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1/5 Noções Básicas sobre Radiação Eletromagnética Um texto introdutório para graduandos de Biociências e Ciências da Saúde. Tarso Kist, 18/junho/2017. Introdução A radiação mais facilmente acessível às experiências do cotidiano é a radiação visível. Como consequência, foram encontradas lentes manufaturadas pelos Assírios que datam de 650 AC (Lente de Nimrud, Museu Britânico). Também foram encontradas lentes feitas no antigo Egito, Grécia, Babilônia e outras civilizações. Estas lentes em sua maioria eram convergentes. Portanto, é bem provável que eram usadas como lupas para inspeção visual ou mesmo para iniciar um fogo, por focalização da radiação solar. Existem alguns registros escritos dos séculos VI e V AC na cultura hindu contendo proposições e teorias inclusive sobre a natureza da luz. Mas o legado mais extenso e mais reconhecido é o do matemático grego Euclides do ano ~300 AC. Este legado forma a base de uma das primeiras “Teorias” da radiação. Ela chama-se Ótica Geométrica e está fortemente embasada no ramo da matemática chamado Geometria Plana. A palavra ótica vem do grego (Ὀπτικά) e significa visão. A origem da palavra “luz” é bem controversa, mas no grego ela é um substantivo, o causador da “claridade” ou do “brilho”, do sol por exemplo. Atualmente as palavras “radiação visível” e “luz” são sinônimas. As faixas da radiação chamadas ultravioleta, infravermelha e as demais que hoje conhecemos, eram desconhecidas para a maioria dos estudiosos envolvidos no desenvolvimento das primeiras teorias, pois não existem menções sobre estas naqueles textos antigos. Portanto, as primeiras teorias tinham como objeto tão somente a radiação visível, mas, como se pode demonstrar, a maioria delas “funciona” muito bem também pelo menos em algumas das outras faixas. As Principais Teorias e Modelos para a Radiação As várias Teorias e Modelos para a Radiação são exemplos muito interessantes e ilustrativos de como as Teorias Científicas surgem e se desenvolvem ao longo do tempo. A maioria delas não foram propostas por um único autor e nem mesmo numa data bem definida. Na maioria dos casos elas foram sendo elaboradas, por várias contribuições, ao longo de muitos anos ou séculos e muitas vezes de forma bem confusa e desorganizada. Nas páginas a seguir vamos apresentar resumidamente algumas das principais Teorias da radiação seguindo uma ordem cronológica: 1) Ótica Geométrica; 2) Ótica de Fermat; 3) Teoria do Eletromagnetismo e 4) Teoria Quântica. Existem algumas perguntas muito intrigantes que podemos sempre nos fazer já no início e ao longo do texto: - Será que existe uma teoria melhor que outra? Existe alguma teoria incompleta, incorreta ou errada? - As teorias tratam da natureza da radiação ou meramente fornecem modelos para que possamos usar e manipular a radiação? - O que de fato impulsiona o surgimento de uma nova teoria? Será a mera curiosidade científica? Será a necessidade? Ou será que elas são desenvolvidas para dar conta de explicar observações e fenômenos novos que são observados ao longo do tempo? 1) Ótica Geométrica A Ótica Geométrica está embasada em um conjunto de definições, postulados e leis, todas elas criadas a partir da observação de alguns fenômenos muito simples. Nesta teoria a luz é representada por “raios imaginários” (raios no sentido de linhas). Estes “raios” seguem as seguintes leis: 1) Propagação Retilínea: Em um meio homogêneo, transparente e isotrópico, os raios se propagam em linha reta. 2) Independência dos Raios: Quando dois raios de luz se cruzam, um não interfere na trajetória do outro, cada um se comportando como se o outro não existisse. 3) Reversibilidade dos Raios: Se revertermos o sentido de propagação de um raio de luz então ele percorrerá a mesma trajetória, mas em sentido contrário. 