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Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 103 PPAARRTTEE 44 PROJETO DE TROCADORES DE CALOR DO TIPO CASCO- TUBO Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 104 7. Classificação de trocadores casco-tubo 7.1. Nomenclatura Cada trocador recebe um código composto por 3 letras, cada uma pertencente a uma das colunas da Figura 7.1. Figura 7.1. Classificação de trocadores casco-tubo de acordo com o tipo de cabeçote anterior, tipo de casco e tipo de cabeçote posterior (E.C.C. Araújo, Trocadores de Calor, Edufscar, p.33). Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 105 As Figuras 7.2 a 7.6 mostram alguns tipos de trocadores. Figura 7.2. Trocador tipo BEM (B = Carretel tipo boné com tampa integral; E = Uma passagem no casco; M = Espelho fixo com o cabeçote estacionário tipo B). Figura 7.3. Trocador tipo AEP (A = Carretel com tampa removível; E = Uma passagem no casco; P = Cabeçote flutuante com gaxeta externa). Figura 7.4. Trocador tipo CFU (C = Carretel integral com espelho com tampa removível e feixe removível; F = Duas passagens no casco; U = Feixe de tubos em U). Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 106 Figura 7.5. Trocador tipo AKT (A = Carretel com tampa removível; K = Tipo refervedor “Ketlle”; T = Espelho flutuante removível pelo carretel (pull-through). Figura 7.6. Trocador tipo AJW (A = Carretel com tampa removível; J = fluxo de entrada ou de saída dividido; W = Espelho flutuante com anel de vedação especial. A Tabela 7.1 mostra de modo comparativo as características mecânicas de cada tipo de trocador de calor casco-tubo. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 107 Tabela 7.1. Principais características mecânicas de cada tipo de trocador casco-tubo. (R.W. Serth, Process Heat Transfer – Principle and Applications, p.91) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 108 Tabela 7.2. Vantagens e desvantagens de cada tipo de cabeçote (fixo ou flutuante). (R.W. Serth, Process Heat Transfer – Principle and Applications, p.235) Tabela 7.3. Vantagens e desvantagens de cada tipo de cabeçote flutuante. (R.W. Serth, Process Heat Transfer – Principle and Applications, p.235) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 109 7.2. Procedimento de dimensionamento Neste projeto, usaremos o Método Kern para o dimensionamento do trocador casco-tubo. A seguir, são detalhados os passos do projeto. 7.2.1. Escolha do tipo de trocador casco-tubo Com base nas características e restrições operacionais, define-se o tipo de trocador pela nomenclatura TEMA (Figura 7.1). As Tabelas 7.2 e 7.3 apresentam dicas de vantagens e desvantagens de cada configuração. As dicas adicionais para a escolha do tipo de trocador são mostradas na Tabela 7.4. Tabela 7.4. Recomendações para a escolha da configuração mecânica do trocador. (E.C.C. Araújo, Trocadores de Calor, Edufscar, p.32) Fator de incrustação (m2.K/W) Tipo do feixe Tubo Casco ≤0,000352 > 0,000352 Tubo em U Qualquer valor ≤ 0,000352 Espelho fixo com limpeza química no lado casco > 0,000352 > 0,000352 Cabeçote flutuante 7.2.2. Escolher o lado em que cada fluido vai (casco ou tubo) Para o projeto do trocador de calor tipo casco e tubos, é importante definir qual dos fluidos deve circular pelo lado interno (tubo) e qual pelo lado externo (casco). Uma localização mal feita implica num projeto não otimizado e numa operação com problemas freqüentes. Os aspectos básicos levados em consideração referem-se à limpeza do equipamento, à manutenção, a problemas decorrentes de vazamento e à eficiência de troca térmica. Para decidir a localização dos fluidos, deve-se considerar: (a) Fluido corrosivo É melhor circular o fluido corrosivo no lado do tubo. Pois, assim, "só se corrói" o tubo, que pode ser protegido com uso de material de construção mais resistente ou até ser revestido internamente, se for o caso. O material de construção e o grau de acabamento do casco poderão então ser diferentes e mais brandos. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 110 (b) Fluido com maior tendência de incrustação A velocidade de escoamento pelo lado do tubo é mais uniforme e mais fácil de ser controlada. Como a velocidade de escoamento influi no depósito de sujeira (incrustação), recomenda-se circular o fluido mais sujo (com maior fator de incrustação) no lado dos tubos. Além disso, a limpeza mecânica e química é bem mais fácil pelos tubos. Vale lembrar que a água de resfriamento é um dos fluidos industriais com alto fator de incrustação e, de modo geral, circula preferencialmente pelos tubos. Mesmo para a água de resfriamento tratada, cujo fator de sujeira já não é tão elevado, recomenda-se em geral a sua circulação pelos tubos. (c) Fluido com temperatura ou pressão muito elevadas Para serviços de alta temperatura ou alta pressão, os cuidados com o material de construção e vedação têm que ser maiores. Portanto, pelo mesmo motivo anterior, é preferível circular o fluido nessas condições no lado dos tubos. Vale ressaltar que o critério exposto não implica em que o fluido com maior temperatura ou maior pressão do que o outro necessariamente deve ser locado nos tubos. Mas se o valor da temperatura ou da pressão for significativamente apreciável, requerendo material de construção especial ou outros cuidados especiais, então esse fluido merece uma preferência de circular pelos tubos. (d) Fluido com menor velocidade de escoamento Uma velocidade baixa de escoamento prejudica a troca térmica. Devido à possibilidade de colocação conveniente de chicanas, é mais fácil intensificar a troca de calor no casco do que no lado dos tubos. Logo, mesmo que a vazão de escoamento seja baixa, há um recurso construtivo (chicanas) para incrementar a troca térmica no lado casco. Então, quando