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volume 10 - número 01 • Jan/Mar 2011www.at lant icaedi tora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ISSN 16778510 ESPORTE • Lesões em atletas de seleção amadora de futebol • Riscos e benefícios do treinamento resistido para adolescentes • Manipulação da ordem dos exercícios no treinamento resistido NUTRIÇÃO • Consumo de cálcio por mulheres FISIOLOGIA • Cinesioalongamento e propriocepção de joelho • Diferentes repetições no alongamento dos músculos isquiotibiais CARDIOLOGIA • Exercícios físicos para hipertensos ELETROMIOGRAFIA • Atividade eletromiográfica da musculatura abdominal SÍNDROME METABÓLICA • Síndrome metabólica: aspectos clínicos e tratamento R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A D O E X E R C Í C I O vo lu m e 1 0 - n ú m e ro 0 1 • Ja n / M a r 2 0 1 1 21-24 ABRIL 2011 SANTOS|SP PRATIQUE CONTEÚDO ESTE 90 DOS MAIORES PALESTRANTES DO BRASIL EM 88 CURSOS: MUSCULAÇÃO E PERSONAL TRAINING, TREINAMENTO FUNCIONAL, BEM-ESTAR, FITNESS, ESPORTES E MUITO MAIS 12 PALESTRANTES INTERNACIONAIS TRAZEM AS NOVIDADES E TENDÊNCIAS MUNDIAIS WORKOUT FITNESS SHOW: O GRANDE ESPETÁCULO DO FITNESS RESGATA A AERÓBICA E OUTRAS MODALIDADES ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR COM IDOSOS, FÓRUM INTERNACIONAL DE TREINAMENTO FUNCIONAL E BELEZA SAUDÁVEL: CURSOS ESPECIAIS COM A CHANCELA DO INSTITUTO FITNESS BRASIL (11) 5095 2699 | (13) 3231 3164 | WWW.FITNESSBRASIL.COM.BR MARCAS OFICIAIS REALIZAÇÃO Marca Esportiva Bebida EsportivaPilatesEquipamento FACEBOOK.COM/FITNESSBRASIL @FITNESSBRASIL volume 10 - número 02 • Abr/Jun 2011www.at lant icaedi tora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ISSN 16778510 ESPORTE • Agilidade no futsal • Autonomia funcional de idosos NUTRIÇÃO • Imagem corporal de atletas • Estado de hidratação de idosos • Antioxidantes na prevenção da lesão muscular FISIOLOGIA • Movimento repetitivo e fadiga muscular • Treinamento aeróbio em hemiparéticos HIPERTENSÃO ARTERIAL • Benefícios do treinamento resistido e aeróbio DIABETES • Exercícios de alta intensidade para indivíduos com resistência à insulina R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A D O E X E R C Í C I O vo lu m e 1 0 - n ú m e ro 0 2 • A b r/ Ju n 2 0 1 1 13 anos volume 10 - número 03 • Jul/Set 2011www.atlanticaeditora.com.br ISSN 16778510 ESPORTE • Percentual de carga máxima dinâmica e treinamento de força • Flexibilidade no desenvolvimento da força muscular • Exercício físico e alterações hormonais • Cortisol e exercício NUTRIÇÃO • Nutrição e suplementação no futebol • Taxa de sudorese e antropometria de nadadoras FISIOLOGIA • Centro de pressão corporal após estabilização central • Maturação esquelética versus idade cronológica no futebol • Idade cronológica e idade motora de alunos do ensino fundamental CARDIOLOGIA • Exercício resistido em indivíduos com cardiomiopatia chagásica R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a d o e x e r c í c i o vo lu m e 1 0 - n ú m e ro 0 3 • Ju l/S e t 2 0 1 1 13 anos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y volume 10 - número 04 • Out/Dez 2011www.atlanticaeditora.com.br ISSN 16778510 ESPORTE • Efeitos do método Pilates nos valores glicêmicos • Utilização do strap na puxada fechada • Lesões em atletas de elite da prova de salto em altura • Treinamento aeróbio em portadores de diabetes tipo 2 • Vibração mecânica e treinamento de força NUTRIÇÃO • Atividade física e suplementos dietéticos • Efeitos da suplementação com carboidrato gel FISIOLOGIA • Alterações fisiológicas em praticantes de ciclismo indoor HIV/AIDS • Disfunção anatômica em HIV/AIDS R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a d o e x e r c í c i o vo lu m e 1 0 - n ú m e ro 0 4 • O u tu b ro /D e ze m b ro 2 0 1 1 13 anos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y EDITORIAL No mundo do conhecimento, Pedro Paulo da Silva Soares ...................................................................................................3 ARTIGOS ORIGINAIS Recomendação de exercícios físicos para hipertensos por cardiologistas de Londrina/PR, Alexandre Antunes Imazu, Marcos Doederlein Polito .............................................................................................................4 Efeitos do cinesioalongamento na propriocepção de joelho: ensaio clínico controlado, Marina Bernardi, Alberito Rodrigo de Carvalho .....................................................................................................................8 Consumo de cálcio por mulheres praticantes de atividade física de um parque do município de São Paulo, Alessandra Hellbrugge, Andrea Vargas G. Soares, Caroline Raele, Cássia R. Rolim Cauchioli, Edinéia Menezes, Giovanna Mauro, Marcia Nacif ............................................15 Levantamento das lesões ocorridas em atletas da seleção amadora de futebol de Primavera do Leste/MT em 2010, Joaquim Ribeiro de Souza Junior, Milton Alcover Neto ...........................................19 Atividade eletromiográfi ca da musculatura abdominal associada à expiração forçada, Nilton Souza Carvalho Júnior, Gabriel Ribeiro, Mauricio Malthes Ribeiro .........................................................................23 Máxima oxidação de gorduras em bombeiros da polícia militar do Paraná: análise da correlação entre o consumo máximo de oxigênio e o quociente respiratório não-protéico, Denis Bruno Ranzani, Francisco Navar ro ..................................................................................31 Comparação de diferentes números de repetições no alongamento dos músculos isquiotibiais em atletas do sexo feminino, Alisson Guimbala dos Santos Araújo, Karina da Costa Casagrande, Kátia da Maia .........................................................................................................................36 REVISÕES Manipulação da ordem dos exercícios na prescrição do treinamento resistido, Ramires Alsamir Tibana, Sandor Balsamo .............................................................................................................................41 Riscos e benefícios do treinamento resistido para adolescentes, Ana Carolina de Campos, Luis Fernando da Silva, Jean Flávio Alves, Paulo Ferreira de Araújo, Rita de Fátima da Silva..................................................................................................................46 Síndrome metabólica: aspectosclínicos e tratamento, Izulpério Cardoso Olevate, Marcus Vinicius de Mello Pinto, Lamara Laguardia Valente Rocha, Mário Antônio Baraúna ...............................................53 NORMAS DE PUBLICAÇÃO ............................................................................................................................... 