Buscar

feb impresso aula15

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB278
Aula 15
Crise econômica de 1929 e a 
Revolução de 1930
Objetivos da Aula
Os objetivos desta aula visam fornecer a você subsídios para a 
compreensão de elementos desencadeadores na Crise Econômica 
de 1929 (período da Grande Depressão), e que também culminar 
na chamada Revolução de 1930 no Brasil.
Ao final desta aula, você deverá estar apto a obter a compreensão 
das transformações estruturais pelas quais passou a economia e a 
sociedade brasileira nos anos trinta do século passado, e a partir 
destes conhecimentos adquiridos ser capaz de interpretação 
certos fatores da atual conformação econômica brasileira.
Esta aula é a última aula da disciplina Formação Econômica Brasileira, 
dentro deste módulo. Por isso, é de suma importância que façamos 
uma breve recapitulação do conteúdo das quatro aulas doravante 
apresentadas, nas quais, tivemos ocasião de ter uma convivência 
acadêmica, e de estudos da história do desenvolvimento econômico 
em nosso país.
Buscamos a abordagem da história de nossa formação econômica por 
meio de um amplo processo em que ficou claro o seu caráter cíclico, 
ou seja, levando-se em consideração que sempre a determinado 
período histórico-econômico, correspondeu sobretudo a produção 
de um bem econômico em torno do qual convergiam todas as forças 
econômicas presentes naqueles instantes históricos descritos. Isto 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB279
pode ser claramente percebido desde o início da nossa colonização, 
e desde, portanto o período de extração do pau-brasil ao ciclo 
econômico do café.
A economia brasileira teve sua origem no sistema colonial então 
implantado pelas potências marítimas européias do século XV e 
XVI: Espanha e Portugal. Diferentemente das colônias nascidas da 
imigração inglesa, francesa ou irlandesa no hemisfério norte, onde 
foram implantadas colônias de povoamento, a economia luso-
brasileira foi, desde o início, uma colônia de exploração, da qual tudo 
se retirava em proveito do mercantilismo europeu então em plena 
vigência.
Dada esta característica, poderíamos dizer, de uma forma muito 
simplificada, que a história da formação econômica brasileira é a 
história da sucessão de ciclos econômicos, permeados por auges 
de crescimento, reconfigurados por períodos de decadência, e sua 
conseqüente reconversão a economias de subsistência. Veremos 
a seguir uma síntese da história da formação econômica do Brasil, 
elencada a partir de certos traços bem significativos e que puderam 
ser analisados durante as aulas que doravante vimos.
I- Ciclo do Pau-brasil 
Tratou-se da retirada e exportação, de forma ampla, de um produto 
natural e presente no espaço geográfico das terras então descobertas 
por Portugal, no século XVI. Este foi um produto muito bem aceito 
e absorvido pelo mercado europeu. Caracterizou-se por ser uma 
atividade eminentemente predatória.
II- Ciclo da Cana-de-açúcar
Suas características principais eram: a monocultura, ou seja, a 
economia baseada na produção de uma única mercadoria, e seu 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB280
produto econômico essencial: o açúcar, embora houvesse florescido 
também outras agroculturas, mas, que no entanto, estas somente 
tinham o papel de funcionar sempre como fontes subsidiárias da 
monocultura principal do ciclo.
Outra característica principal era o plantio em larga escala, ou seja, uma 
cultura extensiva; como as plantations de tabaco norte-americanas 
que exigiam grandes extensões de terra para seu cultivo.
A mão-de-obra era quase sempre escrava em grande quantidade, 
sendo abastecida pelo intenso e lucrativo tráfico negreiro.
As grandes empresas produtoras constituíam-se em organizações de 
razoável porte para as circunstâncias exigidas na época.
Quanto à iniciativa particular, as terras eram inicialmente doadas pela 
Coroa Portuguesa, mas o negócio era implementado e tocado por 
particulares ou empresas comerciais.
III- Expansão Territorial nos séculos XVII e XVIII
Já em relação à expansão territorial nos séculos XVII e XVIII, bem 
este tema foi bem tratado durante a Aula 05. E nela, puderam 
ser devidamente ressaltadas as seguintes correntes de expansão 
territorial:
 •A expansão da pecuária nordestina e sulina: no Nordeste 
abriram-se dois caminhos, os sertões de fora, que a partir de 
Salvador seguiam até Fortaleza; e os sertões de dentro, que 
seguiam o curso do Rio São Francisco rumo ao interior. Esta 
era uma atividade que também exigia grandes extensões de 
terra, o que levou conseqüentemente à sua concentração 
nas mãos de poucos afortunados, que as recebiam por meio 
das sesmarias. Algumas feiras surgiram, e, assim, a pecuária 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB281
pôde cumprir o seu papel integrador e formador com relação 
ao território nacional. No sul, houve também a expansão 
de gado, principalmente após as destruições de missões 
jesuíticas espanholas, por parte dos bandeirantes que para lá 
se deslocaram. No caso do sul, foram também organizadas 
várias feiras, sendo que a mais importante delas situou-se na 
região de Sorocaba (em São Paulo), que supriu, por meio de 
muares, o transporte do ouro provindo das Minas Gerais.
 •A ocupação das terras do Norte dá-se pela busca das 
chamadas “drogas do sertão”, na Amazônia. Esta ocupação 
teve como característica fundamental a utilização do índio 
como mão-de-obra no reconhecimento e coleta de plantas. 
Aliás, o nativo indígena era primordial no tocante a este 
tipo de expansão territorial, porque somente ele conhecia 
os segredos da floresta e, por isso, este período foi também 
duramente marcado por embates políticos entre missionários 
e colonos.
 •Finalmente, temos a expansão bandeirante a partir da 
Capitania de São Vicente. Esta expansão territorial teve 
várias fases importantes: (a) a exploração e garimpo do ouro 
de aluvião, em direção ao sul; (b) a caça ao índio; a qual foi 
sempre alternativa colonial desenvolvida em territórios onde 
a mão-de-obra era escassa, e a qual acabou sendo bastante 
estimulada durante este período, uma vez que Portugal veio a 
perder o monopólio do mercado de escravos negros durante 
esta época (1617-1641); (c) o mercado de preação indígena 
o qual era fortemente depreciado, e o não descobrimento 
ainda das minas de metais preciosos, que fazem com que os 
bandeirantes voltassem-se para o desenvolvimento de outras 
atividades, tais como: o sertanismo de contrato. Neste caso, 
os paulistas eram contratados por senhores de engenho do 
Nordeste com o objetivo de quebrar a resistência de tribos 
indígenas as quais se opunham à ocupação territorial, e 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB282
também com o objetivo de perseguir e recapturar escravos 
fugitivos ou aquilombados.
 •A conclusão desta expansão territorial é sem dúvida a 
constatação de que o velho Tratado de Tordesilhas, que 
demarcara as terras das duas potências marítimas ibéricas 
caducara em razão das forças circunstanciais que vieram 
a reger os interesses econômicos e políticos conflitantes 
naquela época de expansão territorial. Vale a pena aqui 
lembramos bem os versos do poeta paulista Guilherme de 
Almeida ao referir-se ao empenho dos bandeirantes na 
reconfiguração do território brasileiro: “Brandindo achas e 
empurrando quilhas vergaram a vertical de Tordesilhas”.
