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Trabalho sobre prova pericial direito processual civil

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PROVA PERICIAL
Conceito: A prova pericial é o meio de prova que tem como objetivo esclarecer fatos que exijam um conhecimento técnico especifico para a sua exata compreensão.
Como não se pode exigir conhecimento pleno do juiz a respeito de todas as ciências humanas e exatas, sempre que o esclarecimento dos fatos exigir tal espécie de conhecimento, o juízo se valerá de um auxiliar especialista, chamado de perito.
Conforme artigo 464 CPC, a perícia consiste em exame, vistoria ou avaliação.
Exame: é a perícia que tem como objeto bens moveis, pessoas, coisa e semoventes.
Vistoria: é a perícia que tem por objeto bens imóveis.
Avaliação: é a perícia que tem por objeto a aferição de determinado bem, direito ou obrigação.
Apesar da omissão legal, a doutrina aponta uma quarta espécie de perícia: o arbitramento que consiste numa estimativa do valor de um serviço ou indenização.
Cabimento:
A prova pericial é o meio de prova mais complexo, demorado e caro de todo sistema probatório, de forma que seu deferimento deve ser reservado somente para as hipóteses em que se faça dispensável contar com o auxilio de um expert. Existem limitações legais e lógicas á produção da prova pericial.
O artigo 464,§1°,I CPC diz que a prova pericial não será produzida quando a prova de fato não depender de conhecimento especial de técnico. O objetivo da norma é determinar a dispensa da prova pericial sempre que o esclarecimento e compreensão dos fatos exijam tão somente um conhecimento comum á pessoa de cultura média.
O dispositivo legal deve ser interpretando com cuidado, pois, quando a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico, a prova pericial poderá ser produzida. Mesmo que o juiz tenha conhecimento técnico que lhe permita compreender a situação, ainda assim será exigida a presença do perito, considerando que as partes têm o direito ao procedimento da prova pericial em contraditório, o que não seria possível se o juiz atuasse como perito. Como lembra a doutrina, se não existe juiz- testemunha, também não haverá juiz- perito.
Conforme o artigo 464,§1,II CPC será dispensada a prova pericial sempre que esse meio se mostrar desnecessário em vista das outras provas produzidas, como a prova documental que pode se mostrar suficiente para o convencimento do juiz. A prova não demanda conhecimento técnico, podendo ser provada por outros meios de provas que não a pericia. Portanto, existindo a necessidade de conhecimento técnico especifico o único meio de prova admissível será justamente a perícia.
O artigo 472 CPC dispensa a prova pericial sempre que as partes, na inicial e na contestação, apresentarem pareceres técnicos ou documentos que o juiz considere elucidativos a respeito das questões de fato.
È natural que os pareceres técnicos sejam conflitantes, o que exigirá um trabalho isento de interesses, que só pode ser realizado pelo perito. A doutrina limita a dispensa da prova pericial á luz do artigo 472 CPC, a situações raras, nas quais não exista impugnação séria e fundamentada a respeito da autenticidade do parecer, da idoneidade do profissional que o elaborou, da metodologia empregada e dos fatos nele declarados,
Outra hipóteses de dispensa de produção de prova pericial prevista no artigo 464, §1, III, CPC é a verificação impraticável do fato , hipótese na qual a produção de prova pericial mostra-se inútil.
Conforme decisão do Superior Tribunal de Justiça, o indeferimento da prova pericial não constitui por si só cerceamento de defesa, já que o juiz pode dispensar aquelas provas que se mostrarem desnecessárias ou protelatórias.
Procedimento
- Indicação do perito
Era tradição do ordenamento processual brasileiro a escolha do perito ser feita pelo próprio juiz, não tendo as partes nessa escolha nenhuma influencia, que quando muito poderiam sugerir nomes ao juiz, que sempre emitia a decisão final e irrecorrível a respeito de quem funcionaria como perito da demanda judicial.
Portanto, o artigo 471 CPC, traz a possibilidade de as partes escolherem o perito, desde que sejam plenamente capazes e a causa possa ser resolvida por autocomposição.
Artigo 471:
§1: no momento da escolha do perito pelas partes, estas já devem indicar os respectivos assistentes técnicos, bem como a data e o local em que será realizada, ou iniciada, a perícia.
§2: as partes podem escolher o perito , que será imposto ao juiz independentemente de sua vontade, mas o prazo continuará a ser fixado pelo juiz.
