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Legislação Especial para PRF - Crimes de Tortura e Abuso de Autoridade

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Aula 03
Legislação Especial p/ PRF - Policial - 2014/2015
Professor: Paulo Guimarães
Legislação Especial para PRF 
Teoria e exercícios comentados 
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AULA 03: Definição dos crimes de tortura (Lei n° 
9.455/1997); O direito de representação e o 
processo de responsabilidade administrativa civil 
e penal, nos casos de abuso de autoridade (Lei 
n° 4.898/1965); Abuso de autoridade (Lei n° 
4.898/65). 
 
Observação importante: este curso é protegido por direitos 
autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, 
atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá 
outras providências. 
 
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SUMÁRIO PÁGINA 
1. Definição dos crimes de tortura (Lei n° 9.455/1997). 2 
2. O direito de representação e o processo de 
responsabilidade administrativa civil e penal, nos casos 
de abuso de autoridade (Lei n° 4.898/1965). 
10 
3. Resumo do concurseiro 23 
4. Questões comentadas 30 
5. Lista das questões apresentadas 43 
 
 
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Olá, amigo concurseiro! Nosso curso está andando 
rapidamente e imagino que você está ganhando cada vez mais confiança 
na preparação, não é mesmo? - 
Quero desde já chamar sua atenção para a necessidade de 
estruturar uma boa estratégia de revisão. Claro que isso será mais 
importante nos dias que antecederem a sua prova, mas desde já é bom 
pensar nisso, ok? 
 
Força! Bons estudos! 
 
1. LEI NO 9.455/1997 
 
A Lei dos Crimes de Tortura é pequena, mas muito 
importante. A Constituição Federal traz como princípio o repúdio à tortura 
e às penas degradantes, desumanas e cruéis. Vejamos os dispositivos 
constitucionais sobre o assunto. 
 
Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante; 
[...] 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, 
se omitirem. 
 
A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insuscetível 
de graça ou anistia. ATENÇÃO! O crime de tortura não é imprescritível! 
Essa característica é aplicável apenas aos crimes de racismo e às ações 
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
estado democrático. 
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Já houve decisão do STF no sentido de negar também a 
aplicação do indulto a condenado por crime de tortura. 
 
 
A Constituição determina que o crime de tortura é 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, mas não é 
imprescritível. 
O STF também já decidiu que o condenado por crime de 
tortura também não pode ser beneficiado com indulto. 
 
A definição de tortura deve ser buscada na Convenção 
Internacional contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, 
Desumanos e Degradantes, aprovada pelas Nações Unidas em 1984 e 
ratificada e promulgada pelo Brasil em 1991. 
 
O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos 
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma 
pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou 
confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha 
cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta 
pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em 
discriminação de qualquer natureza, quando tais dores ou sofrimentos 
são infligidos por um funcionários público ou outra pessoa no 
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu 
consentimento ou aquiescência. 
 
Podemos ver, portanto, que a tortura não resume à imposição 
de dor física, mas também está relacionada ao sofrimento mental e 
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emocional. Essa agonia mental muitas vezes é chamada de tortura 
limpa, pois não deixa marcas perceptíveis facilmente. 
Antes da Lei n° 9.455/1997 não havia qualquer definição legal 
acerca do crime de tortura. O termo era mencionado em algumas leis, 
mas de forma genérica e esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou 
que houvesse a tipificação do crime de tortura antes da referida lei. 
A Lei da Tortura é muito criticada pela imprecisão na 
tipificação do crimes de tortura. A lei foi votada às pressas e sem muita 
discussão no Poder Legislativo, sob o impacto emocional no que 
aconteceu na Favela Naval, em Diadema. 
Passaremos agora à análise do texto legal. 
 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima 
ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico 
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter 
preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime 
material, pois só ha consumação com o próprio resultado: o sofrimento 
da vítima. Pela mesma razão, podemos dizer que é possível a tentativa 
e a desistência voluntária. 
Além disso, não se admite o arrependimento eficaz e 
nem o arrependimento posterior. O crime de tortura é de ação penal 
pública incondicionada. 
 
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CRIME DE TORTURA 
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES 
É um crime material 
É possível a tentativa e a desistência voluntária 
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior 
Ação penal pública incondicionada 
Pelo texto do art. 1°, podemos concluir que há diferentes 
modalidades de tortura, a depender da intenção do agente criminoso. 
Vejamos quais são essas modalidades, de acordo com a própria lei e a 
Doutrina. 
 
MODALIDADES DE TORTURA 
TORTURA-PROVA ou TORTURA 
PERSECUTÓRIA 
Infligida com a finalidade de obter 
informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira 
SHVVRD��LQFLVR�,��DOtQHD�³D´�� 
TORTURA PARA A PRÁTICA DE 
CRIME ou TORTURA-CRIME 
Infligida para provocar ação ou 
omissão de natureza criminosa. 
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou 
TORTURA-RACISMO 
Infligida em razão de 
discriminação racial ou religiosa 
TORTURA-CASTIGO 
Infligida como forma de aplicar 
castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que 
vocêmemorize uma característica diferente. O inciso II do art. 1° tipifica 
a conduta daquele que inflige sofrimento a pessoa que esteja sob sua 
guarda, poder ou autoridade, com finalidade de castigar. 
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Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um 
crime próprio, pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever 
de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima. Ao mesmo 
tempo exige-se também uma condição especial do sujeito passivo, que 
precisa estar sob a autoridade do torturador. 
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum é o do agente 
penitenciário que tortura presos, ou do pai que tortura os próprios filhos. 
As demais modalidades de tortura são crimes comuns, 
pois não se exige nenhuma qualidade especial do agente ou da vítima. 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou 
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por 
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de 
medida legal. 
Esta é a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A 
MEDIDA DE SEGURANÇA. A tipificação específica de crime cometido 
contra essas pessoas reforça o que determina a Lei do Abuso de 
$XWRULGDGH�H�D�SUySULD�&RQVWLWXLomR�)HGHUDO��TXH�DVVHJXUD�³DRV�SUHVRV�R�
UHVSHLWR�j�LQWHJULGDGH�ItVLFD�H�PRUDO´� 
Perceba que esta conduta é a única que não exige dolo 
específico do agente. Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de 
segurança seja submetida a sofrimento, não sendo exigida nenhuma 
finalidade especial por parte do torturador. 
 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o 
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a 
quatro anos. 
Esta é a OMISSÃO PERANTE A TORTURA. Já sabemos que, 
de acordo com o próprio Código Penal, a omissão só é penalmente 
UHOHYDQWH�³TXDQGR�R�RPLWHQWH�GHYLD�H�SRGLD�DJLU�SDUD�HYLWDU�R�UHVXOWDGR´� 
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A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas 
criminaliza a omissão daquele que tinha o dever de agir para evitar a 
tortura, e não inclui aquele que, apesar de não ter o dever, tinha a 
possibilidade de impedir o ato de tortura e não o fez. 
 
