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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS Cap Cav SAULO FREIRE LANDGRAF ATUAÇÃO DO CAPITÃO PLÍNIO PITALUGA, COMANDANTE DO 1º ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO MECANIZADO DURANTE A II GUERRA MUNDIAL, POR OCASIÃO DOS COMBATES EM COLLECCHIO-FORNOVO E OS ENSINAMENTOS COLHIDOS PARA LIDERANÇA MILITAR Rio de Janeiro 2013 1 CAP CAV SAULO FREIRE LANDGRAF ATUAÇÃO DO CAPITÃO PLÍNIO PITALUGA, COMANDANTE DO 1º ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO MECANIZADO DURANTE A II GUERRA MUNDIAL, POR OCASIÃO DOS COMBATES EM COLLECCHIO-FORNOVO E OS ENSINAMENTOS COLHIDOS PARA LIDERANÇA MILITAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais como requisito parcial para a obtenção do Grau Especialização em Ciências Militares. Orientador: Maj Hildebrando Balbino de Andrade Rio de Janeiro 2013 2 CAP CAV SAULO FREIRE LANDGRAF ATUAÇÃO DO CAPITÃO PLÍNIO PITALUGA, COMANDANTE DO 1º ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO MECANIZADO DURANTE A II GUERRA MUNDIAL, POR OCASIÃO DOS COMBATES EM COLLECCHIO-FORNOVO E OS ENSINAMENTOS COLHIDOS PARA LIDERANÇA MILITAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialização em Ciências Militares. Aprovado em: _____/_____/_______ COMISSÃO DE AVALIAÇÃO _______________________________ Presidente ________________________________ Membro ___________________________ Membro 3 AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu Deus, criador e formador de todas as coisas. À minha esposa, que entendeu os poucos tempos de lazer em face da execução do trabalho de conclusão de curso. Aos oficiais do curso de cavalaria da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais pelo tratamento despendido aos capitães enquanto alunos e o profissionalismo em todos os momentos do ano de instrução. 4 RESUMO O estudo da doutrina de liderança militar é um dos componentes mais importantes para a eficiência de um Exército e a Segunda Guerra Mundial foi o último grande conflito que o Exército Brasileiro participou. Nesta campanha se destaca o nome de um dos comandantes de subunidade mais eficientes de toda tropa brasileira, o então capitão Plínio Pitaluga, comandante do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado. Este trabalho buscou obter e integrar os conceitos básicos relativos às partes do tema em estudo com o objetivo de responder se a atuação do Cap Plínio Pitaluga, durante as ações em Collecchio-Fornovo, pode ser considerado um exemplo de liderança aplicável no estudo da doutrina da liderança militar nos dias atuais. O trabalho baseou-se em uma pesquisa bibliográfica fundamentada em autores reconhecidos no meio acadêmico, delimitada ao estudo deste militar naquela ocasião. Os dados obtidos no trabalho indicam que o exercício da liderança pelo militar estudado durante a campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial influenciou de maneira significativa o resultado das operações militares desenvolvidas pela tropa a comando do referido militar. PALAVRAS-CHAVE: Liderança Militar, 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, Plínio Pitaluga, Collecchio-Fornovo. 5 ABSTRACT The knowledge of military leadership is one of the most important components for the efficiency of the Army and Second World War was the biggest conflict that the Brazilian Army participated. On this campaign, stands out the name of Plínio Pitaluga, the commander of Expeditionary Brazilian Force's Reconnaissance Troop. That research, based on this, looked for to obtain and to integrate the relative basic concepts of the parts of the theme of the study with the objective of understanding if the action of Capt Plínio Pitaluga, in the battle of Collecchio-Fornovo, it’s an example of leadership in nowadays studies. The work based on a research with bibliography of recognized authors in the academic environment, delimited to the study of Captain Pitaluga in that occasion. The data obtained in the work indicate that the military leadership developed by the one studied during the campaign of the Brazilian Expeditionary Force in Second World War influenced in a significant way, and increased the result of the military operations developed by the troop under his command. KEY WORDS: Military Leadership, Expeditionary Brazilian Force's Reconnaissance Troop, Plínio Pitaluga, Collecchio-Fornovo. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8 1.1 PROBLEMA .................................................................................................. 8 1.2 OBJETIVO .................................................................................................. 10 1.3 QUESTÕES DE ESTUDO .......................................................................... 10 1.4 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 11 2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 12 2.1 O EXÉRCITO BRASILEIRO NA 2ª GUERRA MUNDIAL ........................... 12 2.1.1 A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) ................................. 13 2.1.2 Origens e preparo do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado 14 2.1.3 A atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado ............. 15 2.1.3.1 Antecedentes da Ofensiva da Primavera (16 Jul 44 a 6 Abr 45) ................ 16 2.1.3.2 Ofensiva da Primavera ............................................................................... 19 2.1.3.2.1 O Ataque a Monte Castelo ......................................................................... 20 2.1.3.2.2 Perseguição Após Monte Castelo .............................................................. 21 2.1.3.2.3 De Collecchio à Fornovo di Taro (25 a 28 de abril de 1945) ...................... 25 2.2 LIDERANÇA MILITAR ................................................................................ 31 2.2.1 Definição de Liderança ............................................................................ 31 2.2.2 Estilos de Liderança ................................................................................. 32 2.2.3 Competências do líder militar ................................................................. 33 2.3 CONCLUSÃO PARCIAL............................................................................. 37 2.3.1 Dimensão quantitativa ............................................................................. 38 2.3.2 Dimensão tecnológica ............................................................................. 38 2.3.3 Dimensão organizacional ........................................................................ 38 2.3.2 Dimensão societária ................................................................................. 39 7 3 METODOLOGIA ........................................................................................ 40 3.1 TIPO E NATUREZA DA PESQUISA .......................................................... 40 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA .............................................................. 40 3.2.1 Procedimentos para a Revisão de Literatura ......................................... 41 3.2.2 Procedimentos Metodológicos ............................................................... 42 4RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 43 5 CONCLUSÕES .......................................................................................... 45 8 1 . INTRODUÇÃO Em 20 de setembro de 1944, do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, menos o 2º Pelotão parte, junto com o 2º Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), para uma terra para eles desconhecida. O perigo iniciava-se a partir do desatracamento do navio de transporte americano "Gen MANN" com destino à península Itálica, onde a Guerra os aguardava, pois se deslocaram por águas infestadas de submarinos inimigos. Entre os passageiros encontrava-se o 1º Tenente de Cavalaria Plínio Pitaluga em companhia de outros oficiais e praças que fizeram a história da FEB. Apesar de uma história rica de sacrifícios e acontecimentos estoicos, no estudo da "Liderança Militar" poucas são as referências atribuídas aos "febianos". Os motivos para isso são diversos, mas injustificáveis. O presente trabalho procurou trazer à lume aspectos relativos à liderança do Capitão Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado durante a II Guerra Mundial, por ocasião dos combates em Collecchio-Fornovo, e os ensinamentos colhidos para a liderança militar. 