IV- Ciclo do Ouro
Neste ciclo, puderam ser ressaltados dois aspectos importantíssimos 
para efeito de estudo, e que foram bem elucidados nas aulas 07 e 08 
de nosso curso, nas quais pudemos ver: (a) a questão da descobertae 
da exploração de metais preciosos que moveram sempre o imaginário 
do colonizador português como o grande atrativo que objetivara a 
colonização do Brasil; (b) e, conseqüentemente, a criação das minas 
de metais preciosos, que quando descobertas vieram a bem propósito 
no sentido de prover a capacidade se salvar a colônia e a metrópole da 
decadência ocasionada concorrência do açúcar brasileiro pelo açúcar 
produzido nas Antilhas, cuja produção os holandeses iniciaram após 
sua expulsão do Nordeste brasileiro.
Grosso modo, pode-se dizer que o Ciclo do Ouro no Brasil teve como 
característica principal a predominância do velho pacto colonial, 
baseado no Mercantilismo. Isto levou a política metropolitana a 
se assentar em um forte cunho fiscal, predominante em todo este 
período de colonização. Em relação a este aspecto particular, podemos 
enunciar as seguintes características básicas:
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB283
 •A exploração das minas estava regulamentada pelo 
Regimento das Minas;
 •As atividades subsidiárias eram restringidas em função de 
seus vínculos com a mineração;
 •A arrecadação de impostos da Real Fazenda recaia tanto 
sobre a produção aurífera, como sobre as mercadorias que 
entravam nas zonas mineiras.
Por outro lado, o tipo do ouro brasileiro marcou a técnica de extração 
e, por conseqüência, a forma da organização de sua exploração; que 
pode ser caracterizada levando-se em consideração os seguintes 
aspectos básicos:
 •Não demandava grandes empresas;
 •Exigia sempre um capital fixo menor do que aquele exigido 
pela empresa açucareira;
 •Não demandava capital-terra, fundamental no ciclo anterior, 
como observamos;
 •Implicou em uma mobilidade das empresas, as quais se 
organizavam de tal forma a permitir com que o deslocamento 
espacial fosse realizado de modo mais rápido, ou seja, em 
curto prazo de tempo, principalmente se considerarmos o 
rápido esgotamento das jazidas devido à ação econômica de 
estrativismo predominantemente predatório.
Dentre os efeitos do ciclo do ouro, podemos ressaltar os 
seguintes aspectos:
 •Embora continuasse a utilizar mão-de-obra escrava, ele 
possibilitou o surgimento de maior estratificação social, criou 
também condições satisfatórias para o desenvolvimento de 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB284
um incipiente mercado interno na colônia portuguesa;
 •Integrou regiões e pontos geográficos da colônia, tanto 
do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista 
político;
 •No entanto, a grande concentração de recursos proveniente 
da atividade de mineração trouxe graves conseqüências como: 
um rápido crescimento ao mesmo tempo que uma involução 
econômica vertiginosa, principalmente se considerarmos 
que ao passo que se esgotava o ciclo econômico, a região 
dedicada a ele passava a se tornar praticamente uma 
economia de subsistência.
V- Crise do Antigo Sistema Colonial
A Crise do Antigo Sistema Colonial fundamentou-se no fato de que a 
economia colonial era dividida a partir de dois grandes setores básicos: 
(a) o setor principal, ou seja, a produção de artigos destinados à 
exportação (açúcar, tabaco, algodão, etc); e, (b) as chamadas culturas de 
subsistência bem como a produção de bens que não eram importados, 
setor este que se caracterizava por ser totalmente dependente do 
setor principal e exportador, e dedicado exclusivamente a atender 
necessidades internas dos colonos portugueses.
Podemos dizer que, a crise colonial que correspondeu à análise da 
Aula 09 pode ser resumida assim: a estrutura colonial, de mercado 
interno muito restrito, serviu enquanto a produção de bens pelas 
manufaturas européias era limitada, e a necessidade maior da 
metrópole era a de acumulação de capital. A partir do momento 
em que a produção se tornou mecanizada e de larga escala, surge 
então a necessidade de novos e maiores mercados que consumam 
essas mercadorias produzidas. Em detrimento disso, uma estrutura 
colonial rígida passa a ser superada e a incomodar a expansão de 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB285
todo o sistema. Eminentemente, são reflexos e conseqüência dessa 
crise tanto a independência das colônias americanas bem como o fim 
da escravidão.
Tendo em vista o surgimento de um novo ciclo econômico que fizesse 
com que a colônia portuguesa pudesse retornar a um novo período 
de acentuado desenvolvimento, visando, assim, prover inegável 
acúmulo de capital à sua metrópole; este período de colonização, 
no entanto, é marcado por sucessivas crises que culminaram em 
grandes transformações no sistema capitalista internacional, e que 
teve, sem dúvida alguma, fortes repercussões internas importantes 
no Brasil colonial, como: a transição da ideologia mercantilista para a 
ideologia do liberalismo econômico. As condições internas na colônia 
favoreciam significativamente a superação do modelo mercantilista: 
situação econômica ao final do século XVIII, e declínio econômico nas 
primeiras décadas do século XIX.
Os principais históricos marcos deste período colonial podem ser 
enunciados, da seguinte forma: 
 •no âmbito internacional: a Revolução Francesa, e a 
Independência das colônias norte-americanas, além 
naturalmente da era napoleônica, marcado por inúmeras 
guerras expansionistas na Europa;
 •no ambiente interno, no que diz respeito ao Brasil: a abertura 
dos portos em 1808, a passagem efetiva do domínio colonial 
português para a predominância e hegemonia econômica 
britânica, e a Independência brasileira (1822).
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB286
VI- A Questão do Trabalho: trabalhador escravo 
versus trabalhador assalariado
Este tópico foi particularmente estudado durante a aula 12 do curso. 
Nela, vimos vários elementos básicos que definiam as características 
do trabalho no período colonial, entre os quais podemos ressaltar:
 •O impacto que teve na economia brasileira o fim do tráfico 
de escravos e a abolição da escravatura;
 •O interesse crescente por parte da elite econômica brasileira 
na imigração de trabalhadores europeus;
 •Como ocorreu a vinda dos primeiros colonos europeus 
imigrantes;
 •O significado da transição do regime de trabalho escravo 
para o trabalho livre.
