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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA Projeto Político Pedagógico da Escola Equipe de Elaboração Instituto Mineiro de Formação Continuada Coordenação Geral Ana Lúcia Moreira de Jesus Gerência Administrativa Marco Antônio Gonçalves Professor-autor Esp. Marinez da Consolação Saraiva Souza Coordenação de Design Instrucional do Material Didático Eliana Antonia de Marques Diagramação e Projeto Gráfico Cláudio Henrique Gonçalves Revisão Ana Lúcia Moreira de Jesus Mateus Esteves de Oliveira ZAYN –Instituto Mineiro de Formação Continuada Avenida Amazonas, 491 – Centro Belo Horizonte – MG CEP: 30.180-001 TEL: (31) 3272-6646 contato@institutozayn.com.br Projeto Político Pedagógico da Escola Boas-vindas Olá! É com grande satisfação que o ZAYN – Instituto Mineiro de Formação Continuada agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno. Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade. Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e compromisso discente. Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on- line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço de aprendizagem virtual. Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua. Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, além de pleno sucesso na sua formação ao longo da vida. Projeto Político Pedagógico da Escola Organização do conteúdo: Profº Esp. Marinez da Consolação Saraiva Souza PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA INSTITUTO ZAYN EMENTA: O processo administrativo. Noções gerais de planejamento, coordenação e controle. A ação administrativa. Centralização e descentralização. Variáveis comportamentais e ambientais na organização. Fundamentos da gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas. Pressupostos científicos para implementação democrática do projeto político-pedagógico da escola. A disciplina fundamenta, reflete e analisa a gestão educacional a partir dos pressupostos do Estado Moderno no Brasil, da Constituição Federal e da L.D.B., enfatizando o papel da gestão democrática nos sistemas municipais, estaduais e do sistema federal e no nível escolar. Focaliza a importância da participação e das ações coletivas nas equipes pedagógicas, entendendo-se como equipe pedagógica todos aqueles que atuam em favor da gestão democrática. O sistema de Organização e Gestão da Escola. A escola como organização aprendente. Experiências brasileiras significativas. CONTEÚDO PROGRÁTICO PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios para o educador gestor do século XXI ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS GESTÃO POR PROCESSOS COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DE UM PLANO DE EDUCAÇÃO REFERÊNCIAS ATIVIDADES Projeto Político Pedagógico da Escola CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA Curso: Disciplina: PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA Carga Horária: 40 horas EMENTA: O processo administrativo. Noções gerais de planejamento, coordenação e controle. A ação administrativa. Centralização e descentralização. Variáveis comportamentais e ambientais na organização. Fundamentos da gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas. Pressupostos científicos para implementação democrática do projeto político- pedagógico da escola. A disciplina fundamenta, reflete e analisa a gestão educacional a partir dos pressupostos do Estado Moderno no Brasil, da Constituição Federal e da L.D.B., enfatizando o papel da gestão democrática nos sistemas municipais, estaduais e do sistema federal e no nível escolar. Focaliza a importância da participação e das ações coletivas nas equipes pedagógicas, entendendo-se como equipe pedagógica todos aqueles que atuam em favor da gestão democrática. O sistema de Organização e Gestão da Escola. A escola como organização aprendente. Experiências brasileiras significativas. OBJETIVOS Subsidiar a formação docente com conhecimentos teórico-práticos relativos à política educacional, com vistas à compreensão da gestão da educação à luz da LDB 9394/96, enfocando a concepção atual e sua função. Analisar a trajetória histórica da Gestão, buscando conhecer suas origens e evolução; · Construir o conceito de gestão escolar democrática; · Analisar a educação básica no que diz respeito a sua organização e gestão; · Elencar os instrumentos de democratização da gestão escolar, destacando o Projeto Político Pedagógico como essência da organização escolar. · Analisar a importância do Gestor no direcionamento dos planejamentos escolares. Projeto Político Pedagógico da Escola CONTEÚDO PROGRAMÁTICO PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios para o educador gestor do século XXI ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS GESTÃO POR PROCESSOS COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DE UM PLANO DE EDUCAÇÃO REFERÊNCIAS ATIVIDADES Projeto Político Pedagógico da Escola SUMÁRIO TEXTO 1. PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS 09 TEXTO 2. PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS 17 TEXTO 3. A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA 18 TEXTO 4. ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios para o educador gestor do século XXI 21 TEXTO 5. ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS 26 TEXTO 6. GESTÃO POR PROCESSOS 29 TEXTO 7. COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS 32 TEXTO 8. A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL 34 TEXTO 9. A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO 37 TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONALNO CONTEXTO DE UM PLANO DE EDUCAÇÃO 39 REFERÊNCIAS 41 ATIVIDADES 43 Projeto Político Pedagógico da Escola TEXTO 1. PROJETO ESCOLAR PEDAGÓGICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Vania Regina Boschetti Universidade de Sorocaba, Brasil. Assislene Barros da Mota Secretaria Estadual de Educação do Amazonas, Brasil. Secretaria Municipal de Educação de Manaus, Brasil. Dayse Lúcide de Freitas Abreu Secretaria Estadual de Educação do Amazonas, Brasil. Resumo No texto procura-se refletir acerca dos desafios e perspectivas da política escolar pedagógica democrática, evidenciando seus aportes legais e normativos em consonância com seus eixos norteadores. Para tanto optamos em fazer uma revisão bibliográfica, ou seja, leituras e releituras sobre leis e autores que desenvolvem trabalhos na área da gestão educacional, para que possa servir de fundamentação teórica para outros estudos congêneres. Introdução Esse texto é de natureza crítico-reflexiva e fundamenta-se em aspectos legais e normativos da gestão escolar democrática, expressos na Constituição da República Federativa do Brasil (1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, n. 9.394/96 - e no estudo de teóricos que desenvolvem trabalhos na área de gestão escolar. Tem-se como objetivo verificar as suas implicações para melhoria do sistema de ensino. A gestão escolar tem a função de descentralizar o movimento administrativo e pedagógico no sistema de ensino. O resultado, seguramente, será uma crescente autonomia, considerando as inovações da implantação do processo que envolve a gestão participativa no contexto de escolas públicas. Com essa perspectiva optamos por uma metodologia crítica-reflexiva, levando em consideração os principais pilares de transformação da gestão escolar democrática, pois toda mudança é algo difícil de implantar, ainda mais no âmbito educativo, pois implica em mudanças de mentalidades, posturas e de atitudes. Para melhor compreensão dos processos de mudanças, associadas às transformações globais, principalmente as que buscam a autonomia das escolas públicas, preferimos descrevê-los em seções e subseções interligadas e complementares. Análise sucinta da política educacional O processo de política escolar tem como função primordial a descentralização do desenvolvimento pedagógico e administrativo no sistema de ensino. O resultado desse gerenciamento é a crescente autonomia da escola diante 9 Projeto Político Pedagógico da Escola do compromisso e envolvimento de todos os atores que participam dessa construção democrática. Portanto, o processo de gestão evoca também vários indicadores a serem trabalhados, tais como a gestão participativa, relações interpessoais, desempenho e auto-avaliação. A tendência da educação atual no Brasil tem na gestão escolar um de seus principais pilares de transformação, porém, toda mudança de mentalidade, postura e atitude é algo difícil de implantar, principalmente no âmbito educativo. No caso específico do Brasil as mudanças no campo educacional são bem mais complexas devido ao processo de colonização, que sempre relegou a educação a um plano secundário. Este fato certamente dificultou o acesso à escolaridade para a maioria da população, pois o sistema de ensino brasileiro permaneceu elitizado e centralizador, diferindo da descentralização educativa, promotora da autogestão institucional. No entanto, essa concretização no sistema escolar demandará tempo, sendo necessárias discussões e debates sobre as novas