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Resumo Direito Civil II

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Resumo Direito Civil II
Obrigações
Conceito de Obrigação:
A palavra obrigação pode assumir vários significados, dependendo do contexto a que estiver se referindo. Dessa forma, em sentido amplo, obrigação é um dever que pode estar ligado a uma acepção moral ou jurídica, vez que exprime qualquer espécie de vínculo. Do ponto de vista moral, as pessoas tem obrigações diversas, fruto da cultura, dos costumes, e da própria convivência social. Assim são exemplos de obrigações morais: ir a missa, comparecer a eventos familiares, contribuir com campanhas sociais, pagar dízimo em igreja...
Quando a obrigação esta dentro da órbita jurídica, há um dever jurídico que se relaciona com a lei específica, ou um contrato entre as partes. Assim são exemplos de obrigações jurídicas: A obrigação de pagar um tributo, comparecer a uma audiência, cumprir contrato de prestação de serviço...
Obrigação Natural : permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição.
Em suma, é uma relação transitória do direito que nos obriga a dar, fazer e não fazer alguma coisa. È um dever de realizar uma prestação, sendo portanto um dever jurídico primário (originário), que pode advir de lei ou da vontade das partes.
Responsabilidade
È a conseqüência jurídica patrimonial do credor ao descumprimento de uma obrigação , portanto, trata-se de um dever secundário (derivado). A doutrina aponta que pode haver obrigação sem responsabilidade como seria o caso das obrigações naturais.
Estado de Sujeição
No estado de sujeição haverá tão somente uma subordinação inelutável a uma modificação na esfera jurídica de alguém por ato de outrem. Assim, no estado de sujeição , uma pessoa não terá nenhum dever de conduta, devendo se sujeitar mesmo contra a sua vontade, a que sua esfera jurídica seja constituída, modificada, ou extinta pela simples vontade de outrem, ou melhor, do título do direito potestativo.
Ex: contrato educacional \ bancário
Ônus Juridico
É a necessidade de suportar as conseqüências jurídicas do exercício regular de um direito. Ex: O registro do RGI de um imóvel adquirido anteriormente. É portanto a necessidade de agir de certo modo para a tutela de interesse próprio.
É o encargo, uma necessidade de se observar determinado comportamento para obtenção de uma vantagem em proveito próprio.
Obrigações Propter Rem
Derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os quais incidem deveres decorrentes da necessidade de manter-se a coisa. Assim, considera que as obrigações propter rem passam a pesar sobre qyem se torne titular da coisa. Logo, sabendo-se quem e o titual sabe-se o devedor. Ex: condomínio
Ônus reais
São limitações que limitam a fruição e a disposição da propriedade. Representam direitos sobre a coisa alheia e se impõe erga omnes gerando créditos pessoais em favor do titualr. São portanto gravames que incidem sobre determinados bens. Art 804 cc. Ex Usufruto, servidão
Obrigação de Eficácia Real
A obrigação tem eficácia real quando se transmite e é oponível a terceiro que adquira direito sobre determinado bem, como é o caso da locação que é oponível ao adquirente da coisa locada. São obrigações pessoais, transmissíveis e que podem ser opostas contra terceiros, alcançando assim a dimensão de direito real. Ex: contrato de locação com Registro de RGI, dá ao inquilino a garantia que não poderá sair do imóvel até o fim do contrato de locação.
Elementos das obrigações
Subjetivo
É composto por sujeito ativo (accipiens, credor, titular subjetivo do crédito) e sujeito passivo (solvien, devedor). Em qualquer dos pólos o sujeito pode ser pessoa natural (capaz, representada ou assistida) ou jurídica (de qualquer natureza). Os sujeitos devem ser determinados ou determináveis. Os pólos podem ser compostos por sujeitos individuais ou coletivos, conforme natureza da obrigação. Art 104 cc.
Objetivo (material)
Compõe a prestação debitória que é sempre uma conduta humana positiva ou negativa. A prestação é considerada objeto imediato (próximo ou direto) que é a atividade do devedor destinada a satisfazer o credos (dar, fazer ou não fazer). Para identificar o objeto mediato (indireto ou distante) deve-se perguntar: Dar ? fazer ou não fazer o que? A resposta indicará o objeto mediato que deve ser possível , lícito, determinado ou determinável. Ex compra de um carro.
