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Capitao Pitaluga Liderança

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cap Cav SAULO FREIRE LANDGRAF 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATUAÇÃO DO CAPITÃO PLÍNIO PITALUGA, COMANDANTE 
DO 1º ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO MECANIZADO 
DURANTE A II GUERRA MUNDIAL, POR OCASIÃO DOS 
COMBATES EM COLLECCHIO-FORNOVO E OS 
ENSINAMENTOS COLHIDOS PARA LIDERANÇA MILITAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2013
1 
 
CAP CAV SAULO FREIRE LANDGRAF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATUAÇÃO DO CAPITÃO PLÍNIO PITALUGA, COMANDANTE DO 1º 
ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO MECANIZADO DURANTE A II GUERRA 
MUNDIAL, POR OCASIÃO DOS COMBATES EM COLLECCHIO-FORNOVO E OS 
ENSINAMENTOS COLHIDOS PARA LIDERANÇA MILITAR 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Escola de 
Aperfeiçoamento de Oficiais como 
requisito parcial para a obtenção do Grau 
Especialização em Ciências Militares. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Maj Hildebrando Balbino de Andrade 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2013
2 
 
CAP CAV SAULO FREIRE LANDGRAF 
 
 
 
ATUAÇÃO DO CAPITÃO PLÍNIO PITALUGA, COMANDANTE DO 1º 
ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO MECANIZADO DURANTE A II GUERRA 
MUNDIAL, POR OCASIÃO DOS COMBATES EM COLLECCHIO-FORNOVO E OS 
ENSINAMENTOS COLHIDOS PARA LIDERANÇA MILITAR 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Escola de 
Aperfeiçoamento de Oficiais como 
requisito parcial para a obtenção do Grau 
de Especialização em Ciências Militares. 
 
Aprovado em: _____/_____/_______ 
 
 
 
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO 
 
 
_______________________________ 
Presidente 
 
 
________________________________ 
Membro 
 
 
___________________________ 
Membro
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço ao meu Deus, criador e formador de todas as coisas. 
À minha esposa, que entendeu os poucos tempos de lazer em face da 
execução do trabalho de conclusão de curso. 
Aos oficiais do curso de cavalaria da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais 
pelo tratamento despendido aos capitães enquanto alunos e o profissionalismo em 
todos os momentos do ano de instrução. 
 
 
4 
 
RESUMO 
 
O estudo da doutrina de liderança militar é um dos componentes mais 
importantes para a eficiência de um Exército e a Segunda Guerra Mundial foi o 
último grande conflito que o Exército Brasileiro participou. Nesta campanha se 
destaca o nome de um dos comandantes de subunidade mais eficientes de toda 
tropa brasileira, o então capitão Plínio Pitaluga, comandante do 1º Esquadrão de 
Reconhecimento Mecanizado. Este trabalho buscou obter e integrar os conceitos 
básicos relativos às partes do tema em estudo com o objetivo de responder se a 
atuação do Cap Plínio Pitaluga, durante as ações em Collecchio-Fornovo, pode ser 
considerado um exemplo de liderança aplicável no estudo da doutrina da liderança 
militar nos dias atuais. O trabalho baseou-se em uma pesquisa bibliográfica 
fundamentada em autores reconhecidos no meio acadêmico, delimitada ao estudo 
deste militar naquela ocasião. Os dados obtidos no trabalho indicam que o exercício 
da liderança pelo militar estudado durante a campanha da Força Expedicionária 
Brasileira na Segunda Guerra Mundial influenciou de maneira significativa o 
resultado das operações militares desenvolvidas pela tropa a comando do referido 
militar. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Liderança Militar, 1º Esquadrão de Reconhecimento 
Mecanizado, Plínio Pitaluga, Collecchio-Fornovo. 
5 
 
 
ABSTRACT 
 
The knowledge of military leadership is one of the most important components 
for the efficiency of the Army and Second World War was the biggest conflict that the 
Brazilian Army participated. On this campaign, stands out the name of Plínio 
Pitaluga, the commander of Expeditionary Brazilian Force's Reconnaissance Troop. 
That research, based on this, looked for to obtain and to integrate the relative basic 
concepts of the parts of the theme of the study with the objective of understanding if 
the action of Capt Plínio Pitaluga, in the battle of Collecchio-Fornovo, it’s an example 
of leadership in nowadays studies. The work based on a research with bibliography 
of recognized authors in the academic environment, delimited to the study of Captain 
Pitaluga in that occasion. The data obtained in the work indicate that the military 
leadership developed by the one studied during the campaign of the Brazilian 
Expeditionary Force in Second World War influenced in a significant way, and 
increased the result of the military operations developed by the troop under his 
command. 
 
KEY WORDS: Military Leadership, Expeditionary Brazilian Force's Reconnaissance 
Troop, Plínio Pitaluga, Collecchio-Fornovo. 
 
 
6 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8 
1.1 PROBLEMA .................................................................................................. 8 
1.2 OBJETIVO .................................................................................................. 10 
1.3 QUESTÕES DE ESTUDO .......................................................................... 10 
1.4 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 11 
2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 12 
2.1 O EXÉRCITO BRASILEIRO NA 2ª GUERRA MUNDIAL ........................... 12 
2.1.1 A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) ................................. 13 
2.1.2 Origens e preparo do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado 14 
2.1.3 A atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado ............. 15 
2.1.3.1 Antecedentes da Ofensiva da Primavera (16 Jul 44 a 6 Abr 45) ................ 16 
2.1.3.2 Ofensiva da Primavera ............................................................................... 19 
2.1.3.2.1 O Ataque a Monte Castelo ......................................................................... 20 
2.1.3.2.2 Perseguição Após Monte Castelo .............................................................. 21 
2.1.3.2.3 De Collecchio à Fornovo di Taro (25 a 28 de abril de 1945) ...................... 25 
2.2 LIDERANÇA MILITAR ................................................................................ 31 
2.2.1 Definição de Liderança ............................................................................ 31 
2.2.2 Estilos de Liderança ................................................................................. 32 
2.2.3 Competências do líder militar ................................................................. 33 
2.3 CONCLUSÃO PARCIAL............................................................................. 37 
2.3.1 Dimensão quantitativa ............................................................................. 38 
2.3.2 Dimensão tecnológica ............................................................................. 38 
2.3.3 Dimensão organizacional ........................................................................ 38 
2.3.2 Dimensão societária ................................................................................. 39 
7 
 
3 METODOLOGIA ........................................................................................ 40 
3.1 TIPO E NATUREZA DA PESQUISA .......................................................... 40 
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA .............................................................. 40 
3.2.1 Procedimentos para a Revisão de Literatura ......................................... 41 
3.2.2 Procedimentos Metodológicos ............................................................... 42 
4RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 43 
5 CONCLUSÕES .......................................................................................... 45 
 
 
 
8 
 
1 . INTRODUÇÃO 
 
Em 20 de setembro de 1944, do 1º Esquadrão de Reconhecimento 
Mecanizado, menos o 2º Pelotão parte, junto com o 2º Escalão da Força 
Expedicionária Brasileira (FEB), para uma terra para eles desconhecida. O perigo 
iniciava-se a partir do desatracamento do navio de transporte americano "Gen 
MANN" com destino à península Itálica, onde a Guerra os aguardava, pois se 
deslocaram por águas infestadas de submarinos inimigos. 
Entre os passageiros encontrava-se o 1º Tenente de Cavalaria Plínio Pitaluga 
em companhia de outros oficiais e praças que fizeram a história da FEB. Apesar de 
uma história rica de sacrifícios e acontecimentos estoicos, no estudo da "Liderança 
Militar" poucas são as referências atribuídas aos "febianos". Os motivos para isso 
são diversos, mas injustificáveis. 
O presente trabalho procurou trazer à lume aspectos relativos à liderança do 
Capitão Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado 
durante a II Guerra Mundial, por ocasião dos combates em Collecchio-Fornovo, e os 
ensinamentos colhidos para a liderança militar. 
 
 
1.1 PROBLEMA 
 
O estudo de táticas e formas de combater, aliado ao desenvolvimento de 
armamentos capazes de neutralizar as forças oponentes, por vezes parece ser a 
única forma para se atingir a eficiência no combate. Poucas vezes se procura 
estudar e entender os efeitos da liderança militar para o desempenho das frações no 
combate. 
Neste sentido a AMAN e a EsAO mantém em suas grades curriculares o 
estudo da liderança militar a fim de instrumentar os comandantes militares no 
desempenho da liderança em suas futuras unidades. Durante esses períodos 
acadêmicos, diversos exemplos de liderança são analisados, porém, embora exista 
farta documentação que pode retratar sobre o período, infelizmente há dificuldade 
em encontrar informações sobre o tema em tela. Mesmo com o advento da internet 
e agregando fontes digitais, pouco se constitui fonte sólida e conclusiva sobre o 
assunto em voga. 
9 
 
Portanto, esta obra buscou fatos relacionados ao Cap Plínio Pitaluga, 
comandante do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, durante os 
combates em Collecchio-Fornovo e tratou de relacioná-los com o estudo da 
liderança militar e se este exemplo de liderança é aplicável nos dias de hoje. 
Em consagrada obra o cientista político, Samuel P Huntington, define que o 
Poder Militar de uma Civilização (com "C" maiúsculo) possui quatro dimensões: a 
quantitativa - a quantidade de homens, armas, equipamentos e recursos; a 
tecnológica - a eficácia e sofisticação de armas e equipamentos; a organizacional - a 
coerência, disciplina, treinamento e moral da tropa e a eficácia dos relacionamentos 
de comando e controle; e a societária - a capacidade e disposição da sociedade de 
empregar a força militar de modo efetivo. 
Em tempos globalizados, coexistimos com diversas variáveis que influenciam 
as dimensões do Poder Militar evocado por Huntington. No horizonte de ferramentas 
do Exército Brasileiro que se mostram plausíveis para influenciar a dimensão 
organizacional e a dimensão societária surge a figura do líder e da liderança militar. 
Na História verifica-se a presença de líderes militares notáveis que tiveram 
grande influência em seu tempo e cujos exemplos inspiram a sociedade até os dias 
atuais. Leônidas de Esparta, Hannibal, Júlio César, Genghis Khan, Napoleão, 
Osorio, Caxias, Patton, Rommel, Churchill entre outros que conduziram seus 
exércitos e também suas nações a alcançar grandes conquistas. 
O que tornou estes homens líderes? O que os diferenciou? Provavelmente as 
atitudes, os valores que pregavam e, principalmente, os exemplos de coragem, 
camaradagem, iniciativa, que se difundiam entre seus comandados de maneira que 
fossem seguidos rumo ao desconhecido em tarefas árduas. Nesse sentido, a 
Segunda Guerra Mundial foi campo prolífico para o surgimento de líderes militares. 
Com a intenção de descrever os feitos de tão insigne chefe militar durante a 
Segunda Guerra Mundial surge o problema a ser trabalhado: 
A atuação do Cap Plínio Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de 
Reconhecimento Mecanizado da FEB, durante as ações em Collecchio-Fornovo, 
pode ser considerado um exemplo de liderança aplicável no estudo da doutrina da 
liderança militar nos dias atuais? 
 