a diferença entre as vazões é significativa, em geral é mais econômico circular o fluido de menor vazão no lado casco e o de maior vazão no lado dos tubos. (e) Fluido mais viscoso Um fluido com alta viscosidade dificulta a troca térmica. Assim pelo mesmo motivo do item anterior, circula-se o fluido mais viscoso no lado casco onde é mais fácil intensificar a troca de calor. O Reynolds crítico para escoamento turbulento no lado casco é cerca de 200, enquanto no lado tubo é acima e 2100. Assim, um escoamento que seria laminar no lado tubo poderia ser turbulento no lado casco. A turbulência favorece a transferência de calor e por isso taxas mais elevadas de transferência de calor são geralmente obtidas colocando o fluido mais viscoso no lado casco. Contudo, se o escoamento no lado casco ainda for laminar, é melhor colocar o fluido mais Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 111 viscoso no lado tubo, pois é mais fácil prever a distribuição de escoamento e a taxa de transferência de calor. Se a diferença de viscosidades entre os dois fluidos for pequena (por exemplo, a de um fluido é de 0,5 cP e do outro 1 cP), nesse caso, torna-se indiferente a sua locação quanto aocritério de viscosidade. (f) Queda de pressão Se a queda de pressão de um dos fluidos é crítica e deve ser controlada com mais rigor, recomenda-se a passagem desse fluido pelo lado tubo. É mais fácil prever acuradamente e controlar a pressão em tubulações retas. (g) Fluidos letais e tóxicos Para operação desses fluidos, por motivos de segurança, a vedação é fundamental. A estanqueidade é mais simples de ser garantida no lado dos tubos, usando um espelho (chapa onde estão consolidados os tubos) duplo, por exemplo. Então os fluidos periculosos devem circular preferencialmente pelo lado dos tubos. (h) Fluido com diferença entre as temperaturas terminais muito elevada Se a diferença entre as temperaturas de entrada e saída for muito alta (maior que 150°C) e se houver mais de uma passagem pelo lado dos tubos, recomenda-se circular esse fluido pelo casco. Esse procedimento minimiza problemas construtivos causados pela expansão térmica. (i) Vazão Colocar o fluido com menor vazão no lado casco usualmente resulta em um projeto mais econômico e seguro do ponto de vista de vibrações. Turbulência ocorre no lado casco em velocidades muito menores que as necessárias no lado tubo. Assim, melhor transferência de calor é conseguida sem o risco de vibrações excessivas. (j) Condensação de vapor Em geral vai no lado casco. Em muitos casos, podem ocorrer situações conflitantes, de acordo com as recomendações prescritas acima. Por exemplo, um dos fluidos é muito incrustante e o outro escoa sob temperatura muito elevada; segundo os critérios mencionados, os dois fluidos deveriam circular pelo lado dos tubos. Uma prioridade que serve de orientação é dada pela seguinte relação onde o fluido de posição anterior é em geral alocado nos tubos: Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 112 Fluido mais corrosivo; Água de resfriamento; Fluido com maior tendência de incrustação; Fluido menos viscoso; Fluido de pressão mais elevada; Fluido mais quente Fluido de maior vazão; 7.2.3. Localização das correntes e preparação de tabela com todos dados de entrada e saída dos fluidos do lado tubo e do lado casco. Em um trocador casco-tubo, o escoamento não é puramente concorrente ou contracorrente, mas sim uma mistura de ambos, dependendo do número de vezes que os fluidos percorrem o lado casco e o lado tubo. Assim, a representação gráfica do trocador permite apenas a localização de entradas e saídas, conforme exemplificado na Figura7.7. tte,se,s ttss,s,s TTe,te,t TTss,t,t (a)(a) tte,se,s ttss,s,s TTe,te,t TTss,t,t tte,se,s ttss,s,s TTe,te,t TTss,t,t (a)(a) tte,se,s ttss,s,s TTe,te,t TTss,t,t (b)(b) tte,se,s ttss,s,s TTe,te,t TTss,t,t tte,se,s ttss,s,s TTe,te,t TTss,t,t (b)(b) Figura 7.7. Esquema de temperaturas em trocadores de calor casco-tubo. (a) trocador com uma passagem no casco e duas passagens nos tubos (Trocador 1-2); (b) Trocador com 2 passagens no casco e 4 passagens nos tubos (Trocador 2-4, ou 2 trocadores 1-2 em série). Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 113 Tabela 7.5. Parâmetros físicos de cada fluido no trocador de calor. Parâmetro Lado Tubo (t) Lado Casco (s) Fluido Quente ou frio Quente ou frio Temperatura de entrada do fluido [ºC] Te,t fornecido te,s fornecido Temperatura de saída do fluido [ºC] Ts,t fornecido ts,s fornecido Temperatura média de cada corrente [ºC] Tm,t 2 TT T t,st,e t,m tm,s 2 tt t s,ss,e s,m Condutividade térmica [W.m-1.ºC-1] kt Tabelado ks Tabelado Calor específico [J.kg-1.ºC-1] cpt Tabelado cps Tabelado Densidade [kg.m-3] t Tabelado s Tabelado Viscosidade [kg. m-1s-1] t Tabelado s Tabelado Entalpia de vaporização, [J.kg-1] t Tabelado s Tabelado Vazão mássica do fluido [kg.s-1] wt Obtido/fornecido ws Obtido/fornecido Obs. Propriedades (cp, k, , ) obtidas nas temperaturas médias de cada corrente. No caso da corrente do casco ser vapor, as propriedades são do vapor!! O calor latente é obtido na temperatura de condensação (obtido em tabela termodinâmica para a pressão do vapor). 