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JACQUELINE MENESES DE OLIVEIRA MARGARIDA ANGÉLICA BISPO MAGALHÃES AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 1990 E 2000 Salvador 2011 Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGA Mestrado em Administração Disciplina: Economia Contemporânea Profº. Drº. Laumar Neves AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 1990 E 2000 Trabalho apresentado à Universidade de Salvador - UNIFACS para avaliação da disciplina Economia Contemporânea. Sob orientação do Profº Drº Laumar Neves. Salvador 2011 RESUMO Este trabalho tem por objetivo avaliar a economia brasileira nas décadas de 1990 e 2000. A história do subdesenvolvimento da economia brasileira tem sua origem em seu passado colonial, na maneira como o país se inseriu no capitalismo global. Durante os 120 anos de república, o Brasil por mudanças intensas. Transformando-se de economia com base na agricultura em economia industrial e de prestação de serviços. Ao longo de vários anos diversos presidentes assumiram o comando deste país. O período republicano de maior importância foi à revolução de 1930. Onde todo o embasamento da economia foi estabelecido entre 1930 e 1945, no governo de Getúlio Vargas. No ano de 1964, ocorreu o golpe militar, onde o processo de democratização foi interrompido, e passamos um longo momento de ditadura militar. Encerrando–se esse ciclo militar, retomou-se o processo de redemocratização da política brasileira, implantado com o movimento pelas eleições diretas presidenciais. Logrando-se vencedor, Tancredo Neves e José Sarney, em 1985. O momento decisivo foi a eleição de Collor de Mello, em 1989, no qual implantou o modelo de substituição de importações, rompendo–se de vez com a visão de país agrícola para um país industrial. Coube aos seus sucessores, Itamar Franco, manter a política neoliberal. Implantou o Plano Real, com objetivo de estabilizar a economia, tendo FHC como seu Ministro da Fazenda. Fernando Henrique Cardoso, sucessor de Itamar, manteve a política neoliberal, implantou mudanças profundas para controlar a inflação que estava galopante. No entanto, o crescimento econômico foi acanhado. Sendo sucedido por Lula, sendo considerado o Presidente do povo, implantou programas que vinham a combater a pobreza e facilitar o acesso às universidades pela classe pobre brasileira, além de manter a inflação domada, incrementou o crescimento do país em patamares jamais alcançados. ABSTRACT This study aims to evaluate the Brazilian economy in the decades of 1990 and 2000. The history of underdevelopment of the Brazilian economy has its origin in its colonial past, the way the country has entered into global capitalism. During the 120 years of the republic, Brazil by intense changes. Becoming economy based on agriculture and industrial economy of services. Over several years, several presidents have taken over this country. The republican period of greater importance was the revolution of 1930. Where all the economic foundation was established between 1930 and 1945, the government of Getulio Vargas. In 1964, the military coup took place, where the democratic process was interrupted, and we spent a long time of military dictatorship. Ending this cycle is military, he resumed the process of democratization of Brazilian politics, deployed with the movement for direct presidential elections. Managing to be winner, Tancredo Neves and José Sarney, in 1985. The decisive moment was the election of Collor de Mello in 1989, which implemented the import substitution model, breaking down once with the vision of an agricultural country to industrial country. It was left to his successor, Itamar Franco, maintain neoliberal policies. Implemented the Real Plan, in order to stabilize the economy, with Cardoso as his Minister of Finance. Fernando Henrique Cardoso, Itamar's successor, continued the neoliberal policies, implemented major changes to control inflation which was rampant. However, economic growth was embarrassed. Succeeded by Lula, is considered the President's