4) Lei de Snell: um raio que incide sobre uma interface entre dois meios com índices de refração n1 e n2 sofrerá reflexão e refração. Os raios de luz refletidos estão no plano de incidência, tal que o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência. Os raios de luz transmitidos estão no plano de incidência, e tal que o ângulo de refração está relacionada com o ângulo de incidência com a fórmula: n1 sen(A) = n2 sen(B), onde n1 é o índice de refração do meio de incidência, n2 do meio de refração, A é o ângulo de incidência e B o ângulo de refração. Da lei de Snell obtém-se as leis das lentes convergentes e também a 2/5 equação fundamental das lentes convergentes: 1/o + 1/i = 1/f, onde o é a distância da lente ao objeto, i a distância de lenta à imagem e f a distância focal da lente. 2) Ótica de Fermat ou Princípio de Fermat As leis da ótica geométrica podem ser deduzidas de forma muito interessante usando um único princípio, o princípio de Fermat. Ele foi postulado por Pierre de Fermat em 1657 e tem o seguinte enunciado: “Um raio de luz ao se propagar entre dois pontos de um sistema ótico qualquer, sempre o fará seguindo o caminho que requer o menor tempo de trânsito". Para deduzir as leis da ótica geométrica a partir do princípio de Fermat, é necessário fazer a distinção entre “caminho geométrico” e “caminho ótico" de um raio de luz. A velocidade da luz varia de um meio para outro, por isso a importância da definição de índice de refração n de um meio: n = velocidade da luz no vácuo / velocidade da luz no meio. Para água temos que n=1,33. Digamos que um ponto A está no ar a 0,5m acima da superfície de um lago. Um ponto B está a 0,5m abaixo da superfície. Além disso, vamos supor que horizontalmente eles estão afastados um do outro pela distância de 1m. Portanto, o caminho geométrico mais curto entre eles tem a distância de 21/2 m. Mas o tempo gasto pelo raio de luz seria maior se ele propagar-se por este caminho geométrico, visto que a velocidade dele na água é muito menor, já que o índice de refração da água é ~1,33. Portanto, o trajeto seguido por um raio de luz para ir do ponto A até B e que tenha o menor tempo de trânsito, será tal que a distância propagada no ar seja um pouco maior e na água um pouco menor, assim, o tempo de trânsito terá um mínimo. É fácil observar, usando trigonometria, que o caminho percorrido contém exatamente os ângulos de incidência e de refração previstos pela lei de Snell. Uma outra maneira de se chegar ao mesmo resultado é usar o cálculo variacional. Nele, primeiro calcula-se o caminho ótico total, que é definido como sendo o índice de refração do ar multiplicado pela distância propagada no ar (desde o ponto A) mais o índice de refração da água multiplicado pela distância percorrida na água para atingir o ponto B. Este caminho ótico pode ser expresso, por exemplo, em função do ângulo de incidência. Em seguida faz-se o cálculo variacional, isto é, a derivada do caminho ótico total em relação ao ângulo de incidência. Faz-se esta derivada ser igual a zero, tem que ser um extremo (no caso procura-se um mínimo). O resultado fornecerá novamente os ângulos previstos pela lei de Snell. Portanto, por vários motivos, pode-se dizer que a teoria de Fermat é mais abrangente que a ótica geométrica. Primeiro, porque com ela pode-se deduzir as próprias leis da ótica geométrica. Segundo, porque ela tem uma abrangência muito maior nas aplicações, apesar dos cálculos, em algumas situações, serem mais trabalhosos. 3) Teoria do Eletromagnetismo As equações fundamentais da teoria do eletromagnetismo foram publicadas pela primeira vez em 1862, por J. C. Maxwell. Porém uma grande quantidade de experimentos e observações ocorreram nas décadas precedentes e foram fundamentais para o desenvolvimento desta teria. Vamos lembrar somente algumas destas contribuições mais marcantes. Em 1665 Isaac Newton mostrou que a luz branca, ao atravessar um prisma, decompõe-se em diversas cores. Isaac Newton acreditava que a luz era composta de partículas, mas ChristianHuygens acreditava que a luz era uma onda. Em 1803, Thomas