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MONOGRAFIA - PENSÃO ALIMENTÍCIA E SEUS EFEITOS LEGAIS COM A POSSIBILIDADE DE ALIMENTOS AVOENGOS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO 
 ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO DE PRESIDENTE PRUDENTE 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PENSÃO ALIMENTÍCIA E SEUS EFEITOS LEGAIS COM A POSSIBILIDADE DE 
ALIMENTOS AVOENGOS 
 
Ana Laura de Moraes Vilela 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente/SP 
2023 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO 
 ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO DE PRESIDENTE PRUDENTE 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PENSÃO ALIMENTÍCIA E SEUS EFEITOS LEGAIS COM A POSSIBILIDADE DE 
ALIMENTOS AVOENGOS 
 
Ana Laura de Moraes Vilela 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial de conclusão do curso e obtenção 
do grau de Bacharel em Direito, sob a 
orientação da Professora Gisele Caversan 
Beltrami Marcato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente/SP 
2023
10 
 
 
PENSÃO ALIMENTÍCIA E SEUS EFEITOS LEGAIS COM A POSSIBILIDADE DE 
ALIMENTOS AVOENGOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial para obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
________________________________ 
Gisele Caversan Beltrami Marcato 
 
 
 
 
________________________________ 
Carla Destro 
 
 
 
________________________________ 
Matheus Henrique de Almeida Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente, ____________. 
 
11 
 
DEDICATÓRIA E/OU EPÍGRAFE 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida e por 
não ter me deixado desistir até mesmo quando achei que não era capaz de 
continuar. Por conseguinte, dedico também a minha família que é meu porto seguro 
e o maior bem que tenho, pois sempre confiaram no meu desempenho e na minha 
capacidade. Ao fim, e não menos importante, venho a dedicar a presente 
monografia ao meu Pai, que hoje não se encontra mais presente no mundo real, 
mas viverá eternamente em mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço em primeiro lugar a Deus, o maior orientador da minha vida, pois sempre 
me manteve de pé, me ajudando a vencer todas as batalhas que surgiram no 
decorrer deste processo. 
Agradeço a minha avó Terezinha, a qual nunca mediu esforços para que eu pudesse 
chegar onde estou. Desde o começo do meu curso até hoje, sempre me motivou, 
sempre me fez acreditar que eu era capaz, permanecendo em todas as 
circunstancias ao meu lado. Devo a ela todas as minhas vitórias e conquistas 
adquiridas em minha vida. 
Agradeço a minha mãe Claudia por todo esforço investido em mim e em minha 
educação, bem como todo o apoio, carinho, confiança e amor que sempre teve por 
mim, sempre mostrando para todos o orgulho que sente por me ter como filha. 
Agradeço ao meu irmão Leonardo por ser meu espelho, inspiração, porto seguro e o 
maior orgulho da minha vida. Sempre me inspirei no meu irmão, pela sua dedicação 
em tudo que faz e pela força de vontade que tem de vencer. Obrigada por sempre 
ter me motivado e permanecido ao meu lado quando mais precisei. 
Agradeço ao meu tio Roberto Cezar por ter me dado força para iniciar o meu tão 
sonhado curso de direito. 
Agradeço ao meu namorado Marco e sua família que sempre se fizeram presentes 
em minha vida me acompanhando nesta linda trajetória que venho traçando a cada 
dia, torcendo muito pelo meu sucesso. 
Agradeço também a minha amiga Isabele que foi um presente que este curso me 
deu, sem a amizade dela, seu apoio e sua ajuda seria muito difícil concluir este ciclo. 
Quero agradecer também a minha orientadora e professora Gisele, por toda 
orientação dada e por ter confiado em mim e no meu projeto desde o início, bem 
como a instituição Toledo Prudente e todo seu corpo docente responsáveis pelos 
conhecimentos que adquiri ao longo destes anos. 
13 
 
Agradeço aos examinadores da minha banca que se fizeram presente neste 
momento especial e a todas as outras pessoas que não foram mencionadas aqui, 
mas que fizeram parte da minha trajetória. 
Por fim, agradeço a mim mesma pela perseverança e força de vontade que tive 
durante esses quatros anos, superando todos os obstáculos que me ocorreram. 
Lutei, superei e venci. Agora estou pronta para viver o futuro que Deus reservou 
para mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
RESUMO 
 
A presente monografia tem por objetivo analisar a origem e evolução histórica no 
tocante aos alimentos, evidenciando pontos fundamentais sobre a obrigação de 
alimentar a vista do entendimento de alguns operadores do Direito. Para tanto, 
serão estudados os aspectos constitucionais do Direito de Família, esclarecendo 
sua evolução. Do mesmo modo, será observado a responsabilidade alimentar 
perante os genitores e os progenitores, evidenciando a possibilidade da prisão civil 
dos mesmos. Posto isto, o método utilizado no desenvolvimento da presente 
pesquisa, foi o dedutivo, partindo da análise geral da origem e da evolução dos 
alimentos, constatando quais os pontos fundamentais sobre a obrigação alimentar e 
as medidas coercitivas aplicadas aos responsáveis da obrigação em caso de 
descumprimento. 
 
Palavras-chave: Alimentos. Dignidade Humana. Alimentos Avoengos. Obrigação 
de alimentar. Prisão Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
ABSTRACT 
 
The present monograph aims to analyze the origin and historical evolution of 
alimony, highlighting fundamental points about the obligation to feed in view of the 
understanding of some legal practitioners. To this end, the constitutional aspects of 
Family Law will be studied, clarifying its evolution. In the same way, the maintenance 
liability towards the parents will be observed, highlighting the possibility of their civil 
imprisonment. That said, the method used in the development of this research was 
deductive, starting from the general analysis of the origin and evolution of food, 
verifying the fundamental points about the maintenance obligation and the coercive 
measures applied to those responsible for the obligation in case of non-compliance. 
 
Keywords: Food. Human Dignity. Foods Avoengos. Obligation to feed. Civil 
Imprisonment. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
SÚMARIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17 
2 ANÁLISE HISTÓRICA DOS ALIMENTOS ............................................................. 21 
2.1 Evolução Histórica dos Alimentos ....................................................................... 21 
2.2 Origem e Evolução da Família ............................................................................ 24 
2.3 Natureza Jurídica ................................................................................................ 26 
3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ALIMENTOS ................................................. 28 
3.1 Direito Personalíssimo......................................................................................... 28 
3.2 Irrenunciabilidade ................................................................................................ 28 
3.3 Inalienabilidade ................................................................................................... 29 
4 FINALIDADE DOS ALIMENTOS ............................................................................ 32 
5 PRESSUPOSTOS PARA O DEFERIMENTO ........................................................ 34 
6 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ......................................................................... 36 
6.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ........................................................ 36 
6.2 Princípio da Solidariedade Familiar ..................................................................... 37 
6.3 Princípio do Melhor Interesse da Criança............................................................ 38 
6.4 Princípioda Reciprocidade .................................................................................. 40 
7 DOS ALIMENTOS .................................................................................................. 43 
7.1 Pressupostos da Obrigação Alimentar ................................................................ 43 
7.2 Sujeitos do Dever de Alimentar ........................................................................... 46 
7.3 Obrigação de Alimentar e Dever de Prestar Alimentos ....................................... 47 
7.4 Extinção da Obrigação Alimentar ........................................................................ 47 
8. ALIMENTOS AVOENGOS .................................................................................... 51 
8.1 Caráter Subsidiário e Complementar dos Avós ................................................... 53 
8.2 Inadimplemento da Responsabilidade Alimentar dos Avós ................................. 54 
8.3 Prisão Civil do Devedor de Alimentos ................................................................. 56 
8. 4 (In) Viabilidade da Prisão Civil dos Avós ............................................................ 58 
9. EXECUÇÃO DOS ALIMENTOS ............................................................................ 64 
9.1 A Execução de Alimentos Sob a Luz da Lei 13.105/2015 ................................... 64 
9.2 Outras Medidas Coercitivas ................................................................................ 66 
9.3 O Direito de Visitas e os Alimentos ..................................................................... 69 
10 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 75 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79 
17 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A presente monografia buscou abordar questões de grande 
importância social, analisando a complexidade histórica no decorrer dos anos para 
se obter a pensão alimentícia, bem como evidenciou os pressupostos para o 
deferimento e a transferência de responsabilidade da obrigação aos avós. 
Os alimentos são espécies advindos do direito de família, encontrando 
seu principal fundamento na Constituição Federal, prevalecendo o princípio da 
Dignidade da Pessoa Humana. O tema aqui presente, busca debater as questões 
sociais e jurídicas sobre os alimentos, por ser um assunto de extrema relevância em 
nosso ordenamento jurídico, uma vez que se encontra presente os direitos de 
subsistência dos filhos e os deveres dos pais de garantir esta subsistência aos filhos. 
Posto isto, existe uma valoração a ser realizada em ordem hierárquica 
sobre os bens tutelados pelo nosso ordenamento jurídico, uma vez que, a vida e a 
dignidade da pessoa humana se sobressai sobre os demais bens tutelados, tendo 
em vista que são bens maiores e merecem proteção. Inexistindo ambos, os demais 
não fariam sentido. O tema desenvolvido é pertinente ao direito fundamental a vida, 
pois o direito aos alimentos assegura o direito supracitado promovendo sua 
dignidade. 
A princípio evidenciou-se que a pensão alimentícia é o meio mais 
adequado para se buscar os recursos necessários para a manutenção da vida e a 
subsistência do necessitando, que por si só não consegue promover tais 
necessidades. 
Diante disto, no decorrer do tempo houve inúmeras tentativas em 
conceituar família, fato este que foi se modificando com o tempo e prevalecendo a 
ideia de que família deve ser vista como um grupo social que possuem laços 
afetivos, promovendo a dignidade humana, de modo que cada pessoa possa ter a 
felicidade da maneira que lhe for melhor, possuindo respaldo com nosso 
ordenamento jurídico, reconhecendo a família contemporânea. 
Em continuidade, demonstrou-se a natureza jurídica de alimentar, visto 
que ela está umbilicalmente ligada a origem de obrigação, a qual esta decorre do 
poder familiar ou de um vínculo de parentesco, visando a solidariedade familiar, para 
tal entendimento existe três correntes dissertantes sobre o assunto. 
18 
 
