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Projeto-Politico-Pedagogico-da-escola

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PROJETO POLÍTICO 
PEDAGÓGICO DA ESCOLA 
 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipe de Elaboração 
Instituto Mineiro de Formação Continuada 
 
 
Coordenação Geral 
Ana Lúcia Moreira de Jesus 
 
 
Gerência Administrativa 
Marco Antônio Gonçalves 
 
 
Professor-autor 
Esp. Marinez da Consolação Saraiva Souza 
 
 
Coordenação de Design Instrucional do Material Didático 
Eliana Antonia de Marques 
 
 
Diagramação e Projeto Gráfico 
Cláudio Henrique Gonçalves 
 
 
Revisão 
Ana Lúcia Moreira de Jesus 
Mateus Esteves de Oliveira 
 
ZAYN –Instituto Mineiro de Formação 
Continuada 
Avenida Amazonas, 491 – Centro 
Belo Horizonte – MG 
CEP: 30.180-001 
TEL: (31) 3272-6646 
contato@institutozayn.com.br 
 
 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
Boas-vindas 
 
Olá! 
É com grande satisfação que o ZAYN – Instituto Mineiro de Formação 
Continuada agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus 
estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para 
que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do 
processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno. 
Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas 
atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente 
de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, 
que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. 
Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à 
sua necessidade. 
Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de 
formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e 
compromisso discente. 
 Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você 
total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, 
a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on-
line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os 
prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu 
espaço de aprendizagem virtual. 
Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda 
licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que 
amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento 
crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua. 
Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa 
colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, além de 
pleno sucesso na sua formação ao longo da vida. 
 
 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
 
 
 
 
 
Organização do conteúdo: 
Profº Esp. Marinez da Consolação Saraiva Souza 
PROJETO POLÍTICO 
PEDAGÓGICO DA 
ESCOLA 
INSTITUTO 
ZAYN 
EMENTA: 
O processo administrativo. 
Noções gerais de planejamento, 
coordenação e controle. A ação 
administrativa. Centralização e 
descentralização. Variáveis 
comportamentais e ambientais na 
organização. Fundamentos da gestão 
democrática dos sistemas de ensino e 
das escolas. Pressupostos científicos 
para implementação democrática do 
projeto político-pedagógico da escola. A 
disciplina fundamenta, reflete e analisa a 
gestão educacional a partir dos 
pressupostos do Estado Moderno no 
Brasil, da Constituição Federal e da 
L.D.B., enfatizando o papel da gestão 
democrática nos sistemas municipais, 
estaduais e do sistema federal e no nível 
escolar. Focaliza a importância da 
participação e das ações coletivas nas 
equipes pedagógicas, entendendo-se 
como equipe pedagógica todos aqueles 
que atuam em favor da gestão 
democrática. O sistema de Organização 
e Gestão da Escola. A escola como 
organização aprendente. Experiências 
brasileiras significativas. 
 
CONTEÚDO PROGRÁTICO 
PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: 
DESAFIOS E PERSPECTIVAS 
PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO 
ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS 
EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS 
A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS 
EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E 
PRODUTIVIDADE DA ESCOLA 
PÚBLICA 
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global 
e o local. Os desafios para o educador 
gestor do século XXI 
ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS 
GESTÃO POR PROCESSOS 
COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS 
A REFORMA DO ESTADO E O 
MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL 
A GESTÃO EDUCACIONAL E A 
LEGISLAÇÃO 
TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONAL 
NO CONTEXTO DE UM PLANO DE 
EDUCAÇÃO 
REFERÊNCIAS 
ATIVIDADES 
 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA 
 
Curso: 
 
Disciplina: PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA 
 
Carga Horária: 40 horas 
 
EMENTA: O processo administrativo. Noções gerais de planejamento, 
coordenação e controle. A ação administrativa. Centralização e 
descentralização. Variáveis comportamentais e ambientais na organização. 
Fundamentos da gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas. 
Pressupostos científicos para implementação democrática do projeto político-
pedagógico da escola. A disciplina fundamenta, reflete e analisa a gestão 
educacional a partir dos pressupostos do Estado Moderno no Brasil, da 
Constituição Federal e da L.D.B., enfatizando o papel da gestão democrática 
nos sistemas municipais, estaduais e do sistema federal e no nível escolar. 
Focaliza a importância da participação e das ações coletivas nas equipes 
pedagógicas, entendendo-se como equipe pedagógica todos aqueles que 
atuam em favor da gestão democrática. O sistema de Organização e Gestão 
da Escola. A escola como organização aprendente. Experiências brasileiras 
significativas. 
 
 
OBJETIVOS 
 
 Subsidiar a formação docente com conhecimentos teórico-práticos 
relativos à política educacional, com vistas à compreensão da gestão da 
educação à luz da LDB 9394/96, enfocando a concepção atual e sua 
função. 
 Analisar a trajetória histórica da Gestão, buscando conhecer suas 
origens e evolução; · 
 Construir o conceito de gestão escolar democrática; · 
 Analisar a educação básica no que diz respeito a sua organização e 
gestão; · 
 Elencar os instrumentos de democratização da gestão escolar, 
destacando o Projeto Político Pedagógico como essência da 
organização escolar. · 
 Analisar a importância do Gestor no direcionamento dos planejamentos 
escolares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
 
PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS 
PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS 
EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS 
A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E 
PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA 
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios para o educador 
gestor do século XXI 
ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS 
GESTÃO POR PROCESSOS 
COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS 
A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL 
A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO 
TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DE UM PLANO DE 
EDUCAÇÃO 
REFERÊNCIAS 
ATIVIDADES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
SUMÁRIO 
 
TEXTO 1. PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: DESAFIOS E 
PERSPECTIVAS 
09 
 
TEXTO 2. PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA 
PERSPECTIVA DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS 
17 
 
TEXTO 3. A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE 
QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA 
18 
 
TEXTO 4. ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios 
para o educador gestor do século XXI 
21 
 
TEXTO 5. ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS 26 
 
TEXTO 6. GESTÃO POR PROCESSOS 29 
 
TEXTO 7. COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS 32 
 
TEXTO 8. A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO 
EDUCACIONAL 
34 
 
TEXTO 9. A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO 37 
 
TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONALNO CONTEXTO DE UM PLANO 
DE EDUCAÇÃO 
39 
 
REFERÊNCIAS 41 
 
ATIVIDADES 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
 
TEXTO 1. PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS 
 
Vania Regina Boschetti Universidade de Sorocaba, Brasil. 
Assislene Barros da Mota Secretaria Estadual de Educação do 
Amazonas, Brasil. Secretaria Municipal de Educação de 
Manaus, Brasil. Dayse Lúcide de Freitas Abreu Secretaria 
Estadual de Educação do Amazonas, Brasil. 
 
Resumo 
 
No texto procura-se refletir acerca dos desafios e perspectivas da política escolar 
pedagógica democrática, evidenciando seus aportes legais e normativos em 
consonância com seus eixos norteadores. Para tanto optamos em fazer uma revisão 
bibliográfica, ou seja, leituras e releituras sobre leis e autores que desenvolvem 
trabalhos na área da gestão educacional, para que possa servir de fundamentação 
teórica para outros estudos congêneres. 
 
Introdução 
 
Esse texto é de natureza crítico-reflexiva e fundamenta-se em aspectos 
legais e normativos da gestão escolar democrática, expressos na Constituição da 
República Federativa do Brasil (1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - 
LDB, n. 9.394/96 - e no estudo de teóricos que desenvolvem trabalhos na área de 
gestão escolar. Tem-se como objetivo verificar as suas implicações para melhoria do 
sistema de ensino. 
A gestão escolar tem a função de descentralizar o movimento administrativo 
e pedagógico no sistema de ensino. O resultado, seguramente, será uma crescente 
autonomia, considerando as inovações da implantação do processo que envolve a 
gestão participativa no contexto de escolas públicas. Com essa perspectiva optamos 
por uma metodologia crítica-reflexiva, levando em consideração os principais pilares 
de transformação da gestão escolar democrática, pois toda mudança é algo difícil de 
implantar, ainda mais no âmbito educativo, pois implica em mudanças de 
mentalidades, posturas e de atitudes. Para melhor compreensão dos processos de 
mudanças, associadas às transformações globais, principalmente as que buscam a 
autonomia das escolas públicas, preferimos descrevê-los em seções e subseções 
interligadas e complementares. 
 