61 EVENTOS ................................................................................................................................................................. 62 Índice volume 10 número 1 - janeiro/março 2011 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 20112 © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyri- ght, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências e Nutrição Brasil I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício está indexada no SIBRADID (Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva) Editor Chefe Paulo de Tarso Veras Farinatti Editor Associado Pedro Paulo da Silva Soares Walace Monteiro Conselho Editorial Amandio Rihan Geraldes (AL) Antonio Carlos Gomes (PR) Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Benedito Sérgio Denadai (SP) Dartagnan Pinto Guedes (PR) Douglas S. Brooks (EUA) Emerson Silami Garcia (MG) Francisco Martins (PB) Francisco Navarro (SP) Luiz Carnevali (SP) Luiz Fernando Kruel (RS) Martim Bottaro (DF) Patrícia Chakour Brum (SP) Paulo Sérgio Gomes (RJ) Robert Robergs (EUA) Rosane Rosendo (SC) Sebastião Gobbi (SP) Steven Fleck (EUA) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Vilmar Baldissera (SP) Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br Administração e vendas Antonio Carlos Mello mello@atlanticaeditora.com.br Atlântica Editora e Shalon Representações Praça Ramos de Azevedo, 206/1910 Centro 01037-010 São Paulo SP Atendimento (11) 3361 5595 / 3361 9932 E-mail: assinaturas@atlanticaeditora.com.br Assinatura 1 ano (4 edições ao ano): R$ 160,00 Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Editor assistente Guillermina Arias guillermina@atlanticaeditora.com.br Direção de arte Cristiana Ribas cristiana@atlanticaeditora.com.br E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br 3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 2011 Editorial No mundo do conhecimento Pedro Paulo da Silva Soares, Editor Associado O Corpo Editorial da Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx) saúda a todos os leitores, autores e colaboradores de nossa revista nesse ano de 2011 que, para nós, se inicia efetivamente com a publicação de mais um número da RBFEx. Sabemos que os manuscritos que se encontram neste número são frutos de intenso trabalho desenvolvido bem antes do início do ano corrente e traduzem um investimento de longo prazo na investigação da fi siologia do exercício nas suas diversas vertentes. Identifi camos com satisfação que, hoje, a RBFEx tem se tornado a primeira opção de diversos autores como o veículo de divulgação científi ca de seus trabalhos. Observamos uma evolução positiva tanto no número de submissões, quanto na qualidade dos manuscritos, no que se refere a desenhos experimentais bem elaborados e métodos que mostram progressiva sofi sticação. Nossa revista se apresen- ta como uma atraente opção para a publicação de estudos nas áreas básica, experimental e aplicada da fi siologia do exercício, uma vez que nosso público alvo é bastante amplo e tem nos apresentado, para além do interesse constante, avaliações positivas da RBFEx tanto para o formato e apresentação, quanto para seu conteúdo. Gostaríamos de enfatizar que estamos num momento bastante promissor em nosso país, com fi nanciamento para pesquisa como nunca antes visto e com a proximidade de dois eventos de dimensões globais, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos. Esse conjunto de fatores fa- vorece um ambiente favorável para a produção e divulgação científi ca em nossa área, cabendo a nós o dever de atender a uma crescente demanda que se apresenta na procura de profi ssionais interessados na pós-graduação ou na aplicação direta do conhecimento científi co para promoção da saúde e desempenho esportivo. Nestes últimos anos no Brasil, observamos um crescimento extraordinário do número de pesquisadores e de nossa pro- dução científi ca, o que simboliza nossa inserção no “mundo do conhecimento”. De fato, nosso crescimento foi superior a diversos países considerados desenvolvidos e grandes pro- dutores de conhecimento científi co. Entretanto, muito ainda precisa ser feito. Embora publicações internacionais tenham maior impacto e visibilidade externa, o fortalecimento das publicações nacionais também consiste em fator determinante do nosso desenvolvimento. Devemos, portanto, valorizar nossas revistas em língua portuguesa e acolher trabalhos de qualidade comprovada em nossas publicações, abrindo espaço para a consolidação de grupos de pesquisa em todo o país e oferecendo aos profi ssionais da área uma leitura atualizada e de qualidade. Ainda mais, um passo determinante a ser dado é o da incorporação efetiva dos achados científi cos com toda sua interdisciplinaridade na comunidade dos profi ssionais envolvidos com o exercício físico. A RBFEx está em consonância com esta demanda, o que pode ser observado nas suas páginas. Estamos certos de que os autores encontrarão na RBFEx um periódico de qualidade crescente e leitores críticos e ávidos por material original e revisões bem redigidas e atualizadas. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 20114 Artigo original Recomendação de exercícios físicos para hipertensos por cardiologistas de Londrina/PR Physical exercise recommendation to hypertensive patients suggested by cardiologists from Londrina/PR Alexandre Antunes Imazu*, Marcos Doederlein Polito, D.Sc.** *Unidade de Medicina Preventiva - Unimed Londrina,** Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Londrina Resumo Introdução: O médico cardiologista deve possuir um conhe- cimento sufi ciente sobre exercício físico para poder realizar reco- mendações básicas aos pacientes hipertensos. Objetivo: Verifi car as recomendações de exercícios físicos para pacientes hipertensos realizadas pelos médicos cardiologistasda cidade de Londrina - PR. Método: Foi elaborado um questionário contendo seis questões que abordaram conceitos e condutas nas recomendações de exercícios. O documento foi entregue e recolhido pessoalmente no local de atendimento dos médicos. Dos 64 profi ssionais cadastrados no Conselho Regional de Medicina do Paraná, 40 foram localizados e 25 participaram do estudo. Resultado: O teste do qui-quadrado não identifi cou diferenças entre as recomendações dos médicos e as recomendação atuais de exercícios físicos para hipertensos. Conclusão: Embora no contexto geral os cardiologistas recomen- dem adequadamente o exercício físico para hipertensos, ainda foi identifi cado que uma pequena quantidade de profi ssionais possui superfi cialidade em relação ao tema em questão. Palavras-chave: pressão arterial, exercício físico, hipertensão arterial sistêmica. Abstract Introduction: Th e cardiologist physician should have suffi cient knowledge about physical exercise in order to recommend it for hypertensive subjects. Aim: To verify which are the recommenda- tions concerning physical exercise for hypertensive subjects suggested by cardiologists from Londrina/PR. Methods: A questionnaire with six questions which consisted of concepts and conducts in exercise recommendations was elaborated. Th e questionnaire was handed and collected in person at the work place the cardiologists provided consultation. Sixty-four cardiologists were registered at the Regio- nal Medical Council of Paraná, but 40 were found and only 25 participated in this study. Results: Th e chi-square test did not fi nd diff erences between cardiologists and current exercise recommenda- tions to hypertensive subjects. Conclusion: Although cardiologists, in general, recommend adequate exercise to hypertensive patients, a small group of professionals have still little information about exercise and hypertension. Key-words: blood pressure, exercise, hypertension. Recebido em 8 de outubro de 2010; aceito em 8 de fevereiro de 2011. Endereço para correspondência: Prof. Dr. Marcos Doederlein Polito, Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Londrina, Rodovia Celso Garcia Cid km 380, 86051-980 Londrina PR, Tel: (43) 3371-4238, E-mail: marcospolito@uel.br 5Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 2011 Introdução Dentre as diversas estratégias para auxiliar na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial sistêmica, o exercício físico regular é uma das menos onerosas [1]. Além disso, pos- sibilita modifi cações fi siológicas nos tecidos cardíaco, vascular e musculoesquelético que, independentemente da alteração na pressão arterial de repouso, pode representar menor chance de morte por doença do coração [2]. Contudo, para que ocorram os benefícios induzidos pelo exercício físico, a sua prescrição deve respeitar determinadas variáveis, tais como intensidade, duração e frequência se- manal do esforço [3]. Após os exames clínicos necessários, o profi ssional da área da educação física, na maioria dos casos, é o responsável pela prescrição e acompanhamento do exercício físico tanto no indivíduo hipertenso quanto no não hipertenso [4]. Entretanto, devido ao médico estabelecer o primeiro contato com o paciente, frequentemente é sugerido por este profi ssional algum tipo de atividade física. Porém, a formação universitária do médico pode não contemplar todo o conhecimento científi co necessário para o entendimento da fi siologia do exercício [5], o que poderia se relacionar com recomendações não adequadas de exercício para determinado grupo de indivíduos. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi comparar as recomendações de exercício físico para pessoas hipertensas realizadas pelos cardiologistas da cidade de Londrina (PR) com as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte - ACSM [6]. Material e métodos Através de consulta à página eletrônica do Conselho Regional de Medicina do Paraná em julho de 2009, foram identifi cados 64 médicos cardiologistas que atuavam na cidade de Londrina/PR. O endereço profi ssional de cada médico foi obtido pela página eletrônica da Associação Médica de Londrina ou pela listagem impressa de planos de saúde. Do total dos 64 médicos, 24 não receberam o questionário para participação. Destes, cinco atuavam somente em um hospi- tal da cidade, o que difi cultou o acesso aos profi ssionais por não possuir um responsável pela entrega do documento; 12 médicos não foram localizados devido aos endereços estarem incompletos ou desatualizados; seis não foram encontrados por incompatibilidade de horários entre o médico e o pes- quisador; um médico estava viajando no período da pesquisa. Deste modo, 40 questionários foram entregues pesso- almente nos endereços profi ssionais. Para assegurar impar- cialidade nas respostas, os questionários foram confi ados à secretária ou recepcionista no local de atuação após breve explanação da pesquisa. Após uma semana, o pesquisador recolhia os questionários, os quais se encontravam inseridos em envelope lacrado e sem qualquer identifi cação pessoal dos médicos. Dos 40 questionários, 12 não foram devolvidos, apesar de contato telefônico e duas passagens do