10 
 
1.2 OBJETIVO 
 
A fim de procurar resposta à pergunta formulada como problema de 
investigação, "A atuação do Cap Plínio Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de 
Reconhecimento Mecanizado da FEB, durante as ações em Collecchio-Fornovo, 
pode ser considerado um exemplo de liderança aplicável no estudo da liderança 
militar nos dias atuais?", foram traçados o objetivo geral, para descrever a finalidade 
principal da investigação de estudo, e os objetivos específicos, que pretendem 
descrever o caminho lógico percorrido para solucionar o problema. 
O Objetivo Geral deste trabalho é identificar na atuação do Cap Plínio 
Pitaluga os exemplos de líder militar e extrair lições para o presente, verificando se 
essas ações podem ser aplicáveis nos dias atuais. 
A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram 
formulados os objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitirão o 
encadeamento lógico do raciocínio descritivo apresentado neste estudo: 
a) realizar uma pesquisa bibliográfica relacionada com a 2ª Guerra Mundial no 
que converge com o estudo em tela; 
b) descrever a criação da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária e do 1º 
Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado; 
c) descrever a participação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado 
nas Operações em Collecchio-Fornovo; 
d) descrever a fase de Treinamento na Itália; 
e) descrever os fundamentos teóricos da liderança militar. 
f) Quais os tipos de liderança evidenciados pelo Cap Plínio Pitaluga na 
operação supracitada. 
g) O arquétipo de liderança evidenciado harmoniza-se para os fins do estudo 
da liderança militar no Exército Brasileiro? 
 
1.3 QUESTÕES DE ESTUDO 
 
Algumas questões de estudo podem ser formuladas no entorno deste 
questionamento: 
a. Qual origem da FEB e do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado? 
11 
 
b. Quais as competências do líder? 
c. Por que Pitaluga? 
d. O que foram as ações em Colleccio-Fornovo, durante a Segunda Guerra 
Mundial? 
e. A atuação do Cap Pitaluga em Collecchio-Fornovo é um exemplo de 
liderança militar? 
Enfim, balizado por estas questões, espera-se que seja possível solucionar o 
problema de estudo e atingir os objetivos de pesquisa, conforme previamente 
formulados. 
 
1.4 JUSTIFICATIVA 
 
A vida e obra de diversos brasileiros são extenuantemente apresentadas 
como arautos do heroísmo e exemplos a serem seguidos. De fato, muitos vultos de 
nossa história deixaram uma sombra de valores que nos orgulha e fascina gerações, 
entre eles, podemos citar o Marechal Manoel Luís Osorio, o Marechal Cândido da 
Silva Rondon, a médica Zilda Arns Neumann, entre outros tantos exemplos de 
superação e dedicação patrióticos. 
Porém, por vezes, observamos contra-exemplos sociais sendo exaltados 
como se os feitos por eles protagonizados tivessem a relevância e o peso dos que 
dedicaram a sua vida pela causa da Pátria. 
Numa sociedade em que valores consumistas e amorais estranhos às 
tradições do Brasil são propagados intensamente pela mídia1, é imperativo que 
exaltemos os valores e tradições mais caras à profissão das armas.Neste sentido e 
com o objetivo de abrilhantar uma das mais belas páginas da História Militar 
Terrestre do Brasil, esse estudo buscou no exemplo de Pitaluga a liderança que 
molda o espírito do cavalariano encontrando nisso escopo e justificativa. 
 
1 RODRIGUES, ALEXANDRE SOBRAL LOBO - História Militar I/ Pub 20-0-3, p. 71 - Rio de 
Janeiro: EsAO, 2007. 
12 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
O presente estudo pretendeu apresentar dados e fundamentos teóricos para 
outros estudos que sigam nesta mesma linha de pesquisa, neste intuito a revisão de 
literatura buscou expor tais fatos de forma sucinta, no que diz respeito à atuação do 
Cap Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado nos 
combates de Collecchio-Fornovo e as bases doutrinárias do estudo da liderança no 
Exército Brasileiro. 
 
2.1 O EXÉRCITO BRASILEIRO NA 2ª GUERRA MUNDIAL 
 
Conforme Rodrigues (2007, pp.240-241)2: 
Durante os primeiros anos da Segunda Guerra, o governo do Estado Novo 
não tomou posição definida, mantendo neutralidade. 
Em janeiro de 1942, depois da Conferência de Chanceleres Americanos, o 
governo rompeu relações diplomáticas com as nações do Eixo, permitindo a 
instalação de bases navais e aéreas no Nordeste do Brasil. 
(...) 
Em 22 agosto de 1942, o afundamento de navios brasileiros levou o Brasil a 
declarar guerra ao Eixo, e já em 27 do mesmo mês reuniu-se pela primeira 
vez a "Comissão Militar Mista de Defesa Brasil - Estados Unidos" em 
Washington, deliberando sobre como seria a participação militar do Brasil 
na guerra, destacando-se: 
- o envio de um Corpo de Exército (CEx), a três Divisões de Infantaria (DI), 
mais os elementos de apoio, à África ou à Europa; 
- as unidades teriam organização igual às adotadas pela doutrina militar 
norte-americana (NA); 
- o envio de uma Força Aérea Expedicionária; 
(...) 
- a participação de oficiais brasileiros em estágios de instrução nos EUA; 
- o envio de militares norte-americanos como instrutores para o Brasil; 
Em 1943, a Marinha e a Força Aérea realizavam o patrulhamento da costa 
brasileira e do Atlântico Sul. Ainda em 1943, foi enviada para a Itália uma 
 
2 RODRIGUES, ALEXANDRE SOBRAL LOBO - História Militar I/ Pub 20-0-3, pp. 240-241 - 
Rio de Janeiro: EsAO, 2007. 
13 
 
esquadrilha da FAB. Em julho de 1944 partiu para a Itália o primeiro escalão 
da Força Expedicionária Brasileira (FEB). 
Em fevereiro de 1943, o Presidente norte-americano Franklin Delano 
Roosevelt, retornando de visita a Casablanca, no norte da África, esteve em 
Natal acompanhado do Presidente Getúlio Vargas, ocasião em que 
ratificaram os acordos de guerra entre Brasil e Estados Unidos. 
A 9 de agosto de 1943, foi ordenada a organização da 1ª Divisão de 
Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e das outras duas DIE, em 07 de janeiro 
de 1944. A organização das outras duas DIE foi cancelada após o 
embarque do 1º Escalão da FEB para a Itália em julho do mesmo ano. 
(RODRIGUES, 2007) 
 
Pelo exposto podemos constatar o curto espaço de tempo entre o início das 
hostilidades, a organização, o preparo e o envio das tropas brasileiras para o 
território italiano, esse aspecto seria um dos mais abordados por especialistas e 
historiadores nos anos posteriores a Guerra. 
 
2.1.1 A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) 
 
A 1ª DIE foi organizada conforme o modelo norte-americano, ficando assim 
constituída: Tropa Especial, Infantaria Divisionária, Artilharia Divisionária, Batalhão 
de Engenharia, Batalhão de Saúde. 
A 1ª DIE possuía as seguintes subunidades como elementos de manobra: o 
1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado na tropa especial, a Infantaria 
Divisionária (ID) da 1ª DIE, que possuía em seus de três Regimentos de Infantaria 
(RI), fora os elementos de comando e apoio (Cia Cmdo, Cia Saúde, Cia Sv, Cia de 
Obuses 105 mm, Cia Can AC 57 mm), três Batalhões de Infantaria compostos de 
três Cias de Fuzileiros, fora as subunidades de Cmdo e Ap (Cia Cmdo, Cia de 
Petrechos Pesados). 
A Artilharia Divisionária (AD) estava composta de uma Bia Cmdo, um 
Destacamento Saúde; um Grupo de Obuses autorrebocados de 155 mm, composto 
de uma Bia Cmdo, uma Bia Sv e três Bias de Obuses; e três grupos de obuses 105 
mm, a uma Bia Cmdo, uma Bia Sv e três Bias de obuses 105 mm. Compunha, 
ainda, a AD uma Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO), dotada de 10 
aeronaves "Piper Cub L. 4H". 
14 
 
A Engenharia da FEB foi composta de um Batalhão de Engenharia (9º 
Batalhão de Engenharia de Aquidauana - Mato Grosso), o qual era composto de 1 
Cia Cmdo Sv, 1 Destacamento de Saúde e 3 Cia Eng. O Batalhão de Saúde foi 
composto de 1 Cia de Triagem e 3 Cias de Evacuação. 
 
2.1.2 Origens e preparo do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado 
 
Por constituir novidades na estrutura organizacional divisionária brasileira, 
principalmente devido à influência americana, o 1º Esquadrão de Reconhecimento 
foi criado a partir do Decreto-lei nº 6.072-A, de 06 de Dez 43, e instalado no 2º 
Regimento Motomecanizado sediado na capital federal, sendo designado o 3º 
Esquadrão de Reconhecimento e Descoberta para participar da campanha da Itália. 
 