Análise sucinta da política educacional 
 
 O processo de política escolar tem como função primordial a 
descentralização do desenvolvimento pedagógico e administrativo no sistema de 
ensino. O resultado desse gerenciamento é a crescente autonomia da escola diante 
9 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
do compromisso e envolvimento de todos os atores que participam dessa 
construção democrática. Portanto, o processo de gestão evoca também vários 
indicadores a serem trabalhados, tais como a gestão participativa, relações 
interpessoais, desempenho e auto-avaliação. 
A tendência da educação atual no Brasil tem na gestão escolar um de seus 
principais pilares de transformação, porém, toda mudança de mentalidade, postura e 
atitude é algo difícil de implantar, principalmente no âmbito educativo. No caso 
específico do Brasil as mudanças no campo educacional são bem mais complexas 
devido ao processo de colonização, que sempre relegou a educação a um plano 
secundário. Este fato certamente dificultou o acesso à escolaridade para a maioria 
da população, pois o sistema de ensino brasileiro permaneceu elitizado e 
centralizador, diferindo da descentralização educativa, promotora da autogestão 
institucional. No entanto, essa concretização no sistema escolar demandará tempo, 
sendo necessárias discussões e debates sobre as novas formas de organização e 
descentralização da prática educativa. 
As questões da autonomia escolar curricular, pedagógica e administrativa há 
muito eram requeridas, pelos profissionais da educação e ganharam expressão a 
partir da década de 1980, com a intenção de minimizar problemas de ordem 
educativa como os índices de evasão, repetência, abandono escolar e o 
burocratismo da própria escola diante de aspectos administrativos, porém, todos 
esses fatores estão associados à busca da autonomia escolar. 
Essa tendência democrática de autogestão antecedeu à promulgação LDB 
na busca de mudanças necessárias diante da nova conjuntura mundial em meio às 
transformações globais. 
Ademais, a gestão escolar se configura em uma liderança democrática, 
porém de ressonância dialética junto a um grupo unificado, a partir dos conflitos 
existentes na realidade e que possam ser reconstruídos em perspectiva dialógica na 
busca do bem comum (Luck, 1981). 
Assim, a escola pública deve partir de um princípio democrático que viabilize 
ao seu representante, no caso, o gestor, construir suas ações de forma democrática 
e coletiva, pois a gestão democrática requer, 
 
em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os membros da 
comunidade escolar, mudança que implica deixar de lado o velho 
preconceito de que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do 
estado e não uma conquista da comunidade (Gadotti, 1998, p. 17). 
 
A concepção de gestão democrática defendida por Gadotti (1998) pressupõe 
a historicidade em que a escola pública se constitui e de como foi sendo delineada 
pelos que acreditam no potencial humano, independente dos mecanismos que a 
influenciaram, inclusive os amparados em lei. 
A mudança faz parte dessa nova exigência mundial: na escola a busca não 
é mais apenas pelo acesso, mas pela qualidade do ensino, requerendo em seu 
processo de transformação uma gestão democrática com o intuito de que a escola 
10 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
deva formar para a cidadania, exigindo, portanto, um novo tipo de relação 
sociedade, aluno e conhecimento. 
Esse tripé implica em ações dialógicas que devem interagir para atender 
anseios, interesses e necessidades da comunidade. Dessa forma o saber se 
constitui a partir e na relação intrínseca do aluno com seu universo, em uma ponte 
entre o senso comum e o saber cientificamente acumulado: 
 
O grande desafio da escola pública está em garantir um padrão de 
qualidade (para todos) e, ao mesmo tempo, respeitar a diversidade local, 
étnica, social e cultural. Portanto, o nosso desafio educacional continua 
sendo educar e ser educado. [...] Existe uma visão sistêmica, estreita que 
procura acentuar os aspectos estáticos - como o consenso, a adaptação, a 
ordem, a hierarquia - e uma dinâmica que valoriza a contradição, a 
mudança, o conflito e a autonomia. [...] Num sistema fechado, os usuários - 
pais e alunos - e os prestadores de serviços - professores e funcionários - 
não se sentem responsáveis. Esta é uma das principais questões da não 
participação. Num sistema aberto, o lócus fundamental da educação é a 
escola e a sala de aula. (Gadotti, 1998, p. 28) 
 
O novo desafio dos professores contemporâneos não é apenas conhecer o 
processo histórico educacional, mas ter competências e habilidades de analisar as 
mazelas sociais e, se propor a agir como sujeito da história, em que a sala de aula 
se constitui em um espaço interativo de debates e discussões dialógicas em prol da 
formação, pois ao se sentirem sujeitos do processo professor e aluno terão atitudes 
e desempenhos diferenciados na construção e busca incessante do conhecimento. 
Na prática, a realidade parece mais distante da concretude que a escola 
pública vem almejando nos últimos anos, mas ao adentrarmos em questões 
históricas de outros países observamos que as mudanças ocorrem de forma 
processual e que dependem de ações desenvolvidas na ambiência da escola, 
especificamente em sala de aula. 
 
Aportes legais e normativos da gestão escolar 
 
O contexto da Constituição Brasileira de 1988 enfatiza a gestão escolar no 
sentido amplo de sua ingerência, com o seguinte teor: 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada coma colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho. (Constituição Federal do Brasil, art. 205, 
1988) 
 
Consoante essa assertiva tonou-se necessário estabelecer princípios 
norteadores para o ensino que viabilizassem seu desenvolvimento com eficiência no 
âmbito escolar: 
 
11 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - 
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público e 
estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, 
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por 
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão 
democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de 
qualidade; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação 
escolar pública, nos termos de lei federal. (Constituição Federal do Brasil, art. 206, 
1988) 
Visando obter uma gestão democrática de ensino consistente, a LDB, no 
Título II, art. 3°, reforça esses princípios na busca de uma gestão eficaz e 
significativa, evidenciado, no art. 3°, item VIII - a gestão democrática do ensino 
público, na forma dessa lei e da legislação dos sistemas de ensino. Desta feita os 
sistemas de ensino pressupõem sua própria normatização para a gestão escolar 
democrática: 
 
Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e 
as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I- elaborar e executar 
sua proposta pedagógica; II- administrar seu pessoal e seus recursos 
materiais e financeiros; [...] IV- velar pelo cumprimento dos dias letivos e 
horas-aula estabelecidas. [...] Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as 
normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de 
acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I- 
participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; II- participação da comunidade escolar e local em 
conselhos escolares ou equivalentes. (LDB. Título II, art. 12 e 14, 1996 
 
 
A LDB instituiu e proporcionou a gestão democrática nos estabelecimentos de 
ensino para que possam ter a responsabilidade de elaborar e executar, 
coletivamente, sua proposta pedagógica, administrar os recursos humanos e 
financeiros, além de articular-se com a comunidade e famílias dos alunos, fazendo 
emergir processos de interação entre a sociedade e a escola. 
A gestão democrática requer autonomia da escola e ambas fazem parte da própria 
natureza do ato pedagógico. Por conta disso, a LDB, no art. 15, assegura que 
 
os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de 
educação básica que os integram progressivos grau de autonomia 
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas 
gerais de direito financeiro público. (LDB, art. 15, 1996 
 
Outras providências foram tomadas no sentido de busca de melhorias da 
gestão democrática, como a aprovação do Plano Nacional de Educação - PNE -, por 
intermédio da lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, publicada em forma de anexo, 
12 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
com vistas ao cumprimento do dispositivo no art. 214 da Constituição Federal do 
Brasil (1988). O PNE estabeleceu metas e estratégias específicas no anexo desta lei 
cujo prazo de vigência é de dez anos: 
Meta 19: assegura condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação 
da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de métodos e 
desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no apoio técnico da União 
para tanto. (Lei Federal, n. 13.005, 5 jun . 2014) 
Além das metas o referido PNE (2014) estabeleceu também estratégias a 
serem cumpridas, voltadas diretamente para a gestão escolar: 
 
19.1) prioriza o repasse de transferências voluntárias da União na área da 
educação para os entes federados que tenham aprovado legislação 
específica que regulamente a matéria na área de sua abrangência, 
respeitando-se a legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para 
a nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de mérito 
e desempenho, bem como a participação da comunidade escolar; 19.2) 
ampliar os programas de apoio e formação aos conselheiros dos conselhos 
de acompanhamento e controle social do FUNDEB dos conselhos de 
alimentação escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos 
representantes educacionais em demais conselhos de acompanhamento de 
políticas públicas, garantindo a esses colegiados recursos financeiros, 
espaço físico adequado, equipamentos e meios de transporte para visitas à 
rede escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; 19.3) 
incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a constituírem 
Fóruns Permanentes de Educação... 19.4) estimular, em todas as redes de 
educação básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e 
associações de pais, assegurandose-lhe, inclusive, espaços adequados e 
condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação 
orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas 
representações; 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de 
conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como 
instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e 
educacional... 19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais da 
educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos projetos 
políticospedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e 
regimento escolares, assegurando a participação dos pais na avaliação de 
docentes e gestores escolares; 
19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, administrativa e de 
gestão financeira nos estabelecimentos de ensino; 
19.8) desenvolve programas de formação de diretores e gestores escolares, 
bem como aplicar prova nacional específica de critérios objetivos para o 
provimento dos cargos, cujos resultados possam ser utilizados por adesão. 
(Lei n. 13.005, 5 jun. 2014) 
 
Visando a atender às necessidades de formação inicial e continuada, o PNE, diante 
das metas acima descritas, determinou adequações e mudanças nos cursos de 
formação de modo a ressignificá-las, sendo de suma importância o investimento na 
formação dos professores. 
13 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
O desafio não está presente apenas no contexto das salas de aula dos cursos de 
formação inicial, mas também na educação continuada, pois a conjuntura social 
contemporânea encontra-se ávida por mudanças provenientes de necessidades 
concretas do meio social, exigindo consonância com teorias que sejam aplicáveis a 
essas necessidades e que respondam aos anseios específicos do gestor em sua 
prática pedagógica e social. 
 