VI- O Ciclo do Café
O tema do ciclo do café e da industrialização foram vistos na aula 
13, na qual estudamos os fatores que permitiram o aparecimento e 
o estabelecimento de um incipiente processo de industrialização, a 
partir das atividades mercantis do ciclo cafeeiro. Pudemos verificamos 
como a industrialização, especialmente, no Estado de São Paulo, 
dependeu sempre em grande parte da demanda do mercado 
estrangeiro de café.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB287
Podemos dizer, grosso modo, que a agricultura cafeeira teve os 
seguintes reflexos essenciais no desenvolvimento da economia 
brasileira:
 •O comércio do café não gerou apenas a demanda da 
produção industrial; atendeu também à parte de despesas 
gerais que foram necessárias à nascente indústria nacional;
 •A produção de café propiciou e induziu à construção de uma 
infra-estrutura complexa de desenvolvimento no país, tais 
como: estradas de ferro que foram implantadas em razão do 
crescimento da economia cafeeira, e que eram financiadas 
pelos próprios agricultores com seus lucros, ou ainda por 
estrangeiros interessados na perspectiva do transporte do 
produto; a instalação das primeiras indústrias que demandou 
serviços de energia elétrica (neste caso, também, muitas dessas 
indústrias foram inicialmente organizadas por cafeicultores 
ou por estrangeiros atentosaos futuros lucros gerados pelo 
café); e a criação do próprio Porto de Santos, que foi, desde 
sua origem, ligada ao desenvolvimento do comércio do café, 
servindo como principal fonte de escoamento da produção 
cafeeira de acesso aos mercados internacionais.
 Conclusivamente, estes foram, portanto, os pontos principais 
que estudamos na disciplina Formação Econômica Brasileira 
até a aula 14. Vamos, então agora, abordamos o objeto 
de nossa última aula: aula 15, que diz respeito à CRISE 
ECONÔMICA DE 1929 e a REVOLUÇÃO DE 1930. 
Para darmos prosseguimento ao conteúdo desta aula, sugiro que leia 
atentamente os textos sugeridos, a seguir.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB288
Texto 1 – A Revolução de 1930 e o Novo Estado
Nos anos posteriores à Revolução de 1930, alteraram-se as funções e 
a própria estrutura do Estado brasileiro. Devido à derrota, ainda que 
parcial, das oligarquias dominantes até então, pelas novas classes 
sociais urbanas, a Revolução exprimiu as rupturas estruturais a partir 
das quais se tornou possível reelaborar as relações entre o Estado e a 
sociedade. Desde essa época, os desenvolvimentos do poder público 
revelam a acentuação dos seus conteúdos burgueses, em confronto 
com os elementos sociais, culturais e políticos de tipo oligárquico 
vigentes, nas décadas anteriores a 1930. Assim, poderíamos sintetizar, 
desde já, a idéia central deste estudo dizendo que o que caracteriza os 
anos posteriores à Revolução de 30 é o fato de que ela cria condições 
para o desenvolvimento do Estado burguês, como um sistema que 
engloba instituições políticas e econômicas, bem como padrões e 
valores sociais e culturais de tipo propriamente burguês. Enquanto 
manifestação e agente das rupturas estruturais internas e externas, 
a Revolução implicou na derrota (não se trata propriamente de 
liquidações) do Estado oligárquico .1
Isto significa que o poder público passou a funcionar – mais 
adequadamente –, segundo as exigências e as possibilidades 
estruturais estabelecidas pelo sistema capitalista vigente no Brasil; isto 
é, pelo subsistema brasileiro do capitalismo. Assim, os governantes 
passaram a reformular as condições de funcionamento do mercado 
de fatores de produção (ou forças produtivas), bem como as relações 
internas de produção, e as relações entre economia brasileira e a 
economia internacional. 
A evolução da legislação trabalhista, por exemplo, mostra, de modo 
bastante claro, esta transição. 
1. É obvio que o Estado oligárquico foi uma modalidade de Estado burguês. Cabe a distinção, no 
entanto, na medida em que o Estado oligárquico implicou uma modalidade singular de organização do 
poder político-econômico, em termos de estrutura de dominação-subordinação. Note-se, por exemplo, 
que ele era bastante determinado pela economia primária exportadora. Outras peculiaridades serão 
mencionadas ao longo deste estudo.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB289
É que, a partir de 1930, foram estabelecidos, de modo formal, sob 
a responsabilidade do Estado, as condições e os limites básico de 
funcionamento do mercado de força de trabalho. Assim, estabeleceram-
se, na mesma legislação trabalhista e sindical, as condições e os limites 
sociais e políticos da atuação dos assalariados. Em poucas palavras, 
o conjunto das atividades estatais, no período de 1930-45, assinala a 
agonia do Estado de tipo oligárquico e o desenvolvimento do Estado 
propriamente burguês. 
Vejamos agora, algumas particularidades desse processo de 
modificação do poder público, concebido de modo global, em seus 
componentes político-econômicos e sócio-culturais.
Nos anos de 1930 e 1945, o governo brasileiro, sob Getúlio Vargas, 
adotou uma série de medidas econômicas e realizou inovações 
institucionais que assinalaram, de modo bastante claro, uma fase nova 
de relações entre o Estado e o sistema político-econômico. Todavia, 
as medidas econômico-financeiras adotadas, as reformas político-
administrativas realizadas e a própria reestruturação do aparelho 
estatal, não foram o resultado de um plano preestabelecido. E, muito 
menos, foram o resultado de um estudo objetivo sistemático das reais 
condições preexistentes. O próprio desenrolar das soluções adotadas 
após 1930 mostra que o governo foi respondendo aos problemas 
e dilemas conforme eles apareciam, no seu horizonte político, por 
injunção de interesses e pressões econômicas, políticas, sociais 
e militares. Às vezes as pressões e os interesses – principalmente 
econômicos e financeiros –, eram de origem externa. 2
2. Ao referir-se a Otto E. Niemeyer, chefe da missão inglesa no Brasil, em 1931, o jornal New York Times 
escreveu o seguinte, em maio deste ano: “Contrariamente às noticias propaladas, ele (O.E. Niemeyer) 
não foi convidado pelo Governo Provisório, mas foi enviado ao Brasil para salvaguarda dos Rothschilds”. 
Citado por J.F. Normano, in: a Evolução Econômica do Brasil, tradução de T. Quartim Barbosa, R. Peake 
Rodrigues e L Brandão Teixeira, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1945, 2ª edição, p.263. Um 
resumo das recomendações feitas por Niemeyer ao governo brasileiro encontra-se em: Mário Wagner 
Vieira da Cunha, O Ssistema Administrativo Brasileiro, Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, Rio 
de Janeiro, 1963, pp.47-49
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB290
Antes da Revolução, já se aprofundara bastante o debate sobre 
vários dentre os problemas com os quais deveria defrontar-se o 
governo, após a deposição do Presidente Washington Luis, em 
outubro de 1930. Haviam-se examinado e debatido problemas tais 
como os seguintes: democratização do sistema político em geral, 
particularmente o processo eleitoral e o exercício efetivo dos poderes; 
protecionismos alfandegários e a defesa da incipiente indústria 
brasileira; reforma e ampliação do sistema nacional de ensino, em 
seus níveis elementar, médio e superior; formalização das relações de 
trabalho e das atividades sindicais; as funções do poder público, na 
proteção e incentivo às atividades econômicas instaladas e a instalar-
se; a importância e a necessidade de uma política governamental 
de defesa e aproveitamento das riquezas minerais. 3 De fato, antes 
de 1930 o sistema político e econômico brasileiro já se defrontara 
com problemas estruturais e conjunturais típicos de uma economia 
dependente, isto é, economia primária exportadora. Por exemplo, 
repetiam-se as crises na cafeicultura, que era o principal setor da 
economia do País. 
