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Trabalho AV2 SEMINARIOS AVANÇADOS

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Trabalho apresentado à Disciplina Seminários Avançados em Psicologia 
do Curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá.
Professora Renata Vetere
Rio de Janeiro
Março/2017
INTRODUÇÃO
A existência da psicologia da educação como uma área de conhecimento e de saberes teóricos e práticos claramente identificáveis, segundo Coll (2004) tem sua origem na crença de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente com a utilização adequada dos conhecimentos psicológicos. Tal convicção, que tem suas raízes nos grandes sistemas de pensamento e nas teorias filosóficas anteriores ao surgimento da “psicologia científica”, foi objeto de múltiplas interpretações. Existem profundas discrepâncias quanto aos princípios que devem ser aplicados, em que aspecto ou aspectos da educação devem ser usados e, de maneira muito particular, o que significa exatamente aplicar de maneira correta à educação os princípios da psicologia.
Situa-se o surgimento da Psicologia da Educação por volta de 1903, quando foi lançado o livro de Thorndike, o qual nomeou, pela primeira vez, esta área de estudos e lhe deu corpo doutrinário. Na edição de 1913 e 1914, Thorndike concluiu que todo conhecimento da psicologia que tivesse a possibilidade de ser quantificado podia ser aplicado à educação. (Goulart, 2000)
Thorndike em 1906 dizia que a eficiência de qualquer profissão depende amplamente do grau em que se torne científica. A profissão do ensino melhorará à medida que o trabalho de seus membros seja presidido por espírito e métodos científicos.
No discurso de muitos dos precursores da Psicologia da Educação – William James, Stanley Hall, J. MckeenCattel, John Dewey, Charles H. Hudd, EduarClaparéde, Alfred Binet, etc. – esta era o resulta convergência de dois âmbitos de discursos e dois tipos de problemática: o estudo do desenvolvimento, da aprendizagem e das diferenças individuais; e o discurso do reformismo social.
Desde as primeiras décadas do século XX o discurso de reformismo social perde relevância e a psicologia da educação adota uma orientação fundamentalmente acadêmica, segundo Coll (2004), dirigindo seus esforços ao estabelecimento dos “parâmetros fundamentais da aprendizagem”, “ao refinamento de suas elaborações teóricas”, e à sua promoção como “disciplina de engenharia aplicada” (apliedengineering discipline).
Conceito de psicologia educacional
A psicologia educacional é um ramo da psicologia cujo objecto de estudo são as formas sob as quais decorre a aprendizagem humana nos estabelecimentos de ensino (escolas, etc.). Desta forma, a psicologia educacional estuda a forma como aprendem os estudantes e de que forma se desenvolvem.
Convém destacar que a psicologia educacional oferece soluções para o desenvolvimento dos planos de estudos, da gestão educacional, dos modelos educativos e das ciências cognitivas de um modo geral.
Com o objectivo de compreender as características principais da aprendizagem durante a infância, a adolescência, a idade adulta e a terceira idade, os psicólogos educacionais elaboram e aplicam distintas teorias sobre o desenvolvimento humano, que tendem a ser consideradas etapas da maturidade.
Neste sentido, Jean Piaget tem tido uma importante influência na psicologia educacional, com a sua teoria, segundo a qual as crianças passam por quatro diferentes etapas de capacidade cognitiva durante o seu crescimento, até alcançarem o pensamento lógico abstracto ao chegarem aos seus onze anos de idade.
O desenvolvimento moral de Lawrence Kohlberg e o modelo de desenvolvimento infantil de Rudolf Steiner são outras das contribuições-chave no desenvolvimento desta psicologia.
Os psicólogos educacionais têm em conta as diversas características e capacidades de cada pessoa. Estas diferenças são potenciadas com o constante desenvolvimento e a aprendizagem, que acabam por se reflectir na inteligência, na criatividade, na motivação e na capacidade comunicativa, por exemplo.
Existem, por outro lado, diversas possíveis incapacidades nas crianças em idade escolar, tais como o transtorno do déficit de atenção e a dislexia, entre muitas outras.