formas de organização e descentralização da prática educativa. As questões da autonomia escolar curricular, pedagógica e administrativa há muito eram requeridas, pelos profissionais da educação e ganharam expressão a partir da década de 1980, com a intenção de minimizar problemas de ordem educativa como os índices de evasão, repetência, abandono escolar e o burocratismo da própria escola diante de aspectos administrativos, porém, todos esses fatores estão associados à busca da autonomia escolar. Essa tendência democrática de autogestão antecedeu à promulgação LDB na busca de mudanças necessárias diante da nova conjuntura mundial em meio às transformações globais. Ademais, a gestão escolar se configura em uma liderança democrática, porém de ressonância dialética junto a um grupo unificado, a partir dos conflitos existentes na realidade e que possam ser reconstruídos em perspectiva dialógica na busca do bem comum (Luck, 1981). Assim, a escola pública deve partir de um princípio democrático que viabilize ao seu representante, no caso, o gestor, construir suas ações de forma democrática e coletiva, pois a gestão democrática requer, em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade escolar, mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do estado e não uma conquista da comunidade (Gadotti, 1998, p. 17). A concepção de gestão democrática defendida por Gadotti (1998) pressupõe a historicidade em que a escola pública se constitui e de como foi sendo delineada pelos que acreditam no potencial humano, independente dos mecanismos que a influenciaram, inclusive os amparados em lei. A mudança faz parte dessa nova exigência mundial: na escola a busca não é mais apenas pelo acesso, mas pela qualidade do ensino, requerendo em seu processo de transformação uma gestão democrática com o intuito de que a escola 10 Projeto Político Pedagógico da Escola deva formar para a cidadania, exigindo, portanto, um novo tipo de relação sociedade, aluno e conhecimento. Esse tripé implica em ações dialógicas que devem interagir para atender anseios, interesses e necessidades da comunidade. Dessa forma o saber se constitui a partir e na relação intrínseca do aluno com seu universo, em uma ponte entre o senso comum e o saber cientificamente acumulado: O grande desafio da escola pública está em garantir um padrão de qualidade (para todos) e, ao mesmo tempo, respeitar a diversidade local, étnica, social e cultural. Portanto, o nosso desafio educacional continua sendo educar e ser educado. [...] Existe uma visão sistêmica, estreita que procura acentuar os aspectos estáticos - como o consenso, a adaptação, a ordem, a hierarquia - e uma dinâmica que valoriza a contradição, a mudança, o conflito e a autonomia. [...] Num sistema fechado, os usuários - pais e alunos - e os prestadores de serviços - professores e funcionários - não se sentem responsáveis. Esta é uma das principais questões da não participação. Num sistema aberto, o lócus fundamental da educação é a escola e a sala de aula. (Gadotti, 1998, p. 28) O novo desafio dos professores contemporâneos não é apenas conhecer o processo histórico educacional, mas ter competências e habilidades de analisar as mazelas sociais e, se propor a agir como sujeito da história, em que a sala de aula se constitui em um espaço interativo de debates e discussões dialógicas em prol da formação, pois ao se sentirem sujeitos do processo professor e aluno terão atitudes e desempenhos diferenciados na construção e busca incessante do conhecimento. Na prática, a realidade parece mais distante da concretude que a escola pública vem almejando nos últimos anos, mas ao adentrarmos em questões históricas de outros países observamos que as mudanças ocorrem de forma processual e que dependem de ações desenvolvidas na ambiência da escola, especificamente em sala de aula. Aportes legais e normativos da gestão escolar O contexto da Constituição Brasileira de 1988 enfatiza a gestão escolar no sentido amplo de sua ingerência, com o seguinte teor: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada coma colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Constituição Federal do Brasil, art. 205, 1988) Consoante essa assertiva tonou-se necessário estabelecer princípios norteadores para o ensino que viabilizassem seu desenvolvimento com eficiência no âmbito escolar: 11 Projeto Político Pedagógico da Escola I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público e estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Constituição Federal do Brasil, art. 206, 1988) Visando obter uma gestão democrática de ensino consistente, a LDB, no Título II, art. 3°, reforça esses princípios na busca de uma gestão eficaz e significativa, evidenciado, no art. 3°, item VIII - a gestão democrática do ensino público, na forma dessa lei e da legislação dos sistemas de ensino. Desta feita os sistemas de ensino pressupõem sua própria normatização para a gestão escolar democrática: Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I- elaborar e executar sua proposta pedagógica; II- administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; [...] IV- velar pelo cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas. [...] Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II- participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (LDB. Título II, art. 12 e 14, 1996 A LDB instituiu e proporcionou a gestão democrática nos estabelecimentos de ensino para que possam ter a responsabilidade de elaborar e executar, coletivamente, sua proposta pedagógica, administrar os recursos humanos e financeiros, além de articular-se com a comunidade e famílias dos alunos, fazendo emergir processos de interação entre a sociedade e a escola. A gestão democrática requer autonomia da escola e ambas fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. Por conta disso, a LDB, no art. 15, assegura que os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos grau de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. (LDB, art. 15, 1996 Outras providências foram tomadas no sentido de busca de melhorias da gestão democrática, como a aprovação do Plano Nacional de Educação - PNE -, por intermédio da lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, publicada em forma de anexo, 12 Projeto Político Pedagógico da Escola com vistas ao cumprimento do dispositivo no art. 214 da Constituição Federal do Brasil (1988). O PNE estabeleceu metas e estratégias específicas no anexo desta lei cujo prazo de vigência é de dez anos: Meta 19: assegura condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de métodos e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no apoio técnico da União para tanto. (Lei Federal, n. 13.005, 5 jun . 2014) Além das metas o referido PNE (2014) estabeleceu também estratégias a serem cumpridas, voltadas diretamente para a gestão escolar: 19.1) prioriza o repasse de transferências voluntárias da União na área da educação para os entes federados que tenham aprovado legislação específica que regulamente a matéria na área de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho, bem como a participação da comunidade escolar; 19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos conselheiros dos conselhos de acompanhamento e controle social do FUNDEB dos conselhos de alimentação escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos representantes educacionais em demais conselhos de acompanhamento de políticas públicas, garantindo a esses colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado, equipamentos e meios de transporte para visitas à rede escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; 19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação... 19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurandose-lhe, inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações; 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional... 19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos projetos políticospedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimento escolares, assegurando a participação dos pais na avaliação de docentes e gestores escolares; 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino; 19.8) desenvolve programas de formação de diretores e gestores escolares, bem como aplicar prova nacional específica de critérios objetivos para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser utilizados por adesão. (Lei n. 13.005, 5 jun. 2014) Visando a atender às necessidades de formação inicial e continuada, o PNE, diante das metas acima descritas, determinou adequações e mudanças nos cursos de formação de modo a ressignificá-las, sendo de suma importância o investimento na formação dos professores. 