Desse modo, demonstrou-se as características gerais dos alimentos, 
entendendo-se que os alimentos são configurados como direito personalíssimo, 
irrenunciáveis e inalienáveis, características fundamentais para o estudo dos 
alimentos. 
No que diz respeito a finalidade que os alimentos possuem trata-se de 
uma finalidade especifica, podendo ser de caráter definitivos, provisórios, 
provisionais, transitórios e compensatórios, a depender do caso em concreto. 
Diante disto, a pesquisa demonstrou também, demonstra os 
pressupostos básicos para se obter a concessão dos alimentos devendo ser 
analisado incialmente três pressupostos, sendo eles o de necessidade, possibilidade 
e proporcionalidade, inexistindo um dos pressupostos cessa a obrigação, uma vez 
que a concessão do benefício não é gerar enriquecimento ao alimentado e sim dar a 
ele uma vida dignada, desde que não comprometa a manutenção da vida do 
alimentando. 
Além disso, uma retratação histórica enfatizou uma análise 
comparando o sistema atual, baseando-se no método dedutivo, a luz do 
entendimento doutrinário de Yuseff Said Cahali. 
Ademais, é de grande relevância foi a abordagem sobre os princípios 
constitucionais que regem a obrigação alimentar, pois resguardam direitos 
inalienáveis do alimentado. 
O princípio da dignidade da pessoa humana, trata-se do bem mais 
amplo dentro do nosso ordenamento jurídico, pois engloba todos os elementos 
sociais presentes em nossa sociedade. Os pais necessitam proporcionar vida digna 
aos seus filhos. 
No tocante ao princípio da solidariedade familiar, existe-se o núcleo 
familiar no tocante aos filhos, impetrando deveres a cada um dos indivíduos 
responsáveis, para que não haja violação aos direitos dos filhos. 
O princípio do melhor interesse da criança abarca a ideia na qual 
estamos diante de crianças que exercem direitos especiais tendo em vista a sua 
vulnerabilidade frente aos responsáveis, devendo sempre prevalecer o interesse da 
criança, para evitar que o bem estar dela seja lesado. 
No que se refere o princípio da reciprocidade, destacou-se que todos 
os responsáveis pelo necessitado, detêm a obrigação de ampará-lo, existindo a 
reciprocidade alimentar, na medida da sua obrigação. 
19 
 
Para que possamos compreender melhor o assunto abordado nesta 
pesquisa, foi necessário evidenciar quais são os pressupostos da obrigação 
alimentar, sendo eles: o caráter parental, a necessidade do alimentado, 
possibilidade de prestar alimentos, bem como a proporcionalidade da obrigação. 
Desse modo, o Código Civil em seu artigo 1.694 aponta quem são os 
sujeitos do dever de alimentar, retirando aquela ideia de que somente os genitores 
seriam responsáveis pela obrigação. 
Quando se tratamos de obrigação alimentar, devemos ressaltar que 
não se trata de uma obrigação perpetua, existindo um início e um fim, havendo o 
entendimento que o encerramento desta obrigação se dá com a o término da 
necessidade do alimentado, mas que tal obrigação deve permanecer o tempo 
necessário para que o necessitado se desenvolva. 
Sob o viés dos alimentos avoengos, esta é uma obrigação que 
necessita do preenchimento de requisitos necessários e específicos, pois a 
obrigação primordial advém dos genitores responsáveis, e quando os mesmo não 
puderem arcar com a obrigação, a mesma poderá ser transferida aos avós. 
Desse modo, os alimentos avoengos mencionados, possuem caráter 
subsidiário pois quando comprovada a insuficiência dos genitores em cumprir com a 
obrigação, seja por falta de recursos financeiros ou por morte transferirá para os 
avós, e ainda, caráter complementar, que quando o genitor responsável não 
conseguir arcar com a obrigação total, poderá chamar os avós para complementar o 
restante. 
Com a obrigação interposta para os avós,os mesmos poderão se 
tornar inadimplentes, e para tal acontecimento a legislação interpôs medidas 
executórias para os avós, afim de realizarem o cumprimento desta obrigação. 
O devedor de alimentos seja os genitores ou progenitores, em 
hipóteses especificas poderão ser submetidos a prisão civil por falta de pagamento 
da pensão alimentícia, pois envolve o direito de subsistência do alimentado, pois a 
falta dos alimentos poderá trazer prejuízos até mesmo irreparáveis ao necessitado, e 
como medida coercitiva, utiliza-se da prisão civil ao devedor de alimentos. 
A execução de alimentos é meio hábil para satisfazer a obrigação 
alimentar quando houver o inadimplemento da obrigação, buscando ser um 
mecanismo célere para obter o cumprimento da obrigação. Diante da execução, o 
magistrado pode se valer de medidas coercitivas atípicas, analisando sempre o caso 
20 
 
em concreto e buscando alternativas suficientes para que a quitação do débito 
alimentar seja efetivada. 
Por fim, a presente monografia através do método dedutivo contribuiu 
para um debate sobre a obrigação da pensão alimentícia em nosso ordenamento, 
bem como a transferência da sua responsabilidade, e as consequências pelo 
descumprimento desta obrigação, esclarecendo pontos importantes baseando-se em 
material doutrinário, jurisprudência e legislação específica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
2 ANÁLISE HISTÓRICA DOS ALIMENTOS 
Primeiramente abordaremos a análise histórica juntamente com a 
evolução legislativa dos alimentos, bem como a origem e a evolução da família, 
levando em consideração a sua natureza jurídica. 
 
2.1 Evolução Histórica dos Alimentos 
O primeiro direito fundamental de toda pessoa se dá com seu 
nascimento, ou seja, a vida. Todos os seres humanos possuem o direito 
imprescindível a vida, devendo ser assegurado a sua dignidade. Nosso 
ordenamento brasileiro, traz consigo a proteção aos direitos fundamentais em ordem 
hierárquica, podendo ser analisado desde o princípio, que a vida e a dignidade da 
pessoa humana prevalece sobre os demais direitos, visto que são considerados o 
maior bem jurídico tutelado no ordenamento, de modo que, qual outros direitos se 
tornariam ineficazes. 
Partindo desta premissa, o instituto dos alimentos deriva do direito à 
vida, pois todo ser humano necessita de subsídios para sua sobrevivência, 
assegurando, assim o princípio da dignidade da pessoa humana. 
O direito obrigacional aos alimentos, perdura-se por séculos, tornando-
se um conceito social importantíssimo e avançando ao longo do tempo. 
Alguns autores clássicos do direito, não traz esta obrigação como 
somente uma responsabilidade imposta, mas como um dever moral e social, 
conferindo uma vida digna aquele que necessita. 
Conforme o entendimento por Yuseff Said Cahali (2002,p.45-46): 
 
[...] os alimentos constituíam dever moral, sendo concedidos sem regra 
jurídica. Entre os romanos, os alimentos concedidos pelo marido a sua 
esposa diziam-se prestados a título de inferioridade, restrição de direitos e 
discriminação, em que então vivia a mulher a exemplo dos filhos e dos 
escravos, submetidas a autoridade do pater famílias que concentrava em 
suas mãos todos os direitos sem que qualquer obrigação se vinculasse aos 
seus dependentes, onde estes não poderiam exercitar contra o titular 
nenhuma pretensão de caráter patrimonial. 
 
22 
 
A Constituição Federal é quem deu origem aos alimentos, através do 
princípio da dignidade da pessoa humana, em seu artigo 1º, inciso III, atendendo as 
necessidades de uma pessoa que não possui condições plenas de manter sua 
subsistência. 
O entendimento sobre alimentos, é amplo, uma vez que a obrigação 
imposta deriva de tudo aquilo que a criança necessita para seu bem-estar, desde a 
sua concepção, retirando a ideia de que alimentos seria somente no âmbito de 
alimentação propriamente dita. 
Nas falácias de Cristiano Chaves Farias e Rosenvald: 
 
[...] é possível entender-se por alimentos o conjunto de meios materiais 
necessários para a existência das pessoas, sob o ponto de vista físico, 
psíquico e intelectual. Nessa linha de reflexão, em concepção jurídica 
alimentos podem ser conceituados como tudo o que se afigurar necessário 
para a manutenção de uma pessoa humana, compreendidos os mais 
diferentes valores necessários para uma vida digna. (FARIS e 
ROSENVALD, 2016, p.702) 
 
Ainda, diz a respeito sobre o tema o civilista Orlando Gomes: 
 
Alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem 
não pode provê-las por si. A expressão designa medidas diversas. Ora 
significa o que é estritamente necessário à vida de uma pessoa, 
compreendendo, tão somente, a alimentação, a cura, o vestuário e a 
habitação, ora abrange outras necessidades, compreendidas as intelectuais 
e morais, variando conforme a posição social da pessoa necessitada. 
(GOMES, 1999, p.427) 
 
