkintok e 
Acanceh, sendo a principal cidade Uxmal. Na região central Tikal foi uma importante cidade, pois funcionava como um 
entreposto político e comercial junto a Calakmul.Ao oeste, Pelenque e Yaxchilán. Ao sudeste destacou-se Copán. 
 Os centros políticos maias foram concebidos como autarquias onde cada um mantinha sua independência, 
entretanto formando um intrincado sistema de comunicação ideológica, religiosa, econômica e política. 
 A sociedade maia estava estratificada em nobres, artesãos, comerciantes, camponeses e escravos. Governada 
por uma aristocracia sacerdotal, o rei e seus acólitos é quem detinham o monopólio da escrita, do calendário e da arte 
religiosa. Sua economia tinha como principal produto o milho e detinham grande conhecimento de tecnologias de 
irrigação. Sua rede comercial era bem desenvolvida devido à construção de estradas que comunicava os principais 
centros além da utilização dos rios para o transporte de mercadorias. 
 Sobre os motivos que causaram o fim desta cultura há algumas conjecturas, entre elas, a de um colapso 
agrícola junto a uma rebelião camponesa e convulsões sociais. A decadência definitiva se deu em 950 d.C. 
 
 
 
Período Pós-Clássico (900 - 1.521 d.C.) 
 
 Entre as principais causas do fim do período Clássico figuram o um aumento demográfico, a proliferação de 
centros competitivos, uma maior diferenciação social entre os nobres e a população comum, o aparecimento de uma 
tributação pesada, a má alimentação, as enfermidades e epidemias, o surgimento de comerciantes estrangeiros e uma 
falta de respostas tecnológicas aos novos tempos que ocasionaram pressões internas e externas. Estes fatores 
contribuíram a uma maior mobilidade social, novas formas de integração política e social e um aumento das trocas 
ideológicas fundindo etnias e culturas. 
 Este período caracteriza-se por um marcado militarismo onde os antigos sacerdotes foram substituídos por reis 
guerreiros. 
 
Vale do México 
 
 Os habitantes da planície norte do México, os chichimecas, irromperam no Vale do México em distintas ondas 
migratórias que com o tempo trocaram seu padrão de vida de caçadores nômades ao de agricultores sedentários, isto 
em um período de vários séculos. As várias invasões e adaptações geraram a partir de 900 d.C. uma nova cultura 
dominante na região, os toltecas. 
 Fundaram em Tula seu principal centro de culto e foram considerados mais tarde pelos astecas seus sábios 
antepassados. As velhas crenças das culturas que se adaptaram e a antiga cultura teotihuacan fez surgir uma nova 
concepção onde predominava os sacrifícios de sangue dos prisioneiros de guerra ao Sol. 
 A influência tolteca se estendeu por diversas regiões da América Central principalmente por sua rede 
comercial. Tula começou seu processo de decadência a partir de 1125 d.C. devido às várias invasões e pelas 
divergências internas entre os toltecas-chichimecas e os nonoalcas que vieram do Golfo e foram assimilados à cultura. 
Em 1175 d.C. invasões provenientes do norte e o ataque dos huastecas provocaram a definitiva destruição de Tula. 
 
Vale de Oaxaca 
 
 Com a queda de Monte Albán devido a um crescimento demográfico e as energias desta cultura estarem 
voltadas às obras de cunho religioso, o que acabou por deixar de lado possíveis inovações tecnológicas para a 
agricultura, aconteceu um vazio de poder gerando tumultos e conflitos ascendendo em torno de 1.350 d.C. o povo 
mixiteca. 
 Organizaram uma série de reinos e senhorios onde a sociedade se estratificava em uma classe nobre, com um 
governador de caráter hereditário, e a população comum. Para sua expansão organizaram alianças políticas e laços 
matrimoniais principalmente com os zapotecas até a definitiva tomada de poder dos mixtecas. Mitla foi a principal 
cidade de cunho cerimonial. 
 Mantiveram também contato e relações fortes com os toltecas, entretanto com a ascensão dos astecas e a 
dominação do Vale do Oaxaca em torno de 1.440 d.C., os povos desta região passam a ser tributários e com o tempo 
submetidos. Deixaram assim, um legado aos povos que o sucederam como a arte, a religião, sua cerâmica e outros 
traços culturais. 
 