INSTALAÇÃO DO 1 ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO 
Aviso n 573-485. Reservado. Em 13-XII-1943 
É mandado instalar, provisoriamente, no quartel do 2 Regimento Moto-
Mecanizado, o 1 Esquadrão de Reconhecimento, orgânico da 1ª Divisão 
de Infantaria Expedicionária, criado pelo Decreto-Lei reservado n 6072 ª 
de 6-XII-1943. 
(Ass.) Eurico G. Dutra (publicado no BOLETIM RESERVADO DO 
EXÉRCITO n 22 de 28 de dezembro de 1943) 
 
Em 04 fevereiro de 1944 foi finalmente dada autonomia administrativa a esta 
nova unidade, que passou a ocupar um pavilhão de madeira ao lado de um 
picadeiro na cidade do Rio de Janeiro, permanecendo ainda dependente do 2º 
Regimento Motomecanizado no que se referia à alimentação, uma vez que não 
possuía uma cozinha própria. 
- 1 Esquadrão de Reconhecimento da 1ª D.I.E. - Criação: - O 
Presidente da República usando da atribuição que lhe confere o artigo 
180, da Constituição, decreta: 
Artigo Único. É criado de acordo com o Decreto-Lei n 6018-A, de 23 
de novembro de 1943, para organização imediata nesta capital, o 1 
Esquadrão de Reconhecimento, orgânico da 1ª Divisão de Infantaria 
Expedicionária, revogadas as disposições em contrário. (A) Getúlio Vargas 
- Eurico Gaspar Dutra. (DECRETO-LEI 6072-A, de 6-XII-943. Res, 
publicado no BOLETIM RESERVADO DO EXÉRCITO n22, de 28 de 
dezembro de 1943 e no BOLETIM INTERNO RESERVADO n17, de 11 
fevereiro de 1944, da 1ª DIE). 
 
Embora não dispondo de todo o material orgânico, foi iniciada a instrução, 
visando, inicialmente, o preparo moral e físico. Entre fevereiro e março de 1944 
foram recebidas e distribuídas 5 viaturas blindadas de reconhecimento, e viaturas de 
15 
 
rolamento misto, iniciando a seleção e adestramento dos motoristas. Em 30 de junho 
o 2º Pelotão embarcou para a Itália, não sem antes uma inspeção sanitária afastar 
20% do seu efetivo, tendo esse claro sido preenchido, na véspera do embarque, por 
elementos do depósito de pessoal. Em 30 de julho, a subunidade foi incorporada ao 
V Exército Americano, e passava então, a receber as diretrizes para a instrução de 
seu pessoal diretamente daquele exército. (PITALUGA, 1947) 
 
 
 
 
 
 
 
 
O grosso do Esquadrão embarcou com o 2º escalão, no dia 20 de setembro 
de 1944, no transporte americano Gen Mann, desatracando a 22 de outubro do 
mesmo ano. Neste escalão embarcou,inclusive, o Capitão Flávio Franco Ferreira, 
comandante do Esquadrão e o 1º Ten Plínio Pitaluga, Subcomandante. 
 
2.1.3 A atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado 
 
A fim de atender ao propósito dessa obra a atuação do Esquadrão foi dividida 
em duas partes: uma descrição sucinta dos acontecimentos envolvendo o 1º Esqd 
Rec Mec até a Ofensiva da Primavera e uma segunda parte relativa à Ofensiva da 
Primavera enfatizando as ações em Collecchio-Fornovo. 
São poucas as referências em revistas, livros e mesmo digitais que se 
encontra sobre a atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado na 
campanha da Itália. A maioria das operações realizadas em solo italiano é relatada 
em documentos e fontes primárias. 
Cmdo 
Rec 
Rec 
Fig 1. Organograma do 1º Esqd Rec Mec. Fonte: acervo do museu 
militar Cap Plínio Pitaluga. 
16 
 
Boa parte das operações realizadas pelo Esquadrão descritas nesta obra é 
advinda de um relatório escrito pelo Cap Pitaluga uma vez que é o único documento 
oficial produzido sobre a atuação do Esqd em combate e, o livro "O Brasil na Grande 
II Guerra", do Coronel Manoel Thomaz Castello Branco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 02. Capa do relatório de Reconhecimento 
escrito pelo Cap Plínio Pitaluga. Fonte: arquivo 
pessoal do autor. 
 
 
2.1.3.1 Antecedentes da Ofensiva da Primavera (16 Jul 44 a 6 Abr 45) 
 
Em 16 de Julho de 1944, o navio de transporte americano "Gen Mann", 
desembarcou o 1º Escalão da FEB em Nápoles, dirigindo-se para Bagnoli, onde 
acampou. A 30 de agosto o 1º Escalão, incluindo o 2º Pelotão do Esqd, deslocou-se 
para Tarquínia e para diversas localidades a fim de receber instruções e realizar 
adestramento final junto aos aliados (BRANCO, 1960). 
Em 15 de setembro de 1944, o 2º Pelotão, que estava acampado em 
Vechiano recebeu sua primeira missão de guerra. Para cumpri-la, o Pelotão foi 
dividido em 2 patrulhas cada uma sob o comando de um oficial; a 1ª patrulha foi 
destacada no eixo Manacuiccoli - Chiesa - Massarosa. A 2ª patrulha recebeu a 
missão de reconhecer o eixo de Ponte de S.Pietro - S. Macário Piano - S. Macário 
do Monte, sendo hostilizado por tiros de morteiro em todos os reconhecimentos. 
17 
 
Fig 03. Itinerário de Chegada do Esqd Rec na 
Itália. Fonte: acervo do museu militar Cap Plínio 
Pitaluga. 
Essa patrulha é considerada o Batismo de Fogo da Força Expedicionária Brasileira 
na Itália (BRANCO, 1960). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após 17 de setembro, devido às características do terreno e a dificuldades de 
empregar os meios motomecanizados, o Esqd Rec Mec, representado ainda apenas 
pelo 2º Pelotão, passa a realizar diversos reconhecimentos e patrulhas a pé. Em 16 
de novembro de 1944 ocorre a junção com elementos do 2º Escalão da FEB, 
incluindo o restante do Esquadrão. Nesse período o Esquadrão perde o 2º Sgt 
PEDRO KRINSKI, em 24 de setembro de 1944, vítima de estilhaço de granada na 
região de Camaiore. 
No período de 9 de novembro de 1944 até 18 de fevereiro de 1945 ocorre a 
fase de defensiva no Vale do Reno, influenciada pelo intenso inverno e 
caracterizada pelas missões de vigilância e patrulhamento, sendo a tropa brasileira 
constantemente hostilizada por morteiros, visto que o inimigo possuía 
comandamento da posição das tropas brasileiras. Nesse período, e dias antes aos 
ataques iniciais ao Monte Castello (24 de novembro), o Esqd Rec Mec perdeu mais 
dois militares, o 2º Ten AMARO FELICÍSSIMO DA SILVEIRA, 20 de novembro de 
1944, durante a realização de uma patrulha de combate na região de Montilloco, e o 
Cb BENEDITO ALVES, em 17 novembro de 1944, vítima de acidente com arma de 
fogo. 
18 
 
"No dia 20 de novembro uma ordem de busca de informações foi cumprida 
por uma patrulha sob o comando do 1° Ten Amaro, lançada para 
reconhecer a localidade de Montilloco foi hostilizada por fogos de armas 
automáticas. Revelando seu Cmt uma rara noção de responsabilidade, e 
espírito militar incomum, ainda tentou desbordar a resistência revelada. 
Colocou sua arma automática em posição, deu ordens aos demais 
elementos da patrulha e tentou alcançar uma posição favorável a 
observação e flanquear a posição inimiga. Ao dar um lanço fora atingido 
mortalmente, ficando seu corpo batido pelo fogo de armas automáticas 
alemãs. O 3° Sgt auxiliar da patrulha, tentara recuperar o corpo do 1°Ten 
Amaro, não tendo conseguido seu intento em vista da superioridade de fogo 
do inimigo, que a cavaleira dominava qualquer movimento da patrulha 
nesse sentido. O bagageiro do Ten ainda conseguira se aproximar do corpo 
e, depois de constatar sua morte e a impossibilidade de carregá-lo, vira-se 
obrigado a retrair. Somente em abril, quando o maciço de Belvedere-De la 
Torracia estava ocupado pelas forças aliadas, o cadáver do 1°Ten Amaro 
fora encontrado enterrado na localidade de Montilloco, sendo transportado 
para o cemitério de Pistóia." (Trecho do ofício remetido pelo Cap Plínio 
Pitaluga, Cmt do 1° Esqd Rec Mec, ao Cmt da 1ª DI em 07 de janeiro de 
1946, solicitando a denominação "ESQUADRÃO TEN AMARO" à unidade). 
Em 25 de dezembro de 1944, o 1º Ten Pitaluga é promovido a capitão e, com 
o afastamento e evacuação para o Brasil por motivo de saúde, do Cap Flavio Franco 
Ferreira, assume o comando do 1° Esqd Rec Mec o Capitão Plínio Pitaluga, até 
então Subcomandante do Esqd, que foi efetivado no comando da unidade no dia 10 
de janeiro de 1945. 
Em 20 de janeiro de 1945, o Esqd recebeu a seguinte missão: "Impedir que 
elementos inimigos lançados de pára-quedas, atuem no setor da Divisão e 
pratiquem atos de sabotagem e espionagem." (PITALUGA, 1947, p.14). 
Com isso foi organizado o serviço de vigilância dentro da zona atribuída ao 
Esqd e os reconhecimentos necessários para atender ao emprego do Esquadrão em 
outras zonas de acordo com ordens da 1ª DIE.3 
No período de 19 de fevereiro a 7 de março de 1945, ocorre a Operação 
"Encore" onde a FEB conhece as vitórias nos Montes Belvedere, Castello e Della 
Torraccia e finalmente Castelnuovo. No ataque a Monte Castelo o Esqd é 
empregado na reserva da DIE, juntamente com a 1ª Cia do 11º RI (BRANCO, 1960) 
e reforçado por dois pelotões Anti-Carro do 11º RI, concentrando-se na região de 
Serrassiccia "(...) o 1º Esqd Rec esteve pronto para cumprir a missão de deslocar-
se, no dia D, mediante ordem, em condições de ser empregado quer no eixo da 
estrada 64, quer no de Sila a Gaggio Montano". (PITALUGA, 1947). 
 
