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Ensaio acadêmico Gestão Democrática 2015

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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA MULTIVIX
ESTEVÃO SOUZA MASSOTE
JULIA VITORINO SAMPAIO
SAMARA SANTOS SALLES
Gestão Democrática da Educação
SERRA
2015
ESTEVÃO SOUZA MASSOTE
JULIA VITORINO SAMPAIO
SAMARA SANTOS SALLES
Ensaio Acadêmico
Trabalho apresentado à disciplina de Gestão Democrática da Educação do curso de Pedagogia da Faculdade Mutlivix Capixaba da Serra como requisito para obtenção da avaliação bimestral Professora Geruza.
SERRA
2015
INTRODUÇÃO
A democratização da gestão do sistema educativo, envolvendo a participação dos setores mais amplos, como pais, moradores, movimentos populares sindicais, embora a necessidade dessa participação tenha se transformado em uma corrente, quase um lugar comum, é preciso aprofundar a reflexão.
A bandeira pela democratização da gestão escolar acompanha a luta dos setores mais progressistas da área da educação, encontrando respaldo nas associações e sindicatos de professores, onde a sua defesa torna-se um dos eixos fundamentais para a realização de mecanismos que incidam sobre o processo de democratização da educação pública no Brasil, possibilitando estender o atendimento, assegurar maiores recursos para a escola pública, transformarem a qualidade do ensino.
EDUCAÇÃO GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPAÇÃO POPULAR
A presença dos pais, famílias, vem sendo estimulada há muito tempo no âmbito escolar, abrigando orientações políticas muito conservadoras.
As teses reformistas educacionais no Brasil, a partir dos anos de 1920 e, sobretudo, nos anos iniciais da década de 1930, defenderam em grande parte a abertura da escola para seus usuários, entendidos como pais, famílias e a denominada "comunidade".
Para os educadores reformistas, o ensino das elites, a antiga escola secundária, por sua natureza e função, não precisava estar criando canais de difusão da prática educativa, já que prevalecia a harmonia entre o conteúdo da ação pedagógica e os setores sociais que a ela tinham acesso. Tal harmonia decorria, primordialmente, das condições sociais dos alunos recrutadas de famílias privilegiadas da sociedade.
Entretanto, é preciso ressaltar que as propostas de aproximação da escola com a população que a ela tem acesso muito pouco se alteraram ao longo do tempo, tais intenções tiveram em um conjunto de práticas assistenciais, sanitárias ou de caráter cívicas, extremamente harmoniosas com orientações autoritárias para a organização da sociedade, privilegiando a tutela e a subordinação política e cultural dos setores desprivilegiados.
A defesa da participação popular no interior da unidade escolar exige as explicitações claras de outros "pressupostos" por parte daqueles que a defendem.
Os serviços públicos carregam consigo, sobretudo na área da educação os traços arraigados de clientelismo, a subordinação dos interesses privatistas – entendidos em sentido mais amplo do que a iniciativa particular, pois compreendem a concepção e realização de políticas sob a égide de interesses privados ou particularistas, os favores pessoais, o interesse de pequenos grupos, as vantagens ou ganhos: imediatos em detrimento de propostas mais amplas.
Mais do que integração da escola com a família e a comunidade ou colaboração dos pais, é preciso entender essa presença como mecanismo de representação e participação política. O entendimento da gestão da escola' sob a ótica da representação política constitui já um avanço, particularmente para os setores docentes que, em seus movimentos, lutam por uma ampliação de sua participação nas decisões que dizem respeito ao sistema educativo e aos processos incidentes sobre a realização das políticas desse setor.
É preciso avançar a reflexão apontando algumas contradições ou, como afirma Bobbio, alguns paradoxos da democracia representativa, para que essa possibilidade de gestão democrática não se esgote nos mecanismos formais.
A Efetiva descentralização e autonomia para as unidades escolares são condições mínimas para a ampliação da perspectiva de democratização da gestão escolar. Não há canal democrático de gestão - a título de exemplo, os Conselhos de Escola - que possa ser viabilizado sem uma profunda alteração administrativa das estruturas dos organismos ligados à educação: federais, estaduais e municipais.
As concepções sobre a gestão democrática não se esgotam na criação de canais no plano das unidades escolares. Enfim, torna-se preciso redefinir o âmbito dessa participação. Por essas razões, os canais a serem implantados deverão atingi as esferas intermediárias e superiores que tenderão a oferecer as maiores resistências.
A prática democrática não se resume na indicação de representantes que imediatamente se desligam de seus representados. Mais ainda, dadas as condições frágeis das organizações existentes no âmbito da burocracia pública, sem uma tradição democrática enraizada, em geral submetida aos interesses privados.
Não obstante a existência, sob o ponto de vista estratégico, de interesses comuns, a luta pela real democratização da educação destinada à classe trabalhadora, à maioria da população, é preciso reconhecer que os sujeitos envolvidos - pais, alunos e professores - são diversos. A constituição desses protagonistas da atividade educativa enquanto atores coletivos envolvem a necessidade de sua organização independente, sendo importante. Torna-se precisa a criação de esferas próprias de expressão, garantindo sua liberdade de organização, devendo esta ser, mesma, assegurada por lei.
Conclusão
A gestão democrática poderá constituir um caminho real de melhoria da qualidade de ensino se ela for concebida, em profundidade, como mecanismo capaz de alterar práticas pedagógicas. Não há canal institucional que venha a ser criado no sistema público de ensino que, por si só, transforme a qualidade da educação pública.
A transformação das práticas escolares é o maior desafio, pois é necessária a formulação de um novo projeto pedagógico. A abertura dos portões deve estar acompanhada da nova proposta, ou seja, se a escola não estiver disposta a essa mudança, a gestão e a melhoria de qualidade serão expressões esvaziadas.
A trajetória poderá ser permeada por avanços e recuos, existirão dificuldades nessa interação, será preciso romper com práticas enraizadas. Mas, certamente, o processo enriquecerá a atividade educativa desenvolvida pela escola, uma vez que os problemas concretos enfrentados na sociedade por seus protagonistas estarão alimentando a reflexão e prática pedagógica.
Como afirma Bobbio, a luta pela democracia opera num amplo quadro de condições desfavoráveis à sua implantação A gestão democrática da escola apresenta-se como mais um dentre outros desafios para a construção das novas relações sociais, constituindo um espaço público de decisão e de discussão não tutelado pelo Estado.
Preciso, assim, ousar lutar por um novo projeto que estamos delineando, e construí-lo ao lado de uma trajetória recentemente iniciada.

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