Note-se que na década de 20 o café perfaz mais de 80% do valor 
global das exportações brasileiras. Isto dá uma idéia de importância 
relativa da cafeicultura na criação de capacidade para importar.4
Aliás, mesmo quando as crises não eram graves, elas punham em 
evidência a vulnerabilidade do setor exportador e, por conseqüência, 
de outros segmentos da economia brasileira. Além disso, a política 
econômica externa, do tipo liberal (conforme era exigida pelas 
empresas comerciais e financeiras européias e norte-americanas, 
que controlavam o setor externo brasileiro) significava a maciça e 
sistemática exportação do excedente econômico nacional. 
3 . CAIO PRADO JUNIOR. História Econômica do Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 3ª edição, 1953, 
esp. pp. 213-302.
4 . Note-se que, que ainda nestas mesmas décadas as importações de café por parte dos Estados Unidos 
representavam mais de 50% das exportações brasileiras. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, 
a participação dos Estados Unidos chegou a mais de 80%. Cf. “ O Café na Economia Brasileira”, estudo 
publicado pela redação da Revista Brasileira de Estatística, ano XI, nº 44, Riode Janeiro, 1950, pp. 639-
643, esp. tabela VII.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB291
Tanto através da comercialização do café, controlada pelos centros 
dominantes (Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e outros) como 
por meio da importação de manufaturados e artigos de consumo da 
classe dominante, boa parte do produto nacional encaminhava-se para 
o exterior. 5 Nessa época, pois, o governo atuava no sentido de proteger 
e incentivar as atividades produtivas ligadas ao setor externo, que era 
essencial à sustentação do sistema político-econômico então vigente.
Simultaneamente, entretanto, formaram-se novos grupos sociais, 
com interesses distintos dos interesses da burguesia nacional e 
internacional (rural, comercial e financeira), vinculada à cafeicultura. 
Em conseqüência da incipiente industrialização havida nas décadas 
anteriores, do crescimento do setor terciário e da própria urbanização, 
surgiram novos grupos sociais, particularmente os primeiros núcleos 
proletários e os princípios da burguesia industrial; além de expandir-
se bastante a classe média. Foi neste ambiente urbano mais complexo 
e parcialmente independente da cultura agrária que surgiram, na 
década de 20, vários movimentos políticos e artísticos novos: fundou-
se o Partido Comunista do Brasil em 1922; surgiram as primeiras 
manifestações do tenentismo o qual exprimia os interesses, os ideais 
e as ambições políticas de alguns setores do Exército; fundou-se um 
partido político de inspiração fascista, com a Legião do Cruzeiro do 
Sul, em 1922; realizou-se a semana de Arte Moderna em São Paulo, 
também em 1922, quando se manifestaram alguns jovens artistas 
de vanguarda. Essas são algumas das principais expressões de uma 
sociedade urbana em franca transformação. 6
Ao mesmo tempo, cresce o mercado interno e abrem-se novas perspectivas 
para o incipiente setor manufatureiro. A abolição da escravatura e a 
intensa imigração de europeus (braços para lavoura, colonos, artesãos e 
operários) eram, a uma só vez, agentes e manifestações das mudanças 
econômico-sociais e culturais que então ocorriam. 
5. CAIO PRADO JUNIOR, op. cit., esp. pp. 275-287.
6. CARONE, Edgard. Revoluções do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Buriti, 1965.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB292
Em especial, expande-se o sistema econômico, inclusive qualitativamente.
Assim, se observássemos a evolução da economia brasileira ao longo das 
décadas de 20 e 30, verificaríamos a seguinte tendência emergente:
“O processo desta nova economia em germinação é condicionado 
pela constituição e ampliação de um mercado interno, isto é, pelo 
desenvolvimento do fator de consumo, praticamente imponderável no 
conjunto do sistema anterior, em que prevalece o elemento de produção. 
Concorre para isto, em primeiro lugar, o crescimento da população e 
elevação do seu padrão de vida, de suas exigências e necessidades. (...)
Aos poucos, a produção interna, tanto agrícola como industrial, poderá 
ir fazendo frente a uma proporção cada vez maior às solicitações do 
consumo. (...)
A indústria nacional vai progressivamente substituindo com seus 
produtos a importação anterior de quase tudo que diz respeito a artigos 
de consumo imediato, isto é, às manufaturas leves ”. 7
Neste contexto histórico, em que se revelam as pré-condições das 
rupturas políticas e econômicas que assinalam a Revolução de 1930, 
a Depressão Econômica Mundial de 1929-1933 desempenha um 
papel decisivo. Não só pelos efeitos “catastróficos” que ela provocou 
na cafeicultura e, por conseqüência, no sistema político-econômico 
brasileiro, em conjunto, mas também pelo fato de que “produziu” 
uma consciência mais clara dos problemas brasileiros. Todas as classes 
sociais, inclusive a própria burguesia associada à cafeicultura, foram 
obrigadas a tomar consciência – novamente e de modo mais completo 
–, das limitações econômico-financeiras inerentes a uma economia 
voltada fundamentalmente para o mercado externo.
7 . CAIO PRADO JUNIOR, op., cit., pp. 292-294.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB293
Portanto, a Revolução de 1930 (que depôs Washington Luis) representa 
uma ruptura política e, também, econômica, social e cultural como o 
Estado oligárquico vigente nas décadas anteriores. Aliás, é o próprio 
estado oligárquico que se rompe internamente, pela impossibilidade 
de acomodarem-se as tensões e conciliarem-se os contrários liberados 
pela crise política e econômica mundial e interna. 8
A partir deste momento, os grupos políticos no poder começaram a 
modificar seus órgãos governamentais e a inovar na esfera da política 
econômico-financeira. Os novos governantes tiveram de acomodar-se 
aos poderosos interesses econômicos e políticos ligados à cafeicultura. 
Entretanto, eles tiveram condições para encaminhar novas diretrizes 
governamentais. Conforme dizia Getúlio Vargas em 1931, ao esboçar a nova 
imagem das relações entre o poder público e as atividades produtivas:
A partir deste momento, os grupos políticos no poder começaram 
a modificar seus órgãos governamentais e a inovar na esfera da 
política econômico-financeira. Os novos governantes tiveram de 
acomodar-se aos poderosos interesses econômicos e políticos 
ligados à cafeicultura. Entretanto, eles tiveram condições para 
encaminhar novas diretrizes governamentais. Conforme dizia 
Getúlio Vargas em 1931, ao esboçar a nova imagem das relações 
entre o poder público e as atividades produtivas:
“Examinando detidamente o fator de maior predominância na evolução 
social, penso não errar afirmando que a causa de falharem todos os 
sistemas econômicos, experimentados para estabelecer o equilíbrio das 
forças produtoras, se encontra na livre atividade permitida à atuação das 
energias naturais, isto é, na falta de organização do capital e do trabalho, 
elementos dinâmicos preponderantes no fenômeno de produção, cuja 
atividade cumpre, antes de tudo, regular e disciplinar.” 9
8 IANNI, Octavio. A Grande Depressão Econômico Mundial e o Brasil: 1929-33. São Paulo: agosto de 
1969. Alguns das principais características do Estado Oligárquico, que entra em colapso em 1930, foram 
examinados por: CUNHA, Mário Wagner Vieira da, op. cit., esp. pp. 22-23 In: CARONE, Edgar. A República 
Velha, Difusão Européia do livro. São Paulo, 1970, esp. pp. 267-271. 