13 Projeto Político Pedagógico da Escola O desafio não está presente apenas no contexto das salas de aula dos cursos de formação inicial, mas também na educação continuada, pois a conjuntura social contemporânea encontra-se ávida por mudanças provenientes de necessidades concretas do meio social, exigindo consonância com teorias que sejam aplicáveis a essas necessidades e que respondam aos anseios específicos do gestor em sua prática pedagógica e social. Eixos de trabalho da gestão escolar Partindo do princípio de que o estabelecimento escolar não atua sozinho, mas dentro de um contexto coletivo, são apresentados quatro eixos norteadores para obtenção do êxito no processo educacional: - Gestão, organização, planejamento e avaliação: a figura do diretor, principal responsável pela instituição lidera o processo da gestão compartilhada por meio do envolvimento das partes - família, Estado, sociedade e comunidade - no decorrer do planejamento e avaliação das ações desenvolvidas na escola. - Práticas pedagógicas e proposta curricular: o projeto político-pedagógico da escola é o documento oficial que promove a articulação do currículo escolar e suas práticas, proporcionando o desenvolvimento do aluno dentro de uma visão crítico-social do processode cidadania. - Valorização dos profissionais da educação: a escola precisa estar ativa, acompanhando o processo de desenvolvimento e atualidade da sociedade vigente. Portanto, é necessário promover formação continuada para a comunidade escolar, valorizando o aperfeiçoamento das qualidades intrínsecas e o esforço de cada um de seus membros. - Infraestrutura, equipamento e tecnologias: é dever do Estado oferecer o mínimo de estrutura física para receber a comunidade escolar, sendo parceira, apoiando e participando das ações planejadas que favoreçam o desenvolvimento escolar. Todos esses eixos norteadores perpassam pela inter-relação da família, Estado, comunidade e sociedade, priorizando o acesso ao conhecimento e a permanência do alunado, com o intuito de torná-la mais eficiente diante das situações de ensino e aprendizagem. Desafios e perspectivas da gestão escolar É importante considerarmos a importância da aprendizagem escolar no desenvolvimento dos seres humanos. Porém, o trabalho pedagógico na escola enfrenta obstáculos desafiadores a serem superados, dentre esses elencamos: - a função social da escola: a gestão democrática das escolas, quando eficazmente ativa, contribui para a melhoria dos processos de aprendizagem e para a formação cidadã. Porém, a sua representatividade social ainda passa por dificuldades em termos de conhecimento e compreensão, inclusive, da própria 14 Projeto Político Pedagógico da Escola comunidade escolar, por falta de conhecimento associado aos saberes e fazeres que se processam junto à instituição de ensino; - democratização da instituição escolar: a gestão compartilhada no âmbito das escolas tem sido outro desafio constante, pois o dia a dia requer um trabalho coletivo, exigindo que todos os sujeitos envolvidos no processo educacional tenham vez e voz, sendo imprescindível uma liderança entre a equipe gestora com objetivo único; - valorização dos profissionais da educação: é necessário oportunizar crescimento profissional sem distinção, promovendo formações e oferecendo espaço de geração de conhecimentos por meio de iniciativas e práticas inovadoras, facilitadoras do ato educativo; - organização do tempo e espaço: exige planejamento e envolvimento de todos da comunidade escolar diante, principalmente, das constantes mudanças que ocorrem no campo da sua organização temporal, que perpassam por inovações, discordâncias entre o prescrito e o real, entre tempos estabelecidos ou propostos e os vividos. O tempo escolar precisa ser avaliado em todas as suas dimensões em razão da existência de uma multiplicidade de tempos que estão ligados à outra variedade de situação; - projeto político-pedagógico: documento oficial que norteia o trabalho desenvolvido no âmbito da escola, ainda não internalizado como prioridade pela comunidade escolar, pela não apresentação de todos os sujeitos envolvidos em sua construção e aplicação; - execução do processo formativo: os sujeitos envolvidos no processo de gestão são corresponsáveis com a formação continuada. Todavia, o interesse no que diz respeito a esse processo ainda se mostra incipiente diante das oportunidades apresentadas; - avaliação da escola: o processo avaliativo da escola talvez seja o mais importante desafio a ser superado, tendo em vista que ao discutir sua importância várias ideias ainda se encontram em disputa. Porém, a avaliação institucional busca garimpar informações úteis, que permitirão à equipe gestora tomar decisões acertadas para alcançar resultados satisfatórios no processo de ensino e aprendizagem. Outro paradigma a ser superado é o da autoavaliação institucional, que desvela fragilidades da gestão escolar e aponta os níveis de satisfação da comunidade e da sociedade na qual a escola esta inserida. Nesse sentido, a avaliação deve ser vista como um instrumento do planejamento escolar, e precisa ser uma constante, pois permitirá detectar problemas e apontar soluções para superação das dificuldades. Conclusão Indubitavelmente o trabalho educativo formal requer ações coletivas de todos os sujeitos envolvidos com a escola, tornando essa ação uma representação participativa de gestão escolar, essencialmente democrática Para que ocorra a gestão participativa na escola, necessário se faz aprimorar as inter-relações pessoais vinculadas ao planejamento e organização 15 Projeto Político Pedagógico da Escola pedagógica e administrativa da escola, principalmente dos objetivos educacionais e dos planos estratégicos da escola como o PPP, o regimento escolar, o plano de ação anual e os planos de aula elaborados pelos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. O diferencial da gestão escolar democrática encontra-se centrado na Participação Ativa dos atores da escola mediante ações a serem alcançadas, superadoras de ações individualistas, pois os desafios e dificuldades apresentados na participação ativa estão basicamente pautados na convivência diária, principalmente, diante de atividades autônomas, pois a falta de envolvimento na prática pedagógica poderá trazer resultados negativos para a organização escolar. Em contrapartida, a gestão participativa propõe compromissos e envolvimento dos diretores, pedagogos, docentes, funcionários e pais dos alunos, coletivamente organizados na busca de soluções para superação dos problemas existentes no espaço escolar. A consolidação de um ambiente escolar interativo por meio da gestão participativa deve ser mediada por valores e eixos da gestão democrática - família, Estado, sociedade, comunidade - desmembrados em norteadores como a ética, a valorização profissional, a flexibilidade, o compromisso e a responsabilidade, dentre outros não menos importantes. Esses valores, eixos e norteadores devem permear as decisões da gestão escolar democrática, pois se encontram arraigados em princípios da formação. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional: nova LDB (lei n. 9.394/96). Rio de Janeiro: Qualiltymark, 1997. BRASIL. Plano nacional de educação: lei federal n. 13.005, de 25 de junho de 2014. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José Eustáquio. Escola cidadã: a hora da sociedade. In: MEC. Salto para o futuro: construindo a escola cidadã, projeto político-pedagógico. Brasília: MEC, 1998, p. 22-29. LUCK, Heloísa. Gestão escolar e formação de gestores. Em aberto, Brasília: Inep, v. 17, n. 72, 2000, p. 11-34. TEXTO 2. PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS Apresentação 16 Projeto Político Pedagógico da Escola A administração, agora gestão escolar, tem mostrado na prática durante o decorrer de sua história um descolamento da evolução histórica da Teoria da Administração. Não é rara a desculpa de que a ela não pode vir a se relacionar com aquela, uma vez que uma trata da educação e a outra de economia e da busca da riqueza capitalista. Hoje o que vejo: a administração empresarial com um avanço considerável e a escolar de uma forma geral burocratizada e emperrada. No que pese a negação de alguns teóricos da educação os fatores, terra, trabalho, capital, conhecimento e organização são indispensáveis à qualquer organização, mesmo educacional, seja ela pública ou privada. As exigências contemporâneas cobram resultados, em educação são as mudanças, que as pessoas e a sociedade buscam para a sustentabilidade do processo vital. Estamos evoluindo do processo burocrático em que a prestação de contas por formulários de papel e a contábil (mais importante) passa à valorizar o resultado. Na expressão empresarial ”a satisfação do cliente”. Com o evento da administração sistêmica e a abordagem dagestão de processos será possível transferir para administração escolar as idéias de insumo- processo resultado que melhor se adéqüem a educação. Espero poder contribuir com a capacitação profissional de todos. TEXTO 3. A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA* 17 Projeto Político Pedagógico da Escola Vitor Henrique Paro Resumo O caráter mediador da administração manifesta-se de forma peculiar na gestão educacional, porque aí os fins a serem realizados relacionam-se à emancipação cultural de sujeitos históricos, para os quais a apreensão do saber se apresenta como elemento decisivo na construção de sua cidadania. Por esse motivo, tanto o conceito de qualidade