 
Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA 
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e não o faz. 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, 
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão 
é de oito a dezesseis anos. 
Estas são as hipóteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas 
chamo sua atenção para as qualificadoras, que são o resultado lesão 
corporal grave ou gravíssima, ou morte. A lesão corporal leve não é 
qualificadora do crime de tortura. 
 
 
A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de 
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver 
como resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, ainda, o 
resultado morte. 
 
Para esclarecer as questões acerca da natureza da lesão 
corporal, é interessante que você relembre o teor do art. 129 do Código 
Penal, que trata do tema. As hipóteses de lesão corporal grave estão 
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previstas no §1°, enquanto o §2° traz os casos de lesão corporal 
gravíssima. 
 
CP, Art. 129. 
[...] 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta 
dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
[...] 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
 
Agora voltaremos à Lei n° 9.455/1997 para analisar as causas 
de aumento de pena para o crime de tortura. 
 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II ± se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
O conceito de agente público deve ser tomado de forma 
ampla, nos termos do Código Penal, que estabelece que, para efeito 
penais, deve ser considerado funcionário p~EOLFR� ³DTXHOH� TXH�� HPERUD�
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transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
S~EOLFD´� 
Você já sabe que, nos casos em que a condição de agente 
público é elementar do crime, não pode se aplicada esta agravante. Não 
faria sentido, por exemplo, aplicar agravante à TORTURA-CASTIGO 
infligida por agente penitenciário contra presos, pois, se o agente não 
fosse funcionário público, não poderia haver o crime. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são 
consideradas crianças as pessoas que tenham menos de 12 anos, 
enquanto adolescentes são aqueles que têm mais de 12 e menos de 18. 
Por fim, a agravante relacionada ao sequestro é aplicável 
quando a vítima é sequestrada e, durante o sequestro, o agente comete 
crime de tortura. Caso o agente cerceie a liberdade da vítima com a 
finalidade única de infligir a tortura, não há que se falar em sequestro. 
 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou 
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do 
prazo da pena aplicada. 
Este é um efeito extrapenal administrativo da 
condenação. Caso o agente do crime de tortura seja funcionário público, 
perderá seu cargo, função ou emprego e ficará interditado para seu 
exercício pelo período equivalente ao dobro da pena. 
O STF e o STJ já decidiram que esse efeito decore 
automaticamente da condenação. 
 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 
2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. 
Para responder as questões de prova com precisão, é 
importante conhecer, ao menos em parte, o conteúdo da Lei n° 
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a 
tortura. 
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A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas 
relativas aos crimes hediondos e equiparados em regime integralmente 
fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que 
houve derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. 
Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje 
todos os crimes hediondos e equiparados devem ter suas penas 
cumpridas inicialmente em regime fechado, mas é possível a 
progressão de regime. 
 
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não 
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou 
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 
Em algumas situações, a Lei de Tortura pode ser aplicada 
mesmo fora do territórionacional: 
- Quando a vítima do crime for brasileira; 
- Quando o agente se encontre em local em que a lei 
brasileira seja, em geral, aplicável. 
 
Encerramos aqui nosso estudo dos crimes de tortura. 
 
 
2. LEI NO 4.898/1965 
 
2.1. Introdução e aspectos gerais 
 
Quando pensamos em abuso de autoridade, vem à nossa 
mente logo a imagem de um policial excedendo seus poderes. Entretanto, 
qualquer servidor público que tenha entre suas atribuições a 
determinação de conduta pode cometer abuso de autoridade. 
Vejamos a definição de autoridade trazida pela Lei nº 
4.898/1965. 
 
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Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem 
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, 
ainda que transitoriamente e sem remuneração. 
A definição trazida pela lei é bastante ampla, lembrando 
bastante o conceito de funcionário público para fins penais, não é 
mesmo? 
Já houve questões anteriores que cobraram o conhecimento 
dessa definição, então preste atenção. Pode ser considerado autoridade o 
servidor público, o membro do Poder Legislativo (Senador, Deputado, 
Vereador), o magistrado, o membro do Ministério Público (Promotor de 
Justiça, Procurador da República), bem como o militar das Forças 
Armadas, o Policial, o Bombeiro, etc. 
 
 
Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se 
autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza 
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. 
 
O crime de abuso de autoridade é, via de regra, um atentado 
contra as liberdades e garantias do cidadão. A própria Constituição 
confere a qualquer pessoa, na qualidade de garantia individual, o direito 
de petição contra o abuso de poder (art. 5°, XXXIV). 
Vamos agora estudar de forma mais profunda esse direito, 
utilizando as definições e institutos trazidos pela Lei n° 4.898/1965, 
conhecida como Lei do Abuso de Autoridade. 
 
 
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Art. 1º O direito de representação e o processo de 
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades 
que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela 
presente lei. 
Perceba que o objeto da lei não é apenas a responsabilidade 
penal do servidor público que cometer abuso, mas também a 
responsabilidade civil e a administrativa. 
 
 
A Lei n° 4.898/1965 trata do direito de representação e da 
responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que 
cometerem abusos. 
 
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de 
petição: 
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para 
aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção; 
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência 
para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada. 
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá 
a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as 
suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de 
testemunhas, no máximo de três, se as houver. 
Já vimos que o direito de representação contra o abuso de 
autoridade pode ser exercido por qualquer pessoa. Além disso, não é 
necessária a assistência de advogado. 
Perceba que a petição deve ser dirigida a duas autoridades 
diferentes: uma é a autoridade superior àquela que cometeu o abuso, e 
que tenha competência para apurar o ilícito e aplicar a sanção. Outra é o 
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Ministério Público, que detém competência constitucional para apurar 
crimes e promover a ação penal contra os culpados. 
Apesar de o dispositivo dar a entender que a persecução penal 
do abuso de autoridade deve dar-se por meio de ação penal pública 
condicionada à representação, a Lei n° 5.249/1967 deixa claro que o 
abuso de autoridade é crime de ação penal pública incondicionada e, 
portanto, não é necessário que haja a representação para que o Ministério 
Público aja. 
Os elementos formais que devem estar presentes na 
representação são os seguintes: 
- Exposição do fato; 
- Qualificação do acusado; 
- Rol de testemunhas (no máximo 3). 
 
2.2. Crimes em espécie 
 
Os crimes de abuso de autoridade em geral obedecem a um 
formato específico: o atentado aos direitos fundamentais. São, portanto, 
crimes de perigo. 
Estudaremos agora as condutas previstas no art. 3º, e logo 
após as condutas do art. 4º. 
ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
À liberdade de locomoção 
A liberdade é um direito fundamental tutelado 
por diversos dispositivos constitucionais, e 
pressupõe também princípio do nosso Direito 
Processual Penal: o indivíduo apenas pode ser 
preso quando praticar flagrante delito, 
mediante ordem judicial ou em hipóteses de 
prisão administrativa aplicáveis apenas aos 
militares. 
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À inviolabilidade do domicílio 
$�&RQVWLWXLomR�TXDOLILFD�D�FDVD�FRPR�³DVLOR�
LQYLROiYHO�GR�LQGLYtGXR´�H�SURtEH�D�HQWUDGD�VHP�R�
consentimento do morador, salvo em quatro 
hipóteses: 
- Flagrante delito; 
- Desastre; 
- Para prestar socorro; 
- Durante o dia, por determinação judicial. 
A Jurisprudência já tem assentido que o conceito 
de casa deve ser encarado de forma ampla, 
incluindo o local não aberto ao público onde é 
exercida atividade profissional. 
 