1.1 PROBLEMA O estudo de táticas e formas de combater, aliado ao desenvolvimento de armamentos capazes de neutralizar as forças oponentes, por vezes parece ser a única forma para se atingir a eficiência no combate. Poucas vezes se procura estudar e entender os efeitos da liderança militar para o desempenho das frações no combate. Neste sentido a AMAN e a EsAO mantém em suas grades curriculares o estudo da liderança militar a fim de instrumentar os comandantes militares no desempenho da liderança em suas futuras unidades. Durante esses períodos acadêmicos, diversos exemplos de liderança são analisados, porém, embora exista farta documentação que pode retratar sobre o período, infelizmente há dificuldade em encontrar informações sobre o tema em tela. Mesmo com o advento da internet e agregando fontes digitais, pouco se constitui fonte sólida e conclusiva sobre o assunto em voga. 9 Portanto, esta obra buscou fatos relacionados ao Cap Plínio Pitaluga, comandante do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, durante os combates em Collecchio-Fornovo e tratou de relacioná-los com o estudo da liderança militar e se este exemplo de liderança é aplicável nos dias de hoje. Em consagrada obra o cientista político, Samuel P Huntington, define que o Poder Militar de uma Civilização (com "C" maiúsculo) possui quatro dimensões: a quantitativa - a quantidade de homens, armas, equipamentos e recursos; a tecnológica - a eficácia e sofisticação de armas e equipamentos; a organizacional - a coerência, disciplina, treinamento e moral da tropa e a eficácia dos relacionamentos de comando e controle; e a societária - a capacidade e disposição da sociedade de empregar a força militar de modo efetivo. Em tempos globalizados, coexistimos com diversas variáveis que influenciam as dimensões do Poder Militar evocado por Huntington. No horizonte de ferramentas do Exército Brasileiro que se mostram plausíveis para influenciar a dimensão organizacional e a dimensão societária surge a figura do líder e da liderança militar. Na História verifica-se a presença de líderes militares notáveis que tiveram grande influência em seu tempo e cujos exemplos inspiram a sociedade até os dias atuais. Leônidas de Esparta, Hannibal, Júlio César, Genghis Khan, Napoleão, Osorio, Caxias, Patton, Rommel, Churchill entre outros que conduziram seus exércitos e também suas nações a alcançar grandes conquistas. O que tornou estes homens líderes? O que os diferenciou? Provavelmente as atitudes, os valores que pregavam e, principalmente, os exemplos de coragem, camaradagem, iniciativa, que se difundiam entre seus comandados de maneira que fossem seguidos rumo ao desconhecido em tarefas árduas. Nesse sentido, a Segunda Guerra Mundial foi campo prolífico para o surgimento de líderes militares. Com a intenção de descrever os feitos de tão insigne chefe militar durante a Segunda Guerra Mundial surge o problema a ser trabalhado: A atuação do Cap Plínio Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da FEB, durante as ações em Collecchio-Fornovo, pode ser considerado um exemplo de liderança aplicável no estudo da doutrina da liderança militar nos dias atuais? 10 1.2 OBJETIVO A fim de procurar resposta à pergunta formulada como problema de investigação, "A atuação do Cap Plínio Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da FEB, durante as ações em Collecchio-Fornovo, pode ser considerado um exemplo de liderança aplicável no estudo da liderança militar nos dias atuais?", foram traçados o objetivo geral, para descrever a finalidade principal da investigação de estudo, e os objetivos específicos, que pretendem descrever o caminho lógico percorrido para solucionar o problema. O Objetivo Geral deste trabalho é identificar na atuação do Cap Plínio Pitaluga os exemplos de líder militar e extrair lições para o presente, verificando se essas ações podem ser aplicáveis nos dias atuais. A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram formulados os objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitirão o encadeamento lógico do raciocínio descritivo apresentado neste estudo: a) realizar uma pesquisa bibliográfica relacionada com a 2ª Guerra Mundial no que converge com o estudo em tela; b) descrever a criação da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária e do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado; c) descrever a participação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado nas Operações em Collecchio-Fornovo; d) descrever a fase de Treinamento na Itália; e) descrever os fundamentos teóricos da liderança militar. f) Quais os tipos de liderança evidenciados pelo Cap Plínio Pitaluga na operação supracitada. g) O arquétipo de liderança evidenciado harmoniza-se para os fins do estudo da liderança militar no Exército Brasileiro? 1.3 QUESTÕES DE ESTUDO Algumas questões de estudo podem ser formuladas no entorno deste questionamento: a. Qual origem da FEB e do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado? 11 b. Quais as competências do líder? c. Por que Pitaluga? d. O que foram as ações em Colleccio-Fornovo, durante a Segunda Guerra Mundial? e. A atuação do Cap Pitaluga em Collecchio-Fornovo é um exemplo de liderança militar? Enfim, balizado por estas questões, espera-se que seja possível solucionar o problema de estudo e atingir os objetivos de pesquisa, conforme previamente formulados. 1.4 JUSTIFICATIVA A vida e obra de diversos brasileiros são extenuantemente apresentadas como arautos do heroísmo e exemplos a serem seguidos. De fato, muitos vultos de nossa história deixaram uma sombra de valores que nos orgulha e fascina gerações, entre eles, podemos citar o Marechal Manoel Luís Osorio, o Marechal Cândido da Silva Rondon, a médica Zilda Arns Neumann, entre outros tantos exemplos de superação e dedicação patrióticos. Porém, por vezes, observamos contra-exemplos sociais sendo exaltados como se os feitos por eles protagonizados tivessem a relevância e o peso dos que dedicaram a sua vida pela causa da Pátria. Numa sociedade em que valores consumistas e amorais estranhos às tradições do Brasil são propagados intensamente pela mídia1, é imperativo que exaltemos os valores e tradições mais caras à profissão das armas.Neste sentido e com o objetivo de abrilhantar uma das mais belas páginas da História Militar Terrestre do Brasil, esse estudo buscou no exemplo de Pitaluga a liderança que molda o espírito do cavalariano encontrando nisso escopo e justificativa. 1 RODRIGUES, ALEXANDRE SOBRAL LOBO - História Militar I/ Pub 20-0-3, p. 71 - Rio de Janeiro: EsAO, 2007. 12 2 REVISÃO DE LITERATURA O presente estudo pretendeu apresentar dados e fundamentos teóricos para outros estudos que sigam nesta mesma linha de pesquisa, neste intuito a revisão de literatura buscou expor tais fatos de forma sucinta, no que diz respeito à atuação do Cap Pitaluga no comando do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado nos combates de Collecchio-Fornovo e as bases doutrinárias do estudo da liderança no Exército Brasileiro. 2.1 O EXÉRCITO BRASILEIRO NA 2ª GUERRA MUNDIAL Conforme Rodrigues (2007, pp.240-241)2: Durante os primeiros anos da Segunda Guerra, o governo do Estado Novo não tomou posição definida, mantendo neutralidade. Em janeiro de 1942, depois da Conferência de Chanceleres Americanos, o governo rompeu relações diplomáticas com as nações do Eixo, permitindo a instalação de bases navais e aéreas no Nordeste do Brasil. (...) Em 22 agosto de 1942, o afundamento de navios brasileiros levou o Brasil a declarar guerra ao Eixo, e já em 27 do mesmo mês reuniu-se pela primeira vez a "Comissão Militar Mista de Defesa Brasil - Estados Unidos" em Washington, deliberando sobre como seria a participação militar do Brasil na guerra, destacando-se: - o envio de um Corpo de Exército (CEx), a três Divisões de Infantaria (DI), mais os elementos de apoio, à África ou à Europa; - as unidades teriam organização igual às adotadas pela doutrina militar norte-americana (NA); - o envio de uma Força Aérea Expedicionária; (...) - a participação de oficiais brasileiros em estágios de instrução nos EUA; - o envio de militares norte-americanos como instrutores para o Brasil; Em 1943, a Marinha e a Força Aérea realizavam o patrulhamento da costa brasileira e do Atlântico Sul. Ainda em 1943, foi enviada para a Itália uma 2 RODRIGUES, ALEXANDRE SOBRAL LOBO - História Militar I/ Pub 20-0-3, pp. 240-241 - Rio de Janeiro: EsAO, 2007. 13 esquadrilha da FAB. Em julho de 1944 partiu para a Itália o primeiro escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Em fevereiro de 1943, o Presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, retornando de visita a Casablanca, no norte da África, esteve em Natal acompanhado do Presidente Getúlio Vargas, ocasião em que ratificaram os acordos de guerra entre Brasil e Estados Unidos. A 9 de agosto de 1943, foi ordenada a organização da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e das outras duas DIE, em 07 de janeiro de 1944. A organização das outras duas DIE foi cancelada após o embarque do 1º Escalão da FEB para a Itália em julho do mesmo ano. (RODRIGUES, 2007) Pelo exposto podemos constatar o curto espaço de tempo entre o início das hostilidades, a organização, o preparo e o envio das tropas brasileiras para o território italiano, esse aspecto seria um dos mais abordados por especialistas e historiadores nos anos posteriores a Guerra. 2.1.1 A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) A 1ª DIE foi organizada conforme o modelo norte-americano, ficando assim constituída: Tropa Especial, Infantaria Divisionária, Artilharia Divisionária, Batalhão de Engenharia, Batalhão de Saúde. A 1ª DIE possuía as seguintes subunidades como elementos de manobra: o 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado na tropa especial, a Infantaria Divisionária (ID) da 1ª DIE, que possuía em seus de três Regimentos de Infantaria (RI), fora os elementos de comando e apoio (Cia Cmdo, Cia Saúde, Cia Sv, Cia de Obuses 105 mm, Cia Can AC 57 mm), três Batalhões de Infantaria compostos de três Cias de Fuzileiros, fora as subunidades de Cmdo e Ap (Cia Cmdo, Cia de Petrechos Pesados). A Artilharia Divisionária (AD) estava composta de uma Bia Cmdo, um Destacamento Saúde; um Grupo de Obuses autorrebocados de 155 mm, composto de uma Bia Cmdo, uma Bia Sv e três Bias de Obuses; e três grupos de obuses 105 mm, a uma Bia Cmdo, uma Bia Sv e três Bias de obuses 105 mm. Compunha, ainda, a AD uma Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO), dotada de 10 aeronaves "Piper Cub L. 4H". 