9 GETÚLIO VARGAS. As Diretrizes da Nova Política do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1942, 9.117.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB294
Em conseqüência, liquidaram-se as poucas e frágeis instituições 
democráticas, a despeito de exclusivamente urbanas. Ao mesmo 
tempo, acelerou-se o processo de distribuição dos remanescentes 
do Estado oligárquico. Além disto, os setores burgueses mais fortes, 
apoiados na força militar e em aliança com setores da classe média, 
passaram a controlar o poder político e a opinar sobre as decisões de 
política econômica. E, assim, consolidou-se uma vitória importante, 
ainda que parcial, da cidade sobre o campo. Pouco a pouco, as classes 
sociais de mentalidade e interesses caracteristicamente urbanos 
impuseram-se sobre uma mentalidade e interesses enraizados na 
economia primária exportadora. Para os partidos e movimentos 
políticos que haviam lutado por instituições democráticas, a vitória 
sobre as oligarquias havia sido um malogro. Passava-se do regime 
oligárquico à ditadura do tipo burguês, depois de um entreato de 
grande fermentação política e cultural.
Texto 2 : Esforços de industrialização anteriores 
à II Guerra Mundial
Foi somente depois da Segunda Guerra Mundial que o Brasil empenhou-
se em um surto de industrializaçãodeliberado, geral e continuado, 
que alterou acentuadamente a estrutura de sua economia. Isto não 
significa, todavia, que a industrialização se tenha iniciado “do nada”. 
A partir dos fins do século XIX, surgiram diversos tipos de indústria, 
freqüentemente em conseqüência da interrupção dos suprimentos de 
além-mar, mas, até a segunda década do século XX, poucas delas se 
tinham estabelecido solidamente. A Primeira Guerra Mundial e a grande 
depressão dos anos 30, porém, representaram um impacto poderoso 
para estabelecer uma base industrial duradoura, embora diminuta. Não 
obstante, como veremos, ao se iniciar a segunda guerra, o Brasil era 
ainda, predominantemente, um país produtor de artigos primários.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB295
A industrialização Anterior ao Século XX
Até a segunda década do século XX, a economia brasileira dependia 
basicamente da exportação de certos produtos-chave de natureza 
primária, que predominaram, por ciclos sucessivos, na estrutura de 
suas exportações: pau-brasil, açúcar, ouro e diamantes, borracha, 
algodão e cacau. Até a independência do país, importavam-se 
virtualmente todos os bens manufaturados. Devia-se isso a uma 
deliberada política mercantilista portuguesa, que proibia qualquer tipo 
de desenvolvimento industrial na colônia. O mercado brasileiro para 
artigos manufaturados constituía reserva exclusiva dos fabricantes 
portugueses e britânicos. A estes últimos haviam sido outorgados 
privilégios especiais através de tratados negociados com Portugal, e 
conservados após a independência do país, até 1844.
Durante a maior parte da existência do Império Britânico (1822-1889), 
a política comercial baseava-se no livre-cambismo, o que tornava 
extremamente difícil o estabelecimento de indústrias no país, em 
face de concorrência externa. Os senhores de terra e os comerciantes 
de cidades litorâneas, sem qualquer interesse de promover a 
industrialização, constituíam a classe dominante.
Em meados do século não ocorreu qualquer desenvolvimento 
industrial digno de menção. Por exemplo, de acordo com o censo 
industrial de 1920, de 13.336 estabelecimentos existentes, somente 
35 eram anteriores a 1850 e apenas 240 tinham sido fundados antes 
de 1880. 1 As poucas e pequenas fábricas e oficinas que existiam 
produziam chapéus, rapé, sabão, ferro fundido e alguns outros artigos 
de importância secundária.
1. G.F. LOEB. Industrialization and Balanced Growth: With Special Reference to Brazil. Groningen, 
Netherlands, 1957, p 87.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB296
Na segunda metade do século XIX tornaram-se mais digna de nota 
as tentativas de criar indústrias. As décadas de 60 e 70 presenciaram 
a construção da primeira estrada-de-ferro no Brasil, a inauguração 
da navegação a vapor, a construção de novos portos, a expansão das 
indústrias têxteis e de alimentação. Muitas destas realizações estão 
ligadas ao nome do Barão de Mauá, o primeiro grande banqueiro 
e empreendedor brasileiro. As novas empresas foram ajudadas, em 
parte, pelas relações de troca favoráveis naqueles anos e, também, 
pela casual proteção tarifária provocada pelas necessidades 
governamentais de ampliar suas receitas, cuja principal fonte era as 
tarifas alfandegárias. O maior crescimento teve lugar na indústria 
têxtil. Havia duas fábricas têxteis em 1850; esse número crescera para 
44 em 1881. Ainda assim, foi um desenvolvimento de proporções 
relativamente reduzidas, quando se leva em conta que apenas 3000 
trabalhadores eram empregados por estas fábricas por volta de 1880 
2, e que o Brasil continuava a importar considerável parcela de tecidos 
utilizados no país.
Considerável impulso à expansão industrial foi dado com a abolição 
da escravatura em 1888 e com a proclamação da República no 
ano seguinte. A abolição acarretou substancial desorganização de 
algumas tradicionais regiões agrícolas, provocando o êxodo de grande 
número de fazendeiros para as cidades, onde passaram a se dedicar 
à indústria e ao comércio. Todavia, na década de 1890, expandiram-
se rapidamente as exportações de café, cacau e borracha, trazendo 
prosperidade a algumas das novas regiões de produção agrícola, 
especialmente ao estado de São Paulo. Esta prosperidade e o afluxo 
de imigrantes europeus no mesmo período (muitos dos quais 
encontraram emprego nas novas áreas cafeicultoras) proporcionaram 
consideráveis mercados para os bens industriais, tanto importados 
como fabricados no país. 
2. DORIVAL TEIXEIRA VIEIRA. “The industrialization or Brazil” in Brazil: portrait of Half a Continent. New 
York: The Dryden Press, 1951, p 57. 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB297
A criação de empresas industriais no país foi, em parte financiada 
pelo capital oriundo do setor exportador em expansão. Por outro 
lado, grande número de imigrantes que entraram no país nos fins do 
século XIX, trouxe consigo o Know how indispensável a estes novos 
empreendimentos. Deve-se fixar, porém, que este surto industrial foi 
bem diminuído em confronto com o crescimento geral da economia 
observado em fins do século passado.
Nos primeiros anos da República foi adquirindo autoridade cada 
vez maior uma escola de pensamento favorável à industrialização. 