people, programs that were implemented to fight poverty and facilitate access by the poor class Brazilian universities, and keep inflation tamed, the increased growth of the country at levels never reached. PALAVRAS-CHAVE: política macroeconômica, metas de inflação, superávit primário. INTRODUÇÃO Este trabalho se configura numa análise da avaliação do desempenho da economia brasileira nas décadas de 1990 e 2000. Nele abordaremos alguns aspectos importantes da economia contemporânea, os impactos sofridos pela sociedade, bem como, as pressões externas e internas no âmbito econômico e as tentativas para reverter à balança comercial de negativa para positiva nesse período, enquanto a dívida pública somente aumentava. A economia brasileira passou por um período sem crescimento e inflação galopante, ocorridos durante a década de 80, em virtude do endividamento público. A crise da dívida externa fragilizou bastante os países em desenvolvimento, em particular os países latinos. Nas décadas de 80 e 90 em decorrência do alto índice da inflação, o governo foi obrigado a implantar sucessivos planos econômicos com objetivo de combatê-la. O Plano Cruzado foi implantado em 1986, sendo concluído em 1994, com o Plano Real. Nesta mesma época o processo de industrialização, ou seja, o Modelo de Substituição de Importação – MSI deu lugar à implantação de políticas neoliberais. A economia brasileira sofria com a pressão externa, em consequência dos altos juros e tentativa de amortizar a dívida externa. Essa tentativa de estimular a exportação e comprar dólares se transformou no círculo vicioso. Tendo como resultado das exportações um período de inflação elevada, durante os anos 1989 e 1993, causando maior endividamento interno. O início dos anos 80 foi seguido por manifestações versus ditadura militar e eleições diretas presidenciais. Com a derrocada da ditadura militar, o Brasil deu início a um período de crescimento econômico. Surgindo nessa mesma época o movimento sindical da classe operária, tendo como líder basilar Luiz Inácio Lula da Silva. Durante os anos 80 e 90, Lula tornou-se a fundamental linha de oposição a Fernando Henrique Cardoso (FHC). Entretanto, na primeira direta presidenciais, Lula ganhou somente no primeiro turno, devido uma ampla e ofensiva campanha contra ele, tendo como principal aliado a rede globo de televisão. O que facilitou que Fernando Collor de Mello, candidato sem expressividade vencesse com facilidade, renunciando em 1992, evitando dessa forma a cassação do seu mandato e prejudicando as próximas eleições. Lula se candidatou em 1993 e em 1998 e novamente foi derrotado, desta vez, que logrou êxito foi Fernando Henrique Cardoso em todas as duas eleições. Em 1994, No governo de Itamar Franco, tendo como Ministro da Fazenda FHC, administra a implementação do Plano Real e controla a tão temida inflação, reduzindo a índices mais baixos do até então praticados. E com isso, se elege para atuar em dois mandatos presidenciais consecutivos. Inicia processo de privatização das empresas estatais, reforma o estado tentando com esta estratégia, aumentar as divisas para reduzir a dívida externa. Uma parte da sociedade estava apreensiva com as mudanças que poderiam ocorrer. No entanto, em vez de se apresentar como candidato de oposição contrário a política neoliberal, apresentou-se como um conciliador. Informando aos brasileiros que não faria nenhuma mudança radical que desestabilizasse a economia do país. Com isso, enviou a “Carta aos Brasileiros”, se comprometendo, caso eleito, respeitar todos os contratos assumidos pelo governo do então presidente FHC. A estratégia funcionou. Mas, aos poucos Lula foi percebendo que deveria mudar de estratégia eleitoral para vencer, o que de fato ocorreu em 2002 e reeleito em 2006. Pela primeira vez na história, o presidente eleito em 2002, não provém da classe dominante da sociedade brasileira, e ainda, que não possuía nenhum título acadêmico. Lula tem sua origem humilde, como a maioria dos brasileiros, por isso, pode entender e compreender as dificuldades e