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CURSO DEPEN - AULA 01

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Aula 01
Legislação Penal p/ DEPEN (Agente de
Execução Federal) Com Videoaulas -
Pós-Edital
Autores:
Marcos Girão, Thais Poliana
Teixeira Ribeiro de Assunção
Aula 01
17 de Maio de 2020
08983671661 - Gilson da silva soares
1 
 
Sumário 
Lei n. 13.869/2019 – Abuso de Autoridade ................................................................................................. 2 
1 – Disposições Gerais ............................................................................................................................... 2 
2 – Dos Sujeitos do Crime .......................................................................................................................... 3 
3 – Da Ação Penal .................................................................................................................................... 6 
4 – Dos Efeitos da Condenação e das Penas Restritivas de Direitos............................................................ 6 
4.1 – Dos Efeitos da Condenação .......................................................................................................... 6 
4.2 – Das Penas Restritivas de Direitos ................................................................................................... 7 
5 – Das Sanções de Natureza Civil e Administrativa .................................................................................. 8 
6 – Dos Crimes e das Penas ....................................................................................................................... 9 
7 – Do Procedimento ............................................................................................................................... 20 
Crimes de Tortura (Lei nº 9.455/1997)........................................................................................................ 20 
8 – Considerações Finais .......................................................................................................................... 28 
Questões Comentadas ................................................................................................................................. 28 
Lista de Questões ........................................................................................................................................ 64 
Gabarito ..................................................................................................................................................... 80 
Resumo ........................................................................................................................................................ 82 
 
 
Marcos Girão, Thais Poliana Teixeira Ribeiro de Assunção
Aula 01
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APRESENTAÇÃO 
Olá amigo concurseiro! 
Hoje nós estudaremos a Lei nº 9.455/1997 que trata dos crimes de tortura e a Lei nº. 13.869/2019, a Lei do 
Abuso de Autoridade. Esta lei foi objeto de muita discussão desde a apresentação do primeiro projeto de lei, 
especialmente por causa do momento político em que a lei surgiu. Isso não interessa muito para nós, não é 
mesmo!? 
A partir de agora vamos analisar todos os dispositivos da lei, pontuando o que realmente importa para fins 
de prova. Se tiver alguma dúvida lembre-se de que estamos sempre à sua disposição no nosso fórum, lá na 
área do aluno. 
Bons estudos! 
 
LEI N. 13.869/2019 – ABUSO DE AUTORIDADE 
1 – Disposições Gerais 
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor 
ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe 
tenha sido atribuído. 
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas 
pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a 
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso 
de autoridade. 
Para início de conversa, a Lei do Abuso de Autoridade serve para definir crimes de abuso de autoridade, que 
veremos mais adiante em nossa aula. 
Os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 são próprios, ou seja, só podem ser praticados por “agentes 
públicos”. O art. 2º da lei se ocupa de definir quem seriam esses agentes públicos, mas o art. 1º já nos dá 
algumas pistas, dizendo que os crimes de abuso de autoridade podem ser cometidos por agente público que 
seja servidor ou não. 
O § 1º traz a especificação do que chamamos de dolo específico, elemento subjetivo especial ou especial fim 
de agir. Eu sei que você já estudou isso muito bem nas aulas de Direito Penal, mas peço licença para 
relembrar que, quando há exigências como essas no tipo penal, o crime apenas estará configurado quando 
o agente, além de praticar a conduta, tiver uma intenção específica. 
Marcos Girão, Thais Poliana Teixeira Ribeiro de Assunção
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No nosso caso, o dolo específico é a intenção de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, 
ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. 
 
Só há crime de abuso de autoridade quando o agente tem a finalidade de prejudicar outrem 
ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. 
Além disso, a lei determina também que a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e 
provas não configura abuso de autoridade. 
Esse dispositivo protege a autonomia dos operadores do Direito. Caso contrário poderíamos ter a tipificação 
de abuso de autoridade quando um membro do Ministério Público ou um Delegado de Polícia divergem na 
tipificação de determinada conduta, por exemplo. Sempre que o Ministério Público apresentasse denúncia 
e esta fosse rejeitada porque o Magistrado entende que o fato é atípico, estaríamos diante de abuso de 
autoridade. 
Mesmo na vigência da lei anterior a jurisprudência já entendia que não era possível a responsabilização por 
abuso de autoridade por divergência interpretativa, mas agora temos um dispositivo mais claro nesse 
sentido. 
 
A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso 
de autoridade. 
 
2 – Dos Sujeitos do Crime 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, 
da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: 
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
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II - membros do Poder Legislativo; 
III - membros do Poder Executivo; 
IV - membros do Poder Judiciário; 
V - membros do Ministério Público; 
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, 
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou 
função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. 
O art. 2º determina quem pode ser sujeito ativo do crime de abuso de autoridade. Mais uma vez lembro a 
você que se trata de um crime próprio, ou seja, um crime que só pode ser praticado por algumas pessoas 
específicas, no nosso caso agentes públicos. 
A lei traz uma definição bastante ampla e em seguida mostra um rolexemplificativo, estabelecendo 
expressamente que a definição de agente público compreende aqueles mencionados nos incisos do art. 2º, 
mas não apenas eles. 
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O parágrafo único do art. 2º expande ainda mais a noção de agente público, estendendo a definição inclusive 
a quem tem uma ligação temporária ou não remunerada com a administração pública. 
 
Reputa-se agente público, para os efeitos da Lei do Abuso de Autoridade, todo aquele que 
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, 
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, 
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade da administração pública. 
 