7.2.4. Balanço de energia Caso haja uma variável desconhecida (uma das temperaturas ou vazão de uma das correntes), obter essa variável pela equação do balanço de energia: a) Calor sensível (nos dois lados do trocador): )TT(cpwq t,et,stttubo (7.1) )tt(cpwq s,es,ssscasco (7.2) Uma vez que 0qq cascotubo , então: 0)tt(cpw)TT(cpw s,es,ssst,et,stt (7.3) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 114 a) Calor latente (vaporização ou condensação apenas no lado casco): Considerando-se que haverá apenas a mudança de fase, então tem-se: te,s = ts,s (7.4) sscasco wq (7.2b) sst,et,stt w)TT(cpw (7.3b) 7.2.5. Obtenção da Média de temperatura no trocador (TMLDT) Uma vez que o trocador casco tubo não opera unicamente em contracorrente ou concorrente, a média logarítmica de temperatura (TMLDT) deve ser calculada baseada no seguinte esquema: TTe,te,t TTss,t,t ttss,s,s tte,se,s casco TT11 = T= Te,t e,t -- ttss,s,s TT22 = = TTss,t ,t -- tte,se,s tubo TTe,te,t TTss,t,t ttss,s,s tte,se,s casco TT11 = T= Te,t e,t -- ttss,s,s TT22 = = TTss,t ,t -- tte,se,s tubo 2 1 21 MLDT T T Ln TT T (7.5) 7.2.6. Cálculo do Fator de correção F O fator de correção F leva em consideração o fato de que o escoamento não é puramente concorrente ou contracorrente. Ele deve ser calculado com base nos parâmetros R, P, S e N (número de passagens no lado casco) (Process Heat Transfer – R.W. Serth, pag.98): t,et,s s,ss,e TT tt R (7.6) t,es,e t,et,s Tt TT P (7.7) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 115 a) Para R 1: (7.8) (7.9) (7.10) b) Para R = 1: (7.11) (7.12) c) Para R = 0 (condensação no lado casco) 1F (7.12b) Inicialmente, assuma que o trocador terá uma passagem apenas pelo lado casco (N = 1). O valor de F calculado pelas equações (7.6-7.12) deve ser superior a 0,8. Caso isso não ocorra (F < 0,8), significa que o trocador não é recomendado. Deve-se então optar por um trocador com mais passagens no lado casco (N > 1). O número de passagens no lado tubo não afeta o cálculo de F. assim, as Equações (7.6 a 7.12) são válidas para trocadores 1-2, 1-4, 1-6, 1-8, etc. Observe também que a inversão da localização das correntes no casco e no tubo altera os valores de R e P, mas mantém o fator F inalterado. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 116 7.2.7. Estimativa inicial do coeficiente global de troca térmica (Ue-inicial) Toda a troca de calor entre o fluido dentro do tubo e o fluido dentro do casco ocorre por uma combinação de condução e convecção. Normalmente, utiliza-se como referência a área total externa dos tubos (At). Porém, ao contrário do trocador duplo-tubo, em que a área de troca é obtida a partir de um valor calculado de Ue, no caso do trocador casco-tubo é necessárioestipular um valor inicial do coeficiente (Ue-inicial). Utilizam-se então os valores de referência das Tabelas A5 e A6 do Anexo. 7.2.8. Cálculo da área total de troca térmica (At) A área total de troca At no trocador casco-tubo é aquela que corresponde à soma das áreas externas dos tubos no interior do casco. Ela pode ser obtida a partir da equação de transferência de calor, que inclui o fator de correção F: MLDTiniciale t TFU q A (7.13) sendo: At = Área de troca baseada na superfície externa dos tubos dentro do casco [m 2] q = taxa de transferência de calor, ou vazão de calor [W]. Pegar o valor positivo. Ue-inicial = Coeficiente global de transferência de calor baseado na área externa do tubo do trocador [W.m-2.K-1]. Ver Tabelas A5 e A6 do Anexo. TMLDT = média logarítmica da diferença de temperatura [K ou °C]. F = Fator de correção térmica [-]. 7.2.9. Escolha das dimensões dos tubos do trocador O comprimento dos tubos (L) não deve ser superior a 6,0 m para aço e suas ligas (tamanhos padrões de 2,5, 3,0, 4,0 e 6,0 m). Tubos de latão, monel e titânio não devem ser superiores a 5,0 m. O diâmetro das tubulações de transferência de calor é estabelecido pela norma TEMA (Tubular Exchanger Manufacturer Association) e é dado nas Tabelas A7, A8 e A9 do Anexo. Recomenda-se inicialmente escolher tubulações com diâmetro externo de ¾” ou 1” (0,0190 ou 0,0254 m). Para água como fluido de serviço, recomenda-se o uso de tubulação de ¾” com BWG 16. Essas tubulações são especificadas com base em um diâmetro externo (de) e uma espessura de parede (e) denominada BWG (Birmingham Wire Gauge), conforme Tabela 7.6. Quanto maior o valor do BWG, menor é a espessura de parede. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 117 Tabela 7.6. Espessuras de tubos no padrão BWG (Birmingham Wire Gauge). BWG Espessura, e Espessura, e BWG Espessura, e Espessura, e (in) (mm) (in) (mm) 5 0.220 5.588 21 0.032 0.813 6 0.203 5.156 22 0.028 0.711 7 0.180 4.572 23 0.025 0.635 8 0.165 4.191 24 0.022 0.559 9 0.148 3.759 25 0.020 0.508 10 0.134 3.404 26 0.018 0.457 11 0.120 3.048 27 0.016 0.406 12 0.109 2.769 28 0.014 0.356 13 0.095 2.413 29 0.013 0.330 14 0.083 2.108 30 0.012 0.305 15 0.072 1.829 31 0.010 0.254 16 0.065 1.651 32 0.009 0.229 17 0.058 1.473 33 0.008 0.203 18 0.049 1.245 34 0.007 0.178 19 0.042 1.067 35 0.005 0.127 20 0.035 0.889 36 0.004 0.102 Como regra geral, opta-se inicialmente por tubulações com BWG 12, 14 ou 16, por serem os mais comerciais e baratos. A TEMA (Standards of the Tubular Heat Exchanger Manufacturers Association, pag. 27) recomenda as seguintes espessuras para tubulações padronizadas de aço, cobre, alumínio e outras ligas, conforme Tabela 7.7. Tabela 7.7. Espessuras de parede recomendadas para tubos de trocadores de calor conforme o tipo de material de construção. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 118 7.2.10. Escolha do arranjo dos tubos Existem 4 arranjos padronizados para a disposição dos tubos em um trocador casco-tubo, conforme a direção do escoamento no lado casco: triangular (30°), triangular rodado (60°), quadrado (90°) e quadrado rodado (45°), conforme visualizado na Figura 7.8. A distância de centro a centro entre tubos adjacentes é denominada passo (pitch), enquanto que diferença entre o passo e o diâmetro externo do tubo é a abertura (Clearance). Figura 7.8. Tipos de arranjos de tubos em trocadores casco-tubo. O ângulo refere-se à direção do escoamento (E.C.C. Araújo, Trocadores de Calor, Edufscar, p.18). Os arranjos triangulares (30° e 60°) oferecem trocadores mais compactos (maior área de troca de calor no mesmo volume do trocador) e devem ser escolhidos sempre que possível. Em relação ao coeficiente de transferência de calor no lado casco (hc), este diminui na seguinte ordem de arranjo: 30°, 45°, 60° e 90°. De modo inverso, a queda de pressão é maior no arranjo 30° e menor no arranjo 90°. No entanto, por serem mais compactos, arranjos triangulares dificultam a limpeza mecânica. Arranjos quadrados (45° e 90°) devem ser utilizados quando for realizada em refervedores, para a condensação de vapores no casco, quando o fluido no lado casco for muito incrustante ou quando seja necessária a limpeza química. Como critério genérico, se o fator de incrustação for de até 0,002 ft2.h.