Vínculo Jurídico (elemento abstrato imaterial)
É o liame que une sujeito ativo e passivo, conferindo ao primeiro o direito de exigir do segundo determinada prestação. Integram o vínculo obrigacional : o direito a prestação, o dever correlato ou correspondente e a responsabilidade. O vinculo obrigacional e sempre de natureza transitória.
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Classificação das Obrigações
Quanto ao objeto, seus elementos, de meio e de resultado, civis e naturais, puras e simples, condicionais, a termo e modais, de execução instantânea, diferida, periódica, líquidas e ilíquidas, principais e acessórias, com cláusula penal.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, obrigação é "o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação". 
É a relação de crédito e débito que se extingue com o cumprimento da mesma e que tem por objeto qualquer prestação economicamente aferível. As obrigações são classificadas de acordo com os seguintes critérios: 
 Classificadas quanto ao objeto 
O objeto da obrigação pode ser mediato ou imediato. 
- Imediato: a conduta humana de dar, fazer ou não fazer. 
Ex.: Dar a chave do imóvel ao novo proprietário. 
- Mediato: é a prestação em si. 
Ex.: O que é dado? A chave. 
De acordo com essa classificação, podemos destacar: 
Obrigações de dar, que se subdivide em dar coisa certa ou incerta; 
Ex.: Dar um documento a alguém. 
Obrigação de fazer; 
Ex.: Fazer uma reforma em parede divisória entre terrenos. 
Obrigação de não fazer; 
Ex.: Não fazer um muro elevado a certa altura. 
 Classificadas quanto aos seus elementos 
A obrigação é composta por três elementos, que são: 
- Elemento subjetivo, ou seja, os sujeitos da relação (ativo e passivo), 
- Elemento objetivo, que diz respeito ao objeto da relação jurídica, e 
- Vínculo jurídico existente entre os sujeitos da relação. 
Dividem-se, portanto, as obrigações em: 
Simples: que apresenta todos os elementos no singular, ou seja, um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto. 
Composta ou Complexa: contrária a primeira, apresenta qualquer um dos elementos, ou todos, no plural. Por exemplo: um sujeito ativo, um sujeito passivo e dois objetos. Esta, por sua vez, divide-se em: 
Cumulativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "e". Somando-se, então, os dois objetos. 
Ex.: "A" deve dar a "B" um livro e um caderno. 
Alternativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "ou". Alternando então, a opção por um ou outro objeto. 
Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 10.000,00 ou um carro. 
Facultativa: confere ao devedor alterar o objeto da prestação.
As obrigações que possuem multiplicidade de sujeitos são classificadas como: 
Divisíveis: são as obrigações em que o objeto pode ser dividido entre os sujeitos. 
Ex.: Determinada quantia em dinheiro - R$ 1.000,00. 
Indivisíveis: são as obrigações em que o objeto não pode ser dividido entre os sujeitos. 
Ex.: Um animal, um veículo, etc. 
Solidárias: não depende da divisibilidade do objeto, pois decorre da lei ou até mesmo da vontade das partes. Pode ser solidariedade ativa ou passiva, de acordo com os sujeitos que se encontram em número plural dentro da relação. 
Quando qualquer um deve responder pela dívida inteira, assim que demandado, tendo direito de regresso contra o sujeito que não realizou a prestação. Ex.: "A" e "B" são sujeitos passivos de uma obrigação. "C", sujeito ativo, demanda o pagamento total da dívidaa "A", que cumpre a prestação sozinho e pode, posteriormente, cobrar de "B" a parte que pagou a mais. 
 Obrigações de Meio e de Resultado 
- Obrigação de meio é aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação, utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo. São as obrigações em que o devedor exonera quando efetua a prestação devida independente dos benefícios que possam resultar ao credor. Ex: advogado, medico, dentista...
- Obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado, como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação. Na obrigação de resultado há presunção de culpa.
Obrigações Alternativas e facultativas
Define Caio Mario “encarada quanto ao modo de pagamento, classifica como alternativa a obrigação que é de inicio relativamente indeterminada mas que se determina na execução os simultaneamente com essa e se conceitua como tipo obrigacional em que se existem unidade de vinculo e pluralidade de prestações, liberando-se o devedor mediante o pagamento de uma só delas.