Psicologia da educação como engenharia psicológica aplicada
Essa visão da psicologia da educação como engenharia psicológica aplicada à educação é preponderante durante a primeira metade do século XX. Até finais de 1950, e com base em uma fé na “nova psicologia científica”, a psicologia da educação aparece como a disciplina com maior peso na pesquisa educacional, como disciplina “mestra”, a “rainha das ciências da educação”. (Coll, 2004)
Tal protagonismo, porém, começa a atenuar-se a partir dos anos de 1960, explicado por várias razões, como o seu próprio êxito e expansão incontrolada, que leva a psicologia da educação a ocupar-se de praticamente qualquer tema ou aspecto relacionado à educação e a procurar resolver qualquer problemática educacional.
A partir de 1960 começa a se manifestar uma “rachadura” da fé na capacidade da psicologia para fundamentar cientificamente a educação e o ensino, o que leva a questionar a visão da psicologia da educação como engenharia psicológica aplicada – isto é, como disciplina encarregada de transferir os conhecimentos psicológicos à educação e ao ensino, a fim de proporcionar-lhes fundamentação e caráter científico.
Essa mudança, segundo Coll (2004), terá enormes repercussões para o desenvolvimento posterior da psicologia da educação. Por um lado significará, a longo prazo, a perda definitiva de um protagonismo absoluto no campo da educação. Por outro lado, obriga-a a questionar seus pressupostos básicos, seus princípios fundamentais, forma de abordagem, seu alcance e limitação.
Para Goulart (2000) a psicologia da educação trata-se de uma ciência aplicada à educação, cujo objetivo é, numa relação permeável com as demais ciências pedagógicas, oferecer subsídios para que o ato educativo alcance, plenamente, seu objetivo. Para a autora a delimitação do campo da psicologia da educação segundo o critério de definir o que é educação e o que é psicologia é imprópria. “A educação é um empreendimento social, por isso é um macrofenômeno, cuja caracterização é multidisciplinar”. (Goulart, 2000, pág. 14)
Para Goulart (2000) o especialista em psicologia educacional está preocupado com o universo que tangencia a educação. Segundo a autora jamais será possível atingir o objetivo de melhorar a educação se, em nome de uma abordagem multidisciplinar, se descaracterizar cada uma das disciplinas relacionadas à educação.
"A Psicologia da Educação compreende, pois, a utilização de conclusões obtidas em diversas áreas das ciências psicológicas sobre assuntos que interessam especificamente à educação e à investigação de problemas relacionados às pessoas sob ação educativa." (Goulart, 2000, pág. 14)
A noção de individualidade na psicologia escolar
A psicologia moderna se desenvolve no mesmo período em que ganha força o movimento da Escola Nova. A crença na educação como equalizadora de oportunidades é abalada pela incapacidade da escola de cumprir sua função de universalidade, conforme era proclamado pela ideologia liberal. O movimento escolanovista vem restaurar a credibilidade na escola, afirmando que o fracasso de seus alunos se deve a diferenças individuais. (Miranda, 2001)
A ênfase na capacidade individual, na historia individual, no processo de desenvolvimento, na idéia de anormalidade, faz com que a pedagogia vá buscar suporte teórico na Biologia e na Pedagogia.
"A psicologia, por sua vez, sob forte inspiração positivista, reduz a realidade social do homem ao seu componente psíquico. Assim, a Psicologia Moderna, que vem ao auxílio da Pedagogia Nova será, portanto, igualmente individualista, naturalista e biológica." (Miranda, 2001, pág. 130)
A psicologia que se desenvolve na segunda metade do século XIX vem acentuar a idéia de natureza humana individual. É quando começa a vender sua força de trabalho que o homem se define como livre, como indivíduo.O isolamento individual aparece como fazendo parte da condição humana, como comportamento natural. A idéia de uma essência humana pré-social concebe a personalidade humana individual como um caso particular da personalidade humana básica, o que pressupõe, segundo Libâneo (2001), que cada indivíduo possui características que são universais e independem da influencia do meio social, cabendo à psicologia conhecer esses traços universais. Chega-se assim à idéia corrente de ajustamento social aplicada à psicologia e à educação. Existem padrões de comportamento a serem ensinados ou modificados, que se tornam universais e compulsórios.