14 A Engenharia da FEB foi composta de um Batalhão de Engenharia (9º Batalhão de Engenharia de Aquidauana - Mato Grosso), o qual era composto de 1 Cia Cmdo Sv, 1 Destacamento de Saúde e 3 Cia Eng. O Batalhão de Saúde foi composto de 1 Cia de Triagem e 3 Cias de Evacuação. 2.1.2 Origens e preparo do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado Por constituir novidades na estrutura organizacional divisionária brasileira, principalmente devido à influência americana, o 1º Esquadrão de Reconhecimento foi criado a partir do Decreto-lei nº 6.072-A, de 06 de Dez 43, e instalado no 2º Regimento Motomecanizado sediado na capital federal, sendo designado o 3º Esquadrão de Reconhecimento e Descoberta para participar da campanha da Itália. INSTALAÇÃO DO 1 ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO Aviso n 573-485. Reservado. Em 13-XII-1943 É mandado instalar, provisoriamente, no quartel do 2 Regimento Moto- Mecanizado, o 1 Esquadrão de Reconhecimento, orgânico da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, criado pelo Decreto-Lei reservado n 6072 ª de 6-XII-1943. (Ass.) Eurico G. Dutra (publicado no BOLETIM RESERVADO DO EXÉRCITO n 22 de 28 de dezembro de 1943) Em 04 fevereiro de 1944 foi finalmente dada autonomia administrativa a esta nova unidade, que passou a ocupar um pavilhão de madeira ao lado de um picadeiro na cidade do Rio de Janeiro, permanecendo ainda dependente do 2º Regimento Motomecanizado no que se referia à alimentação, uma vez que não possuía uma cozinha própria. - 1 Esquadrão de Reconhecimento da 1ª D.I.E. - Criação: - O Presidente da República usando da atribuição que lhe confere o artigo 180, da Constituição, decreta: Artigo Único. É criado de acordo com o Decreto-Lei n 6018-A, de 23 de novembro de 1943, para organização imediata nesta capital, o 1 Esquadrão de Reconhecimento, orgânico da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, revogadas as disposições em contrário. (A) Getúlio Vargas - Eurico Gaspar Dutra. (DECRETO-LEI 6072-A, de 6-XII-943. Res, publicado no BOLETIM RESERVADO DO EXÉRCITO n22, de 28 de dezembro de 1943 e no BOLETIM INTERNO RESERVADO n17, de 11 fevereiro de 1944, da 1ª DIE). Embora não dispondo de todo o material orgânico, foi iniciada a instrução, visando, inicialmente, o preparo moral e físico. Entre fevereiro e março de 1944 foram recebidas e distribuídas 5 viaturas blindadas de reconhecimento, e viaturas de 15 rolamento misto, iniciando a seleção e adestramento dos motoristas. Em 30 de junho o 2º Pelotão embarcou para a Itália, não sem antes uma inspeção sanitária afastar 20% do seu efetivo, tendo esse claro sido preenchido, na véspera do embarque, por elementos do depósito de pessoal. Em 30 de julho, a subunidade foi incorporada ao V Exército Americano, e passava então, a receber as diretrizes para a instrução de seu pessoal diretamente daquele exército. (PITALUGA, 1947) O grosso do Esquadrão embarcou com o 2º escalão, no dia 20 de setembro de 1944, no transporte americano Gen Mann, desatracando a 22 de outubro do mesmo ano. Neste escalão embarcou,inclusive, o Capitão Flávio Franco Ferreira, comandante do Esquadrão e o 1º Ten Plínio Pitaluga, Subcomandante. 2.1.3 A atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado A fim de atender ao propósito dessa obra a atuação do Esquadrão foi dividida em duas partes: uma descrição sucinta dos acontecimentos envolvendo o 1º Esqd Rec Mec até a Ofensiva da Primavera e uma segunda parte relativa à Ofensiva da Primavera enfatizando as ações em Collecchio-Fornovo. São poucas as referências em revistas, livros e mesmo digitais que se encontra sobre a atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado na campanha da Itália. A maioria das operações realizadas em solo italiano é relatada em documentos e fontes primárias. Cmdo Rec Rec Fig 1. Organograma do 1º Esqd Rec Mec. Fonte: acervo do museu militar Cap Plínio Pitaluga. 16 Boa parte das operações realizadas pelo Esquadrão descritas nesta obra é advinda de um relatório escrito pelo Cap Pitaluga uma vez que é o único documento oficial produzido sobre a atuação do Esqd em combate e, o livro "O Brasil na Grande II Guerra", do Coronel Manoel Thomaz Castello Branco. Fig 02. Capa do relatório de Reconhecimento escrito pelo Cap Plínio Pitaluga. Fonte: arquivo pessoal do autor. 2.1.3.1 Antecedentes da Ofensiva da Primavera (16 Jul 44 a 6 Abr 45) Em 16 de Julho de 1944, o navio de transporte americano "Gen Mann", desembarcou o 1º Escalão da FEB em Nápoles, dirigindo-se para Bagnoli, onde acampou. A 30 de agosto o 1º Escalão, incluindo o 2º Pelotão do Esqd, deslocou-se para Tarquínia e para diversas localidades a fim de receber instruções e realizar adestramento final junto aos aliados (BRANCO, 1960). Em 15 de setembro de 1944, o 2º Pelotão, que estava acampado em Vechiano recebeu sua primeira missão de guerra. Para cumpri-la, o Pelotão foi dividido em 2 patrulhas cada uma sob o comando de um oficial; a 1ª patrulha foi destacada no eixo Manacuiccoli - Chiesa - Massarosa. A 2ª patrulha recebeu a missão de reconhecer o eixo de Ponte de S.Pietro - S. Macário Piano - S. Macário do Monte, sendo hostilizado por tiros de morteiro em todos os reconhecimentos. 17 Fig 03. Itinerário de Chegada do Esqd Rec na Itália. Fonte: acervo do museu militar Cap Plínio Pitaluga. Essa patrulha é considerada o Batismo de Fogo da Força Expedicionária Brasileira na Itália (BRANCO, 1960). Após 17 de setembro, devido às características do terreno e a dificuldades de empregar os meios motomecanizados, o Esqd Rec Mec, representado ainda apenas pelo 2º Pelotão, passa a realizar diversos reconhecimentos e patrulhas a pé. Em 16 de novembro de 1944 ocorre a junção com elementos do 2º Escalão da FEB, incluindo o restante do Esquadrão. Nesse período o Esquadrão perde o 2º Sgt PEDRO KRINSKI, em 24 de setembro de 1944, vítima de estilhaço de granada na região de Camaiore. No período de 9 de novembro de 1944 até 18 de fevereiro de 1945 ocorre a fase de defensiva no Vale do Reno, influenciada pelo intenso inverno e caracterizada pelas missões de vigilância e patrulhamento, sendo a tropa brasileira constantemente hostilizada por morteiros, visto que o inimigo possuía comandamento da posição das tropas brasileiras. Nesse período, e dias antes aos ataques iniciais ao Monte Castello (24 de novembro), o Esqd Rec Mec perdeu mais dois militares, o 2º Ten AMARO FELICÍSSIMO DA SILVEIRA, 20 de novembro de 1944, durante a realização de uma patrulha de combate na região de Montilloco, e o Cb BENEDITO ALVES, em 17 novembro de 1944, vítima de acidente com arma de fogo. 18 "No dia 20 de novembro uma ordem de busca de informações foi cumprida por uma patrulha sob o comando do 1° Ten Amaro, lançada para reconhecer a localidade de Montilloco foi hostilizada por fogos de armas automáticas. Revelando seu Cmt uma rara noção de responsabilidade, e espírito militar incomum, ainda tentou desbordar a resistência revelada. Colocou sua arma automática em posição, deu ordens aos demais elementos da patrulha e tentou alcançar uma posição favorável a observação e flanquear a posição inimiga. Ao dar um lanço fora atingido mortalmente, ficando seu corpo batido pelo fogo de armas automáticas alemãs. O 3° Sgt auxiliar da patrulha, tentara recuperar o corpo do 1°Ten Amaro, não tendo conseguido seu intento em vista da superioridade de fogo do inimigo, que a cavaleira dominava qualquer movimento da patrulha nesse sentido. O bagageiro do Ten ainda conseguira se aproximar do corpo e, depois de constatar sua morte e a impossibilidade de carregá-lo, vira-se obrigado a retrair. Somente em abril, quando o maciço de Belvedere-De la Torracia estava ocupado pelas forças aliadas, o cadáver do 1°Ten Amaro fora encontrado enterrado na localidade de Montilloco, sendo transportado para o cemitério de Pistóia." (Trecho do ofício remetido pelo Cap Plínio Pitaluga, Cmt do 1° Esqd Rec Mec, ao Cmt da 1ª DI em 07 de janeiro de 1946, solicitando a denominação "ESQUADRÃO TEN AMARO" à unidade). Em 25 de dezembro de 1944, o 1º Ten Pitaluga é promovido a capitão e, com o afastamento e evacuação para o Brasil por motivo de saúde, do Cap Flavio Franco Ferreira, assume o comando do 1° Esqd Rec Mec o Capitão Plínio Pitaluga, até então Subcomandante do Esqd, que foi efetivado no comando da unidade no dia 10 de janeiro de 1945. Em 20 de janeiro de 1945, o Esqd recebeu a seguinte missão: "Impedir que elementos inimigos lançados de pára-quedas, atuem no setor da Divisão e pratiquem atos de sabotagem e espionagem." (PITALUGA, 1947, p.14). Com isso foi organizado o serviço de vigilância dentro da zona atribuída ao Esqd e os reconhecimentos necessários para atender ao emprego do Esquadrão em outras zonas de acordo com ordens da 1ª DIE.3 No período de 19 de fevereiro a 7 de março de 1945, ocorre a Operação "Encore" onde a FEB conhece as vitórias nos Montes Belvedere, Castello e Della Torraccia e finalmente Castelnuovo. No ataque a Monte Castelo o Esqd é empregado na reserva da DIE, juntamente com a 1ª Cia do 11º RI (BRANCO, 1960) e reforçado por dois pelotões Anti-Carro do 11º RI, concentrando-se na região de Serrassiccia "(...) o 1º Esqd Rec esteve pronto para cumprir a missão de deslocar- se, no dia D, mediante ordem, em condições de ser empregado quer no eixo da estrada 64, quer no de Sila a Gaggio Montano". (PITALUGA, 1947). 