São também chamadas de disjuntivas. Nesta espécie de obrigação , são devidos dois ou mais objetos, mas a entrega de um deles extingue a obrigação. A esta entrega precede uma escolha que em regra pertence ao devedor (art 252cc), mas nada impede que seja determinada pelo credor ou até mesmo a terceiros ou por sorteio. (art 817 cc)
Ex: 3 cavalos 1 branco, 1 preto , 1 malhado – escolher apenas 1 .
Obrigações facultativas
Tratam-se de obrigações simples em que é devida uma única prestação (do ponto de vista do credor) ficando, porem, facultado ao devedor a escolha e só a ele exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa.
Ex: 1 carro e 1 moto . pode alterar o objeto
Obrigações Puras e Simples; Condicionais; em a Termo e Modais 
As obrigações possuem, além dos elementos naturais, os elementos acidentais, que acabam muitas vezes por caracterizá-las.  Estes elementos são: a alteração da condição da obrigação, do termo e do encargo ou do modo. 
- Obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a nenhuma condição, termo ou encargo. 
Ex.: Obrigação de dar uma maçã sem por que, para que, por quanto e nem em que tempo. 
- Obrigações condicionais são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos. 
Ex.: Obrigação de dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no vestibular (condição). 
- Obrigações a termo submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido. 
Ex.: Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade. 
- Obrigações modais em que o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil. 
Ex.: Pode figurar na promessa de compra e venda ou também, mais comum, em doações. 
Obrigações de Execução Instantânea; Diferida e Periódica 
Esta classificação é dada de acordo com o momento em que a obrigação deve ser cumprida. Sendo classificadas, portanto, em: 
- Obrigações momentâneas ou de execução instantânea que são concluídas em um só ato, ou seja, são sempre cumpridas imediatamente após sua constituição. 
Ex.: Compra e venda à vista, pela qual o devedor paga ao credor, que o entrega o objeto. "A" dá o dinheiro a "B" que o entrega a coisa. 
- Obrigações de execução diferida também exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da anterior, sua execução deverá ser realizada em momento futuro. 
Ex.: Partes combinam de entregar o objeto em determinada data, assim como realizar o pagamento pelo mesmo. 
- Obrigações de execução continuada ou de trato sucessivo (periódica) que se satisfazem por meio de atos continuados. 
Ex.: As prestações de serviço ou a compra e venda a prazo. 
 Obrigações Líquidas e Ilíquidas 
- Obrigação líquida é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência. Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo. 
Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 500,00 ou 5 sacos de arroz. 
- Obrigação ilíquida depende de prévia apuração, já que o montante da prestação apresenta-se incerto. 
Ex.: "A" deve dar vegetais a "B", não se sabe quanto e nem qual vegetal. 
Diversos artigos do Código Civil estabelecem essa classificação. Citamos, então, os seguintes: arts. 397, 407, 369, 352, entre outros. 
Obrigações Principais e Acessórias 
- Obrigações principais são aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma obrigação para ter sua real eficácia. 
Ex.: Entregar a coisa no contrato de compra e venda. 
- Obrigações acessórias subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim, dependem da obrigação principal. 
Ex.: Pagamento de juros por não ter realizado o pagamento do débito no momento oportuno. 
É importante, portanto, ressaltar que caso a obrigação principal seja considerada nula, assim também será a acessória, que a segue. 
Quanto a pluralidade de Sujeitos:
Fracionárias (parciais) – pluralidade de sujeitos respondendo cada um por parte da divida e exigindo cada um sua cota parte.
Conjuntas (unitárias) – pluralidade de sujeitos respondendo todos os devedores por toda dívida.
Solidárias – Todos respondem (devedor e credor)
Disjuntivas – Pluralidade de devedores que se obrigam alternativamente.
Conexas – Possuem uma causa comum pela qual vários devedores devem satisfazer prestações distintas ao mesmo credor.
Obrigação de dar coisa certa
Na definição de Carlos Roberto Gonçalves, é uma modalidade de obrigação em que o devedor se compromete a entregar ou restituir um objeto perferitamente determinado que se considera em sua individualidade, Trata-se portanto de obrigação perfeitamente individualizada.
Tanto na obrigação de dar coisa certa e na incerta consistirá a prestação na entrega, ou seja, são obrigações positivas em que o credor esta interessado na tradição da coisa (entrega, transferência de proriedade). È importante ressaltar que na obrigação de dar coisa certa, o credor não é obrigado a aceitar coisa diversa da devida, ainda que mais valiosa. Art 313 cc
Obrigação de Entregar
Arts 233 a 237
São obrigações em que a coisa pertence ao devedor que por meio da tradição , transferirá a propriedade ao credor (adquirente).