3 Podemos observar que essa é uma típica missão de Segurança de Área de Retaguarda (SEGAR). 
19 
 
O Esqd estava assim localizado no flanco oeste da 1ª DIE, onde realizava 
patrulhas durante a noite, com a peculiaridade de não possuir material apropriado 
para a marcha sobre a neve, o que causou pouco rendimento na execução dos 
deslocamentos. As posições do 3º Pelotão Rec Mec e 2° Pelotão da Cia Anti-Carro 
do 11º RI eram diariamente bombardeadas por fogos de artilharia de 75 e 105 mm, 
sem causarem danos pessoais. As baterias inimigas foram localizadas na região a 
oeste e leste de Sestola e se encontravam fora do alcance da artilharia divisionária, 
assim, as posições de morteiros localizadas nas contra encostas foram desalojadas 
pelo fogo dos morteiros químicos americanos que se encontravam na região de Lá 
Cá. (PITALUGA, 1947). 
Após as conquistas da Operação "Encore" os aliados procuraram manter o 
terreno através da condução de uma nova defensiva sobre o divisor Reno-Panaro, 
situação que perdurou até 14 de abril de 1945, quando iniciou a Ofensiva da 
Primavera. 
 
2.1.3.2 Ofensiva da Primavera 
 
Segundo a Ordem de Operações nº 32 de 09 deabril de 1945, a missão do 4º 
Corpo era "Atacar entre o rio Reno e a linha M. Grande D'Aiano-Dragodena - M. 
Moscoso, com a 10ª Divisão de Montanha.". A 2ª "Ideia de Manobra" da 1ª DIE era 
"Lançar reconhecimentos fortes e profundos particularmente no eixo Maserno - Mo 
Tespecchio". A missão do Esquadrão de Reconhecimento, por sua vez, como 
reserva era "ficar em condições de fazer a defesa aproximada de Gaggio Montano, 
face N e a NW". 
Ainda na jornada do dia 9 o Esquadrão (menos um pelotão) se deslocou para 
seu novo estacionamento e na jornada do dia 10 o pelotão do Esqd que havia ficado 
se deslocou para seu novo estacionamento, ainda na primeira parte da jornada. 
(PITALUGA, 1947, p.23). 
Nessa localidade, o Esquadrão foi substituído por uma Cia do 370° RI 
(americano) e acampou na região escolhida. 
 
20 
 
2.1.3.2.1 O Ataque a Monte Castelo 
 
O ataque a Monte Castelo representa um divisor de águas na Campanha da 
Itália. Foi a primeira de uma série de conquistas que se seguiram sem grandes 
reveses. Ocorreu no período de 14 a 18 de abril de 1945, podemos extrair da O Op 
nº 23 de 13 de abril de 1945: 
"O inimigo defenderá fortemente o triângulo de alturas Montese-888-
Montelo caso não obrigado a um retraimento pela ameaça causada com o 
avanço da 10ª Divisão de Montanha. 
Idéia de manobra da 1ª DIE: 
1º - Manter as posições; 
2º - Lançar fortes reconhecimentos no eixo Moserno-Montespecchio e sobre 
a linha Montese-Montebufone-Montelo; 
3º - Procurar a melhora da posição com a posse da linha Montese-888-
Montello e da região 747, partindo daí, em aproveitamento do êxito sobre 
Perocchi-Ranocchio e Montespecchio." (PITALUGA,1947, p.24). 
Assim, o Esqd que estava em reserva, teve por missão: "Deslocar-se para a 
região de Tamburini, na jornada de 14, onde ficará em condições de aproveitar o 
êxito sobre Bertocchi e Ranocchio". (PITALUGA, 1947, p.24). 
Para cumprir a sua missão o Esquadrão recebeu a disposição uma seção da 1ª 
Cia do 9º Batalhão de Engenharia. Às 14:00 horas do dia 14, o Cmt do Esqd 
recebeu ordem para se deslocar para a região de Tamburini, Campo Del Sole - Il 
Cerro. Durante o ataque do 3º Btl do 11º RI, este sofre resistência inimiga, o Esqd 
permanece articulado na região de Campo Del Sole - Il Cerro e colabora na ligação 
entre a 7ª Cia do III/6º RI e um pelotão de carros de combate médios (americanos) 
na consolidação da tomada de Montese. 
Pela ordem particular de operações nº 42 E: 
"O Esqd na região de Il Cerro Campo Del Sole - além de ficar em condições de 
cumprir a missão da O Op nº 33, deverá também ficar em condições de operar 
contra ação inimiga a SW de Montese e na região de Maserno." (PITALUGA, 1947). 
Nos dias 15, 16 e 17 de abril o Esqd permanece em reserva na mesma região, 
aonde foram realizados: reconhecimentos das saídas de Montese; levantamento de 
campos de minas na estrada de Il Cerro - Montese e na estrada frente a "Cá de 
Biccochi"; treinamento físico. 
21 
 
Devido às ações realizadas pela FEB, a penetração profunda da 10ª Divisão de 
Montanha e pelo alargamento da brecha pela 1ª Divisão Blindada para NW, o 
inimigo se vê obrigado a se retirar para a margem oeste do rio Panaro. 
 
2.1.3.2.2 Perseguição Após Monte Castelo 
 
Até esta fase das operações o Esquadrão havia cumprido poucas missões 
típicas da arma ligeira, sendo na maioria das vezes empregado como fuzileiro. 
Talvez por isso o Cap Pitaluga tenha dito: "Eles estão me segurando, mas no dia em 
que me soltarem tomo os freios nos dentes e vou embora.". Frase atribuída a 
Pitaluga pelo General Hélio Richard, na época, comandante da Companhia de 
Transmissões. (MOTTA, 2001, p.183). 
Mas a situação estava para mudar, pela ordem de busca de informações nº 26, 
do G-2, o Esqd recebe a seguinte ordem: 
"I - Informações sobre o inimigo: na frente da 1ª DIE é nula a atividade de 
artilharia, morteiros e armas automáticas. A penetração profunda da 10ª Div 
Montanha e 1ª Div Bld criaram para o inimigo uma situação tal que se torna 
possível o seu retraimento para as margens W do Panaro. 
II - Missão de busca de informações: segundo o eixo Montese-Ranocchio, 
tomando contato agressivamente com elementos retardadores de suas 
retaguardas e reconhecer as margens do Panaro. 
III - Zona de ação SW Rio S. Martino - NE - Rio Rivela. 
IV - Ritmo de informações - mesmo negativas, das transversais Doccia 
(553250) - Zocca (555258) - S. Martino (541256) - salto (548261). O Panaro 
só deverá ser transposto mediante ordem da 1ª DIE. 
V - Execução imediata" (PITALUGA, 1947, p.28). 
Para essa missão Pitaluga manobra da seguinte forma o Esqd: 1º Pel - sobre 
Ranocchio; 2º Pel - sobre Bertocchio; 3º Pel - reserva no eixo Montese-Ranocchio e 
Trens de Combate em Montese. 
O 1º Pel foi fortemente hostilizado por barragens de morteiro e artilharia; o 2º 
Pel surpreendeu um posto avançado em Castiglione que foi dominado, deixando o 
inimigo com 05 (cinco) prisioneiros e um morto; o 3º Pel continuou o movimento e 
atingiu na manhã de 20 as margens do Panaro. Logo em seguida, 01 (um) carro de 
reconhecimento M-8 foi inutilizado pelo funcionamento de uma "teller-mine" (mina 
anti-carro alemã) 
"Lançado no eixo MONTESE - RANOCHIO, no dia 19 de abril, logo após a 
consolidação da posse de MONTESE, conseguiu agir rapidamente. 
22 
 
Contribuiu decisivamente na limpeza dessa zona e, em seguida, tomou o 
contato com inimigo em MARANO SUL PANARO, agindo com alto espírito 
de decisão e destemor, apesar do pequeno efetivo da sua tropa e da 
distância a que se encontrava das vanguardas da DI. Recuperado por 
termino de missão, foi novamente lançado ao sul da estrada nº 9 (Via 
Emilia), no eixo geral: SASSUOLO - SCANDIANO - S. POLO D'ENZA - 
COLLECCHIO, para retornar o contato e retardar o inimigo, enquanto as 
vanguardas da DI progrediam o mais rapidamente possível." (Trecho do 
elogio publicado BI n°167 de 20Jun45 ao Cap Pitaluga. Gen Mascarenhas 
de Moraes) 
Por conta dessa missão o Esqd teve 01 (um) ferido, fez 10 (dez) prisioneiros e 
apreendeu grande quantidade de munição e armamento que foram encontradas em 
Ranocchio e na estrada para o Panaro. 
Quando da Ordem de Busca de Informações nº 27, de 20 de abril, o Esquadrão 
havia retraído para Montese. Desta podemos extrair: 
"I - Situação: o inimigo está se retirando para a região ao norte de Zocca e 
parece que ocupa, com suas retaguardas, M. Carpignano (6034) - M. 
Albano (585331). No alvorecer de 21 a 1ª DIE deverá progredir na direção 
geral de Monte Orselo. 
II - Missão do Esquadrão: 
Logo após a substituição pela infantaria, era se reconstituir na região de 
Montese, com a missão de: Lançar-se no eixo Vila Aiano - Rosola - Zocca, 
bifurcação de estradas (565350) e aí ficar em condições de: 
1) Vigiar o movimento do inimigo ao longo da estrada imediatamente a 
O de Panaro: 
2) Reconhecer as passagens do Panaro entre as horizontais 33 e 37, 
particularmente na região de Samone (543345) que deverá ser ocupada; 
3) Levar os reconhecimentos até M. de Vallechie (565385) e ligar na 
transversal de Samone (570355) à Cia de Tanques 894 T.D. que em missão 
análoga opera no eixo Zocca-M. Osselo (585405); 
4) Manter as regiões de 476 e Samone. 
III - Conduta: 
- em presença de fracos elementos agir agressivamente. 
IV - Zona de Ação: 
W - Panaro; L - Estrada Zocca-M. Osselo. 
V - Ritmo de informações: mesmo negativas, a partir de Zocca. 
VI - Ligação e transmissão: pelo rádio, em posto a posto, com a 2ª seção." 
(PITALUGA,1947, p.30) 
Às 8 horas de 21 de abril o Esqd desloca-se para Castel D'Aiano, de onde 
aguarda ordem para prosseguir. Somente às 10 horas o Esqd recomeça seu 
movimento em direção a Rosola e Zocca, por uma estrada seriamente destruída. 
Por volta das 16 horas,o Esqd recebe, pelo rádio, ordem para continuar a retomada 
de contato em direção a Granela, próximo a Marano do Panaro, com a missão de: 
• Reconhecer as margens do rio Panaro; 
• Lançar patrulhas ao N de Marano; 
• Atravessar o rio Panaro mediante ordem da 1ª DIE. 
23 
 