Young conduziu um clássico experimento (o da fenda dupla) que demonstrou a natureza ondulatória da luz. Mas de fundamental importância foram as leis de Gauss, Ampère, Faraday e Lorentz, pois uma análise minuciosa destas últimas sugere a existência de uma profunda relação entre os campos elétricos e magnéticos. É como se a variação no tempo do campo elétrico gerasse o campo magnético e também o contrário. Assim, foram deduzidas as quatro equações do eletromagnetismo em sua forma diferencial por J. C. Maxwell em 1962. A partir desta teoria foi prevista a existência das ondas eletromagnéticas. Nesta época Fizeau e outros já haviam realizado várias medidas da velocidade da luz, algumas bem próximas do valor estabelecido como padrão atualmente. Então Maxwell sugeriu que a luz também é uma forma de onda eletromagnética. Nas palavras dele: “A velocidade das ondas transversais em nosso meio hipotético, calculada a partir dos experimentos electromagnéticos dos Srs. Kohrausch e Weber, concorda tão exatamente com a velocidade da luz, calculada pelos experimentos óticos do Sr. Fizeau, que é difícil evitar a inferência de que a luz consiste nas ondulações transversais do mesmo meio que é a causa dos fenômenos elétricos e magnéticos." A existência das ondas previstas por J. C. Maxwell foram confirmadas experimentalmente por Heinrich Hertz somente entre 1986 e 1989. Ele gerou e detectou ondas de baixa frequência. Com o passar dos anos a Teoria do Eletromagnetismo se mostrou muito abrangente e foi aplicada a uma gama muito vasta de situações. Até os dias atuais ela continua sendo amplamente empregada. Como consequência, 3/5 Radiação Eletromagnética e Ondas Eletromagnéticas tornaram-se as expressões para denotar os “raios” da Ótica Geométrica. Dentro da Teoria do Eletromagnetismo pode-se mostrar que a radiação eletromagnética (REM) é emitida por cargas oscilantes e dipolos elétricos oscilantes. Portanto, ela é emitida por qualquer corpo que possua temperatura acima de zero absoluto (0 Kelvin). Assim, todo corpo com temperatura absoluta acima de zero pode ser considerado como uma fonte de radiação. O Sol, as nuvens, a superfície terrestre e a do mar e de lagos são as principais fontes naturais de radiação eletromagnética na bioesfera. A energia eletromagnética não precisa de um meio material para se propagar, sendo definida como uma energia que se move na forma de ondas eletromagnéticas à velocidade da luz (~300.000 km/s). Dado que a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas é diretamente proporcional à sua frequência e comprimento de onda, esta pode ser expressa por: ܿ ൌ ݂ λ. Onde: c é a velocidade da luz (m/s), f a frequência (ciclos/s ou Hz) e λ o comprimento de onda (m). A Figura abaixo apresenta um esquema dos campos elétrico (E) e magnético (M) e as oscilações mencionadas. Figura 1: Flutuações dos campos elétrico (E) e magnético (M) de uma onda. XZ: plano de oscilação do campo elétrico, YZ: plano de oscilação do campo magnético, Z: direção de propagação da onde eletromagnética. No modelo ondulatório então a REM é caracterizada em comprimentos de onda que representam a distância entre dois pontos de igual intensidade dos campos elétrico e magnético. O conjunto de comprimentos de onda que compõem a REM é conhecido como Espectro Eletromagnético. A equação da função que representa o campo elétrico (E) da figura acima é dada por: ܧሺݔ, ݐሻ ൌ ܧ௫ senሺ ଶగ௫ఒ ߮ሻ, onde a constante φ é a fase inicial (em t = 0). Para obter a função de onda num instante diferente, teremos que substituir x por (x – c t), já que a onda se propaga no sentido positivo do eixo dos x, com velocidade c. A energia eletromagnética pode ser ordenada de maneira contínua em função de seu comprimento de onda ou de sua frequência, sendo esta disposição denominada de "espectro eletromagnético". Este apresenta subdivisões de acordo com as características de cada faixa. Cada subdivisão é função do tipo de processo físico que dá origem a energia eletromagnética, do tipo de interação que ocorre entre a radiação e o objeto sobre o qual esta incide e da transparência da atmosfera em relação à radiação eletromagnética. Este espectro eletromagnético estende-se desde comprimentos de onda muito curtos associados aos raios cósmicos, até as ondas de rádio de baixa frequência e grandes comprimentos de onda, como mostra a figura abaixo. Figura 2: Espectro Eletromagnético. Fonte: FIGUEIREDO (2005). 