Aperfeiçoando a ideia supracitada, pode-se abranger alimentos como: 
alimentação, transporte, saúde, moradia, educação, dentre todas as necessidades 
básicas que garantem a vida digna do necessitado. 
Partimos do pressuposto em que o Código Civil, evidencia um capitulo 
especifico para se referir aos alimentos (Capítulo VI, Subtítulo III, artigos 1.694 á 
1.710). Contudo, não traz consigo uma definição exata da palavra alimento, sendo 
possível encontrar tal entendimento no artigo 1.920 do Código Civil, podendo ser 
interpretado de forma ampliativa, pois o mesmo evidencia o sustento a cura, o 
vestuário e a residência, enquanto o legatário viver, além da educação se o mesmo 
for menor de idade. 
23 
 
Não se sabe ao certo o momento preciso do reconhecimento da 
obrigação alimentar no Direito Romano pela solidariedade familiar, segundo Cahali 
(2006, p. 39). 
Posto isto, o Direito Romano não tratava sobre o direito de alimentos 
entre familiares, uma vez que na época a família era assegurada por um chefe 
familiar, sendo o pai, possuindo ele todos os direitos sobre a família, enquanto os 
demais dependentes não possuíam acesso ao patrimônio do pai (chefe), não 
restando, portanto patrimônio algum e não sendo possível a obrigação alimentar 
recíproca entre familiares, dispõe Cahali (2006, p. 38-39): 
 
[...] tendo em vista que o único vínculo existente entre os integrantes do 
grupo familiar seria o vínculo do pátrio poder; a teor daquela estrutura, o 
pater familias concentrava em suas mãos todos os direitos, sem que 
qualquer obrigação o vinculasse aos seus dependentes, sobre os quais, 
aliás tinha o ius vitae et necis; gravitando à sua volta, tais dependentes não 
poderiam exercitar contra o titular da pátria potestas nenhuma pretensão de 
caráter patrimonial, como a derivada dos alimentos, na medida em que 
todos eram privados de qualquer capacidade patrimonial; com a natural 
recíproca da inexigibilidade de alimentos pelo pater em relação aos 
membros da família sob seu poder, à evidência de não disporem esses de 
patrimônio próprio. 
 
Posto isto, é perfeitamente possível analisar que a obrigação alimentar 
não esteve presente nos primeiros momentos da legislação romana, mas este 
reconhecimento se fortaleceu quando o vinculo de sangue se estabeleceu entre os 
integrantes de uma família e passou a ser visto com maior ênfase (CAHALI, 2009, 
p.42). 
É clarividente, que no Direito Romano a ideia de direito alimentar, não 
era tão somente uma obrigação, mas sim uma causa de caridade para quem 
necessitava, estando presente um dos binômios, sendo ele a necessidade. 
Anos pós anos, adentrou a ideia de obrigatoriedade deste direito, 
através dos conceitos, das perspectivas sociais, alterando o entendimento que se 
tinha por alimentos. 
Analisando a parte histórica do Brasil, enfatiza-se as Ordenações 
Filipinas, que tratavam-se de decretos realizados pelos reis de Portugal, influenciado 
pelo Direito Romano, já com perspectiva obrigacional,destacando Yussef Cahali 
(2009, p.479). 
24 
 
Se alguns órfãos forem filhos de tais pessoas, que não devam ser dados por 
soldadas, o juiz lhes ordenará o que lhes for necessário para o seu 
mantimento, vestido e calçado, e tudo mais em cada ano. E mandará 
escrever no inventário, para se levar em conta a seu tutor ou curador. E 
mandará ensinar a ler e escrever aqueles, que forem para isso, até a idade 
de 12 anos. E daí em diante, lhes ordenará sua vida e ensino, segundo a 
qualidade de suas pessoas e fazenda. 
 
Analisando mais a frente, com o nascimento da Consolidação das Leis 
Civis, houve grande mudança nos dizeres obrigacionais. Posto isto, logo após, no 
ano de 1916 adentrou no ordenamento o Código Civil, possuindo vigência e assim, a 
Consolidação perdeu seus efeitos legais. 
Assim, o Código Civil mencionado anteriormente, juntamente com a 
Constituição de 1891, introduziu os deveres de ambos os cônjuges no tocante ao 
sustento, guarda e educação dos filhos em seu artigo 231. Ainda, em janeiro de 
2002 surgiu o novo Código Civil, pela lei 10.406, mantendo as mesmas obrigações e 
deveres. 
Portanto, cabe destacar que o código de 2002, atualmente vigente, não 
trouxe consigo alterações inovadoras, garantindo tão somente o direito legal do 
alimentado, por seus responsáveis, tratando-se de obrigatoriedade real e efetiva. 
 
 
2.2 Origem e Evolução da Família 
Há aproximadamente 4.600 anos atrás, surgiu o entendimento de 
família como a primeira célula de organização social ligada por laços afetivos ou 
indivíduos com ancestrais em comum. 
Fazendo uma breve retomada ao Direito Romano, a organização da 
família era subordinada aos poderes limitadores que o chefe, sendo ele o pai, 
detinha sobre todos os integrantes da família, assumindo ele o controle da entidade 
e dos bens que possuíam. 
Segundo o autor Friedrick Engels (9º edição, p. 30-31), apenas o 
homem tinha o condão de desfazer o matrimônio ou repudiar sua esposa, não 
possuindo ela autonomia alguma. 
25 
 
No tocante aos filhos, os mesmos não podiam usufruir de sua infância, 
uma vez que, logo já iriam adquirir capacidade física para trabalhar, não possuindo 
mais essa distinção entre adultos e criança, pois deveriam eles partilhar os afazeres 
domésticos. 
Com o passar do tempo, essa concepção foi se moldando, existindo 
uma grande influência do Direito Canônico na base familiar, que a partir dele, a 
família seria construída através das cerimonias religiosas (BEVILAQUA, 1976, p. 
34). Posto isto, o cristianismo convalidou a ideia do casamento e sacramento, 
tornado o homem e a mulher em um único ser físico, e espiritualmente, indissociável, 
pois o casamento só seria desfeito com a morte de um deles. 
Portanto, insta salientar, que após este período veio se aperfeiçoando 
com o passar do tempo, um novo conceito sobre família, não se baseando somente 
no sacramento imposto pela religião, mas também pelos laços do afeto da união, 
dando início a família contemporânea. 
O entendimento sobre família moderna, teve início a partir do século 
XIX e foi preexistido pela Revolução Francesa e Industrial, uma vez que o mundo 
vivia em um processo constante de crise e renovações (COULANGES, 1998, p. 47). 
Após isso, começou-se valorizar mais a convivência entre seus 
integrantes e idealizar possíveis sentimentos, esperanças e valores, permitindo a 
cada pessoa seguir seu caminho sobre a realização de sua felicidade familiar. 
O Direito de Família é o ramo que mais avançou no tocante as relações 
interpessoais, acompanhando todo a evolução social que vivenciamos, zelando pela 
diversidade, afeto e felicidade. Assim, a filiação não fica somente na esfera dos 
laços sanguíneos, sendo possível aquela derivada dos laços consanguíneos e 
ainda, aquela baseada na convivência e no amor, como no caso da filiação 
socioafetiva. 
Contudo, o grande marco no Direito de Família e filiação foi a 
promulgação da Constituição de 1988, pois a partir dela foi reconhecida a união 
estável e vedada qualquer forma de discriminação em virtude da origem da filiação. 
É imprescindível o entendimento de quem hoje se reconhece a 
validade da norma observado a sua conformidade com a evolução social e os 
preceitos constitucionais, pois família incorporou a analise contemporânea, 
igualdade e afeto, baseando-se também nos princípios evidenciados pela Carta 
Magna, devendo ser interpretada pelo jurista. 
26 
 
Portanto, é imperioso as novas concepções acerca do tema família, 
uma vez que se conceitua a luz da personalidade humana, se moldando com a 
evolução social, devendo a entidade familiar ser entendida como um grupo social 
decorrente de laços afetivos, promovendo a dignidade humana no tocante aos seus 
sentimentos, de modo que cada indivíduo possa alcançar a felicidade plena da 
maneira que lhe convém, possuindo total respaldo e segurança com o ordenamento 
jurídico. 
 
2.3 Natureza Jurídica 
Podemos evidenciar que a natureza jurídica dos alimentos advém do 
pressuposto obrigação. Segundo Maria Berenice Dias, os alimentos decorrem 
sempre de um vínculo jurídico existente, pois no direito de família os alimentos 
ressoam do poder familiar, de níveis de parentesco, com o fim do matrimonio ou até 
mesmo da união estável (DIAS, 2013, p. 532). 
Posto isto, a obrigação de alimentar deriva-se do poder familiar, 
baseando-se na solidariedade entre os membros da família, obrigação esta que 
decorre do casamento ou até mesmo união estável, devendo ser mútua a 
assistência, conforme menciona Maria Berenice Dias (2013, p. 533): 
A natureza jurídica dos alimentos está ligada à origem da obrigação. O 
dever dos pais de sustentar os filhos deriva do poder familiar. A Constituição 
Federal reconhece a obrigação dos pais de ajudar, criar e educar os filhos 
menores (CF 229). A Constituição também afirma que os maiores devem 
auxiliar a amparar os pais na velhice, carência e enfermidade. É obrigação 
alimentar que repousa na solidariedade familiar entre os parentes em linha 
reta, e que se estende infinitamente(...)O encargo alimentar decorrente do 
casamento e da união estável tem origem no dever de mútua assistência, 
que existe durante a convivência e persiste mesmo depois de rompida a 
união. 
 