desesperança desse povo. Lula foi eleito em 2002, com 61.3% dos votos válidos, em virtude do processo de mobilização da classe trabalhadora, tendo em vista que era líder sindical. Seu governo foi composto por uma ampla aliança partidária, na qual tinha diversos interesses, que foram sendo consolidados e redirecionados para atender as demandas da sociedade brasileira. Mesmo sendo considerado um governo de esquerda, deu continuidade a política neoliberal de Collor, seguida por FHC. Essa política neoliberal foi acompanhada de acordos com o Fundo Monetário Internacional – FMI, que exigiam a implantação de medidas para manter a meta de superávit primário de 4,25%. Incrementou as exportações, de tal forma, que saltou de 60,4 bilhões (FHC) para 118,3 bilhões (Lula). Foram implementadas diversas medidas para minimizar o sofrimento da classe pobre brasileira, acreditando-se que a pobreza está intimamente ligada à ignorância. Diante disso, esse governo aumentou o número de acesso às universidades através do programa Universidade Para Todos – PROUNI, e construções de novos campi tanto de universidades federais quanto dos Institutos federais de ciência e tecnologia, interiorizando a educação brasileira, evitando o êxodo dos estudantes para os grandes centros. Na área social Lula, reforçou as políticas com o programa “Bolsa Família”. Tinha como objetivo principal o combate à pobreza. GOVERNO DA DÉCADA DE 1990 O Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso Fernando Henrique Cardoso ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no Governo Itamar Franco. A estabilidade econômica e o controle da inflação foram os objetivos alcançados através do Plano Real, o que o levou para sua candidatura à Presidência da República. Sociólogo e intelectual elegeu-se presidente no primeiro turno com 55 % dos votos válidos. Popularmente chamado de FHC, assumiu a presidência em 1º de janeiro de 1995. No que se refere às reformas, o governo conseguiu que o Congresso Nacional aprovasse a quebra dos monopólios estatais nas áreas de comunicação e petróleo, bem como a eliminação de restrições ao capital estrangeiro. A ampla política de privatização de empresas estatais renovou o país, por exemplo, nas áreas de telefonia e de extração e comercialização de minérios. Mas, não diminui a dívida externa. Implementou a Reforma do Estado e iniciou a discussão das reformas tributária e fiscal, da previdência social e dos direitos trabalhistas. A idéia era modernização das estruturas estatais, a fim de sustentar o desenvolvimento econômico e a integração do país no mercado mundial. A carta para reeleger FHC foi à manutenção da política econômica. A estabilidade econômica foi o controle dos gastos públicos. Visando a esse objetivo FHC aprovou, em maio de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tal Lei impede que prefeitos e governadores, e também o Governo Federal, gastem mais do que a capacidade de arrecadação prevista no orçamento dos municípios, dos Estados e da União. A Economia da era FHC 2.2.1 Plano Real O Plano Real foi implementado em novembro de 1993, e o Presidente da República era Itamar Franco, tendo como Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC). Nessa época a inflação estava galopante. O sucesso do plano de estabilização, ao reduzir uma inflação anual de 2.500 % para menos de 10% em menos de um ano, garantiu a FHC dois mandatos presidenciais consecutivos. (PAULINO, 2010, p. 281) O Plano Real utilizou o câmbio como mecanismo para estabilizar os preços. A moeda que foi usada como âncora, foi o dólar. Durante o primeiro mandato de FHC, entre os anos 1995 e 1997, o crescimento econômico foi imediato, em consequência da estabilização do Real. No entanto devido às crises econômicas externas, na Ásia e na Rússia, impactaram na falta de incentivos para as exportações. Em 1999, ocorreu a desvalorização do Real. Os juros se elevaram, comprometendo o controle inflacionário. Em 2000, a crise econômica parecia que havia dado uma trégua, mas ocorreram duas crises, a do apagão em 2001 e a da Argentina em 