Ao sigilo da correspondência 
$�&RQVWLWXLomR�HVWDEHOHFH�TXH�³p�LQYLROiYHO�R�
sigilo da correspondência e das comunicações 
WHOHJUiILFDV´� 
A Jurisprudência já relativizou essa garantia, 
aceitando, por exemplo, que a correspondência 
destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente 
do estabelecimento prisional. 
À liberdade de consciência 
e de crença e ao livre 
exercício do culto religioso 
A liberdade de consciência e de crença também é 
considerada inviolável pela Constituição. Essa 
noção também já foi relativizada pela 
Jurisprudência: hoje já é pacífico que as 
manifestações religiosas não podem ofender 
outros direitos fundamentais, a exemplo do 
direito à vida, à liberdade, à integridade física, 
etc. 
À liberdade de associação 
A Constituição assegura o direito de associação, 
independentemente de autorização estatal. A 
exceção fica por conta da proibição constitucional 
às associações de caráter paramilitar e com fins 
ilícitos. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício do 
voto 
O voto é um direito fundamental de todo cidadão 
brasileiro. Atos atentatórios à sistemática das 
eleições também são tipificados como crimes de 
responsabilidade. 
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Ao direito de reunião 
A Constituição assegura o direitode reunião, 
desde que as pessoas reúnam-se de forma 
pacífica e sem armas, e não frustrem uma 
reunião anteriormente convocada para o mesmo 
local. Apenas para fins de organização do Poder 
Público, é necessário comunicar previamente a 
ocorrência de reunião. 
À incolumidade física do 
indivíduo 
Não só a violência física, mas também a violência 
psicológica pode caracterizar o abuso de 
autoridade. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício 
profissional 
A liberdade de profissão também é assegurada 
pela Constituição, desde que sejam atendidas as 
qualificações profissionais estabelecidas em lei. 
Para exercer a advocacia, por exemplo, é 
requisito legal ser bacharel em Direito e estar 
inscrito nos quadros da OAB. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
Ordenar ou executar medida 
privativa da liberdade 
individual, sem as 
formalidades legais ou com 
abuso de poder 
Mais uma vez o bem jurídico tutelado aqui é a 
liberdade. As formalidades legais mencionadas 
estão relacionadas, via de regra, à exigência de 
ordem judicial, exceto no que tange à prisão em 
flagrante delito e à prisão administrativa militar. 
Submeter pessoa sob sua 
guarda ou custódia a vexame 
ou a constrangimento não 
autorizado em lei 
Vexame é uma humilhação, uma vergonha 
infligida a uma pessoa. Esse abuso é aquele 
cometido pelo agente público que detém 
autoridade (poder de guarda) sobre outra 
pessoa. 
Deixar de comunicar, 
imediatamente, ao juiz 
competente a prisão ou 
detenção de qualquer pessoa 
A Constituição determina que a prisão de 
qualquer pessoa deve ser comunicada 
imediatamente à autoridade judicial 
competente e à família do preso. 
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Deixar o Juiz de ordenar o 
relaxamento de prisão ou 
detenção ilegal que lhe seja 
comunicada 
Obviamente esta conduta somente pode ser 
praticada por magistrado, e também ofende um 
dispositivo constitucional, que determina que a 
³SULVmR�LOHJDO�VHUi�LPHGLDWDPHQWH�UHOD[DGD�SHOD�
DXWRULGDGH�MXGLFLiULD´� 
Levar à prisão e nela deter 
quem quer que se proponha a 
prestar fiança, permitida em 
lei 
A regra do Direito Processual Penal brasileiro é a 
liberdade provisória. Em alguns casos, porém, a 
lei determina que a autoridade deve arbitrar uma 
fiança, e nesse caso se ela for paga não há 
razão para negar a liberdade. 
Cobrar o carcereiro ou agente 
de autoridade policial 
carceragem, custas, 
emolumentos ou qualquer 
outra despesa, desde que a 
cobrança não tenha apoio em 
lei, quer quanto à espécie 
quer quanto ao seu valor 
Esta conduta é praticada pela autoridade que 
cobra valores indevidos dos presos. 
Normalmente essas cobranças estão relacionadas 
j�FRQFHVVmR�GH�FHUWRV�SULYLOpJLRV��RX�j�³YLVWD�
JURVVD´�IHLWD�D�LOtFLWRV�SUDWLFDGRV�GHQWUR�GD�
prisão. 
Recusar o carcereiro ou 
agente de autoridade policial 
recibo de importância 
recebida a título de 
carceragem, custas, 
emolumentos ou de qualquer 
outra despesa 
 
O ato lesivo da honra ou do 
patrimônio de pessoa natural 
ou jurídica, quando praticado 
com abuso ou desvio de poder 
ou sem competência legal 
Este tipo é muito amplo, e diz respeito a atos de 
autoridade praticados de forma ofensiva à honra 
e ao patrimônio da pessoa. É o caso, por 
exemplo, do agente de trânsito que, em vez de 
apenas aplicar a multa devida, profere 
xingamentos contra o motorista que pratica 
irregularidade. 
Prolongar a execução de 
prisão temporária, de pena ou 
A prisão temporária pode durar no máximo 5 
dias (exceto nos crimes hediondos), ao fim dos 
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de medida de segurança, 
deixando de expedir em 
tempo oportuno ou de cumprir 
imediatamente ordem de 
liberdade 
quais, se não foi decretada a prisão preventiva, o 
próprio delegado deve providenciar o alvará de 
soltura. 
Também comete crime de abuso o juiz que não 
emite ordem para que seja solto o preso que 
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do 
estabelecimento prisional que não cumpre a 
ordem. 
 
Para concluirmos nosso estudo das condutas relacionadas ao 
abuso de autoridade, chamo sua atenção para o conteúdo da Súmula 
Vinculante nº 11, do STF, editada em meio a uma grande controvérsia 
gerada pela anulação de um julgamento em razão do uso de o réu estar 
algemado durante a sessão. 
 