pesquisador para recolhimento. De forma explícita, dois cardiologistas se negaram a participar da pesquisa e um justifi cou a devolução do questionário em branco por não atuar clinicamente. Assim, foram devolvidos 25 questionários devidamente preenchidos, correspondendo a 62,5% do total entregue. O questionário foi elaborado contendo seis questões fechadas com o intuito de se conhecer as recomendações dos médicos cardiologistas sobre exercício físico/atividade física para a população hipertensa na prevenção e tratamento da doença. Por escrito, foi incluída a orientação de respostas das questões. O conteúdo das questões e as opções de respostas podem ser visualizados na Figura 1. O modelo de comparação entre as respostas dos médicos e as respostas esperadas foi o Posicionamento Ofi cial do Colégio Americano de Medicina do Esporte [6], por se tratar de uma entidade de pesquisa internacionalmente reconhecida que associa o aspecto clínico à prescrição do exercício. Além disso, no referido documento, há uma indicação qualitativa sobre as evidências científi cas nos temas abordados. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva e, de forma inferencial, pelo teste do qui-quadrado e pela correlação de Spearman, considerando como nível de signifi cância esta- tístico o valor de p menor que 0,05. Os dados foram analisados no programa Statistica (7.0, Statsoft, Tulsa, OK, EUA). Figura 1 - Modelo do questionário aplicado aos cardiologistas de Londrina/PR. Em sua opinião, a atividade física regular pode auxiliar no tratamento de hipertensão arterial? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) discordo totalmente ( ) discordo parcialmente ( ) não tenho opinião Em sua opinião, a atividade física regular pode auxiliar na prevenção da hipertensão arterial? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) discordo totalmente ( ) discordo parcialmente ( ) não tenho opinião Você recomenda exercício de musculação ou outra atividade com pesos para pacientes hipertenso? ( ) sempre ( ) na maioria dos casos, dependendo do paciente ( ) na minoria dos casos, dependendo do paciente ( ) não Você recomenda exercício aeróbico (caminhada, bicicleta, hidroginástica, etc.) para pacientes hipertensos? ( ) sempre ( ) na maioria dos casos, dependendo do paciente ( ) na minoria dos casos, dependendo do paciente ( ) não Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 20116 Em geral, qual a duração aproximada que você indicaa prá- tica da atividade física para a maioria dos pacientes hiperten- sos? ( ) até 20 min ( ) até 30 min ( ) acima de 30 min ( ) não recomendo duração fixa ( ) não recomendo atividade física Em geral, qual a intensidade de esforço aproximada que você indica a prática da atividade física para a maioria dos pacien- tes hipertensos: ( ) leve ( ) moderada ( ) forte ( ) não recomendo intensidade fixa ( ) não recomendo atividade física Resultados Em relação à primeira questão: “Em sua opinião, a ativi- dade física regular pode auxiliar no tratamento da hipertensão arterial?”, todos os médicos assinalaram a opção “concordo totalmente”. Na segunda questão: “Em sua opinião, a ativi- dade física regular pode auxiliar na prevenção da hipertensão arterial?”, 23 médicos (92%) assinalaram a opção “concordo totalmente” e os demais assinalaram a opção “concordo parcialmente”. Houve maior divergência de opiniões na terceira questão: “Você recomenda exercício de musculação ou outra atividade com pesos para pacientes hipertensos”. Nesse caso, a maior parte dos médicos (60%) assinalou a opção “na maioria dos casos, dependendo do paciente”, enquanto 28% assinalaram a opção “na minoria dos casos, dependendo do paciente”. Ainda houve médicos (8%) que alegaram nunca recomendar tal atividade, enquanto 4% sempre recomendariam. Em relação à quarta questão: “Você recomenda exercício aeróbio – caminhada, bicicleta, hidorginástica etc. – para pacientes hipertensos?”, 80% dos médicos sempre recomendam o exercício aeróbio para pacientes hipertensos, enquanto 16% assinalaram a opção “na maioria dos casos, dependendo do paciente” e 4% marcaram “na minoria dos casos, dependendo do paciente”. Na quinta questão: “Em geral, qual a duração aproximada que você indica a prática da atividade física para a maioria dos pacientes hipertensos?”, 21 médicos (84%) recomendam du- ração acima de 30 min, dois (8%) não recomendam duração fi xa e outros dois (8%) recomendam duração de até 30 min. Finalmente, na última questão: “Em geral, qual a inten- sidade de esforço aproximada que você indica a prática da atividade física para a maioria dos pacientes hipertensos?”, 22 médicos (88%) indicaram a intensidade moderada; um (4%) recomendou intensidade leve, um (4%) recomendou intensidade forte e um (4%) não recomenda intensidade fi xa. De acordo com as recomendações do ACSM [6], as respos- tas esperadas seriam: “concordo totalmente” para as questões 1 e 2; “na maioria dos casos, dependendo do paciente” para a questão 3; “sempre” para a questão 4; “acima de 30 min” para a questão 5; “moderada” para a questão 6. Nesse sentido, o teste do qui-quadrado não identifi cou diferenças signifi cativas entre as respostas dos médicos e as respostas esperadas. A cor- relação de Spearman não identifi cou médicos que atribuíssem as mesmas opções em diferentes respostas. Discussão De forma geral, os cardiologistas de Londrina (PR) orientam seus pacientes hipertensos de acordo com as atuais recomendações de exercício físico [6]. Independentemente de possíveis lacunas existem nos currículos das faculdades de medicina sobre o conteúdo de medicina do esporte (ou do exercício) [5], os eventos periódicos de atualização profi ssional tendem a contemplar temas relacionados com o exercício. Isso pode contribuir para que as recentes evidências científi cas em relação ao exercício e à doença sejam apresentadas e discutidas. Contudo, a análise minuciosa das respostas possibilita verifi car algumas