4/5 As faixas do espectro eletromagnético: Radiação Gama (γ): é emitida por transições nucleares em materiais radioativos. |Por ser muito penetrante (alta energia) tem aplicações em medicina (radioterapia e diagnóstico) e em processos industriais (radiografia industrial). Raios X: é produzido através do freamento de elétrons de grande energia cinética e transições das camadas K e L de elementos pesados. Radiação Ultravioleta (UV): é produzida em grande quantidade pelo Sol, sendo emitida na faixa de 1 nm até mais ou menos 390 nm. Radiação Visível (ou Luz): é o conjunto de radiações eletromagnéticas que podem ser detectadas pelo sistema visual humano. Infravermelho: é região do espectro que se estende de 0,7 a 1000 µm. Microondas: são radiações eletromagnéticas produzidas por transições rotacionais em moléculas e também por sistemas eletrônicos (osciladores em fornos de microondos, por exemplo). Corresponde a faixa de 1 mm até cerca de 1m, ou seja, no intervalo de frequências de 300 GHz a 300 MHz. Os feixes de micro-ondas são emitidos e detectados também pelos sistemas Radar (RAdio Retection And Ranging). Ondas de Rádio: é o conjunto de energias de frequência menor que 300 GHz (comprimento de onda maior que 1m) e são utilizados em equipamentos de Ressonância Magnética e em estações de rádio AM e FM. Faixas do Ultravioleta UVC: 200 a 280nm UVB: 280 a 315nm UVA: 315 a 390 nm Faixas do Visível Violeta: 390 a 420 nm Lilás: 420 a 450 nm Azul: 450 a 490 nm Verde: 490 a 580 nm Amarelo : 580 a 600 nm Alaranjado: 600 a 620 nm Vermelho: 620 a 700 nm Faixas do Infravermelho IV próximo: 0,7 a 1,3 µm IV médio: 1,3 a 6 µm IV distante: 6 a 1000 µm Figura 3. Opacidade da atmosfera terrestre para os diferentes comprimentos de onda e faixas da radiação. O sol emite muita radiação no visível, para a qual a atmosfera terrestre é bastante transparente. Porém, a crosta terrestre está em média numa temperatura tal que o principal mecanismo de resfriamento é a emissão de volta para o espaço de radiação na faixa do infravermelha. Os gases de efeito estufa (CO2, H2O, CH4 e outros) são importantes porque absorvem no infravermelho e, portanto, retém esta radiação (calor). Isto é importante, pois dá à terra a temperatura adequada para a vida que observamos. Porém, a concentração excessiva destes gases na atmosfera poderá aumentar em demasia a temperatura média na superfície terrestre, podendo ameaçar de extinção uma quantidade muito grande de espécies de animais e vegetais. 4) Teoria Quântica A teoria quântica se desenvolveu intensamente a partir da década de 1920. Nela, a radiação é representada por um ente matemático chamado “vetor de estado”. Existem várias notações para este vetor de estado, tais como: funções de onda, matrizes ou um símbolo genérico como ψ(t). Segundo a teoria quântica os sistemas evoluem no tempo segundo a equação de Schrödinger, ݅ ћ ݀߰/݀ݐ ൌ ܪ ߰, 5/5 onde i é o número imaginário, ћ é a constante de Planck dividida por 2π e H é o operador Hamiltoniano (Operador relacionado à energia total do estado da radiação). O vetor de estado não tem nenhum significado físico em si, mas a partir dele pode-se calcular o valoresperado de qualquer observável a qualquer tempo. Nesta teoria, os valores do campo elétrico e do campo magnético podem ser previstos ou calculados, num certo ponto do espaço e num certo instante de tempo. Basta calcular os valores esperados dos respectivos “operados”, operador campo elétrico e operador campo magnético. A Teoria Quântica