2001-2002. O Plano Real apoiou-se em dois pilares: a reforma fiscal e monetária e também no binômio “inflação zero - déficit público zero” surgiu para atender aos imperativos dos capitais globalizados. Esse Plano não é, meramente, um programa de estabilização solitário, pois se articula a um projeto maior, de redefinição da economia brasileira e de sua inserção na nova (des) ordem internacional, conforme o ideário do consenso de Washington. FILGUEIRAS, 2006 apud PAULINO, 2010, p. 294). Tabela 1 Inflação acumulada de países selecionados, de 1961 a 2006( em %) Brasil 14.210.480.006.034.800 Argentina 256.376.764.519.163 Peru 216.144.603.134 Uruguai 2.001.304.983 Turquia 98.325.454 Chile 81.234.245 Indonésia 26.392.562 Israel 9.963.524 México 649.557 África do Sul 4.398 Espanha 3.130 Itália 2.134 Reino Unido 1.486 Zona do euro 1.146 Noruega 916 Fonte: FGV, IBGE e Banco Mundial, com elaboração do Bradesco Tabela 2 Diferenças básicas entre os Quatro mandatos (dois de FHC e dois de Lula) Balança Comercial Média de crescimento econômico (PIB) Dívida Pública Antes Estável Nulo Estável 1º FHC (1995-1998) Piorando Razoável Aumentando 2º FHC (1999-2002) Melhorando Pequeno Aumentando 1º Lula (2003-2006) Melhorando Razoável Estável 2º Lula (2007-2008) Piorando Bom Caindo O Plano Real foi à tentativa de estabilizar a economia brasileira, sendo a primeira bem-sucedida, após vários anos lutando para reduzir a inflação. A inflação brasileira caiu de um índice de 50% anual em 1960 para 30% em 1970. Em 1981, elevou os 100% ao ano e com isso os seis planos de estabilização anteriores não lograram êxito. Enquanto os sucessivos planos de estabilização somente continham a alta da inflação, o Plano Real interrompeu definitivamente a elevação dos preços. Partindo do princípio que a chave do sucesso do Plano Real era o controle das contas públicas é que as três frentes de atuação do Plano Real foram: (a) equilíbrio orçamentário nos anos 94-95; (b) reforma da Previdência Social, reforma do Estado, privatização dos serviços públicos e das empresas estatais; (c) reforma monetária. O programa de privatização do Governo FHC significa passar para mãos estranhas cerca de 500 bilhões de dólares em ativos, em quatro anos, incluindo todas as ferrovias, os portos, a telefonia, as melhores rodovias, cerca de 90% dos grandes reservatórios de água doce, todas as hidrelétricas, toda a geração e distribuição de eletricidade, grande parte do sistema de saneamento, toda mineração estatal e, provavelmente, em curto prazo, a indústria petrolífera. (Araújo, 2005 apud PAULINO, 2010, p.288). No orçamento da União do ano 1994, foram realizados cortes para tentar conter a inflação. Não obstante os cortes, a dívida não caiu, pelo contrário, elevou-se. Derrubando, desta forma a teoria de que a inflação brasileira estava atrelada ao gasto público. 2.2.2 O ajuste fiscal Condição necessária para implantação do Plano Real. No entanto foi iniciado bem antes com o Programa de Ação Imediata (PAI), em 1993. Além do corte orçamentário de seis bilhões de dólares, o PAI, encaminhou ao congresso projeto de lei no qual limitava as despesas com servidores civis em 60% da receita corrente da União, que depois viria ser a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Uma das principais metas de ajuste fiscal foi à criação do Fundo Social de Emergência que alterou a destinação de 20% das verbas do orçamento federal para a educação. Foi criado o Imposto Provisório Sobre Movimentação Financeira (IPMF), que em seguida passou a ser a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Que vigoraria por um ano, cobrava 0,25% sobre os cheques e movimentações financeiras. Esse tributo foi prorrogado até 2007, sendo extinto. 2.2.3 A Unidade de Referência de Valor - URV Com o fracasso dos seis planos de estabilização anteriores ao Plano Real (Cruzado I e II, Bresser, Verão, Collor I e II) criou-se um indexador de preços, a Unidade de Referência de Valor (URV), que tinha como objetivo alinhar os preços na antiga moeda, Cruzeiro Real, para a nova, o Real. Por um período curto de transição o Brasil conviveu com duas moedas. O valor da URV em cruzeiros reais era definido a partir da composição de três índices de inflação (o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, o IPCA do IBGE e o IPC da FIPE/USP). (PAULINO, 2010, p.298). 