Eixos de trabalho da gestão escolar 
 
Partindo do princípio de que o estabelecimento escolar não atua sozinho, 
mas dentro de um contexto coletivo, são apresentados quatro eixos norteadores 
para obtenção do êxito no processo educacional: 
- Gestão, organização, planejamento e avaliação: a figura do diretor, 
principal responsável pela instituição lidera o processo da gestão compartilhada por 
meio do envolvimento das partes - família, Estado, sociedade e comunidade - no 
decorrer do planejamento e avaliação das ações desenvolvidas na escola. 
- Práticas pedagógicas e proposta curricular: o projeto político-pedagógico 
da escola é o documento oficial que promove a articulação do currículo escolar e 
suas práticas, proporcionando o desenvolvimento do aluno dentro de uma visão 
crítico-social do processode cidadania. 
 - Valorização dos profissionais da educação: a escola precisa estar ativa, 
acompanhando o processo de desenvolvimento e atualidade da sociedade vigente. 
Portanto, é necessário promover formação continuada para a comunidade 
escolar, valorizando o aperfeiçoamento das qualidades intrínsecas e o esforço de 
cada um de seus membros. 
- Infraestrutura, equipamento e tecnologias: é dever do Estado oferecer o 
mínimo de estrutura física para receber a comunidade escolar, sendo parceira, 
apoiando e participando das ações planejadas que favoreçam o desenvolvimento 
escolar. Todos esses eixos norteadores perpassam pela inter-relação da família, 
Estado, comunidade e sociedade, priorizando o acesso ao conhecimento e a 
permanência do alunado, com o intuito de torná-la mais eficiente diante das 
situações de ensino e aprendizagem. 
 
 
Desafios e perspectivas da gestão escolar 
 
É importante considerarmos a importância da aprendizagem escolar no 
desenvolvimento dos seres humanos. Porém, o trabalho pedagógico na escola 
enfrenta obstáculos desafiadores a serem superados, dentre esses elencamos: 
 - a função social da escola: a gestão democrática das escolas, quando 
eficazmente ativa, contribui para a melhoria dos processos de aprendizagem e para 
a formação cidadã. Porém, a sua representatividade social ainda passa por 
dificuldades em termos de conhecimento e compreensão, inclusive, da própria 
14 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
comunidade escolar, por falta de conhecimento associado aos saberes e fazeres 
que se processam junto à instituição de ensino; 
- democratização da instituição escolar: a gestão compartilhada no âmbito 
das escolas tem sido outro desafio constante, pois o dia a dia requer um trabalho 
coletivo, exigindo que todos os sujeitos envolvidos no processo educacional tenham 
vez e voz, sendo imprescindível uma liderança entre a equipe gestora com objetivo 
único; 
- valorização dos profissionais da educação: é necessário oportunizar 
crescimento profissional sem distinção, promovendo formações e oferecendo 
espaço de geração de conhecimentos por meio de iniciativas e práticas inovadoras, 
facilitadoras do ato educativo; 
- organização do tempo e espaço: exige planejamento e envolvimento de 
todos da comunidade escolar diante, principalmente, das constantes mudanças que 
ocorrem no campo da sua organização temporal, que perpassam por inovações, 
discordâncias entre o prescrito e o real, entre tempos estabelecidos ou propostos e 
os vividos. O tempo escolar precisa ser avaliado em todas as suas dimensões em 
razão da existência de uma multiplicidade de tempos que estão ligados à outra 
variedade de situação; - projeto político-pedagógico: documento oficial que norteia o 
trabalho desenvolvido no âmbito da escola, ainda não internalizado como prioridade 
pela comunidade escolar, pela não apresentação de todos os sujeitos envolvidos em 
sua construção e aplicação; 
- execução do processo formativo: os sujeitos envolvidos no processo de 
gestão são corresponsáveis com a formação continuada. Todavia, o interesse no 
que diz respeito a esse processo ainda se mostra incipiente diante das 
oportunidades apresentadas; 
- avaliação da escola: o processo avaliativo da escola talvez seja o mais 
importante desafio a ser superado, tendo em vista que ao discutir sua importância 
várias ideias ainda se encontram em disputa. 
 Porém, a avaliação institucional busca garimpar informações úteis, que 
permitirão à equipe gestora tomar decisões acertadas para alcançar resultados 
satisfatórios no processo de ensino e aprendizagem. Outro paradigma a ser 
superado é o da autoavaliação institucional, que desvela fragilidades da gestão 
escolar e aponta os níveis de satisfação da comunidade e da sociedade na qual a 
escola esta inserida. Nesse sentido, a avaliação deve ser vista como um instrumento 
do planejamento escolar, e precisa ser uma constante, pois permitirá detectar 
problemas e apontar soluções para superação das dificuldades. 
 
Conclusão 
 
 Indubitavelmente o trabalho educativo formal requer ações coletivas de 
todos os sujeitos envolvidos com a escola, tornando essa ação uma representação 
participativa de gestão escolar, essencialmente democrática 
Para que ocorra a gestão participativa na escola, necessário se faz 
aprimorar as inter-relações pessoais vinculadas ao planejamento e organização 
15 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
pedagógica e administrativa da escola, principalmente dos objetivos educacionais e 
dos planos estratégicos da escola como o PPP, o regimento escolar, o plano de 
ação anual e os planos de aula elaborados pelos sujeitos envolvidos no processo de 
ensino e aprendizagem. 
O diferencial da gestão escolar democrática encontra-se centrado na 
Participação Ativa dos atores da escola mediante ações a serem alcançadas, 
superadoras de ações individualistas, pois os desafios e dificuldades apresentados 
na participação ativa estão basicamente pautados na convivência diária, 
principalmente, diante de atividades autônomas, pois a falta de envolvimento na 
prática pedagógica poderá trazer resultados negativos para a organização escolar. 
Em contrapartida, a gestão participativa propõe compromissos e 
envolvimento dos diretores, pedagogos, docentes, funcionários e pais dos alunos, 
coletivamente organizados na busca de soluções para superação dos problemas 
existentes no espaço escolar. 
A consolidação de um ambiente escolar interativo por meio da gestão 
participativa deve ser mediada por valores e eixos da gestão democrática - família, 
Estado, sociedade, comunidade - desmembrados em norteadores como a ética, a 
valorização profissional, a flexibilidade, o compromisso e a responsabilidade, dentre 
outros não menos importantes. Esses valores, eixos e norteadores devem permear 
as decisões da gestão escolar democrática, pois se encontram arraigados em 
princípios da formação. 
 
Referências 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. BRASIL. Lei de 
diretrizes e bases da educação nacional: nova LDB (lei n. 9.394/96). Rio de Janeiro: 
Qualiltymark, 1997. 
 
 BRASIL. Plano nacional de educação: lei federal n. 13.005, de 25 de junho de 
2014. 
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. 
 
GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José Eustáquio. Escola cidadã: a hora da sociedade. In: 
MEC. Salto para o futuro: construindo a escola cidadã, projeto político-pedagógico. 
Brasília: MEC, 1998, p. 22-29. 
 
LUCK, Heloísa. Gestão escolar e formação de gestores. Em aberto, Brasília: Inep, 
v. 17, n. 72, 2000, p. 11-34. 
 
TEXTO 2. PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA 
DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS 
 
Apresentação 
16 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
A administração, agora gestão escolar, tem mostrado na prática durante o 
decorrer de sua história um descolamento da evolução histórica da Teoria da 
Administração. Não é rara a desculpa de que a ela não pode vir a se relacionar 
com aquela, uma vez que uma trata da educação e a outra de economia e da busca 
da riqueza capitalista. 
Hoje o que vejo: a administração empresarial com um avanço considerável 
e a escolar de uma forma geral burocratizada e emperrada. No que pese a 
negação de alguns teóricos da educação os fatores, terra, trabalho, capital, 
conhecimento e organização são indispensáveis à qualquer organização, mesmo 
educacional, seja ela pública ou privada. 
As exigências contemporâneas cobram resultados, em educação são as 
mudanças, que as pessoas e a sociedade buscam para a sustentabilidade do 
processo vital. Estamos evoluindo do processo burocrático em que a prestação de 
contas por formulários de papel e a contábil (mais importante) passa à valorizar o 
resultado. Na expressão empresarial ”a satisfação do cliente”. 
Com o evento da administração sistêmica e a abordagem dagestão de 
processos será possível transferir para administração escolar as idéias de insumo-
processo resultado que melhor se adéqüem a educação. 
Espero poder contribuir com a capacitação profissional de todos. 
 