Proclamava ela que o Brasil precisava completar sua independência 
política adquirindo a independência econômica e que esta só seria 
alcançada através de novas indústrias cuja produção substituísse 
grande número de importação. Essa propaganda teve como resultado 
maior proteção tarifária e a concessão de assistência financeira 
governamental às novas indústrias. 3 Durante a última década do 
século XIX, o Brasil realizou também sucessivas desvalorizações de 
sua moeda, para atender a problemas de seu balanço de pagamentos. 
Isto também proporcionou certo grau de proteção às novas empresas 
industriais. Desse modo, defendidos por uma muralha protecionista, 
o número de estabelecimentos industriais no Brasil aumentou de 636, 
em 1889, para 1088, em 18954. 5
Durante a última década do século XIX fizeram sua aparição 
indústrias dedicadas a suprir o setor exportador em expansão e o 
setor de consumo interno. Por exemplo, instalou-se em São Paulo 
uma empresa de juta para atender a crescente demanda de sacos 
para café e outros artigos em grão; abriram-se pequenas fábricas 
para produzir tecidos de algodão, seda e linho; moinhos, fábrica de 
enlatados, biscoitos, macarrão, de diversos tipos de bebidas etc. Tudo 
isto, porém, continuava a representar uma pequena parcela do total 
da atividade econômica.5
3. Estudo interessante do despertar do sentimento nacionalista, favorável a industrialização em grande 
escala é o de LUZ, Nicia Vilela. A luta pela industrialização no Brasil. São Paulo: Corpo e Alma do Brasil, 
Difusão Européia do Livro, 1961.
4. VIEIRA, op. cit. p. 248.
5. WHYTE, George. Brazil: Trends in Industrial Development. In: Economic Growth: Brazil, India, Japan. 
SIMON KUZNETS et alli; Durhan: N.C. p 39.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB298
Antes da Primeira Guerra Mundial verificou-se considerável incremento 
na produção industrial. Este fato, em parte, resultou da influência de 
um maior protecionismo, especialmente através “... da instituição de 
tarifas aduaneiras parcialmente recolhidas em ouro (que) constituiu 
um fator acentuadamente protecionista a dificultar a competição 
estrangeira”.6
O acelerado ritmo de crescimento entre 1910 e 1914 deve-se, também, 
à Caixa de Conversão “... que proporcionou maior saldo de divisas para 
a aquisição de maquinaria, instrumental e até matérias-primas para o 
desenvolvimento industrial”.7Trata-se de interessante antecedente 
do tipo de medidas a serem amplamente aplicadas na década de 50 
com o objetivo de promover a industrialização. 
Outros fatores favoráveis eram a falta de emprego nas fazendas, 
reforçando o quociente de mão-de-obra disponível para as fábricas, e 
os imigrantes que, quando não tinham passagem paga pelo governo, 
e que permaneciam em sua maioria nas cidades. A instalação de 
usinas de eletricidade e o desenvolvimento das ferrovias, conjugados 
ao substancial afluxo de capital estrangeiro, serviam para manter o 
acelerado ritmo de industrialização antes da guerra.
O advento da Primeira Guerra Mundial representou uma grande 
oportunidade para as nascentes indústrias brasileiras. A interrupção 
dos suprimentos do além-mar eliminou a competição estrangeira, e 
muitas novas indústrias foram instaladas para preencher o hiato, e 
mesmo para suprir mercados externos. Outros elementos adicionais 
que vieram a fortalecer a disseminação de empresas industriais foram 
o efeito inflacionário das finanças no período da guerra, ampliando 
o poder aquisitivo, e os lucros – obtidos, durante a guerra, pela 
navegação, e comércio de manufaturas –, aplicadas na criação e 
expansão de empresas industriais. 
6. VIEIRA, op. cit. p. 249.
7. Ibidem
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB299
Criaram-se, durante a guerra, 5936 novos estabelecimentos industriais, 
e o valor da produção industrial cresceu de 212 por cento entre 1914 
e 1919. 8 
O tipo de estrutura industrial que se formou durante a prosperidade 
de guerra tornou-se evidente com a publicação do Recenseamento de 
1920. Revelou até a existência de 13356 estabelecimentos industriais 
empregando um pouco mais de 300.000 trabalhadores. O maior 
crescimento verificou-se na indústria alimentar, cuja produção, em 
1907, representava 26,7 por cento do valor total da produção industrial, 
passando sua parte a 40,6 por cento e, em 1920 (inclui ela alimentos, 
bebidas e fumo)9. A indústria têxtil também avançou a grandes passos 
e alcançou 28,6 por cento em 1920 (desconhece-se sua participação 
exata em 1907). Resulta óbvio do quadro 2-1 que o surto industrial 
ocorrido durante a Guerra foi de pouca valia para o desenvolvimento 
da indústria pesada, e que a atividade industrial continuou a depender 
amplamente da importação de máquinas e peças.
Quadro 2-1
DISTRIBUIÇÃO POR SETORES DA ATIVIDADE 
INSDUSTRIAL
(Percentagem do valor total adicionado)
INDÚSTRIAS 1920 1940 1950
Minerais não Metálicos 4,7 5,3 7,4
Metalurgia 4,3 7,7 7,4
8.Ibidem, p 249. Este aumento se refere ao valor nominal de produção. Em termos reais deve ter 
representado aproximadamente 150 a 160 por cento.
9. Deve-se observar que a parcela de 40,6% para a indústria de produtos alimentares em 1920 representa 
sua participação no valor total da produção (e não deve ser comparada com os dados da tabela 2-1, que 
apresenta relações em termo de valor adicionado). A razão disto é permitir a comparação da situação 
em 1920 com a de 1907, ano para o qual não se dispõe de dados relativos ao valor adicionado.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB300
Mecânica 2,0 5,8 2,2
Material Elétrico 1,7
Material de Transportes 2,3
Madeira 5,8 5,1 3,4
Mobiliário 2,0 2,2
Papel e correlatos 1,5 1,4 2,1
Artefatos de borracha 0,2 0,7 2,1
Couro e artefatos de couro 2,4 1,7 1,3
Química e farmacêutica 6,0 10,4 9,4
Têxtil 28,6 22,7 20,1
Vestuário, calçados e artefatos de tecido 8,6 4,9 4,3
Produtos alimentares 22,2 22,9 19,6
Bebidas 5,9 4,5 4,3
Fumo 3,9 2,2 1,6
Editorial e gráfica 3,6 4,2
Diversos 1,9 1,5 4,4
Fonte: Censos industriais de 1920,1940 e 1950. Preparado e tornado comparável (a preços correntes) 
por Jayme Fuks, da Fundação Getúlio Vargas.