SÚMULA VINCULANTE Nº 11 do STF 
Uso de Algemas - Restrições - Responsabilidades do Agente e 
do Estado - Nulidades 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou 
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se 
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
 
2.3. Sanções 
 
A Lei do Abuso de Autoridade traz a possibilidade da aplicação 
de sanções administrativas, civis e penais. Estudaremos agora as sanções 
aplicáveis em cada uma das esferas. 
Para compreendermos as sanções administrativas, precisamos 
ter atenção a alguns aspectos relacionados ao Direito Administrativo, e 
também precisamos lembrar, em nossa análise, que a lei que estamos 
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estudando é de 1965 e, portanto, pode ser necessário um esforço 
interpretativo direcionado à atualização dos institutos por ela 
mencionados. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
Advertência Apenas verbal. 
Repreensão Por escrito. 
Suspensão do cargo, função ou 
posto por prazo de 5 a 180, com 
perda de vencimentos e 
vantagens 
O agente deixa de exercer o cargo por um 
período determinado, sem percepção de 
remuneração. 
Destituição de função 
Devemos entender que se trata da 
destituição de função de confiança ou de 
cargo em comissão. É uma penalidade 
equivalente à demissão. 
Demissão 
É a penalidade mais gravosa prevista na 
Lei nº 8.112/1990, e consiste na perda de 
vínculo do servidor com a Administração 
Pública. 
Demissão, a bem do serviço 
público 
Esta modalidade de demissão era prevista 
no antigo estatuto dos servidores civis 
federais. Atualmente, ainda existe na Lei 
nº 8.429/1992, para a hipótese de 
demissão em razão de não entrega ou 
entrega fraudulenta de declaração de bens 
para posse e na Lei nº 8.026/1990, a qual 
definiu dois ilícitos funcionais contra a 
Fazenda Nacional e para eles previu tal 
pena de demissão. 
 
Quando a autoridade administrativa competente para aplicar a 
sanção receber a representação, deve determinar a instauração de 
inquérito para apurar o fato. Esse inquérito deve obedecer às normas 
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próprias de cada esfera federativa, devendo a sanção ser anotadanos 
assentamentos funcionais. 
 
Vejamos agora o que a Lei do Abuso de Autoridade determina 
a respeito das sanções civis aplicáveis. 
 
Art. 6º, § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do 
dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez 
mil cruzeiros. 
Hoje o valor determinado pela lei para a indenização civil 
obviamente não é mais aplicável. Na realidade, o estabelecimento de 
valores absolutos por meio de lei merece duras críticas, pois a 
Jurisprudência é pacífica no sentido de que em casos como esses não 
deve ser aplicada correção monetária. 
Para aplicar uma sanção civil hoje, o ofendido deve recorrer 
ao Poder Judiciário, que determinará o valor a ser pago a título de 
indenização, seguindo o regramento comum, constante do Código de 
Processo Civil. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES PENAIS 
Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente 
Multa de cem a cinco mil cruzeiros 
Mais uma vez a lei trata de valores, que 
não são aplicáveis hoje. Hoje tem sido 
aplicada a regra de cálculo de multas do 
Código Penal, utilizando-se os dias-multa 
para determinar o montante. 
Detenção por 10 dias a 6 meses Não há pena de reclusão prevista na lei. 
Perda do cargo e a inabilitação para 
o exercício de qualquer outra 
função pública por prazo até 3 anos 
 
Quando o abuso for cometido por 
agente de autoridade policial, 
Esta é uma pena específica, aplicável 
somente quando o abuso de autoridade for 
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civil ou militar, de qualquer 
categoria, poderá ser cominada a 
pena autônoma ou acessória, de 
não poder o acusado exercer 
funções de natureza policial ou 
militar no município da culpa, por 
prazo de um a cinco anos. 
cometido por policial civil ou militar. 
 
2.4. Processo penal 
 
Como regra geral, os crimes de abuso de autoridade são 
considerados de menor potencial ofensivo, sendo processados perante os 
Juizados Especiais Criminais, por meio do procedimento sumaríssimo, 
criado pela Lei nº 9.099/1995. 
Para os casos em que o procedimento sumaríssimo não é 
aplicável, a própria Lei do Abuso de Autoridade traz procedimento próprio. 
 
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de 
inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, 
instruída com a representação da vítima do abuso. 
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, 
aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que 
o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua 
citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e 
julgamento. 
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias. 
Lembre-se de que a ação penal é pública incondicionada, 
não sendo necessário que haja inquérito policial e nem representação da 
vítima. 
Caso haja representação da vítima, a denúncia deve ser 
apresentada no prazo de 48h. Essa regra demonstra a urgência 
conferida pela lei à apuração dos crimes de abuso de autoridade. 
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Perante a inércia do Ministério Público, a própria lei permite a 
apresentação da ação penal privada subsidiária da pública. O 
Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer 
denúncia substitutiva, além de intervir em todos os termos do processo, 
interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, 
retomar a ação como parte principal. 
 
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver 
deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: 
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio 
de duas testemunhas qualificadas; 
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de 
instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as 
verificações necessárias. 
Caso haja vestígios do crime de abuso de autoridade, não é 
necessário que haja perícia, sendo suficiente a oitiva de duas 
testemunhas. Não há óbice, porém, à realização de perícia mediante 
requerimento formulado pelo ofendido ou pelo acusado. 
 
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e 
oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. 
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, 
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que 
deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro de cinco dias. 
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e 
para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita por 
mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da 
representação e da denúncia. 
Perceba mais uma vez os prazos enxutos da lei. São apenas 
48h para que o magistrado decida pelo aceitação ou rejeição da 
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denúncia. Caso haja a aceitação, no despacho já deve constar a data e 
hora da audiência, que deve ser realizada em no máximo 5 dias. 
Caso o membro do Ministério Público requeira o arquivamento 
do feito ao invés de oferecer a denúncia e o Juiz considerar as razões 
improcedentes, deverá enviar a representação ao Procurador-Geral, para 
que este ofereça a denúncia ou insista no arquivamento. 
Por fim, temos as regras da lei quanto à realização da 
audiência, nomeação de defensor, etc. 
 
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o 
interrogatório do réu, se estiver presente. 
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o 
Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos 
ulteriores termos do processo. 
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a 
palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver 
subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de 
quinze minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do 
Juiz. 
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a 
sentença. 
 
 
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3. RESUMO DO CONCURSEIRO 
 
LEI Nº 9.455/1997 
 
A Constituição determina que o crime de tortura é 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, mas não é 
imprescritível. 
O STF também já decidiu que o condenado por crime de 
tortura também não pode ser beneficiado com indulto. 
 
CRIME DE TORTURA 
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES 
É um crime material 
É possível a tentativa e a desistência voluntária 
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior 
Ação penal pública incondicionada 
 
MODALIDADES DE TORTURA 
TORTURA-PROVA ou TORTURA 
PERSECUTÓRIA 
Infligida com a finalidade de obter 
informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira 
SHVVRD��LQFLVR�,��DOtQHD�³D´�� 
TORTURA PARA A PRÁTICA DE 
CRIME ou TORTURA-CRIME 
Infligida para provocar ação ou 
omissão de natureza criminosa. 
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ouTORTURA-RACISMO 
Infligida em razão de 
discriminação racial ou religiosa 
TORTURA-CASTIGO 
Infligida como forma de aplicar 
castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
 
Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA 
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e não o faz. 
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A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de 
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver 
como resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, ainda, o 
resultado morte. 
 
LEI Nº 4.898/1965 
 
Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se 
autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza 
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. 
 