 
 
 
 
TEXTO 3. A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E 
PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA* 
17 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
Vitor Henrique Paro  
Resumo 
O caráter mediador da administração manifesta-se de forma peculiar na 
gestão educacional, porque aí os fins a serem realizados relacionam-se à 
emancipação cultural de sujeitos históricos, para os quais a apreensão do saber se 
apresenta como elemento decisivo na construção de sua cidadania. 
Por esse motivo, tanto o conceito de qualidade da educação quanto o de 
democratização de sua gestão ganham novas configurações. O primeiro tem a 
ver com uma concepção de produto educacional que transcende a mera exposição 
de conteúdos de conhecimento, para erigir-se em resultado de uma prática social 
que atualiza cultural e historicamente o educando. O segundo, ultrapassando os 
limites da democracia política, articula-se com a noção de controle democrático do 
Estado pela população como condição necessária para a construção de uma 
verdadeira democracia social que, no âmbito da unidade escolar, assume a 
participação da população nas decisões, no duplo sentido de direito dos usuários e 
de necessidade de escola para o bom desempenho de suas funções. 
 
Qualidade e produtividade 
Muito se tem falado, nos últimos anos, sobre qualidade do ensino e 
produtividade da escola pública. O discurso oficial, sustentado inclusive por 
argumentos de intelectuais que até pouco tempo atrás faziam sérias críticas ao 
péssimo atendimento do estado em matéria de ensino, assegura que já atingimos a 
quantidade, restando, agora, apenas buscar a qualidade, como se fosse possível 
a primeira sem a ocorrência da segunda. 
Quando se referem à quantidade, ressaltam que não há carência de escolas, 
visto já estar sendo atendida quase toda a população em idade escolar. Mesmo 
deixando de lado o fato relevante de que, no limiar do Século XXI, esse “quase” 
deixa, a cada ano, sem qualquer tipo de contacto com o ensino escolarizado, 
milhões de crianças, filhas de cidadãos brasileiros completamente à margem 
dos benefícios da civilização que eles ajudam a construir, é preciso questionar 
seriamente se a precariedade das condições de funcionamento a que o Estado 
relegou os serviços públicos de ensino permite chamar de escola isso que se diz 
oferecer à “quase” totalidade de crianças e jovens escolarizáveis. É preciso 
perguntar se escola não seria mais do que um local para onde afluem crianças e 
jovens carentes de saber, que são acomodados em edifícios com condições 
precárias de funcionamento e são atendidos por funcionários e professores 
 

Trabalho apresentado no V Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular, realizado de 6 a 
11/7/1998, em Porto Alegre, RS. Publicado em: SILVA, Luiz Heron da; org. A escola cidadã no contexto da 
globalização. Petrópolis, Vozes, 1998. p. 300-307. 
Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 
 
 
18 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
com salários cada vez mais aviltados Em outras palavras, para entender o que há 
por trás do discurso oficial, é preciso indagar a respeito do que é que o Estado está 
oferecendo na quantidade da qual ele tanto se vangloria. 
Mas, se estamos interessados em soluções para nosso atraso educacional, é 
preciso, antes de qualquer coisa, perguntarmos a respeito do que entendemos por 
educação de qualidade. A educação, entendida como a apropriação do saber 
historicamente produzido é prática social que consiste na própria atualização 
cultural e histórica do homem. Este, na produção material de sua existência, na 
construção de sua história, produz conhecimentos, técnicas, valores, 
comportamentos, atitudes, tudo enfim que configura o saber historicamente 
produzido. Para que isso não se perca, para que a humanidade não tenha que 
reinventar tudo a cada nova geração, fato que a condenaria a permanecer na mais 
primitiva situação, é preciso que o saber esteja sendo permanentemente passado 
para as gerações subseqüentes. Essa mediação é realizada pela educação, do 
que decorre sua centralidade enquanto condição imprescindível da própria 
realização histórica do homem (PARO, 1997b) 
Esta concepção de educação é integrante de uma visão do homem histórico, 
criador de sua própria “humanidade” pelo trabalho. Mas o trabalho, em seu papel 
mediador, embora categoria central, não é fim em si, mas o meio pelo qual o 
homem transcende a mera necessidade natural. Para o homem, “somente o 
supérfluo é necessário” (Ortega Y Gasset, 1963), visto que ele não se contenta com 
a satisfação das necessidades naturais. Estas independem de sua vontade e sua 
satisfação permite a ele apenas estar no mundo como os outros seres da natureza. 
Mas o homem não almeja apenas estar no mundo; o homem almeja estar bem. 
Por isso, enquanto único ser para quem “o mundo não é indiferente” (Ortega Y 
Gasset, 1963) o ser humano coloca-se sempre novos objetivos que transcendem a 
necessidade natural, os quais ele busca realizar por meio do trabalho. O trabalho 
não é, pois, o fim do homem, mas sua mediação para o viver bem. 
Isso tudo tem implicações mais do que importantes para uma educação 
escolar que tenha por finalidade a formação humana. Em primeiro lugar, é preciso 
ter presente que não basta formar para o trabalho, ou para a sobrevivência, como 
parece entender os que vêem na escola apenas um instrumento para preparar para 
o mercado de trabalho ou para entrar na universidade (que também tem como 
horizonte o mercado de trabalho). Se a escola deve preparar para a própria vida, 
mas esta entendida como o viver bem, no desfrute de todos os bens criados 
socialmente pela humanidade. E aqui já há um segundo aspecto, corolário do 
primeiro, a ser considerado: é preciso que a escola seja prazerosa para seus 
alunos desde já. A primeira condição para propiciar isso é que a educação se 
apresente enquanto relação humana dialógica, que garanta a condição de sujeito 
tanto do educador quanto do educando. 
Não obstante a importância da educação para a constituição do indivíduo 
histórico, mormente na sociedade atual, a escola é uma das únicas instituições para 
cujo produto não existem padrões definidos de qualidade. Isso talvez se deva à 
extrema complexidade que envolve a avaliação de sua qualidade. Diferentemente de 
19 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
outros bens e serviços cujo consumo se dá de forma mais ou menos definida no 
tempo e no espaço, podendo-se aferir imediatamente sua qualidade, os efeitos da 
educação sobre o indivíduo se estendem, às vezes, por toda sua vida, 
acarretando a extensão de sua avaliação por todo esse período. É por isso que, 
na escola, a garantia de um bom produto só se pode dar garantindo-se o bom 
processo. Isto relativiza enormemente as aferições de produtividade da escola 
baseadas apenas nos índices de aprovação e reprovação ou nas tais avaliações 
externas que se apóiam exclusivamente no desempenho dos alunos em testes e 
provas realizados pontualmente. 
Mas, o que é o produto da escola? A resposta a esta pergunta pode contribuir 
para uma crítica ao costume de se culpar o aluno pelo fracasso escolar. Enquanto 
“atividade adequada a um fim” (Marx, s.d.) o processo pedagógico constitui 
verdadeiro trabalho humano, que supõe a existência de um objeto de trabalho 
que, no caso, é o próprio educando. O produto do trabalho é, pois, o aluno 
educado, ou o aluno com a “porção” de educação que se objetivou alcançar no 
processo. Não tem sentido, portanto, identificar a aula ou o processo pedagógico 
escolar como o produto da escola.Além disso, há que se atentar para a peculiaridade do processo 
pedagógico: diferentemente do que ocorre em outros processos de trabalho (na 
produção material, por exemplo), o objeto de trabalho é também sujeito, posto 
tratar-se do ser humano que, como tal, é preciso querer aprender para que o 
processo se realize com êxito. Não tem sentido, pois, pôr a culpa no educando pelo 
fracasso da aprendizagem, com o argumento de que esta não se deu porque o 
aluno não quis aprender. Ser detentor de vontade (enquanto sujeito humano que 
é) faz parte das especificações do próprio objeto de trabalho, que devem ser 
levadas em conta na “confecção” do produto. Levar o aluno a querer aprender é a 
tarefa primeira da escola da qual dependem todas as demais. 
 
Conclusão 
Pode-se concluir que há sim necessidade de melhor qualidade do ensino 
básico, mas não porque se tenha conseguido a quantidade e se precise alcançar 
com maior eficiência os ideais de preparar pessoas para o mercado (agora, tendo 
em mira o emprego imediato; ou no futuro, tendo em mira o vestibular). A má 
qualidade do ensino público atual expressa, por um lado, a falta de escolas de 
verdade, com condições adequadas de funcionamento; por outro, a ausência, em 
nosso sistema de ensino, de uma filosofia de educação comprometida 
explicitamente com uma formação do homem histórico que, ultrapassando os 
propósitos da mera sobrevivência, se articule com o objetivo de viver bem, 
realizando um ensino que capacite o educando tanto a usufruir da herança cultural 
acumulada quanto a contribuir na construção da realidade social. 
Com relação à baixa produtividade do ensino, o que se constata é certa 
renúncia da escola pública a responsabilizar-se por um produto pelo qual ela deve 
prestar conta ao estado e à sociedade. Mas, pela dificuldade de medida de sua 
qualidade apenas por meio de exames ou testes pontuais, faz-se mister um 
20 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
acompanhamento constante do trabalho escolar, garantindo um bom produto pela 
garantia de um bom processo. 
Para responder às exigências de qualidade e produtividade da escola 
pública, a gestão da educação deverá realizar-se plenamente em seu caráter 
mediador. Ao mesmo tempo, em consonância com as características dialógicas da 
relação pedagógica, deverá assumir a forma democrática para atender tanto ao 
direito da população ao controle democrático do estado quanto à necessidade que a 
própria escola tem da participação dos usuários para bem desempenhar suas 
funções. 
 