Definição de 
agente público
Qualquer agente público, 
servidor ou não
Ligado à administração direta, 
indireta ou fundacional de 
qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito 
Federal, dos Municípios e de 
Território
Todo aquele que exerce, ainda que 
transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, 
nomeação, designação, contratação 
ou qualquer outra forma de 
investidura ou vínculo, mandato, 
cargo, emprego ou função em órgão 
ou entidade da administração 
pública
Rol exemplificativo
servidores públicos e militares ou 
pessoas a eles equiparadas;
membros do Poder Legislativo;
membros do Poder Executivo;
membros do Poder Judiciário;
membros do Ministério Público;
membros dos tribunais ou 
conselhos de contas.
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3 – Da Ação Penal 
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. 
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo 
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em 
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no 
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que 
se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 
Mesmo que o caput do art. 3º não trouxesse essa previsão expressa, os crimes aqui previstos seriam de ação 
pública incondicionada, pois esta é a regra geral prevista no art. 100 do Código Penal. Para que os crimes 
fossem de ação pública condicionada ou de ação privada seria necessária previsão específica. 
O § 1º menciona a ação penal privada subsidiária da pública, que tem lugar quando o Ministério Público fica 
inerte. Neste caso a vítima pode oferecer a queixa, mas isso não significa que o Ministério Público não terá 
lugar no decorrer da ação penal. Mesmo quando estivermos diante da ação penal privada subsidiária, o MP 
poderá aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, 
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, 
retomar a ação como parte principal. 
O prazo para apresentação da queixa na ação penal privada subsidiária da pública é determinado pelo § 2º, 
que limita essa possibilidade no prazo de 6 meses contados da data em que se esgotar o prazo para o 
oferecimento da denúncia por parte do Ministério Público. 
Importante lembrar que, conforme a Doutrina majoritária, trata-se de um prazo decadencial impróprio, já 
que mesmo com o prazo esgotado o Ministério Público pode apresentar a denúncia. Em outras palavras, o 
decurso do prazo de 6 meses não importa em extinção da punibilidade. 
Assim como ocorre com o caput, os parágrafos do art. 3º também eram desnecessários, pois a possibilidade 
de apresentação da ação privada subsidiária da pública é assegurada pela Constituição Federal (art. 5º, LIX) 
e pelo Código de Processo Penal (art. 29). 
 
4 – Dos Efeitos da Condenação e das Penas Restritivas de Direitos 
4.1 – Dos Efeitos da Condenação 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a 
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados 
pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; 
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II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 
5 (cinco) anos; 
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à 
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser 
declarados motivadamente na sentença. 
O art. 4º traz os efeitos da condenação, ou melhor, os efeitos secundários, além da aplicação da própria pena 
cominada para cada um dos crimes (que vamos estudar daqui a pouco). 
O primeiro efeito é a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, conforme valor fixado na sentença. 
Aqui obviamente deve haver uma verificação racional e razoável dos danos causados. Em outras palavras, o 
juiz não pode simplesmente determinar que o condenado indenize de acordo com o seu bel-prazer. 
O segundo efeito é a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 
5 anos, e o terceiro é a perda do cargo, mandato ou função. Esses dois são condicionados à reincidência e, 
além disso, não são automáticos. O juiz deve declarar expressamente na sentença a perda do cargo, mandato 
ou função, ou a inabilitação, indicando o período pelo qual esta será observada. 
 
4.2 – Das Penas Restritivas de Direitos 
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei 
são: 
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) 
meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; 
III - (VETADO). 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou 
cumulativamente. 
As penas restritivas de direitos são aquelas que, diante de certas circunstâncias, podem ser aplicadas em 
substituição às penas privativas de liberdade. No ordenamento jurídico brasileiro são pouquíssimas as 
situações em que penas restritivas de direitos estão previstas junto aos tipos penais. 
O art. 5º prevê especificamente as penas restritivas de direitos que podem ser aplicadas nos casos dos crimes 
de abuso de autoridade, além de determinar que as duas penas previstas podem ser aplicadas autônoma ou 
cumulativamente. 
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5 – Das Sanções de Natureza Civil e Administrativa 
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza 
civil ou administrativa cabíveis. 
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão 
informadas à autoridade competente com vistas à apuração. 
As possibilidades de aplicação de sanções no ordenamento jurídico brasileiro passam pelas sanções de 
natureza penal (aplicadas em razão dos crimes), civil (indenização quando as pessoas causam prejuízos) e 
administrativa (multas e outras restrições de direitos).Quando estudamos legislação penal geralmente nos concentramos nas sanções criminais, mas, como regra 
geral, alguém pode ser punido ao mesmo tempo nas três esferas em razão de um mesmo fato. 
Por isso também as penas previstas pela Lei n. 13.869/2019 devem aplicadas independentemente das 
sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis em cada caso. A aplicação dessas outras sanções deve 
obedecer a regras que não estão previstas na lei que estamos estudando, pois as esferas de responsabilidade 
civil e administrativa são independentes da criminal. 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo 
mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido 
decididas no juízo criminal. 
O art. 7º traz uma exceção a essa independência das instâncias de responsabilização. A esfera criminal tem 
uma espécie de “super poder”, pois quando ela decide sobre a existência do fato e sobre a sua autoria, as 
outras esferas devem seguir esse entendimento. 
Isso pode parecer um pouco estranho para quem nunca estudou o assunto a fundo, mas o processo penal 
tem a característica principal da busca pela verdade real, estendendo bastante as possibilidades de prova, e 
por isso seu resultado em termos de entendimento sobre a ocorrência do fato e sua autoria é mais confiável. 
Penas restritivas de direitos
prestação de serviços à comunidade ou 
a entidades públicas
suspensão do exercício do cargo, da 
função ou do mandato, pelo prazo de 1 
a 6 meses, com a perda dos 
vencimentos e das vantagens
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Se no processo penal se reconhece que o fato não ocorreu ou que, tendo ocorrido, o réu não foi seu autor, 
ele não poderá ser responsabilizado nas esferas civil e administrativa. 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença 
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em 
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
O art. 8º traz uma exceção muito semelhante à do art. 7º, mas agora mencionando a sentença que reconhece 
que o fato foi praticado em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou 
exercício regular de direito. 
Essas situações são as chamadas excludentes de antijuridicidade, e, quando estiverem presentes, não poderá 
haver responsabilização criminal. Graças ao art. 8º, diante dessas situações o agente não será 
responsabilizado na esfera criminal, e nem na cível ou administrativa. 
 