Se a coisa parecer sem a culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente de condição suspensiva, resolve-se terminar a obrigação (art 234), os valores eventualmente recebidos devem ser restituídos.
Se a coisa perecer com culpa do devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos. Art 234
Se a culpa se deteriorar (perda parcial) sem culpa do devedor, poderá o credor resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu art 235
Se a coisa se deteriorar com culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado em que se acha, mas em ambas as situações poderá pleitear indenização por perdas e danos. Art 236
Obs. Vale lembrar que todas essas regras são dispositivas, podendo os contratantes dispor em contrário. No entanto, é valido destacar que essas disposiçõesnão perderão contrariar normas de ordem pública como por exemplo, prever renuncia prévia a direitos decorrentes das relações jurídicas.
Obs2 : quanto aos melhoramentos acrescidos, destacam-se regras do art 237
Obrigação de restituir
São obrigações em que a coisa pertence ao credor, sendo que apenas se transmite temporariamente sua posse. Impõe ao devedor o dever de devolver a coisa no prazo ajustado ou alcançada a finalidade ao qual foi destinada e por isso exigem do devedor, o dever de conservação e zelo pela coisa. Sobre o inandiplento das obrigações de restituir destacam-se as regras:
1 – Se a coisa parecer sem culpa do devedor, antes da tradição, resolve-se a obrigação ressalvando os direitos do credor, antes da tradição, resolve-se a obrigação ressalvados os direitos do credor até o dia da perda. Art 238
2 – se a cisa perecer com culpa, o devedor responderá pela equivalência mais perdas e danos. Art 239
3 – se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor, o credor a receberá no Estado em que se encontra sem direito de indenização. Art 240
4 – se a coisa se deteriorar com culpa do devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos. Art 239 c\c art 239
Obs: Quanto aos melhoramentos acrescidos e frutos, deve-se analisar se foram feitos com ou sem despesa ou trabalho do devedor. Art 242.
Obrigações pecuniárias:
São obrigações de dar coisa certa, porque envolvem obrigação de entregar dinheiro. Diferencia-se das dividas de valor, porque nestas o dinheiro apenas representa o valor da obrigação, enquanto nas pecuniárias, o objeto da prestação e o próprio dinheiro.
Define Inacio de Carvalho Neto “ dúvida de dinheiro é aquela cujo o objeto da prestação é a própria moeda”. Regras dos arts 315, 317, 478, 326, 318
Das Obrigações de dar a Coisa Incerta 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR A COISA INCERTA
        Preceitua o art. 243 do Código Civil:
“A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”.
        A expressão “coisa incerta” indica que a obrigação tem objeto indeterminado, mas não totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. É, portanto, indeterminada, mas determinável. Falta apenas determinar sua qualidade. Sendo  indispensável, portanto, nas obrigações de dar coisa incerta, a indicação, de que fala o texto. Se faltar também o gênero, ou a quantidade (qualquer desses elementos), a indeterminação será absoluta, e a avença*, com tal objeto, não gerará obrigação. 
(contrato*)
Exemplo:
        Não pode ser objeto de prestação, por exemplo, a de “entregar sacas de café”, por faltar a quantidade, bem como a de entregar “dez sacas”, por faltar o gênero.
        Mas constitui obrigação de dar coisa incerta a de “entregar dez (quantidade) sacas de café gênero)”, porque o objeto é determinado pelo gênero e pela quantidade. Falta determinar somente a qualidade do café. Enquanto tal não ocorre, a coisa permanece incerta.
        A principal característica dessa modalidade de obrigação reside no fato de o objeto ou conteúdo da prestação, indicado genericamente no começo da relação, vir a ser determinado por um ato de escolha, no instante do pagamento.
        Portanto, coisa incerta não é coisa totalmente indeterminada, ou seja, não é qualquer coisa, mas uma parcialmente determinada, suscetível de completa determinação oportunamente, mediante a escolha da qualidade ainda não indicada.