Psicologia escolar não individualista
Uma psicologia não-individualista entende que as capacidades individuais não são inerentes à natureza humana, são antes, determinadas por variáveis do mundo material externas ao indivíduo. O erro básico da psicologia individualista é não assumir a antecedência das estruturas e dos produtos sociais da atividade humana sobre a individualidade biológica. (Libâneo, 2001)
A psicologia não define os fins da educação, mas pode contribuir no sentido de fazer com que eles sejam realizáveis. (Miranda, 2001)
Qual a importância do trabalho do Psicólogo na educação?
Embora a formação do Psicólogo no Brasil esteja, na maioria das vezes, voltada para uma perspectiva mais clínica e de saúde mental, a Psicologia tem muito a contribuir para os processos educacionais. O Psicólogo é o profissional que durante sua formação tem a possibilidade de aprender sobre o desenvolvimento humano, relações interpessoais, e mecanismos e processos de aprendizagem de modo mais aprofundado. Nesse sentido, é também o profissional que pode contribuir de muitas maneiras para os processos de ensino e de aprendizagem.
Assim, o Psicólogo Educacional/Escolar pode contribuir com os demais profissionais envolvidos em atividades educacionais (professores, diretores, coordenadores, educadores) oferecendo contribuições da Psicologia (do Desenvolvimento, Aprendizagem, Ensino, Social), para melhorias nos processos de ensino e de aprendizagem.
O Psicólogo pode atuar em todos os segmentos do sistema educacional, realizando diagnósticos e intervenções preventivas ou corretivas, em grupos ou de forma individual. Em sua atuação, deve considerar não apenas os aspectos individuais dos alunos, mas também aspectos do corpo docente, do currículo, projetos políticos pedagógicos, métodos de ensino, políticas educacionais e demais características institucionais.
Por que os Psicólogos não estão presentes em todas as escolas?
O psicólogo pode contribuir muito para a educação, mas como bem sabemos nem todas as escolas (principalmente as públicas) contam com um psicólogo atualmente. Esse fato que vem sendo tema recorrente de discussões políticas e acadêmicas tem origens históricas. Aliás, historicamente, a profissão de psicólogo surge no Brasil por razões educacionais. Os primeiros laboratórios de Psicologia no Brasil foram criados por pedagogos nas Escolas Normais com fins de pesquisas em Psicologia Educacional no começo do século XX.
No entanto, com o passar dos anos e algumas questões que merecem melhor discussão em outros artigos, a psicologia, no Brasil, foi se afastando aos poucos e cada vez mais da Educação, deixando vago um espaço em que poderia contribuir de muitos modos. Uma das críticas que a Psicologia recebeu com relação ao seu trabalho nas escolas e que fez com que muitos psicólogos se afastassem deste campo de atuação nos anos 1970 em 1980 foi a de uma prática individualizante e que culpabilizava exclusivamente os próprios alunos (e suas famílias) por suas dificuldades de aprendizagem, sem levar em consideração todas as demais variáveis escolares (como professores e métodos de ensino).
Todas essas críticas foram culminando em muitas mudanças na forma de compreensão dos problemas escolares e das dificuldades de aprendizagem. Atualmente a prática em Psicologia Escolar e Educacional é muito diferente daquela utilizada durante os anos 1970 e 1980.  No entanto, a atuação de psicólogos na área de educação ainda carece de espaço, uma vez que são poucos os psicólogos escolares em escolas públicas, e mesmo nas escolas particulares ainda são escassos os espaços para esses profissionais.
A Contribuição do Psicólogo Escolar
É importante ressaltar que o psicólogo pode trabalhar não só com crianças com dificuldades de aprendizagem, mas também pode auxiliar na formação continuada de professores, contribuindo, por exemplo, com os conhecimentos de psicologia da aprendizagem e do ensino, psicologia do desenvolvimento e psicologia cognitiva para melhorar os processos educacionais.