O respectivo tema é bem divergente até os dias de hoje, existindo da 
doutrina três correntes que fundamentam o entendimento. 
A primeira corrente sustenta a tese de que a natureza jurídica de 
prestar alimentos é como um direito pessoal extrapatrimonial, uma vez que zela pela 
manutenção digna da pessoa humana. Neste viés, o interessado não possui 
qualquer interesse econômico na prestação de alimentos, pois esta prestação não 
27 
 
visa aumentar seu capital ou seu patrimônio, o interesse do alimentado é somente 
ter condições de vida digna, suprindo seu direito á vida, que é personalíssimo. 
Em sentido contrário, aponta a segunda corrente que o direito aos 
alimentos deriva de um direito patrimonial, pois o alimentado mensalmente recebe 
uma vantagem econômica, aumentando desse modo seu patrimônio. 
Ao final, a terceira corrente abrange o entendimento das outras duas 
correntes mencionadas anteriormente, entendendo desse modo que a natureza 
jurídica da obrigação alimentar nada mais é que um direito com finalidade pessoal e 
conteúdo patrimonial. 
Esta terceira corrente é a posição majoritária e também adotada por 
Orlando Gomes (1999, p. 429), que defende a ideia: 
 
Não se pode negar a qualidade econômica da prestação própria da 
obrigação alimentar, pois consiste no pagamento periódico, de soma de 
dinheiro ou no fornecimento de víveres, cura e roupas. Apresenta-se, 
consequentemente, como uma relação patrimonial de crédito-débito; há um 
credor que pode exigir de determinado devedor uma prestação econômica. 
 
Portanto, entende-se que o interessado não visa o crescimento de seu 
patrimônio, porém, utiliza-se dessa prestação para viver dignamentee para a 
manutenção do mesmo, evitando que seja corroído ou venha a desaparecer, não se 
podendo negar o caráter ético-social, baseando-se no princípio da solidariedade 
entre os indivíduos de uma família. 
Baseando-se na vida digna do alimentado, podemos analisar que a 
primeira corrente é muito eficaz na perspectiva do direito do mesmo, visto que, de 
fato, o intuito de quem irá receber a pensão alimentícia não é aumentar seu 
patrimônio e sim receber o que é seu por direito, visando ter condições básicas para 
seu sustento, uma vez que, a fixação do montante se baseia na vida em que o 
alimentante possui, sem prejudicar seu sustento e de sua família, podendo 
proporcionar ao alimentado vida digna, não sendo coerente afirmar que o 
recebimento da pensão visa aumentar seu patrimônio pessoal. 
 
 
 
 
 
28 
 
3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ALIMENTOS 
No tocante as características gerais dos alimentos, iremos abordar os 
pontos mais relevantes sobre o tema, tratando-se do direito personalíssimo, 
irrenunciabilidade, inalienabilidade e a irrepetibilidade. 
3.1 Direito Personalíssimo 
Os alimentos são enquadrados como um direito que o alimentado 
possuí em caráter personalíssimo, ou seja, é único e exclusivo seu, não podendo ser 
transferido para outrem. 
Assim, o direito aos alimentos não podem ser objetos de cessão, 
conforme evidencia o artigo 1.707 do Código Civil de 2002 diz que: Pode o credor 
não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo 
crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. 
Contudo, o direito aos alimentos são considerados impenhoráveis e 
irrenunciáveis, uma vez que são destinados a subsistência do alimentado tendo 
caráter pessoal e não podendo ser transferido nem mesmo por negócio jurídico. 
 
 
 
3.2 Irrenunciabilidade 
Conforme mencionado anteriormente, o artigo 1.707 do Código Civil 
prevê expressamente a irrenunciabilidade aos alimentos, uma vez que é 
inadmissível a renúncia a sua própria subsistência. 
O dispositivo é bem claro no tocante a irrenunciabilidade, mas a 
tendência da doutrina majoritária é limitar a proibição legal aos alimentos tendo em 
vista a solidariedade familiar. 
29 
 
Desse modo, os alimentos em virtude do casamento e da união estável 
poderiam ser renunciados. E, havendo renúncia não poderiam mais ser rediscutidos 
futuramente, ainda que não tenha havido partilha de bens. 
DIAS (2013, p. 545) entende que reaver alimentos depois de ter 
renunciados, confronta o princípio da boa-fé objetiva, vindo contra seus próprios 
atos, pois houve uma iniciativa que criou expectativas e logo depois age de maneira 
diversa, configurando um certo abuso de direito devendo ser repelido. 
O Supremo Tribunal Federal já possui entendimento firmados, como o 
julgamento de relatoria da Ministra Nancy Andrighi: 
 
Recurso especial. Separação judicial. Acordo homologado. Cláusula de 
renúncia a alimentos. Posterior ajuizamento de ação de alimento por ex-
cônjuge. Carência de ação. Ilegitimidade ativa. A cláusula de renúncia a 
alimentos, constante em acordo de separação devidamente homologado, é 
válida e eficaz, não permitindo ao ex-cônjuge que renunciou a pretensão de 
ser pensionado ou voltar a pleitear o encargo. Deve ser reconhecida a 
carência da ação, por ilegitimidade ativa do ex-cônjuge para postular em 
juízo o que anteriormente renunciara expressamente. Recurso especial 
conhecido e provido (STJ, REsp 701.902 - SP (2004/0160908-9), Rel. Min. 
Nancy Andrighi, j.15/09/2005). (Sem grifo no original) 
 
Portanto, é visível o reconhecimento do STJ a renunciabilidade 
alimentos, advindos do casamento ou união estável. De outro modo, os alimentos 
que decorrem do poder familiar em favor dos descendentes, estes são 
irrenunciáveis. 
 
 
3.3 Inalienabilidade 
Os direitos aos alimentos são elencados como intransacionável, pois é 
espécie do direito indisponível e personalíssimo. 
O direito aos alimentos embora indisponível, pode ser acordado entre 
as partes para a fixação de valores, para que os mesmos sejam prestados. 
Segundo Gonçalves (2014), ao adentrar nesta característica, aponta 
que a forma da impossibilidade de transação deve ser analisada sob a luz do direito 
de pedir alimentos. O autor evidencia esse entendimento ao apontar que já existe 
30 
 
jurisprudência considerando admissível a transação do valor das prestações, bem 
como as vincendas e as vencidas. 
 
3.4 Irrepetibilidade 
Os alimentos em geral são caracterizados como irrepetíveis, conforme 
demonstra a autora Maria Berenice Dias (2013, p. 541): 
 
Talvez um dos mais salientes princípios que regem o tema dos alimentos 
seja o da irrepetibilidade. Como se trata de verba que serve para garantir a 
vida, destina-se à aquisição de bens de consumo para assegurar a 
sobrevivência. Assim, inimaginável pretender que sejam devolvidos. Esta 
verdade é tão evidente que até é difícil de sustentá-la. Não há como 
argumentar o óbvio. Provavelmente por esta lógica ser inquestionável é que 
o legislador não se preocupou sequer em inseri-la na lei. Daí que o princípio 
da irrepetibilidade é por todos aceitos mesmo não constando no 
ordenamento jurídico. 
 
Maria ainda aduz, que até nos casos de revisão da pensão alimentícia 
para menor e em casos de exoneração, não pode haver restituição, pois tal 
entendimento seria desestimulador para que o alimentante efetuasse o pagamento. 
Posto isto, em casos de exoneração ou revisão da pensão alimentícia, terá efeito ex-
nunc, ou seja, relacionados as pensões futuras: 
 
A irrepetibilidade também se impõe para desestimular o inadimplemento. A 
exclusão dos alimentos ou a alteração para menor do valor da pensão não 
dispõe de efeito retroativo. O ingresso da demanda revisional intentada pelo 
alimentante não pode servir de incentivo a deixar de pagar os alimentos ou 
a proceder à redução do seu valor do modo que melhor lhe aprouver. 
Estabelecido novo valor, passa a vigorar tão somente com referência às 
parcelas vincendas. Ou seja, a redução ou a extinção do encargo alimentar 
dispões sempre de eficácia ex nunc. Alcança somente as parcelas futuras. 
 
Nos casos em que é evidente a má-fé do alimentante, é perfeitamente 
possível a repetibilidade dos alimentos, desde que fique comprovado a má-fé do 
mesmo. Adentrando ao artigo 884 do Código Civil, essa repetibilidade não daria 
ensejo ao enriquecimento ilícito. 
No tocante a irrepetibilidade dos alimentos, o autor Yussef Said Cahali, 
evidencia caso de repetição: 
 
31 
 
Não será, porém, de excluir-se eventual repetição de indébito se, com a 
cessação ope legis da obrigação alimentar, a divorciada oculta dolosamente 
seu novo casamento, beneficiando-se ilicitamente das pensões que 
continuaram sendo pagas: com o novo casamento, a divorciada perde, 
automaticamente, o direito à pensão que vinha recebendo do ex-marido, 
sem necessidade de ação exoneratória; as pensões acaso recebidas a 
partir do novo casamento deixam de ter caráter alimentar e, resultando de 
omissão dolosa, sujeitam-se à repetição. 
 