        A definição a respeito do objeto da prestação, que se faz pelo ato de escolha passa a se chamar concentração depois da referida definição, e compete ao devedor a escolha, se outra coisa não se estipulou. A escolha só competirá ao credor se o contrato assim dispuser. Sendo omisso nesse aspecto, ela pertencerá ao devedor.
        INDICAÇÃO DO GÊNERO E DA QUANTIDADE
        indicação ao menos do gênero e quantidade é o mínimo necessário para que exista obrigação, havendo a definição quanto ao gênero e a quantidade, a obrigação é útil e eficaz, embora falte a individuação da res debita. Que será satisfeito com a determinação da qualidade da coisa incerta, que deverá em princípio ser intermediária. Não estando o devedor obrigado a presta a melhor coisa, e nem tão pouco poderá prestar a pior qualidade.  Se, no entanto, da coisa a ser entregue só existirem duas qualidades, poderá o devedor entregar qualquer delas, até mesmo a pior.
        ESCOLHA E CONCENTRAÇÃO
        A determinação da qualidade da coisa incerta perfaz-se pela escolha. Feita esta, e cientificado o credor, acaba a incerteza, e a coisa torna-se certa, vigorando, então, as normas da seção anterior do Código Civil, que tratam das obrigações de dar coisa certa.
        Preceitua, com efeito, o art. 245 do Código Civil:
“Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente”.
        O ato unilateral de escolha denomina-se concentração. Para que a obrigação se concentre em determinada coisa não basta a escolha. É necessário que ela se exteriorize pela entrega, pelo depósito em pagamento, pela constituição em mora ou por outro ato jurídico que importe a cientificação do credor.
       A quem compete o direito de escolha? A resposta é fornecida pelo art. 244 do Código Civil, verbis:
“Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor”.
Portanto, a escolha só competirá ao credor se o contrato assim dispuser. Sendo omisso nesse aspecto, ela pertencerá ao devedor.
        Podem as partes convencionar que a escolha competirá a terceiro, estranho à relação obrigacional, aplicando-se, por analogia, o disposto no art. 1.930 – CC.
        GENERO LIMITADO E ILIMITADO
        Dispõe o art. 246 do Código Civil:
“Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”.
        Os efeitos da obrigação de dar coisa incerta devem ser apreciados em dois momentos distintos: 
i)                    a situação jurídica anterior 
ii)                  e a posterior à escolha.
        Determinada a qualidade, torna-se a coisa individualizada, certa (completando-se com a cientificação do credor). Antes da escolha, permanece ela indeterminada, clamando pela individuação, pois a só referência ao gênero e quantidade não a habilita a ficar sob um regime igual à obrigação de dar coisa certa. 
        Enquanto não determinada a obrigação, se a coisa se perder, não se poderá alegar culpa ou força maior. Só a partir do momento da escolha é que ocorrerá a individualização e a coisa passará a aparecer como objeto determinado da obrigação. Antes, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração, ainda que por força maior ou caso fortuito, pois o gênero nunca perece (genus nunquam perit).
        A expressão antes da escolha tem sido criticada pela doutrina, pois:
 “Não basta que o devedor separe o produto para entregá-lo ao credor, sendo mister realize ainda o ato positivo de colocá-lo à disposição deste”. 
        Só nesse caso ele se exonerará da obrigação, caso se verifique a perda da coisa. Enquanto esta não é efetivamente entregue, ou, pelo menos, posta à disposição do credor, impossível a desoneração do devedor, que terá sempre diante de si a a parêmia genus nunquam perit.
Obrigação de fazer
É quando uma pessoa se compromete a pagar uma dívida em prol da atividade profissional desejada. Ex.: pintura de um quadro. Pode ser classificada como:
Obrigação de fazer fungível - aquela dívida que pode ser paga por outra pessoa que não seja o devedor.
Obrigação de fazer infungível - dívida que somente pode ser paga pelo devedor.
Obrigação de fazer declaração de vontade - quando há um contrato de compromisso entre o credor e o devedor e existe um adiantamento em dinheiro/bem chamado de 'arras'. Esse contrato pode ser retratável (arrependimento), caso o comprador desista da compra há uma perda do dinheiro/bem, mas caso o vendedor desista, este deverádar uma indenização em dobro ao valor do adiantamento; o contrato poderá ser também irretratável, ambas as partes não poderão se arrepender do acordo.
Obrigação de não fazer
É quando o devedor se compromete a não realizar determinado ato, em função do vínculo estabelecido com o credor. Ex.: direitos de imagem de um artista, que só poderá aparecer com exclusividade em determinada emissora.
DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
        As obrigações divisíveis e indivisíveis compostas pela multiplicidade de sujeitos. Nelas há um desdobramento de pessoas no polo ativo ou passivo, ou mesmo em ambos, passando a existir tantas obrigações distintas quantas as pessoas dos devedores ou dos credores. Nesse caso:
i)                     cada credor só pode exigir a sua quota;
ii)                  e cada devedor só responde pela parte respectiva (CC, art. 257).
        A prestação é assim distribuída rateadamente, segundo a regra concursu partes fiunt (as partes se satisfazem pelo concurso, pela divisão). Todavia, sofre esta duas importantes exceções: a da indivisibilidade e da solidariedade, nas quais concorram várias pessoas, cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro e cada devedor responde também pelo todo.
        Havendo um só credor e um só devedor, seria irrelevante averiguar se a prestação é ou não divisível, visto que, segundo o art. 314 do Código Civil, divisível ou não, o credor não pode ser obrigado a receber nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
        O problema da divisibilidade somente oferece algum interesse no direito das obrigações se houver pluralidade de pessoas na relação obrigacional. O interesse jurídico resulta da necessidade de fracionar-se o objeto da prestação para ser distribuído entre os credores ou para que cada um dos devedores possa prestar uma parte desse objeto.
        Se duas pessoas, por exemplo, devem R$ 200.000,00 a determinado credor, cada qual só está obrigado a pagar a sua quota, correspondente a R$ 100.000,00, partilhando-se a dívida por igual, pois, entre os dois devedores. Se a hipótese for de obrigação divisível com pluralidade de credores, o devedor comum pagará a cada credor uma parcela do débito, equivalente à sua quota, igual para todos. O devedor comum de uma dívida de R$ 200.000,00, por exemplo, deverá pagar a cada um dos dois credores a importância de R$ 100.000,00.
EFEITOS DA DIVISIBILIDADE E DA INDIVISIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
        Se a obrigação é divisível, presume-se esta “dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores, ou devedores” (CC, art. 257).
        Cada devedor só deve a sua quota-parte. A insolvência de um não aumentará a quota dos demais. Havendo vários credores e um só devedor, cada credor receberá somente a sua parte. Assim, se alguém se obriga a entregar duas sacas de café a dois credores, cada credor receberá uma saca.
PLURALIDADE DE DEVEDORES
  
        Proclama o novo Código Civil:
“Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados”.
        Nos casos de obrigação indivisível com pluralidade passiva, como a prestação não pode ser efetuada por partes, duas soluções se apresentam em seu regime: ou o credor pode exigir o cumprimento de cada um dos devedores, respondendo o escolhido e interpelado pelo pagamento da prestação única ou integral, ou o credor tem que interpelar todos eles, para validamente exigir o cumprimento. O Código Civil optou por considerar cada um dos devedores obrigado pela dívida.
        Em geral, a prestação é distribuída rateadamente entre as partes. O benefício e o ônus, inerentes à relação obrigacional, devem ser repartidos:
a)      cada credor tem direito a uma parte;
b)      como cada devedor responde apenas pela sua quota;
        Essa regra sofre, contudo, duas importantes exceções: a da indivisibilidade e a da solidariedade. Numa e noutra, embora concorram várias pessoas, cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro e cada devedor responde também pelo todo.
        Assim, quando a obrigação é indivisível (entregar um animal ou um veículo, p. ex.) e há pluralidade de devedores, “cada um será obrigado pela dívida toda” (CC, art. 259). Mas somente porque o objeto não pode ser dividido, sob pena de perecer ou perder a sua substância. Por isso, o que paga a dívida “sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados” (parágrafo único), dispondo de ação regressiva para cobrar a quota-parte de cada um destes.
        Destarte, o devedor, demandado por obrigação indivisível, não pode exigir que o credor acione conjuntamente todos os codevedores. Qualquer deles, à escolha do autor, pode ser demandado isoladamente pela dívida inteira. Ressalva-se apenas ao devedor, que solve sozinho o débito por inteiro, sub-rogação dos direitos creditórios, a fim de reaver dos consortes as quotas respectivas.
PLURALIDADE DE CREDORES
        Dispõe o Código Civil:
“Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores”.