Os psicólogos em escolas não devem realizar uma prática clínica, isto é, de tratamento de problemas emocionais, familiares, distúrbios etc., mas devem se ocupar de uma análise mais macroscópica que busque compreender os processos educacionais que levam a algumas crianças apresentar dificuldades enquanto outras não apresentam dificuldades. Essas questões podem ser em virtude de problemas das crianças sim, mas também podem ser (e na maioria das vezes são) problemas relacionados a métodos de ensino, professores ou demais condições da escola.
Um bom psicólogo escolar/educacional pode auxiliar na identificação dessas características e então fornecer alternativas coerentes com a situação escolar como, por exemplo, realizar horários de orientações com os professores, planejar e executar projetos educacionais, analisar e orientar sobre métodos de ensino e propostas pedagógicas, realizar atividades de grupo com as crianças, ou em casos que sejam necessários realizar atendimento individualizado das crianças.
Dentre as várias possibilidades de atuação de Psicólogos escolares, eles podem contribuir para:
Melhorar o desempenho escolar, a motivação e o engajamento de alunos;
Realizar avaliações psicológicas e acadêmicas;
Monitorar o progresso dos alunos;
Diminuir os encaminhamentos inadequados para a educação especial;
Avaliar as necessidades emocionais e comportamentais de estudantes;
Promover a resolução de problemas e conflitos;
Planejar programas de educação individualizada apropriadas para alunos com deficiência;
Modificar e adaptar currículos e formas de instrução;
Ajustar as salas de aula e rotinas para melhorar o engajamento dos alunos e a aprendizagem;
Comunicar de forma eficaz com os pais sobre o progresso do aluno e orientá-los sobre questões educacionais;
Prevenir o bullying e outras formas de violência;
Avaliar o clima da escola e melhorar a conectividade na escola entre equipe escolar, alunos e família;
Reforçar as parcerias Família-Escola;
Ajudar as famílias a entender as necessidades de aprendizagem e saúde mental de seus filhos.
O Psicólogo Escolar/Educacional nos dias atuais
Nos dias atuais o Psicólogo Escolar/Educacional não atua somente visando déficits de aprendizagem dos alunos, mas também na promoção de saúde dos mesmos (Contini, 2000). Ele melhora a atuação do aluno e promove a multiplicação de saberes.
Baseado nas idéias de Del Prette& Del Prette (2003) as habilidades sociais é uma das ferramentas do Psicólogo Escolar/Educacional (PEE), pois ele atua tanto através das interações como nas interações. Ela também serve para se identificar onde se encontra o problema, pois a maioria dos problemas escolares é causado por relações, seja ela entre aluno-professor, aluno - pais. As habilidades sociais servem para se investigar os focos de intervenção.
As habilidades necessárias para um PEE (Del Prette& Del Prette, 1996) são a capacidade analítica que consiste em um olhar reflexivo (teórico) as demandas da escola. E também no enriquecimento teórico para identificação de casos, pois os problemas podem ser iguais, porém sua causa e sua resolução podem pedir um enfoque diferente do que foi seguido anteriormente. E a segunda habilidade é a capacidade instrumental que consiste em o PEE saber o que vai fazer e como fazer, de modo que interaja com todos os envolvidos.Ai entra mais uma vez as necessidades das habilidades sociais.
As praticas do PEE na escola são: a anamnese que seria a coleta de dados que se dá através de entrevistas, questionário, observações sistemáticas e etc. Ela serve para o levantamento de dados a cerca da vida do indivíduo. Vale salientar que por mais que o PEE faça a anamnese ele não pode atender alguém da escola como um psicólogo clínico, tudo que for da área da psicologia clinica, tem que ser encaminhada para a mesma. Outra pratica é a investigação para se descobrir quais são as demandas da escola. A diagnose que são as análises dos dados coletados e assim a identificação dos focos no qual se necessita de intervenção. E por fim a intervenção no qual são formuladas propostas de atuação sobre as demandas da escola.