Costa do Golfo 
 
 Entre 900 e 1.519 d.C. surgia uma cultura conhecida como totonaca. Eram um povo belicoso regidos por um 
soberano de caráter hereditário onde sua principal cidade era Cempoala. Mantinham também uma agricultura 
intensiva, templos e palácios e centros cerimoniais. 
 Outra cultura que ao mesmo tempo se desenvolveu na região entre 1.000 e 1.550 d.C. foi a huasteca. 
Ocuparam inicialmente a costa norte do Golfo e tiveram influência teotihuacana, toltecas e totonacas criando uma 
cultura de traços próprios. 
 Foram considerados pelos astecas posteriormente como um povo bárbaro, embora mantivessem construções 
e uma produção intensiva de algodão. 
 
Ocidente Mexicano 
 
 Nesta região montanhosa, de grandes bosques e lagos estabeleceu-se a cultura tarasca entre o período de 900 
a 1.532 d.C. De todas as áreas da Mesoamérica esta apresenta a maior diversidade cultural e uma alta densidade 
populacional distribuída numa grande quantidade de pequenos senhorios. 
 Apesar da agricultura, a pesca foi a base de sua subsistência e economia. Receberam influência tolteca em sua 
arquitetura e o poder, centralizado nas mãos de uma monarquia hereditária, militar e religiosa. Apesar das investidas 
astecas, mantiveram-se independentes deste caindo somente com a conquista espanhola. 
 
Região Maia 
 
 Paralelamente à queda dos centros maias em 900 d.C., outros centros importantes começaram a se 
desenvolver na península de Iucatán como Uxmal e Chichen Itzá. Os choques entre os povos de antigas tradições com 
os povos de ideologia militarista acabaram gerando múltiplas etnias, entretanto é possível dizer que destes embates 
houve uma fusão surgindo uma cultura maia-tolteca, expressada principalmente por sua arquitetura e escultura como 
na capital principal, a cidade de Chichen Itzá. 
 Essa cultura yacateca manteve um intenso intercâmbio comercial exportando algodão, mel, sal marinho, 
pescado e importando joias de ouro, prata e cobre. 
 Em 1.200 d.C., com o abandono da cidade pelos toltecas, outro grupo de maias provenientes de Tabasco se 
estabeleceram em Chichen Itzá. Nas proximidades fundaram outro centro importante, Mayapán, que junto a Chichen 
Itzá e Uxmal formaram uma liga. Após um período de prosperidade, em torno de 1.440 d.C., lutas internas pelo poder 
acabam por extinguir a liga colocando toda a região da península em uma anarquia e constantes conflitos entre 
estados rivais até a conquista definitiva por grupos toltecas. 
 
Cultura Asteca 
 
 São conhecidas duas lendas da origem dos astecas. A primeira, de cunho mítico, diz que este povo surgiu de 
uma ilha mítica chamada Aztlán e a segunda relacionada a conceitos cosmológicos e cíclicos do mundo. O que se sabe é 
que os astecas tiveram entre seus antecessores sobreviventes da cultura tolteca assim como grupos de chichimecas. 
Em torno de 1.345 d.C. fundaram a cidade de Tenochtitlán no Vale do México e a partir de então deram início à 
construção de um império que, em 150 anos, submeteu quase todo o México Central, Oaxaca e a Costa do Golfo. 
 Suas atividades básicas foram a guerra e o comércio, entretanto a base alimentar estava assentada sobre uma 
agricultura intensiva. 
 Estabeleceram uma hierarquia religiosa e militar. Sua estrutura social foi piramidal onde no topo figuravam 
dois principais chefes, o tlatoani que cuidava das relações exteriores, da religião do império e era visto como chefe 
militar, juiz e sumo sacerdote; já o cihuacóatl era responsável pelos assuntos internos da cidade e representante dos 
poderes terrestres. Logo abaixo estava a nobreza hereditária e burocrática do império. O grosso da população era 
formado por plebeus, entre estes artesãos e agricultores. Os camponeses, além de terem sua terra, deviam servir nas 
terras do governo e nas terras conquistadas pelas guerras. Na base da pirâmide estavam os escravos que serviam à 
nobreza. 
 Proclamando-se eleitos como“Povo do Sol” e herdeiros das tradições toltecas, consideravam-se responsáveis 
por manter a ordem no mundo e para isso institucionalizavam as guerras e para assentar a ira dos deuses realizavam a 
captura de vítimas para sacrifícios. 
 No tempo das conquistas, os astecas estavam dedicados a uma rede de comércio exterior bem definida e com 
a extensão de suas fronteiras para arrecadação de tributos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANDES CENTRAIS 
 