6 – Dos Crimes e das Penas 
Agora vamos estudar os crimes tipificados pela Lei do Abuso de Autoridade. São vários tipos penais, e por 
isso você precisa ter bastante atenção a esses aspectos. Acredito firmemente em questões de prova 
elaboradas com base nesses dispositivos, e elas não devem fugir muito do que está escrito na lei. 
 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as 
hipóteses legais: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, 
deixar de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, 
quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível. 
Este crime consiste no fato de a autoridade judicial decretar medida privativa de liberdade em desacordo 
com as hipóteses autorizadas pela lei. As medidas privativas de liberdade que estão previstas no 
ordenamento jurídico brasileiro e, portanto, podem ser objeto deste crime, são as seguintes: 
 Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preventiva); 
 Prisão para cumprimento da execução provisória da pena; 
 Prisão para cumprimento da execução definitiva da pena; 
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 Medida de segurança detentiva (internação) (art. 96, I, do Código Penal); 
 Semiliberdade (art. 120 do Estatuto da Criança e do Adolescente); 
 Internação (art. 121 do Estatuto da Criança e do Adolescente); e 
 Internação psiquiátrica (art. 6º da Lei n. 10.216/2001). 
Perceba ainda que esse crime só pode ser praticado por autoridade judiciária (Magistrado). Os Magistrados 
têm nomes diferentes a depender do ramo do Poder Judiciário: Juiz de Direito, Juiz Federal, Juiz do Trabalho, 
Juiz Federal da Justiça Militar, Desembargador, Ministro, entre outros. O fato é que estamos falando de 
membros do Poder Judiciário. 
O sujeito passivo do crime, por sua vez, é a pessoa que ficou privada de liberdade irregularmente. 
Estamos diante de um crime formal, ou seja, um crime que não depende da produção de resultado para sua 
consumação. O crime que estamos estudando se consuma com a decretação da medida, ainda que a decisão 
na venha a ser cumprida. 
No parágrafo único temos algumas condutas equiparadas, de natureza omissiva. 
De acordo com o art. 310 do Código de Processo Penal, o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, 
deverá, fundamentadamente: 
I - relaxar a prisão ilegal; ou 
II - converter a prisão em flagrante em prisão preventiva, quando: 
• estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP e 
• se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou 
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
Os incisos I e II do parágrafo único do art. 9º punem o juiz que deixa de cumprir as regras do art. 310 do CPP. 
O inciso III, por sua vez, pune o juiz que deixa de deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando 
manifestamente cabível, não se limitando aos casos de prisão em flagrante. Na realidade o habeas corpus 
pode ser manejado quando há restrição de liberdade, mesmo que não haja propriamente uma prisão. O juiz 
será punido aqui quando demorar demais para julgar o habeas corpus, havendo ou não prisão. 
 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente 
descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
A condução coercitiva ocorre quando há determinação para que a testemunha, perito, ofendido, investigado 
ou réu seja capturado e levado, ainda que contra a sua vontade, à presença de determinada autoridade. A 
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pessoa não é presa, mas apenas levada compulsoriamente para a prática de algum ato processual, como 
uma medida cautelar de coação pessoal, conforme apontam alguns doutrinadores. 
Vale salientar que não apenas o magistrado pode determinar a condução coercitiva, mas também, a 
depender da situação, a autoridade policial, membro do Ministério Público ou Comissão Parlamentar de 
Inquérito. 
Há diversos dispositivos legais que preveem a possibilidade de decretação da condução coercitiva, a exemplo 
dos arts. 201, 218, 260 e 278 do Código de Processo Penal, mas em 2018 o Supremo Tribunal Federal decidiu 
que não é válida a condução coercitiva do investigado ou do réu para interrogatório no âmbito da 
investigação ou da ação penal. 
CONDUÇÃO COERCITIVA PARA INTERROGATÓRIO E RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 
1988 
O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em arguições de descumprimento 
de preceito fundamental para declarar a não recepção da expressão"para o interrogatório" 
constante do art. 260 (1) do CPP, e a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução 
coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, sob pena de responsabilidade 
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo 
da responsabilidade civil do Estado (Informativo 905). 
ADPF 395/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 13 e 14.6.2018. 
ADPF 444/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 13 e 14.6.2018. 
A conduta criminalizada pelo art. 10 é a de decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado 
manifestamente descabida (que claramente não poderia ter sido feita) ou sem intimação prévia, ou seja, 
sem que antes a pessoa tenha sido “convidada” a comparecer. 
Neste segundo caso poderíamos ter um magistrado ou outra autoridade tentando causar constrangimento 
à pessoa, decretando a condução coercitiva antes mesmo de dar a ela a oportunidade de comparecer 
espontaneamente. 
 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no 
prazo legal: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à 
autoridade judiciária que a decretou; 
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à 
sua família ou à pessoa por ela indicada; 
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III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada 
pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; 
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão 
preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e 
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover 
a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. 
Este crime é praticado por quem deixa de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária. Essa 
comunicação é importantíssima, pois toda prisão em flagrante deve ter sua legalidade avaliada rapidamente 
pelo magistrado competente. Uma prisão em flagrante que não é comunicada é arbitrária, e constitui 
violação da garantia da liberdade de locomoção. 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua 
capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. 
Este é um crime de abuso de autoridade praticado contra pessoa presa. Perceba que o crime precisa ser 
praticado mediante violência, grave ameaça ou redução da sua capacidade de resistência. É o caso, por 
exemplo, do agente policial que obriga o preso algemado a passar por corredor para exibi-lo à imprensa ou 
à vítima do crime (inciso I). 
A pena cominada é de detenção de 1 a 4 anos e multa, mas a violência deve ser punida autonomamente 
(poderia ser enquadrada nos crimes de lesão corporal ou tortura, por exemplo). 
 