Segundo informações colhidas em Rochetta e Pietrarossa, às 24 horas uma 
coluna alemã (cerca de 150 homens com viaturas hipomóveis) atravessara o rio 
Panaro. Quando atingiu a região de Spinela, civis informaram que a cidade de 
Marano achava-se ocupada. O 2º Pel entrou em posição guardando o vau do rio 
Panaro, em Marano, e o 3º Pel em Spinela. Às 5 horas do dia 22 de abril, o inimigo 
se apresentou para transportar canhões que, ainda, permaneceram à margem leste 
do rio Panaro e foi rechaçado pela ação dos pelotões. Ao clarear do dia os alemães 
que ocupavam as alturas a W de Panaro, desencadearam forte bombardeio de 
morteiro e tiro de armas automáticas, os 2º e 3º pelotões retraíram, ocupando as 
alturas que por Leste dominavam o Rio Panaro. Além dos feridos dessa jornada, 02 
(dois) Sgt; 01 (um) cabo e 05 (cinco) soldados, o Esquadrão perde seu quarto e 
último militar: o soldado Bernardino da Silva, morto por estilhaço de granada. 
Na jornada do dia 23 de abril o 3º Pel foi lançado, às 11 horas, sobre o rio 
Marano, tendo realizado a travessia do vau sem qualquer oposição. O grosso do 
Esqd reuniu-se em Marano entrando mais tarde em ligação com a direita, com o 
III/11º R.I. e, à esquerda II/6º R.I., onde ficou aguardando nova missão, o que veio 
pela Ordem de Descoberta nº 29, do G2/1ª DIE: 
"I - O inimigo retraiu-se do corte de Panaro segundo o eixo: 
1. Vignola - Castelvetro - Sassuolo. 
2. Pavulo - Montestino - Prignano. 
Tropa amiga: 
Elementos da 897 Tank Division (Divisão de Tanks), agindo segundo o eixo 
Vignola-Fornigine atingiram no fim da jornada de 23, esta última localidade, 
levando os reconhecimentos a Sassuolo. 
II - Missão do Esquadrão: 
1) Lançar-se pelo eixo: Marano - Castelvetro - Sassuolo de modo a 
esclarecer, por meio de golpes de sonda, as transversais que vêm ter a este 
eixo por SW. 
2) Embora informações de que o inimigo tenha empregado destruição 
maciça ao longo do eixo: Marano - Croseta - Montestino - Pelegrineto - 
Malacoda - Ponte Nuova - cumpre lançar um elemento ligeiro a fim de 
reconhecer o mesmo. 
Instalar-se em fim de jornada com o grosso do Esqd na região de Ponte 
Nuovo. 
 Execução: início às 0700 do dia 24 de abril." (PITALUGA, 1947, p.34). 
Assim o Esqd manobra o 1º Pel como vanguarda pelo eixo principal, o 2º Pel e 
parte do Pel extra (Elementos excedentes do Esqd agrupados sob um comando 
único) junto com o grosso e, o 3º Pel pela estrada de Marano - Croseta Molacoda - 
Ponte Nuovo. 
24 
 
O reconhecimento indicou que a zona achava-se completamente limpa. Então, 
às 10 horas as vanguardas atingiram Sossuolo - Ponte Nuovo e entrou em ligação 
com elementos do Esquadrão de Reconhecimento da 34ª DI americana. 
Às 15 horas do dia 24 de abril de 1945, em Ponte Nuova, o Esqd recebe a 
Ordem de Descoberta nº 30: 
"I - Situação 
a) o inimigo dispõe dos restos das Divisões 232 - 114 - 334 que foram 
batidas pelo IV Corpo. 
É possível encontro com resistências retardadoras. 
b) Tropa amiga: a1ª DIE prosseguirá na ofensiva para NE, devendo atingir 
no fim da jornada de hoje as margens E da Torrente Tresinaro. 
II - Missão do Esquadrão: 
Descoberta do eixo - Sassuolo - Scandiano - Albinea - Quatro Castelo - 
atingindo em primeiro lanço a transversal Reggio - Casina, reconhecer a 
estrada número 63, de Albinea a Casina e levar a descoberta ao corte da 
Torrente Enza, ocupando a ponte S. Pólo, sobre a mesma. 
III - Ligação e transmissão 
Pelo rádio posto a posto, em escuta permanente, informação mesmo 
negativa nas horas cheias." (PITALUGA,1947, p.37). 
Com o 1º Pel ainda à frente, às 17 horas, informou que as tropas americanas já 
se encontravam em contato com uma resistência em Vezzano Sul Crostolo, na 
estrada 63, entre Casina e Albinea. Em vista da situação, o Cmt Esqd resolveu 
continuar a missão diretamente sobre San Polo D'Enza, não realizando o 
reconhecimento de Casina. 
O 2º Pel ultrapassou o 1º Pel que se reagrupou nas proximidades de San Polo 
e o 3º Pel foi lançado sobre Bibbiano, de onde saíra uma coluna inimiga em direção 
a "Montecchio Emilia". O Esquadrão passou a noite de 24 para 25 guardando as 
passagens de S. Polo D'Enza. 
Em 25 de abril o 1º Pel investe sobre Traversetolo, ocupando essa localidade e 
lançando patrulhas nas saídas para Parma e Langhirano. O próprio comandante do 
Esquadrão comandou uma patrulha sobre Panocchia e Langhirano, onde 
estabeleceu ligação com chefes dos partisanos e com oficiais ingleses pára-
quedistas que agiam com os comandantes italianos. Informações foram prestadas 
sobre a presença de alemães em Collecchio e o deslocamento de 02 (dois) 
Batalhões de Berceto para Fornovo di Taro. 
Para a Ordem de Descoberta nº 31, de 25, recebida às 14 horas em San Polo 
D'enza, foi previsto os reconhecimentos já realizados em Langhirano e como a zona 
compreendida entre o rio Enza e o rio Parma estava livre do inimigo, o Esqd foi 
25 
 
lançado para a região de Porpurano, nas proximidades de Parma. O 3º Pel foi 
reconhecer as orlas do Parma e atacou, com elementos a pé, um posto avançado 
inimigo que foi dominado. Esta ação concorreu para facilitar a progressão da 
infantaria da 34ª DI americana. 
 
Fig 04. Localidades percorridas nas jornadas de 23 a 25 de abril. Notar Albinea, Montecavolo, 
Vezzano Sul Crostolo; Montecchio Emila, Bibbiano, San Polo D’Enza; e, TraversetoloFonte: Google 
Earth. 
 
2.1.3.2.3 De Collecchio à Fornovo di Taro (25 a 28 de abril de 1945) 
 
As ações sobre Collecchio - Fornovo que servem de escopo para esse 
trabalho, iniciaram-se na jornada do dia 25 quando as tropas do eixo estavam sendo 
repelidas de Parma para Collecchio e retraindo de Berceto para Fornovo di Taro. 
“... no curso da jornada de 25 de abril entrava em íntimo e agressivo contato 
com a vanguarda da 148ª DI Alemã em COLLECCHIO. Agindo com incrível 
rapidez, o 1º Esquadrão de Reconhecimento atirou-se, audaciosamente, 
sobre dois Batalhões da 90ª Panzer Div que faziam a vanguarda da 148ª 
Div Alemã. Contava para isso, exclusivamente, com os seus três Pelotões 
de Reconhecimento, com um efetivo da ordem de 120 homens apenas. A 
impetuosidade da sua ação surpreendeu o inimigo. As conseqüências 
desse feito colocam-no entre os de maior relevo de toda a nossa campanha 
no Teatro de Operações da Itália." (Trecho do elogio publicado BI n°167 de 
20Jun45 ao Cap Pitaluga. Gen Mascarenhas de Moraes) 
26 
 
 
Fig 05. Informações sobre o deslocamento alemão anterior a 25 de abril. Fonte: Google Earth. 
Ao meio dia do dia 26, o Esqd recebeu ordem para avançar sobre Collecchio, a 
fim de guardar as passagens do rio Taro. Neste contexto, os elementos essenciais 
de informação, descritos pelo Ten Cel Castello Branco, em seu importante trabalho, 
“O Brasil na II Grande Guerra”, eram: 
a) Qual a natureza, efetivo e missão das tropas em contato? 
b) Qual o valor, tipo e propósito das unidades que marchavam na direção de 
Fornovo Di Taro? 
c) Haveria outras forças mais ao S? 
d) Que rumo tomavam? 4 
Para isso o Esqd iniciou a missão com o 3º Pel em vanguarda, o 2° Pel à 
esteira e o 1° Pel em reserva, todos pelo eixo: Porporano - Gaione - San Martino 
Sinzano. 
Ao se aproximar de Collecchio, o 3º Pel foi detido por fogos de armas 
automáticas e carros de reconhecimentos inimigos. O 2º Pel desbordou flanqueando 
pela esquerda, procurando adentrar a cidade, porém foi repelido por forte fogo de4 Branco, 1960. p. 449. 
27 
 
carros blindados. O 1º Pel permaneceu guardando a estrada para Sala Baganza. 
Uma patrulha do 2º Pel tentou o flanqueamento de Collecchio e entrou em ligação 
em Vicofertile (arredores de Parma, a NW de Collecchio), com uma Cia de infantaria 
americana. (PITALUGA,1947). 
Segundo BRANCO, 1960, p. 449: “Uma vez diante das resistências de 
Collecchio, procurou o Cmt do Esqd Rec reconhecê-las, mediante uma ação em 
força, demonstrando, a par de muita iniciativa, alto espírito ofensivo, próprio de 
cavalarianos da sua estirpe.” 
Sobre a abordagem de Collecchio, mais tarde o Cap Pitaluga diria "Eu cheguei 
em Collecchio ao meio-dia e estive sozinho até às 18 horas. Eu já tinha ocupado 
metade da cidade quando a infantaria chegou." 5 
Sobre esse aspecto, BRANCO, 1960, p. 449, pondera: “Não agisse, entretanto, 
com rapidez e determinação, poderia perder a presa, deixando-a cair nas malhas da 
34ª DI, e o que seria mais grave, ver desperdiçar-se uma preciosa fonte de 
informações.” 
O Cmt Esqd em face da situação apresentada solicita apoio ao comandante da 
Divisão, Gen Mascarenhas de Moraes, a informação dessa resistência alemã deixou 
o comando Brasileiro preocupado com o destino da pequena unidade de Pitaluga 
em Collecchio, tendo o próprio Gen Mascarenhas se deslocado para a área de 
estacionamento do II/11ºRI, que estava em San Polo D'Enza, para pessoalmente 
acompanhar o embarque dos reforços6. Ao Esqd foi enviado inicialmente às 16 
horas uma Cia do III/6º RI, transportada em viatura e às 18 horas elementos do 
II/11º RI. 
A penetração na cidade ocorreu às 17 horas pelos 2º e 3º pelotões. O ataque 
com os reforços começou às 1930 horas e a 5ª companhia recebe intenso fogo dos 
alemães que defendiam os arredores da cidade; eles possuíam ainda morteiros e 
artilharia 105 mm. Às 2100 horas os atacantes são reforçados por um pelotão da 2ª 
companhia (I/6º RI), juntamente com carros americanos do 751° Tank Battallion. Os 
alemães ainda resistiram e impuseram pesados ataques ao ponto de quase 
 