da educação quanto o de democratização de sua gestão ganham novas configurações. O primeiro tem a ver com uma concepção de produto educacional que transcende a mera exposição de conteúdos de conhecimento, para erigir-se em resultado de uma prática social que atualiza cultural e historicamente o educando. O segundo, ultrapassando os limites da democracia política, articula-se com a noção de controle democrático do Estado pela população como condição necessária para a construção de uma verdadeira democracia social que, no âmbito da unidade escolar, assume a participação da população nas decisões, no duplo sentido de direito dos usuários e de necessidade de escola para o bom desempenho de suas funções. Qualidade e produtividade Muito se tem falado, nos últimos anos, sobre qualidade do ensino e produtividade da escola pública. O discurso oficial, sustentado inclusive por argumentos de intelectuais que até pouco tempo atrás faziam sérias críticas ao péssimo atendimento do estado em matéria de ensino, assegura que já atingimos a quantidade, restando, agora, apenas buscar a qualidade, como se fosse possível a primeira sem a ocorrência da segunda. Quando se referem à quantidade, ressaltam que não há carência de escolas, visto já estar sendo atendida quase toda a população em idade escolar. Mesmo deixando de lado o fato relevante de que, no limiar do Século XXI, esse “quase” deixa, a cada ano, sem qualquer tipo de contacto com o ensino escolarizado, milhões de crianças, filhas de cidadãos brasileiros completamente à margem dos benefícios da civilização que eles ajudam a construir, é preciso questionar seriamente se a precariedade das condições de funcionamento a que o Estado relegou os serviços públicos de ensino permite chamar de escola isso que se diz oferecer à “quase” totalidade de crianças e jovens escolarizáveis. É preciso perguntar se escola não seria mais do que um local para onde afluem crianças e jovens carentes de saber, que são acomodados em edifícios com condições precárias de funcionamento e são atendidos por funcionários e professores Trabalho apresentado no V Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular, realizado de 6 a 11/7/1998, em Porto Alegre, RS. Publicado em: SILVA, Luiz Heron da; org. A escola cidadã no contexto da globalização. Petrópolis, Vozes, 1998. p. 300-307. Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 18 Projeto Político Pedagógico da Escola com salários cada vez mais aviltados Em outras palavras, para entender o que há por trás do discurso oficial, é preciso indagar a respeito do que é que o Estado está oferecendo na quantidade da qual ele tanto se vangloria. Mas, se estamos interessados em soluções para nosso atraso educacional, é preciso, antes de qualquer coisa, perguntarmos a respeito do que entendemos por educação de qualidade. A educação, entendida como a apropriação do saber historicamente produzido é prática social que consiste na própria atualização cultural e histórica do homem. Este, na produção material de sua existência, na construção de sua história, produz conhecimentos, técnicas, valores, comportamentos, atitudes, tudo enfim que configura o saber historicamente produzido. Para que isso não se perca, para que a humanidade não tenha que reinventar tudo a cada nova geração, fato que a condenaria a permanecer na mais primitiva situação, é preciso que o saber esteja sendo permanentemente passado para as gerações subseqüentes. Essa mediação é realizada pela educação, do que decorre sua centralidade enquanto condição imprescindível da própria realização histórica do homem (PARO, 1997b) Esta concepção de educação é integrante de uma visão do homem histórico, criador de sua própria “humanidade” pelo trabalho. Mas o trabalho, em seu papel mediador, embora categoria central, não é fim em si, mas o meio pelo qual o homem transcende a mera necessidade natural. Para o homem, “somente o supérfluo é necessário” (Ortega Y Gasset, 1963), visto que ele não se contenta com a satisfação das necessidades naturais. Estas independem de sua vontade e sua satisfação permite a ele apenas estar no mundo como os outros seres da natureza. Mas o homem não almeja apenas estar no mundo; o homem almeja estar bem. Por isso, enquanto único ser para quem “o mundo não é indiferente” (Ortega Y Gasset, 1963) o ser humano coloca-se sempre novos objetivos que transcendem a necessidade natural, os quais ele busca realizar por meio do trabalho. O trabalho não é, pois, o fim do homem, mas sua mediação para o viver bem. Isso tudo tem implicações mais do que importantes para uma educação escolar que tenha por finalidade a formação humana. Em primeiro lugar, é preciso ter presente que não basta formar para o trabalho, ou para a sobrevivência, como parece entender os que vêem na escola apenas um instrumento para preparar para o mercado de trabalho ou para entrar na universidade (que também tem como horizonte o mercado de trabalho). Se a escola deve preparar para a própria vida, mas esta entendida como o viver bem, no desfrute de todos os bens criados socialmente pela humanidade. E aqui já há um segundo aspecto, corolário do primeiro, a ser considerado: é preciso que a escola seja prazerosa para seus alunos desde já. A primeira condição para propiciar isso é que a educação se apresente enquanto relação humana dialógica, que garanta a condição de sujeito tanto do educador quanto do educando. Não obstante a importância da educação para a constituição do indivíduo histórico, mormente na sociedade atual, a escola é uma das únicas instituições para cujo produto não existem padrões definidos de qualidade. Isso talvez se deva à extrema complexidade que envolve a avaliação de sua qualidade. Diferentemente de 19 Projeto Político Pedagógico da Escola outros bens e serviços cujo consumo se dá de forma mais ou menos definida no tempo e no espaço, podendo-se aferir imediatamente sua qualidade, os efeitos da educação sobre o indivíduo se estendem, às vezes, por toda sua vida, acarretando a extensão de sua avaliação por todo esse período. É por isso que, na escola, a garantia de um bom produto só se pode dar garantindo-se o bom processo. Isto relativiza enormemente as aferições de produtividade da escola baseadas apenas nos índices de aprovação e reprovação ou nas tais avaliações externas que se apóiam exclusivamente no desempenho dos alunos em testes e provas realizados pontualmente. Mas, o que é o produto da escola? A resposta a esta pergunta pode contribuir para uma crítica ao costume de se culpar o aluno pelo fracasso escolar. Enquanto “atividade adequada a um fim” (Marx, s.d.) o processo pedagógico constitui verdadeiro trabalho humano, que supõe a existência de um objeto de trabalho que, no caso, é o próprio educando. O produto do trabalho é, pois, o aluno educado, ou o aluno com a “porção” de educação que se objetivou alcançar no processo. Não tem sentido, portanto, identificar a aula ou o processo pedagógico escolar como o produto da escola.Além disso, há que se atentar para a peculiaridade do processo pedagógico: diferentemente do que ocorre em outros processos de trabalho (na produção material, por exemplo), o objeto de trabalho é também sujeito, posto tratar-se do ser humano que, como tal, é preciso querer aprender para que o processo se realize com êxito. Não tem sentido, pois, pôr a culpa no educando pelo fracasso da aprendizagem, com o argumento de que esta não se deu porque o aluno não quis aprender. Ser detentor de vontade (enquanto sujeito humano que é) faz parte das especificações do próprio objeto de trabalho, que devem ser levadas em conta na “confecção” do produto. Levar o aluno a querer aprender é a tarefa primeira da escola da qual dependem todas as demais. Conclusão Pode-se concluir que há sim necessidade de melhor qualidade do ensino básico, mas não porque se tenha conseguido a quantidade e se precise alcançar com maior eficiência os ideais de preparar pessoas para o mercado (agora, tendo em mira o emprego imediato; ou no futuro, tendo em mira o vestibular). A má qualidade do ensino público atual expressa, por um lado, a falta de escolas de verdade, com condições adequadas de funcionamento; por outro, a ausência, em nosso sistema de ensino, de uma filosofia de educação comprometida explicitamente com uma formação do homem histórico que, ultrapassando os propósitos da mera sobrevivência, se articule com o objetivo de viver bem, realizando um ensino que capacite o educando tanto a usufruir da herança cultural acumulada quanto a contribuir na construção da realidade social. Com relação à baixa produtividade do ensino, o que se constata é certa renúncia da escola pública a responsabilizar-se por um produto pelo qual ela deve prestar conta ao estado e à sociedade. Mas, pela dificuldade de medida de sua qualidade apenas por meio de exames ou testes pontuais, faz-se mister um 20 Projeto Político Pedagógico da Escola acompanhamento constante do trabalho escolar, garantindo um bom produto pela garantia de um bom processo. Para responder às exigências de qualidade e produtividade da escola pública, a gestão da educação deverá realizar-se plenamente em seu caráter mediador. Ao mesmo tempo, em consonância com as características dialógicas da relação pedagógica, deverá assumir a forma democrática para atender tanto ao direito da população ao controle democrático do estado quanto à necessidade que a própria escola tem da participação dos usuários para bem desempenhar suas funções. TEXTO 4. ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios para o educador gestor do século XXI Rivo Gianini Recife, 2000. Palestra - I Congresso da APEAEPE-PE (Associação de Profissionais e Especialistas em Administração Escolar e Planejamento Educacional do Estado de Pernambuco). UFPE, Recife, 1 a 3 de dezembro de 2000. Nos últimos anos, a base da economia dos países desenvolvidos transferiu-se do trabalho manual para o trabalho baseado no conhecimento, e o centro de gravidade das esferas sociais passou dos bens para o conhecimento. No limiar do próximo século ainda não sabemos administrar trabalhadores com conhecimento, até porque podemos considerar ainda recente a transferência para o trabalho baseado no conhecimento. A rigor, faz quase cem anos que começamos a nos preocupar com a administração do trabalhador em todos os níveis. É verdade que Robert Owen, em 1820, administrara trabalhadores manuais em uma fábrica de tecidos em Lanarkshire, na Escócia. Neste século que, está terminando, é que surgiram as escolas de administração: o Taylorismo, o Fayolismo, o Fordismo, o Toyotismo e outras. Podemos considerar o enfoque administrativo neste século que finda sob quatro aspectos: O Enfoque Jurídico: até 1930. Tradição do direito administrativo romano. Incorporação da infra-estrutura legal para a incorporação da cultura e dos princípios da administração européia. Legalismo x Experimentalismo. O Enfoque Organizacional: até 1960. Manifesto de 1932. Tecnocracia como sistema de organização. Pragmatismo. Administração Clássica - Henry Fayol, Max Weber, Gulick, Taylor. No Brasil, Benedito Silva. O enfoque foi também essencialmente normativo. Crença moral na divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Anísio Teixeira (William James - John Dewey) José Querino Ribeiro (Fayol) Antônio Carneiro Leão (eclético) Lourenço Filho (1ª obra) Princípios da administração clássica (planejamento, organização, assistência à execução ou gerência, avaliação, relatório). 21 Projeto Político Pedagógico da Escola - o Enfoque Comportamental: Após a 2a Guerra Mundial - Comportamentalismo - identifica-se com o movimento psicossocial das relações humanas (Hawthome, 1927), E.U.A. Mary Parker Follet, Elton Mayo, Chester Bernard, Herbert Ilmon. Baseia-se nas ciências do comportamento (Psicologia e Sociologia). Dinâmica de grupo, comportamento organizacional, sensibilidade, treinamento de liderança. Na administração da educação - vinculação da psicologia com a pedagogia. Remonta ao psicologismo pedagógico do século XVIII (Pestalozzi e Froebel). Deve tomar em conta a realidade psicológica do educando com todas as exigências do seu mundo subjetivo. O Enfoque Sociológico: Emile Durkhein - Katz e Kahn, Jacob Cetzels, Talcot Parsons, Robert Merton, Guerreiro Ramos – sociológico antropológica; Celso Furtado essencialmente política O Enfoque Interdisciplinar: Teoria de sistemas. Estamos agora na era do conhecimento, e podemos perspectivar um novo enfoque, o informacional. O surgimento do conhecimento como centro da sociedade e como fundamento da economia e da ação social muda drasticamente a posição, o significado e a estrutura do conhecimento. Os meios de conhecimento estão em constante mutação. No campo do ensino, as faculdades, departamentos e disciplinas existentes não são apropriados por muito tempo. Logicamente, poucas são antigas, para começar. Não havia, há cem anos, a bioquímica, a genética e até mesmo a biologia era incipiente. Havia a geologia e a botânica. Não deve admirar, portanto, que a distinção entre química orgânica e química inorgânica não seja mais significativa. Já se projetam polímeros inorgânicos em que o conhecimento do químico orgânico é aplicado nas substâncias inorgânicas, como os silicônios. Inversamente já se está projetando "cristais orgânicos" em que tanto a química inorgânica quanto a física está produzindo substâncias orgânicas. Por analogia, as antigas linhas entre a fisiologia e a psicologia têm cada vez menos sentido, bem como as que separam o processo da economia, a sociologia das ciências do comportamento, a lógica matemática e estatística da lingüística, e assim por diante. A hipótese mais provável é que cada uma das antigas demarcações, disciplinas e faculdades tomar-se-ão obsoletas e uma barreira para o aprendizado e para o entendimento. Em realidade está se abandonando rapidamente uma visão cartesiana do universo, segundo a qual a ênfase tem recaído nas partes e nos elementos, dentro de uma visão global destacando o todo e os padrões, desafiando toda a linha divisória entre as áreas de estudo e o conhecimento. As instituições precisam ter condições de descartar-se do passado. A universidade não é exceção. Ela precisa de liberdade para introduzir novas disciplinas e combinar disciplinas tradicionais de novas maneiras. O processo de introdução de disciplinas novas e o abandono das antigas não são, atualmente, comuns para o sistema de ensino, mas terá que ser posto rapidamente em prática agora, mais do que antes. 22 Projeto Político Pedagógico da Escola Em 1996, a UNESCO empreendeu um grande esforço de repensar a educação, no contexto da mundialização das atividades humanas, através da Comissão Mundial para o século XXI que resultou no amplo relatório de Jacque Delors,que propõe quatro pilares que deverão basear a educação do próximo milênio: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a viver; juntos e aprender a ser. Edgard Morin, com sua excepcional visão integradora da totalidade pensou os valores na perspectiva da complexidade contemporânea, abordando novos ângulos, muitos dos quais ignorados pela pedagogia atual, para servirem de eixos norteadores para a educação do próximo milênio. Morin identifica sete valores fundamentais com os quais toda a cultura e toda a sociedade deveriam trabalhar segundo suas especificidades. Esses valores são respectivamente as Cegueiras Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condição Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero Humano. Para Morin, o destino planetário do gênero humano é ignorado pela educação. A educação precisa ao mesmo tempo trabalhar a unidade da espécie humana de forma integrada com a idéia de diversidade. O princípio da unidade/diversidade deve estar presente em todas as esferas. É necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, combatendo o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em posição subalterna questões relevantes para a vida das pessoas e da sociedade. Calvino, escritor ítalo-cubano, elaborou em vida, uma proposta para o próximo milênio, em conferências que havia preparado para a Universidade de Harvard e que nunca foram proferidas, pela sua morte súbita em 1985. As seis propostas que vão de Virgilio a Queneau, de Dante a Joyce, em cima de uma concepção de literatura como transparência e lucidez, e como respeito aos próprios instrumentos e aos próprios objetos. A leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência, virtudes a nortear não somente a atividade dos escritores, mas cada um dos gestos de nossa existência em todos os setores da atividade humana. A partir daí, vamos tentar estabelecer as perspectivas do educador gestor e o aspecto paradoxal entre a globalização e o localismo, fenômenos do nosso tempo nessa transição de século que estamos vivendo. Segundo Castells, pode-se distinguir: -"Identidade legitimadora, cuja origem está ligada às instituições dominantes; - Identidade de resistência, gerada por atores sociais que estão em posições desvalorizadas ou discriminadoras. São trincheiras de resistência; e - Identidade de projeto, produzida por atores sociais que partem dos materiais culturais a que tem acesso, para redefinir sua posição na sociedade". Como vemos, essa tipologia expõe a diversidade de manifestações que podem se enquadrar na categoria de movimentos sociais. Alguns poderiam ser chamados de novos movimentos e outros de tradicionalistas. 