2.2.4 Nova moeda brasileira: o Real Em 1994, o Cruzeiro Real deixou de existir dando lugar ao Real. Quando a URV estava cotada a CR$ 2.750,00, foi que a conversão aconteceu de fato. Para isso, foi criada uma Unidade Real de Valor (URV), onde uma URV correspondia a US$ 1. Foi adotado um modelo de cambio fixo a um conjunto de moedas liderado pelo dólar americano. Com uma moeda valorizada a sociedade brasileira passou a apoiar o Plano Real, pois os trabalhadores passaram a ter um poder aquisitivo bastante elevado. O regime cambial fixo do real acabou em janeiro de 1999, devido a uma crise monetária. 2.2.5 A Reforma do Estado e privatizações A ideia era fundamentalmente implementar uma reforma da máquina estatal com o objetivo de reduzir as despesas de custeio e capital, por outro lado, atrair capital estrangeiro, através das privatizações e das concessões de uso dos serviços públicos para manter o cambio. Com a entrada de capital estrangeiro através das privatizações e concessões menos empréstimos seriam necessários para sustentar as reservas cambiais. Referente às reformas do Estado, iniciou-se pelas reformas administrativas e da Previdência Social. Com a reforma administrativa a meta era controlar o gasto com o pagamento dos servidores civis. Já a reforma da Previdência social teve como motivo principal reduzir o déficit público. Referente às privatizações, com o Plano Nacional de Desestatização (PND), “ampliando os setores produtivos e as empresas onde elas poderiam ocorrer e os setores de concessão de serviços públicos” (FILGUEIRAS, 2006, p.112). Figura 1 – Evolução da Dívida Externa brasileira Fontes: IPEA – O site não permite links secundários (sabe lá por que). Para acessar então a planilha da série histórica da dívida externa, clique na aba “Macroeconomico”, em seguida em “Índices Analíticos” e finalmente em “Dívida líquida do setor público”. Tesouro Nacional Banco Central (versão 1) Banco Central (versões 2 e 3) – O link se refere a janeiro de 2009. Encontrei este link no site da Auditoria Cidadã da Dívida. Procurei no site do BC o link para a planilha mais recente, mas não encontrei. Enviei um email ao BC solicitando informações onde buscar as últimas planilhas, mas nem eles souberam informar. Portanto os dados referentes a agosto 2009 peguei no site do Valor Econômico. Notem, no entanto, que a planilha é baixada diretamente do site do BC. As informações do gráfico constam na aba 49. Para ver a resposta do BC, confira os comentários do artigo 7 desta série. Banco Central (versão 4) – Página 14. Obs.: Finalmente encontramos este arquivo no site do BC, pois na pesquisa do artigo, tais dados foram coletados no site da USP. Link http://visaopanoramica.net/2009/10/17/lula-e-a-divida-publica-parte-8/Amilton Aquino Consulta realizada em 06/08/2011. GOVERNO DA DÉCADA DE 2000 3.1 O Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva O presidente Lula foi eleito em 2002, em função do desencanto da população com os resultados da política econômica, que evidenciava baixa taxa de crescimento e elevada taxa de desemprego. Além da crise de abastecimento elétrico, que resultou no chamado “apagão”, em virtude das privatizações no setor elétrico e também de efeitos do clima. Lula para tranquilizar a sociedade brasileira enviou uma “carta aos brasileiros” com o objetivo informar à população que cumpriria com todos os contratos assinados pelo governo anterior. No entanto, para surpresa de alguns eleitores que esperavam por mudanças radicais, ficaram decepcionados. Mesmo Lula sendo seguidor da política macroeconômica de FHC, não significa dizer que não existiam diferenças entre os dois governos. Pois o mesmo ocorreu com FHC quando seguiu a política de Collor, e dando um fim na era de Vargas, ou seja, abandonou o modelo de substituição de