TEXTO 4. ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios para o 
educador gestor do século XXI 
Rivo Gianini Recife, 2000. 
 
Palestra - I Congresso da APEAEPE-PE (Associação de Profissionais e 
Especialistas em Administração Escolar e Planejamento Educacional do Estado de 
Pernambuco). UFPE, Recife, 1 a 3 de dezembro de 2000. 
 
Nos últimos anos, a base da economia dos países desenvolvidos transferiu-se 
do trabalho manual para o trabalho baseado no conhecimento, e o centro de 
gravidade das esferas sociais passou dos bens para o conhecimento. 
No limiar do próximo século ainda não sabemos administrar trabalhadores com 
conhecimento, até porque podemos considerar ainda recente a transferência para o 
trabalho baseado no conhecimento. A rigor, faz quase cem anos que começamos 
a nos preocupar com a administração do trabalhador em todos os níveis. É 
verdade que Robert Owen, em 1820, administrara trabalhadores manuais em uma 
fábrica de tecidos em Lanarkshire, na Escócia. Neste século que, está terminando, é 
que surgiram as escolas de administração: o Taylorismo, o Fayolismo, o 
Fordismo, o Toyotismo e outras. Podemos considerar o enfoque administrativo 
neste século que finda sob quatro aspectos: 
 
O Enfoque Jurídico: até 1930. Tradição do direito administrativo romano. 
Incorporação da infra-estrutura legal para a incorporação da cultura e dos princípios 
da administração européia. Legalismo x Experimentalismo. 
 
O Enfoque Organizacional: até 1960. Manifesto de 1932. Tecnocracia como 
sistema de organização. Pragmatismo. Administração Clássica - Henry Fayol, Max 
Weber, Gulick, Taylor. No Brasil, Benedito Silva. O enfoque foi também 
essencialmente normativo. Crença moral na divisão dos poderes executivo, 
legislativo e judiciário. Anísio Teixeira (William James - John Dewey) José Querino 
Ribeiro (Fayol) Antônio Carneiro Leão (eclético) Lourenço Filho (1ª obra) Princípios 
da administração clássica (planejamento, organização, assistência à execução ou 
gerência, avaliação, relatório). 
 
21 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
- o Enfoque Comportamental: Após a 2a Guerra Mundial - Comportamentalismo - 
identifica-se com o movimento psicossocial das relações humanas (Hawthome, 
1927), E.U.A. Mary Parker Follet, Elton Mayo, Chester Bernard, Herbert Ilmon. 
Baseia-se nas ciências do comportamento (Psicologia e Sociologia). Dinâmica de 
grupo, comportamento organizacional, sensibilidade, treinamento de liderança. Na 
administração da educação - vinculação da psicologia com a pedagogia. 
Remonta ao psicologismo pedagógico do século XVIII (Pestalozzi e Froebel). Deve 
tomar em conta a realidade psicológica do educando com todas as exigências do 
seu mundo subjetivo. 
 
O Enfoque Sociológico: Emile Durkhein - Katz e Kahn, Jacob Cetzels, Talcot 
Parsons, Robert Merton, Guerreiro Ramos – sociológico antropológica; Celso 
Furtado essencialmente política 
 
O Enfoque Interdisciplinar: Teoria de sistemas. Estamos agora na era do 
conhecimento, e podemos perspectivar um novo enfoque, o informacional. O 
surgimento do conhecimento como centro da sociedade e como fundamento da 
economia e da ação social muda drasticamente a posição, o significado e a estrutura 
do conhecimento. Os meios de conhecimento estão em constante mutação. No 
campo do ensino, as faculdades, departamentos e disciplinas existentes não são 
apropriados por muito tempo. Logicamente, poucas são antigas, para começar. 
Não havia, há cem anos, a bioquímica, a genética e até mesmo a biologia era 
incipiente. Havia a geologia e a botânica. Não deve admirar, portanto, que a 
distinção entre química orgânica e química inorgânica não seja mais 
significativa. Já se projetam polímeros inorgânicos em que o conhecimento do 
químico orgânico é aplicado nas substâncias inorgânicas, como os silicônios. 
Inversamente já se está projetando "cristais orgânicos" em que tanto a química 
inorgânica quanto a física está produzindo substâncias orgânicas. 
Por analogia, as antigas linhas entre a fisiologia e a psicologia têm cada 
vez menos sentido, bem como as que separam o processo da economia, a 
sociologia das ciências do comportamento, a lógica matemática e estatística da 
lingüística, e assim por diante. 
A hipótese mais provável é que cada uma das antigas demarcações, disciplinas 
e faculdades tomar-se-ão obsoletas e uma barreira para o aprendizado e para o 
entendimento. Em realidade está se abandonando rapidamente uma visão 
cartesiana do universo, segundo a qual a ênfase tem recaído nas partes e nos 
elementos, dentro de uma visão global destacando o todo e os padrões, 
desafiando toda a linha divisória entre as áreas de estudo e o conhecimento. 
As instituições precisam ter condições de descartar-se do passado. A 
universidade não é exceção. Ela precisa de liberdade para introduzir novas 
disciplinas e combinar disciplinas tradicionais de novas maneiras. 
O processo de introdução de disciplinas novas e o abandono das antigas 
não são, atualmente, comuns para o sistema de ensino, mas terá que ser posto 
rapidamente em prática agora, mais do que antes. 
22 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
Em 1996, a UNESCO empreendeu um grande esforço de repensar a 
educação, no contexto da mundialização das atividades humanas, através da 
Comissão Mundial para o século XXI que resultou no amplo relatório de 
Jacque Delors,que propõe quatro pilares que deverão basear a educação do 
próximo milênio: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a viver; juntos e 
aprender a ser. 
Edgard Morin, com sua excepcional visão integradora da totalidade pensou os 
valores na perspectiva da complexidade contemporânea, abordando novos 
ângulos, muitos dos quais ignorados pela pedagogia atual, para servirem de eixos 
norteadores para a educação do próximo milênio. 
Morin identifica sete valores fundamentais com os quais toda a cultura e 
toda a sociedade deveriam trabalhar segundo suas especificidades. Esses valores 
são respectivamente as Cegueiras Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, 
o Ensino da Condição Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, 
o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero Humano. 
Para Morin, o destino planetário do gênero humano é ignorado pela educação. 
A educação precisa ao mesmo tempo trabalhar a unidade da espécie humana 
de forma integrada com a idéia de diversidade. O princípio da 
unidade/diversidade deve estar presente em todas as esferas. 
É necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, 
combatendo o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram 
colocar em posição subalterna questões relevantes para a vida das pessoas e da 
sociedade. 
Calvino, escritor ítalo-cubano, elaborou em vida, uma proposta para o próximo 
milênio, em conferências que havia preparado para a Universidade de Harvard e que 
nunca foram proferidas, pela sua morte súbita em 1985. As seis propostas que vão 
de Virgilio a Queneau, de Dante a Joyce, em cima de uma concepção de literatura 
como transparência e lucidez, e como respeito aos próprios instrumentos e aos 
próprios objetos. 
A leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência, 
virtudes a nortear não somente a atividade dos escritores, mas cada um dos 
gestos de nossa existência em todos os setores da atividade humana. A partir daí, 
vamos tentar estabelecer as perspectivas do educador gestor e o aspecto paradoxal 
entre a globalização e o localismo, fenômenos do nosso tempo nessa transição de 
século que estamos vivendo. 
Segundo Castells, pode-se distinguir: 
-"Identidade legitimadora, cuja origem está ligada às instituições dominantes; 
- Identidade de resistência, gerada por atores sociais que estão em posições 
desvalorizadas ou discriminadoras. São trincheiras de resistência; e 
- Identidade de projeto, produzida por atores sociais que partem dos materiais 
culturais a que tem acesso, para redefinir sua posição na sociedade". 
Como vemos, essa tipologia expõe a diversidade de manifestações que podem 
se enquadrar na categoria de movimentos sociais. Alguns poderiam ser chamados 
de novos movimentos e outros de tradicionalistas. 
23 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
A globalização não apagou a presença de atores políticos. Criou para eles 
novos espaços pelos quais se inicia um processo histórico que não tem direção 
prevista. A criatividade, a negociação e a capacidade de mobilização serão os mais 
importantes instrumentos para conquistar um lugar na nova sociedade que está se 
constituindo em rede. 
Uma das características distintivas da modernidade é uma interconexão 
crescente entre os dois extremos da "extencionalidade" e da "intencionalidade": de 
um lado influências globalizantes e, do outro, disposições pessoais. Quanto 
mais a tradição perde terreno, e quanto mais reconstitui-se a vida cotidiana em 
termos da interação dialética entre o local e o global, mais os indivíduos vêem-se 
forçados a negociar opções por estilos devida em meio a uma série de 
possibilidades. O planejamento da vida organizada reflexivamente torna-se 
característica fundamental da estruturação da auto-identidade. 
A era da globalização pode ser considerada também a era do ressurgimento 
do nacionalismo, manifestado tanto pelo desafio que impõe a Estados-Nação 
estabelecidos, como pela (re) construção da identidade com base na nacionalidade 
invariavelmente definida por oposição ao estrangeiro. Sem dúvida, essa tendência 
histórica tem surpreendido alguns observadores, após a morte do nacionalismo ter 
sido anunciada por uma causa tripla: a globalização da economia e a 
intercionalização das instituições políticas; universalismo de uma cultura 
compartilhada, difundida pela mídia eletrônica, educação, alfabetização, 
urbanização modernização; e os ataques desfechados por acadêmicos contra o 
conceito de nações consideradas comunidades imaginadas" numa versão menos 
agressiva da teoria antinacionalista, ou "criações históricas arbitrárias, advindas de 
movimentos nacionalistas controlados pela elite em seu projeto de estabelecimento 
do Estado-Nação moderno. 
A parte central da aprendizagem ainda é feita dentro da escola, mas em volta 
dela aglutinam-se as atividades significativas dentro da comunidade em que a 
escola está inserida com a aquisição de conhecimentos relevantes sobre o mundo 
em geral. 
Dessa forma, será possível preparar melhor as novas gerações para suas vidas 
como seres individuais e atores sociais responsáveis, permitindo encontrarem o seu 
lugar no mundo do trabalho e tornando-os cidadãos de pleno direito nas 
comunidades a que pertencem, nos seus países e num mundo do futuro. 
Georg Knauss, conselheiro da fundação Bertelsmann e antigo dirigente do 
Ministério da Educação da Bavária, sugere as seguintes teses inovadoras para a 
concepção da educação no próximo milênio. 
1. "Para agir de forma responsável na sociedade de hoje e de amanhã, as crianças e 
os jovens têm de adquirir as necessárias aptidões profissionais, metodológicas, 
sociais e de comunicação. 
As escolas só podem ser inovadoras se definirem e, de forma constante, 
desenvolverem os seus objetivos, os seus métodos pedagógicos e conteúdos 
curriculares de acordo com as normas adequadas, baseados nas necessidades e 
potencialidades dos seus "clientes", as crianças e os jovens. 
24 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
2. Para responderem aos desafios do presente e do futuro, de uma forma positiva, 
as escolas individualmente, enquanto organizações capazes de aprender (Learning 
Institutions), devem gozar de um certo grau de liberdade no campo da 
organização e da administração, devendo fazer uso dessa liberdade no sentido do 
melhoramento dos seus resultados. 
3. O mais importante pré-requisito das boas escolas são os professores 
criativos, motivados e bem preparados. Os papéis que desempenham e as 
responsabilidades, que lhes são próprias, requerem um processo de aprendizagem 
permanente, ao longo da vida (life-long learning). 
4. Cabe à liderança de uma escola inovadora promover as iniciativas e o sentido de 
responsabilidade dentro da escola. 
5. As escolas desempenham os seus deveres educacionais em paralelo e em 
complemento da ação da família. Por um lado, as escolas têm de perseguir fins 
bem definidos, por outro têm de ser flexíveis, ajustando-se às exigências de 
mudança. Por isso, as escolas devem promover ativamente e liderar o intercâmbio 
com uma gama variada de relevantes atores sociais. 
6. Os órgãos de gestão escolar, as autoridades respectivas e os dirigentes 
políticos partilham da responsabilidade de estruturar as atividades escolares e, em 
colaboração, assegurarem o contínuo melhoramento do trabalho nas escolas. 
7. Todos aqueles que estão envolvidos no sistema educacional contribuem de forma 
consistente, para o melhoramento da sua qualidade. Os procedimentos para essa 
avaliação formal e fiável são uma pré-condição para a delegação de 
responsabilidade para o nível da escola. 
8. As escolas inovadoras precisam, para florescer, de um clima favorável. É tarefa 
das entidades nacionais e locais estabelecerem o equilíbrio entre a autonomia da 
escola e a necessidade de garantir oportunidades educativas para todas as crianças 
e jovens. 
Quanto à questão da gestão educacional,já desde a década de 80 têm ocorrido, em 
vários países, significativas alterações do papel do Estado nos processos de decisão 
política e administração da educação. Pode-se dizer que essa alteração vai no 
sentido de transferir poderes e funções do nível nacional e regional para o nível 
local, reconhecendo a escola como um locus central da gestão e a comunidade local 
(em particular os pais de alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisão. 
Esta alteração afeta países com sistemas políticos e administrativos bastante 
distintos e tem no reforço da autonomia da escola uma das expressões mais 
significativas. 
 