discrepâncias. Por exemplo, na segunda questão, 92% concordaram totalmente que o exercício físico pode auxiliar na prevenção da hipertensão arterial. Os demais concordaram parcialmente. De fato, o ACSM [6] não afi rma que o exercício físico previna o aparecimento da hipertensão arterial. No entanto, existe a possibilidade de pessoas com melhor condicionamento físico possuírem menores valores de pressão arterial em repouso [7]. Nessa ótica, como a questão sugere uma possibilidade, alguns médicos parecem não estar totalmente atualizados em relação ao assunto exposto. Na terceira questão, sobre o treinamento com pesos ou musculação, o ACSM [6] não considera tal atividade como signifi cativamente efi ciente para auxiliar na redução da pressão arterial de repouso, mas pode ser indicada para compor a rotina de treinamento físico por aumentar os níveis de força e resistência muscular. No entanto, durante o exercício de musculação, a pressão arterial possui grande potencial de aumento e em curto tempo [8], o que limita a indicação desta modalidade de exercício a algumas pessoas [9]. Por outro lado, pessoas com maior força muscular possuem menor incremento da pressão arterial durante o exercício, o que pode resultar em considerável segurança cardiovascular nas atividades diárias que exigirem contração muscular com elevado componente estático [10]. Dessa forma, entende-se que a musculação é uma atividade que pode ser indicada aos hipertensos, dependendo do caso. No presente estudo, 36% dos médicos são resistentes a tal atividade física (somando os que não recomendam com os que recomendam na minoria dos casos) e 4% recomendam sempre. Assim, 40% da amostra não segue as recomendações adequadas, o que sugere necessi- dade de maior investimento sobre o conhecimento dos efeitos do exercício de musculação no hipertenso. Em contrapartida, quanto ao exercício aeróbio, 80% dos médicos afi rmaram recomendar sempre tal atividade física, 7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 2011 enquanto os demais recomendam com algum tipo de restri- ção. Segundo o ACSM [6], as evidências científi cas permitem concluir que o exercício aeróbio é o mais efi ciente para reduzir a presão arterial. Devido ao fácil controle de intensidade e duração, são raras as situações em que uma pessoa hipertensa seria clinicamente impedida de se exercitar aerobiamente. Apenas em casos de a doença estar sem controle ou existir problemas associados, como a doença cardíaca, poderia limitar o esforço físico [11]. As demais questões abordaram a duração e a intensidade do exercício. Sobre a duração do esforço, pode-se concluir que todos os médicos a recomendaram de forma adequada, não se afastando das sugestões do ACSM [6]. Ou seja, em torno de 30 min ou de acordo com as condições físicas do praticante. Já em relação à intensidade, a mais indicada seria a moderada [7]. Contudo, houve também a indicação de in- tensidade forte, o que pode representar esforço desnecessário. A redução da pressão arterial pelo exercício aeróbio é mais efi ciente em níveis de esforço moderado ou baixo; e durante o exercício com pesos, a intensidade forte pode representar aumentos exagerados na pressão arterial. Embora seja pos- sível uma pessoa hipertensa realizar um treinamento físico em nível de grande intensidade [12], ainda são necessárias maiores investigações. Conclusão Os resultados do presente estudo permitiram mostrar que os médicos da cidade de Londrina (PR) recomendam adequadamente exercícios para hipertensos. Não obstante, em alguns casos, houve respostas diferentes daquelas que seriam esperadas (mesmo que não signifi cativas). Como a análise estatística não acusou que o mesmo médico “errasse” em diferentes questões, signifi ca que alguns médicos são mais atualizados que outros em certos conceitos. Referências 1. Hamer M. Th e anti-hypertensive eff ects of exercise: integrating acute and chronic mechanisms. Sports Med 2006;36:109-16. 2. Church TS, Earnest CP, Skinner JS, Blair S. Eff ects of diff erent doses of physical activity on cardiorespiratory fi tness among sedentary, overweight or obese postmenopausal women with elevated blood pressure: a randomized controlled trial. JAMA 2007;297:2081-2091.3. Pescatello LS. Exercise and hypertension: recent advances in exercise prescription. Curr Hypertens Rep 2005;7:281-286. 4. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Car- diol 2007;89(3):24-79. 5. Nóbrega ACL, Araújo CGS. Medicina do exercício: o que é ensinado nos cursos de graduação médica brasileiros. Rev Bras Educ Médica 1988;12:69-72. 6. American College of Sports Medicine. American college of sports medicine position stand. Exercise and hypertension. Med Sci Sports Exerc 2004;36:533-53. 7. Whelton SP, Chin A, Xin X, He J. Eff ect of aerobic exercise on blood pressure: a meta-analysis of randomized, controlled trials. Ann Intern Med 2002;136:493-503. 8. MacDougall JD, Tuxen D, Sale DG, Moroz JR, Sutton JR. Arterial blood pressure response to heavy resistance exercise. J Appl Physiol 1985;58:785-90. 9. Haykowsky MJ, Eves ND, Warburton DER, Findlay MJ. Resistance exercise, the valsalva maneuver, and cerebrovascular transmural pressure. Med Sci Sports Exerc 2003;35:65-8. 10. Sale DG, Moroz DE, McKelvie RS, MacDougall JD, McCar- tney N. 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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 20118 Artigo original Efeitos do cinesioalongamento na propriocepção de joelho: ensaio clínico controlado The effects of multiple stretching stimuli (kinesio-stretching) in knee proprioception: controlled clinical trial Marina Bernardi, Ft.