5 Maximiliano, Cesar & Bonalume Neto, Ricardo - Brazilian Expeditionary Force in World War II. 
Inglaterra/Osprey Publishing, 2011. 
6 Moraes, João Baptista Mascarenhas de. A FEB pelo seu comandante / João Baptista Mascarenhas de Moraes. 
- Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, Ed., 2005. 
28 
 
conseguirem romper o flanco norte. Às 0200 horas da manhã do dia seguinte (27 de 
Abril) as tropas brasileiras ainda lutavam pela cidade. 
Segundo o Tenente Gerson Machado Pires, do 6° RI, viu quando o Cap 
Pitaluga quase morreu ao virar em uma esquina de Collecchio. Pitaluga ficava com o 
corpo para fora do seu M8 e direcionava seu motorista pressionando seu ombro com 
o pé, se desse um toque no ombro direito ou esquerdo, o motorista virava para 
direita ou para a esquerda, se tocasse com os dois de uma vez significava que ele 
deveria frear. Quando eles estavam passando pela praça principal de Collecchio 
ouviram um disparo, o Cap Pitaluga descreve: "Era um 887... Por intuição. Eu vi 
quando o canhão disparou duas vezes. Assim que pude, parei, e vi outro disparo. O 
motorista perguntou, ‘Foi você quem atirou, senhor? ' - eu disse, ‘Não, foram eles'. O 
tiro explodiu numa parede à direita na nossa frente, se tivéssemos ido mais dois 
metros..." 
Apenas pouco antes do amanhecer, as tropas alemãs, com apoio de artilharia, 
fizeram um esforço derradeiro para barrar o avanço brasileiro. Diante do insucesso 
deste ataque, cessaram as resistências alemãs na cidade. Por volta de meio dia os 
brasileiros controlavam a cidade, e ao cair da tarde o II/11º RI e os tanques 
americanos pressionavam o inimigo para o sul, em direção a Fornovo.8 
Às 09:00 do dia 27 de abril (antes, portanto de terminado os combates para 
dominar a cidade de Collecchio) o G2 da 1ª DIE, pessoalmente, transmitiu 
verbalmente a nova missão do Esqd: "Um destacamento de descoberta, formado por 
uma Cia de infantaria do 11º RI, o Esquadrão de Reconhecimento e uma Seção de 
Engenharia, deve se deslocar para a região de Castel de S. Giovani para guardar a 
ponte do rio Pó; lançar patrulhas para Borgonoro; aprisionar elementos inimigos 
dispersos". (PITALUGA, 1947, p.39). 
Foi marcada uma zona de reunião na ponte do rio Taro, pela estrada de nº 10 e 
o Esqd deslocou-se às 10 horas de Collecchio. Às 14 horas apresentou-se ao Major 
Cmt do Destacamento que, ao tomar as primeiras providencias no ponto de reunião, 
recebeu ordem com nova missão ao Esqd: 
 
7 Flak 88 mm - arma antiaérea e antitanque 
8 Extraído de http://sotcw.co.uk/downloads/Collecchio_-_Italy_1945.pdf, tradução do autor, acessado no dia 
20 de Fev de 2013. 
29 
 
Remanescentes inimigos, batidos em Collecchio, retiram-se 
apressadamente pelo eixo Fornovo - Noceto. 
Deveis interromper missão e lançar-se imediatamente sobre o eixo 
Castelguelfo - Noceto - Fornovo, de maneira a exterminar o inimigo que 
desordenado retira-se na direção da via Emilia. (PITALUGA, 1947, p.40). 
Assim, de imediato, o Esqd lançou-se em 2 (duas) colunas, deixando os trens 
de combate em Ponte Taro. Grosso pelo eixo Noceto - Medesano (1º e 3º Pel); 
Flanco Guarda (2º Pel) pelo eixo Stradela - Belicchi Medesano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 06 . Extrato da área de atuação do 1° Esqd de 27 a 29 de abril. Notar que, ao ultrapassar 
Medesano, havia apenas a ponte de Fornovo para o retraimento alemão. Fonte: Google Earth. 
Na altura de Noceto foi estabelecido ligação com carros de combate 
americanos e, nas saídas de Medesano para Felegara, o 3º Pel, vanguarda foi 
hostilizado com fogos de armas automáticas. O 1º Pel foi lançado pelo eixo de 
Sant'andrea, no flanco direito e chegando a essa localidade onde se entregaram 
cerca de 800 (oitocentos) prisioneiros. 
Em Medesano, o 3º e 2º Pel desembarcaram para o combate a pé e, às 22 
horas, as resistências reveladas foram vencidas. 
Prisioneiros: em Medesano -120; em S. Andrea - 800; feridos - 12. 
Grande quantidade de armamento foi capturado que, por falta de tempo e 
pessoal, não foi avaliado. 
30 
 
Na noite, de 27 para 28 de abril, o Esquadrão permaneceu patrulhando as 
saídas para Felegara e o vale do rio Taro. 
Na manhã de 28, o Esqd montou uma ação sobre Felegara com o seguinte 
dispositivo: 
2º Pel - no eixo Medesano - Felegara; 
1º Pel - de S. Andrea para Felegara; 
3º Pel - de reserva no eixo Medesano, Felegara. 
Na entrada de Felegara, o 2º Pel entrou em contato, não podendo prosseguir 
pela ameaça de envolvimento no flanco esquerdo e por resistência revelada nas 
elevações a N de Felegara. Os alemães se retiraram, deixando grande quantidade 
de armamento (metralhadoras anti-carros, fuzis), 5 (cinco) viaturas automóveis e 
viaturas hipomóveis e animais. Foram feitos cerca de 30 (trinta) prisioneiros. Uma 
viatura M-8 foi atingida por um tiro de lança rojão na entrada de Felegara. A 
guarnição, com apoio de outros M8, abandonou-a sem maiores consequências. 
Em 29 de abril, o Esqd recebeu a seguinte ordem: "Retomar a progressão para 
ocupar Croceta e entrar em ligação com o 6º R.I., em Fornovo; lançar elementos de 
captura de prisioneiros sobre Varano e estrada que passa por Rubiano". 
(PITALUGA, 1947, p.42). 
Repelidas as vanguardas Alemãs, novamente o Esquadrão de 
Reconhecimento foi lançado em outro eixo: NOCETO - MEDESANO - 
FELEGARA - FORNOVO, na margem W do Rio Taro, por onde o inimigo 
fazia outra tentativa de atingir a Estrada nº 9. Missão bem cumprida, em 
ligação com outras tropas. O inimigo foi fixado em FELEGARA,continuando 
o Esquadrão a ameaçar a direção de FORNOVO. Esse conjunto de ações, 
contribuiu nas preliminares da rendição da 148ª Div Alemã. Cabe, portanto, 
ao valoroso Esquadrão e, em particular, ao seu Cmt Cap PITALUGA, todo o 
significado desta citação pelos relevantes serviços prestados. (Trecho do 
elogio publicado BI n°167 de 20Jun45 ao Cap Pitaluga. Gen Mascarenhas 
de Moraes). 
A noite de 28 para 29 de abril, transcorreu sem qualquer alteração e na manhã 
de 29 às 10 horas, quando o Esqd se preparava para continuar a missão, o Cmt dao 
Esqd foi procurado por um coronel alemão, acompanhado de um capitão para entrar 
em entendimento sobre a suspensão da luta naquele setor. Após breve conversa, os 
31 
 
parlamentares alemães foram encaminhados ao PC do III/6º RI, em Collecchio, onde 
entendimentos já estavam se realizando para a rendição da 148ª Divisão Alemã 
comandada pelo Gen Otto Fretter Pico e os remanescentes da Divisão Bersaglieri, 
italiana, comandada pelo Gen Mario Carloni. 
O Chefe do EM da 1ª DIE determinou que somente um pelotão (1º Pel) 
acompanhasse o Cmt do Esqd a Fornovo, onde se realizaram entendimentos com o 
chefe do EM da Divisão Alemã, sobre a ação dos partisanos que, ignorando a 
suspensão das hostilidades, continuavam atacando. Foram realizadas ligações com 
o chefe dos partisanos e ainda 150 (cento e cinquenta) prisioneiros alemães foram 
devolvidos pelos italianos à 148ª Divisão Alemã, sob a responsabilidade do Cmt do 
Esqd. 
Nada menos que 14.779 alemães e italianos se tornaram prisioneiros em dois 
campos próximos, instalados pelos brasileiros. Os generais alemão e italiano foram 
escoltados até Florença, pelo General Falconiere e General Zenóbio, que os 
entregaram ao 5º Exército norte-americano. 
Na noite em que fiz contato com o General Pico, pude assistir ao enterro de 
mortos e a entrega de condecorações. O pessoal do nosso Esquadrão e os 
alemães, prisioneiros, estavam juntos, ali, em Fornovo, sem qualquer atrito, 
trocando cigarros e chocolates. Era o fim da guerra. (PITALUGA, 2001, 
p.148) 
 
2.2 LIDERANÇA MILITAR 
 
2.2.1 Definição de Liderança 
 
Podemos buscar em diversas fontes de consulta uma definição de liderança. 
Encontramos no dicionário que o termo liderança significa a função do líder, primeira 
posição. Vamos então nos prender às definições encontradas no manual C 20-10 
LIDERANÇA MILITAR e na apostila de Liderança Militar I, da Escola de 
Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO). 
A liderança é "um componente da chefia militar que diz respeito ao domínio 
afetivo do comportamento dos subordinados, compreendendo todos os aspectos 
32 
 
relacionados com valores, atitudes, interesses e emoções, que permitem ao militar, 
no exercício do seu cargo, conduzir seus liderados ao cumprimento das missões e à 
conquista dos objetivos determinados. 
(...) liderança militar é a capacidade de influenciar o comportamento humano 
e conduzir pessoas ao cumprimento do dever. Está fundamentada no conhecimento 
da natureza humana, compreendendo a análise, a previsão e o controle de suas 
reações. 
A liderança militar consiste em um processo de influência interpessoal do líder 
militar sobre seus liderados, na medida em que implica o estabelecimento de 
vínculos afetivos entre os indivíduos, de modo a favorecer o logro dos objetivos da 
organização militar em uma dada situação" (BRASIL. Exército. Estado-Maior. C 20-
10, 2011, p. 3-3). 
Segundo a apostila de Liderança Militar I, da Escola de Aperfeiçoamento de 
Oficiais (EsAO): "Liderança é o processo que consiste em influenciar pessoas no 
sentido de que ajam, voluntariamente, em prol dos objetivos da instituição. É, 
também, processo que permite a alguém dirigir os pensamentos, planos e ações dos 
outros, de forma a obter sua obediência, confiança, respeito e leal cooperação" 
(EsAO, 2004). 
 
