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DA LOCAÇÃO DE COISAS 1. Conceito e natureza jurídica * no CC/16, com fundamento no direito romano, tratava, sob o titulo de Locação, em três seções autônomas, da locação de coisas, da locação de serviços e da empreitada * O. Gomes: atualmente “locação é só de cosas. Não é questão apenas de rigor terminológico, pois as outras espécies tradicionais de locação não se ajustavam perfeitamente ao conceito único a que se pretendeu reduzi-las”. * hoje, reserva-se a palavra locação para designar unicamente o contrato que se destina a proporcionar a alguém o uso e gozo temporários de uma coisa infungível, mediante contraprestação pecuniária - locação de serviços desdobrou-se em: contrato de trabalho, sujeito às leis de ordem publica (CLT, etc), e contrato de prestação de serviços no CC/02 (ex: parecer solicitado a um jurista, etc) - a empreitada refere-se à construção e/ou fornecimento de materiais e tem dispositivos próprios no CC/02 - locação de coisas – art. 565 e seguintes do CC/02 * contrato sempre prestigiado no direito privado, devido ao grau de utilização e importância no mundo negocial - as partes denominam-se locador, senhorio ou arrendador e locatário, inquilino ou arrendatário e a contraprestação chama-se aluguel ou renda Natureza Jurídica - contrato bilateral ou sinalagmático - admite a aplicação da exceptio non adimpleti contractus (CC, 476) - é oneroso (se for gratuito, desconfigura-se, transformando-se em comodato) - é consensual - não tem caráter personalíssimo, admite cessão e sublocação - a foram é livre; por exceção: solene - é de trato sucessivo ou de execução continuada Elementos do contrato de locação - três elementos fundamentais: a) o objeto b) o preço c) o consentimento a) Objeto - pode ser coisa móvel ou imóvel * o bem móvel deve ser infungível * o traço característico da locação é o retorno da coisa locada ao seu dono * os bens, mesmo inalienáveis, podem ser locados * Ex: locação de filmes, bicicletas, livros, roupas, etc * uma coisa pode ser alugada por inteiro ou em frações (ex: um andar, uma loja, um pedaço de parede para propagandas, uma garagem , etc) * se nada se estipular em contrário: a locação abrange os acessórios da coisa * embora controvertida, admite-se a possibilidade de locar coisa alheia; também podem ser dadas em locação coisas comuns a diversas pessoas, desde que por deliberação da maioria b) Preço - denominado aluguel ou remuneração - é essencial a definição do preço, se for gratuito é comodato - pode ser fixado pelas partes ou mediante arbitramento administrativo ou judicial; imposto por ato governamental (ex: preços de táxi) - deve ser sério e real - deve ser determinado ou determinável - em geral é fixado em dinheiro, a ser pago periodicamente - nada sendo estabelecido em contrario, a obrigação é quesível - o preço é devido ao locador durante todo o período em que a coisa estiver à disposição do locatário, ainda que não utilizada efetivamente c) Consentimento - pode ser expresso ou tácito - pode locar quem pode administrar (não se exige que seja necessariamente proprietário) - o locatário tem que ser pessoa estranha à coisa locada - o condômino não pode dar sozinho a coisa comum em locação - o CC/02 não se estabelece limite temporal para os contratos de locação, podem ser celebrados por qualquer prazo * Ver CC, art. 571 Obrigações do locador - Art. 566 do CC a) entregar ao locatário a coisa alugada (inc. I) – em estado de servirão uso a que se destina - se a entrega for feita sem qualquer reclamação, presume-se que a coisa foi recebida em ordem pelo locatário - a não entrega caracteriza inadimplemento do locador e autoriza o locatário a pedir a resolução do contrato e eventuais perdas e danos - a entrega deve ser feita com os acessórios e pertenças b) manter a coisa no mesmo estado, pelo tempo do contrato (inc. I, 2ª parte) – o locador deve realizar os reparos necessários para que a coisa seja mantida em condições de uso, salvo convenção em contrário - Ver art. 567 do CC c) garantir o uso pacífico da coisa (inc. II) – o locador deve abster-se da prática de qualquer ato que possa perturbar o uso e gozo da coisa, como também resguardar o locatário contra embaraços e turbações de terceiros (CC, 568) * a posse do inquilino (possuidor direto) é garantida mesmo contra o proprietário, por meio dos interditos possessórios (CC, art. 1.197) - aplicam-se à locação a teoria dos vícios redibitórios Obrigações do locatário - Art. 569 do CC a) obrigado a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados e a tratá-la como se sua fosse (inc. I) - CC, art. 570 - deve ser aferido caso a caso * o locatário deve zelar pela coisa como se fosse dono - a doutrina toma por base a diligência do homem médio b) a pagar o aluguel nos prazos ajustados (inc. II) - na falta de ajuste de prazo, o pagamento deve ser feito segundo o costume do lugar - o recebimento do aluguel é elemento principal (preço) * locação de imóveis urbanos: sexto dia útil - na falta de convenção em contrário, a dívida é quesível * pode estipular que o locatário arcará com impostos e taxas - é obrigatório o fornecimento de recibo de quitação c) levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, fundadas em direito (inc. III) - o locador deve resguardar o locatário dos embaraços e turbações de terceiros que tenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada * CPC, art. 62 – nomeação à autoria d) cabe ao locatário restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais (inc. IV) - as deteriorações naturais serão averiguadas em cada caso, de acordo com a natureza da coisa locada - o locatário pode exigir a relação escrita do estado da coisa para resguardar-se de posterior imputação infundada Disposições complementares Arts. 571, 572, 573, 574 e 575 do CC - o art. 571 do CC é norma supletiva - o art. 572 do CC – aplicação do princípio da equidade - o art. 573 e 574 do CC – mora ex re; presunção de prorrogação da locação - o art. 575 do CC – meio coercitivo que o locador dispõe para forçar o locatário a cumprir sua obrigação *** não se aplicam tais regras à locação de prédios urbanos, somente para as locações de prédios rústicos e às demais locações em geral *** São regidas pelo CC: as locações de imóveis de propriedade da União, dos Estados, dos Município; de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; de espaços destinados à publicidade; de apart-hotéis, hotéis-residências ou equiparados; e o arrendamento mercantil. LOCAÇÃO DE PRÉDIOS * Lei 8.245/91 (LI – Lei do Inquilinato)
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