*, Alberito Rodrigo de Carvalho** *Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus Cascavel, **Docente do Curso de Fisioterapia da Universida- de Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus Cascavel, Especialista em Fisioterapia Traumato Ortopédica, Mestrando no programa de Ciências do Movimento Humano UFRGS Os dados deste trabalho foram apresentados no I Congresso Internacional de Fisioterapia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP – Presidente Prudente/SP em agosto de 2010 e constam nos anais do evento. Resumo Objetivo: Avaliar o efeito do cinesioalongamento para membros inferiores em jovens sedentárias, com encurtamento de cadeia posterior, sobre a acurácia proprioceptiva do joelho representada pelo senso de posição articular (T2) e o limiar de percepção de movimentos passivos lentos (T1). Métodos: 17 mulheres divididas aleatoriamente em dois grupos: GC (n = 7/20,7 ± 1,7anos) e GCA (n = 10/21,2 ± 1,8anos). Mensurou-se a acurácia proprioceptiva pelos testes (T1) e (T2). Nos dois testes as participantes sinaliza- ram ao atingir o ângulo alvo, registrando-se os valores angulares realizados efetivamente. O “valor de erro”, que refl etiu a acuidade proprioceptiva, foi determinado pela diferença entre o ângulo alvo e aquele realizado. As medidas foram feitas antes (ΔINI) e após (ΔFIN) a intervenção. O grupo GCA foi submetido a oito padrões do cinesioalongamento. Resultados: Nas comparações intragrupos o GCA melhorou no T1 (ΔINI = 7,11/ΔFIN = 2,56/p < 0,05) e no T2 (ΔINI = 5,01/ΔFIN = 2,75/p < 0,05). Já o GC piorou no T2 (ΔINI = 3,34/ΔFIN = 4,38/p < 0,05) e não houve diferença no T1. Nas comparações intergrupos, não houve diferença, para ambos os testes, na acuidade proprioceptiva no ΔINI; já no ΔFIN o GCA apresentou valores de erro signifi cativamente menores (p < 0,05) que o GC (ΔFIN: T1/GC = 5,64 GCA = 2,56; T2/GC = 4,38 GCA = 2,75). Conclusão: O cinesioalongamento foi efi caz para aprimorar a acuidade proprioceptiva de joelho. Palavras-chave: propriocepção, artrometria articular, cinestesia, joelho, exercícios de alongamento muscular. Abstract Objective: To evaluate the eff ect of multiple stretching stimuli for lower limbs in young sedentary, with shortening of the posterior chain, on proprioceptive accuracy represented by the knee joint position sense (T2) and threshold of perception of passive move- ments slow (T1). Methods: 17 women were divided randomly into two groups: GC (n = 7/20.7±1.7 years) and GCA (n = 10/21.2 ± 1.8 years). Th e accuracy was measured by tests (T1) and (T2. In both trials participants signaled when it reaches the target angle, registering the angles be performed eff ectively. Th e “value error”, which refl ected the proprioceptive acuity was determined by the diff erence between the angle target and that done. Measurements were made before (ΔINI) and after (ΔFIN) intervention. Th e GCA group underwent eight standards multiple stretching stimuli. Results: Th e intra-group comparisons at T1 improved the GCA (ΔINI = 7.11/ΔFIN = 2.56/p < 0.05) and T2 (ΔINI = 5.01/ ΔFIN = 2.75/p < 0.05). But the GC has worsened in T2 (ΔINI = 3.34/ΔFIN = 4.38/p < 0.05) and no diff erence in T1. Comparisons between groups showed no diff erence, for both tests, the proprioceptive acuity in ΔINI, already presented in the GCA ΔFIN error values signifi cantly lower (p < 0.05) than the GC (ΔFIN: T1/GC = 5.64 GCA = 2.56; T2/GC=4.38 GCA=2.75). Conclusion: Th e multiple stretching stimuli were eff ective to improve proprioceptive acuity in knee. Key-words: proprioception, articular arthrometry, kinesthesis, knee, muscle stretching exercises. Recebido em 12 de janeiro de 2011; aceito em 9 de fevereiro de 2011. Endereço para correspondência: Prof. Alberito Rodrigo de Carvalho, Clínica Escola de Fisioterapia da UNIOESTE, Rua Universitária, 1619, Jardim Universitário, 85819-110 Cascavel PR, Tel: (45) 3220-3000, E-mail: rct_ina@yahoo.com.br, alberitorodrigo@gmail.com 9Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 2011 Introdução A maioria dos portadores de distúrbios musculoesquelé- ticos podem se benefi ciar dos recursos fi sioterapêuticos, pois entre os principais objetivos da fi sioterapia encontram-se a restauração e/ou manutenção da capacidade funcional através de várias técnicas, dentre elas, os exercícios terapêu- ticos. Muito embora vários desses recursos já tenham sido investigados quanto a sua efi cácia [1,2], outras técnicas vêm ganhando mercado sem que haja, ainda, evidências científi cas a seu favor. Profissionais do Centro Brasileiro de Fisioterapia (CEBRAF) preconizam a utilização de uma modalidade terapêutica alternativa para ganho de fl exibilidade denomi- nada cinesioalongamento [3]. Trata-se de um conjunto de movimentos de fl exibilidade que combina três momentos de alongamento: alongamento estático ativo, passivo e facilita- ção neuromuscular proprioceptiva (FNP), respectivamente, sendo que este último momento é, por si só, um método de fl exibilização que combina alongamento estático, contração e relaxamento isométricos, seguidos de outro alongamento estático [4]. Desta forma o cinesioalongamento tem o ob- jetivo de desenvolver a valência física da fl exibilidade por meio de mecanismos neurológicos e biomecânicos pautados na melhora do recrutamento neuromotor, que pode ser jus- tifi cado pela potencialização das aferências proprioceptivas, alcançada com os movimentos realizados dentro de padrões funcionais [3]. A argumentação para o uso clínico do cinesioalongamento se apoia em conceitos, previamente estabelecidos por outros estudos, relacionados à infl uência da força muscular e da fl e- xibilidade sobre a propriocepção e o equilíbrio. Isto porque os mecanorreceptores, fusos musculares e órgãos tendinosos de golgi(OTGs) convertem as cargas impostas aos tecidos em impulsos aferentes, os quais são integrados na programação motora, após terem sido processados pelo sistema nervoso central (SNC), que controla o tônus e a ativação/desativação da dinâmica agonista/antagonista do controle neuromuscular [5-7]. Durante estímulos funcionais, há uma adaptação dos refl exos proprioceptivos com consequente alteração do estado mecânico dos músculos e tecidos adjacentes [8]. Entretanto, em virtude da recente