Segundo Almeida (2001) um PEE necessita ter um posicionamento teórico definido, mas não só definido como também ter total esclarecimento do mesmo. Como veremos mais a frente, está parte constitui um dos problemas para a atuação do PEE.
O PEE deve saber várias coisas além do seu foco, como a matemática, geografia, filosofia, aprendizagem, pois só assim se terá uma boa atuação na escola. Ele não ficará restrito somente aos assuntos relacionados à psicologia educacional/escolar, mas também poderá intervir em fatores que apresentam problemas, claro que se tiver o conhecimento a respeito do assunto. Vale salientar que é de suma importância se ter o conhecimento sobre a filosofia da educação, pois é ela que dá o sentido da prática educativa, ou seja, é uma coisa indispensável para o PEE.
Existem várias dificuldades da atuação profissional do PEE segundo Guzzo (2006) como o seu papel que ainda não foi totalmente esclarecido, ou seja, o psicólogo escolar/educacional ainda não diz a que veio e a falta de clareza quanto a pressupostos teóricos.
Segundo Almeida (2002) o psicólogo escolar/educacional por não terem clareza e lucidez suficiente sobre os determinantes filosófico - ideológicos de determinadas teorias psicológicas, acabam por adotar práticas de intervenção que são contraditórias ao referencial teórico que os próprios psicólogos dizem seguir. E ainda baseado nas idéias de Almeida (2002) o exercício de determinadas práticas profissionais que procuram responder sem análise crítica da demanda, às representações e expectativas do papel do profissional na instituição escolar, que por sua vez são geralmente distorcidas ou equivocadas. Ou seja, o psicólogo escolar/educacional ainda não tem conhecimento do seu papel na escola.
Outro problema que Almeida (2002) também menciona é quanto ao enfoque clínico. O posicionamento crítico com relação à aplicação do modelo clínico – terapêutico, na escola, embora permaneça válido e legítimo, por razões que todos conhecem, parece, no entanto, não ter oferecido aos psicólogos escolares/educacionais um modelo teórico que subsidiasse a prática profissional. Ser um psicólogo escolar “politicamente correto” passou a significar renunciar tanto às técnicas e métodos identificados à psicologia comportamental quanto renunciar à clínica. Como já vimos, o psicólogo escolar/educacional atua diretamente nos problemas da escola, ou seja, um aluno é visto no contexto social, no contexto escolar e não como um indivíduo único e isolado, por está razão o modelo clínico é o menos indicado e também pelo fato que ele restringe a atuação do psicólogo escolar.
Outro problema que Del Prette (2003) aponta é quanto ao novo texto da LBD que não reconhece o PEE como um profissional essencial para educação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é, em sua essência, o instrumento que define os objetivos e prioridades bem como as condições ou meios que devem reger a política educacional do país. Mais pertinente à questão da profissionalização do psicólogo que atua na interface Psicologia – Educação, pode ser destacado no artigo 71, que estabelece a definição de “despesas educacionais”, e, em seu inciso IV, não apenas exclui o psicólogo, mas situa os seus serviços entre “outras formas de assistência social”. Dentro dessa visão equivocada e restritiva quanto às possibilidades de atuação em Psicologia, não é de se admirar que tal atuação seja vista como despesa e não como investimento educacional. A exclusão dos serviços psicológicos soa estranha quando se considera a importância da Psicologia como um dos fundamentos da Educação. Um dos resultados práticos desse artigo 71 é a formalização da impossibilidade de se conceber a inserção do psicólogo no quadro funcional da escola, restringindo o leque de alternativas de profissionalização nessa área.
Saviani (2007) destaca vários pontos negativos do texto final da nova LDB, entre os quais, a clara orientação liberal e tecnocrática (abertura à iniciativa privada e às organizações não governamentais com a redução das responsabilidades do Estado evidenciada no empenho em reduzir os gastos, custos e encargos do setor público), a supressão do conceito de Sistema Nacional de Educação e as lacunas quanto à forma de gerenciamento e condução das diretrizes.
