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Disciplina: TANATOLOGIA Discentes: Agna de Oliveira Michele Alexandria Magda da Silva Rogéria Caetano Vanessa Almeida Vanessa Michele Dias Docente: Patrícia Mara MISTANÁSIA FECHE OS OLHOS E PENSE! COMO EU GOSTARIA DE MORRER? QUAL SERIA A MORTE IDEAL? PREPARE-SE PARA VER A REALIDADE MISTANÁSIA? QUE PALAVRA ESTRANHA, O QUE SIGNIFICA? Mistanásia da etimologia grega mys=infeliz; thanathos=morte. MISTANÁSIA (morte miserável, infeliz, precoce e evitável). O ano de 2014 marcou os 25 anos do surgimento do neologismo mistanásia em terras brasileiras. Esse termo foi cunhado em 1989 por Márcio Fabri dos Anjos, eminente bioeticista brasileiro. Na verdade, trata-se de um conceito já subjacente nas reflexões bioéticas, especialmente na América Latina, mas que ainda não ganhou plena cidadania como outros termos bioéticos ligados ao final da vida, já consagrados, tais como eutanásia, ortotanásia e distanásia. MISTANÁSIA O tema que sempre aparece em manchetes na mídia é eutanásia, frequentemente confundida com outros significados, que por vezes alimentam polêmicas e confusões, que em nada ajudam. A eutanásia hoje é entendida como abreviação da vida. Em uma situação de dor e sofrimento ditos “intoleráveis”, há a solicitação da pessoa de tirar a vida, e alguém o faz atendendo essa solicitação. O oposto da eutanásia é a distanásia, ou seja, quando há o prolongamento fútil e inútil do processo de morrer. MISTANÁSIA Estando a pessoa em fase terminal, sem perspectivas de cura do ponto de vista científico médico, continua-se a investir em terapias salvadoras de vida. Na literatura norte-americana, esse é denominado de “futilidade médica”, na Europa fala-se em “encarniçamento terapêutico”, e no Brasil fala-se de obstinação terapêutica, ou “ações ou terapêuticas inúteis ou obstinadas” (cf. Código de Ética Médica Brasileiro, 2009). Um médio termo entre esses dois extremos é o que chamamos de ortotanásia, ou seja, a morte certa no lugar e momento certo. Seria a morte natural, sem abreviações de um lado, nem prolongamentos indevidos de outro. É o que a filosofia dos cuidados paliativos procura implementar. MISTANÁSIA O conceito de mistanásia vem preencher uma lacuna sentida no habitual trio eutanásia, distanásia e ortotanásia. Na literatura bioética, até recentemente, para se falar de morte social, causada pela pobreza, violência e desigualdade, utilizava-se o termo “eutanásia social”. Na verdade, se formos ver pela etimologia da palavra, o sentido desse vocábulo seria uma morte em paz sem dor ou sofrimento, em nível social; no entanto, é exatamente o contrário que ocorre. Aqui o despedir-se da vida é marcado por sofrimento, abandono, indiferença e violência, entre outros elementos degradantes que violentam a dignidade do ser humano. Não tem nada de “boa morte”, trata-se de uma “morte infeliz”, considerando-se o neologismo de origem grega. É a vida banalizada, “abreviada antes do tempo”, em nível social. Não se trata da “morte de alguém” apenas, mas da “morte de muitos” que, antes de sua morte física, praticamente já estão “mortos socialmente”, numa sociedade que descarta as pessoas, principalmente as mais vulneráveis – do ponto de vista social –, como descarta coisas imprestáveis. MISTANÁSIA Mistanásia por imperícia: Deixar de diagnosticar em tempo uma doença que poderia ter sido tratada e curada porque o médico não se atualizou; Mistanásia por Imprudência: O médico não vê sentido em perder tempo com pacientes desenganados, agindo de forma precipitada, sem refletir sobre o caso; Mistanásia por Negligência: Atos que provocam danos ao paciente crônico ou terminal, aumentando seu sofrimento e tornando mais miserável sua morte por desinteresse do médico. MISTANÁSIA Tipos: VIDA, DIGNIDADE E MORTE: CIDADANIA E MISTANÁSIA Num mundo em que as violações aos direitos humanos são cotidianas e as assimetrias sociais e econômicas são abissais, não se pode calar sobre a defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana. A discussão sobre a tutela de tais direitos é cada vez mais pertinente em face da globalização e da perversidade dos sistemas econômicos e do avanço implacável, e muitas vezes irresponsável, da ciência e da tecnologia. No Brasil, país que se pretende um Estado democrático de direito, pecando por seu sofrido histórico de políticas públicas equivocadas, corrupção endêmica, dificuldade do acesso à justiça e ineficácia na aplicação das leis, é ainda mais inadiável uma reflexão sobre os direitos subjetivos e inatos de cada um de nós. Este é o entendimento de grandes juristas. Bobbio (1992, pg. 1) ressalta que: VIDA, DIGNIDADE E MORTE: CIDADANIA E MISTANÁSIA O reconhecimento e a proteção dos direitos do homem estão na base das Constituições democráticas modernas. A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o reconhecimento e a efetiva proteção dos direitos do homem em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo tempo, o processo de democratização do sistema internacional, que é o caminho obrigatório para a busca do ideal da paz perpétua, no sentido kantiano da expressão, não pode avançar sem uma gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção dos direitos do homem, acima de cada Estado. VIDA, DIGNIDADE E MORTE: CIDADANIA E MISTANÁSIA Em outas palavras, a democracia é a sociedade dos cidadãos; cidadãos se constituem pelo exercício de seus direitos e deveres fundamentais, garantidos pela constituição e protegidos pelo Estado. Será esta a realidade brasileira? Até que ponto os princípios fundamentais de cidadania e dignidade da pessoa humana têm sido respeitados? O Estado os tem garantido ao longo da vida de todos brasileiros ou só de alguns? Existe efetiva proteção no processo da morte? São muitas as questões sem resposta. CONSTITUIÇÃO DE 1988 Constituição da República Federativa do Brasil. TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Referências A morte social: mistanásia e bioética, de autoria de Luiz Antonio Lopes Ricci, é fruto do seu pós-doutorado realizado no Programa de Bioética (mestrado, doutorado e pós-doutorado) do Centro Universitário São Camilo (SP), nos anos de 2013-2014. VIDA, DIGNIDADE E MORTE: CIDADANIA E MISTANÁSIA Iusgentium, v.9, n.6 – 2014 – Edição Extra http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-322142-publicacaooriginal-1-pl.html
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