permite modelar e fazer previsões sobre os resultados das medidas de uma diversidade muito grande de sistemas, tais como: eletroesfera dos átomos, núcleo dos átomos, materiais semicondutores, moléculas orgânicas e inorgânicas, radiação, sistemas em interação (por exemplo: átomos e moléculas interagindo com a radiação) e muitos outros. Para o caso específico da radiação, existem várias relações importantes previstas pela teoria quântica. Uma delas é de que a energia da radiação é quantizada em pacotes chamados fótons: E = nhf, onde n é um número inteiro, positivo e maior ou igual a zero, h é a constante de Planck e f é a frequência da radiação. Ou seja, numa certa região confinada do espaço só é possível “detectar” (ou medir) um número inteiro de fótons. Ou seja, o valor de E será: E = 0, ou E = hf, ou E = 2hf, ... Da mesma forma ao se medir a energia dos elétrons nos átomos existem somente alguns valores bem definidos de energia que são observados. Portanto, diz-se que a energia dos elétrons nos átomos é quantizada. Como consequência os elétrons nos átomos não se encontram em qualquer lugar, eles ocupam espaços bem definidos e com probabilidades bem definidas, os chamados orbitais. As transições entre os orbitais envolvem a absorção ou emissão de valores de energia bem definidos. Por fim, deve ser enfatizado que a “Radiação Eletromagnética” na Teoria Quântica é representada por uma entidade matemática chamada de vetor de estado e que os campos elétricos e magnéticos são meramente dois dos muitos observáveis. Além disso, os campos elétrico e magnético são meras definições. Portanto, dizer que a radiação eletromagnética é “feita de um campo elétrico e de um campo magnético” também deve ser visto simplesmente como um modelo representativo. Conclusão Para muitas situações a teoria da Ótica Geométrica funciona muito bem, por exemplo: para o projeto de muitos instrumentos óticos, para prever o trajeto da luz na passagem por vários meios e assim por diante. Isto também seria possível tratar com a teoria do Eletromagnetismo e até mesmo com a teoria Quântica, mas os cálculos seriam muito mais trabalhosos. Portanto, pode-se dizer que as teorias mais recentes são muito mais abrangentes que as anteriores, mas isso não quer dizer que as anteriores sejam menos importantes ou úteis. Ou seja, uma teoria tão antiga como a ótica geométrica é muito adequada para uma grande quantidade de situações experimentais. Uma visão mais crítica pode, por exemplo, argumentar as “ondas eletromagnéticas” são uma mera abstração. Assim como também é uma abstração representá-las por “raios”, “vetores de estado” ou “fluxo de fótons”. Em outras palavras, para os mais críticos, o emprego do vocábulo tal como “ondas eletromagnéticas”, por exemplo, significa meramente que estamos falando de um modelo dentro do contexto de uma teoria, mas não necessariamente se referindo à natureza dos objetos em si. Por fim, a situação de várias teorias sucessivas e sempre mais abrangentes, ocorre também em muitas outras áreas. A título de mera ilustração cabe lembrar as terias e modelos atômicos da matéria. Nela temos o modelo atômico de Dalton de 1803 (ou das “esferas maciças”), o modelo de Thompson (ou modelo do “pudim de ameixas”), o modelo atômico de Rutherford (também conhecido como “modelo planetário do átomo”), o modelo atômico de Sommerfeld, o modelo atômico de Bohr e o modelo atômico segundo a Mecânica Quântica. O modelo de Dalton é muito útil em algumas situações, por exemplo para calcular o diâmetro dos átomos numa amostra de sal ou metal. O modelo atômico de Bohr permite calcular de forma muito simples os raios das camadas, mas é claro, a Teoria Quântica fornece valores muito mais exatos e condizentes com a maioria dos experimentos feitos até hoje. Esta última também propicia a formulação de modelos para uma quantidade muito maior de situações e problemas. Então pode-se dizer que esta última é muito mais abrangente que as anteriores.