A Lei n° 4.898/1965 trata do direito de representação e da 
responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que 
cometerem abusos. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
À liberdade de locomoção 
A liberdade é um direito fundamental tutelado 
por diversos dispositivos constitucionais, e 
pressupõe também princípio do nosso Direito 
Processual Penal: o indivíduo apenas pode ser 
preso quando praticar flagrante delito, 
mediante ordem judicial ou em hipóteses de 
prisão administrativa aplicáveis apenas aos 
militares. 
À inviolabilidade do domicílio 
$�&RQVWLWXLomR�TXDOLILFD�D�FDVD�FRPR�³DVLOR�
LQYLROiYHO�GR�LQGLYtGXR´�H�SURtEH�D�HQWUDGD�VHP�R�
consentimento do morador, salvo em quatro 
hipóteses: 
- Flagrante delito; 
- Desastre; 
- Para prestar socorro; 
- Durante o dia, por determinação judicial. 
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A Jurisprudência já tem assentido que o conceito 
de casa deve ser encarado de forma ampla, 
incluindo o local não aberto ao público onde é 
exercida atividade profissional. 
Ao sigilo da correspondência 
$�&RQVWLWXLomR�HVWDEHOHFH�TXH�³p�LQYLROiYHO�R�
sigilo da correspondência e das comunicações 
WHOHJUiILFDV´� 
A Jurisprudência já relativizou essa garantia, 
aceitando, por exemplo, que a correspondência 
destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente 
do estabelecimento prisional. 
À liberdade de consciência 
e de crença e ao livre 
exercício do culto religioso 
A liberdade de consciência e de crença também é 
considerada inviolável pela Constituição. Essa 
noção também já foi relativizada pela 
Jurisprudência: hoje já é pacífico que as 
manifestações religiosas não podem ofender 
outros direitos fundamentais, a exemplo do 
direito à vida, à liberdade, à integridade física, 
etc. 
À liberdade de associação 
A Constituição assegura o direito de associação, 
independentemente de autorização estatal. A 
exceção fica por conta da proibição constitucional 
às associações de caráter paramilitar e com fins 
ilícitos. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício do 
voto 
O voto é um direito fundamental de todo cidadão 
brasileiro. Atos atentatórios à sistemática das 
eleições também são tipificados como crimes de 
responsabilidade. 
Ao direito de reunião 
A Constituição assegura o direito de reunião, 
desde que as pessoas reúnam-se de forma 
pacífica e sem armas, e não frustrem uma 
reunião anteriormente convocada para o mesmo 
local. Apenas para fins de organização do Poder 
Público, é necessário comunicar previamente a 
ocorrência de reunião. 
À incolumidade física do 
indivíduo 
Não só a violência física, mas também a violência 
psicológica pode caracterizar o abuso de 
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autoridade. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício 
profissional 
A liberdade de profissão também é assegurada 
pela Constituição, desde que sejam atendidas as 
qualificações profissionais estabelecidas em lei. 
Para exercer a advocacia, por exemplo, é 
requisito legal ser bacharel em Direito e estar 
inscrito nos quadros da OAB. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
Ordenar ou executar medida 
privativa da liberdade 
individual, sem as 
formalidades legais ou com 
abuso de poder 
Mais uma vez o bem jurídico tutelado aqui é a 
liberdade. As formalidades legais mencionadas 
estão relacionadas, via de regra, à exigência de 
ordem judicial, exceto no que tange à prisão em 
flagrante delito e à prisão administrativa militar. 
Submeter pessoa sob sua 
guarda ou custódia a vexame 
ou a constrangimento não 
autorizado em lei 
Vexame é uma humilhação, uma vergonha 
infligida a uma pessoa. Esse abuso é aquele 
cometido pelo agente público que detém 
autoridade (poder de guarda) sobre outra 
pessoa. 
Deixar de comunicar, 
imediatamente, ao juiz 
competente a prisão ou 
detenção de qualquer pessoa 
A Constituição determina que a prisão de 
qualquer pessoa deve ser comunicada 
imediatamente à autoridade judicial 
competente e à família do preso. 
Deixar o Juiz de ordenar o 
relaxamento de prisão ou 
detenção ilegal que lhe seja 
comunicada 
Obviamente esta conduta somente pode ser 
praticada por magistrado, e também ofende um 
dispositivo constitucional, que determina que a 
³SULVmR�LOHJDO�VHUi�LPHGLDWDPHQWH�UHOD[DGD�SHOD�
DXWRULGDGH�MXGLFLiULD´� 
Levar à prisão e nela deter 
quem quer que se proponha a 
prestar fiança, permitida em 
lei 
A regra do Direito Processual Penal brasileiro é a 
liberdade provisória. Em alguns casos, porém, a 
lei determina que a autoridade deve arbitrar uma 
fiança, e nesse caso se ela for paga não há 
razão para negar a liberdade. 
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Cobrar o carcereiro ou agente 
de autoridade policial 
carceragem, custas, 
emolumentos ou qualquer 
outra despesa, desde que a 
cobrança não tenha apoio em 
lei, quer quanto à espécie 
quer quanto ao seu valor 
Esta conduta é praticada pela autoridade que 
cobra valores indevidos dos presos. 
Normalmente essas cobranças estão relacionadas 
j�FRQFHVVmR�GH�FHUWRV�SULYLOpJLRV��RX�j�³YLVWD�
JURVVD´�IHLWD�D�LOtFLWRV�SUDWLFDGRV�GHQWUR�GD�
prisão. 
Recusar o carcereiro ou 
agente de autoridade policial 
recibo de importância 
recebida a título de 
carceragem, custas, 
emolumentos ou de qualquer 
outra despesa 
 
O ato lesivo da honra ou do 
patrimônio de pessoa natural 
ou jurídica, quando praticado 
com abuso ou desvio de poder 
ou sem competência legal 
Este tipo é muito amplo, e diz respeito a atos de 
autoridade praticados de forma ofensiva à honra 
e ao patrimônio da pessoa. É o caso, por 
exemplo, do agente de trânsito que, em vez de 
apenas aplicar a multa devida, profere 
xingamentos contra o motorista que pratica 
irregularidade. 
Prolongar a execução de 
prisão temporária, de pena ou 
de medida de segurança, 
deixando de expedir em 
tempo oportuno ou de cumprir 
imediatamente ordem de 
liberdadeA prisão temporária pode durar no máximo 5 
dias (exceto nos crimes hediondos), ao fim dos 
quais, se não foi decretada a prisão preventiva, o 
próprio delegado deve providenciar o alvará de 
soltura. 
Também comete crime de abuso o juiz que não 
emite ordem para que seja solto o preso que 
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do 
estabelecimento prisional que não cumpre a 
ordem. 
 