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, 
ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: 
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a 
presença de seu patrono. 
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Este crime é praticado por quem constrange alguém que tem o dever de manter uma informação em sigilo 
em razão de ministério, ofício ou profissão. É o caso dos ministros religiosos que recebem confissões, dos 
advogados, médicos, psicoterapeutas, entre outros. Essas pessoas lidam com informações altamente 
pessoais de seus clientes/pacientes, e por isso têm o dever legal de manter o sigilo. 
O crime do art. 15 será consumado quando a pessoa que tem o dever de sigilo for constrangida a depor sob 
ameaça de prisão. O crime poderia ser praticado por agente policial ou mesmo autoridade judiciária. 
No parágrafo único encontramos algumas condutas equiparadas, que têm como vítima a pessoa que decidiu 
permanecer em silêncio, preservando o direito de não produzir prova contra si mesma, ou aquela que exigiu 
a observância de seu direito à assistência de advogado. 
 
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura 
ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de 
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si 
mesmo falsa identidade, cargo ou função. 
Um dos direitos assegurados pela Constituição Federal à pessoa que tem sua liberdade restringida é o de 
conhecer a identidade de quem o prendeu (art. 5º, LXIV). O agente que deixa de se identificar ou que se 
identifica falsamente diante dessa situação comece crime de abuso de autoridade e estará sujeito à pena de 
detenção de 6 meses a 2 anos, além da multa. 
No parágrafo único temos uma conduta equiparada, praticada por quem deixa de se identificar ou se 
identifica falsamente, mas não no momento da prisão, e sim no interrogatório. 
 
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo 
se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar 
declarações: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Em filmes policiais é comum vermos situações em que os agentes tentam “arrancar” a confissão do preso, 
privando-o de sono e alimento, por exemplo. Essas condutas, porém, não são permitidas no ordenamento 
brasileiro. 
Quem submete preso a interrogatório durante o período de repouso noturno comete crime de abuso de 
autoridade, exceto quando estivermos falando da pessoa que foi presa em flagrante delito ou quando ela 
consentir em prestar informações. 
 
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Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária 
competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da 
demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para 
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. 
Este é mais um crime relacionado à prisão em flagrante, cometido por quem impede ou faz com que demore 
o envio do pedido preso à autoridade judiciária para o relaxamento da sua prisão. No parágrafo único temos 
uma conduta equiparada, crime próprio do magistrado que toma conhecimento do problema, mas mesmo 
assim não toma as providências cabíveis. Falo em providênciascabíveis porque o magistrado que toma 
conhecimento pode não ser competente para decidir sobre o relaxamento da prisão, mas neste caso ele 
deve enviar o pleito à autoridade judiciária adequada. 
 
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de 
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, 
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a 
audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por 
videoconferência. 
O preso tem direito a consultar-se individualmente e sigilosamente com o seu advogado. Este direito é um 
corolário do direito à ampla defesa, e por isso quem impede esse momento sem justa causa incorre em crime 
de abuso de autoridade. 
Além disso, pratica conduta equiparada quem impede esse momento individual entre o preso, réu solto ou 
investigado com seu advogado, por prazo razoável, antes da audiência. Além disso, também comete o crime 
quem impede que o advogado se sente ao lado do seu cliente e se comunique com ele durante a audiência, 
a não ser no momento do interrogatório ou quando a audiência seja realizada por videoconferência. 
 
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente 
na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
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Manter presos de sexos diferentes na mesma cela é uma conduta muito séria, especialmente em relação à 
segurança das mulheres. Não precisamos dar maiores explicações sobre isso, não é mesmo!? 
Da mesma forma, também comete este crime quem mantém crianças ou adolescentes na mesma cela com 
pessoas maiores de idade ou quem mantém os menores em ambiente inadequado. Você poderia se 
perguntar o que seria esse ambiente inadequado, mas as regras acerca das condições desses ambientes são 
estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, 
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem 
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas 
dependências; 
II - (VETADO); 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes 
das 5h (cinco horas). 
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios 
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. 
Este crime é praticado por quem entra em imóvel sem ordem judicial ou fora das condições que são 
permitidas. Lembre-se de que a garantia de inviolabilidade do domicílio comporta exceções, tendo a própria 
Constituição trazido previsão acerca do tema no art. 5º, XI: 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o 
dia, por determinação judicial; 
Quando alguém entra em imóvel alheio ou nele permanece fora das possibilidades previstas estará sujeito à 
pena de detenção de 1 a 4 anos, além da multa. Temos ainda condutas equiparadas, praticadas por quem 
coage alguém a dar acesso ao imóvel, e por quem cumpre mandado de busca e apreensão após às 21h e 
antes das 5h da manhã. 
Lembre-se de que, mesmo quando houver decisão judicial, a Constituição limita e entrada na residência ao 
horário do dia. A Lei do Abuso de Autoridade nada mais faz do que especificar esse horário na tipificação 
deste crime, limitando esse período entre as 21h e as 5h da manhã. 
 