Muitas pessoas têm uma visão errônea quanto ao psicólogo, atribuindo a ele poderes “mágicos”, com o psicólogo escolar/educacional não é diferente. Isso tem o seu ponto positivo no que diz respeito à receptividade da escola, pois ela abre as suas portas e acredita no trabalho do psicólogo, porém temos o lado negativo, pois a escola passa a acreditar que o psicólogo escolar/educacional irá resolver todos os problemas da escola e cobrará mais do que é o serviço real do psicólogo, que está ali para atender a demanda da escola. Também podemos citar como um fator negativo é o fato dos funcionários, como os professores, podem transferir para o PEE, os seus serviços, se eximindo da responsabilidade para com os alunos. A escola espera que o PEE resolva todos os seus problemas num passe de mágica.
Compromissos e Perspectivas para a Psicologia Escolar e Educacional
Psicologia Escolar e Educacional deve discutir as possibilidades e limites na construção de políticas públicas de educação comprometidas socialmente com as classes populares; eis aqui a questão relativa às perspectivas colocadas para essa área de conhecimento e campo de atuação.
Disso resulta a afirmação de alguns princípios que podem ser expressos a partir das assertivas que seguem.
A educação é constituída por múltiplos determinantes, dentre os quais os fatores de ordem psicológica; portanto, a psicologia tem contribuição para a Educação.
Que seja uma psicologia capaz de compreender o processo ensino-aprendizagem e sua articulação com o desenvolvimento, fundamentada na concreticidade humana (determinações sócio-históricas), compreendida a partir das categorias totalidade, contradição, mediação e superação. Deve fornecer categorias teóricas e conceitos que permitam a compreensão dos processos psicológicos que constituem o sujeito do processo educativo e são necessários para a efetivação da ação pedagógica.
A psicologia deve assumir seu lugar como um dos fundamentos da educação e da prática pedagógica, contribuindo para a compreensão dos fatores presentes no processo educativo a partir de mediações teóricas "fortes", com garantia de estabelecimento de relação indissolúvel entre teoria e prática pedagógica cotidiana.
Esta psicologia deve propiciar a compreensão do educando a partir da perspectiva de classe e em suas condições concretas de vida, condição necessária para se construir uma prática pedagógica realmente inclusiva e transformadora.
A psicologia como um dos fundamentos do processo formativo do educador deve propiciar o reconhecimento do educador/professor como sujeito do processo educativo, traduzindo-se na necessidade de mudanças profundas das políticas de formação inicial e continuada desse protagonista fundamental da educação.
Por sua vez, a ação do psicólogo escolar deve pautar-se no domínio do referencial teórico da psicologia necessário à educação, mediatizado necessariamente por conhecimentos que são próprios docampo educativo e das áreas de conhecimento correlatas. O próprio referencial teórico que aqui defendemos implica o trânsito por outros saberes (totalidade). Daí, a necessidade de superação das práticas tradicionais do psicólogo escolar, muitas vezes pautadas ainda numa perspectiva, nem sempre consciente ou assumida, de ação clínico-terapêutica.
Em outras palavras, afirmamos uma psicologia escolar comprometida radicalmente com a educação das classes populares, que supere o modelo clínico-terapêutico disfarçado e dissimulado ainda presente na representação que o psicólogo tem de sua própria ação, entendendo que a representação e, conseqüentemente, as expectativas que os demais profissionais da educação têm da psicologia só serão superadas pela própria prática do psicólogo escolar.
Mudanças efetivas só ocorrerão a partir do envolvimento do psicólogo com as questões concretas da educação e da prática pedagógica; é necessário superar o preconceito de não querer tornar-se "pedagogo". O psicólogo não é pedagogo, mas se quiser trabalhar com educação terá que mergulhar nessa realidade como alguém que faz parte dela, reconhecendo-se como portador de um conhecimento que pode e deve ser socializado com os demais educadores, tanto no trabalho interdisciplinar, como na formação de educadores, sobretudo professores; que detém um saber que pode contribuir com os processos sócio-institucionais da escola; tem um conhecimento específico que pode e deve reconhecer o que é próprio de sua formação profissional, e, ouso afirmar, algumas vezes inclusive de caráter clínico-terapêutico, voltado para casos individuais; possui ou pode desenvolver conhecimentos importantes para a gestão de sistemas e redes de ensino, sobretudo no âmbito de diagnósticos educacionais (avaliação institucional, docente, discente etc.) e na intervenção sobre tais resultados.