Geografia e zonas culturais 
 
Esta região curta e de 
transições naturais e climáticas bem 
marcadas apresenta um lugar de 
grandes contrastes. A costa detém 
precipitações pluviais muito escassas 
de clima variando entre o desértico e o 
semidesértico. Já os vales compostos 
da cordilheira dos Andes até o mar são 
recortados por rios e com farta 
vegetação. Mas é nos Andes, uma 
região recortada por escarpas e vales 
interiores que se dá uma melhor 
adaptação para a vida humana. Ao sul, 
na região do altiplano andino, tem-se 
uma paisagem escassa de vegetação, 
com grandes planícies e com muitos 
lagos. O lado oriental da cordilheira 
apresenta uma paisagem serrana de 
clima tropical e exuberante vegetação 
típica da selva amazônica. 
Para o estudo antropológico 
das regiões, divide-se a região em sete 
áreas: Costa Norte, Costa Central, 
Costa Sul, Serra Norte, Serra Central, 
Serra Sul e Altiplano. 
 
 
Período Lítico (20.000 - 7.000 a.C.) 
 
 Alguns especialistas sustentam que a ocupação humana na região dos Andes ocorreu há cerca de 22.000 anos, 
correspondentes a sucessivas ocupações de caçadores coletores. 
 
 Período Arcaico (7.000 - 2.500 a.C.) 
 
 O início de uma agricultura nos Andes Centrais foi precedido por uma etapa de cultivo pré-cerâmico. Na Serra 
Central apareceu o cultivo de abóboras e o manejo de rebanhos de lhamas. Já na costa a base de subsistência 
permanecia a coleta de animais marinhos e a incorporação de abóboras. 
 
Período Formativo (2.000 - 1.300 a.C.) 
 
Costa e Serras 
 
 Próximo a 2.500 a.C. aldeamentos começaram a aparecer junto à Costa do Pacífico destacando-se um aumento 
populacional, uma cultura agrícola algodoeira, o fabrico de têxteis, entretanto uma ausência de artefatos cerâmicos. 
Em seguida se construiu centros cerimoniais que influenciaram posteriormente a cultura chavín: 
a. Las Haldas – costa norte; 
b. Sechín – costa central; 
c. Pacopampa – serra norte; 
d. Kotosh – serra central; 
 
 
 
 
Altiplano 
 
 Na região próxima ao lago Titicaca houve o desenvolvimento de uma cultura no período de 1.400 a.C. a 300 
d.C., os chamados chiripas. Possuíam uma agricultura sem irrigação e foram hábeis construtores desde habitações a 
templos cerimoniais e esculturas. A magnitude destas construções denota uma sociedade organizada. 
 Ao norte e nordeste do lago Poopó, desenvolveu-se a partir de 1.200 a.C. a cultura huancarani, de base 
econômica no cultivo de batata e pastoreio de camelídeos. 
 
Horizonte “Temprano” ou Inicial (1.300 a.C. - 100 d.C.) 
 
 Aos fins do Período Formativo 
surgem os elementos básicos para o 
desenvolvimento das altas culturas 
como a agricultura desenvolvida, a 
cerâmica, obras e monumentos 
arquitetônicos e o estabeleci mento 
de hierarquias sociais. Os elementos 
culturais e iconográficos deste 
período gerados nesta época foram 
depois herdados por todas as culturas 
peruanas e do altiplano andino que se 
sucederam através de 3.000 anos de 
desenvolvimento. 
 A cultura chavín, de 900 a 200 
a.C., foi a primeira grande cultura dos 
Andes Centrais. Erigiram seu centro 
cerimonial em Chavín de Huantar na 
Serra Norte. Seus aspectos 
ideológicos transcenderam os limites 
de seus centros cerimoniais chegando 
a toda serra e costa peruana. 
 A sua cultura agrícola era 
baseada no cultivo de milho, abóbora, 
feijão, batata, e da caça de cervos, 
guanacos e da coleta de mariscos 
junto à costa. 
 A estrutura política e governamental era baseada no poderio mítico-religioso governado por reis-sacerdotes. A 
importância do culto religioso influenciou notavelmente as obras artísticas expressos em sua cerâmica, nos tecidos, na 
metalurgia e monumentos arquitetônicos. 
 Em 300 a.C. tem início o processo de decomposição de seus elementos culturais e sua queda definitiva se deu 
com a invasão de povos como os recuay. 
 Outra importante cultura deste período foi a dos paracas entre 800 a.C. e 100 d.C. Situados na costa sul sobre 
uma península arenosa e árida, construíram grandes estruturas cerimoniais e dedicavam-se a práticas funerárias. 
 Dividem-se em dois períodos, os paracas cavernas de maior antiguidade e os paracas necrópolis de período 
mais recente. Os primeiros tiveram influência chavín enquanto os últimos, são antepassados da cultura nasca. 
 A noroeste do lago Titicaca, herdeiros das culturas chiripa e caluyu, desenvolveu-se a cultura pucara. Tinham 
uma cerâmica similar à paraca e dedicaram-se à construção de muitos monumentos míticos, como estelas e estátuas. 
Esta cultura foi perdendo sua hegemonia na região com o advento da cultura tiwanakota. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Horizonte Médio (100 - 1.100 d.C.) 
 