3 Podemos observar que essa é uma típica missão de Segurança de Área de Retaguarda (SEGAR). 19 O Esqd estava assim localizado no flanco oeste da 1ª DIE, onde realizava patrulhas durante a noite, com a peculiaridade de não possuir material apropriado para a marcha sobre a neve, o que causou pouco rendimento na execução dos deslocamentos. As posições do 3º Pelotão Rec Mec e 2° Pelotão da Cia Anti-Carro do 11º RI eram diariamente bombardeadas por fogos de artilharia de 75 e 105 mm, sem causarem danos pessoais. As baterias inimigas foram localizadas na região a oeste e leste de Sestola e se encontravam fora do alcance da artilharia divisionária, assim, as posições de morteiros localizadas nas contra encostas foram desalojadas pelo fogo dos morteiros químicos americanos que se encontravam na região de Lá Cá. (PITALUGA, 1947). Após as conquistas da Operação "Encore" os aliados procuraram manter o terreno através da condução de uma nova defensiva sobre o divisor Reno-Panaro, situação que perdurou até 14 de abril de 1945, quando iniciou a Ofensiva da Primavera. 2.1.3.2 Ofensiva da Primavera Segundo a Ordem de Operações nº 32 de 09 deabril de 1945, a missão do 4º Corpo era "Atacar entre o rio Reno e a linha M. Grande D'Aiano-Dragodena - M. Moscoso, com a 10ª Divisão de Montanha.". A 2ª "Ideia de Manobra" da 1ª DIE era "Lançar reconhecimentos fortes e profundos particularmente no eixo Maserno - Mo Tespecchio". A missão do Esquadrão de Reconhecimento, por sua vez, como reserva era "ficar em condições de fazer a defesa aproximada de Gaggio Montano, face N e a NW". Ainda na jornada do dia 9 o Esquadrão (menos um pelotão) se deslocou para seu novo estacionamento e na jornada do dia 10 o pelotão do Esqd que havia ficado se deslocou para seu novo estacionamento, ainda na primeira parte da jornada. (PITALUGA, 1947, p.23). Nessa localidade, o Esquadrão foi substituído por uma Cia do 370° RI (americano) e acampou na região escolhida. 20 2.1.3.2.1 O Ataque a Monte Castelo O ataque a Monte Castelo representa um divisor de águas na Campanha da Itália. Foi a primeira de uma série de conquistas que se seguiram sem grandes reveses. Ocorreu no período de 14 a 18 de abril de 1945, podemos extrair da O Op nº 23 de 13 de abril de 1945: "O inimigo defenderá fortemente o triângulo de alturas Montese-888- Montelo caso não obrigado a um retraimento pela ameaça causada com o avanço da 10ª Divisão de Montanha. Idéia de manobra da 1ª DIE: 1º - Manter as posições; 2º - Lançar fortes reconhecimentos no eixo Moserno-Montespecchio e sobre a linha Montese-Montebufone-Montelo; 3º - Procurar a melhora da posição com a posse da linha Montese-888- Montello e da região 747, partindo daí, em aproveitamento do êxito sobre Perocchi-Ranocchio e Montespecchio." (PITALUGA,1947, p.24). Assim, o Esqd que estava em reserva, teve por missão: "Deslocar-se para a região de Tamburini, na jornada de 14, onde ficará em condições de aproveitar o êxito sobre Bertocchi e Ranocchio". (PITALUGA, 1947, p.24). Para cumprir a sua missão o Esquadrão recebeu a disposição uma seção da 1ª Cia do 9º Batalhão de Engenharia. Às 14:00 horas do dia 14, o Cmt do Esqd recebeu ordem para se deslocar para a região de Tamburini, Campo Del Sole - Il Cerro. Durante o ataque do 3º Btl do 11º RI, este sofre resistência inimiga, o Esqd permanece articulado na região de Campo Del Sole - Il Cerro e colabora na ligação entre a 7ª Cia do III/6º RI e um pelotão de carros de combate médios (americanos) na consolidação da tomada de Montese. Pela ordem particular de operações nº 42 E: "O Esqd na região de Il Cerro Campo Del Sole - além de ficar em condições de cumprir a missão da O Op nº 33, deverá também ficar em condições de operar contra ação inimiga a SW de Montese e na região de Maserno." (PITALUGA, 1947). Nos dias 15, 16 e 17 de abril o Esqd permanece em reserva na mesma região, aonde foram realizados: reconhecimentos das saídas de Montese; levantamento de campos de minas na estrada de Il Cerro - Montese e na estrada frente a "Cá de Biccochi"; treinamento físico. 21 Devido às ações realizadas pela FEB, a penetração profunda da 10ª Divisão de Montanha e pelo alargamento da brecha pela 1ª Divisão Blindada para NW, o inimigo se vê obrigado a se retirar para a margem oeste do rio Panaro. 2.1.3.2.2 Perseguição Após Monte Castelo Até esta fase das operações o Esquadrão havia cumprido poucas missões típicas da arma ligeira, sendo na maioria das vezes empregado como fuzileiro. Talvez por isso o Cap Pitaluga tenha dito: "Eles estão me segurando, mas no dia em que me soltarem tomo os freios nos dentes e vou embora.". Frase atribuída a Pitaluga pelo General Hélio Richard, na época, comandante da Companhia de Transmissões. (MOTTA, 2001, p.183). Mas a situação estava para mudar, pela ordem de busca de informações nº 26, do G-2, o Esqd recebe a seguinte ordem: "I - Informações sobre o inimigo: na frente da 1ª DIE é nula a atividade de artilharia, morteiros e armas automáticas. A penetração profunda da 10ª Div Montanha e 1ª Div Bld criaram para o inimigo uma situação tal que se torna possível o seu retraimento para as margens W do Panaro. II - Missão de busca de informações: segundo o eixo Montese-Ranocchio, tomando contato agressivamente com elementos retardadores de suas retaguardas e reconhecer as margens do Panaro. III - Zona de ação SW Rio S. Martino - NE - Rio Rivela. IV - Ritmo de informações - mesmo negativas, das transversais Doccia (553250) - Zocca (555258) - S. Martino (541256) - salto (548261). O Panaro só deverá ser transposto mediante ordem da 1ª DIE. V - Execução imediata" (PITALUGA, 1947, p.28). Para essa missão Pitaluga manobra da seguinte forma o Esqd: 1º Pel - sobre Ranocchio; 2º Pel - sobre Bertocchio; 3º Pel - reserva no eixo Montese-Ranocchio e Trens de Combate em Montese. O 1º Pel foi fortemente hostilizado por barragens de morteiro e artilharia; o 2º Pel surpreendeu um posto avançado em Castiglione que foi dominado, deixando o inimigo com 05 (cinco) prisioneiros e um morto; o 3º Pel continuou o movimento e atingiu na manhã de 20 as margens do Panaro. Logo em seguida, 01 (um) carro de reconhecimento M-8 foi inutilizado pelo funcionamento de uma "teller-mine" (mina anti-carro alemã) "Lançado no eixo MONTESE - RANOCHIO, no dia 19 de abril, logo após a consolidação da posse de MONTESE, conseguiu agir rapidamente. 22 Contribuiu decisivamente na limpeza dessa zona e, em seguida, tomou o contato com inimigo em MARANO SUL PANARO, agindo com alto espírito de decisão e destemor, apesar do pequeno efetivo da sua tropa e da distância a que se encontrava das vanguardas da DI. Recuperado por termino de missão, foi novamente lançado ao sul da estrada nº 9 (Via Emilia), no eixo geral: SASSUOLO - SCANDIANO - S. POLO D'ENZA - COLLECCHIO, para retornar o contato e retardar o inimigo, enquanto as vanguardas da DI progrediam o mais rapidamente possível." (Trecho do elogio publicado BI n°167 de 20Jun45 ao Cap Pitaluga. Gen Mascarenhas de Moraes) Por conta dessa missão o Esqd teve 01 (um) ferido, fez 10 (dez) prisioneiros e apreendeu grande quantidade de munição e armamento que foram encontradas em Ranocchio e na estrada para o Panaro. Quando da Ordem de Busca de Informações nº 27, de 20 de abril, o Esquadrão havia retraído para Montese. Desta podemos extrair: "I - Situação: o inimigo está se retirando para a região ao norte de Zocca e parece que ocupa, com suas retaguardas, M. Carpignano (6034) - M. Albano (585331). No alvorecer de 21 a 1ª DIE deverá progredir na direção geral de Monte Orselo. II - Missão do Esquadrão: Logo após a substituição pela infantaria, era se reconstituir na região de Montese, com a missão de: Lançar-se no eixo Vila Aiano - Rosola - Zocca, bifurcação de estradas (565350) e aí ficar em condições de: 1) Vigiar o movimento do inimigo ao longo da estrada imediatamente a O de Panaro: 2) Reconhecer as passagens do Panaro entre as horizontais 33 e 37, particularmente na região de Samone (543345) que deverá ser ocupada; 3) Levar os reconhecimentos até M. de Vallechie (565385) e ligar na transversal de Samone (570355) à Cia de Tanques 894 T.D. que em missão análoga opera no eixo Zocca-M. Osselo (585405); 4) Manter as regiões de 476 e Samone. III - Conduta: - em presença de fracos elementos agir agressivamente. IV - Zona de Ação: W - Panaro; L - Estrada Zocca-M. Osselo. V - Ritmo de informações: mesmo negativas, a partir de Zocca. VI - Ligação e transmissão: pelo rádio, em posto a posto, com a 2ª seção." (PITALUGA,1947, p.30) Às 8 horas de 21 de abril o Esqd desloca-se para Castel D'Aiano, de onde aguarda ordem para prosseguir. Somente às 10 horas o Esqd recomeça seu movimento em direção a Rosola e Zocca, por uma estrada seriamente destruída. Por volta das 16 horas,o Esqd recebe, pelo rádio, ordem para continuar a retomada de contato em direção a Granela, próximo a Marano do Panaro, com a missão de: • Reconhecer as margens do rio Panaro; • Lançar patrulhas ao N de Marano; • Atravessar o rio Panaro mediante ordem da 1ª DIE. 23 Segundo informações colhidas em Rochetta e Pietrarossa, às 24 horas uma coluna alemã (cerca de 150 homens com viaturas hipomóveis) atravessara o rio Panaro. Quando atingiu a região de Spinela, civis informaram que a cidade de Marano achava-se ocupada. O 2º Pel entrou em posição guardando o vau do rio Panaro, em Marano, e o 3º Pel em Spinela. Às 5 horas do dia 22 de abril, o inimigo se apresentou para transportar canhões que, ainda, permaneceram à margem leste do rio Panaro e foi rechaçado pela ação dos pelotões. Ao clarear do dia os alemães que ocupavam as alturas a W de Panaro, desencadearam forte bombardeio de morteiro e tiro de armas automáticas, os 2º e 3º pelotões retraíram, ocupando as alturas que por Leste dominavam o Rio Panaro. Além dos feridos dessa jornada, 02 (dois) Sgt; 01 (um) cabo e 05 (cinco) soldados, o Esquadrão perde seu quarto e último militar: o soldado Bernardino da Silva, morto por estilhaço de granada. Na jornada do dia 23 de abril o 3º Pel foi lançado, às 11 horas, sobre o rio Marano, tendo realizado a travessia do vau sem qualquer oposição. O grosso do Esqd reuniu-se em Marano entrando mais tarde em ligação com a direita, com o III/11º R.I. e, à esquerda II/6º R.I., onde ficou aguardando nova missão, o que veio pela Ordem de Descoberta nº 29, do G2/1ª DIE: "I - O inimigo retraiu-se do corte de Panaro segundo o eixo: 1. Vignola - Castelvetro - Sassuolo. 2. Pavulo - Montestino - Prignano. Tropa amiga: Elementos da 897 Tank Division (Divisão de Tanks), agindo segundo o eixo Vignola-Fornigine atingiram no fim da jornada de 23, esta última localidade, levando os reconhecimentos a Sassuolo. II - Missão do Esquadrão: 1) Lançar-se pelo eixo: Marano - Castelvetro - Sassuolo de modo a esclarecer, por meio de golpes de sonda, as transversais que vêm ter a este eixo por SW. 2) Embora informações de que o inimigo tenha empregado destruição maciça ao longo do eixo: Marano - Croseta - Montestino - Pelegrineto - Malacoda - Ponte Nuova - cumpre lançar um elemento ligeiro a fim de reconhecer o mesmo. Instalar-se em fim de jornada com o grosso do Esqd na região de Ponte Nuovo. Execução: início às 0700 do dia 24 de abril." (PITALUGA, 1947, p.34). Assim o Esqd manobra o 1º Pel como vanguarda pelo eixo principal, o 2º Pel e parte do Pel extra (Elementos excedentes do Esqd agrupados sob um comando único) junto com o grosso e, o 3º Pel pela estrada de Marano - Croseta Molacoda - Ponte Nuovo. 24 O reconhecimento indicou que a zona achava-se completamente limpa. Então, às 10 horas as vanguardas atingiram Sossuolo - Ponte Nuovo e entrou em ligação com elementos do Esquadrão de Reconhecimento da 34ª DI americana. Às 15 horas do dia 24 de abril de 1945, em Ponte Nuova, o Esqd recebe a Ordem de Descoberta nº 30: "I - Situação a) o inimigo dispõe dos restos das Divisões 232 - 114 - 334 que foram batidas pelo IV Corpo. É possível encontro com resistências retardadoras. b) Tropa amiga: a1ª DIE prosseguirá na ofensiva para NE, devendo atingir no fim da jornada de hoje as margens E da Torrente Tresinaro. II - Missão do Esquadrão: Descoberta do eixo - Sassuolo - Scandiano - Albinea - Quatro Castelo - atingindo em primeiro lanço a transversal Reggio - Casina, reconhecer a estrada número 63, de Albinea a Casina e levar a descoberta ao corte da Torrente Enza, ocupando a ponte S. Pólo, sobre a mesma. III - Ligação e transmissão Pelo rádio posto a posto, em escuta permanente, informação mesmo negativa nas horas cheias." (PITALUGA,1947, p.37). Com o 1º Pel ainda à frente, às 17 horas, informou que as tropas americanas já se encontravam em contato com uma resistência em Vezzano Sul Crostolo, na estrada 63, entre Casina e Albinea. Em vista da situação, o Cmt Esqd resolveu continuar a missão diretamente sobre San Polo D'Enza, não realizando o reconhecimento de Casina. O 2º Pel ultrapassou o 1º Pel que se reagrupou nas proximidades de San Polo e o 3º Pel foi lançado sobre Bibbiano, de onde saíra uma coluna inimiga em direção a "Montecchio Emilia". O Esquadrão passou a noite de 24 para 25 guardando as passagens de S. Polo D'Enza. Em 25 de abril o 1º Pel investe sobre Traversetolo, ocupando essa localidade e lançando patrulhas nas saídas para Parma e Langhirano. O próprio comandante do Esquadrão comandou uma patrulha sobre Panocchia e Langhirano, onde estabeleceu ligação com chefes dos partisanos e com oficiais ingleses pára- quedistas que agiam com os comandantes italianos. Informações foram prestadas sobre a presença de alemães em Collecchio e o deslocamento de 02 (dois) Batalhões de Berceto para Fornovo di Taro. Para a Ordem de Descoberta nº 31, de 25, recebida às 14 horas em San Polo D'enza, foi previsto os reconhecimentos já realizados em Langhirano e como a zona compreendida entre o rio Enza e o rio Parma estava livre do inimigo, o Esqd foi 25 lançado para a região de Porpurano, nas proximidades de Parma. O 3º Pel foi reconhecer as orlas do Parma e atacou, com elementos a pé, um posto avançado inimigo que foi dominado. Esta ação concorreu para facilitar a progressão da infantaria da 34ª DI americana. Fig 04. Localidades percorridas nas jornadas de 23 a 25 de abril. Notar Albinea, Montecavolo, Vezzano Sul Crostolo; Montecchio Emila, Bibbiano, San Polo D’Enza; e, TraversetoloFonte: Google Earth. 2.1.3.2.3 De Collecchio à Fornovo di Taro (25 a 28 de abril de 1945) As ações sobre Collecchio - Fornovo que servem de escopo para esse trabalho, iniciaram-se na jornada do dia 25 quando as tropas do eixo estavam sendo repelidas de Parma para Collecchio e retraindo de Berceto para Fornovo di Taro. “... no curso da jornada de 25 de abril entrava em íntimo e agressivo contato com a vanguarda da 148ª DI Alemã em COLLECCHIO. Agindo com incrível rapidez, o 1º Esquadrão de Reconhecimento atirou-se, audaciosamente, sobre dois Batalhões da 90ª Panzer Div que faziam a vanguarda da 148ª Div Alemã. Contava para isso, exclusivamente, com os seus três Pelotões de Reconhecimento, com um efetivo da ordem de 120 homens apenas. A impetuosidade da sua ação surpreendeu o inimigo. As conseqüências desse feito colocam-no entre os de maior relevo de toda a nossa campanha no Teatro de Operações da Itália." (Trecho do elogio publicado BI n°167 de 20Jun45 ao Cap Pitaluga. Gen Mascarenhas de Moraes) 26 Fig 05. Informações sobre o deslocamento alemão anterior a 25 de abril. Fonte: Google Earth. Ao meio dia do dia 26, o Esqd recebeu ordem para avançar sobre Collecchio, a fim de guardar as passagens do rio Taro. Neste contexto, os elementos essenciais de informação, descritos pelo Ten Cel Castello Branco, em seu importante trabalho, “O Brasil na II Grande Guerra”, eram: a) Qual a natureza, efetivo e missão das tropas em contato? b) Qual o valor, tipo e propósito das unidades que marchavam na direção de Fornovo Di Taro? c) Haveria outras forças mais ao S? d) Que rumo tomavam? 4 Para isso o Esqd iniciou a missão com o 3º Pel em vanguarda, o 2° Pel à esteira e o 1° Pel em reserva, todos pelo eixo: Porporano - Gaione - San Martino Sinzano. Ao se aproximar de Collecchio, o 3º Pel foi detido por fogos de armas automáticas e carros de reconhecimentos inimigos. O 2º Pel desbordou flanqueando pela esquerda, procurando adentrar a cidade, porém foi repelido por forte fogo de4 Branco, 1960. p. 449. 27 carros blindados. O 1º Pel permaneceu guardando a estrada para Sala Baganza. Uma patrulha do 2º Pel tentou o flanqueamento de Collecchio e entrou em ligação em Vicofertile (arredores de Parma, a NW de Collecchio), com uma Cia de infantaria americana. (PITALUGA,1947). Segundo BRANCO, 1960, p. 449: “Uma vez diante das resistências de Collecchio, procurou o Cmt do Esqd Rec reconhecê-las, mediante uma ação em força, demonstrando, a par de muita iniciativa, alto espírito ofensivo, próprio de cavalarianos da sua estirpe.” Sobre a abordagem de Collecchio, mais tarde o Cap Pitaluga diria "Eu cheguei em Collecchio ao meio-dia e estive sozinho até às 18 horas. Eu já tinha ocupado metade da cidade quando a infantaria chegou." 5 Sobre esse aspecto, BRANCO, 1960, p. 449, pondera: “Não agisse, entretanto, com rapidez e determinação, poderia perder a presa, deixando-a cair nas malhas da 34ª DI, e o que seria mais grave, ver desperdiçar-se uma preciosa fonte de informações.” O Cmt Esqd em face da situação apresentada solicita apoio ao comandante da Divisão, Gen Mascarenhas de Moraes, a informação dessa resistência alemã deixou o comando Brasileiro preocupado com o destino da pequena unidade de Pitaluga em Collecchio, tendo o próprio Gen Mascarenhas se deslocado para a área de estacionamento do II/11ºRI, que estava em San Polo D'Enza, para pessoalmente acompanhar o embarque dos reforços6. Ao Esqd foi enviado inicialmente às 16 horas uma Cia do III/6º RI, transportada em viatura e às 18 horas elementos do II/11º RI. A penetração na cidade ocorreu às 17 horas pelos 2º e 3º pelotões. O ataque com os reforços começou às 1930 horas e a 5ª companhia recebe intenso fogo dos alemães que defendiam os arredores da cidade; eles possuíam ainda morteiros e artilharia 105 mm. Às 2100 horas os atacantes são reforçados por um pelotão da 2ª companhia (I/6º RI), juntamente com carros americanos do 751° Tank Battallion. Os alemães ainda resistiram e impuseram pesados ataques ao ponto de quase 5 Maximiliano, Cesar & Bonalume Neto, Ricardo - Brazilian Expeditionary Force in World War II. Inglaterra/Osprey Publishing, 2011. 