Portanto, é clarividente que a regra básica é a não restituição dos 
valores referente a alimentos. Contudo, existem as exceções como no caso de 
conduta realizada de má-fé por parte do credor. Existindo o enriquecimento ilícita e a 
conduta maliciosa do alimentando, poderá ocorrer a restituição dos alimentos 
devidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
4 FINALIDADE DOS ALIMENTOS 
Os alimentos podem ser classificados em cinco modalidades, sendo 
eles: definitivos, provisórios, provisionais, transitórios e compensatórios. 
No tocante aos alimentos definitivos, estes possuem caráter 
permanente que decorrem da fixação do juiz em sentença, ou em acordo 
homologado pelas partes do processo, mas não é porque são definitivos que não 
podem ser revistos, conforme dispõe o artigo 1.699 do Código Civil: 
 
Art.1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação 
financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o 
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, 
redução ou majoração do encargo. 
 
Os alimentos provisórios são aqueles concedidos em despachos 
liminarmente na ação de alimentos pelo procedimento especial, regulamentado pela 
lei 5.478/1968 e necessitam de provas sobre o parentesco, casamento ou união 
estável. O fundamento legal, está previsto no artigo 4º da lei mencionada: 
 
Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios 
a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que 
deles não necessita. 
Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, 
casado pelo regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará 
igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente, parte da renda 
líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor. 
 
Pelo rito ordinário, não se admitia o arbitramento de alimentos 
provisórios em separação judicial, sendo incompatível com o rito especial da Lei 
5.478/68, contudo, o artigo 273, §7º do Código de Processo Civil trouxe autorização 
dos alimentos provisórios, incidentalmente, na ação de separação judicial litigiosa. 
Atualmente o artigo que regula este entendimento é o artigo 305 parágrafo único, do 
Código de Processo Civil. 
O que se entende por alimentos provisionais, são aqueles requisitados 
mediante tutela provisória de urgência em ações que não são reguladas pela Lei de 
Alimentos, tendo previsão legal no artigo 1.706 do Código Civil o qual diz: “Os 
alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”. 
33 
 
Por outro lado, os alimentos transitórios são aqueles requeridos pelo 
ex-companheiro o qual não possui condições financeiras, em receber pensão até 
que se estabilize ou ocorra sua inserção no mercado de trabalho, os transitórios 
podem ser reconhecidos como temporários. 
Anderson Schereiber (2020), aponta o caráter excepcional dos 
alimentos transitórios e sua peculiaridade, tendo em vista que possuem uma 
duração de validade, o que se diferencia da característica habitual dos alimentos, 
sendo ela a sua durabilidade. 
Por fim, a doutrina prevê os alimentos compensatórios, o autor Dias 
(2017) afirma que o termo mais correto seria verba ressarcitória, prestação 
compensatória ou alimentos indenizatórios, tendo em vista que o foco principal é 
corrigir um desequilíbrio financeiro e não garantir a subsistência, decorrendo do 
amparo de mutua assistência, que possui força normativa no artigo 1.566, inciso III, 
do Código Civil, consistindo na obrigação do companheiro ou cônjuge que possua 
mais condições, garantir a estabilidade do seu ex-consorte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
5 PRESSUPOSTOS PARA O DEFERIMENTO 
Ao analisarmos a redação do §1 artigo 1.694 do Código Civil, em que 
diz: “os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante 
e dos recursos da pessoa obrigada”, bem como o artigo 1.695 do mesmo código 
“são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem 
pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se 
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento”, 
evidenciamos alguns fatores de extrema importância para a concessão e fixação dos 
alimentos, sendo eles: a) existência de um vínculo de parentesco; b) possibilidade 
do obrigado; c) necessidade do beneficiado; d) proporcionalidade da prestação. 
Interpretando a redação dos dispositivos 1.696 e 1.697 do Código Civil, 
demonstra que nem todos os parentes são de fato obrigados a prestarem alimentos, 
englobando tão somente os ascendentes, descendentes, irmãos germanos, 
chamados também de unilaterais ou bilaterais. 
No tocante a necessidade, Cahali dispõe (1997, p. 510): 
 
Para além da existência do vínculo de família, a exigibilidade da prestação 
alimentar pressupõe que o titular do direito não possa manter-se por si 
mesmo, ou com o seu próprio patrimônio; assim, só serão devidos alimentos 
quando aquele que os reclama não tem bens, nem pode prover, pelo seu 
trabalho, à própria mantença (CC, art. 1.695). 
 
Para averiguar as necessidades do alimentando, não é necessário que o 
mesmo chegue em situação de miséria, a intenção deve se objetivar na manutenção 
do padrão de vida do qual o alimentando sempre usufruiu. 
A possibilidade do obrigado, deve-se analisar se o alimentante possui 
condições financeiras para fornecer os alimentos, caso não possua, o mesmo será 
desobrigado. Posto isto, o alimentante deverá fornecer os alimentos, se isso não 
prejudicar seu sustento, bem como de sua família. Sendo assim, se um parente não 
ter condições de prover os alimentos em sua integralidade, outro deve ser 
comunicado para complementar o valor restante da pensão alimentícia, em caráter 
subsidiário. 
35 
 
Sobre o viés da proporcionalidade da fixação dos alimentos, deve-se 
levar em consideração os dois pressupostos mencionados acima: necessidade do 
alimentado e possibilidade do alimentando, já que o entendimento sobre alimentos 
não é obter enriquecimento e sim dar ao alimentado manutenção de vida digna. 
Contudo, atualmente o critério da proporcionalidade deve ser levado em 
conta, visando o patamar de vida do alimentante, na grande maioria dos casos mais 
emblemáticos, podemos analisar que o critério da proporcionalidade se baseia no 
valor salarial do responsável ao pagamento, visando obter o proporcional ao 
sustento do alimentado. 
A mera ausência de um dos pressupostos mencionados, faz suspender 
para o alimentante sua obrigação de dar alimentos. Desse modo, existem situações 
em que sua obrigação não é suspensa e sim modificada, devendo a 
proporcionalidade ser mantida enquanto durar a prestação de alimentos. 
Contudo, em que pese haja a necessidade ou situação de fato 
superveniente a fixação da pensão alimentícia pode ser revista, por meio de uma 
revisional de alimentos, caso esse fato novo altere o pressuposto da necessidade, 
possibilidade ou proporcionalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
6 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
Os princípios constitucionais são de grande relevância no tocante a 
pensão alimentícia, pois visa resguardar todos os direitos inalienáveis do alimentado, 
afim de assegurar a dignidade da pessoa humana, o melhor interesse da criança, a 
solidariedade familiar, bem como evidenciar a reciprocidade entre os membros da 
família. 
 
 
6.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
O artigo 1º parágrafo 3º da Constituição Federal de 1988 dispõe sobre o 
princípio da Dignidade da Pessoa Humana, princípio este, que trata de preservar e 
proteger a integridade física do ser humano, totalmente interligado com o direito à 
vida. 
No que tange o princípio da dignidade da pessoa humana, este é o 
nosso bem mais amplo dentro do ordenamento jurídico, uma vez que engloba 
praticamente todos os elementos sociais presentes em nossa sociedade. Desse 
modo, não poderia este princípio deixar de resguardar o direito de família, 
protegendo a dignidade humana de cada membro presente na família. 
Cabe ainda destacar, que a pensão alimentícia é atrelada ao princípio 
aqui mencionado, tendo em vista que é responsabilidade dos pais prever e 
assegurar a vida digna de seus filhos, garantindo a eles o estudo, moradia, 
educação, alimentos dentre outros preceitos básicos de vida humana. 
A Constituição é bem clara em seus artigos 227 e 229 sobre o dever dos 
pais quanto aos seus filhos, juntamente com o Estado afim garantir os direitos 
intrínsecos dos menores. 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, aolazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
37 
 
exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda 
Constitucional nº 65, de 2010) 
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e 
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, 
carência ou enfermidade. 
 
Posto isto, deve-se preservar e garantir no direito de família a dignidade 
do ser humano, protegendo todas as famílias e seus indivíduos, com intuito de 
proporcionar educação, moradia, alimentação, vestuário, dentre todos os outros 
itens básicos de uma vida digna. 
 
 
6.2 Princípio da Solidariedade Familiar 
Baseando-se na perspectiva ética e moral, a solidariedade no mundo 
jurídico é vista como um sentimento racional e limitado, impondo aos indivíduos 
direitos e deveres como o amparo, cooperação, ajuda, bem como cuidado uma com 
as outras pessoas. 
Ao adentrarmos na perspectiva social, entendemos que a solidariedade 
nada mais é que um sentimento do ser humano, mas na figura jurídica da 
solidariedade o sentimento se torna em direitos e deveres nas relações individuais. 
Um exemplo afim de compreender melhor o entendimento acima, se 
baseia no Estatuto do Idoso o qual foi transformado o dever moral em um dever 
jurídico, podendo ser analisado que o âmbito social se deslocou para o direito, 
havendo a concretização do referido princípio da solidariedade. 
O Direito de Família juntamente com a Constituição Federal de 1988 são 
integrados por princípios fundamentais para sua estrutura, como sendo o princípio 
da dignidade da pessoa humana já abordado em tema anteriores e a solidariedade 
familiar. 
Pois, a dignidade da pessoa humana é um direito indissociável do 
indivíduo, baseando-se em seu núcleo essencial para uma vida digna, e por outro 
lado, temos a solidariedade familiar que se baseia na construção harmônica de um 
grupo familiar preservando o mínimo existencial. 
38 
 
Podemos destacar que na realidade a qual vivemos, as pessoas 
convivem em seus ambientes familiares, e não por uma imposição ou obrigação, 
mas sim porque os familiares compartilham de cooperação, zelo, afetos, cuidados e 
responsabilidades. No mundo jurídico, as obrigações e deveres decorrem de lei, 
mais especificamente junto ao Código Civil de 2002, possuindo entendimentos que 
há a necessidade de avanços legislativos, propondo como ideia central, afim de 
estabelecer um Estatuto de Família individual. 
A solidariedade do núcleo familiar no tocantes aos filhos requer que a 
pessoa seja amparada até atingir a vida adulta, garantindo a criança vida digna e 
instruída de educação para a sua formação social. 
O direito real preocupa-se em disponibilizar proteção para os indivíduos 
considerados vulneráveis no tocante ao direito de família ou conexos, como no caso 
das crianças e adolescentes, vítimas de violência doméstica, idosos, dentre outros. 
Positivado o direito, o mesmo tem o intuito de conferir-lhe proteção aos vulneráveis, 
estabelecendo direitos preferenciais. 
A solidariedade veio para compreender a família contemporânea, 
rompendo os poderes exacerbados, não caracterizando a quebra do vínculo familiar, 
mas sim estabelecendo uma nova ótica sobre a base familiar a luz do princípio da 
afetividade. 
O princípio destacado recai fortemente sobre a família, impetrando 
deveres a cada um dos indivíduos, estabelecendo ao legislador diretrizes para que 
não sejam violados tais deveres, e ao julgador, que o mesmo faça interpretação e 
realize a melhor solução jurídica quando envolver conflitos familiares observando as 
condições humanas e sentimentais que possa a vir se encerrar. 
 