TEXTO 5. ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS 
 
Conceito de processo - Processo é um conjunto de causas (máquinas, matérias 
primas, etc.) que provoca um ou mais efeitos (produtos). Um "problema" é o 
resultado indesejável de um processo. Portanto, problema é um item de controle 
com o qual não estamos satisfeitos. Para conduzir um bom gerenciamento, temos 
25 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
que, numa primeira instância, aprender a localizar os problemas e então 
aprendemos a resolver estes problemas. 
 
Controle de processos - Uma unidade escolar não pode ser controlada pôr 
resultados, mas durante o processo. O resultado final é tardio para se tomar ações 
corretivas. 
 
Conceito de controle - Manter sob controle é saber localizar o problema, analisar 
o processo, padronizar e estabelecer itens de controle de tal forma que o problema 
nunca mais ocorra. As pessoas são inerentemente boas e sentem satisfação pôr um 
bom trabalho realizado. Quando um problema ocorre, não existe um culpado! 
Existem causas que devem ser buscadas pôr todas as pessoas da empresa de 
forma voluntária. 
 
 
 
 
 
26 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
 
Prática do controle da qualidade - o controle de qualidade total é um novo 
modelo gerencial centrado no controle do processo, tendo como meta a 
satisfação das necessidades das pessoas. A participação das pessoas não é 
conseguida pôr exortação, mas por educação e treinamento na prática do controle 
da qualidade. O controle da qualidade é abordado com três objetivos: 
1. Planejar a qualidade desejada pelos alunos. 
2. Manter a qualidade 
3. Melhorar a qualidade 
 
Estabelecimento de metas pode provir de várias fontes: 
1. Das necessidades de seus alunos. 
2. Do planejamento estratégico geral da organização escolar. 
3. Da visão estratégica do próprio gerente. 
 
Itens de controle [5W1H]: 
WHAT - Quais os itens de controle em qualidade, custo, entrega, moral e 
segurança? Qual a unidade de medida? 
WHEN - Qual a freqüência com que devem ser medidos? Quando atuar? 
WHERE - Onde são conduzidas as ações de controle? 
HOW - Como exercer o controle. Indique o grau de prioridade para ação de cada 
item. 
44 
27 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
WHY - Em que circunstancias o "controle" será exercido [i.e. o marketshare caiu 
abaixo de 50%] 
WHO - Quem participara das ações necessárias ao controle [i.e. reunião] 
PROGRAMA 5S - visa mudar a maneira de pensar das pessoas na direção de um 
melhor comportamento para toda a vida. É para todas as pessoas da empresa. 
SEIRI (arrumação) SEITON [ordenação], SEISOH (limpeza) 
SEIKETSU (asseio) SHITSUKE (auto-disciplina). 
 
Aplicação na Administração: 
1S – Arrumação: Identificação de dados e informações necessárias e 
desnecessárias para decisões. 
2S – Ordenação: Determinação do local de arquivo para pesquisa e utilização de 
dados a qualquer momento. Deve-se estabelecer um prazo de 5 minutos para se 
localizar um dado. 
3S – Limpeza: Sempre atualização e renovação de dados para ter decisões 
corretas. 
4S – Asseio: Estabelecimento, preparação e implementação de informações e dados 
de fácil entendimento que serão muito úteis e praticas para decisões. 
5S – Auto-disciplina: Habito para cumprimento dos procedimentos determinados 
pela empresa. 
 
Aplicação na Produção: 
1S – Arrumação: Identificação dos equipamentos, ferramentas e materiais 
necessários e desnecessários nas oficinas e postos de trabalho. 
2S – Ordenação: Determinação do local especifico ou lay-out para os equipamentos 
serem localizados e utilizados a qualquer momento. 
3S – Limpeza: Eliminação de pó, sujeira e objetos desnecessários e manutenção da 
limpeza nos postos de trabalho. 
4S – Asseio: Ações consistentes e repetitivas visando arrumação, ordenação e 
limpeza e ainda manutenção de boas condições sanitárias e sem qualquer poluição. 
5S – Auto-disciplina: Hábito para cumprimento dos procedimentos especificados 
pelo cliente. 
 