°F/Btu (0,00035 m2K/W), o arranjo triangular é o preferido. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 119 Quanto ao valor do passo, recomenda-se, para facilitar a limpeza mecânica, que ele seja de no mínimo 1,25 vezes o valor do diâmetro externo do tubo. A Figura 7.9 mostra as distâncias entre os tubos do feixe e os valores de passo recomendados para cada diâmetro de tubo. ppnn pp pppp ppnn pp pppp Figura 7.9. Valores de passo típicos para arranjos de tubos em trocadores de calor. 7.2.11. Estimativa inicial do número de tubos do trocador Com base na área total de troca At e nas dimensões dos tubos (de e L), estima-se o número de tubos do trocador (nt): LdnA ett Ld A n e t t (7.14) No entanto, para cada tipo de arranjo (triangular ou quadrado), existe um número máximo de tubos que cabe no feixe. Deste modo, é necessário obter o número real de tubos no feixe, através das Tabelas A11 e A12 do Anexo, com base no tipo de arranjo. Deve-se tentar o número de passagens no lado tubo que aproxime ao máximo o número de tubos calculado na Equação (13). Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 120 7.2.12. Determinação do diâmetro do casco (Ds), número real de tubos no feixe (nt,real), número de passagens no lado tubo (npasse,tubo) Se forem conhecidos o tipo de trocador (L, M, P, S ou U), o diâmetro externo do tubo (5/8”, ¾”, 1” ou 1¼”), o arranjo dos tubos (30°, 45°, 60° ou 90°), o passo (13/16”, 15/16”, 1” ou 1-9/16”) e o número estimado de tubos (nt), então as Tabelas A11 e A12 do Anexo fornecem o diâmetro do casco (Ds), o número real de tubos (nt,real) e o número de passes no tubo (npasse,tubo). 7.2.13. Correção da área de troca real (At,real) e do coeficiente global corrigido (Ue,corrigido) Uma vez obtido o número real de tubos para o trocador em análise, recalcula-se a área efetiva do trocador por: LdnA ereal,treal,t (7.15) O valor do coeficiente global corrigido pela nova área é dado por: MLDTreal,t corrigido,e TFA q U (7.16) Esse valor de Ue,corrigido será usado daqui para frente nos cálculos. 7.2.14. Determinação das características das chicanas Para o projeto do trocador, é preciso especificar o tipo, corte e espaçamento entre as chicanas. A Figura 7.10 mostra os principais tipos de chicanas em trocadores casco-tubo. Chicanas simples segmentadas são o tipo mais comum. O corte pode variar entre 15 e 45%, mas normalmente pode ser fixo em 20%. O espaçamento das chicanas interfere na distribuição do escoamento no lado casco e com isso afeta tanto a queda de pressão como o coeficiente de transferência de calor no lado casco. As seguintes regras são usadas para o espaçamento entre as chicanas: a) As chicanas devem ser igualmente espaçadas no casco Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 121 b) s s DB 5 D c) cm) 5(~ in 2B d) maxlB lmax é o máximo comprimento de tubo não suportado, que é função do diâmetro externo do tubo e do tipo de material (Tabela 7.8). (a)(a) (b)(b) (d)(d) (c)(c) (a)(a) (b)(b) (d)(d) (c)(c) Figura 7.10. Principais tipos de chicanas: a) Chicana segmentada simples de corte horizontal; b) chicana segmentada simples de corte vertical; c) chicana tipo disco e doughnut. d) Chicana de orifício. Tabela 7.8. Comprimento máximo de tubo não-suportado (lmax). (TEMA Standards, p. 34) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 122 CÁLCULOS TÉRMICOS DO LADO TUBO 7.2.16. Cálculo da área interna de cada tubo (at”) 4 d "a 2 i t (7.17) Lembrando que o diâmetro interno do tubo (di) é obtido por: e2dd ei (7.18) Sendo que e é a espessura da parede do tubo. 7.2.17. Cálculo da área total interna dos tubos (at) tubo,passe real,t tt N n "aa (7.19) sendo: nt,real = número de tubos obtidos no item 7.12.12. Npasse,tubo = número de passagens do fluido no lado tubo obtido no item 7.2.12. 7.2.18. Cálculo do fluxo mássico do fluido no lado tubo (Gt) t t t a w G (7.20) sendo: wt = vazão mássica do fluido que passa no lado tubo [kg.s -1]. at = área total interna dos tubos [m 2]. 7.2.19. Cálculo do número de Reynolds para o escoamento no lado tubo (Ret) t ti t Gd Re (7.21) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 123 7.2.20. Cálculo do coeficiente convectivo do lado tubo (ht) É interessante que o escoamento no lado tubo seja turbulento, para intensificar a troca de calor, sem causar elevada queda de pressão. A seguir são apresentadas as correlações para o cálculo de ht conforme o regime de escoamento. a) Escoamento laminar (Ret < 2100) A correlação de Sieder-Tate (Kreith, p. 346) pode ser usada: 14,0 p,t t 3/1 i tt t it tubo L d PrRe86,1 k dh Nu (7.22) ht = Coeficiente de transferência de calor do lado tubo [W/m 2K] Ret = Número de Reynolds com base nas condições de escoamento dentro no lado tubo [-] Prt = Número de Prandtl com base nas condições de escoamento dentro no lado tubo [-] t,p = Viscosidade do fluido dentro do tubo calculado na temperatura de parede [Pa.s] di = Diâmetro interno do tubo [m] L = Comprimento do tubo [m] b) Escoamento em região de transição (2100 < Ret < 10000) A correlação apresentada em Serth (Process Heat Transfer, p. 188) pode ser utilizada: 14,0 p,t t 3/2 i3/1 t 3/2 t t it tubo L d 1Pr125Re116,0 k dh Nu (7.23) c) Escoamento turbulento (Ret > 10000) A relação de Sieder-Tate pode ser usada para escoamento turbulento dentro do tubo interno (Coulson & Richardson, Vol. 1, p. 518): 14,0 p,t t3/1 t 8,0 t tk it tubo PrReC dh Nu (7.24) sendo C = 0,021 para gases, C = 0,023 para líquidos pouco viscosos e C = 0,027 para líquidos viscosos. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 124 Nas equações (7.22) a (7.24), assume-se inicialmente que: 1 14,0 p,t t Posteriormente, esse valor será obtido com mais rigor e o valor de ht recalculado. O número de Prandtl no lado tubo é obtido por: tk tt t cp Pr (7.25) CÁLCULOS TÉRMICOS DO LADO CASCO 7.2.21. Cálculo do vão livre entre os tubos (C) O vão livre, ou abertura, (clearance), é definido como a diferença entre o passo (pitch) e o diâmetro externo do tubo: edpC (7.26) sendo: p = passo [m] de = diâmetro externo do tubo [m] 7.2.22. Cálculo da área de escoamento no lado casco (as) casco passe, s s .np B.C.D a (7.27) sendo: Ds = diâmetro do casco [m] C = vão livre (abertura) [m] B = espaçamento de chicana [m] p = passo (pitch) [m] npasse,casco = número de passes no lado casco [-] Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 125 7.2.23. Cálculo do fluxo mássico do fluido no lado casco (Gs) s s s a w G (7.28) sendo: ws = vazão mássica do fluido que passa no lado casco [kg.s -1] as = área de escoamento no lado casco [m 2]. 7.2.24. Cálculo do diâmetro equivalente de escoamento no casco (De) e 2 e e d1 d p D (7.29) sendo: de = diâmetro externo do tubo [m]. p = passo [m] = 1,102 para arranjo triangular e = 1,271 para arranjo quadrado. 7.2.25. Cálculo do número de Reynolds no escoamento do lado casco (Res) s se s GD Re (7.30) 7.2.26. Cálculo do coeficiente convectivo no lado casco (hs) a) Para calor sensível (sem mudança de fase): 3/1 s 55,0 s s es s PrRe36,0 k Dh Nu (7.31) sendo: De = diâmetro equivalente do casco [m] Res = número de Reynolds no lado casco [-] Prs = número de Prandtl do fluido no lado casco [-] ks = condutividade térmica do fluido no lado casco [W.m -1K-1] Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 126 O número de Prandtl no lado casco é obtido por: sk ss s cp Pr (7.32) b) Para calor latente (condensação horizontal no lado casco): 6/1 r 3/1 ss real,t 2 s,L ss N 1 w Lgn akh (7.33) Sendo: hs = coeficiente convectivo do lado casco [W/m 2K] kL,s = condutividade térmica do condensado no lado casco [W/mK] L,s = densidade do condensado no lado casco [kg/m3] L,s = viscosidade do condensado no lado casco [kg/m.s] ws = vazão mássica do condensado no lado casco [kg/s] L = comprimento dos tubos [m] g = constante gravitacional [g = 9,8 m/s2] nt,real = número de tubos no trocador [-] a = 0,856 para arranjo quadrado (90°), a = 0,951 para arranjo triangular (30°) e a = 904 para arranjo quadrado rodado (45°). O parâmetro Nr é dado por: p mD N sr (7.34) Sendo: p = passo do arranjo de tubos [m] Ds = Diâmetro interno do casco [m] m = 1,0 para arranjo quadrado (90°), m = 1,155 para arranjo triangular (30°) e m = 0,707 para arranjo quadrado rodado (45°). Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 127 7.2.27. Correção para a temperatura de parede Nas equações para o cálculo de ht e hs, é necessário o cálculo dos fatores de correção de viscosidade (t/t,p) e (a/a,p), que por sua vez requer o conhecimento da temperatura da parede da tubulação (Tp). O seguinte procedimento é adotado neste caso: a) Assume-se que a temperatura de parede (Tp) é a mesma para o lado tubo e para o lado casco. b) Calculam-se os valoresde ht e hs assumindo que os fatores de correção do lado tubo (t/t,p) e do lado casco(s/s,p) são iguais a 1,0. c) Calcula-se a temperatura de parede (Tp) por: )d/d(hh t)d/d(hTh T iest s,miest,mt p (7.35) sendo: Tm,t = temperatura média do fluido no lado tubo [°C ou K] tm,s = temperatura média do fluido no lado casco [°C ou K] d) Obtêm-se a viscosidade t,p em tabela para a temperatura Tp calculada por pela Eq. (7.35). e) Calcula-se os novo valor de (t/t,p) f) Recalcula-se o valor de ht com os valores corrigidos de (t/t,p). g) Recalcula-se a temperatura de parede Tp pela Equação (7.35). Esse procedimento (a-f) é refeito até que haja a convergência nos valores de Tp ou do fator (t/t,p). Normalmente uma iteração já é suficiente. 7.2.28. Obtenção dos fatores de incrustação do lado tubo e casco Os valores de Rdi e Rde são obtidos na Tabela A4 do Anexo. Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 128 7.2.29. Cálculo do coeficiente global de transferência de calor (Ue,real) O coeficiente global (Ue,real) para o trocador de calor é obtido por: ei i e ti e metal iee s real,e RdRd d d h 1 d d k2 d/dLnd h 1 1 U (7.36) sendo: hs = Coeficiente convectivo no lado casco [W.m -2.K-1] ht = Coeficiente convectivo no lado tubo [W.m -2.K-1] kmetal = Condutividade térmica do metal de construção do tubo [W.m -1.K-1] (Tabela A10 do Anexo). Rdi = fator de incrustação no lado interno do tubo [m 2.K.W-1] (Tabela A4 do Anexo) Rde = fator de incrustação no lado externo do tubo [m 2.K.W-1] (Tabela A4 do Anexo) 7.2.30. Cálculo da área necessária para a troca térmica A área necessária para a troca térmica é obtida com base no Ue,real: MLDTreal,e necessária,t TFU q A (7.37) 7.2.31. Comparação da área de troca real e a área necessária do trocador Para que o trocador projetado seja adequado, é necessário que a área real de troca (At,real) seja maior que a área necessária (At,necessária). Como critério, sugere-se o uso do seguinte parâmetro: necessária,t necessária,trealt, A AA 100 área Excesso (7.38) Se 0 < Excesso área < 10%, então o projeto é viável e econômico. Caso contrário, deve-se ajustar algum parâmetro do trocador (lado casco ou lado tubo). Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 129 7.3. Queda de pressão no trocador casco e tubos A queda de pressão (ou mais precisamente a variação de energia expressa em altura manométrica) entre a entrada e a saída é conhecida como a perda de carga num trocador de calor. Para cada fluido num dado processo, é estipulado um valor de perda de carga máximo ou perda de carga admissível, por várias razões. Uma perda de carga excessiva representa um consumo operacional de energia elevado, devendo portanto ser evitada. Além disso, não se deve esquecer que o trocador de calor é sempre um equipamento componente de uma unidade de processo. O fluido que sai dele, em muitas vezes, vai ainda passar por tubulações e outros equipamentos a jusante, com suas respectivas perdas de carga; portanto na saída do trocador de calor, o fluido precisa ter ainda uma pressão suficiente para vencer as perdas subseqüentes. Na literatura, há faixas de valores usuais para perdas de carga admissíveis, conforme resumido na Tabela 7.9. Tabela 7.9. Valores sugeridos de perda de carga máxima admissível em um trocador de calor. Para um trocador de calor em geral, deve-se trabalhar com um valor de perda de carga o mais próximo possível do admissível. Por exemplo, não é interessante operar um trocador de calor com perda de carga de 3 psi, se a admissível é de 10 psi. Isso se deve exatamente ao que já foi exposto anteriormente: quanto maior a intensidade de turbulência, melhor o desempenho de troca térmica. Então, para um trocador de calor, deve-se usufruir de toda a dissipação de energia por atrito prevista, sem contudo ultrapassar o valor admissível. 7.3.1. Cálculo da velocidade do fluido no lado tubo (vt) t t t G v (7.39) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 130 Como critério, é importante que a velocidade do fluido no lado tubo não exceda valores recomendados, conforme o tipo de material de construção dos tubos. A Tabela 7.10 mostra valores recomendados de velocidade para a água líquida. Quando o líquido for diferente da água, a velocidade máxima deve ser corrigida pelo fator 5,0 liquido água . Tabela 7.10. Valores máximos recomendados para a velocidade de água no interior dos tubos, conforme tipo de material de construção. (R. Serth, Process Heat Transfer, p. 233). A velocidade mínima deve estar acima de 1,0 m/s para fluidos em geral e acima de 1,5 m/s para a água. Para gases e vapores, a velocidade recomendada dependerá da pressão e da densidade do fluido. De modo geral, têm-se as seguintes recomendações da Tabela 7.11. Tabela 7.11. Recomendação para velocidade máxima de escoamento de vapores e gases em trocadores de calor casco-tubo. Condição Velocidade máxima (m/s) Vácuo 50 a 70 Pressão atmosférica 10 a 30 Alta pressão 5 a 10 Observação: os valores inferiores referem-se a gases e vapores com maiores massas molares. 7.3.2. Cálculo do fator de atrito no escoamento do lado tubo (ft) O fator de atrito de Darcy pode ser obtido pela equação de Swamee-Jain, válida tanto para regime laminar quanto turbulento: Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 131 125,0 16 6 t 9,0 ti 8 t t Re 2500 Re 74,5 d7,3 Ln5,9 Re 64 f (7.40) sendo a rugosidade absoluta do duto (Tabela 7.12). Tabela 7.12. Rugosidade de dutos comerciais (http://www.engineeringtoolbox.com/major-loss-ducts-tubes- d_459.html). 7.3.3. Queda de pressão no lado tubo Equações válidas para o escoamento de líquidos sem mudança de fase: tubo,passe i tubo,passet 2 tt tubo N4 d LNf 2 v P (7.41) sendo: Ptubo = queda de pressão no lado tubo [Pa] ft = fator de atrito do lado tubo [-] L = comprimento dos tubos do trocador [m] Npasse,tubo = número de passagens do fluido no lado tubo [-] t = densidade do fluido no lado tubo [kg.m-3] vt = velocidade média do fluido no lado tubo [m/s] Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 132 7.3.4. Cálculo do fator de atrito no lado casco (fs) a) Para Res < 300: 02994,0ss Re489,7exp001,0f (7.42) b) Para Res > 300: 19,0 ss Re209,1f (7.43) 7.3.5. Cálculo da queda de pressão no lado casco 1N D D 2 fv P chicana e ss 2 ss casco (7.44) Sendo: Pcasco = queda de pressão no lado casco [Pa] fs = fator de atrito do fluido no lado casco [-] s = densidade do fluido nolado casco [kg.m-3] Nchicana = número de chicanas [-] De = diâmetro equivalente do casco [m] Ds = diâmetro interno do casco [m] vs = velocidade média do fluido no lado casco [m/s], calculada por: s s s G v (7.45) 7.4. Obtenção das temperaturas de saída das correntes do trocador Em muitas situações práticas, são conhecidas as dimensões do trocador de calor, bem como as temperaturas as correntes de entrada dos fluidos que escoam no lado tubo (Te,t) e no lado casco (te,s). O objetivo é a obtenção das temperaturas de saída de cada corrente (Ts,t e ts,s). Para trocadores casco e tubos 1-2, essas temperaturas podem ser obtidas pela Figura 7.11 (W. Janna – Engineering Heat Transfer, pag. 485): Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 133 [-] cpw AU ff eie S [- ] Figura 7.11. Gráfico para obtenção da temperatura de saída de trocadores casco e tubos 1-2 quando as propriedades dos fluidos, vazões e temperaturas de entrada são conhecidas. Para usar o gráfico, é necessário inicialmente calcular o parâmetro R por: f,ef,s q,sq,e qq ff TT TT cpw cpw R (7.46) sendo: wq = vazão mássica da corrente quente (que se resfria no trocador) [kg/s] wf = vazão mássica da corrente fria (que se esquenta no trocador) [kg/s] cpq é o calor específico da corrente quente [J/kg°C] cpf é o calor específico da corrente fria [J/kg°C] Te,q = temperatura de entrada do fluido quente no trocador [°C] (seja ela Te,t ou te,a) Te,f = temperatura de entrada do fluido frio no trocador [°C] (seja ela Te,t ou te,a) Ts,q = temperatura de saída do fluido quente no trocador [°C] (seja ela Ts,t ou ts,a) Ts,f = temperatura de saída do fluido frio no trocador [°C] (seja ela Ts,t ou ts,a) Ue = coeficiente global com base na área externa do tubo interno [W/m 2K] (Eq. 