§3: para equiparar a atuação do perito indicado pelas partes ao do indicado pelo juiz, prevê que a perícia consensual, substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.
O juiz deve ser alguém de confiança das partes, somente se essas não chegarem a um acordo, prevalecerá a escolha de alguém de confiança do juiz.
Perícia complexa de acordo com artigo 475 CPC, a indicação de todos os peritos que atuam na demanda deve ser realizada pelo juiz. Decisão do Superior Tribunal de Justiça não cabe ao perito indicado pelo juiz, percebendo a necessidade de outro conhecimento técnico especifico, indicar outro perito para complementar o trabalho pericial, deve o juiz indicar mais um perito para trabalhar conjuntamente com aquele originariamente indicado.
Artigo 156, §1 CPC, prevê que os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
Conforme o artigo 157,§2, CPC, prevê que será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para habilitação á consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observados a capacidade técnica e a área de conhecimento. Esta lista disponibilizada pelo tribunal é irrelevante, podendo ser escolhido perito estranho a ela, sendo tal hipótese mais um demonstração clara da perda de poder do juiz na nomeação do perito judicial.
Artigo 156, §5, prevê na localidade onde não houver inscritos no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou cientifico comprovadamente detentor do conhecimento necessário á realização da perícia, na pratica retornando-se, assim ao sistema anterior.
O objetivo: é manter um cadastro com pessoas qualificadas ao exercício de suas funções entre os peritos cadastrados, inclusive no tocante á atualização do conhecimento, de forma que os peritos ultrapassados, que não se adequarem ás novas exigências de conhecimento, sejam excluídos do cadastro.
Nos termos do artigo 148, II CPC, as causas de impedimento e suspeição previstas par ao juiz são aplicáveis aos demais auxiliares da justiça, inclusive o perito.
No outro lado, o artigo 468 CPC consagra a possibilidade de o perito ser substituto quando faltar-lhe conhecimento técnico ou cientifico ou quando atrasar sem motivo legítimo a entrega de laudo pericial.
O artigo 478 CPC, prevê que na perícia referente a autenticidade ou falsidade documental, ou ainda de natureza médico-legal, o juiz de preferencia indique técnico de estabelecimento oficial especializado.
- Escusa do perito
O encargo de perito, representa a prestação de um serviço público eventual, e, segundo o artigo 378 CPC, ninguém está eximido de auxiliar o juízo na busca da verdade.
Segundo o artigo 467 CPC, o perito pode escusar-se da tarefa por motivo legítimo. A escusa deve ser apresentada dentro de 15 dias da intimação ou do impedimento superveniente.
- Prova pericial complexa
Artigo 475 CPC, apenas confirma legislativamente pratica tradicional na praxe forense mesmo antes da modificação legislativa. A complexidade crescente das relações humanas é inegável, transportando ao processo matérias novas e cada vez mais complexas. Este mesmo artigo permite ao juiz a nomeação de mais de um perito para produção do trabalho pericial.
Cumpre registrar que, apesar da qualidade indiscutível do artigo 475 CPC e da utilidadedo que prevê, a multiplicidade de peritos deve ser excepcional, concentrar em um só perito todo o trabalho pericial . Esse cuidado do juiz atende aos princípios da celeridade e da economia.
-Substituição do perito
É tratado pelo artigo 468 CPC, que prevê duas hipóteses:
Perito que não tem conhecimento técnico ou cientifico necessário, a ponto de impedir que o trabalho pericial seja realizado a contento. Trata-se de hipóteses de rara ocorrência em razão de ser o próprio juiz o responsável pela indicação do perito, presumindo-se ter ciência prévia de sua capacidade.
O descumprimento do prazo para entrega do laudo pericial sem motivo legítimo, devendo-se a todo custo evitar essa hipótese de substituição considerando-se todo o tempo, energia e dinheiro já gastos.
Caso o perito não cumpra o prazo para entrega do laudo, comunicará a ocorrência á corporação profissional da qual o perito faça parte, para as devidas sanções administrativas. Poderá, também, impor multa, tomando por base de calculo o valor da causa e possível prejuízo decorrente de atraso.
Além das hipóteses do artigo 468, o perito também será substituto se alegar ser suspeito ou impedido ( artigo 148, II, CPC).