 
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SÚMULA VINCULANTE Nº 11 do STF 
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do Estado - Nulidades 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou 
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se 
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
 
 
ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
Advertência Apenas verbal. 
Repreensão Por escrito. 
Suspensão do cargo, função ou 
posto por prazo de 5 a 180, com 
perda de vencimentos e 
vantagens 
O agente deixa de exercer o cargo por um 
período determinado, sem percepção de 
remuneração. 
Destituição de função 
Devemos entender que se trata da 
destituição de função de confiança ou de 
cargo em comissão. É uma penalidade 
equivalente à demissão. 
Demissão 
É a penalidade mais gravosa prevista na 
Lei nº 8.112/1990, e consiste na perda de 
vínculo do servidor com a Administração 
Pública. 
Demissão, a bem do serviço 
público 
Esta modalidade de demissão era prevista 
no antigo estatuto dos servidores civis 
federais. Atualmente, ainda existe na Lei 
nº 8.429/1992, para a hipótese de 
demissão em razão de não entrega ou 
entrega fraudulenta de declaração de bens 
para posse e na Lei nº 8.026/1990, a qual 
definiu dois ilícitos funcionais contra a 
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Fazenda Nacional e para eles previu tal 
pena de demissão. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES PENAIS 
Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente 
Multa de cem a cinco mil cruzeiros 
Mais uma vez a lei trata de valores, que 
não são aplicáveis hoje. Hoje tem sido 
aplicada a regra de cálculo de multas do 
Código Penal, utilizando-se os dias-multa 
para determinar o montante. 
Detenção por 10 dias a 6 meses Não há pena de reclusão prevista na lei. 
Perda do cargo e a inabilitação para 
o exercício de qualquer outra 
função pública por prazo até 3 anos 
 
Quando o abuso for cometido por 
agente de autoridade policial, 
civil ou militar, de qualquer 
categoria, poderá ser cominada a 
pena autônoma ou acessória, de 
não poder o acusado exercer 
funções de natureza policial ou 
militar no município da culpa, por 
prazo de um a cinco anos. 
Esta é uma pena específica, aplicável 
somente quando o abuso de autoridade for 
cometido por policial civil ou militar. 
 
A seguir estão questões de concursos anteriores que tratam 
dos assuntos que estudamos hoje. Ao final, incluí a lista das questões 
sem os comentários. Estou disponível no fórum e no e-mail, ok? - 
 
Grande abraço! 
 
Paulo Guimarães 
pauloguimaraes@estrategiaconcursos.com.br 
www.facebook.com/pauloguimaraesfilho 
Legislação Especial para PRF 
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4. QUESTÕES COMENTADAS 
 
1. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2013 ± Cespe. Joaquim, agente 
penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três 
anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos 
da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo 
prazo de seis anos. 
 
COMENTÁRIOS: A condenação por crime de tortura acarreta a perda do 
cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo 
dobro do prazo da pena aplicada, nos termos do art. 1o, §5o da Lei no 
9.455/1997. 
 
GABARITO: C 
 
 
2. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2013 ± Cespe. Um agente 
penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, 
permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber 
água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia 
cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situação, esse 
agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de 
violência ou grave ameaça contra José. 
 
COMENTÁRIOS: Para responder corretamente a questão você precisa 
conhecer o conteúdo do §1o do art. 1o GD�/HL�GH�7RUWXUD��³Na mesma pena 
incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a 
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto 
HP�OHL�RX�QmR�UHVXOWDQWH�GH�PHGLGD�OHJDO´� 
 
GABARITO: C 
 
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3. PRF ± Agente ± 2013 ± Cespe. Para que um cidadão seja 
processado e julgado por crime de tortura, é prescindível que esse crime 
deixe vestígios de ordem física. 
 
COMENTÁRIOS: $� SDODYUD� ³SUHVFLQGtYHO´� VLJQLILFD� ³GLVSHQViYHO´�� $�
assertiva, portanto, está dizendo que não é necessário que o crime de 
tortura deixe vestígios de ordem física. Nada impede que a prova do 
crime seja produzida de outras maneiras. 
 
GABARITO: C 
 
 
4. PC-BA ± Delegado de Polícia ± 2013 ± Cespe. Determinado policial 
militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia 
de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos 
atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu 
interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no 
seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-
o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de 
cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não 
confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na 
sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, 
Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso 
sofrimento físico e mental. 
 
Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei 
Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes. 
Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é 
imprescindível a realização de exame de corpo de delito que confirme as 
agressões sofridas por Luciano. 
 
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COMENTÁRIOS: A Lei da Tortura não menciona em nenhum de seus 
dispositivos a necessidade de exame de corpo de delito para que se 
comprove que houve o crime. No exemplo dado na questão houve 
inclusive tortura de natureza mental/emocional. 
 
GABARITO: E 
 
 
5. MPU ± Técnico ± 2010 ± Cespe. O crime de tortura é inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia.COMENTÁRIOS: Esta é a letra da Constituição Federal, em seu art. 5º, 
XLIII. O STF já decidiu que o indulto também não é aplicável no caso de 
crime de tortura. Lembre-se também de que o crime de tortura não é 
imprescritível! 
 
GABARITO: C 
 
 
6. MPU ± Técnico ± 2010 ± Cespe. É considerado crime de tortura 
submeter alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo. 
 
COMENTÁRIOS: Esta é a Tortura-Castigo. Lembre-se de que esta 
modalidade é crime próprio, pois somente pode ser praticado por quem 
tenha o dever de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima. 
Ao mesmo tempo exige-se também uma condição especial do sujeito 
passivo, que precisa estar sob a autoridade do torturador. 
 
GABARITO: C 
 
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7. TJ-RO ± Analista Judiciário ± 2012 ± Cespe (adaptada). A perda 
da função pública e a interdição de seu exercício pelo dobro do prazo da 
condenação decorrente da prática de crime de tortura previsto em lei 
especial são de imposição facultativa do julgador, tratando-se de efeito 
genérico da condenação. 
 
COMENTÁRIOS: A perda da função pública e a interdição de seu 
exercício são imediatas e obrigatórias, nos termos do §5° do art. 1° da 
Lei n° 9.455/1997. 
 
GABARITO: E 
 
 
8. TJ-AC ± Técnico Judiciário ± 2012 ± Cespe. Suponha que João, 
penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com 
emprego de violência, a contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-
lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João deverá 
responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena 
em regime inicial fechado. 
 
COMENTÁRIOS: O crime de tortura exige um elemento subjetivo 
HVSHFtILFR�� ³REWHU informação, declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pessoD´��³SURYRFDU�DomR�RX�RPLVVmR�GH�QDWXUH]D�FULPLQRVD´��³SRU�
PRWLYR� GH� GLVFULPLQDomR� UDFLDO� RX� UHOLJLRVD´�� 2� DJHQWH� TXH� LQIOLJH�
sofrimento em outra pessoa por sadismo não comete crime de tortura, 
mas sim de lesão corporal ou, a depender do caso, de homicídio tentado. 
 
GABARITO: E 
 
 
 
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9. DPF ± Agende da Polícia Federal ± 2012 ± Cespe. O policial 
condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências 
do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática 
do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário, 
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo. 
 
COMENTÁRIOS: A perda do cargo, emprego ou função pública é efeito 
extrapenal administrativo da condenação, e não precisa ser declarado 
pelo juiz. 
 