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Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado 
de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar 
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: 
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de 
diligência; 
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o 
curso da investigação, da diligência ou do processo. 
Este crime é cometido por quem modifica o estado de lugar, coisa ou pessoa para modificar o resultado de 
diligência, investigação ou processo. É o caso, por exemplo, do agente policial ou perito que “planta” provas 
na casa do investigado para agravar sua situação. 
Por outro lado, é interessante mencionar que o crime também será cometido por quem pratica a conduta 
para “aliviar” a barra do investigado ou réu. 
 
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição 
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com 
o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Este é mais um crime cometido por quem tenta alterar o resultado de investigações ou do processo criminal, 
desta vez constrangendo funcionário de instituição hospitalar a admitir pessoa que já está morta, de forma 
a mascarar o local ou o momento do crime. 
O núcleo da conduta é “constranger”, mas deve estar presente ainda o elemento da violência ou grave 
ameaça. Se houver violência, esta será punida autonomamente, tipificando-se o crime correspondente (na 
maior parte das vezes o crime de lesão corporal). 
 
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por 
meio manifestamente ilícito: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou 
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude. 
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A conduta aqui é a de obter prova de forma ilícita. É o que ocorre, por exemplo, quando a autoridade policial 
determina a instalação de escuta telefônica sem autorização judicial ou em desacordo com a autorização 
obtida. O mesmo ocorre quando há a apreensão ilegal de documentos ou materiais. 
Quem, sabendo da ilicitude, utiliza a prova, também incorre no mesmo crime. Este seria o caso do Promotor 
de Justiça que, sabendo que a prova foi obtida ilicitamente, tenta utilizá-la no processo. 
 
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou 
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito 
funcional ou de infração administrativa: 
Pena - detenção,de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar 
sumária, devidamente justificada. 
Aqui estamos diante da situação em que a autoridade requisita ou instaura procedimento investigatório 
sabendo que não há elementos que indiquem a prática de qualquer ato ilícito. Aqui podemos estar falando 
de procedimento investigatório (inquérito policial), processo judicial ou processo administrativo. 
Este crime é cometido, por exemplo, pela autoridade administrativa que determina a instauração de 
processo administrativo disciplinar em desfavor de servidor ciente de que não há elementos suficientes. 
O interessante aqui é que a instauração de sindicância ou investigação preliminar não se enquadra na 
conduta, já que esses procedimentos são de natureza preliminar, e servem justamente para verificar se há 
indícios suficientes para a instauração de um processo punitivo. 
 
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda 
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado 
ou acusado: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Este crime é cometido pela autoridade que divulga gravações que não estão relacionadas com o processo, 
apenas para expor a intimidade ou ferir a honra do investigado ou acusado. Este crime claramente foi 
colocado aqui em razão de alguns vazamentos de gravações que ocorreram alguns anos atrás, não é 
mesmo!? 
 
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo 
com o fim de prejudicar interesse de investigado: 
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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Este é um tipo bem simples, não é? O crime é cometido por quem presta informação falta sobre 
procedimento, mas há o especial interesse de agir como elemento típico: a prestação de informação falsa 
deve ter a finalidade de prejudicar interesse do investigado. 
 
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa 
fundamentada ou contra quem sabe inocente: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Diferentemente do tipo do art. 27, em que o agente requisita ou instaura procedimento sem que haja indícios 
suficientes, aqui estamos falando da autoridade que dá início à persecução sabendo que o réu é inocente. 
Por isso temos uma pena mais severa: detenção de 1 a 4 anos, além da multa. 
 
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado 
ou fiscalizado: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão 
de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou 
do fiscalizado. 
Este crime é praticado pela autoridade que é competente para investigar, mas o tipo não restringe essa 
investigação à seara policial. Podemos estar falando de um inquérito civil ou mesmo de um processo 
administrativo disciplinar, por exemplo. 
Um ponto interessante a ser mencionado aqui é a necessidade de prejuízo ao investigado em razão da 
procrastinação. Esse elemento deve estar presente tanto na conduta do caput quanto na do parágrafo único. 
 
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação 
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento 
investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de 
cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização 
de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
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A conduta aqui está relacionada à atitude de negar acesso aos autos ou impedir a obtenção de cópias. Aqui 
podemos estar falando de um processo judicial, administrativo, inquérito policial ou outro procedimento 
investigatório. 
A ressalva fica por conta do acesso a peças relacionadas a diligências que estejam em andamento, ou a 
documentos que indiquem diligências futuras. Nestes casos o sigilo é imprescindível, não é mesmo!? 
 
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não 
fazer, sem expresso amparo legal: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a 
condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou 
privilégio indevido. 
Este tipo penal é um pouco mais aberto do que estamos acostumados a ver, mas é um crime praticado pela 
autoridade que faz exigências além da sua competência legal. É um crime que remete ao “excesso de exação” 
previsto no Código de Penal. 
No parágrafo único temos a conduta equiparada, que consiste na utilização do cargo ou função para se eximir 
de obrigação legal ou para obter vantagem. É o caso, por exemplo, do policial que “come de graça” em 
estabelecimentos da localidade que ele costuma patrulhar. 
 
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que 
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a 
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Este crime é próprio da autoridade judiciária que decreta a indisponibilidade de ativos financeiros em valor 
que vai muito além do que é necessário para satisfação da vítima. Quando a vítima demonstra esse exagero 
e ainda assim a autoridade judiciária não corrige a situação, incorrerá neste tipo. 
 