Construir um modelo orientado a processos pode resolver diversos 
problemas que normalmente tendem a estar ocultos em um modelo funcional 
tradicional. 
O desenho de um modelo de processos permite aos colaboradores 
compreenderem a visão global da organização e qual a sua colaboração na 
organização. A construção desse modelo requer trabalho em equipe, de forma a 
assegurar que todo o conhecimento disponível será utilizado. 
Um modelo simples pode conter elementos tão específicos como atividades, 
etapas e tarefas de um processo, funções ou áreas organizacionais, máquinas ou 
outra informação. Um modelo mais elaborado pode conter competências 
(conhecimento e habilidades), riscos e contingências sobre problemas potenciais 
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Projeto Político Pedagógico da Escola 
nos processos de educação, cenários para absorção de idéias para melhorias e 
outros comentários. 
Uma parte muito importante para a gestão dos processos de educação é a 
documentação. A documentação de todos os processos da organização facilita a 
comunicação interna a todos os níveis. O maior desafio numa organização é manter 
toda a documentação atualizada e acessível. 
 
TEXTO 6. GESTÃO POR PROCESSOS 
Marcelo Raducziner* 
 
O que é Gestão de Processos? 
Um processo de negócio (ensino) é um conjunto de atividades relacionado 
com o objetivo essencial da sua organização - entregar um produto ou um 
serviço (educação) ao cliente (aluno). 
Os processos de educação são tipicamente avaliados do ponto de vista do 
aluno, dos colaboradores e dos investidores. Para assegurar que os processos de 
educação ocorram de forma regular é necessário para maximizar o valor agregado 
percebido pelos alunos colaboradores e dos investidores. 
Gerir processos de educação eficientemente é crítico para o sucesso da 
organização. No entanto, geri-los é mais complicado do que poderia parecer à 
primeira vista – fundamentalmente porque não estão isolados e porque interagem 
entre si. 
Quanto mais coordenados e controlados forem os seus processos, maior é o 
potencial para que eles tragam os benefícios e resultados planejados pela empresa. 
Para assegurar a gestão efetiva e a melhoria contínua dos seus processos de 
educação, é necessário considerar os seguintes aspectos críticos: 
 
Seus objetivos devem ser claros e mensuráveis. 
∆ É essencial assegurar um forte compromisso por parte dos gestores e dos 
colaboradores da organização. 
∆ Seus colaboradores são fontes valiosas de informação e conhecimento, e o seu 
envolvimento facilita a criação do compromisso necessário e a aceitação das 
mudanças propostas. O que chamamos de Ambiência Organizacional. 
∆ A comunicação ajuda a criar a Ambiência Organizacional e o compromisso dos 
colaboradores, bem como a definição dos objetivos a serem atingidos. 
 
29 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
 
 
 
 
Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, redução de 
custos e qualidade, por isso é o assunto é recorrente na agenda de qualquer 
executivo. 
O atual dinamismo das organizações, aliado ao peso cada vez maior que 
tecnologia exerce nos negócios, vem fazendo com que o tema processos e, mais 
recentemente, gestão por processos (Business Process Management, ou BPM) seja 
discutido e estudado com crescente interessepelas empresas. 
 
Os principais fatores que têm contribuído para essa tendência são: 
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Projeto Político Pedagógico da Escola 
●O aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvolvimento e 
lançamento de novos produtos e serviços de forma mais ágil e rápida. 
 
●Com a implantação de sistemas integrados de gestão, os chamados ERPs, 
existe a necessidade prévia de mapeamento dos processos. Entretanto é muito 
comum a falta de alinhamento entre processos, mesmo depois da implantação 
sistema. 
 
●As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada vez mais 
desatualizados, devido ao ambiente de constante mudança. Em tal situação, erros 
são cometidos ou decisões são postergadas por falta de uma orientação clara; 
 
●A maior freqüência de entrada e saída de profissionais (turnover) tem 
dificultado a gestão do conhecimento e a documentação das regras do negócio, 
gerando maior dificuldade como na integração e no treinamento de novos 
colaboradores. 
Os efeitos dessas e outras situações têm levado um número crescente de 
empresas a buscar uma nova forma de gerenciar seus processos. Muitas começam 
pelo desenvolvimento e revisão das normas da organização ou ainda pelo 
mapeamento de processos. Entretanto, fazer isso de imediato é “colocar o carro na 
frente dos bois”. 
Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os processos relevantes e 
como devem ser operacionalizados com eficiência. Questões que podem ajudar 
nesta análise são: 
◊Qual a dimensão ideal da equipe para a execução e o controle dos processos? 
◊Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas? 
◊Quais os métodos de monitoramento e controle do desempenho a serem 
utilizados? 
◊Qual é o nível de integração e interdependência entre processos? 
 
5 passos para o sucesso e algumas armadilhas 
A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão abrangente 
por parte da organização sobre os seus processos e sobre como estão relacionados. 
Essa visão é o que chama de uma abordagem de BPM. Sua implantação deve 
considerar no mínimo cinco diferentes passos fundamentais: 
 
1. Tradução do negócio em processos: é importante definir quais são os 
processos mais relevantes para a organização e aqueles que os apóiam. Isso é 
possível a partir do entendimento da visão estratégica, de como se pretende atuar 
e quais os diferenciais atuais e desejados. Com isso, é possível construir o mapa 
geral de processos da organização; 
 
2. Mapeamento e detalhando os processos: a partir da definição do mapa geral 
de processos, inicia-se a priorização dos processos que serão detalhados. O 
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mapeamento estruturado, com a definição de padrões de documentação, permite 
uma análise de todo o potencial de integração e automação possível. De forma 
complementar, são identificados os atributos dos processos, o que permite, por 
exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que compõe o processo ou, 
ainda, dimensionar o tamanho da equipe que deverá realizá-lo; 
 
3. Definição de indicadores de desempenho: o objetivo do BPM é permitir a 
gestão dos processos, o que significa medir, atuar e melhorar! Assim, tão 
importante quanto mapear os processos é definir os indicadores de desempenho, 
além dos modelos de controle a serem utilizados; 
 
4. Geração de oportunidades de melhoria: a intenção é garantir um modelo de 
operação que não leve ao retrabalho, perda de esforço e de eficiência, ou que gere 
altos custos ou ofereça riscos ao negócio. 
Para tal, é necessário identificar as oportunidades de melhoria, que, por 
sua vez, seguem quatro alternativas básicas: incrementar, simplificar, 
automatizar ou eliminar. Enquanto na primeira se busca o ganho de escala, na 
última busca-se a simples exclusão da atividade ou a sua transferência para 
terceiros; 
 
5. implantação de um novo modelo de gestão: o BPM não deve ser entendido 
como uma revisão de processos. A preocupação maior é assegurar melhores 
resultados e, nesse caminho, trata-se de uma mudança cultural. É necessária 
maior percepção das relações entre processos. Nesse sentido, não basta controlar 
os resultados dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando 
gerar fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos. 
É por causa desse último passo que a implantação de BPM deve ser tratada de 
maneira planejada e orientada a resultados de curto, médio e longo prazos. Como 
já dissemos, o BPM representa uma visão bem mais abrangente, na qual a busca 
por ganhos está vinculada a um novo modelo de gestão. 
 
 
TEXTO 7. COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS 
Por Rafael Scucuglia* 
 