GABARITO: C 
 
 
10. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. Não se estende ao crime 
de tortura a admissibilidade de progressão no regime de execução da 
pena aplicada aos demais crimes hediondos. 
 
COMENTÁRIOS: Para responder as questões de prova com precisão, é 
importante conhecer, ao menos em parte, o conteúdo da Lei n° 
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a 
tortura. Essa lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos 
crimes hediondos e equiparados em regime integralmente fechado. 
Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que houve 
derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. Em 2007 a 
Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e 
equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime 
fechado, mas é possível a progressão de regime. 
 
GABARITO: E 
 
 
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11. PC-RN ± Escrivão de Polícia Civil ± 2009 ± Cespe (adaptada). 
Um delegado da polícia civil que perceba que um dos custodiados do 
distrito onde é chefe está sendo fisicamente torturado pelos colegas de 
cela, permanecendo indiferente ao fato, não será responsabilizado 
criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n.º 9.455/1997 não podem 
ser praticados por omissão. 
 
COMENTÁRIOS: O crime de tortura conta com uma modalidade 
omissiva, prevista no §2° do art. 1°. Entretanto, apenas é criminalizada a 
omissão daquele que tinha o dever de agir para evitar ou apurar a 
ocorrência de atos de tortura. 
 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o 
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a 
quatro anos. 
 
GABARITO: E 
 
 
12. PC-RN ± Escrivão de Polícia Civil ± 2009 ± Cespe (adaptada). 
Se um membro da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte, 
integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos, for passar uma 
temporada de trabalho no Haiti ² país que não pune o crime de tortura ² 
e lá for vítima de tortura, não haverá como aplicar a Lei n.º 9.455/1997. 
 
COMENTÁRIOS: O art. 2° da Lei da Tortura determina que ela se aplica 
ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, 
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob 
jurisdição brasileira. 
 
GABARITO: E 
 
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13. PC-ES ± Escrivão de Polícia ± 2011 ± Cespe. Excetuando-se o 
caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos 
crimes de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, iniciará 
o agente condenado pela prática do crime de tortura o cumprimento da 
pena em regime fechado. 
 
COMENTÁRIOS: Já deu para perceber quais são os assuntos preferidos 
do Cespe no que se refere à Lei de Tortura, não é mesmo? A assertiva 
está correta em função do teor do §7° do art. 1°. Lembre-se da exceção! 
 
GABARITO: C 
 
 
14. PC-ES ± Escrivão de Polícia ± 2011 ± Cespe. No crime de tortura 
em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a 
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto 
em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu 
aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, 
portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta 
descrita no tipo objetivo. 
 
COMENTÁRIOS: A conduta do §1° do art. 1° é a única que não exige 
dolo específico por parte do agente do crime de tortura. 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita 
a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da 
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
 
GABARITO: C 
 
 
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15. PC-ES ± Delegado de Polícia ± 2011 ± Cespe. Considere a 
seguinte situação hipotética. Rui, que é policial militar, mediante violência 
e grave ameaça, infligiu intenso sofrimento físico e mental a um civil, 
utilizando para isso as instalaçõesdo quartel de sua corporação. A 
intenção do policial era obter a confissão da vítima em relação a um 
suposto caso extraconjugal havido com sua esposa. 
 
Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua 
condição de militar e de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o 
crime de tortura na forma tipificada em lei específica. 
 
COMENTÁRIOS: Aqui estamos diante da Tortura-Prova ou Tortura 
Persecutória: a tortura foi infligida com a finalidade de obter informação, 
declaração ou confissão da vítima. 
 
GABARITO: C 
 
 
16. MPE-RR ± Promotor de Justiça ± 2008 ± Cespe. Daniel, delegado 
de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes 
de polícia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia 
sido detida, sob a acusação de porte de arma e de entorpecentes. O 
delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de 
lavrar o auto de prisão em flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos 
de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os 
agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao 
detido que ele confessasse quem era o verdadeiro proprietário da droga. 
Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido 
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que 
havia guardado a droga para um conhecido traficante da região. O 
delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer 
em relação aos seus agentes, uma vez que os considerava excelentes 
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policiais. Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma 
que, sendo proferida sentença condenatória, ocorrerá, automaticamente, 
a perda do cargo. 
 
COMENTÁRIOS: Nesta hipótese foi praticada a tortura em sua 
modalidade omissiva. Lembre-se de que este crime apenas pode ser 
praticado por aquele que tinha o dever de evitar ou apurar o ato de 
tortura e não o fez. 
 
GABARITO: C 
 
 
17. STJ ± Analista Judiciário ± 2008 ± Cespe. O condenado pela 
prática de crime de tortura, por expressa previsão legal, não poderá ser 
beneficiado por livramento condicional, se for reincidente específico em 
crimes dessa natureza. 
 
COMENTÁRIOS: Esta questão não diz respeito à Lei da Tortura, mas 
achei interessante coloca-la aqui. O livramento condicional não pode ser 
concedido nesse caso em função do art. 83 do Código Penal: 
 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao 
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, 
desde que 
[...] 
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação 
por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente 
específico em crimes dessa natureza. 
 
GABARITO: C 
 
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18. DPF ± Delegado de Polícia Federal ± 2009 ± Cespe. A prática do 
crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação 
religiosa, pois, sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em 
assuntos religiosos dos cidadãos. 
 
COMENTÁRIOS: Esta modalidade é chamada de Tortura Discriminatória 
ou Tortura-Racismo, e é praticada em razão de discriminação religiosa ou 
racial. 
 
GABARITO: E 
 
 
19. TJ-SE ± Juiz ± 2008 ± Cespe. Acerca da Lei de Abuso de 
Autoridade, Lei n.º 4.898/1965, assinale a opção correta. 
 
a) A lei em questão contém crimes próprios e impróprios e admite as 
modalidades dolosa e culposa. 
b) Considera-se autoridade quem exerce, de forma remunerada, cargo, 
emprego ou função pública ou particular, de natureza civil ou militar, 
ainda que transitoriamente. 
c) No caso de concurso de agentes, o particular que é coautor ou partícipe 
responde por outro crime, uma vez que a qualidade de autoridade é 
elementar do tipo dos crimes de abuso. 
d) Caso cumpra ordem manifestamente ilegal, o subordinado deverá 
responder pelo crime de abuso de autoridade. 
e) A competência para processar e julgar o crime de abuso de autoridade 
praticado por policial militar em serviço é da justiça militar estadual. 
 
COMENTÁRIOS: 
O erro da alternativa A está em afirmar que existem crimes culposos na 
Lei do Abuso de Autoridade. 
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A alternativa B está incorreta porque afirma que autoridade é quem 
exerce a função pública de forma remunerada. Na realidade, esse 
exercício não precisa ser remunerado para que a figura da autoridade 
esteja configurada. 
A alternativa C está errada, pois a circunstância de o autor ser autoridade 
é elementar do crime e, portanto, pode ser transmitida ao coautor ou 
partícipe. 
A alternativa D está correta, mas na época gerou muita polêmica, pois a 
Lei do Abuso de Autoridade não trata diretamente da ordem 
manifestamente ilegal. De toda forma, a banca não alterou o gabarito. 
Quanto à alternativa E, o crime de abuso de autoridade não é delito 
militar e, portanto, é de competência da Justiça comum. Este 
posicionamento já foi corroborado pela Jurisprudência do STJ. 
 