comercialização do método, visto que ainda poucos profi ssionais são habilitados a empregá-la, há uma carência de trabalhos científi cos que sustentem sua aplicação. Portanto este estudo testa a hipótese que há melhora da acuidade proprioceptiva do joelho em sujeitos submetidos à intervenção baseada no cinesioalonga- mento para membros inferiores. Esta investigação teve por objetivo avaliar o efeito do cinesioalongamento para membros inferiores em jovens sedentárias, com encurtamento de cadeia posterior, sobre a acurácia proprioceptiva do joelho representada pelo senso de posição articular e o limiar de percepção de movimentos passivos lentos. Materiais e métodos Caracterização do estudo e ética da pesquisa Este estudo, cujo delineamento classifi cou-se como um ensaio clínico controlado, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) sob o registro CAAE 0269.0.276.000-08. Caracterização da amostra e divisão dos grupos A amostra foi composta de forma intencional e não probabilística. Inicialmente, após convite aberto, 20 mu- lheres, sedentárias, acadêmicas do curso de Fisioterapia da UNIOESTE-Cascavel/PR, com idade entre 18 e 35 anos, demonstraram interesse em se voluntariar para a pesquisa. Os objetivos e procedimentos metodológicos foram expli- cados logo no primeiro contato, e as participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido em duas vias. Em seguida foram submetidas a uma avaliação clínica de triagem para verifi cação de possíveis fatores de não inclusão e confi rmação da elegibilidade. Como critério de inclusão a voluntária deveria apresentar retração da cadeia posterior e ser sedentária. Os critérios de não inclusão adotados foram: indivíduos diabéticos, hipertensos descompensados, com história de cardiopatia ou pneumopatias diagnosticadas; indivíduos com história de lesões osteomusculares dos membros inferiores nos últimos quatro meses; portadores de disfunções tempo- romandibulares; portadores de disfunções vestibulares; uso de drogas que afetam o sistema nervoso central ou o equilíbrio tais como os sedativos ou ansiolíticos; etilistas crônicos ou uso de álcool nas 24 horas que antecederam os testes; indivíduos com comprometimento importante da acuidade visual (ca- racterizado pela necessidade de ajuda de outras pessoas ou de dispositivos de auxílio para a realização das atividades diárias em condições de privação do uso de óculos ou lentes). Foram excluídas aquelas que faltaram em mais de 40% da interven- ção, e que não participaram de qualquer uma das avaliações. Para aquelas aptas a participar do estudo, avaliou-se a retração muscular da cadeia posterior, cujo objetivo foi ape- nas de confi rmar ou refugar o encurtamento muscular para inclusão na pesquisa. Descalças, as voluntárias permaneceram em posição ortostática com os pés levemente separados (cerca de 10 cm) e os joelhos estendidos; na sequência inclinaram a cabeça lentamente para baixo, seguida do tronco; e, pos- teriormente, levaram as mãos em direção ao chão, como se quisessem tocá-lo, porém, sem forçar. Ao menor sinal de dor ou tensão incômoda o movimento foi cessado. A cadeia poste- rior foi considerada encurtada se, no momento de interrupção do teste, o avaliador observasse ao menos dois dos seguintes itens: a) ângulo tíbio-társico maior que 90º (mensurado por goniômetro); b) hiperextensão de joelho evidente; c) ângulo Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 201110 coxofemoral maior que 90º (medido por goniômetro); d) retifi cações vertebrais, reconhecidas como regiões de aplana- mento da coluna vertebral; e) posição cervical retraída (cabeça fi xa em póstero-fl exão). Das 20 voluntárias que demonstraram interesse todas foram incluídas, fi zeram as avaliações iniciais (ΔINI), e foram distribuídas de maneira aleatória, por sorteio, em dois grupos com 10 voluntárias cada. Porém, durante a intervenção houve exclusão de três participantes. Assim, as composições fi nais dos grupos amostrais foram: grupo controle (GC / n = 7; 20,7 ± 1,7 anos) que não recebeu nenhum tipo de intervenção; e grupo experimental que foi submetido ao cinesioalongamento (GCA / n = 10; 21,2 ± 1,8 anos). Procedimentos de avaliação A mensuração proprioceptiva foi dada pela avaliação do senso de posição articular e do limiar de percepção de movimentos passivos lentos. Nos dois testes, os valores ob- tidos foram registrados em graus e avaliados sempre por um único examinador, previamente treinado para tal, conforme metodologia descrita nos trabalhos de Carvalho et al. [9], em 2007, e Carvalho et al. [10]. Para a mensuração dos valores angulares, utilizou-se um goniômetro cujo eixo permaneceu paralelo ao eixo articular do joelho com os dois braços do goniômetro fi xados por talas de madeira presas a duas faixas de tecido de algodão inelás- tico e antialérgico com velcros nas duas extremidades para a adaptação às distintas circunferências do membro inferior de cada avaliada. Uma extremidade foi fi xada na parte distal da coxa e a outra na parte proximal da perna. Denominou-se este dispositivo de goniômetro fi xo (GF). O membro inferior escolhido para os testes foi o domi- nante. As voluntárias se sentaram confortavelmente sobre uma maca com altura de 1,20 cm, com as pernas balançando livremente e o GF ajustado à articulação na sua face lateral. O centro deste se posicionou paralelamente ao eixo articular do joelho, localizado sobre a linha articular do joelho. Os olhos das voluntárias foram vendados para remover as informações visuais. Para ambos os testes realizaram-se testes piloto, sem valor para registro, de forma que o indivíduo se familiarizasse com o procedimento e erros relacionados à aprendizagem fossem evitados. Para a mensuração do limiar de percepção de movimentos passivos lentos (T1) foram estabelecidos dois ângulos, de forma aleatória e por sorteio em um universo de seis ângulos entre 10 a 60° graus com intervalos fi xos de 10º entre eles, sendo um