6 Moraes, João Baptista Mascarenhas de. A FEB pelo seu comandante / João Baptista Mascarenhas de Moraes. - Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, Ed., 2005. 28 conseguirem romper o flanco norte. Às 0200 horas da manhã do dia seguinte (27 de Abril) as tropas brasileiras ainda lutavam pela cidade. Segundo o Tenente Gerson Machado Pires, do 6° RI, viu quando o Cap Pitaluga quase morreu ao virar em uma esquina de Collecchio. Pitaluga ficava com o corpo para fora do seu M8 e direcionava seu motorista pressionando seu ombro com o pé, se desse um toque no ombro direito ou esquerdo, o motorista virava para direita ou para a esquerda, se tocasse com os dois de uma vez significava que ele deveria frear. Quando eles estavam passando pela praça principal de Collecchio ouviram um disparo, o Cap Pitaluga descreve: "Era um 887... Por intuição. Eu vi quando o canhão disparou duas vezes. Assim que pude, parei, e vi outro disparo. O motorista perguntou, ‘Foi você quem atirou, senhor? ' - eu disse, ‘Não, foram eles'. O tiro explodiu numa parede à direita na nossa frente, se tivéssemos ido mais dois metros..." Apenas pouco antes do amanhecer, as tropas alemãs, com apoio de artilharia, fizeram um esforço derradeiro para barrar o avanço brasileiro. Diante do insucesso deste ataque, cessaram as resistências alemãs na cidade. Por volta de meio dia os brasileiros controlavam a cidade, e ao cair da tarde o II/11º RI e os tanques americanos pressionavam o inimigo para o sul, em direção a Fornovo.8 Às 09:00 do dia 27 de abril (antes, portanto de terminado os combates para dominar a cidade de Collecchio) o G2 da 1ª DIE, pessoalmente, transmitiu verbalmente a nova missão do Esqd: "Um destacamento de descoberta, formado por uma Cia de infantaria do 11º RI, o Esquadrão de Reconhecimento e uma Seção de Engenharia, deve se deslocar para a região de Castel de S. Giovani para guardar a ponte do rio Pó; lançar patrulhas para Borgonoro; aprisionar elementos inimigos dispersos". (PITALUGA, 1947, p.39). Foi marcada uma zona de reunião na ponte do rio Taro, pela estrada de nº 10 e o Esqd deslocou-se às 10 horas de Collecchio. Às 14 horas apresentou-se ao Major Cmt do Destacamento que, ao tomar as primeiras providencias no ponto de reunião, recebeu ordem com nova missão ao Esqd: 7 Flak 88 mm - arma antiaérea e antitanque 8 Extraído de http://sotcw.co.uk/downloads/Collecchio_-_Italy_1945.pdf, tradução do autor, acessado no dia 20 de Fev de 2013. 29 Remanescentes inimigos, batidos em Collecchio, retiram-se apressadamente pelo eixo Fornovo - Noceto. Deveis interromper missão e lançar-se imediatamente sobre o eixo Castelguelfo - Noceto - Fornovo, de maneira a exterminar o inimigo que desordenado retira-se na direção da via Emilia. (PITALUGA, 1947, p.40). Assim, de imediato, o Esqd lançou-se em 2 (duas) colunas, deixando os trens de combate em Ponte Taro. Grosso pelo eixo Noceto - Medesano (1º e 3º Pel); Flanco Guarda (2º Pel) pelo eixo Stradela - Belicchi Medesano. Fig 06 . Extrato da área de atuação do 1° Esqd de 27 a 29 de abril. Notar que, ao ultrapassar Medesano, havia apenas a ponte de Fornovo para o retraimento alemão. Fonte: Google Earth. Na altura de Noceto foi estabelecido ligação com carros de combate americanos e, nas saídas de Medesano para Felegara, o 3º Pel, vanguarda foi hostilizado com fogos de armas automáticas. O 1º Pel foi lançado pelo eixo de Sant'andrea, no flanco direito e chegando a essa localidade onde se entregaram cerca de 800 (oitocentos) prisioneiros. Em Medesano, o 3º e 2º Pel desembarcaram para o combate a pé e, às 22 horas, as resistências reveladas foram vencidas. Prisioneiros: em Medesano -120; em S. Andrea - 800; feridos - 12. Grande quantidade de armamento foi capturado que, por falta de tempo e pessoal, não foi avaliado. 30 Na noite, de 27 para 28 de abril, o Esquadrão permaneceu patrulhando as saídas para Felegara e o vale do rio Taro. Na manhã de 28, o Esqd montou uma ação sobre Felegara com o seguinte dispositivo: 2º Pel - no eixo Medesano - Felegara; 1º Pel - de S. Andrea para Felegara; 3º Pel - de reserva no eixo Medesano, Felegara. Na entrada de Felegara, o 2º Pel entrou em contato, não podendo prosseguir pela ameaça de envolvimento no flanco esquerdo e por resistência revelada nas elevações a N de Felegara. Os alemães se retiraram, deixando grande quantidade de armamento (metralhadoras anti-carros, fuzis), 5 (cinco) viaturas automóveis e viaturas hipomóveis e animais. Foram feitos cerca de 30 (trinta) prisioneiros. Uma viatura M-8 foi atingida por um tiro de lança rojão na entrada de Felegara. A guarnição, com apoio de outros M8, abandonou-a sem maiores consequências. Em 29 de abril, o Esqd recebeu a seguinte ordem: "Retomar a progressão para ocupar Croceta e entrar em ligação com o 6º R.I., em Fornovo; lançar elementos de captura de prisioneiros sobre Varano e estrada que passa por Rubiano". (PITALUGA, 1947, p.42). Repelidas as vanguardas Alemãs, novamente o Esquadrão de Reconhecimento foi lançado em outro eixo: NOCETO - MEDESANO - FELEGARA - FORNOVO, na margem W do Rio Taro, por onde o inimigo fazia outra tentativa de atingir a Estrada nº 9. Missão bem cumprida, em ligação com outras tropas. O inimigo foi fixado em FELEGARA,continuando o Esquadrão a ameaçar a direção de FORNOVO. Esse conjunto de ações, contribuiu nas preliminares da rendição da 148ª Div Alemã. Cabe, portanto, ao valoroso Esquadrão e, em particular, ao seu Cmt Cap PITALUGA, todo o significado desta citação pelos relevantes serviços prestados. (Trecho do elogio publicado BI n°167 de 20Jun45 ao Cap Pitaluga. Gen Mascarenhas de Moraes). A noite de 28 para 29 de abril, transcorreu sem qualquer alteração e na manhã de 29 às 10 horas, quando o Esqd se preparava para continuar a missão, o Cmt dao Esqd foi procurado por um coronel alemão, acompanhado de um capitão para entrar em entendimento sobre a suspensão da luta naquele setor. Após breve conversa, os 31 parlamentares alemães foram encaminhados ao PC do III/6º RI, em Collecchio, onde entendimentos já estavam se realizando para a rendição da 148ª Divisão Alemã comandada pelo Gen Otto Fretter Pico e os remanescentes da Divisão Bersaglieri, italiana, comandada pelo Gen Mario Carloni. O Chefe do EM da 1ª DIE determinou que somente um pelotão (1º Pel) acompanhasse o Cmt do Esqd a Fornovo, onde se realizaram entendimentos com o chefe do EM da Divisão Alemã, sobre a ação dos partisanos que, ignorando a suspensão das hostilidades, continuavam atacando. Foram realizadas ligações com o chefe dos partisanos e ainda 150 (cento e cinquenta) prisioneiros alemães foram devolvidos pelos italianos à 148ª Divisão Alemã, sob a responsabilidade do Cmt do Esqd. Nada menos que 14.779 alemães e italianos se tornaram prisioneiros em dois campos próximos, instalados pelos brasileiros. Os generais alemão e italiano foram escoltados até Florença, pelo General Falconiere e General Zenóbio, que os entregaram ao 5º Exército norte-americano. Na noite em que fiz contato com o General Pico, pude assistir ao enterro de mortos e a entrega de condecorações. O pessoal do nosso Esquadrão e os alemães, prisioneiros, estavam juntos, ali, em Fornovo, sem qualquer atrito, trocando cigarros e chocolates. Era o fim da guerra. (PITALUGA, 2001, p.148) 2.2 LIDERANÇA MILITAR 2.2.1 Definição de Liderança Podemos buscar em diversas fontes de consulta uma definição de liderança. Encontramos no dicionário que o termo liderança significa a função do líder, primeira posição. Vamos então nos prender às definições encontradas no manual C 20-10 LIDERANÇA MILITAR e na apostila de Liderança Militar I, da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO). A liderança é "um componente da chefia militar que diz respeito ao domínio afetivo do comportamento dos subordinados, compreendendo todos os aspectos 32 relacionados com valores, atitudes, interesses e emoções, que permitem ao militar, no exercício do seu cargo, conduzir seus liderados ao cumprimento das missões e à conquista dos objetivos determinados. (...) liderança militar é a capacidade de influenciar o comportamento humano e conduzir pessoas ao cumprimento do dever. Está fundamentada no conhecimento da natureza humana, compreendendo a análise, a previsão e o controle de suas reações. A liderança militar consiste em um processo de influência interpessoal do líder militar sobre seus liderados, na medida em que implica o estabelecimento de vínculos afetivos entre os indivíduos, de modo a favorecer o logro dos objetivos da organização militar em uma dada situação" (BRASIL. Exército. Estado-Maior. C 20- 10, 2011, p. 3-3). Segundo a apostila de Liderança Militar I, da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO): "Liderança é o processo que consiste em influenciar pessoas no sentido de que ajam, voluntariamente, em prol dos objetivos da instituição. É, também, processo que permite a alguém dirigir os pensamentos, planos e ações dos outros, de forma a obter sua obediência, confiança, respeito e leal cooperação" (EsAO, 2004). 