 Com o fim da influência 
chavín ressurgem culturas locais com 
uma marcada ideologia militarista. 
Este período foi marcado pelo auge 
dos acúmulos soci oeconômicos e 
artísticos, por obras de engenharia 
hidráulica, por uma grande 
estratificação social e um crescente 
belicismo. Ao fim deste período 
floresceu uma Nova Ordem em toda 
serra e costa resultado de uma troca 
e fusão de ordem política, cultural e 
religiosa gerando um impulso 
militarista que assentou as bases 
para um grande império peruano, os 
incas. 
 
Costa Norte 
 
1. Cultura Virú 
 
 Na costa Norte, entre 100 
a.C. e 500 d.C., surgiram duas 
culturas antecessoras aos mochicas. 
A primeira foi a salinar, na parte alta 
do vale de Chicama onde praticaram 
a pesca e o cultivo de milho, mate e abóbora. Em torno de 100 a.C. surge a segunda, a cultura virú, que construiu 
grandes templos piramidais e palácios aristocráticos e de economia com base na agricultura e pesca. Em torno de 500 
d.C. estes últimos acabam por se fundir aos mochicas. 
 
2. Cultura Mochica 
 
 Dominada por uma aristocracia militar, os mochicas influenciaram a costa norte entre 50 a.C. e 650 d.C. 
Ocuparam os vales de Pascamayo, Chicama, Virú e Moche, sua principal cidade. 
 Tinham uma estrutura social hierarquizada e presidida por chefes guerreiros-sacerdotes de caráter semidivino 
e que gozavam dos benefícios de uma nobreza. Em uma escala mais abaixo estavam os pescadores e os camponeses e 
por fim, os sacerdotes recrutados entre os prisioneiros de guerra. 
 Praticavam uma agricultura com sistema de irrigação, aquedutos e represas onde se destacavam o milho, o 
algodão, a mandioca, a batata, entre outros. Tinham também o mar como fonte importante de recursos. 
 Suas cidades foram poucas, entretanto se destacaram na arquitetura de mansões senhoriais, fortalezas, 
templos e centros cerimoniais. Eram importantes ceramistas, tinham um importante trabalho em metalurgia e no 
fabrico de tecidos onde documentavam sua história, vida social e religiosa. 
 Com o início da expansão imperialista dos huari em 650 d.C. ocorreu um colapso e abandono de Moche. 
 
3. Cultura Sicán 
 
Foi a última cultura do período do Horizonte Médio a se estabelecer. Entre 700 e 1.200 os lambayeque ou 
sicán foram contemporâneos dos mochicas. Produziram uma forte ourivesaria e destacada arquitetura e, seus 
principais centros cerimoniais eram o de Apurlec, Batán Grande e Chotuna. 
Segundo sua tradição, o último governante destes vales, ao quebrar os preceitos religiosos, mergulhou o reino 
em uma série de catástrofes naturais provocando a rebelião de seus súditos que, ao o matar, deram fim à linhagem 
dinásticas dos senhores destesvales. 
 
Costa Central 
 
1. Cultura Recuay 
 
 Esta cultura mostra similaridade com a cultura chavín e um intenso contato com os mochicas. Tiveram seu 
desenvolvimento entre 100 e 800 d.C. dedicando-se ao pastoreio de camelídeos, como as lhamas, à confecção e à 
cerâmica. 
 