Um dos assuntos relacionados a gestão organizacional, muito em evidência 
hoje em dia é a “gestão por processos”. Desde que foi incluso como um dos 
fundamentos da ISO 9001 versão 2000, o assunto espalhou-se, ganhou 
notoriedade e foi muito discutido pelas organizações. Os auditores passaram a 
realizar auditorias “por processo”. Organizações passaram a mapear suas 
atividades, a nomear seus processos, a identificar as tão famosas “entradas”, 
“saídas”, “recursos”, etc. 
Mas será que temos feito isto de forma a, efetivamente, agregar valor à gestão 
organizacional? Será que tais identificações, nomenclaturas e definições de fato 
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Projeto Político Pedagógico da Escola 
contribuem para a administração das empresas? Será que estas teorias têm como 
significativo efeito uma melhoria nos resultados organizacionais finais? 
Tomemos como base os conceitos do Modelo de Excelência em Gestão da 
FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, entidade legitimamente constituída para 
disseminar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento de 
competitividade das organizações e do Brasil, respeitada nacional e 
internacionalmente. Segundo a FNQ, definimos processos por “um conjunto de 
atividades preestabelecidas que, executadas numa seqüência determinada, 
vão conduzir a um resultado esperado que assegure o atendimento das 
necessidades e expectativas dos clientes e outras partes interessadas”. 
É este o conceito que consideramos como ideal, utilizado na prática pelas 
organizações reconhecidamente bem sucedidas. Uma empresa, neste conceito, é 
um “mar de processos”, em contínua execução pelas pessoas que compõem 
sua força de trabalho. Ainda segundo a FNQ, os processos estão inter-
relacionados e interagem entre si, de tal forma que, produtos e serviços deles 
provenientes, constituem a entrada para um ou mais processos na seqüência de 
execução, que busca o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes. 
Resumindo: toda organização é um sistema. Ou seja, funciona como um conjunto 
de processos. A identificação e o mapeamento destes processos permitem um 
planejamento adequado das atividades, a definição de responsabilidades e o uso 
adequado dos recursos disponíveis. 
O mapeamento das atividades de uma organização é complexo. É instável 
(pois os processos são “vivos”, constantemente adaptados ao ambiente que estão 
inseridos). É, em um primeiro momento pelo menos, desorganizado em muitas de 
suas etapas. Possui incongruências, legítimas e que configuram oportunidades 
de melhoria. E destas oportunidades é que surgem os principais benefícios da 
gestão por processos. É detalhista ao extremo: devem conter todo e qualquer inter-
relacionamento entre atividades, retratando todo o ambiente organizacional. O 
resultado é, sempre, um desenho grande, complexo, de difícil compreensão, cujo 
entendimento pontual só se dá por meio de um estudo detalhado, perfeccionista e 
paciente. 
Mapear os processos de uma organização é muito mais do que um simples 
retrato da lógica de entradas e saídas entre pessoas, cargos, departamentos, 
gerências ou áreas. É um exercício de reflexão e debates cujo objetivo é retratar 
fielmente, através de fluxogramas ou qualquer outra ferramenta visual existente, 
comoocorrem os trâmites internos, quais são os seus pontos fracos, onde estão as 
incongruências pontuais, como ocorrem os fluxos de informações (em meio 
eletrônico e físico), quais são as responsabilidades por cada etapa, e, 
principalmente, quais são as entregas efetivas que constituem os produtos dos 
clientes internos das organizações. 
Mapear os processos, a primeira etapa de uma gestão por processos efetiva,é 
um dos trabalhos mais importantes nesta metodologia de gestão. É a 
construção da principal ferramenta de gerenciamento e melhoria interna. 
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Projeto Político Pedagógico da Escola 
Uma vez bem feito, as deficiências operacionais e os inputs para melhoria 
ficam tão evidentes que parecem lógicos, banais e simplistas ao extremo. 
Como princípio fundamental para um mapeamento eficaz, é necessário 
entender as diferenças entre tarefas, atividades, objetos, sub-processos, 
processos e macro-processos (todos eles diferentes de áreas, já que um 
processo, sempre, envolve as atividades de colaboradores envolvidos em diversas 
áreas da empresa - dizemos que um processo “passeia” entre os departamentos). 
Não nos cabe, neste artigo, nos aprofundar nestes conceitos e teorias. Alguns deles 
são polêmicos, divergentes entre autores. 
O importante é que, sob nenhuma hipótese, eles devem ser desconsiderados 
em um processo de mapeamento. É de extrema importância entender que uma 
tarefa é diferente de uma atividade, que um processo é composto de sub-processos, 
o que são objetos, etc. São conceitos bastante fundamentais. 
Sugiro ao leitor que os compreenda profundamente antes de iniciar qualquer 
tipo de mapeamento. Os fluxos mais detalhados a serem desenhados são os de 
atividades. Eles detêm todas as características minimistas a serem consideradas 
para proposições de mudanças e alterações de práticas. Os fluxos de 
subprocessos, processos e macro-processos, por suas vezes, têm um caráter 
gerencial: seus objetivos são apenas retratar, de uma forma global, a lógica geral 
de funcionamento interno da organização para geração do serviço/produto. 
 
Bibliografia 
FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Cadernos de Excelência: Processos. São 
Paulo: FNQ, 2007. 
 
 
TEXTO 8. A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL 
 
Situando o período histórico bem recente, sabemos que o Brasil passou por um 
regime político ditatorial, de meados dos anos 1960 até meados de 1980, época 
em que o Estado já vivia um processo de transição política. Instalado o novo 
governo, se fazia imperativo outro reordenamento jurídico em virtude da nova ordem 
que se instalava. Assim, promulgada a Constituição Federal de 1988, o governo dá 
prosseguimento a um conjunto de políticas, tendo como norte a ideia de “ajuste” do 
Estado brasileiro às mudanças em âmbito internacional, ou seja, a realização de 
uma reforma administrativa. 
Ao mesmo tempo, inicia-se a elaboração do novo aparato legal para cumprir 
diretrizes constitucionais. Por outro lado, a sociedade mobilizava-se, pressionando 
por mudanças no âmbito da economia, das instituições sociais, culturais e políticas, 
bem como na natureza das relações entre esses diferentes âmbitos. 
Essas considerações iniciais permitem que nos situemos quanto às 
transformações relativas ao planejamento e à gestão educacional, de modo 
especial esta última, no contexto das reformas dos anos 1990, em que a 
modernização do Estado brasileiro era objetivo básico. Esse objetivo passou a 
34 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
concretizar-se mediante a Reforma do Estado, iniciada em 1995, justificada pelos 
seus mentores não só como uma necessidade para superar as crises de ordem 
econômica, mas também, pela reivindicação da democratização do país. 
Os defensores da Reforma apresentavam diversos argumentos, a começar 
pela ideia da modernização do Estado – de procedimentos destinados a reduzir 
custos, ajustar estruturas, ou seja, defendiam a reestruturação e a adequação do 
desempenho dos serviços públicos, dirigidas ao fortalecimento do aparato 
burocrático do Estado. É possível assegurar que, em grande medida, a Reforma foi 
induzida por fatores externos, ou seja, foi determinada por mudanças no 
cenário político-econômico internacional. Mais ainda, esteve orientada para a 
regulamentação do campo social de acordo com a ordem econômica globalizada. 
Enfim, havia um consenso de que o Estado se encontrava despreparado para as 
novas pressões dessa realidade globalizada e, por isso, tinha de ser repensado. 
O contexto internacional, cujas forças econômicas e políticas condicionavam 
a formulação de políticas públicas e a gestão das instituições sociais, incluindo-se a 
escola, vai produzindo um novo cenário, cuja maior expressão é a globalização, 
associada à revolução tecnológica, conformando-se um novo paradigma social. 
 
As Ciências sociais na época da globalização - Ruptura histórica 
 
A globalização do mundo pode ser vista como um processo histórico-social de 
vastas proporções, abalando mais ou menos drasticamente os quadros sociais e 
mentais de referência de indivíduos e coletividades. Rompe e recria o mapa do 
mundo, inaugurando outros processos, outras estruturas e outras formas de 
sociabilidade, que se articulam ou impõem aos povos, tribos, nações e 
nacionalidades. Muito do que parecia estabelecido em termos de conceitos, 
categorias ou interpretações, relativos aos mais diversos aspectos da realidade 
social, parece perder significado, tornar-se anacrônico ou adquire outros sentidos. 
Os territórios e as fronteiras, os regimes políticos e os estilos de vida, as culturas e 
as civilizações parecem mesclar-se, tensionar-se e dinamizar-se em outras 
modalidades, direções ou possibilidades. As coisas, as gentes e as ideias movem-se 
em múltiplas direções, desenraizam-se, tornam-se volantes ou simplesmente 
desterritorializam-se. Alteram-se as sensações e as noções de próximo e distante, 
lento e rápido, instantâneo e ubíquo, passado e presente, atual e remoto, visível e 
invisível, singular e universal. Está em curso a gênese de uma nova totalidade 
histórico-social, abalroando a geografia, a ecologia e a demografia, assim como a 
economia, a política e a cultura. 
Considerado uma das maiores referências nacionais com relação ao tema 
globalização, Ianni apresenta essa importante síntese sobre o assunto. Para ele, há 
um novo ciclo que precisa ser entendido não somente como modo de 
produção ou de organização da economia mas que pode ser pensado também 
como um processo civilizatório. Significa dizer que envolve as instituições, a 
mídia, a cultura, as competições esportivas, a música, nem sempre identificadas às 
raízes, mercadorias globais, às vezes combinação de peças fabricadas em 
35 
 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola 
diferentes continentes. Embora, geralmente, seja vinculada apenas ao campo 
econômico, para este autor, a globalização é um fenômeno multidimensional, 
que abarca dimensões de ordem econômica, política e cultural. 
A globalização significa uma visível perda de fronteiras referente à vida 
cotidiana, no que diz respeito a diferentes dimensões, como a economia, a 
informação, a ecologia, a técnica, os conflitos transculturais e a sociedade civil. 
Porém, não pode ser compreendida como aglomeração do mundo inteiro, não é um 
fato ou processo automático, nem unilateral. Hoje, toda a vida, assim como as 
organizações e instituições, está reorientada e reorganizada na perspectiva de uma 
relação local-global, ou seja, pode-se dizer que a globalização, apoiada na revolução 
tecnológica, está provocando uma recriação do espaço local. 
Enfim, é nesse contexto de transformações mundiais, orientadas pelo 
neoliberalismo, que o Brasil apostou na reorganização do setor público, tendo 
em vista o ajuste ao capitalismo internacional. 
No plano institucional, cogitava-se alterar tanto a estrutura quanto o 
funcionamento do

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