2.2.2 Estilos de Comando O tipo de liderança é a forma que o líder utiliza para estabelecer a direção, aperfeiçoar planos, ordens e motivar seus homens para o cumprimento da missão. Segundo a Apostila de Liderança (EsAO, 2004), existem três estilos básicos de liderança, também chamado de estilo de comando pelo manual C 20-10, porém de conceitos convergentes: autoritária ou autocrática, participativa e delegativa. Cada líder usa predominantemente um estilo de acordo com a situação e com o grupo. Esses três estilos podem se alternar na pessoa do líder e são utilizados de acordo com as circunstâncias. Vamos observar mais detalhadamente cada um deles. A liderança autocrática dá ênfase à responsabilidade total do líder. Ele é o único a encontrar as melhores soluções para os problemas apresentados ao seu grupo. Ordena que seus subordinados executem seus planos e ordens sem qualquer questionamento. Ele determina o padrão de qualidade a ser atingido, usando, para motivar os homens, o sistema de recompensas e punições. O líder 33 autocrático baseia sua atuação numa disciplina formal que é a causa do sucesso da missão. Este estilo é apropriado a algumas situações militares como, por exemplo, quando o cumprimento de ordens não permite questionamento. O principal problema deste tipo de liderança é a falta de participação por parte do subordinado, não aproveitando a sua criatividade. O uso constante deste estilo de liderança pode gerar descontentamento dentro do grupo. A liderança participativa dá ênfase à participação do grupo como um todo para solucionar os problemas. O líder aproveita as idéias de seus subordinados. O líder participativo ouve a opinião dos seus homens, fazendo com que eles se engajem com maior intensidade no cumprimento das suas missões. Este tipo de liderança permite um elevado nível de criatividade, devido a participação dos subordinados nas atividades relacionadas à missão. Todos podem falar desde que não desrespeitem à hierarquia e disciplina. Nesta forma de liderança, as equipes se tornam mais coesas e eficientes, pois a valorização dos subordinados promove o desempenho responsável e a autodisciplina. Em situação de emergência e de ação imediata, talvez seja difícil praticar este tipo de liderança, devida à falta de tempo para a participação do grupo. A liderança delegativa dá ênfase na participação dos especialistas nos assuntos de natureza técnica onde o líder atribui a seus assessores a tomada de decisões especializadas. Deste modo, recebe o apoio do conhecimento específico de determinado assunto que ele não domina completamente e pode, desta forma, tomar uma decisão com mais propriedade. Apesar de assessorado por seus subordinados, cabe ao líder, e somente ele, a responsabilidade de direção a ser seguida. O ponto crucial do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar atribuições sem perder o controle da situação (EsAO, 2004). 2.2.3 Competências do Líder Militar Segundo o manual C 20-10 LIDERANÇA MILITAR as competências do líder militar podem ser divididas em três grupos distintos: afetivas, cognitivas e psicomotoras. As competências cognitivas e psicomotoras são formadas pelo conjunto de conhecimentos e habilidades fundamentais relativos à profissão militar obtidos com 34 o estudo, com a experimentação, com a informação, com a autoavaliação e com a vivência na caserna. Já as competências afetivas, como o próprio nome sugere, são mais diretamente ligadas ao domínio afetivo. Podem ser pessoais, quando estão relacionadas com características do líder no âmbito individual, e interpessoais, quando, para serem externadas, necessitam interação com outras pessoas. Das competências cognitivas e psicomotoras podemos extrair: a. Autoconhecimento. b. Conhecimento ecompreensão da natureza humana. c. Conhecimento dos subordinados. Das competências afetivas pessoais diretamente relacionadas aos valores podemos extrair: a. Coerência - Capacidade de agir de acordo com as próprias idéias e pontos de vista em qualquer situação. É a expressão da integridade. Significa firmeza, franqueza, sinceridade e honestidade para si mesmo e em relação a superiores, pares e subordinados. Na vida profissional, ocorrem muitas situações em que as pessoas são pressionadas a tomar atitudes em desacordo com os seus princípios morais. Estes momentos representam um teste para a sua capacidade de resistir a pressões, a fim de preservar a sua coerência. b. Coragem - Capacidade de controlar o medo e continuar desempenhando com eficiência a missão. A coragem se apresenta sob duas formas. 1) Coragem física - Superação do medo ao dano físico no cumprimento do dever. 2) Coragem moral - Defesa dos próprios valores, princípios morais e convicções. Existe coragem moral quando se faz algo baseado em valores e princípios morais sabendo que este ato contraria os próprios interesses. c. Dedicação - Capacidade de realizar atividades com empenho. A dedicação está estreitamente relacionada com as crenças, os valores e o caráter do líder, o qual é fortemente motivado para aprender e aplicar seus conhecimentos e habilidades com o intuito de conseguir Unidades disciplinadas e coesas. d. Imparcialidade - Capacidade de julgar baseando-se em dados objetivos, sem se envolver pela afetividade. Significa atribuir igual tratamento a todos 35 os subordinados, distribuindo recompensas e punições (quando for o caso) de acordo com o mérito e o desempenho de cada um, sem se deixar influenciar pelas características pessoais dos envolvidos. e. Responsabilidade - Capacidade de assumir e enfrentar as consequências de suas atitudes e decisões. É a característica que leva o líder a perseguir seus objetivos, procurando superar os obstáculos e tomando decisões baseadas na razão e em princípios morais, com total honestidade. O líder responsável baseia-se, integralmente, no seu código de crenças e valores profissionais, quando determina, faz cumprir e assume as consequências de todos os seus atos. Das relacionadas às habilidades individuais: a. Adaptabilidade - Competência para se ajustar apropriadamente às mudanças de situação a História já comprovou que nem sempre vence o mais forte, e, sim, o mais adaptável. A adaptabilidade é desejável tanto no plano das ideias e normas, como no plano do ambiente operacional. O líder deve ter agilidade na adaptação às situações de incerteza ou de mudança. b. Autoconfiança - Competência para reagir com segurança e convicção diante de dificuldades. É a convicção em ser bem sucedido em tudo que deve ser realizado. A autoconfiança é demonstrada pela aparência, pelo olhar, pela voz, pelo entusiasmo no modo de falar e de agir. Se o líder não estiver confiante em relação ao resultado de uma missão ou a solução de um problema, não estará preparado para tornar os seus homens confiantes. c. Criatividade - Competência para produzir novas ideias e/ou realizar combinações originais, na busca de uma solução eficiente e eficaz, principalmente diante de circunstâncias desafiadoras. Consiste, ainda, em possuir habilidade para romper com dispositivos ou conceitos considerados padrões, quebrando paradigmas e inovando ao se deparar com impasses. d. Decisão - Competência para posicionar-se diante de várias opções. É a habilidade para tomar medidas seguras e corretas no momento adequado. A percepção e sensibilidade são elementos críticos para a tomada de decisões. Em algumas situações, em que o tempo é um fator crítico, o líder deve decidir com rapidez de raciocínio. 36 e. Equilíbrio emocional - Capacidade de controlar as próprias reações, tomar atitudes adequadas e decidir com acerto e oportunidade. É a habilidade para avaliar, com calma e isenção, o comportamento dos subordinados, não se deixando dominar pelas emoções. f. Flexibilidade - Competência para reformular planejamentos e comportamentos, com prontidão, diante de novas exigências. O líder deve ser flexível no que diz respeito a modificar suas ações e intenções, quando avaliar como inadequada a sua conduta. No entanto, ser flexível não significa perder a autoconfiança, capacidade de decisão e perseverança, com o intuito de não se tornar inflexível e autoritário. A flexibilidade com rapidez de raciocínio é bastante necessária para os líderes, tendo em vista a dinâmica das situações do combate moderno. g. Iniciativa - Competência para agir face a situações inesperadas, sem depender de ordem ou decisão superior. É a habilidade para, rapidamente, mobilizar-se e ao grupo, no sentido de atingir as metas estabelecidas, sem aguardar deliberação ou determinação dos superiores. O líder dotado de iniciativa também é ágil, cognitiva e emocionalmente. Dessa forma, a iniciativa abrange ainda o conceito de rapidez de raciocínio, que se caracteriza por antecipar-se às situações de incerteza ou de mudanças para pensar e aplicar, em tempo hábil, soluções alternativas quando a decisão ou a ação adotada não está sendo eficaz. h. Objetividade - Competência para selecionar, dentre várias possibilidades, o essencial necessário para atingir uma determinada meta. Os problemas de uma Unidade geralmente decorrem da ausência de um bom líder ou de seus equívocos. O sucesso do líder eficaz está apoiado na sua habilidade para identificar, controlar e corrigir os problemas potenciais e reais tão logo surjam, escolhendo para isto o meio mais rápido e direto. i. Organização - Competência para desenvolver suas atividades, sistematizando tarefas. Permite que as missões sejam planejadas de forma ordenada, regulando e combinando a ação, as condições e os meios. As tarefas são realizadas segundo uma ordem de prioridade e atribuídas a membros da Unidade de modo a possibilitar maior eficiência. 