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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Cristiane Dupret Aula 5 2 POLÍTICA DE ATENDIMENTO Entende-se por Política de Atendimento o conjunto de leis, instituições, políticas e programas criados pelo poder público que visa promover e atender aos direitos de crianças e adolescentes. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 3 A proposta de política de atendimento prevista no ECA foi elaborada nos moldes do parágrafo 7º, do art. 227, c/c art. 204, ambos da CRFB, ou seja, com base nas diretrizes principais vinculadas à política de assistência social, tendo em vista a descentralização político-administrativa e a participação popular. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 4 A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 5 O ECA, no art. 87, indicou o rol das principais ações que compõem esta política: - Política social básica, que é aquela que representa a satisfação do mínimo necessário para a existência digna. Exemplo: políticas vinculadas à saúde, educação, habitação, saneamento básico etc. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 6 - Criação de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências. Exemplo: programas que visam à complementação de renda, de aceleração escolar etc. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 7 Serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; Serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 8 Proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente; Políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 9 - Campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. Isto se dá em razão da dificuldade da guarda e adoção deste grupo. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 10 A lei da Primeira Infância (Lei 13257/16) incluiu novas diretrizes no artigo 88: - Especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil; Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 11 - Formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral; - Realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 12 ATENÇÃO Cumpre ressaltar que o elenco contido nos arts. 87 e 88 não se constitui em meras recomendações aos órgãos governamentais e não governamentais, mas sim, em verdadeiros comandos normativos e, como tais, de execução obrigatória. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 13 DIRETRIZES DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO No artigo 88, o legislador traçou as diretrizes da política de atendimento. Ou seja, o conjunto de instruções que devem ser seguidas na elaboração e implementação desta política. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 14 São Diretrizes: Municipalização Conselhos de direitos da criança e do adolescente Criação e manutenção de programas específicos Fundos dos Conselhos de Direitos Integração operacional dos órgãos para atendimento ao adolescente em conflito com a lei Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 15 - Integração operacional dos órgãos para atendimento de crianças e adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional - Participação da sociedade Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 16 ENTIDADES DE ATENDIMENTO As entidades de atendimento estão reguladas no ECA logo após as normas gerais que norteiam a política de atendimento. As governamentais são aquelas mantidas pelo Governo. Já as não governamentais são mantidas por entidades particulares, subvencionadas ou não com verbas públicas. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 17 Essas entidades destinam-se à execução das medidas protetivas e socioeducativas, atendendo a crianças e jovens em situações de risco pessoal e social, e acolhendo adolescentes autores de atos infracionais. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 18 Os objetos das entidades estão determinados no artigo 90, do ECA, onde o legislador também preocupou-se em apresentar um rol exemplificativo das várias possibilidades de atuação das mesmas. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 19 Dentre as Entidades de Atendimento, temos aquelas que são destinadas a desenvolver programas de acolhimento institucional ou familiar. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 20 Vejamos alguns aspectos importantes destas entidades: • O dirigente de entidade que desenvolve programas de acolhimento familiar ou institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito, podendo ser destituído, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal, caso descumpra as disposições legais; Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 21 • Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1º, do art. 19, do ECA; Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 22 • As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 23 FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES As entidades de atendimento, sejam elas governamentais ou não, serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. Esta fiscalização consiste na verificação das condições estabelecidas pela lei. Política de Atendimento eProcedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 24 Os descumprimentos de obrigações (Arts. 90 a 94) acarretam sanções previstas no ECA para Entidades Governamentais e Não Governamentais. O ECA prevê procedimento para apuração de irregularidades em entidades de atendimento Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 25 Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de: I - orientação e apoio sócio-familiar; II - apoio sócio-educativo em meio aberto; III - colocação familiar; Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 26 IV - acolhimento institucional; V - prestação de serviços à comunidade; VI - liberdade assistida; VII - semiliberdade; e VIII - internação Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 27 As entidades governamentais e não governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 28 As entidades não-governamentais somente poderão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 29 Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princípios: I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar; II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa; Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 30 III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; V - não desmembramento de grupos de irmãos; VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; VII - participação na vida da comunidade local; VIII - preparação gradativa para o desligamento; IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 31 O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 32 Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins de reavaliação Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 33 As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 34 SANÇÕES PREVISTAS NO ECA: Para Entidades Governamentais: a) advertência; b) afastamento provisório de seus dirigentes; c) afastamento definitivo de seus dirigentes; d) fechamento de unidade ou interdição de programa. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 35 SANÇÕES PREVISTAS NO ECA: Para Entidades Não Governamentais: a) advertência; b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; c) interdição de unidades ou suspensão de programa; d) cassação do registro. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 36 PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO O procedimento tem início mediante portaria da autoridade judiciária do local da entidade ou por representação do MP ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos que caracterizem as irregularidades. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 37 Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, tendo ouvido o Ministério Público, decretar, liminarmente, o afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão fundamentada. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 38 O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento, intimando as partes. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento 39 Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a substituição. Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento Cristiane Dupret Filipe Pessôa Mestre em Direito Penal pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pós Graduada em Direito Penal Econômico pela Universidade de Coimbra. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4711074Z6 Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento Obrigada!
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