2. Cultura Lima 
 
 Entre 200 e 900 d.C. surgia na costa central, sobre o rio Rimac, a cultura lima. Sua economia era baseada na 
agricultura e pesca, entretanto se sobressaíam como arquitetos e manufatureiros de cerâmica. Seu centro de culto foi 
Pachacamac, principal lugar sagrado, respeitado e conservado por todas as culturas posteriores. 
 
Costa Sul 
 
Cultura Nasca 
 
 Sucedendo os paracas na costa sul, de 100 a 800 d.C, floresceu uma cultura de grande complexidade social, 
estratificada e de forte belicismo, os nasca. Seus principais assentamentos foram em Cahuachí, Copara, Tambo Viejo, 
Ica e Palpa, sendo a primeira seu centro social, religioso, político e social. 
 A agricultura foi a base de sua economia mesmo diante de terras áridas, pois construíram obras de irrigação, 
aquedutos e reservatórios subterrâneos. 
 Sua estrutura política foi de grande complexidade social e estratificada. Mantiveram intenso comércio e forma 
exímios ceramistas e excelentes na confecção de artigos têxteis. No deserto entre Palpa e Nasca construíram enormes 
geoglifos, ou seja, um conjunto de linhas relacionadas a cerimônias mítico-religiosas. 
 Ao fim dos anos de 600 d.C. seu centro político, Cahuahí, foi abandonado. 
 
Serra Norte 
 
Cultura Cajamarca 
 
Entre Lambayeque e a costa de Trujillo floresceu esta cultura entre 200 e 1.400 d.C. Eram ceramistas e 
destacavam-se pela metalurgia e os produtos têxteis. A partir de 700 d.C. a cultura cajamarca desapareceu sob o 
domínio huari. 
 
Serra Central 
 
 Cultura Huarí 
 
 Em Huanta se desenvolveu a cultura huarí entre 600 e 1.200 d.C. Ali floresceu seu centro político, econômico, 
cultural e administrativo alcançando em seu apogeu o caráter militar imperialista. Erigiram sua capital e Huacaurara 
onde habitavam seus chefes e sacerdotes, grande quantidade de mercadores e artesãos. Já nos subúrbios habitavam 
os camponeses e pastores de lhamas. 
 
Altiplano 
 
1. Cultura Tiwanakota 
 
Segundo algumas teses esta cultura foi formada por grupos habitantes das orlas do lago Titicaca e apareceram 
ao longo do período de 100 a.C. a 1.200 d.C. 
O desenvolvimento de sua agricultura acabou gerando excedentes, o que possibilitou o crescimento de seus 
centros urbanos e o surgimento de uma classe dirigente e a consequente realização de obras de planificação. Tiwanaku 
foi seu principal assentamento junto com Arica. Foi certamente o primeiro estado parandino e de influência pacífica. 
Um processo de complexidade social culminou em uma sociedade dividida em estamentos, em um estado 
teocrático onde a aristocracia governante mantinha as funções administrativas, sacerdotais e militares. Abaixo desta 
nobreza seguiam os artesãos e por último os camponeses. 
A produção agrícola era realizada por um método de “cristas” encravadas junto às montanhas sendo seus 
principais produtos a batata e a mandioca. Dedicavam-se também à pesca e caça de aves lacustres e à domesticação de 
lhamas e alpacas. 
A decadência de Huari pode ter afetado a economia de Tiwanaku em 1.000 d.C. e seguida de uma grande seca 
perto do ano 1.200 d.C. 
 
A Expansão Tiwanaku-Huarí 
 
 O intenso contato entre os huarí e os tiwanakus produziu uma “Nova Ordem” de conotações sociais, políticas e 
religiosas. Sua influência militar deu-se a partir de 800 d.C. conquistando toda a costa norte, centro e sul. Nas regiões 
conquistadas implantaram sua religião, construíram canais e reservatórios de água, estradas, centros de 
armazenamentos de produtos e estações de controle fortalecendo sua rede comercial. 
 Dedicaram-se à cerâmica, a joalheria e a produção de tecidos. Em 1.000 d.C. foram aqueles que prepararam as 
bases para um grande império, os incas. 
 
Horizonte Tardio (1.000 - 1.532 d.C.) 
 