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido 
vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Nos julgamentos por órgãos colegiados é possível que um dos membros peça vista, que nada mais é do que 
uma oportunidade para um exame mais detalhado dos autos. Acontece, porém, que algumas vezes esses 
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pedidos de vista são utilizados apenas como artifício para procrastinar o julgamento final, fazendo com que 
a decisão (que algumas vezes já está definida) demore muito tempo para se confirmar. 
 
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede 
social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Este é um crime interessante, ligado à falta de cautela nas atividades investigatórias. A autoridade que 
antecipa o resultado da investigação ou atribui culpa, inclusive por meio de rede social, incorre neste crime. 
É esperado das autoridades envolvidas na persecução penal que se tenha a cautela e o necessário respeito 
ao devido processo legal, de forma que apenas se atribua a responsabilidade depois de esgotadas todas as 
fases do processo. 
 
7 – Do Procedimento 
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, 
as disposiçõesdo Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da 
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. 
A Lei do Abuso de Autoridade não traz procedimentos especiais, aplicando-se aos crimes que estudamos na 
aula de hoje o Código de Processo Penal e a Lei n. 9.099/1995, que trata do procedimento aplicável aos 
crimes de menor potencial ofensivo. 
CRIMES DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997) 
A Lei dos Crimes de Tortura é pequena, mas muito importante. A Constituição Federal traz como princípio o 
repúdio à tortura e às penas degradantes, desumanas e cruéis. Vejamos o que diz a nossa Constituição sobre 
o assunto. 
 
Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
[...] 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por 
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
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A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. ATENÇÃO! O crime de tortura 
não é imprescritível! Essa característica é aplicável apenas aos crimes de racismo e às ações de grupos 
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático. 
Já houve decisão do STF no sentido de negar também a aplicação do indulto a condenado por crime de 
tortura. 
 
A Constituição determina que o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou 
anistia, mas não é imprescritível. 
 
A definição de tortura deve ser buscada na Convenção Internacional contra a Tortura e Outras Penas ou 
Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, aprovada pelas Nações Unidas em 1984 e ratificada e 
promulgada pelo Brasil em 1991. 
 
O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, 
são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, 
informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido 
ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por 
qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza, quando tais dores ou 
sofrimentos são infligidos por um funcionários público ou outra pessoa no exercício de funções 
públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. 
 
Podemos ver, portanto, que a tortura não resume à imposição de dor física, mas também está relacionada 
ao sofrimento mental e emocional. Essa agonia mental muitas vezes é chamada de tortura limpa, pois não 
deixa marcas perceptíveis facilmente. 
Antes da Lei n° 9.455/1997 não havia qualquer definição legal acerca do crime de tortura. O termo era 
mencionado em algumas leis, mas de forma genérica e esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou que 
houvesse a tipificação do crime de tortura antes da referida lei. 
A Lei da Tortura é muito criticada pela imprecisão na tipificação do crimes. A lei foi votada às pressas e sem 
muita discussão no Poder Legislativo, sob o impacto emocional do que aconteceu na Favela Naval, em 
Diadema. 
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Esse caso se refere a uma série de reportagens investigativas conduzidas em 1997 acerca de condutas 
praticadas por policiais militares na Favela Naval. Esses policiais foram filmados extorquindo dinheiro, 
humilhando, espancando e executando pessoas numa blitz. 
O fervor das discussões então levou à apresentação de um projeto de lei que foi rapidamente aprovado pelo 
Poder Legislativo, sem as discussões que seriam necessárias à elaboração de uma lei tecnicamente bem feita. 
Esse é o pano da fundo da história, mas isso obviamente não interessa para a nossa prova, não é mesmo!? 
Vamos ao que realmente interessa, que é a análise do texto legal. 
 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou 
mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave 
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime material, pois só ha consumação com o próprio 
resultado: o sofrimento da vítima. Pela mesma razão, podemos dizer que é possível a tentativa e a 
desistência voluntária. 
Além disso, não se admite o arrependimento eficaz e nem o arrependimento posterior. O crime de tortura 
é de ação penal pública incondicionada. 
 
CRIME DE TORTURA 
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES 
É um crime material 
É possível a tentativa e a desistência voluntária 
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior 
Ação penal pública incondicionada 
 
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Pelo texto do art. 1°, podemos concluir que há diferentes modalidades de tortura, a depender da intenção 
do agente criminoso. Vejamos quais são essas modalidades, de acordo com a própria lei e a Doutrina. 
 
MODALIDADES DE TORTURA 
TORTURA-PROVA ou TORTURA 
PERSECUTÓRIA 
Infligida com a finalidade de obter 
informação, declaração ou confissão da 
vítima ou de terceira pessoa (inciso I, alínea 
“a”). 
TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME ou 
TORTURA-CRIME 
Infligida para provocar ação ou omissão de 
natureza criminosa. 
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou TORTURA-
RACISMO 
Infligida em razão de discriminação racial ou 
religiosa 
TORTURA-CASTIGO 
Infligida como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo. 
 
Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que você memorize uma característica diferente. O 
inciso II do art. 1° tipifica a conduta daquele que inflige sofrimento a pessoa que esteja sob sua guarda, poder 
ou autoridade, com finalidade de castigar. 
Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um crime próprio, pois somente pode ser praticado 
por quem tenha o dever de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima. Ao mesmo tempo exige-
se também uma condição especial do sujeito passivo, que precisa estar sob a autoridade do torturador. 
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum é o do agente penitenciário que tortura presos, ou do pai 
que tortura os próprios filhos. 
As demais modalidades de tortura previstas no inciso I (tortura prova, para a prática de crimes e 
discriminatória) são crimes comuns, pois não se exige nenhuma qualidade especial do agente ou da vítima. 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a 
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de 
medida legal. 
 