23 Projeto Político Pedagógico da Escola A globalização não apagou a presença de atores políticos. Criou para eles novos espaços pelos quais se inicia um processo histórico que não tem direção prevista. A criatividade, a negociação e a capacidade de mobilização serão os mais importantes instrumentos para conquistar um lugar na nova sociedade que está se constituindo em rede. Uma das características distintivas da modernidade é uma interconexão crescente entre os dois extremos da "extencionalidade" e da "intencionalidade": de um lado influências globalizantes e, do outro, disposições pessoais. Quanto mais a tradição perde terreno, e quanto mais reconstitui-se a vida cotidiana em termos da interação dialética entre o local e o global, mais os indivíduos vêem-se forçados a negociar opções por estilos devida em meio a uma série de possibilidades. O planejamento da vida organizada reflexivamente torna-se característica fundamental da estruturação da auto-identidade. A era da globalização pode ser considerada também a era do ressurgimento do nacionalismo, manifestado tanto pelo desafio que impõe a Estados-Nação estabelecidos, como pela (re) construção da identidade com base na nacionalidade invariavelmente definida por oposição ao estrangeiro. Sem dúvida, essa tendência histórica tem surpreendido alguns observadores, após a morte do nacionalismo ter sido anunciada por uma causa tripla: a globalização da economia e a intercionalização das instituições políticas; universalismo de uma cultura compartilhada, difundida pela mídia eletrônica, educação, alfabetização, urbanização modernização; e os ataques desfechados por acadêmicos contra o conceito de nações consideradas comunidades imaginadas" numa versão menos agressiva da teoria antinacionalista, ou "criações históricas arbitrárias, advindas de movimentos nacionalistas controlados pela elite em seu projeto de estabelecimento do Estado-Nação moderno. A parte central da aprendizagem ainda é feita dentro da escola, mas em volta dela aglutinam-se as atividades significativas dentro da comunidade em que a escola está inserida com a aquisição de conhecimentos relevantes sobre o mundo em geral. Dessa forma, será possível preparar melhor as novas gerações para suas vidas como seres individuais e atores sociais responsáveis, permitindo encontrarem o seu lugar no mundo do trabalho e tornando-os cidadãos de pleno direito nas comunidades a que pertencem, nos seus países e num mundo do futuro. Georg Knauss, conselheiro da fundação Bertelsmann e antigo dirigente do Ministério da Educação da Bavária, sugere as seguintes teses inovadoras para a concepção da educação no próximo milênio. 1. "Para agir de forma responsável na sociedade de hoje e de amanhã, as crianças e os jovens têm de adquirir as necessárias aptidões profissionais, metodológicas, sociais e de comunicação. As escolas só podem ser inovadoras se definirem e, de forma constante, desenvolverem os seus objetivos, os seus métodos pedagógicos e conteúdos curriculares de acordo com as normas adequadas, baseados nas necessidades e potencialidades dos seus "clientes", as crianças e os jovens. 24 Projeto Político Pedagógico da Escola 2. Para responderem aos desafios do presente e do futuro, de uma forma positiva, as escolas individualmente, enquanto organizações capazes de aprender (Learning Institutions), devem gozar de um certo grau de liberdade no campo da organização e da administração, devendo fazer uso dessa liberdade no sentido do melhoramento dos seus resultados. 3. O mais importante pré-requisito das boas escolas são os professores criativos, motivados e bem preparados. Os papéis que desempenham e as responsabilidades, que lhes são próprias, requerem um processo de aprendizagem permanente, ao longo da vida (life-long learning). 4. Cabe à liderança de uma escola inovadora promover as iniciativas e o sentido de responsabilidade dentro da escola. 5. As escolas desempenham os seus deveres educacionais em paralelo e em complemento da ação da família. Por um lado, as escolas têm de perseguir fins bem definidos, por outro têm de ser flexíveis, ajustando-se às exigências de mudança. Por isso, as escolas devem promover ativamente e liderar o intercâmbio com uma gama variada de relevantes atores sociais. 6. Os órgãos de gestão escolar, as autoridades respectivas e os dirigentes políticos partilham da responsabilidade de estruturar as atividades escolares e, em colaboração, assegurarem o contínuo melhoramento do trabalho nas escolas. 7. Todos aqueles que estão envolvidos no sistema educacional contribuem de forma consistente, para o melhoramento da sua qualidade. Os procedimentos para essa avaliação formal e fiável são uma pré-condição para a delegação de responsabilidade para o nível da escola. 8. As escolas inovadoras precisam, para florescer, de um clima favorável. É tarefa das entidades nacionais e locais estabelecerem o equilíbrio entre a autonomia da escola e a necessidade de garantir oportunidades educativas para todas as crianças e jovens. Quanto à questão da gestão educacional,já desde a década de 80 têm ocorrido, em vários países, significativas alterações do papel do Estado nos processos de decisão política e administração da educação. Pode-se dizer que essa alteração vai no sentido de transferir poderes e funções do nível nacional e regional para o nível local, reconhecendo a escola como um locus central da gestão e a comunidade local (em particular os pais de alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisão. Esta alteração afeta países com sistemas políticos e administrativos bastante distintos e tem no reforço da autonomia da escola uma das expressões mais significativas. TEXTO 5. ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS Conceito de processo - Processo é um conjunto de causas (máquinas, matérias primas, etc.) que provoca um ou mais efeitos (produtos). Um "problema" é o resultado indesejável de um processo. Portanto, problema é um item de controle com o qual não estamos satisfeitos. Para conduzir um bom gerenciamento, temos 25 Projeto Político Pedagógico da Escola que, numa primeira instância, aprender a localizar os problemas e então aprendemos a resolver estes problemas. Controle de processos - Uma unidade escolar não pode ser controlada pôr resultados, mas durante o processo. O resultado final é tardio para se tomar ações corretivas. Conceito de controle - Manter sob controle é saber localizar o problema, analisar o processo, padronizar e estabelecer itens de controle de tal forma que o problema nunca mais ocorra. As pessoas são inerentemente boas e sentem satisfação pôr um bom trabalho realizado. Quando um problema ocorre, não existe um culpado! Existem causas que devem ser buscadas pôr todas as pessoas da empresa de forma voluntária. 26 Projeto Político Pedagógico da Escola Prática do controle da qualidade - o controle de qualidade total é um novo modelo gerencial centrado no controle do processo, tendo como meta a satisfação das necessidades das pessoas. A participação das pessoas não é conseguida pôr exortação, mas por educação e treinamento na prática do controle da qualidade. O controle da qualidade é abordado com três objetivos: 1. Planejar a qualidade desejada pelos alunos. 2. Manter a qualidade 3. Melhorar a qualidade Estabelecimento de metas pode provir de várias fontes: 1. Das necessidades de seus alunos. 2. Do planejamento estratégico geral da organização escolar. 3. Da visão estratégica do próprio gerente. Itens de controle [5W1H]: WHAT - Quais os itens de controle em qualidade, custo, entrega, moral e segurança? Qual a unidade de medida? WHEN - Qual a freqüência com que devem ser medidos? Quando atuar? WHERE - Onde são conduzidas as ações de controle? HOW - Como exercer o controle. Indique o grau de prioridade para ação de cada item. 44 27 Projeto Político Pedagógico da Escola WHY - Em que circunstancias o "controle" será exercido [i.e. o marketshare caiu abaixo de 50%] WHO - Quem participara das ações necessárias ao controle [i.e. reunião] PROGRAMA 5S - visa mudar a maneira de pensar das pessoas na direção de um melhor comportamento para toda a vida. É para todas as pessoas da empresa. SEIRI (arrumação) SEITON [ordenação], SEISOH (limpeza) SEIKETSU (asseio) SHITSUKE (auto-disciplina). Aplicação na Administração: 1S – Arrumação: Identificação de dados e informações necessárias e desnecessárias para decisões. 2S – Ordenação: Determinação do local de arquivo para pesquisa e utilização de dados a qualquer momento. Deve-se estabelecer um prazo de 5 minutos para se localizar um dado. 3S – Limpeza: Sempre atualização e renovação de dados para ter decisões corretas. 4S – Asseio: Estabelecimento, preparação e implementação de informações e dados de fácil entendimento que serão muito úteis e praticas para decisões. 5S – Auto-disciplina: Habito para cumprimento dos procedimentos determinados pela empresa. Aplicação na Produção: 1S – Arrumação: Identificação dos equipamentos, ferramentas e materiais necessários e desnecessários nas oficinas e postos de trabalho. 2S – Ordenação: Determinação do local especifico ou lay-out para os equipamentos serem localizados e utilizados a qualquer momento. 3S – Limpeza: Eliminação de pó, sujeira e objetos desnecessários e manutenção da limpeza nos postos de trabalho. 4S – Asseio: Ações consistentes e repetitivas visando arrumação, ordenação e limpeza e ainda manutenção de boas condições sanitárias e sem qualquer poluição. 