Segundo o artigo 148, §1, CPC, caberá á parte no primeiro momento em que falar nos autos após a indicação do perito arguir sua parcialidade em petição fundamentada e devidamente instruída.
Em criticável decisão, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que a alegação de suspeição do perito não pode ser realizada depois de apresentado o laudo porque tal possibilidade poderia levar a parte a “ plantar uma nulidade” no caso de laudo desfavorável a seus interesses. Segundo o equivocado julgado, a exceção deve ser arguida no primeiro momento em que a parte falar nos autos após nomeação do perito.
O entendimento é inaceitável porque parte da premissa de que o perito “nasce” suspeito, não podendo se tornar suspeito durante a produção da prova pericial.
- Atos preparatórios
O artigo 465 CPC, prevê que o juiz nomeará o perito e fixará imediato o prazo para entrega do laudo. Contados 15 dias da intimação da decisão, o §1 do artigo 465 CPC, chama de despacho, as partes deverão arguir impedimento ou suspeição do perito, se for o caso, indicar assistente técnico e apresentar quesitos. Trata-se de ônus processual imperfeito, considerando-se que a ausência de tais indicações não irá necessariamente criar uma situação de desvantagem a parte.
Segundo o §2 do artigo referido , ciente de nomeação, o perito terá um prazo de 5 dias para apresentar sua proposta de honorários, indicar seu currículo, a fim de comprovar sua especialização, e indicar seus contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico que servirá para intimações.
Segundo o §3 do artigo referido, as partes serão intimadas a respeito da proposta de honorários do perito e terão cinco dias para se manifestar, decidindo o juiz logo após.
Segundo o §4,o juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados pelo juiz, sendo o restante pago somente quando o laudo for entregue e todos os esclarecimentos prestados. Segundo o §5, prevê que quando a pericia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.
Artigo 469 do CPC, indica a possibilidade das partes apresentarem quesitos suplementares, independente de a parte ter indicado quesitos inicias, hipótese na qual a parte contraria será intimada em respeito ao principio do contraditório.
Artigo 470,I, CPC, caberá ao juiz indeferir quesitos impertinentes e formular os que entender necessários para o esclarecimentos dos fatos.
Quando a prova pericial tiver que ser realizada em outro foro, caberá a expedição de carta precatória e em outro país, de carta rogatória.
- Intimação previa das partes
Em respeito ao principio do contraditório, o artigo 474 CPC, prevê a intimação das partes, na pessoa de seu advogado, da data e local designados para o inicio dos trabalhos periciais, devendo também constar na intimação a hora em que os trabalhos se iniciarem.
Consagra o entendimento de que somente impugnar o laudo pericial não é o suficiente para atender o principio do contraditório, devendo ás partes tem uma ampla participação , inclusive com objetivos fiscalizadores.
Limitar o contraditório na prova inicial á impugnação depois do laudo pronto e acabado seria o mesmo que impedir a presença das partes e seus patronos na audiência de instrução e julgamento, limitando-se sua participação na prova testemunhal a impugnar o depoimento das testemunhas.
- Apresentação do laudo
Novidade do artigo 473 CPC, é a primeira vez que o legislador se preocupa em regulamentar a forma e o conteúdo do laudo pericial. Como mostra os quatro incisos os elementos do laudo pericial: I- exposição do objeto da perícia, II- análise técnica ou cientifica realizada pelo perito, III- indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou, IV- resposta conclusiva a todos quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
Ao expor o objeto da pericia cabe ao perito indicar com precisão e forma especificada aos fatos controvertidos que exigem seu conhecimento técnico para serem esclarecidos.
A analise técnica ou cientifica é a própria essência da pericia, sendo justamente em razão de tal analise que tal meio de prova é produzida.
Artigo 474,III, CPC, trata-se da exigência de indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou.
Conforme a melhor doutrina, influenciada pela experiência norte americana, são quatro os requisitos para se atender a exigência legal: a) controlabilidade, ou seja, indicação de que o método vem sendo testado e utilizado; b) determinação de percentual de erro em testes anteriormente realizados, c) avaliação do método por outros experts, d) aceitação geral na comunidade cientifica. 
Por fim, cabe ao perito responder de forma conclusiva os quesitos formulados pelas partes, pelo juiz e pelo Ministério Público, quando participar do processo como fiscal da ordem jurídica justa.