importações, adotando o modelo neoliberal, que reduziu a taxa de crescimento em torno de 2,4% por ano. Lula passou de sindicalista a brasileiro, preservando conquistas da era Vargas. Ao contrário do anterior governo fortaleceu as empresas estatais na área de energia, como a Petrobrás e Eletrobrás. Evitando dessa forma outra tentativa de apagão. Com o fortalecimento da Petrobrás, resultou na descoberta de petróleo na camada pré-sal. A tentativa de privatizar o Banco do Brasil foi silenciada. Já o BNDES passou a desempenhar seu papel precípuo que era o desenvolvimento social, ao invés de utilizar seus recursos para bancar as privatizações. As universidades públicas federais e institutos públicos federais se expandiram pelo Brasil, interiorizando a educação e fortalecendo além do conhecimento de nível superior, o técnico foi amplamente valorizado, para atender as demandas das indústrias e empresas frente à escassez de profissionais qualificados. Na área social Lula, reforçou as políticas com o programa “Bolsa Família”. Tinha como objetivo principal o combate à pobreza. Acreditava que a pobreza estava relacionada com a má qualidade do capital humano, isto é, a pobreza está diretamente ligada à ignorância. Ampliou consideravelmente o programa Bolsa Família. O valor da Bolsa paga variava de 85 reais a 185 reais em 2008. Lula definiu como prioridade a estabilidade monetária, pois é condição necessária para aceleração do crescimento econômico. O câmbio se valorizou, tendo como prioridade a balança comercial, mas mesmo assim a dívida pública não se estabilizou. Em decorrência de crises políticas em 2005, com envolvimento de corrupção no governo, a renda caiu. 3.2 A Economia da era LULA O Governo Lula manteve a estabilidade monetária como objetivo da política macroeconômica, bem como, a política de metas inflacionárias. Definindo e fixando uma meta de inflação para cada ano. Tanto no Governo Lula quanto no Governo de FHC, a inflação tem sido considerada um mal sempre maior que o desemprego e o baixo crescimento econômico. (PAULINO, 2010, p.324). O controle da taxa de juros (taxa Selic) ficava a cargo do Banco Central. O que para cada tendência de alta na inflação, que acarretasse risco ao descumprimento da meta estabelecida para aquele ano, repercutia no aumento da taxa de juros pelo Banco Central. As expectativas de inflação (IPCA) para 2003, coletadas pela GERIN (Gerência Executiva de Relacionamento com Investidores) do Banco Central do Brasil aumentaram significativamente ao longo dos últimos três meses. Desde a reunião de setembro do Copom, a mediana das expectativas subiu de 5,2% para 11%, às vésperas da reunião de dezembro. (Banco Central, 2002, Relatório de Inflação). Os principais fatores determinantes para o controle da inflação são: a apreciação cambial decorrente dos elevados saldos na balança comercial e da manutenção de grande diferencial entre as taxas de juros interna e externa; a fraca pressão da demanda interna causada pelas políticas fiscais (mega-superávit primário) e monetária (juros elevados); a queda dos salários reais. A política de metas de inflação foi adotada no governo de FHC, em 1999, sendo mantida por Lula nos seus dois mandatos presidenciais. Tanto no governo de FHC quanto no de Lula, a taxa de inflação esteve ascendente, com isso a reação imediata foi o aumento da taxa de juros. A média da taxa Selic foi maior no governo de FHc do que no governo Lula. Conforme comparação abaixo : Período Média taxa Selic Janeiro de 1999 a dezembro 2002 23,4% Janeiro de 2003 a junho de 2008 17,13% Fonte : Ipea. Disponível em :www.ipeadata.gov.br. Acesso em :7 Jan. 2009. Finanças públicas, valores acumulados: 1995-2006 (R$ bilhões) Período Juros Superávit fiscal primário Aumento da dívida pública 1995-1998 211,4 -6,5 232,7 1999-2002 365,8 165,4 495,1 2003-2006 590,6 330,9 185,9 Total 1167,8 489,8 913,7 Fonte: Filgueiras e Gonçalves Participação do Investimento no PIB retoma trajetória de alta Contribuição do Investimento e do Consumo para o PIB Acesso em 07 ago. 2011. Além da manutenção da política