5S – Auto-disciplina: Hábito para cumprimento dos procedimentos especificados pelo cliente. Construir um modelo orientado a processos pode resolver diversos problemas que normalmente tendem a estar ocultos em um modelo funcional tradicional. O desenho de um modelo de processos permite aos colaboradores compreenderem a visão global da organização e qual a sua colaboração na organização. A construção desse modelo requer trabalho em equipe, de forma a assegurar que todo o conhecimento disponível será utilizado. Um modelo simples pode conter elementos tão específicos como atividades, etapas e tarefas de um processo, funções ou áreas organizacionais, máquinas ou outra informação. Um modelo mais elaborado pode conter competências (conhecimento e habilidades), riscos e contingências sobre problemas potenciais 28 Projeto Político Pedagógico da Escola nos processos de educação, cenários para absorção de idéias para melhorias e outros comentários. Uma parte muito importante para a gestão dos processos de educação é a documentação. A documentação de todos os processos da organização facilita a comunicação interna a todos os níveis. O maior desafio numa organização é manter toda a documentação atualizada e acessível. TEXTO 6. GESTÃO POR PROCESSOS Marcelo Raducziner* O que é Gestão de Processos? Um processo de negócio (ensino) é um conjunto de atividades relacionado com o objetivo essencial da sua organização - entregar um produto ou um serviço (educação) ao cliente (aluno). Os processos de educação são tipicamente avaliados do ponto de vista do aluno, dos colaboradores e dos investidores. Para assegurar que os processos de educação ocorram de forma regular é necessário para maximizar o valor agregado percebido pelos alunos colaboradores e dos investidores. Gerir processos de educação eficientemente é crítico para o sucesso da organização. No entanto, geri-los é mais complicado do que poderia parecer à primeira vista – fundamentalmente porque não estão isolados e porque interagem entre si. Quanto mais coordenados e controlados forem os seus processos, maior é o potencial para que eles tragam os benefícios e resultados planejados pela empresa. Para assegurar a gestão efetiva e a melhoria contínua dos seus processos de educação, é necessário considerar os seguintes aspectos críticos: Seus objetivos devem ser claros e mensuráveis. ∆ É essencial assegurar um forte compromisso por parte dos gestores e dos colaboradores da organização. ∆ Seus colaboradores são fontes valiosas de informação e conhecimento, e o seu envolvimento facilita a criação do compromisso necessário e a aceitação das mudanças propostas. O que chamamos de Ambiência Organizacional. ∆ A comunicação ajuda a criar a Ambiência Organizacional e o compromisso dos colaboradores, bem como a definição dos objetivos a serem atingidos. 29 Projeto Político Pedagógico da Escola Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, redução de custos e qualidade, por isso é o assunto é recorrente na agenda de qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, aliado ao peso cada vez maior que tecnologia exerce nos negócios, vem fazendo com que o tema processos e, mais recentemente, gestão por processos (Business Process Management, ou BPM) seja discutido e estudado com crescente interessepelas empresas. Os principais fatores que têm contribuído para essa tendência são: 30 Projeto Político Pedagógico da Escola ●O aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvolvimento e lançamento de novos produtos e serviços de forma mais ágil e rápida. ●Com a implantação de sistemas integrados de gestão, os chamados ERPs, existe a necessidade prévia de mapeamento dos processos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamento entre processos, mesmo depois da implantação sistema. ●As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada vez mais desatualizados, devido ao ambiente de constante mudança. Em tal situação, erros são cometidos ou decisões são postergadas por falta de uma orientação clara; ●A maior freqüência de entrada e saída de profissionais (turnover) tem dificultado a gestão do conhecimento e a documentação das regras do negócio, gerando maior dificuldade como na integração e no treinamento de novos colaboradores. Os efeitos dessas e outras situações têm levado um número crescente de empresas a buscar uma nova forma de gerenciar seus processos. Muitas começam pelo desenvolvimento e revisão das normas da organização ou ainda pelo mapeamento de processos. Entretanto, fazer isso de imediato é “colocar o carro na frente dos bois”. Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os processos relevantes e como devem ser operacionalizados com eficiência. Questões que podem ajudar nesta análise são: ◊Qual a dimensão ideal da equipe para a execução e o controle dos processos? ◊Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas? ◊Quais os métodos de monitoramento e controle do desempenho a serem utilizados? ◊Qual é o nível de integração e interdependência entre processos? 5 passos para o sucesso e algumas armadilhas A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão abrangente por parte da organização sobre os seus processos e sobre como estão relacionados. Essa visão é o que chama de uma abordagem de BPM. Sua implantação deve considerar no mínimo cinco diferentes passos fundamentais: 1. Tradução do negócio em processos: é importante definir quais são os processos mais relevantes para a organização e aqueles que os apóiam. Isso é possível a partir do entendimento da visão estratégica, de como se pretende atuar e quais os diferenciais atuais e desejados. Com isso, é possível construir o mapa geral de processos da organização; 2. Mapeamento e detalhando os processos: a partir da definição do mapa geral de processos, inicia-se a priorização dos processos que serão detalhados. O 31 Projeto Político Pedagógico da Escola mapeamento estruturado, com a definição de padrões de documentação, permite uma análise de todo o potencial de integração e automação possível. De forma complementar, são identificados os atributos dos processos, o que permite, por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que compõe o processo ou, ainda, dimensionar o tamanho da equipe que deverá realizá-lo; 3. Definição de indicadores de desempenho: o objetivo do BPM é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar e melhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é definir os indicadores de desempenho, além dos modelos de controle a serem utilizados; 4. Geração de oportunidades de melhoria: a intenção é garantir um modelo de operação que não leve ao retrabalho, perda de esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos ao negócio. Para tal, é necessário identificar as oportunidades de melhoria, que, por sua vez, seguem quatro alternativas básicas: incrementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto na primeira se busca o ganho de escala, na última busca-se a simples exclusão da atividade ou a sua transferência para terceiros; 5. implantação de um novo modelo de gestão: o BPM não deve ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação maior é assegurar melhores resultados e, nesse caminho, trata-se de uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos. É por causa desse último passo que a implantação de BPM deve ser tratada de maneira planejada e orientada a resultados de curto, médio e longo prazos. Como já dissemos, o BPM representa uma visão bem mais abrangente, na qual a busca por ganhos está vinculada a um novo modelo de gestão. TEXTO 7. COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS Por Rafael Scucuglia* Um dos assuntos relacionados a gestão organizacional, muito em evidência hoje em dia é a “gestão por processos”. Desde que foi incluso como um dos fundamentos da ISO 9001 versão 2000, o assunto espalhou-se, ganhou notoriedade e foi muito discutido pelas organizações. Os auditores passaram a realizar auditorias “por processo”. Organizações passaram a mapear suas atividades, a nomear seus processos, a identificar as tão famosas “entradas”, “saídas”, “recursos”, etc. Mas será que temos feito isto de forma a, efetivamente, agregar valor à gestão organizacional? Será que tais identificações, nomenclaturas e definições de fato 32 Projeto Político Pedagógico da Escola contribuem para a administração das empresas? Será que estas teorias têm como significativo efeito uma melhoria nos resultados organizacionais finais? Tomemos como base os conceitos do Modelo de Excelência em Gestão da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, entidade legitimamente constituída para disseminar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento de competitividade das organizações e do Brasil, respeitada nacional e internacionalmente. Segundo a FNQ, definimos processos por “um conjunto de atividades preestabelecidas que, executadas numa seqüência determinada, vão conduzir a um resultado esperado que assegure o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes e outras partes interessadas”. É este o conceito que consideramos como ideal, utilizado na prática pelas organizações reconhecidamente bem sucedidas. Uma empresa, neste conceito, é um “mar de processos”, em contínua execução pelas pessoas que compõem sua força de trabalho. Ainda segundo a FNQ, os processos estão inter- relacionados e interagem entre si, de tal forma que, produtos e serviços deles provenientes, constituem a entrada para um ou mais processos na seqüência de execução, que busca o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes. Resumindo: toda organização