37 j. Persistência - Competência para executar uma tarefa e vencer as dificuldades encontradas até a concluí-la. Depende de uma grande determinação e força de vontade. É a perseverança para alcançar um objetivo, mesmo quando os obstáculos são aparentemente insuperáveis. Os subordinados somente terão persistência se o líder mostrar, com o seu exemplo, como devem ser enfrentadas as dificuldades. k. Resistência - Competência para suportar as fadigas físicas ou os infortúnios morais. A resistência apresenta-se sob duas formas: 1) Resistência física: capacidade de suportar fisicamente, pelo maior tempo possível, as condições adversas no exercício da função ou de uma determinada atividade. 2) Resistência moral ou psicológica: capacidade de suportar mentalmente, pelo maior tempo possível, as adversidades psicológicas no exercício da função ou de uma determinada atividade. No campo da resistência psicológica, essa pode abranger o conceito de resiliência, que significa a capacidade de se recuperar de maneira rápida de traumas e reveses, sublimando-os ou não, evitando que a eficiência na execução da missão seja abalada. Essa competência, apesar de ter significação específica, relaciona-se intimamente com a persistência. 2.3 CONCLUSÃO PARCIAL Segundo o cientista político, Samuel P Huntington, o Poder Militar de uma Civilização (com "C" maiúsculo) possui quatro dimensões: _ a quantitativa - a quantidade de homens, armas, equipamentos e recursos; _ a tecnológica - a eficácia e sofisticação de armas e equipamentos; _ a organizacional - a coerência, disciplina, treinamento e moral da tropa e a eficácia dos relacionamentos de comandoe controle; _ societária - a capacidade e disposição da sociedade de empregar a força militar de modo efetivo. Numa sucinta análise, sob este paradigma, com relação ao Poder Militar do Brasil ao declarar Guerra ao Eixo, podemos verificar o que se segue. 38 2.3.1 Dimensão quantitativa Um olhar leigo pode concluir que, devido à quantidade da população brasileira, este aspecto não representaria um obstáculo para completar os quadros da Força Expedicionária, porém a situação vivida pelo 1º Esqd Rec Mec e descrita por Pitaluga é um bom exemplo das dificuldades de recompletamento do efetivo brasileiro: "Em consequência da 1ª inspeção de saúde, realizada na Policlínica Militar várias foram as exclusões por incapacidade (temporária e definitiva)" (PITALUGA, 1947). "Nas vésperas do embarque do segundo escalão, nova inspeção de saúde foi feita, tendo o Esquadrão excluído 35 homens" (PITALUGA, 1947). Além da questão sanitária, a situação era agravada pela falta de especialistas principalmente motoristas e mecânicos fundamentais para o Esquadrão. O que tornava a questão quantitativa um obstáculo. (PITALUGA, 1947). 2.3.2 Dimensão tecnológica Quanto à eficácia e sofisticação de armas e equipamentos podemos dizer que o Brasil possuía material das mais diversas origens, canhões franceses e alemães da 1º Guerra Mundial, tanques italianos, metralhadoras dinamarquesas. Sendo que esses materiais não acompanharam a evolução tecnológica militar da época. Por isso e, em particular no caso do Esqd, muitos materiais, incluindo as viaturas, foram adquiridos pela cadeia de suprimento norte-americano. Mas desde roupas para frio a aviões, toda a FEB foi dotada de novo material. E, a que pese o desconhecimento do material por parte dos combatentes, a adaptação ocorreu rapidamente, não causando óbices significativos. 2.3.3 Dimensão organizacional Quanto a coerência, disciplina, treinamento e moral da tropa e a eficácia dos relacionamentos de comando e controle podemos dizer que boa parte de nossos 39 comandantes da época, incluindo o General Mascarenhas de Moraes, haviam estudado em escolas estrangeiras, havendo uma grande diversidade de influências no que tange ao treinamento da tropa. Talvez o melhor exemplo desta afirmação seja personificado na figura do comandante da FEB. O Gen Mascarenhas de Moraes fazia parte do influente grupo dos "jovens turcos", militares brasileiros que foram enviados para estudar no exército da Prússia a fim de trazer e difundir novos conhecimentos adquiridos em um dos exércitos mais modernos da época. Quando capitão, o Gen Mascarenhas estudou na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, recém-criada por influência da missão militar francesa, sagrando-se o primeiro lugar da turma. Por fim treinou com os americanos para comandar a Força Expedicionária Brasileira. 2.3.4 Dimensão societária A capacidade e disposição da sociedade brasileira de empregar a força militar de modo efetivo passou por diversos percausos que foram "sendo descobertos" pela "tentativa e erro". Inicialmente, previu-se que seriam formadas 3 divisões para combater na Itália (BRANCO, 1967), mas logo viu-se que a ideia era por demais ambiciosa, em vista da capacidade de mobilização nacional à época. Essa dificuldade vivida não pode ser mais bem exemplificada do que o próprio símbolo das tropas brasileiras: a cobra fumando. Dizia-se na época que "era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra". 40 3. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado dentro de um processo científico e calcado em procedimentos metodológicos. Assim, nesta seção, será apresentada de forma clara e detalhada como o problema elencado no item 1.1 pode ser solucionado, bem como quais critérios, estratégias e instrumentos foram utilizados no decorrer deste processo de solução e as formas pelas quais foram utilizados. A trajetória desenvolvida pela presente pesquisa teve seu início na revisão teórica do assunto, através da consulta bibliográfica a manuais doutrinários, documentos e trabalhos científicos (artigos, trabalhos de conclusão de curso e dissertações), a qual prosseguiu até a fase de análise dos dados coletados neste processo (discussão de resultados). 3.1 TIPO E NATUREZA DA PESQUISA Quanto à natureza, o presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa do tipo aplicada, por ter por objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos relacionados ao estudo da doutrina de liderança com o tema proposto, valendo-se para tal do método indutivo como forma de viabilizar a tomada de decisões acerca do alcance da investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações. Trata-se de estudo bibliográfico que, para sua consecução, terá por método a leitura exploratória e seletiva do material de pesquisa, bem como sua revisão integrativa, contribuindo para o processo de síntese e análise dos resultados de vários estudos, de forma a consubstanciar um corpo de literatura atualizado e compreensível. 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA O delineamento de pesquisa contempla as fases de levantamento e seleção da bibliografia; coleta dos dados, crítica dos dados, leitura analítica e fichamento das fontes, argumentação e discussão dos resultados (RODRIGUES et al.,2006). 41 3.2.1 Procedimentos para a Revisão de Literatura Para a definição de termos, levantamento das informações de interesse e estruturação de um modelo teórico de análise foi realizada uma revisão de literatura nos seguintes moldes: a. Fontes de busca - Artigos científicos das bases de dados do Scholar Google, do LILACS, do SCIELO e do ISI; - Livros e monografias da Biblioteca da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e da Biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército; - Manual C 20 - 10: Liderança Militar; - Dicionários; e - Livros relacionados ao assunto. b. Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas A fim de realizar a busca a respeito do assunto foi utilizada a localização dados eletrônicos, por meio de sites de busca na internet. A fim otimizar a busca, serão utilizados os seguintes termos descritores: "Plínio Pitaluga”, “Battle of Collecchio-Fornovo”, “Collecchio-Fornovo”, “liderança militar”, “1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado” . c. Critérios de inclusão: - Estudos publicados em português. Estudos publicados em inglês. - Estudos sobre liderança militar. - Periódicos relacionados com a atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado na 2ª Guerra Mundial. 42 d. Critérios de exclusão: - Estudos que não sejam relacionados à liderança militar. - Estudos que não sejam relacionados à 2ª Guerra Mundial. 3.2.2 Procedimentos Metodológicos Com vistas à realização do presente estudo e do uso dos dados obtidos e coletados com o máximo grau de confiabilidade exigido pela metodologia do estudo científico, foram adotados os procedimentos metodológicos doravante descritos. A pesquisa desenvolvida foi do tipo qualitativa, baseada, primordialmente na pesquisa bibliográfica e documental a trabalhos científicos relacionados ao tema abordado e apresentados, preferencialmente à EsAO e à ECEME; a artigos científicos publicados em outros veículos nacionais ou estrangeiros ou por outras entidades, desde que possuidores de notória credibilidade; a livros; e a manuais de campanha em uso pelas Forças Armadas. Quanto à revisão de literatura, foram observados
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