Visto em perspectiva, o surto industrial provocado pela guerra não 
transformou basicamente a estrutura econômica brasileira. De vez que 
não se dispõe de estimativas das contas nacionais para este período, 
a única indicação existente a respeito da distribuição da atividade 
econômica na sociedade brasileira repousa na distribuição da população 
por setores de atividade (ver quadro 2-2). Embora em 1920 13% da 
população ativa estivesse engajada em indústrias manufatureiras, muitas 
das empresas incluídas na categoria, eram antes pequenas oficinas do 
que empresas industriais de certo porte, e muitas não passavam mesmo 
de instalações artesanais do tipo rural (freqüentemente funcionando a 
tempo parcial), que não seriam agrupadas no setor secundário pelos 
recenseamentos em 1940, e nos anos seguintes. (Até mesmo a costura 
doméstica foi incluída na classificação de 1920).
Na década de 20, muitas das indústrias instaladas durante a guerra 
sofreram sério retrocesso. Os bens produzidos no país eram caros e 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB301
de qualidade inferior, se comparados com os americanos e europeus. 
Estes últimos começaram a se tornar novamente disponíveis no 
início do período, logo que inteiramente reconstruídas as indústrias 
européias. A recuperação européia também exerceu grande pressão 
sobre a indústria norte-americana, a qual subitamente se deu conta 
do excesso de capacidade de algumas de suas instalações, voltando-
se então, com crescente vigor, para os mercados latino-americanos. 
Desse modo:
“... produtos industriais estrangeiros, principalmente tecidos, perfumes, 
louça, porcelana e cristal e mesmo certos gêneros alimentícios 
chegavam ao mercado brasileiro a preços muito inferiores aos bens 
produzidos no país.”10
Outro fator a influenciar a produção na década de 1920 era a política 
governamental do café. O consumo de café não diminuiu durante a 
guerra e chegou mesmo a aumentar substancialmente depois dela. 
Durante o decênio, todavia, o governo brasileiro manteve um pesado 
sistema de sustentação desse setor da economia, apesar da diminuição 
das exportações. Assim, em virtude da considerável expansão da área 
de plantio efetuada no inicio da década de 20, a produção exportável 
aumentou em quase 100% entre 1925 e 1929, enquanto permaneciam 
praticamente estagnadas as quantidades exportadas. Entre 1927 e 
1929 as exportações mal absorveram dois terços da produção total. 
Internamente, porém, o café atravessara um período de prosperidade 
inaudita, dificilmente justificada em face da situação do mercado 
externo. De acordo com destacada autoridade, não foi “... estranho que 
reaparecessem com grande força os velhos preconceitos contrários à 
indústria e que a literatura econômica brasileira atacasse duramente a 
indústria nacional em nome do bem estar do povo”. 11
10. VIEIRA, op. cit. p. 251.
11. Ibidem, p. 251. De acordo com Vieira, os argumentos avançados contra a indústria eram o de que 
ela era artificial, onerosa, e por vezes extorsiva. Foi um período, também em que os autores votaram a 
defesa do livre-cambismo e combateram as medidas protecionistas, porque suscitavam dificuldades ao 
livre ingresso do café nos países consumidores.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB302
Não é surpreendente, dada a influência dos grupos sócio-econômicos 
tradicionais, que o governo deixasse de vir em socorro das indústrias 
em dificuldades.
QUADRO 2-2
DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ATIVA 
POR SETOR DE ATIVIDADE
1920 1940
Setor Primário 69,7 67,0
Agricultura, pesca e atividade Florestal 69,0 65,1
Produtos Vegetais 1,3
 Caça e Pesca
Setor Secundário 13,8 14,88
Indústrias extrativas minerais 0,8 0,8
Indústrias manufatureiras 13,0 14,0
Setor Terciário 16,5 18,2
Comércio 5,4 5,5
Transportes e comunicações 2,8 3,4
Governo 2,0 2,8
Profissionais Liberais 2,3 2,1
Serviços domésticos remunerados 4,0 4,4
TOTAL100% 100%
Fonte: BORGES, T. Accily Pompeu & LOEB, Gustaff. Desenvolvimento Econômico e distribuição da 
população ativa. Rio de Janeiro: Livraria Ativa, 1947 p. 40. Estes dados foram levantados a partir dos 
censos realizados nestes anos.
O resultado final dessa evolução foi uma sensível queda na produção 
industrial, em 1924-25, seguida de uma lenta retomada nos cinco anos 
que se seguiram. De vez que o único índice disponível para o conjunto 
da produção industrial só remonte a 1924, alguns outros indicadores 
são utilizados no quadro 2-3. Mostram eles um declínio e/ou uma 
redução no ritmo de crescimento da produção a partir dos últimos 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB303
anos da década de 20. Concomitantemente, houve considerável 
crescimento das importações.
Resumamos então o quadro que se apresenta nos últimos anos 
daquela década. A Primeira Guerra Mundial representa substancial 
estimulo para as indústrias do país, mas, ao findar a guerra as 
incipientes indústrias viram-se sufocadas pela livre competição dos 
países industriais. O governo não dispunha de política para proteger 
ativamente e muito menos para estimular ulteriormente a diminuta 
base industrial. Sua única preocupação volta-se para a defesa 
da produção cafeeira. Como vimos, isto acarretava um resultado 
parcialmente depressivo sobre o processo de industrialização, pois 
excluía um mínimo que fosse de proteção e de subsídio para a 
indústria. Veremos, porém, que a política de defesa do café teve efeito 
mais positivo para o crescimento ulterior da indústria na década de 
30.
O período da Depressão Mundial
A depressão dos anos 30 teve severo efeito negativo sobre as 
exportações brasileiras, cujo valor cai de U$ 445,9 milhões em 1929, 
para U$ 180,6 milhões em 1932. O Brasil foi o primeiro país latino-
americano a lançar mão do controle de câmbio e de outros controles 
diretos. Estes controles combinando-se com a depreciação da 
moeda brasileira que encarecia o preço interno dos bens importados 
provocaram a queda das importações do nível de U$ 416,6 milhões11, 
em 1929, para U$ 108,1 milhões em 1932.12 
Uma vez que, ao se iniciar a depressão, o café representa 71% das 
exportações, a principal preocupação do governo era defender o 
setor cafeeiro. Isto foi feito através da compra dos excedentes e da 
distribuição da grande parte dos mesmos. Assim, a renda do setor 
12. CARLSON, REYNALDO E. CARLSON. “Brazil´s Role in International Trade”, in: SMITH and 
MARCHANT, op. cit. p. 274-81. O preço do café caiu de 15,75 centavos por libra em 1929 para 8,06 em 
1932, e 5,25 em 1938. Enquanto o volume do café exportado caiu de 873 mil toneladas em 1929 para 
718 mil em 1932, e elevou-se para 1033 em 1938.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB304
café foi artificialmente defendida contra o impacto da depressão. 
Inexiste, até agora, estudo que trate do mecanismo exato dessa 
proteção. Constitui ela não só na compra de estoques, para socorrer 
os produtores agrícolas esmagados pelas dividas, especialmente 
no estado de São Paulo, responsabilizando-se o governo pelos 
débitos, criando desse modo, moeda adicional e permitindo que os 
devedores postergassem o pagamento. Essa medida, denominada de 
Reajustamento Econômico, foi posta em prática nos primeiros anos 
da década de 30, no início da administração Vargas13.