Esta é a TORTURA DO PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE SEGURANÇA. A tipificação específica de 
crime cometido contra essas pessoas reforça o que determina a Lei do Abuso de Autoridade e a própria 
Constituição Federal, que assegura “aos presos o respeito à integridade física e moral”. 
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Perceba que esta conduta é a única que não exige dolo específico do agente. Basta que a pessoa presa ou 
sujeita a medida de segurança seja submetida a sofrimento, não sendo exigida nenhuma finalidade especial 
por parte do torturador. 
 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, 
incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 
 
Esta é a OMISSÃO PERANTE A TORTURA. Já sabemos que, de acordo com o próprio Código Penal, a omissão 
só é penalmente relevante “quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”. 
A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas criminaliza a omissão daquele que tinha o 
dever de agir para evitar a tortura, e não inclui aquele que, apesar de não ter o dever, tinha a possibilidade 
de impedir o ato de tortura e não o fez. 
 
 
 
Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA aquele que tinha o dever de agir 
para evitar o ato de tortura e não o faz. 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez 
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
Estas são as hipóteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas chamo sua atenção para as qualificadoras, que 
são o resultado lesão corporal grave ou gravíssima, ou morte. A lesão corporal leve não é qualificadora do 
crime de tortura. 
 
 
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A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de tortura. A TORTURA QUALIFICADA 
somente ocorre quando houver como resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, 
ainda, o resultado morte. 
 
Para esclarecer as questões acerca da natureza da lesão corporal, é interessante que você relembre o teor 
do art. 129 do Código Penal, que trata do tema. As hipóteses de lesão corporal grave estão previstas no §1°, 
enquanto o §2° traz os casos de lesão corporal gravíssima. 
 
CP, Art. 129. 
[...] 
§1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
[...] 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III- perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
 
Agora voltaremos à Lei n° 9.455/1997 para analisar as causas de aumento de pena para o crime de tortura. 
 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 
60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
 
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A definição de agente público deve ser tomada de forma ampla, nos termos do Código Penal, que estabelece 
que, para efeito penais, deve ser considerado funcionário público “aquele que, embora transitoriamente ou 
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. 
Você já sabe que, nos casos em que a condição de agente público é elementar do crime, não pode ser 
aplicada esta agravante. Não faria sentido, por exemplo, aplicar a agravante à TORTURA-IMPRÓPRIA, quando 
o agente prisional se omite diante de ato de tortura, pois, se o agente não fosse funcionário público, não 
poderia haver o crime. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são consideradas crianças as pessoas que tenham menos 
de 12 anos, enquanto adolescentes são aqueles que têm mais de 12 e menos de 18. 
Por fim, a agravante relacionada ao sequestro é aplicável quando a vítima é sequestrada e, durante o 
sequestro, o agente comete crime de tortura. Caso o agente cerceie a liberdade da vítima com a finalidade 
única de infligir a tortura, não há que se falar em sequestro. 
 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu 
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
 
Este é um efeito extrapenal administrativo da condenação. Caso o agente do crime de tortura seja 
funcionário público, perderá seu cargo, função ou emprego e ficará interditado para seu exercício pelo 
período equivalente ao dobro da pena. 
O STF e o STJ já decidiram que esse efeito decore automaticamente da condenação. 
 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da 
pena em regime fechado. 
 
Para responder as questões de prova com precisão, é importante conhecer, ao menos em parte, o conteúdo 
da Lei n° 8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a tortura. 
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos crimes hediondos e equiparados em 
regime integralmente fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que houve 
derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. 
Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e equiparados devem 
ter suas penas cumpridas inicialmente em regime fechado, mas é possível a progressão de regime. 
A polêmica, porém, não acabou. O STJ tem afirmado, em julgados recentes, que não é obrigatório que o 
condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena em regime fechado. Esse entendimento 
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decorre do posicionamento do STF relacionado aos crimes hediondos e equiparados, entre eles o crime de 
tortura. 
 
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA. 
Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no 
regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes de 
tortura e dá outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese 
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que 
o Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do 
regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se 
observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o 
art. 59, ambos do CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e 
§ 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime 
de tortura, sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, 
que possui a mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao 
adotar essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: 
"Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal 
que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder 
público, afasta sua incidência, no todo ou em parte". De fato, o entendimento adotado vai ao 
encontro daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal 
questão ao Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: "Os 
órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguiçãode inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo 
Tribunal Federal sobre a questão". Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte, 
deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 
c/c o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os 
mencionados verbetes sumulares: "Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o 
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, 
com base apenas na gravidade abstrata do delito." (Súmula 440 do STJ) e "A imposição do regime 
de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea." (Súmula 
719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR, 
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014. 
 
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território 
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 
 
Em algumas situações, a Lei de Tortura pode ser aplicada mesmo fora do território nacional: 
- Quando a vítima do crime for brasileira; 
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- Quando o agente se encontre em local em que a lei brasileira seja, em geral, aplicável. 
8 – Considerações Finais 
Chegamos ao final da nossa aula de hoje. Estudamos toda a Lei do Abuso de Autoridade, e seu foco deve 
estar na definição de autoridade e nos crimes tipificados pela lei. Acredito que essa norma seja cobrada com 
muita frequência em concursos nos próximos tempos. 
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou disponível no fórum do curso, 
no e-mail e nas minhas redes sociais. 
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá! 
Paulo Guimarães e Marcos Girão 
E-mail: professorpauloguimaraes@gmail.com e marcospascho@gmail.com 
Instagram: @profpauloguimaraes e @profmarcosgirao 
QUESTÕES COMENTADAS 
 