Seguindo a tendência de simplificação na linguagem utilizada no processo, o artigo 473, §1, CPC, exige do perito a utilização de linguagem simples e com coerência logica, com a devida justificativa de suas conclusões. §2 prevê ser vedado ao perito ultrapassar os limites da sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou cientifico do objeto da pericia.§3 o laudo pericial deverá ser instruído com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto de pericia. O objeto da norma claramente é permitir uma melhor compreensão do trabalho pericial.
 o perito deve protocolar em cartório o laudo pericial no prazo fixado pelo juiz, admitindo-se quem em situações excepcionais, provando o perito um motivo justificado, o prazo seja prorrogado por no máximo uma vez pela metade do prazo originalmente fixado.
Conforme artigo 477 CPC, exige um prazo mínimo de 20 dias entre a data do protocolo do laudo pericial e a data da audiência de instrução.
Segundo o artigo 477, §1 CPC, após o protocolo do laudo pericial em cartório as partes serão intimadas para se manifestarem no prazo comum de 15 dias sobre o laudo, mesmo tempo que os assistentes disporão para apresentar seus pareceres técnicos. 
Havendo manifestação das partes, o artigo 477, §2, CPC, prevê que cabe ao perito, no prazo de 15 dias, esclarecer ponto: I- sobre o qual existia divergência ou duvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público, II- divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte. §3 poderão pedir a intimação do perito e do assistente técnico para comparecimento em audiência 
Prova pericial e audiência de instrução e julgamento 
Regra: a prova pericialé produzida antes da audiência de instrução e julgamento , e até mesmo em processos nos quais não há tal audiência , em razão da desnecessidade de produção de prova oral.
O Artigo 464, §2,CPC prevê a chamada pericia simples, que passa a ser chamada pela lei de prova técnica simplificada, a ser realizada na audiência de instrução e julgamento quando o ponto controvertido for de menor complexidade. 
Além de impugnar por escrito o laudo pericial nos termos do artigo 477,§1, CPC, de acordo com o §3 do mesmo dispositivo, as partes podem requerer a intimação do perito e dos assistentes técnicos, para comparecer á audiência e prestar esclarecimentos. Apesar do artigo 477, §3, CPC não exigir fundamentação nesses pedido, a parte diligente deve indicar contradições e/ou inconsistências do laudo pericial , evitando assim que o juiz indefira o pedido entendendo que os esclarecimentos são impertinentes o que segundo o Superior Tribunal de Justiça, não configura cerceamento de defesa.
O prazo previsto para o protocolo da petição de requer a presença do perito ou do assistente técnico em audiência de instrução e julgamento é de 10 dias antes da audiência de instrução e julgamento, conforme o artigo 477, §4 CPC, devendo o perito ou assistente técnico ser intimado por meio eletrônico. 
Segunda perícia 
Não parecendo ao juiz que os fatos que foram objeto da pericia, estejam devidamente esclarecidos, é admissível a designação de uma nova pericia, sem que a primeira seja inteiramente desconsiderada, ou seja, o juiz poderá em sua fundamentação valer-se de ambas as pericias na formação de seu convencimento (artigo 480,§3,CPC). Essa segunda pericia tem como objeto os mesmo fatos sobre os quais recaiu a primeira, sendo realizada justamente porque a primeira pericia mostrou-se defeituosa ou incompleta (artigo 480,§1, CPC).
Nos termos do artigo 1.009, §1 CPC, o juiz poderá determinar a segunda pericia de oficio ou a requerimento das partes, sempre por meio de decisão interlocutória não recorrível por agravo de instrumento, mas em apelação ou contrarrazões. 
O juiz escolhe o perito para a segunda pericia.
Principio da persuasão racional e a prova pericial 
O sistema de valoração das provas adotado pelo sistema processual brasileiro é o da persuasão racional, também chamado livre convencimento motivado. Significa dizer que não existem cargas de convencimento preestabelecidas dos meios de prova.
Apesar da relativa liberdade do juiz na valoração da prova, é inegável que, produzido um laudo pericial, a fundamentação do juiz que não considera suas conclusões se afasta do que se costuma esperar da conduta no juiz.
Justamente em razão da relevância da prova pericial, cabe ao juiz na aplicação do artigo 479, CPC, expressamente indicar na fundamentação os motivos pelos quais não adotou as conclusões periciais, com a indicação das outras provas que entender suficientes á formação de seu convencimento.

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