7.36), com com os cálculos térmicos feitos na temperatura média de entrada das correntes fria e quente ((Te,q+Te,f)/2). Ae,i = área externa do tubo interno [m 2] (Eq. 7.15) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 134 A temperatura de saída da corrente fria (Ts,f) é obtida por: f,eq,ef,ef,s TTSTT (7.47) sendo o valor de S obtido do gráfico da Figura 7.11. A temperatura de saída da corrente quente (Ts,q) é obtida por: f,ef,sq,eq,s TTRTT (7.48) Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 135 QUADRO RESUMO DE PROJETO DE TROCADOR CASCO E TUBOS tte,ce,c ttss,c,c TTe,te,t TTss,t,t (a)(a) tte,ce,c ttss,c,c TTe,te,t TTss,t,t tte,ce,c ttss,c,c TTe,te,t TTss,t,t (a)(a) ts,s te,s Parâmetro Símbolo Obtenção Valor Fluido quente Dado projeto Fluido frio Dado projeto Fluido Lado tubo Item 7.2.2 Fluido Lado casco Item 7.2.2 Classe do trocador (TEMA) Tabelas 7.1 a 7.4 Material de construção dos tubos Tabela A10 Arranjo dos tubos Item 7.10 Área de escoamento casco as [m2] Eq. (7.27) Área total interna dos tubos at [m2] Eq. (7.19) Área interna de cada tubo at" [m2] Eq. (7.17) Área total de troca térmica necessária At,necessária [m2] Eq. (7.37) Área total de troca térmica real At,real [m2] Eq. (7.15) Espaçamento das chicanas B [m] Item 7.2.14 Espessura de parede padronizada BWG [-] Tabela 7.6 Abertura (clearance) C [m] Eq. (7.26) Calor específico do fluido no casco cps [J.kg-1.°C-1] Tabelas - propriedades Calor específico do fluido no tubo cpt [J.kg-1.°C-1] Tabelas - propriedades Diâmetro externo do tubo de [m] Item 7.2.9 + Tabela A7-A9 Diâmetro equivalente do casco De [m] Eq. (7.29) Diâmetro interno do tubo di [m] Eq. (7.18) Diâmetro interno do casco Ds [m] Item 7.2.12 + Tabelas A5 e A6 Espessura de parede e = (de – di)/2 [m] Tabela 7.6 Excesso de área Excesso área [%] Eq. (7.38) Fator de correção térmica F [-] Eqs. (7.10), (7.12) ou (7.12b) Fator de atrito do fluido no lado casco fs [-] Eqs. (7.42) ou (7.43) Fator de atrito do fluido no lado tubo ft [-] Eq. (7.40) Fluxo mássico total do fluido no casco Gs [kg.m-2.s-1] Eq. (7.28) Fluxo mássico total do fluido nos tubos Gt [kg.m-2.s-1] Eq. (7.20) Coeficiente convectivo no lado casco hs [W.m-2.°C-1] Eq. (7.31) ou Eq. (7.33) Coeficiente convectivo no lado tubo ht [W.m-2.°C-1] Eqs. (7.22) a (7.24) Condutividade térmica do condensado no lado casco kL,s [W.m-1.°C-1] Tabelas - propriedades Condutividade térmica do metal dos tubos kmetal [W.m-1.°C-1] Tabela Anexo A10 Condutividade térmica do fluido no casco ks [W.m-1.°C-1] Tabelas - propriedades Condutividade térmica do fluido no tubo kt [W.m-1.°C-1] Tabelas - propriedades Comprimento dos tubos L [m] Item 7.2.9 Média Logarítmica da diferença de temperatura TMLDT [°C] Eq. (7.5) Número de passes do fluido no lado casco Npasse,casco [-] Item 7.2.6 Número de passes do fluido no lado tubo Npasse,tubo [-] Item 7.2.12 + Anexo A11 e A12 Número de tubos real no trocador nt,real [-] Item 7.2.12 + Tabelas Anexo A11 e A12 Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 136 Número de Nusselt no lado casco Nus [-] Eq. (7.31) Número de Nusselt no lado tubo Nut [-] Eqs. (7.22) a (7.24) Adimensional de temperatura P [-] Eq. (7.7) Passo (pitch) p [m] Item 7.2.10 Número de Prandtl do fluido no lado casco Prs [-] Eq. (7.32) Número de Prandtl do fluido no lado tubo Prt [-] Eq. (7.25) Potência térmica do trocador qt ou qs [-] Eqs. (7.1, 7.2 ou 7.2b) Adimensional de temperatura R [-] Eq. (7.6) Fator de incrustação do lado casco Rde [m2.°C.W-1] Tabelas Anexo A4 Fator de incrustação do lado tubo Rdi [m2.°C.W-1] Tabelas Anexo A4 Número de Reynolds no lado casco Res [-] Eq. (7.30) Número de Reynolds no lado tubo Ret [-] Eq. (7.21) Adimensional de temperatura S [-] Eqs. (7.9) ou (7.11) Temperatura de entrada no casco te,s [°C] Dado projeto Temperatura de entrada no tubo Te,t [°C] Dado projeto Temperatura média no casco tm,s [°C] Tabela 7.5 Temperatura média no tubo Tm,t [°C] Tabela 7.5 Temperatura de saída do casco ts,s [°C] Dado projeto ou Eq. (7.3) Temperatura de saída do tubo Ts,t [°C] Dado projeto ou Eq. (7.3) Temperatura de parede Tp [°C] Eq. (7.35) Coeficiente global de troca de calor inicial Ue-inicial [W.m-2.K-1] Tabelas Anexo A5 e A6 Coeficiente global de troca de calor corrigido Ue-corrigido [W.m-2.K-1] Eq. (7.16) Coeficiente global de troca de calor real Ue-real [W.m-2.K-1] Eq. (7.36) Velocidade média do fluido no casco vs [m.s-1] Eq. (7.45) Velocidade média do fluido no tubo vt [m.s-1] Eq. (7.29) Vazão mássica do fluido no casco ws [kg.s-1] Dado projeto ou Eq. (7.3) Vazão mássica do fluido no tubo wt [kg.s-1] Dado projeto ou Eq. (7.3) Queda de pressão total no lado casco Pcasco [Pa] Eq. (7.44) Queda de pressão no lado tubo Ptubo [Pa] Eq. (7.41) Variação de temperatura no terminal 1 T1 [°C] Tabela 7.5 Variação de temperatura no terminal 2 T2 [°C] Tabela 7.5 Parâmetro geométrico [-] Item 7.2.24 Razão de viscosidade no tubo t = t/t,p [-] Item 7.2.27 Entalpia de vaporização do fluido no casco s [J.kg-1] Tabelas - propriedades Entalpia de vaporização do fluido no tubo t [J.kg-1] Tabelas - propriedades Viscosidade do fluido no casco s [kg.m-1.s-1] Tabelas - propriedades Viscosidadedo fluido no casco na temperatura de parede s,p [kg.m-1.s-1] Tabelas - propriedades Viscosidade do condensado no lado casco L,s [kg.m-1.s-1] Tabelas - propriedades Viscosidade do fluido no tubo t [kg.m-1.s-1] Tabelas - propriedades Viscosidade do fluido no tubo na temperatura de parede t,p [kg.m-1.s-1] Tabelas - propriedades Densidade do condensado no lado casco L,s [-] Tabelas - propriedades Densidade relativa do fluido no lado casco r,s [-] Tabelas - propriedades Densidade relativa do fluido no lado tubo r,t [-] Tabelas - propriedades Densidade do fluido no casco s [kg.m-3] Tabelas - propriedades Densidade do fluido no tubo t [kg.m-3] Tabelas - propriedades Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 137 7.5. Exercícios – Trocador casco e tubos 1) (Prova Final OP-III – 2009) Uma usina de açúcar e álcool necessita resfriar uma corrente 231 m3/h de etanol anidro de 65°C a 35°C por meio de uma corrente de água que se aquece de 20°C até 30°C. A equipe de engenharia da usina sugere o uso de um trocador de calor do tipo casco-tubos com 216 tubos de 6,0 m de comprimento, diâmetro externo de 1”, BWG 14, passo de 1¼” com arranjo triangular, classificação TEMA P, com uma passagem pelo casco e 4 passagens pelos tubos. As chicanas serão do tipo simples segmentadas de corte horizontal de 20% e espaçamento de 50 cm. O material de construção do trocador será de aço carbono [k = 50 W.m-1.K-1]. Pelas características dos fluidos, sugere-se a passagem do etanol no lado casco e os seguintes valores de fatores de incrustação para a água (0,00030 m2.K.W-1) e para o etanol (0,00035 m2.K.W-1). Considere as seguintes propriedades médias dos dois fluidos: Propriedade Etanol Água Calor específico [J.kg-1.°C-1] 2750 4100 Densidade [kg.m-3] 780 996 Viscosidade [Pa.s] 7,010-4 8,010-4 Condutividade térmica [W.m-1.K-1] 0,17 0,62 Com base nessas características e assumindo que não há necessidade de correção das propriedades pela temperatura de parede, determine se o trocador proposto atende à solicitação do processo. Para isso, determine: a) A vazão de água necessária para o resfriamento. (R: wt = 100,71 kg/s). b) A taxa de transferência térmica entre os fluidos. (R: q = 4129125 W). c) A área de transferência térmica real do trocador. (R: Areal = 102,4 m2). d) O coeficiente convectivo do lado tubo. (R: ht = 15316,6 W/m2K). e) O coeficiente convectivo do lado casco. (R: hs = 1844,5 W/m2K). f) O coeficiente de transferência global do trocador. (R: Ue = 726,9 W/m2K). g) A área de transferência térmica necessária para o trocador. O equipamento sugerido atende às condições do processo? (R: Anecessária = 267 m2). h) Demonstre qual(is) a(s) resistência(s) térmica(s) que mais afeta(m) o desempenho do trocador. Então, liste 3 possíveis alterações no projeto ou no processo para aumentar a eficiência térmica do equipamento? 2. (Heat Transfer – A practical Approach, chap.13, pag. 687) Um trocador de calor com 2 passes no casco e 4 passes no tubo é usado para aquecer glicerina de 20°C para 50°C, usando para isso água quente que entra a 80°C e sai a 40°C. A glicerina escoa no lado casco e a água quente no lado tubo. O comprimento total do tubo é de 60 m, com diâmetro interno de 2 cm (paredes finas). O coeficiente de transferência de calor no lado tubo é de 160 W/m2K e de 25 W/m2K no lado casco. Determine a taxa de transferência de calor no trocador: a) antes que qualquer incrustação ocorra; b) com um fator de incrustação de 0,0006 m2K/W que ocorre no lado externo do tubo. [R: a) U = 21,6 W/m2K; F = 0,91; TMLDT = 24,7°C; q = 1830 W; b) U = 21,6 W/m2K; F = 0,91; TMLDT = 24,7°C; q = 1805 W]. 3. (Fundamentals of Heat Exchanger Design – Shah e Sekulic, pag. 112) Em um aquecedor do tipo casco e tubos, água fria a 15°C e vazão de 180 kg/h é pré-aquecida até 90°C pela passagem de gases de combustão no lado casco em vazão de 900 kg/h e temperatura de 150°C. A água flui dentro de tubos de cobre (di = 25 mm e de = 32 mm) com condutividade térmica de 381 W/mK. Os coeficientes de troca do lado gás e lado água são 120 W/m2K e 1200 W/m2K, respectivamente. O Apostila 5 – Trocadores de calor do tipo casco-tubo – Prof. Murilo Innocentini 138 fator de incrustação no lado água é de 0,002 m2K/W. Determine: a) a temperatura de saída dos gases; b) o coeficiente global de transferência de calor; a taxa de transferência de calor. Considere os calores específicos de gás e água respectivamente de 1005 J/kgK e 4190 J/kgK. A área total de superfície externa dos tubos é de 5 m2. [R: a) ts,s = 90,1°C; b) U = 83,5 W/m2K; c) q = 15713 W]. BIBLIOGRAFIA 1) Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa, F.P. Incropera e D.P. de Witt, Editora LTC, 5ª edição, 2003. 2) Princípios de Transferência de Calor, F. Kreith e M.S. Bohn, Editora Pioneira Thomson Learning, 2003. 3) Transmissão de Calor, W. Braga Filho, Editora Pioneira Thomson Learning, 2004. 4) Heat Transfer: a Practical Approach, Y.A. Cengel, 2nd edition, McGraw-Hill, 2003. 5) Handbook of Heat Transfer, editors W.M. Rohsenow, J.P. Hartnett, Y.I. Cho. 3rd edition, McGraw-Hill, 1998. 6) Fundamentals of Heat Exchanger Design, Ramesh K. Shah, Dusˇan P. Sekulic´, John Wiley & Sons, 2003. 7) Heat Transfer, C. Long and N. Sayma, Ventus Publishing, 2009. 8) Processos de Transmissão de Calor, D. Kern, Editora Guanabara, 1980. 9) Heat Transfer, J.P. Holman, 8th edition, McGraw-Hil, 1997. 10) A Heat Transfer Textbook, J.H. Lienhard IV and J.H. Lienhard V, 3rd edition, Phlogiston Press, 2003. 11) Heat Transfer Handbook, A. Bejan, A. Kraus, John Wiley & Sons, 2003. 12) Process Heat Transfer – principles and applications, R.W. Serth, Elsevier Science & Technology Books, 2007. 13) Industrial Heating – principles, techniques, materials, applications and design, Y.V. Deshmukh, Taylor & Francis Group, 2005. 14) The CRC Handbook of Thermal Engineering, F. Kreith, CRC Press LLC, 2000. 15) Ludwig's Applied Process Design for Chemical and Petrochemical Plants, E.E. Ludwig, Volume 3, third edition, Gulf Professional Publishing, 2001. 16) Advances in Thermal Design of Heat Exchangers, E.M. Smith, John Wiley & Sons, 2005. 17) Coulson & Richardson’s Chemical Engineering, J.M. Coulson, J.F. Richardson, Volume 1, 6th edition, Butterworth-Heinemann, 1999. 18) Albright’s Chemical Engineering Handbook, Ed. L. Albright, CRC Press Taylor & Francis Group, 2009. 19) Perry’s Chemical Engineers’ Handbook, J.O. 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