 
1. De acordo com a Lei 13.869/2019, que trata dos crimes de abuso de autoridade, são efeitos da 
condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do 
ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando 
os prejuízos por ele sofridos; 
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) 
anos, condicionado à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade. 
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública, de maneira não automática, devendo ser declarados 
motivadamente na sentença. 
Assinale a alternativa correta: 
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a) I e II estão corretos 
b) II e III estão corretos 
c) I e III estão corretos 
d) I, II e III estão corretos. 
e) Nenhum dos itens está correto. 
Comentários: 
Aqui precisamos relembrar a redação do art. 4 º da nossa querida lei. 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a 
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados 
pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; 
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 
5 (cinco) anos; 
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à 
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser 
declarados motivadamente na sentença. 
Como você pode ver, os três itens estão corretos, e por isso nossa resposta é a alternativa D. 
2. De acordo com a Lei 13.869 de 2019 que trata dos crimes de abuso de autoridade, assinale a 
alternativa INCORRETA: 
a) Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. 
b) Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério 
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, 
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, 
retomar a ação como parte principal. 
c) A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o 
prazo para oferecimento da denúncia. 
d) É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da 
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, dos Municípios e de Território. 
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e) Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, apenas aquele que exerce, ainda que transitoriamente 
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de 
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade da Administração Direta. 
Comentário: 
A alternativa E está incorreta e é o nosso gabarito, conforme o art. 2º, caput e pú transcrito abaixo: 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, 
da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território,(..). 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, 
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou 
função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. 
Vejamos as demais alternativas: 
Alternativa A está correta conforme art. 3º, caput. 
Alternativa B está correta conforme art. 3º, §1º. 
Alternativa C está correta conforme art. 3º, §2º. 
Alternativa D está correta conforme art. 2º, caput. 
3. De acordo com a Lei 13.869 de 2019 que trata dos crimes de abuso de autoridade, as penas 
restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são: 
a) a prestação de alimentos provisionais. 
b) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
c) suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) anos, com a 
perda dos vencimentos e das vantagens; 
d) a suspensão de visitas aos dependentes menores. 
e) suspensão da posse ou restrição do porte de armas. 
Comentário: 
De acordo com o art. 5º transcrito abaixo, temos que: 
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei 
são: 
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
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II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) 
meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; 
A alternativa correta é, portanto, a alternativa B. 
4. De acordo com a Lei 13.869 de 2019 que trata dos crimes de abuso de autoridade, assinale a 
alternativaINCORRETA: 
a) As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou 
administrativa cabíveis. 
b) As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade 
competente com vistas à apuração. 
c) As responsabilidades civil e administrativa dependem da criminal, não se podendo mais questionar sobre 
a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. 
d) Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que 
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento 
de dever legal ou no exercício regular de direito. 
e) As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. 
Comentário: 
A alternativa incorreta é a alternativa C conforme podemos depreender da leitura do art. 7º. Vejamos: 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se 
podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham 
sido decididas no juízo criminal. 
Alternativa A está correta conforme art. 6º, caput. 
Alternativa B está correta conforme art. 6º, pú. 
Alternativa D está correta conforme art. 8º. 
Alternativa E está correta conforme art. 5º, pú. 
5. De acordo com a Lei 13.869 de 2019 o agente público que decretar medida de privação da 
liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais comete crime de abuso de 
autoridade. Incorre na mesma pena deste crime a autoridade judiciária que, dentro de prazo 
razoável, deixar de: 
a) relaxar a prisão manifestamente legal; 
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b) substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando 
manifestamente cabível; 
c) deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente incabível. 
d) suspender do exercício do posto, graduação, cargo ou função 
e) aplicar sanção de advertência 
Comentário: 
A alternativa correta é a alternativa B conforme nos indica o art. 9º, pú, II: 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as 
hipóteses legais: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, 
deixar de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, 
quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’ 
Alternativa A está incorreta conforme art. 9º, pú, I. 
Alternativa C está incorreta conforme art. 9º, pú, III. 
As Alternativas D e E estão incorretas pois não encontram respaldo na legislação. 
6. De acordo com a Lei 13.869 de 2019 o agente que invadir ou adentrar, clandestina ou 
astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou 
nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições 
estabelecidas em lei, comete crime de abuso de autoridade. Incorre na mesma pena quem: 
a) coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas 
dependências; 
b) cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 18h ou antes das 9h. 
c) deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade 
judiciária que a decretou; 
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d) deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família 
ou à pessoa por ela indicada; 
e) deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; 
Comentário: 
A alternativa correta é a alternativa A conforme Art. 22, §1º, I. 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, 
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem 
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou 
suas dependências; 
II - (VETADO); 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes 
das 5h (cinco horas). 
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios 
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. 
Alternativa B está incorreta conforme art. 22, §1º, III 
Alternativas C, D e E estão incorretas, pois são crimes que incorrem em pena diferente do crime enunciado 
na questão conforme art. 12, pú, I, II e III respectivamente. 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no 
prazo legal: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à 
autoridade judiciária que a decretou; 
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra 
à sua família ou à pessoa por ela indicada; 
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III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada 
pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas. 
7. De acordo com a Lei 13.869 de 2019 comete crime de abuso de autoridade: 
I. Agente público que submeter o preso a interrogatório policial quando capturado em flagrante delito. 
II. Agente Público que impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade 
judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia. 
III. O magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a 
saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade 
judiciária que o seja. 
Assinale a alternativa correta: 
a) Estão corretas I e II 
b) Estão corretas I e III 
c) Estão corretas II e III 
d) Estão corretas I, II e III 
e) Nenhuma está correta 
Comentário: 
I- Errada. Art. 18 
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo 
se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar 
declarações: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
II-Certa. Art. 19 
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade 
judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de 
sua custódia: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da 
demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para 
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária

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