        Nas obrigações indivisíveis cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro e cada devedor responde também pelo todo.
        A rigor, nas obrigações divisíveis e nas indivisíveis cada devedor só deve a sua quota. Nas últimas, porém, pode ser compelido a cumpri-la por inteiro somente porque o objeto da prestação é indivisível, sob pena de alteração na sua substância, perecimento ou perda do valor econômico.
        Sendo indivisível a obrigação (de entregar um cavalo, p. ex.), o pagamento deve ser oferecido a todos conjuntamente. Nada obsta, todavia, que se exonere o devedor pagando a dívida integralmente a um dos credores, desde que autorizado pelos demais, ou que, na falta dessa autorização, dê esse credor caução de ratificação dos demais credores (CC, art. 260, I e II). Não havendo essa garantia, o devedor deverá, após constituí-los em mora, promover o depósito judicial da coisa devida. Se só um deles se recusa a receber, a sua negativa não induz mora dos demais.
        Por sua vez, preceitua o art. 261 do Código Civil:
“Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total”.
        Se um só dos credores receber sozinho o cavalo, mencionado no exemplo supra, poderá cada um dos demais exigir desse credor a parte que lhe competir, em dinheiro. Assim, sendo três os credores e valendo R$ 9.000,00, por exemplo, o animal recebido por um dos credores, ficará o que recebeu obrigado, junto aos outros dois, ao pagamento, a cada um deles, da soma de R$ 3.000,00.
        Ainda no concernente à obrigação indivisível com pluralidade de credores, prescreve o Código Civil:
“Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente”.
        Se um dos credores remitir, isto é, perdoar a dívida, não ocorrerá a extinção da obrigação com relação aos demais credores. Estes, entretanto, não poderão exigir o objeto da prestação se não pagarem a vantagem obtida pelos devedores, ou seja, o valor da quota do credor que a perdoou.
        A questão  se esclarece com o seguinte exemplo: o objeto da obrigação é dar um cavalo a três credores, sendo que um deles remite a dívida. Os outros dois exigem pagamento, que só poderá ser feito mediante a entrega, pelo devedor, do cavalo devido. Assim, se o animal vale R$ 9.000,00, a quota do credor remitente é de R$ 3.000,00. Os outros dois somente poderão exigir a entrega daquele se pagarem R$ 3.000,00 ao devedor.
Obrigações Solidárias
Tratam-se também de obrigaçõescomplexas com multiplicidade de sujeitos. São comuns no direito brasileiro, sendo certo que na solidariedade é um artifício técnico para reforçar o vinculo, facilitando o cumprimento ou a solução da divida. Então há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor ou mais de um devedor, cada um com direito ou com responsabilidade pela divida toda, como se fosse único. Art 264
Nesta modalidade de obrigação o efeito fundamental e o mesmo das indivisíveis, mas nesse caso a possibilidade de reclamar a totalidade não deriva da natureza da prestação, mas da vontade das partes ou da lei, como pode ser observado no art 265
A solidariedade não se presume decorre de lei ou da vontade das partes art 932 III , 942 PU, art 134, 585, 680, 1986. A solidariedade não pode decorrer de sentença, vez que, o juiz não pode condenar solidareamente se esta não era preexistente.
A solidariedade é instrasminssivel, não se transmite aos seus herdeiros, cujos direitos e deveres se resringem ao patrimônio, salvo se a obrigação e indivisível.
Solidariedade ativa
Dois ou mais credores mesma obrigação. Art 268, normalmente se dá por força de lei art 270, art 27. Mesmo parecendo o objeto ou se o devedor ou credor morrer a solidariedade continua.
Conceitua Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: Traduz um concurso de dois ou mais credores na mesma obrigação, cada um com direito a exigir a divida por inteiro, bem como promover as medidas assecuratórias do crédito, como a constituição do devedor em mora. Ex: conta bancaria conjunta e cofres de segurança;
Obrigações solidarias passivas
Ao contrario das ativas que promovem pouca utilidade pratica atualmente, as passivas são de grande utilização, permitindo o aumento das garantias das relações obrigacionais.
Pode ser conceituada como relação obrigacional, oriunda de lei ou da vontade das partes com multiplicidade de devedores, sendo que cada um responde na totalidade pelo cumprimento da prestação, como se fosse o único devedor, ou seja todos respondem igualmente pela integralidade da divida.
Mista – junção das duas.

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