6.3 Princípio do Melhor Interesse da Criança 
O princípio aqui mencionado se deu com a origem americana conhecido 
como “parens patrie”, que objetivava a proteção de bens e de indivíduos incapazes. 
Em tal época, o Estado assumia o controle sobre essas pessoas vulneráveis e 
limitadas. 
39 
 
Ao passar do tempo, tal entendimento passou a ser reconhecido como 
princípio do “best interest of the child”, sendo recepcionado pela Convenção 
Internacional sobre os Direitos das Crianças. 
Desse modo, seguindo o conceito imposto pela convenção supracitada e 
adotada pela ONU, o seu artigo 1º entende o que é ser criança: 
 
Art. 1. Para efeito da presente Convenção, considera-se como criança todo 
ser humano com menos de 18 anos de idade, salvo quando, em 
conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada 
antes. 
 
Tal princípio no Brasil, não existia previsão expressa conceituando o 
entendimento na Constituição Federal de 1988 ou no Estatuto da Criança e do 
Adolescente. Contudo, com a vinda do decreto 99.710/90 o Brasil passou a aderir, 
pois ratificou a Convenção Internacional dos Direitos da Criança de 1989. 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda 
Constitucional nº 65, de 2010). 
 
Ainda, encontra-se previsão do presente princípio nos artigos 3º e 4º do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, oferecendo também a proteção integral 
juntamente com o princípio do melhor interesse da criança. 
A aplicação do princípio do melhor interesse da criança, passou a ser 
vigorado pela Constituição Federal em seu artigo 227, onde estabelece os deveres 
dos responsáveis, dos familiares, da sociedade e do estado. 
No tocante a este princípio devemos enfatizar que estamos diante de 
crianças que exercem direitos especiais tendo em vista sua vulnerabilidade, devendo 
evitar que o bem estar dos mesmos sejam lesados. 
Tendo em vista a grande importância acerca da proteção de crianças e 
adolescentes, tal objetivo beneficia o princípio aqui mencionado, para que não haja 
dúvidas no tocante aos direitos das crianças e adolescentes, garantindo a aplicação 
para todas as crianças. 
40 
 
O conceito em nosso ordenamento jurídico prevê a absoluta prioridade 
da criança, mesmo quando haja conflito de interesses entre os responsáveis, se 
valendo da eficácia da proteção e do melhor interesse da criança. 
Podemos destacar como exemplo a figura do genitor que oferece riscos 
ao menor, pois seu direito será também suprimido, prevalecendo o princípio do 
melhor interesse da criança, pois o simples fato de ser genitor ou responsável pela 
criança, não obriga a mesma conviver com indivíduos que possam colocar ou 
oferecer riscos a ela. 
Posto isto, tal entendimento se enquadro no conceito definido, uma vez 
que a criança não pode permanecer em locais de riscos, perigos ou danos, fato 
estes que jamais podem ser ignorados, tendo em vista que os menores são sujeitos 
de direitos, possuindo personalidade e por tal motivo, deve-se respeitar o que é 
objetivamente melhor para o menor. 
 
6.4 Princípio da Reciprocidade 
Como todos os outros princípios, a reciprocidade está amplamente 
ligada ao princípio da dignidade da pessoa humana, objetivando que todos os 
indivíduos que integram o vínculo familiar detém a reciprocidade no tocante a 
prestação de alimentos. 
Posto isto, a base primordial para cumprir a função social de prestar 
alimentos, vigora acerca dos eventuais princípios: dignidade da pessoa humana, 
solidariedade e reciprocidade, sendo portanto, concluída a função social dos 
alimentos. 
Para que haja o arbitramento e a verificação ao direito de alimentar, 
necessita-se analisar os binômios já mencionados no item 7, sendoeles a 
necessidade, possibilidade, proporcionalidade e pôr fim a reciprocidade. 
A Constituição Federal em seu artigo 229, demonstra o dever dos país 
para com os filhos, e esses quando adultos cooperar e amparar os responsáveis na 
velhice ou em situações precárias, Carlos Roberto Gonçalvez (2020, p. 512) aponta 
neste sentido: 
 
41 
 
Entre pais e filhos menores, cônjuges e companheiros não existe 
propriamente obrigação alimentar, mas dever familiar, respectivamente de 
sustento e de mútua assistência (CC, arts. 1.566, III e IV, e 1.724). A 
obrigação alimentar também decorre da lei, mas é fundada no parentesco 
(art. 1.694), ficando circunscrita aos ascendentes, descendentes e colaterais 
até o segundo grau, com reciprocidade, tendo por fundamento o princípio da 
solidariedade familiar. 
 
Dessa forma, há de se extrair que a obrigação do direito de alimentar 
entre parentes é reciproca, uma vez que o parente o qual seja o alimentante, caso 
venha necessitar de tais alimentos, poderá assim reclamá-los. 
O princípio aqui presente, encontra-se fundamento não apenas na 
Constituição Federal, mas também em normas infraconstitucionais, como podemos 
retirar do artigo 1.696 do Código Civil: 
 
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, 
e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais 
próximos em grau, uns em falta de outros. 
 
Podemos extrair do dispositivo mencionado acima que, a reciprocidade 
se estende a todos os ascendentes, possuindo prioridade no grau de parentesco, 
uma vez que um filho, cujo pai veio a óbito, poderá solicitar os alimentos de seus 
avós, sendo o inverso amplamente possível. Desse modo, o entendimento de 
Bezerra (2020, p. 19) é de que 
 
Na falta também dos avós, o foco recairá sobre os bisavós e, na falta de 
netos, sobre os bisnetos, sem nunca deixar contudo, de se analisar os 
pressupostos da necessidade de quem pede e da possibilidade econômica 
de quem é demandado. 
 
Conforme análise de entendimentos doutrinários majoritários, entende-
se que em linha reta a obrigação não possui limites, respeitando a ordem do grau de 
parentesco. Caso tal busca se restar inepta, tal busca declinará sobre a linha 
colateral, conforme se entende do dispositivo 1.697 do Código Civil. 
 
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, 
guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim 
germanos como unilaterais. 
 
42 
 
Seguindo esta linha de raciocínio, nos deparamos com o nascimento do 
caráter solidário bem como a obrigação reciproca dos direitos de alimentar. Bezerra 
(2020, p. 21) aduz que: 
 
Isso ocorre pois tais obrigações baseiam-se também, como dito alhures, no 
princípio da solidariedade entre os parentes, onde aquele que de qualquer 
forma contribuiu para o sustento de seu consanguíneo merece ser 
amparado por este caso necessite de alimentos futuramente. 
 
Acima dessa perspectiva, verificamos a problemática no sentido de que 
o genitor o qual não esteve presente na vida do filho, poderia solicitar alimentos do 
mesmo quando atingir a vida adulta? 
Neste caso, não seria plausível que a legislação ampare e imponha aos 
filhos que prestem alimentos para um genitor que nunca esteve presente em sua 
vida, levando-nos a entender que o princípio da reciprocidade deve ser analisado 
caso a caso pelo magistrado, com muita cautela, para que não afete a vida dos 
filhos, tendo em vista o sofrimento já enfrentado por estes pela ausência de seu pai. 
Portanto, para que ocorra a reciprocidade alimentar deve-se levar em 
conta todas condições presentes do caso em concreto, de modo que não se torne 
um instituto causador de insegurança jurídica por parte daquele que detém o direito 
de ser alimentado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
7 DOS ALIMENTOS 
Partindo desta premissa, abordaremos especificamente os alimentos, 
qual o seu objetivo, sua finalidade, seus pressupostos bem como as obrigações 
estipuladas para quem detém a responsabilidade de garantir a subsistência do 
menor, garantindo ao mesmo, as condições básicas para se viver dignamente. 
 