2.2.2 Estilos de Comando 
 
O tipo de liderança é a forma que o líder utiliza para estabelecer a direção, 
aperfeiçoar planos, ordens e motivar seus homens para o cumprimento da missão. 
Segundo a Apostila de Liderança (EsAO, 2004), existem três estilos básicos de 
liderança, também chamado de estilo de comando pelo manual C 20-10, porém de 
conceitos convergentes: autoritária ou autocrática, participativa e delegativa. Cada 
líder usa predominantemente um estilo de acordo com a situação e com o grupo. 
Esses três estilos podem se alternar na pessoa do líder e são utilizados de acordo 
com as circunstâncias. Vamos observar mais detalhadamente cada um deles. 
A liderança autocrática dá ênfase à responsabilidade total do líder. Ele é o 
único a encontrar as melhores soluções para os problemas apresentados ao seu 
grupo. Ordena que seus subordinados executem seus planos e ordens sem 
qualquer questionamento. Ele determina o padrão de qualidade a ser atingido, 
usando, para motivar os homens, o sistema de recompensas e punições. O líder 
33 
 
autocrático baseia sua atuação numa disciplina formal que é a causa do sucesso da 
missão. Este estilo é apropriado a algumas situações militares como, por exemplo, 
quando o cumprimento de ordens não permite questionamento. O principal problema 
deste tipo de liderança é a falta de participação por parte do subordinado, não 
aproveitando a sua criatividade. O uso constante deste estilo de liderança pode 
gerar descontentamento dentro do grupo. 
A liderança participativa dá ênfase à participação do grupo como um todo 
para solucionar os problemas. O líder aproveita as idéias de seus subordinados. O 
líder participativo ouve a opinião dos seus homens, fazendo com que eles se 
engajem com maior intensidade no cumprimento das suas missões. Este tipo de 
liderança permite um elevado nível de criatividade, devido a participação dos 
subordinados nas atividades relacionadas à missão. Todos podem falar desde que 
não desrespeitem à hierarquia e disciplina. Nesta forma de liderança, as equipes se 
tornam mais coesas e eficientes, pois a valorização dos subordinados promove o 
desempenho responsável e a autodisciplina. Em situação de emergência e de ação 
imediata, talvez seja difícil praticar este tipo de liderança, devida à falta de tempo 
para a participação do grupo. 
A liderança delegativa dá ênfase na participação dos especialistas nos 
assuntos de natureza técnica onde o líder atribui a seus assessores a tomada de 
decisões especializadas. Deste modo, recebe o apoio do conhecimento específico 
de determinado assunto que ele não domina completamente e pode, desta forma, 
tomar uma decisão com mais propriedade. Apesar de assessorado por seus 
subordinados, cabe ao líder, e somente ele, a responsabilidade de direção a ser 
seguida. O ponto crucial do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar 
atribuições sem perder o controle da situação (EsAO, 2004). 
 
2.2.3 Competências do Líder Militar 
 
Segundo o manual C 20-10 LIDERANÇA MILITAR as competências do líder 
militar podem ser divididas em três grupos distintos: afetivas, cognitivas e 
psicomotoras. 
As competências cognitivas e psicomotoras são formadas pelo conjunto de 
conhecimentos e habilidades fundamentais relativos à profissão militar obtidos com 
34 
 
o estudo, com a experimentação, com a informação, com a autoavaliação e com a 
vivência na caserna. 
Já as competências afetivas, como o próprio nome sugere, são mais 
diretamente ligadas ao domínio afetivo. Podem ser pessoais, quando estão 
relacionadas com características do líder no âmbito individual, e interpessoais, 
quando, para serem externadas, necessitam interação com outras pessoas. 
Das competências cognitivas e psicomotoras podemos extrair: 
a. Autoconhecimento. 
b. Conhecimento ecompreensão da natureza humana. 
c. Conhecimento dos subordinados. 
Das competências afetivas pessoais diretamente relacionadas aos valores 
podemos extrair: 
a. Coerência - Capacidade de agir de acordo com as próprias idéias e 
pontos de vista em qualquer situação. É a expressão da integridade. Significa 
firmeza, franqueza, sinceridade e honestidade para si mesmo e em relação a 
superiores, pares e subordinados. Na vida profissional, ocorrem muitas situações em 
que as pessoas são pressionadas a tomar atitudes em desacordo com os seus 
princípios morais. Estes momentos representam um teste para a sua capacidade de 
resistir a pressões, a fim de preservar a sua coerência. 
b. Coragem - Capacidade de controlar o medo e continuar 
desempenhando com eficiência a missão. A coragem se apresenta sob duas formas. 
1) Coragem física - Superação do medo ao dano físico no cumprimento do 
dever. 
2) Coragem moral - Defesa dos próprios valores, princípios morais e 
convicções. Existe coragem moral quando se faz algo baseado em valores e 
princípios morais sabendo que este ato contraria os próprios interesses. 
c. Dedicação - Capacidade de realizar atividades com empenho. A 
dedicação está estreitamente relacionada com as crenças, os valores e o caráter do 
líder, o qual é fortemente motivado para aprender e aplicar seus conhecimentos e 
habilidades com o intuito de conseguir Unidades disciplinadas e coesas. 
d. Imparcialidade - Capacidade de julgar baseando-se em dados 
objetivos, sem se envolver pela afetividade. Significa atribuir igual tratamento a todos 
35 
 
os subordinados, distribuindo recompensas e punições (quando for o caso) de 
acordo com o mérito e o desempenho de cada um, sem se deixar influenciar pelas 
características pessoais dos envolvidos. 
e. Responsabilidade - Capacidade de assumir e enfrentar as 
consequências de suas atitudes e decisões. É a característica que leva o líder a 
perseguir seus objetivos, procurando superar os obstáculos e tomando decisões 
baseadas na razão e em princípios morais, com total honestidade. O líder 
responsável baseia-se, integralmente, no seu código de crenças e valores 
profissionais, quando determina, faz cumprir e assume as consequências de todos 
os seus atos. 
Das relacionadas às habilidades individuais: 
a. Adaptabilidade - Competência para se ajustar apropriadamente às 
mudanças de situação a História já comprovou que nem sempre vence o mais forte, 
e, sim, o mais adaptável. A adaptabilidade é desejável tanto no plano das ideias e 
normas, como no plano do ambiente operacional. O líder deve ter agilidade na 
adaptação às situações de incerteza ou de mudança. 
b. Autoconfiança - Competência para reagir com segurança e convicção 
diante de dificuldades. É a convicção em ser bem sucedido em tudo que deve ser 
realizado. A autoconfiança é demonstrada pela aparência, pelo olhar, pela voz, pelo 
entusiasmo no modo de falar e de agir. Se o líder não estiver confiante em relação 
ao resultado de uma missão ou a solução de um problema, não estará preparado 
para tornar os seus homens confiantes. 
c. Criatividade - Competência para produzir novas ideias e/ou realizar 
combinações originais, na busca de uma solução eficiente e eficaz, principalmente 
diante de circunstâncias desafiadoras. Consiste, ainda, em possuir habilidade para 
romper com dispositivos ou conceitos considerados padrões, quebrando paradigmas 
e inovando ao se deparar com impasses. 
d. Decisão - Competência para posicionar-se diante de várias opções. É a 
habilidade para tomar medidas seguras e corretas no momento adequado. A 
percepção e sensibilidade são elementos críticos para a tomada de decisões. Em 
algumas situações, em que o tempo é um fator crítico, o líder deve decidir com 
rapidez de raciocínio. 
36 
 
e. Equilíbrio emocional - Capacidade de controlar as próprias reações, 
tomar atitudes adequadas e decidir com acerto e oportunidade. É a habilidade para 
avaliar, com calma e isenção, o comportamento dos subordinados, não se deixando 
dominar pelas emoções. 
f. Flexibilidade - Competência para reformular planejamentos e 
comportamentos, com prontidão, diante de novas exigências. O líder deve ser 
flexível no que diz respeito a modificar suas ações e intenções, quando avaliar como 
inadequada a sua conduta. No entanto, ser flexível não significa perder a 
autoconfiança, capacidade de decisão e perseverança, com o intuito de não se 
tornar inflexível e autoritário. A flexibilidade com rapidez de raciocínio é bastante 
necessária para os líderes, tendo em vista a dinâmica das situações do combate 
moderno. 
g. Iniciativa - Competência para agir face a situações inesperadas, sem 
depender de ordem ou decisão superior. É a habilidade para, rapidamente, 
mobilizar-se e ao grupo, no sentido de atingir as metas estabelecidas, sem aguardar 
deliberação ou determinação dos superiores. O líder dotado de iniciativa também é 
ágil, cognitiva e emocionalmente. Dessa forma, a iniciativa abrange ainda o conceito 
de rapidez de raciocínio, que se caracteriza por antecipar-se às situações de 
incerteza ou de mudanças para pensar e aplicar, em tempo hábil, soluções 
alternativas quando a decisão ou a ação adotada não está sendo eficaz. 
h. Objetividade - Competência para selecionar, dentre várias 
possibilidades, o essencial necessário para atingir uma determinada meta. Os 
problemas de uma Unidade geralmente decorrem da ausência de um bom líder ou 
de seus equívocos. O sucesso do líder eficaz está apoiado na sua habilidade para 
identificar, controlar e corrigir os problemas potenciais e reais tão logo surjam, 
escolhendo para isto o meio mais rápido e direto. 
i. Organização - Competência para desenvolver suas atividades, 
sistematizando tarefas. Permite que as missões sejam planejadas de forma 
ordenada, regulando e combinando a ação, as condições e os meios. As tarefas são 
realizadas segundo uma ordem de prioridade e atribuídas a membros da Unidade de 
modo a possibilitar maior eficiência. 
37 
 