A limitação imposta pelas autoridades brasileiras sobre a quantidade 
de bens importados, que se seguiu à diminuição da receita de 
exportação, provocou carências no mercado interno. No entanto, 
a sustentação da renda do setor do café conservara no mesmo 
nível a demanda de bens importados. Esta situação de oferta 
reduzida e demanda inalterada (alguns argumentariam até que a 
demanda global cresceu em virtude dos efeitos multiplicadores do 
Reajustamento Econômico) acarretou sensível elevação nos preços 
relativos daqueles bens. Criavam-se, assim, incentivos para aumentar 
a produção interna das indústrias brasileiras que competiam com as 
importações. Não demorou muito para que parte do capital líquido 
oriundo do programa de valorização do café e do programa geral de 
Reajustamento Econômico encontrasse o caminho para aplicar-se, 
direta ou indiretamente, em novas empresas brasileiras. 
Como resultado disto, a produção industrial, que se reduzira a 10% 
nos primeiros anos da depressão, já em 1933 recuperava o nível de 
1929, (por essa época, a produção agrícola destinada ao mercado 
interno também recuperava seu nível de antes da depressão).
Como o aumento da produção industrial não se podia efetivar 
através do crescimento da importação de maquinaria, dada a 
carência de divisas e o preço amais elevado das exportações devida à 
13. Deve-se repetir aqui que a expansão de créditos pelo Governo, com a finalidade de preservar a 
renda do setor do café, foi a única fonte de fundos para o Reajustamento Econômico.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB305
desvalorização da moeda, a fase inicial dessa expansão industrial dos 
anos 30 caracterizava-se pela maior utilização da capacidade ociosa 
existente. Isto foi possível, particularmente, em indústrias como as 
têxteis, que já operavam abaixo de sua capacidade mesmo antes de 
desencadear-se a depressão. De acordo com Furtado, tal utilização mais 
intensa da capacidade ociosa aumentou a rentabilidade das indústrias, 
criando fundos necessários para sua expansão subseqüente. Tornou-
se possível, também, importar a preço muito baixo, equipamentos de 
segunda mão, em muitos casos provenientes de fábricas estrangeiras 
mais duramente atingidas pela crise.14
Os dados disponíveis parecem confirmar a analise acima. O índice de 
produção industrial atingiu seu ponto mais baixo em 1932, e, em 1934, 
já tinha superado o auge anterior à crise. Os índices de produção de 
artefatos de algodão e de camisas mostram claramente estarem estes 
setores trabalhando abaixo de sua capacidade na década de 20, e a 
rápida mobilização desta capacidade nos primeiros anos da década 
de 30, sendo que o ponto mais baixo foi atingido em ambos os setores 
em 1930. Evidencia-se também notável aumento na produção de 
bens de capital. Embora o consumo interno de cimento só retornasse 
ao nível de antes da depressão na segunda metade do decênio, 
observa-se um surto de produção interna depois de 1930, tornando 
o país praticamente auto-suficiente à medida que avançavam os 
anos. Embora em menor medida, tendência semelhante se observa 
na produção de ferro gusa. Deve-se notar, porém, que os dados de 
consumo incluem importações não somente de ferro gusa, como de 
barras de aço, enquanto a produção interna cingia-se ao ferro gusa, 
resultando ligeira subestimação da produção interna nas proporções 
registradas.
Os dados parecem, pois, confirmar a observação de Furtado, no 
sentido de que a economia brasileira não só encontrou em si mesma os 
estímulos necessários para contrabalançar as influências depressivas 
externas, como também foi bem sucedida no desenvolvimento da 
14. FURTADO, op. cit. pp. 221-222.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB306
produção de alguns bens de capital indispensáveis à manutenção de 
sua capacidade produtiva. 15 Durante os anos 30, a produção industrial 
continuou a crescer, alcançando, no fim da década, níveis mais de 60% 
acima de 1929. Isto foi possível graças à proteção proporcionada pelas 
persistentes dificuldades no comércio exterior de vez que os preços 
de produtos exportáveis só se recuperaram com extrema lentidão. Ao 
findar a década, as importações permaneciam bem abaixo do nível 
anterior à crise.
O impulso recebido pelas atividades industriaisnos anos 30 não foi de 
molde a modificar drasticamente a estrutura da sociedade brasileira. Isto 
resulta claro no Quadro 2-2, no qual se verifica que entre 1920 e 1940, 
a parcela da população ocupada pela indústria manufatureira passou 
apenas de 13 para 14%, enquanto a proporção dos que trabalhavam 
no setor primário apenas se reduziu de 69,7% em 1920, para 67,0% em 
1940. Estes dados evidentemente minimizam a importância da indústria 
em termos de valor adicionado, especialmente se levarmos em conta o 
grande aumento havido nos índices da produção industrial.
É forçoso admitir que, entre 1920 e 1940, se tenha elevado 
substancialmente a produtividade na indústria. Isso parece lógico 
quando se considera que, em muitos casos, o acréscimo de 
produção industrial, no período, decorreu da utilização mais intensa 
da capacidade ociosa existente e, ainda, que a produtividade por 
unidade de insumo tende a crescer rapidamente nos primeiros anos 
de operação de novas instalações industriais.
Entre 1920 e 1940 houve algumas mudanças na estrutura da produção 
industrial, embora não muito profundas, (ver Quadro 2-1). A indústria 
têxtil e os produtos alimentares continuavam a ser predominantes em 
1940, mas os setores metalúrgico, mecânico, químico e farmacêutico 
aumentaram bastante seu peso relativo na estrutura industrial, 
embora basicamente sem alterar o quadro geral.
15. Ibidem p. 225.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB307
Nesta nossa última aula, fizemos, em primeiro lugar, uma síntese 
geral da disciplina Formação Econômica Brasileira. Sendo que o 
objeto real da aula de hoje foi o estudo do esgotamento da política 
de valorização do café, que vigorou durante as três primeiras décadas 
do século XIX. O sinal para a queda e a queima dos estoques de 
café foi dado pela crise internacional, a partir da crise da bolsa de 
Nova Iorque. E a conseqüência política interna em nosso país foi a 
Revolução de 1930 e a paralisação da República Velha. Estava então 
inaugurada, no Brasil, uma nova fase marcada por novos traços 
históricos: nacionalismo e intensificação da industrialização, através 
de um processo de substituição de importações.
Espero que você tenha absorvido não somente o proposto pela 
aula de hoje, mas também, tenha tido a oportunidade de assimilar 
os conhecimentos que aqui foram repassados em relação à História 
Econômica do Brasil, em geral.
Por fim, desejo-lhe sucesso na continuação de seus estudos e em sua 
vida profissional.
Referência Bibliográfica
IANNI, Octavio. Estado e Planejamento Econômico no Brasil (1930-1970), 
capítulo II, item 1. In: A Revolução de 1930 e o Novo Estado. São Paulo: 
Civilização Brasileira, 2ª edição, 1977, pp. 13-22.
BAER, Werner. A Industrialização e o Desenvolvimento Econômico no 
Brasil, capítulo 2. In: Esforços de Industrialização anteriores à II Guerra 
Mundial. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, pp. 13-26.

Continue navegando