é um sistema. Ou seja, funciona como um conjunto de processos. A identificação e o mapeamento destes processos permitem um planejamento adequado das atividades, a definição de responsabilidades e o uso adequado dos recursos disponíveis. O mapeamento das atividades de uma organização é complexo. É instável (pois os processos são “vivos”, constantemente adaptados ao ambiente que estão inseridos). É, em um primeiro momento pelo menos, desorganizado em muitas de suas etapas. Possui incongruências, legítimas e que configuram oportunidades de melhoria. E destas oportunidades é que surgem os principais benefícios da gestão por processos. É detalhista ao extremo: devem conter todo e qualquer inter- relacionamento entre atividades, retratando todo o ambiente organizacional. O resultado é, sempre, um desenho grande, complexo, de difícil compreensão, cujo entendimento pontual só se dá por meio de um estudo detalhado, perfeccionista e paciente. Mapear os processos de uma organização é muito mais do que um simples retrato da lógica de entradas e saídas entre pessoas, cargos, departamentos, gerências ou áreas. É um exercício de reflexão e debates cujo objetivo é retratar fielmente, através de fluxogramas ou qualquer outra ferramenta visual existente, comoocorrem os trâmites internos, quais são os seus pontos fracos, onde estão as incongruências pontuais, como ocorrem os fluxos de informações (em meio eletrônico e físico), quais são as responsabilidades por cada etapa, e, principalmente, quais são as entregas efetivas que constituem os produtos dos clientes internos das organizações. Mapear os processos, a primeira etapa de uma gestão por processos efetiva,é um dos trabalhos mais importantes nesta metodologia de gestão. É a construção da principal ferramenta de gerenciamento e melhoria interna. 33 Projeto Político Pedagógico da Escola Uma vez bem feito, as deficiências operacionais e os inputs para melhoria ficam tão evidentes que parecem lógicos, banais e simplistas ao extremo. Como princípio fundamental para um mapeamento eficaz, é necessário entender as diferenças entre tarefas, atividades, objetos, sub-processos, processos e macro-processos (todos eles diferentes de áreas, já que um processo, sempre, envolve as atividades de colaboradores envolvidos em diversas áreas da empresa - dizemos que um processo “passeia” entre os departamentos). Não nos cabe, neste artigo, nos aprofundar nestes conceitos e teorias. Alguns deles são polêmicos, divergentes entre autores. O importante é que, sob nenhuma hipótese, eles devem ser desconsiderados em um processo de mapeamento. É de extrema importância entender que uma tarefa é diferente de uma atividade, que um processo é composto de sub-processos, o que são objetos, etc. São conceitos bastante fundamentais. Sugiro ao leitor que os compreenda profundamente antes de iniciar qualquer tipo de mapeamento. Os fluxos mais detalhados a serem desenhados são os de atividades. Eles detêm todas as características minimistas a serem consideradas para proposições de mudanças e alterações de práticas. Os fluxos de subprocessos, processos e macro-processos, por suas vezes, têm um caráter gerencial: seus objetivos são apenas retratar, de uma forma global, a lógica geral de funcionamento interno da organização para geração do serviço/produto. Bibliografia FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Cadernos de Excelência: Processos. São Paulo: FNQ, 2007. TEXTO 8. A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL Situando o período histórico bem recente, sabemos que o Brasil passou por um regime político ditatorial, de meados dos anos 1960 até meados de 1980, época em que o Estado já vivia um processo de transição política. Instalado o novo governo, se fazia imperativo outro reordenamento jurídico em virtude da nova ordem que se instalava. Assim, promulgada a Constituição Federal de 1988, o governo dá prosseguimento a um conjunto de políticas, tendo como norte a ideia de “ajuste” do Estado brasileiro às mudanças em âmbito internacional, ou seja, a realização de uma reforma administrativa. Ao mesmo tempo, inicia-se a elaboração do novo aparato legal para cumprir diretrizes constitucionais. Por outro lado, a sociedade mobilizava-se, pressionando por mudanças no âmbito da economia, das instituições sociais, culturais e políticas, bem como na natureza das relações entre esses diferentes âmbitos. Essas considerações iniciais permitem que nos situemos quanto às transformações relativas ao planejamento e à gestão educacional, de modo especial esta última, no contexto das reformas dos anos 1990, em que a modernização do Estado brasileiro era objetivo básico. Esse objetivo passou a 34 Projeto Político Pedagógico da Escola concretizar-se mediante a Reforma do Estado, iniciada em 1995, justificada pelos seus mentores não só como uma necessidade para superar as crises de ordem econômica, mas também, pela reivindicação da democratização do país. Os defensores da Reforma apresentavam diversos argumentos, a começar pela ideia da modernização do Estado – de procedimentos destinados a reduzir custos, ajustar estruturas, ou seja, defendiam a reestruturação e a adequação do desempenho dos serviços públicos, dirigidas ao fortalecimento do aparato burocrático do Estado. É possível assegurar que, em grande medida, a Reforma foi induzida por fatores externos, ou seja, foi determinada por mudanças no cenário político-econômico internacional. Mais ainda, esteve orientada para a regulamentação do campo social de acordo com a ordem econômica globalizada. Enfim, havia um consenso de que o Estado se encontrava despreparado para as novas pressões dessa realidade globalizada e, por isso, tinha de ser repensado. O contexto internacional, cujas forças econômicas e políticas condicionavam a formulação de políticas públicas e a gestão das instituições sociais, incluindo-se a escola, vai produzindo um novo cenário, cuja maior expressão é a globalização, associada à revolução tecnológica, conformando-se um novo paradigma social. As Ciências sociais na época da globalização - Ruptura histórica A globalização do mundo pode ser vista como um processo histórico-social de vastas proporções, abalando mais ou menos drasticamente os quadros sociais e mentais de referência de indivíduos e coletividades. Rompe e recria o mapa do mundo, inaugurando outros processos, outras estruturas e outras formas de sociabilidade, que se articulam ou impõem aos povos, tribos, nações e nacionalidades. Muito do que parecia estabelecido em termos de conceitos, categorias ou interpretações, relativos aos mais diversos aspectos da realidade social, parece perder significado, tornar-se anacrônico ou adquire outros sentidos. Os territórios e as fronteiras, os regimes políticos e os estilos de vida, as culturas e as civilizações parecem mesclar-se, tensionar-se e dinamizar-se em outras modalidades, direções ou possibilidades. As coisas, as gentes e as ideias movem-se em múltiplas direções, desenraizam-se, tornam-se volantes ou simplesmente desterritorializam-se. Alteram-se as sensações e as noções de próximo e distante, lento e rápido, instantâneo e ubíquo, passado e presente, atual e remoto, visível e invisível, singular e universal. Está em curso a gênese de uma nova totalidade histórico-social, abalroando a geografia, a ecologia e a demografia, assim como a economia, a política e a cultura. Considerado uma das maiores referências nacionais com relação ao tema globalização, Ianni apresenta essa importante síntese sobre o assunto. Para ele, há um novo ciclo que precisa ser entendido não somente como modo de produção ou de organização da economia mas que pode ser pensado também como um processo civilizatório. Significa dizer que envolve as instituições, a mídia, a cultura, as competições esportivas, a música, nem sempre identificadas às raízes, mercadorias globais, às vezes combinação de peças fabricadas em 35 Projeto Político Pedagógico da Escola diferentes continentes. Embora, geralmente, seja vinculada apenas ao campo econômico, para este autor, a globalização é um fenômeno multidimensional, que abarca dimensões de ordem econômica, política e cultural. A globalização significa uma visível perda de fronteiras referente à vida cotidiana, no que diz respeito a diferentes dimensões, como a economia, a informação, a ecologia, a técnica, os conflitos transculturais e a sociedade civil. Porém, não pode ser compreendida como aglomeração do mundo inteiro, não é um fato ou processo automático, nem unilateral. Hoje, toda a vida, assim como as organizações e instituições, está reorientada e reorganizada na perspectiva de uma relação local-global, ou seja, pode-se dizer que a globalização, apoiada na revolução tecnológica, está provocando uma recriação do espaço local. Enfim, é nesse contexto de transformações mundiais, orientadas pelo neoliberalismo, que o Brasil apostou na reorganização do setor público, tendo em vista o ajuste ao capitalismo internacional. No plano institucional, cogitava-se alterar tanto a estrutura quanto o funcionamento do
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