7.1 Pressupostos da Obrigação Alimentar 
A obrigação de alimentar será evidenciada juntamente com a 
solidariedade familiar, sendo um princípio constitucional já abordado anteriormente. 
Em síntese, a solidariedade é vista como um valor ético e moral repleto 
de sentimentos de cooperação e ajuda, com uma semelhança em certos interesses 
objetivos, de modo a assegurar a diferença entre indivíduos na sociedade. Tal 
preceito de solidariedade, possuí um grande impacto em nossa sociedade, sendo 
abordado como um instituto jurídico também, ou seja, a solidariedade não parte 
somente de cada ser humano buscando ser pessoas dignas, mas também do poder 
público. 
Além disto, antes da entrada da nossa Constituição Federal a 
solidariedade como já mencionado anteriormente, era vista apenas como um 
sentimento e uma conduta ética e moral. Contudo, com a promulgação da carta, em 
seu artigo 3º, I, passou a integrar as relações familiares, sendo reconhecida desde 
então, como valores em direitos e deveres impostos nos núcleos familiares. Desse 
modo, a solidariedade passou a possuir força normativa, superando os 
entendimentos de que se tratava apenas de um sentimento de cooperação. 
Em virtude disto, o princípio da solidariedade ampara a obrigação 
alimentar, pois auxilia nos núcleos familiares exigindo assistência e cooperação. 
Posto isto, no tocante a categoria dos alimentos a relação familiar de 
genitores com seus filhos parte da premissa que a solidariedade será tanto de direito 
moral como material. Determina desse modo, que os filhos sejam amparados até a 
44 
 
vida adulta, uma vez que deverão assegurar aos menores a escolaridade, educação, 
mantimentos, vestuário, para assim, conseguirem formar sua vida digna. 
Partimos do primeiro pressuposto da obrigação alimentar, sendo o 
caráter parental, tendo em vista que é voltado aos direitos primordiais de seus pais 
garantirem o sustento de seus filhos, bem como os filhos amparar os pais na velhice 
a luz do princípio da solidariedade. 
É necessário notar que atualmente a obrigação de alimentar não decorre 
somente de genitores biológicos, integrando também, nesta responsabilidade os 
pais de filiação socioafetiva, devendo os mesmos prestar alimentos. Portanto, 
devemos ressaltar que a obrigação alimentar é daquele que realiza a obrigação 
parental. Diante disso, o menor afetivo possui direito de cobrar os alimentos de seus 
genitores afetivos, bem como de seus genitores biológicos, conforme dispõe o 
princípio da afetividade. 
O segundo ponto, trata-se da necessidade do alimentado, sendo esta 
absoluta, pois não há que se discutir que o menor possuí a necessidade de ser de 
ser ajudado enquanto se desenvolve, pois sua condição é presumida. Isto é tão 
claro que o artigo 4 da Lei 5.478/68 (Lei de Alimentos), determina que o juiz fixe 
desde logo os alimentos a serem pagos, mesmo que não requeridos em ação de 
alimentos, salvo se o filho declarar expressamente que deles não necessita. 
Em contraste, quando o filho se torna maior capaz, não necessariamente 
extinguiu a obrigação de alimentar, mas sua presunção passa a ser juris tantum 
enquanto o filho estiver estudando. 
Nasce aqui a análise da necessidade, conforme a súmula 258 do STJ “o 
cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à 
decisão judicial, mediante contraditório, ainda nos próprios autos”. Posto isto, 
juntamente com o artigo 1.695, 1 parte, do Código Civil, mesmo que o filho atinja a 
maioridade, caso o mesmo necessite receber ainda os alimentos por não ter 
condições de se manter, ainda será devido. 
Em destarte, tudo dependerá da análise do caso concreto, como por 
exemplo: um filho maior, que possuí uma doença grave que não possuí cura e 
impossibilitao mesmo de exercer atividades laborais, mesmo sendo maior, ele é 
incapaz, sendo comprovado o pressuposto da necessidade, obrigação esta, que 
pode durar pelo resto da vida. 
45 
 
O terceiro pressuposto aborda a possibilidade de prestar alimentos de 
quem está sendo reclamado, verificando a análise financeira do genitor reclamado, 
para aí sim, estipular o valor necessário. 
Com isso o juiz na ação interposta deve verificar a situação financeira do 
genitor, para fixar de forma correta, nos limites da necessidade e da 
proporcionalidade, de acordo com a realidade do devedor. 
Baseando-se na proporcionalidade, não seria justo o genitor devedor 
desprover de toda sua condição financeira para cumprir a obrigação alimentar 
imposta, pois acarretaria em prejuízos ao mesmo. Nesse sentido, afirma Carvalho 
(2009, p. 403): 
O ideal é o alimentante possuir condições de satisfazer as necessidades do 
alimentado. Não raras vezes, o pai percebe apenas o salário mínimo ou 
pouco mais e possui diversos filhos, exigindo sensibilidade do magistrado 
ao fixar os alimentos sem comprometer a própria sobrevivência do devedor 
e possibilitar o mínimo necessário para a subsistência do credor. 
 
Com isso, verifica-se que há um limite imposto, assegurando aos 
genitores que não seja estipulada uma obrigação maior que seus limites, pois 
prejudicaria sua própria mantença. 
O quarto e último pressuposto já destacado acima, é o da 
proporcionalidade, buscando equilíbrio nas relações alimentares, pois não pode o 
juiz fixar valores exorbitantes que prejudicariam o devedor, como também não pode 
fixar valores ínfimos, pois a pensão alimentícia garante os alimentos essenciais a 
sobrevivência do menor. 
Nesse sentido, podemos citar a título de exemplo o caso do jogador da 
seleção brasileira de futebol e do Real Madrid, Éder Militão, o qual teria proposto a 
quantia de R$ 6.060,00 (seis mil e sessenta reais) como forma de pensão alimentícia 
para sua filha. 
Analisando tal valor, este pode até ser suficiente para algumas famílias, 
ou até mesmo exacerbante, mas o que ocasionou toda a polemica foi o salário que o 
jogador recebe, sendo acerca de R$ 36.000.000,00 (trinta e seis milhões de reais). 
Diante disto, tal valor fixado a título de alimentos se mostra incompatível 
com o valor que o pai recebe como salário, uma vez que, tanto para famílias comuns 
e tanto para um milionário jogador de futebol, a pensão deve ser fixada com base no 
artigo 1.694 do Código Civil, visando sempre, a necessidade, possibilidade e 
proporcionalidade. 
46 
 
Portanto, é de competência do juiz distinguir e fixar os alimentos, 
respeitando sempre o princípio da proporcionalidade, se baseando na equidade, no 
bom senso e valores afins, para que não haja injustiça sobre qualquer das partes. 
 
7.2 Sujeitos do Dever de Alimentar 
O artigo 1.694 do Código Civil aponta os sujeitos da obrigação alimentar, 
veja: 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos 
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com 
a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua 
educação. 
 
Conforme mencionado anteriormente, a obrigação de alimentar não 
decorre apenas do poder familiar, mas sim de uma relação parental, sujeitos ligados 
pelo núcleo familiar, conforme estabelece a ordem hierárquica da lei, seguindo 
entendimento de Gomes (2001, p. 436) essa ordem se classifica de tal maneira: 
 
Nosso ordenamento jurídico se preocupou em separar os sujeitos da 
obrigação alimentar por categorias. A primeira trata dos ascendentes em 
grau imediato, quais seja, os pais. Na falta destes, a obrigação se estende 
aos outros ascendentes, isto é, aos avós, paterno e materno, e assim 
sucessivamente. Eles pertencem à segunda categoria, os avós. Na falta de 
ascendentes, recai a obrigação aos descendentes, que compõem a terceira 
categoria, respeitando a ordem de sucessão. Dentro dessa categoria, os 
primeiros a serem acionados são os filhos; depois os netos, e assim 
sucessivamente. Na ausência de descendentes, incumbe aos irmãos, 
germanos ou unilaterais, que são a quarta categoria. 
 
Em vista, verifica-se que a obrigação decorre do grau de parentesco em 
ordem reciproca por ascendentes e descentes, de modo que a obrigação recairá ao 
mais próximo dentro desta ordem de parentesco. Cahali (2009, p. 466), dispõe da 
mesma linha de entendimento. “Os sujeitos da relação jurídico-alimentar, portanto, 
não se colocam apenas na condição de pai e filho; estabelece-se, do mesmo modo, 
uma obrigação por alimentos entre filhos, genitores, avós e ascendentes em grau 
ulterior”. 
Podemos verificar em grau mais próximo que os avós podem ser 
responsabilizados pela obrigação, de modo que tenha-se esgotado todas as 
47 
 
possibilidades de executar o genitor, e o mesmo evidenciar a impossibilidade em 
manter o filho, e caso os avós apontem a impossibilidade de manter o neto, passará 
a obrigação a outro do mesmo grau de parentesco e assim por diante. 
 
7.3 Obrigação de Alimentar e Dever de Prestar Alimentos 
Podemos destacar que a obrigação alimentar e o dever de prestar 
alimentos são causas distintas, Maria Helena Diniz (2005, p. 536 e 537) evidencia: 
 
O dever de sustentar os filhos (CC, art. 1.566, IV) é diverso da prestação 
alimentícia entre parentes, já que (a) a obrigação alimentar pode durar a 
vida toda e até ser transmitida causa mortis (CC, art. 1.700) e o dever de 
sustento cessa, em regra, ipso iure, com a maioridade dos filhos (...); (b) a 
pensão alimentícia subordina-se à necessidade do alimentando e à 
capacidade econômica do alimentante, enquanto o dever de sustentar 
prescinde da necessidade do filho menor não emancipado, medindo-se na 
proporção dos haveres do pai e da mãe. Logo, essas duas obrigações não 
são idênticas na índole e na estrutura. 
 
Posto isto, o encargo dos genitores pelo tempo em que o filho 
permanecer sob o núcleo familiar sucede do dever de sustento, decorrendo de 
imposição constitucional expressamente no artigo 229, demonstrando que os pais 
devem assistir, criar e educar os filhos menores. O dever de sustento é determinado 
a ambos os genitores responsáveis pelo menor, constituindo uma obrigação de fazer 
e o menor ao atingir a maioridade, rompe-se o dever de sustento. 
Por outro lado, a obrigação de prestar alimentos pode durar por toda a 
vida, bem como ser transmitida a responsabilidade por causa mortis, pois a 
obrigação decorre do parentesco e não do poder familiar. 
 