Considerações Finais
As questões aqui expostas constituem-se em elaborações também situadas num dado momento histórico e numa dada perspectiva teórica e conseqüentemente política, que reflete concepções de homem, sociedade, educação, psicologia e, sobretudo, de Psicologia Escolar e Educacional circunscritas. Isso significa que esta é uma dentre muitas posições acerca dessa área de conhecimento e campo de práticas. É, portanto, importante que se estabeleça um amplo diálogo entre posições e perspectivas, que permitam o avanço dessa área de saber e o aperfeiçoamento das práticas a ela correlatas.
Entretanto, há dois aspectos que devem ser considerados nessa discussão e que remetem a aspectos cujas qualidades são muito distintas, mas que devem fazer-se invariavelmente presentes.
A primeira questão diz respeito à possibilidade de inserção do psicólogo escolar em seu campo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional proíbe deduzir dos 25% dos orçamentos públicos os salários de profissionais responsáveis por "atendimento médico, odontológico, psicológico e fonoaudiológico". Isso parece impedir, numa primeira leitura, a presença do psicólogo nesse campo sobre o qual incide toda nossa discussão. É preciso, no entanto, que se analise mais profundamente o texto da lei e os significados a ele subjacentes, cotejando-os com as questões aqui abordadas.
É compreensível e aceitável essa prescrição legal, pois, pela maneira como está colocado o serviço psicológico, deduz-se que a concepção que lhe dá base carrega a noção de atendimento clínico-terapêutico, de incidência individual e apartada das questões propriamente escolares. De um lado, a palavra utilizada é "atendimento", termo este já tradicionalmente relacionado a um modelo médico; por outro lado, e corroborando essa interpretação, o "psicológico" é acompanhado de "médico", "odontológico" e, na esteira da própria concepção de psicologia aí expressa, de "fonoaudiológico". Dada nossa concepção de Psicologia Escolar e Educacional, pode-se dizer que a psicologia a que a lei se refere não é esta que defendemos.
Essa análise demonstra que se essa atuação da psicologia não é reconhecida pela LDB como ação própria da educação, do que não discordamos, há por outro lado, uma atuação que pode ser considerada como de caráter eminentemente educacional e que tem sua prática pautada na instituição escolar e nas demandas a ela inerentes.
Com base nessa consideração, impõe-se uma discussão a respeito dessa questão, que deve subsidiar o esclarecimento aos órgãos direta e indiretamente relacionados a essa prescrição legal, além de um encaminhamento mais direto, com vistas à defesa da inserção de uma determinada prática que pode contribuir com a melhoria da educação brasileira, não como reivindicação motivada por interesses corporativistas, mas como concretização de uma luta cujo motivo primeiro é seu compromisso radical com a educação das classes populares.
A derradeira questão é de natureza ética e, sob um determinado foco, pode ser exemplificada pelo problema acima discutido. Devemos invariavelmente pautar toda e qualquer discussão sobre a Psicologia em geral e sobre a Psicologia Escolar e Educacional em especial sobre a questão ética, entendendo-a não como prescrição de normas, nem como tema da moda, mas como ética social, que se questiona e que se pergunta constantemente sobre o que fazemos, para quem, com que finalidade e a que interesses servimos.
Este é o ponto a partir do qual se deve retornar ao início dessa discussão. A história demonstra pactos entre psicologia, educação e sociedade que penderam para interesses contraditórios e opostos, na maioria das vezes em contraposição aos direitos das classes populares. Da compreensão desse processo, podemos nos lançar de maneira mais efetiva à construção de uma Psicologia Escolar e Educacional comprometida de fato com uma educação democrática, submetida aos interesses dessas classes. Este é, por sua vez, o compromisso que define e determina as perspectivas que estão postas para essa área de conhecimento e campo de atuação do psicólogo.

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