 Com o fim do poder exercido 
pelos Tiwanaku-Huarí abre-se um 
vazio para o surgimento de novas 
culturas. Desenvolveu-se neste 
período uma arquitetura agora com 
caráter bélico onde os senhorios 
exerciam sua soberania por meio de 
conquistas militares. 
 
Cultura Chimú 
 
 Ao longo da costa norte, 
entre o ano 1.000, os chimú deram 
continuidade à cultura lambayeque. 
Estabeleceram ao longo da costa uma 
confederação com províncias 
importantes como Pacatnamú, 
Purgatorio e Chicamita, sendo sua 
principal capital Chan Chan, a 
residência dos soberanos. Chan Chan 
foi uma das cidades mais povoadas e 
maiores da Ameríndia. 
 Construíram grandes obras 
públicas, canais e estradas. 
Produziram também grandes 
artefatos em ouro, cerâmicos e 
tecidos. 
 A expansão inca, em 1.450 a 1.475, sitiou as principais cidades dos chimús que as tornaram vassalas de Cuzco. 
 
Cultura Chancay 
 
 Entre 1.200 e 1.476 os povos dos vales da costa central também formaram um senhorio similar ao da costa 
norte. Os chamcay fixaram sua capital em Suculachumbi e construíram outros centros urbanos, como Pisquillo, Chico e 
Cajamarquilla. Elevaram grandes obras arquitetônicas como centros cerimoniais, palácios, habitações e obras 
hidráulicas. Sua economia tinha a agricultura, a pesca e o comercio como bases. 
 
 
 
 
 
Cultura Chanca 
 
 Na zona central do Peru, entre 1.000 e 1.420, surgiram os chancas que, segundo estudiosos, têm uma origem 
amazônica. Foram caçadores e pastores de organização patriarcal, entretanto um povo guerreiro. Foram derrotados 
pelos incas em torno do século XV. 
 
Cultura Chincha 
 
 Ocuparam os vales de Chincha, Nasca, Pisco e Ica. Estabeleceram entre 1.200 d.C. um governo monárquico de 
caráter teocrático. Sua capital estava localizada em Chincha, povoada por muitos artesãos, agricultores e pescadores. 
Com o aumento da população começaram uma expansão territorial e econômica construindo estradas, palácios e 
fortalezas. Anexaram-se aos incas sem muita resistência em 1.470 d.C. 
 
Cultura Inca 
 
 Com vários pequenos reinados disputando a supremacia da região serrana, os quechuas, povo descendente 
dos tiwanakus, estabeleceram sua capital em Cuzco. A partir de 1.438 os quéchuas eram uma de tantas outras tribos 
que rivalizavam entre si pela posse da região. Com a ascensão do rei Inca Pachacuti, houve uma anexação de territórios 
iniciando um império. 
 O maior mérito dos incas consistiu em uma elaborada organização social, alta capacidade administrativa e 
talento arquitetônico. Eliminaram a fome em todo o território devido a uma elevada organização administrativa. A 
coluna vertebral deste reino foi a complexa e extensa rede de estradas, muitas aproveitadas dos antigos huarí e chimú, 
passando por todos os acidentes geográficos, de desertos a montanhas, de pântanos a rios. 
 Sua estrutura social era designada por um complexo sistema piramidal de funcionários. No topo estaca o Inca e 
sua família real de caráter sagrado. Em seguida uma nobreza real e abaixo dela, a nobreza rural. Por fim, restavam os 
camponeses e artesãos. 
 Praticavam a pecuária de lhamas e alpacas e sua economia agrícola era baseada numa intensiva cultura de 
milho, batata, feijão, tomate, mandioca, entre outros. Praticavam um sistema de cultivo em terras fixadas em ladeiras 
nas colinas não deixando de lado as obras de caráter irrigatório. Estas terras eram divididas onde parte principal era 
destinada à família real e à nobreza, outra parte para os militares e sacerdotes e uma última parte para alimentar o 
povo. 
 Para suas conquistas utilizaram tanto alianças como guerras de onde herdaram dos vencidos sua arte e 
técnicas de ourivesaria e arquitetura. 
 Suas principais cidades eram Cuzco, Pisac, Machu Picchu e a fortaleza de Sacsayhuaman. A chegada dosespanhóis ao Peru coincidiu com uma guerra civil pela sucessão do poder e a morte do último imperador inca pelos 
conquistadores.

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