GABARITO: D 
 
 
20. PC-ES ± Escrivão de Polícia ± 2011 ± Cespe. Os crimes de abuso 
de autoridade serão analisados perante o Juizado Especial Criminal da 
circunscrição onde os delitos ocorreram, salvo nos casos em que tiverem 
sido praticados por policiais militares. 
 
COMENTÁRIOS: O STJ já confirmou que o crime de abuso de autoridade 
não tem natureza militar e, portanto, é de competência da Justiça 
comum. Como a maior pena prevista é a detenção pelo período de 6 
meses, a competência para o processamento dos crimes é, como regra 
geral, dos Juizados Especiais Criminais. 
 
GABARITO: E 
 
 
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21. TRE-MA ± Analista Judiciário ± 2009 ± Cespe (adaptada). 
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado ao sigilo de 
correspondência, ao livre exercício de culto religioso e à liberdade de 
associação. 
 
COMENTÁRIOS: $� H[SUHVVmR� ³TXDOTXHU� DWHQWDGR´� SRGH� QRV� GHL[DU� QD�
dúvida, mas vamos relembrar o teor do art. 3° da Lei n° 4.898/1965: 
 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
a) à liberdade de locomoção; 
b) à inviolabilidade do domicílio; 
c) ao sigilo da correspondência; 
d) à liberdade de consciência e de crença; 
e) ao livre exercício do culto religioso; 
f) à liberdade de associação; 
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; 
h) ao direito de reunião; 
i) à incolumidade física do indivíduo; 
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício 
profissional. 
 
GABARITO: C 
 
 
22. TRE-MA ± Analista Judiciário ± 2009 ± Cespe (adaptada). 
Compete à justiça militar processar e julgar militar por crime de abuso de 
autoridade, quando praticado em serviço. 
 
COMENTÁRIOS: Já deu pra perceber que o Cespe gosta muito desse 
assunto, não é mesmo? Pois bem, lembre-se de que, de acordo coma 
Jurisprudência do STJ, o crime de abuso de autoridade não tem natureza 
militar, e, portanto, deve ser processado pela Justiça comum. 
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GABARITO: E 
 
 
23. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2013 ± Cespe. Marcelo, agente 
penitenciário federal, não ordenou o relaxamento da prisão de Bernardo, 
o qual se encontra preso sob sua custódia. Bernardo foi preso 
ilegalmente, fato esse que é de conhecimento de Marcelo. Nessa situação, 
é correto afirmar que Marcelo cometeu crime de abuso de autoridade. 
 
COMENTÁRIOS: Se você já estudou Processo Penal, esta questão ficou 
fácil, não é mesmo? Agente Penitenciário não relaxa prisão de ninguém. A 
conduta prevista no art. 4o��³G´�GD�/HL�Qo �����������p��VHJXLQWH��³GHL[DU�
o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja 
FRPXQLFDGD´� 
 
GABARITO: E 
 
 
 
 
 
 
 
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5. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 
 
1. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2013 ± Cespe. Joaquim, agente 
penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três 
anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos 
da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo 
prazo de seis anos. 
 
2. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2013 ± Cespe. Um agente 
penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, 
permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber 
água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia 
cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situação, esse 
agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de 
violência ou grave ameaça contra José. 
 
3. PRF ± Agente ± 2013 ± Cespe. Para que um cidadão seja 
processado e julgado por crime de tortura, é prescindível que esse crime 
deixe vestígios de ordem física. 
 
4. PC-BA ± Delegado de Polícia ± 2013 ± Cespe. Determinado policial 
militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia 
de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos 
atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu 
interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no 
seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-
o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de 
cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não 
confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na 
sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, 
Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso 
sofrimento físico e mental. 
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Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei 
Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes. 
Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é 
imprescindível a realização de exame de corpo de delito que confirme as 
agressões sofridas por Luciano. 
 
5. MPU ± Técnico ± 2010 ± Cespe. O crime de tortura é inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia. 
 
6. MPU ± Técnico ± 2010 ± Cespe. É considerado crime de tortura 
submeter alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo. 
 
7. TJ-RO ± Analista Judiciário ± 2012 ± Cespe (adaptada). A perda 
da função pública e a interdição de seu exercício pelo dobro do prazo da 
condenação decorrente da prática de crime de tortura previsto em lei 
especial são de imposição facultativa do julgador, tratando-se de efeito 
genérico da condenação. 
 
8. TJ-AC ± Técnico Judiciário ± 2012 ± Cespe. Suponha que João, 
penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com 
emprego de violência, a contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-
lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João deverá 
responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena 
em regime inicial fechado. 
 
9. DPF ± Agende da Polícia Federal ± 2012 ± Cespe. O policial 
condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências 
do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática 
do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário, 
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo. 
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10. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. Não se estende ao crime 
de tortura a admissibilidade de progressão no regime de execução da 
pena aplicada aos demais crimes hediondos. 
 
11. PC-RN ± Escrivão de Polícia Civil ± 2009 ± Cespe (adaptada). 
Um delegado da polícia civil que perceba que um dos custodiados do 
distrito onde é chefe está sendo fisicamente torturado pelos colegas de 
cela, permanecendo indiferente ao fato, não será responsabilizado 
criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n.º 9.455/1997 não podem 
ser praticados por omissão. 
 
12. PC-RN ± Escrivão de Polícia Civil ± 2009 ± Cespe (adaptada). 
Se um membro da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte, 
integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos, for passar uma 
temporada de trabalho no Haiti ² país que não pune o crime de tortura ² 
e lá for vítima de tortura, não haverá como aplicar a Lei n.º 9.455/1997. 
 
13. PC-ES ± Escrivão de Polícia ± 2011 ± Cespe. Excetuando-se o 
caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos 
crimes de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, iniciará 
o agente condenado pela prática do crime de tortura o cumprimento da 
pena em regime fechado. 
 
14. PC-ES ± Escrivão de Polícia ± 2011 ± Cespe. No crime de tortura 
em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a 
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto 
em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu 
aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, 
portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta 
descrita no tipo objetivo. 
 
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15. PC-ES ± Delegado de Polícia ± 2011 ± Cespe. Considere a 
seguinte situação hipotética. Rui, que é policial militar, mediante violência 
e grave ameaça, infligiu intenso sofrimento físico e mental a um civil, 
utilizando para isso as instalações do quartel de sua corporação. A 
intenção do policial era obter a confissão da vítima em relação a um 
suposto caso extraconjugal havido com sua esposa. 
 
Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua 
condição de militar e de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o 
crime de tortura na forma tipificada em lei específica.

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