7.4 Extinção da Obrigação Alimentar 
Ao tratarmos de obrigação alimentar, devemos aduzir que tal obrigação 
não é perpetua e por isso, existem hipóteses que levam a ensejar a extinção da 
obrigação alimentar. 
48 
 
A luz do entendimento de CASSETTARI (2016, p. 688): “O termo final 
dos alimentos dá-se com o término da necessidade”. 
Preceitua-se que boa parte dos indivíduos em nossa sociedade, 
entendem que a obrigação de prestar alimentos cessa quando o alimentado 
completa a maioridade, fato este que se encontra equivocado conforme 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça em sua súmula 358, a qual diz: “O 
cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à 
decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”. 
(BRASIL,2008). 
Nesse sentido, aos filhos o prazo estipulado para o pagamento dos 
alimentos é até o momento no qual completam a maioridade, sendo aos 18 anos, ou 
até mesmo, aos 24 anos, caso estes estejam cursando ensino técnico ou superior e 
não tenham condições para bancar seu próprio estudo. 
Entende-se que os alimentos possuem prazo temporário e poderá 
permanecer no tempo necessário para que o alimentado se desenvolva 
profissionalmente e consiga se auto sustentar. 
Entende o tribunal supracitado que a maioridade civil do alimentado, não 
cessa a obrigação do alimentante de prestar alimentos que lhesão devidos, tem-se 
a necessidade de uma autorização judicial para alcançar essa extinção da 
obrigação. 
Dispõe, DIAS (2007, p. 582) sobre o referido entendimento: 
O adimplemento da capacidade civil, aos 18 anos ainda que enseje o fim do 
poder familiar, não leva à extinção automática do encargo alimentar. Após a 
maioridade é presumível a necessidade dos filhos de continuarem a 
perceber alimentos. No entanto, a presunção passa a ser juris tantum, 
enquanto os filhos estiverem estudando, pois compete aos pais o dever de 
assegurar-lhes educação. Como a obrigação deriva da relação paterno-filial, 
descabido estabelecer termo final aos alimentos. A fixação é ineficaz. O 
implemento da data fixada não autoriza a cessação do pagamento. O 
cancelamento depende de decisão judicial. A exoneração deve ser 
formulada em ação autônoma. De todo desaconselhável o deferimento da 
exoneração em sede liminar. Não há como surpreender o credor cuja 
necessidade pode persistir caso não disponha de outra fonte de 
subsistência. Descabido extinguir a obrigação decorrente do poder familiar e 
impor ao filho que intente nova demanda para buscar alimentos tendo por 
fundamento o vínculo ele parentesco. Nesse ínterim, não terá meios de 
prover à própria sobrevivência. 
 
Nesse sentido, entende-se que mesmo que seja autorizado a cessação 
da obrigação alimentar após o alimentado atingir a maioridade, o entendimento 
49 
 
jurisprudencial e doutrinário destacam que é imprescindível a manutenção da 
prestação de alimentos por quanto o filho estiver estudando, desse modo LISBOA 
(2012, p. 25) aduz: 
 
A maioridade civil do credor de alimentos não autoriza, por si só, a extinção 
da obrigação. Embora seja correta a afirmação de que se extinguiu o poder 
familiar sobre a pessoa que atinge os 18 anos de idade, caso o binômio 
necessidade e possibilidade se mantenha, a obrigação alimentar não 
deverá deixar de ser exigida. O STJ estabelece a presunção relativa de 
permanência da necessidade dos filhos receberem a pensão alimentícia 
mesmo após a maioridade, admitindo-se prova em sentido contrário (3ª 
Turma, REsp 1218510-SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27.9.2011, DJ 
3.10.2011). Seguindo referida linha de raciocínio, é comum a manutenção 
da obrigação alimentar enquanto o filho estiver frequentando curso de nível 
superior ou técnico, que representa o encerramento do ciclo deformação 
profissional. 
 
Por quanto, a primeira característica de extinção da obrigação alimentar 
se apresenta sendo a maioridade do alimentado, uma vez que seja requerido a 
extinção da obrigação por meios judiciais, bem como analisar se o alimentado 
continua estudando, de modo que caso ainda permaneça, o alimentante deverá 
permanecer com a obrigação. 
Partindo desta premissa, a segunda característica para cessar a 
obrigação, advém com o falecimento do alimentado, fato este que impede que seu 
direito seja transferido aos seus herdeiros, por se tratar de um direito único e 
exclusivo seu. Fato este que distingue a obrigação do alimentante, pois com o 
falecimento deste, a obrigação transfere aos herdeiros, de acordo com a legislação 
Civil em seu artigo 1.700: “Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se 
aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”. (BRASIL, 2002). 
A terceira característica, possui previsão expressa no artigo 1.708 do 
código supracitado: “Art. 1708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato 
do credor, cessa o dever de prestar alimentos. Parágrafo único. Com relação ao 
credor, cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em 
relação ao devedor”. (BRASIL, 2002). 
Maria Helena Diniz (2012, p. 671) evidencia: 
 
[...] o devedor de alimentos [...] deixará de ter tal obrigação com relação ao 
credor se este [...] tiver procedimento indigno [...] em relação ao devedor, 
por ofendê-lo em sua integridade corporal ou mental, por expô-lo a 
50 
 
situações humilhantes ou vexatórias, por injuriá-lo, caluniá-lo ou difamá-lo, 
atingindo-o em sua honra e boa fama [...]. 
 
Portanto, a terceira hipótese mencionada acima é quando o alimentado 
demonstra condutas indigna contra o responsável pela obrigação. Vale ressaltar que 
o Código Civil não aborda quais são as condutas indignas de maneira especifica, 
posto isto, realiza-se por analogia a interpretação dos incisos I e II do artigo 1.814 do 
estatuto civil, conforme disciplina o Enunciado n.264 da III Jornada de Direito Civil: 
“Enunciado n. 264. Na interpretação do que seja procedimento indigno do credor, 
apto a fazer cessar o direito a alimentos, aplicam-se, por analogia, as hipóteses dos 
incisos I e II do art. 1.814 do CC”. 
Conclui-se que a obrigação pode ser extinta tendo em vista a mudança 
socioeconômica na vida do genitor responsável pela obrigação, bem como alteração 
na vida do filho, pois para se fixar a obrigação, deve-se analisar o binômio 
possibilidade e necessidade. Se a vida financeira do alimentante mudar-se, o 
mesmo pode solicitar a diminuição dos alimentos, e caso esta esteja critica poderá 
pleitear até mesmo a exoneração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
8 ALIMENTOS AVOENGOS 
No tocante a responsabilidade dos avós, vale destacar, que a mesma 
será imposta quando houver a devida comprovação de ausência ou impossibilidade 
dos pais arcarem com a obrigação alimentar, pois tal responsabilização dos avós, é 
possível a luz do entendimento do princípio da solidariedade familiar, que impõe um 
dever mutuo de auxilio familiar, podendo existir a obrigação alimentar ao inverso, 
tanto dos avós em relação aos netos, ou, dos netos em relação aos avós, conforme 
dispõe MADALENO, 2013, p. 887: 
 
Existe reciprocidade porque quem presta alimentos também tem direito a 
recebe-los se vier a deles necessitar, invertendo-se as posições dos sujeitos 
da relação jurídica alimentar. 
 
No mesmo contexto, LÔBO 2011, p 384, aponta que 
 
São devedores potenciais de alimentos, reciprocamente, os ascendentes, 
os descendentes e os irmãos. Esta é a ordem de classe de parentesco, que 
deve ser observada. Em cada classe, os parentes de grau mais próximos 
preferem aos de graus mais distante. 
 
Em virtude disto, a fixação da pensão alimentícia em face aos avós, 
deve respeitar a ordem hereditária entre todos os parentes, de modo que todos 
possam contribuir para a satisfação da obrigação, em casos de extrema 
necessidade. Diante disto, os avós estarão obrigados a prover os alimentos ao 
alimentado quando comprovada a ausência por falecimento ou outro motivo dos 
genitores, ou que os mesmos sejam impossibilitados financeiramente de contribuir 
sozinho com a obrigação. DIAS 2010, p. 471, dispõe que 
É certo que se o pai que deve alimentos em primeiro lugar não estiver 
em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer 
aqueles de grau imediato (CC 1.698). Tais dispositivos deixam claro que a obrigação 
alimentar, primeiramente, é dos pais, e, na ausência destes, transmite-se aos seus 
ascendentes, isto é, aos avós, que são os parentes em grau imediato. 
52 
 
Neste mesmo entendimento, nossa Constituição Federal de 1988 a luz 
de seu artigo 229, afirma que 
 
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e 
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, 
carência ou enfermidade. 
 
Contudo, quando sobrevier a falta dos genitores, tal obrigação recaí aos 
avós por serem parentes de grau imediato, ou ainda, a parentes de graus mais 
próximos, identificando desde então que, a obrigação será transmitida, quando os 
genitores não poderem ou não satisfizerem as obrigações e necessidades do 
necessitado. 
Conforme, já abordado em tópicos anteriores, tanto na obrigação de pai 
para filho, como na obrigação avoenga, deve-se respeitar os requisitos impostos da 
obrigação, não deixando de observar a necessidade, possibilidade e a 
proporcionalidade

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