j. Persistência - Competência para executar uma tarefa e vencer as 
dificuldades encontradas até a concluí-la. Depende de uma grande determinação e 
força de vontade. É a perseverança para alcançar um objetivo, mesmo quando os 
obstáculos são aparentemente insuperáveis. Os subordinados somente terão 
persistência se o líder mostrar, com o seu exemplo, como devem ser enfrentadas as 
dificuldades. 
k. Resistência - Competência para suportar as fadigas físicas ou os 
infortúnios morais. A resistência apresenta-se sob duas formas: 
1) Resistência física: capacidade de suportar fisicamente, pelo maior 
tempo possível, as condições adversas no exercício da função ou de uma 
determinada atividade. 
2) Resistência moral ou psicológica: capacidade de suportar 
mentalmente, pelo maior tempo possível, as adversidades psicológicas no exercício 
da função ou de uma determinada atividade. No campo da resistência psicológica, 
essa pode abranger o conceito de resiliência, que significa a capacidade de se 
recuperar de maneira rápida de traumas e reveses, sublimando-os ou não, evitando 
que a eficiência na execução da missão seja abalada. Essa competência, apesar de 
ter significação específica, relaciona-se intimamente com a persistência. 
 
2.3 CONCLUSÃO PARCIAL 
 
Segundo o cientista político, Samuel P Huntington, o Poder Militar de uma 
Civilização (com "C" maiúsculo) possui quatro dimensões: 
_ a quantitativa - a quantidade de homens, armas, equipamentos e recursos; 
_ a tecnológica - a eficácia e sofisticação de armas e equipamentos; 
_ a organizacional - a coerência, disciplina, treinamento e moral da tropa e a 
eficácia dos relacionamentos de comandoe controle; 
_ societária - a capacidade e disposição da sociedade de empregar a força 
militar de modo efetivo. 
Numa sucinta análise, sob este paradigma, com relação ao Poder Militar do 
Brasil ao declarar Guerra ao Eixo, podemos verificar o que se segue. 
 
38 
 
2.3.1 Dimensão quantitativa 
 
 Um olhar leigo pode concluir que, devido à quantidade da população 
brasileira, este aspecto não representaria um obstáculo para completar os quadros 
da Força Expedicionária, porém a situação vivida pelo 1º Esqd Rec Mec e descrita 
por Pitaluga é um bom exemplo das dificuldades de recompletamento do efetivo 
brasileiro: 
 "Em consequência da 1ª inspeção de saúde, realizada na Policlínica Militar 
várias foram as exclusões por incapacidade (temporária e definitiva)" (PITALUGA, 
1947). 
"Nas vésperas do embarque do segundo escalão, nova inspeção de saúde foi 
feita, tendo o Esquadrão excluído 35 homens" (PITALUGA, 1947). 
Além da questão sanitária, a situação era agravada pela falta de especialistas 
principalmente motoristas e mecânicos fundamentais para o Esquadrão. O que 
tornava a questão quantitativa um obstáculo. (PITALUGA, 1947). 
 
2.3.2 Dimensão tecnológica 
 
Quanto à eficácia e sofisticação de armas e equipamentos podemos dizer que 
o Brasil possuía material das mais diversas origens, canhões franceses e alemães 
da 1º Guerra Mundial, tanques italianos, metralhadoras dinamarquesas. Sendo que 
esses materiais não acompanharam a evolução tecnológica militar da época. 
Por isso e, em particular no caso do Esqd, muitos materiais, incluindo as 
viaturas, foram adquiridos pela cadeia de suprimento norte-americano. Mas desde 
roupas para frio a aviões, toda a FEB foi dotada de novo material. E, a que pese o 
desconhecimento do material por parte dos combatentes, a adaptação ocorreu 
rapidamente, não causando óbices significativos. 
 
2.3.3 Dimensão organizacional 
 
Quanto a coerência, disciplina, treinamento e moral da tropa e a eficácia dos 
relacionamentos de comando e controle podemos dizer que boa parte de nossos 
39 
 
comandantes da época, incluindo o General Mascarenhas de Moraes, haviam 
estudado em escolas estrangeiras, havendo uma grande diversidade de influências 
no que tange ao treinamento da tropa. 
Talvez o melhor exemplo desta afirmação seja personificado na figura do 
comandante da FEB. O Gen Mascarenhas de Moraes fazia parte do influente grupo 
dos "jovens turcos", militares brasileiros que foram enviados para estudar no exército 
da Prússia a fim de trazer e difundir novos conhecimentos adquiridos em um dos 
exércitos mais modernos da época. Quando capitão, o Gen Mascarenhas estudou 
na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, recém-criada por influência da missão 
militar francesa, sagrando-se o primeiro lugar da turma. Por fim treinou com os 
americanos para comandar a Força Expedicionária Brasileira. 
 
2.3.4 Dimensão societária 
 
A capacidade e disposição da sociedade brasileira de empregar a força militar 
de modo efetivo passou por diversos percausos que foram "sendo descobertos" pela 
"tentativa e erro". Inicialmente, previu-se que seriam formadas 3 divisões para 
combater na Itália (BRANCO, 1967), mas logo viu-se que a ideia era por demais 
ambiciosa, em vista da capacidade de mobilização nacional à época. 
Essa dificuldade vivida não pode ser mais bem exemplificada do que o próprio 
símbolo das tropas brasileiras: a cobra fumando. Dizia-se na época que "era mais 
fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra". 
 
40 
 
3. METODOLOGIA 
 
O presente estudo foi realizado dentro de um processo científico e calcado 
em procedimentos metodológicos. Assim, nesta seção, será apresentada de forma 
clara e detalhada como o problema elencado no item 1.1 pode ser solucionado, bem 
como quais critérios, estratégias e instrumentos foram utilizados no decorrer deste 
processo de solução e as formas pelas quais foram utilizados. 
A trajetória desenvolvida pela presente pesquisa teve seu início na revisão 
teórica do assunto, através da consulta bibliográfica a manuais doutrinários, 
documentos e trabalhos científicos (artigos, trabalhos de conclusão de curso e 
dissertações), a qual prosseguiu até a fase de análise dos dados coletados neste 
processo (discussão de resultados). 
 
3.1 TIPO E NATUREZA DA PESQUISA 
 
Quanto à natureza, o presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa do 
tipo aplicada, por ter por objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática 
dirigidos à solução de problemas específicos relacionados ao estudo da doutrina de 
liderança com o tema proposto, valendo-se para tal do método indutivo como forma 
de viabilizar a tomada de decisões acerca do alcance da investigação, das regras de 
explicação dos fatos e da validade de suas generalizações. 
Trata-se de estudo bibliográfico que, para sua consecução, terá por método a 
leitura exploratória e seletiva do material de pesquisa, bem como sua revisão 
integrativa, contribuindo para o processo de síntese e análise dos resultados de 
vários estudos, de forma a consubstanciar um corpo de literatura atualizado e 
compreensível. 
 
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA 
 
O delineamento de pesquisa contempla as fases de levantamento e seleção 
da bibliografia; coleta dos dados, crítica dos dados, leitura analítica e fichamento das 
fontes, argumentação e discussão dos resultados (RODRIGUES et al.,2006). 
41 
 
 
3.2.1 Procedimentos para a Revisão de Literatura 
 
Para a definição de termos, levantamento das informações de interesse e 
estruturação de um modelo teórico de análise foi realizada uma revisão de literatura 
nos seguintes moldes: 
 
a. Fontes de busca 
 
- Artigos científicos das bases de dados do Scholar Google, do LILACS, do 
SCIELO e do ISI; 
- Livros e monografias da Biblioteca da Escola de Aperfeiçoamento de 
Oficiais e da Biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército; 
- Manual C 20 - 10: Liderança Militar; 
- Dicionários; e 
- Livros relacionados ao assunto. 
 
b. Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas 
 
A fim de realizar a busca a respeito do assunto foi utilizada a localização 
dados eletrônicos, por meio de sites de busca na internet. A fim otimizar a busca, 
serão utilizados os seguintes termos descritores: "Plínio Pitaluga”, “Battle of 
Collecchio-Fornovo”, “Collecchio-Fornovo”, “liderança militar”, “1º Esquadrão de 
Reconhecimento Mecanizado” . 
 
c. Critérios de inclusão: 
 
- Estudos publicados em português. 
 Estudos publicados em inglês. 
- Estudos sobre liderança militar. 
 - Periódicos relacionados com a atuação do 1º Esquadrão de 
Reconhecimento Mecanizado na 2ª Guerra Mundial. 
 
42 
 
d. Critérios de exclusão: 
 
- Estudos que não sejam relacionados à liderança militar. 
- Estudos que não sejam relacionados à 2ª Guerra Mundial. 
 
3.2.2 Procedimentos Metodológicos 
 
Com vistas à realização do presente estudo e do uso dos dados obtidos e 
coletados com o máximo grau de confiabilidade exigido pela metodologia do estudo 
científico, foram adotados os procedimentos metodológicos doravante descritos. 
A pesquisa desenvolvida foi do tipo qualitativa, baseada, primordialmente na 
pesquisa bibliográfica e documental a trabalhos científicos relacionados ao tema 
abordado e apresentados, preferencialmente à EsAO e à ECEME; a artigos 
científicos publicados em outros veículos nacionais ou estrangeiros ou por outras 
entidades, desde que possuidores de notória credibilidade; a livros; e a manuais de 
campanha em uso pelas Forças Armadas. 
Quanto à revisão de literatura, foram observados

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