macroeconômica, com objetivo principal, a estabilidade monetária, através da política de metas de inflação, o governo Lula manteve a restrição fiscal, bem como, aumentou o superávits primário no orçamento, de 3,8% para 4,25% do PIB, conforme gráfico 1. Gráfico 1. Fonte: IPEA. Acesso em 07/08/2011 O crescimento da economia mundial e da demanda por commodities minerais e agrícolas contribuiram para melhorar o desempenho da economia brasileira, bem como, aumentou as exportações brasileiras, passando de 73 bilhões de dólares, no de 2003, para 160,6 bilhões de dólares, no ano de 2007, resultando em saldos comerciais positivos. Quanto às taxas de desemprego, que no governo de FHC apresentaram um aumento expressivo, no governo Lula foi reduzida em virtude da conjuntura econômica mais favorável, conforme tabela 3. Tabela 3 Taxa de desemprego ( em %) Data 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 (%) 6,7 7,6 8,5 9,7 10,4 10,0 9,9 10,5 9,7 10,2 9,2 8,9 7,8 9,1 Tabela 4 Crescimento econômico mundial ( em % do PIB ) 1991-2002 2002-2006 2007 Mundo 2,70 3,50 3,10 Países desenvolvidos 2,30 2,60 2,20 Paídes em desenvolvimento 4,70 6,40 6,50 Rússia -3,10 6,90 6,40 China 11,80 10,30 10,50 Índia 5,80 8,50 8,50 Brasil 2,80 3,40 5,40 Fonte: Banco Mundial, FMI, Unctad, apud Delfim Netto, 2007 Tabela 5 Balança de pagamento em transações correntes (2003 – 2007 - em US$ bilhões ) Período Contas Superavitárias Soma superavits Contas Deficitárias Soma Déficits Saldo em Transações correntes Balança Comercial Transferências Unilateriais Serviços Rendas 2003 24,9 2,9 27,8 - 4,9 - 18,6 - 23,2 4,3 2004 33,8 3,2 37,1 - 4,7 - 20,5 - 25,2 11,9 2005 44,9 3,6 48,5 - 8,3 - 26,0 - 34,3 14,2 2006 46,5 4,3 50,8 - 9,6 - 27,5 - 37,1 13,6 2007 40,0 4,0 44,1 -13,4 - 29,2 - 42,6 1,5 Saldo Acumulado 190,2 208,2 -40,9 -121,8 -162,7 45,5 onte: Banco Mundial, FMI, Unctad, apud Delfim Netto, 2007 Indicadores selecionados da economia brasileira, 2002-2007 2002 2003 2004 2005 2006 1 2007 2 Dados básicos da economia PIB nominal (US$ bilhões) 460 507 603 794 925 932 Crescimento real do PIB % 1,9 0,5 4,9 2,3 3,0 3,0 Cresc. PIB agropecuário % 5,5 4,5 5,3 0,8 4,5 3,0 Cresc. PIB industrial % 2,6 0,1 6,2 2,5 4,5 3,0 Cresc. PIB serviços % 1,6 0,6 3,3 2,0 2,2 2,7 Inflação IPCA-IBGE 12,5 9,3 7,6 5,7 4,2 4,2 Inflação IGP-DI FGV 26,4 7,7 12,1 1,5 4,8 4,8 Juros básicos em dezembro 25,0 16,5 17,8 18,0 14,5 13,0 Juros básicos – média anual 19,2 23,3 16,4 19,1 15,4 13,7 Desemprego (% da PEA) 11,7 12,3 11,5 9,8 9,3 8,9 Preço cesta básica (%) 3 31,7 3,0 1,3 -2,4 -- -- Receitas de impostos (bi. R$) 243,0 273,4 322,6 364,1 -- -- Despesas governo (bi. R$) 232,2 257,1 302,7 351,9 -- -- Déficit Previdência (%PIB) 1,26 1,70 1,81 1,93 -- -- Dívida pública (bilhões R$) 623,2 731,4 810,3 979,7 -- -- Dívida pública 4 (% PIB) 55,5 57,2 51,7 51,4 50,0 48,6 Juros sobre dívida púb. (bi R$) 148,9 165,4 137,0 157,1 -- -- Pagamento Juros (% PIB) 8,47 9,33 7,26 8,13 -- -- Superávit primário (% PIB) 3,89 4,25 4,59 4,84 4,40 4,40 Déficit nominal (% PIB) 4,58 5,08 2,67 3,29 -- -- Investimentos públicos (% PIB) 0,91 0,34 0,51 0,53 -- -- Setor externo Taxa de câmbio dezembro 3,53 2,89 2,65 2,20 2,30 2,50 Taxa de câmbio média no ano 2,93 3,07 2,93 2,43 2,25 2,40 Exportações bens (US$ bilhões) 60,4 73,1 96,5 118,3 124 126,5 Importações bens (US$ bilhões) 47,2 48,3 62,8 73,5 85 95,5 Saldo balança comercial 13,2 24,8 33,7 44,7 39 31 Transações correntes (% PIB) -1,7 0.8 1,9 1,8 1,6 0,2 Investim. Direto Estr. (US$ bi) 16,6 10,1 18,2 15,2 15,5 15,9 Dívida externa (% do PIB) 45,9 42,4 33,3 22,8 17,9 16,1 Dív. Externa/Export. bens (%) 349 294,1 208,7 153,7 133,8 118,7 Reservas int. brutas (US$ bilh.) 37,8 49,3 52,9 68,7 81,7 87,1 Reservas int. líquidas (US$ bilh) 16,3 20,5 27,5 54,9 74,4 86,4 Fontes: IBGE, Banco Central, IPEA; estimativas e previsões de consultorias diversas. Notas: 1 = alguns dados de 2006 ainda são estimativas; 2 = previsões ; 3 = variação do preço da cesta básica em relação ao ano anterior; 4 = dívida líquida do setor público;. Produção Industrial em janeiro cresce 1,1% em relação a dezembro Alguns setores da economia, a crise teve pouco impacto Acesso em 07 ago. 2011. COMPARAÇÃO ENTRE O GOVERNO DE FHC E GOVERNO DE LULA Tabela 6 Comparação entre o Governo de FHC e o Governo Lula Diferenças Governo FHC Governo Lula Risco país 2.400 204 Nº de policiais federais 12 mil 5 mil Operações da PF contra a corrupção, sonegação de impostos, crime organizado e lavagem de dinheiro 20 183 Prisões efetuadas pelos acima 54 2.971 Criação de empregos 700 mil 9 milhões (5,5 milhões com carteira assinada) Média anual de empregos gerados 87,5 mil 1,14 milhã Taxa de desemprego nas regiões metropolitanas 11,7% 8,3% Exportações (em US$) 60,4 bilhões 118,3 bilhões Balança Comercial (em US$) - 8,4 bilhões 103,3 bilhões Transações Correntes (em US$) -186,2 bilhões 30,1 bilhões Inflação 12,53% 2,8% Dívida com o FMI (em US$) 14,7 bilhões Dívida paga Dívida Externa 12,45% 2,41% Empréstimo para Habitação (em R$) 1,7 bilhões 4,5 bilhões Crescimento Industrial 1,94% 3,77% Produção de bens duráveis 2,4% 11,8% Aumento na produção de veículo 1,8% 2,4% Crédito para a agricultura familiar 2,4% 6,1% Valor do salário mínimo (em US$) 55 152 Aumento do custo da cesta básica 81,6% 15,6% Transferência de renda (em R$) 2,3 bilhões 7,1 bilhões Média por família 25 reais 70 reais Índice BOVESPA 11,2 mil pontos 35,2 mil pontos Dívida Externa 210 bilhões 165 bilhões Taxa de desemprego no país 12,2 % 9,6 % Construção de Universidades Federais 6 universidades em 8 anos 10 universidades + 48 novos campi Fontes: IBGE, IBGE/Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar - desde 1994); ANEEL; Bovespa; CNI; CIESP; Ministérios Federais e Agências Regionais; SUS; CES/FGV; jornais FSP, O Globo e O Estado de São Paulo; Conclusão Os governos de FHC e Lula, ambos preocuparam-se, fundamentalmente, com estabilidade macroeconômica. Essa política macroeconômica estava apoiada em elevadas taxas de juros, valorização do real, abertura comercial e financeira da economia brasileira. Mas, FHC para manter as taxas de inflação sob controle, teve que enfrentar aumento da dívida pública, taxa de crescimento de PIB de 2,4%, bem como, elevação da taxa de desemprego. Lula, que foi sucessor, manteve a inflação sob controle, fez a taxa de crescimento aumentar em torno de 4,5% e reduziu a taxa de desemprego de 11,7% (FHC) em 8,3%. Quanto, a saber, qual deles foi o mais importante para o Brasil, é difícil afirmar. Pois cada um contribuiu diferentemente, FHC implementou diversas mudanças, no âmbito econômico. Já Lula foi o presidente mais popular, pois atendeu aos anseios da classe menos favorecida, sejam através dos programas sociais, com Bolsa Família e ao acesso as universidades, com o PROUNI, ou mesmo com estratégias para redução da taxa de juros, aumentando o poder de compra. Percebe-se no quadro acima que o governo de Lula apresentou melhores indicadores de desempenho do que o governo de FHC. Quanto ao risco país que era 2.400 pontos no governo de FHC para 204 pontos no governo de Lula, com isso o país passa a ter maior respeito internacional e incremento de entradas de recursos estrangeiros no Brasil. Lula percebeu que o desemprego é um mal que precisa ser extirpado, com isso, implementou estratégia de criação de 9 milhões de empregos contra 700 mil de FHC. Concluímos este trabalho apresentando as estratégias implantadas nos governos de FHC e Lula no âmbito econômico, na tentativa de manter a estabilidade econômica, incrementar o crescimento do país, aumentar o respeito internacional, bem como, manter sob controle a inflação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PIRES, Marcos Cordeiro. Economia Brasileira da Colônia ao Governo Lula. Ed. Saraiva, 2010. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA http://www.ipeadata.gov.br>. Acesso em 07 Ago. 2011 MINISTÉRIO DA FAZENDA – MF. Economia Brasileira em Perspectiva, fevereiro,2010 4ª Ed. Disponível em < http://www.fazenda.gov.br/portugues/doc/perspectiva-economia-brasileira/link.htm>. Acesso em 04 ago.2011
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