ângulo para extensão e o outro para fl exão de joelho. Em sequência, partindo de uma angulação de 90° de fl exão, a perna da voluntária foi movida passivamente em movimento de extensão até chegar à angulação pré-determinada pelo sorteio e, nesta, o membro foi mantido durante dez segundos e depois levado para a posição neutra. Após cinco segundos, a perna foi movida novamente, e por três vezes consecutivas com intervalos de cinco segundos entre elas, de forma pas- siva e lenta em direção ao mesmo ângulo, e a voluntária foi previamente instruída a comunicar ao examinador para que parasse o movimento quando sentisse que sua perna atingiu a posição alvo desejada. A posição alcançada foi observada no aparelho e registrada pelo examinador. Posteriormente, o teste foi repetido para o ângulo estabelecido na fl exão do joelho. Figura 1 - Goniômetro fi xo (GF) utilizado para a mensuração tanto do senso de posição articular quanto do limiar de percepção dos movimentos passivos lentos. Para realizar o teste de senso de posição articular (T2), o posicionamento anterior foi mantido e os olhos da voluntária permaneceram vendados. Porém, neste teste, três ângulos foram sorteados de forma idêntica ao do T1 e estes foramdistribuídos, também por sorteio, entre os movimentos de fl exão, um ângulo, e extensão, dois ângulos, da articulação do joelho. Em seqüência, uma dessas posições angulares foi repro- duzida em movimento passivo. Ao se alcançar o ângulo pré- determinado pelo sorteio, o membro foi mantido por dez segundos e posteriormente devolvido à posição neutra. Após cinco segundos a voluntária foi instruída a realizar ativamente o movimento e pará-lo ao atingir a posição alvo desejada por três vezes consecutivas com intervalos de cinco segundos entre cada repetição. O ângulo alcançado foi observado no aparelho e registrado pelo examinador. O teste foi realizado também para os dois outros ângulos pré-estabelecidos. Durante os testes, as examinadas receberam estímulos verbais para se concentrarem na posição da articulação do joelho e, assim, evitar que o tempo gasto no movimento servisse de estratégia para o reposicionamento. O avaliador manteve, subjetivamente, velocidade média de dois segundos para cada dez graus. Para os dois testes, foi realizada uma avaliação fi nal (ΔFIN) após o término da intervenção, ou o tempo correspondente a este no grupo controle. 11Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 2011 Procedimentos de intervenção Previamente ao início da intervenção, as voluntárias aloca- das no grupo intervenção foram reunidas e todos os detalhes da intervenção foram explicados. Neste mesmo encontro foi realizada uma sessão piloto com a demonstração prática das técnicas, para facilitar o aprendizado, que não foi contabili- zada como efetiva. A intervenção durou cerca de 40 minutos e foi realizada na Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE. Seis acadêmicas voluntárias do curso de Fisioterapia, com formação no método e previamente treinadas, aplicaram as intervenções, que foram realizadas com frequência de duas vezes por semana, por cinco semanas, totalizando dez sessões. O grupo GCA participou da intervenção com oito padrões do cinesioalongamento [3] conforme ilustração na fi gura 2. Após a verifi cação da frequência cardíaca de repouso, com o frequencímetro da marca Polar®, fez-se um aquecimento na esteira de cinco minutos e em seguida realizou-se os padrões de cinesioalongamento. Tratamento estatístico Para os dois testes proprioceptivos, as diferenças, em va- lores absolutos, entre o ângulo sorteado e o ângulo realizado pela examinada foram defi nidas como valor de erro. Quanto mais próximo de zero fosse essa medida, melhor a acuidade proprioceptiva. Para o tratamento estatístico foi utilizado o software Gra- phPad Prism 3.0. Para o teste de normalidade foi utilizado o Kolmogorov-Smirnov. Além da estatística descritiva na forma de média, as comparações foram feitas por testes não paramétricos de Wilcoxon, nas comparações intragrupos, e Mann Whitney, nas comparações intergrupos, já que os dados não respeitaram distribuição normal. A signifi cância estatística adotada foi = 0,05. Figura 2 - Ilustração e descrição dos padrões de cinesioalongamento utilizados. Dissociação do quadril: movimento passivo, em que se alternou o padrão de tríplice flexão (flexão do tornozelo junto coma flexão do joelho e flexão do quadril) por tríplice extensão (extensão do torno- zelo junto com extensão do joelho e extensão do quadril) no plano sagital, associado a movimentos circulares do quadril, por 8 vezes. Cinesioalongamento ísquiotibial: movimento ativo-assistido, com estabilização do membro inferior no máximo de amplitude possível de extensão de joelho, do posicionamento do quadril (que variou com o exercício) e dorsiflexão. A cada exercício foi dado o coman- do contrai/relaxa (CR) no qual a voluntária fez uma força contra a resistência do terapeuta durante 8 segundos, relaxando em seguida e, nesse momento, buscou-se uma nova amplitude articular. A) inter- médio: quadril em flexão e o membro estimulado a 90° em relação à linha do solo. Solicitou-se o comando CR. B) lateral: quadril em adu- ção, com o membro estimulado a 45° em relação à linha do solo. Solicitou-se o comando CR. C) medial: quadril em abdução, com o membro estimulado a 45° em relação à linha do solo. Solicitou-se o comando CR. Cada exercício foi feito 3 vezes, com 8 segundos de intervalo entre os exercícios. Cinesioalongamento lombar: movimento ativo-assistido, em que a participante sentou em tríplice flexão, apoiando as zonas reflexas dos antepés no terapeuta. Solicitou-se uma inspiração nasal profunda e, durante a expiração, o deslocamento do corpo para frente. Ao che- gar ao seu limite, a voluntária permaneceu nesta postura sustentada pela estabilização do terapeuta. Na segunda repetição a participante expirou deslocando seu corpo para frente e foi tracionada pelo tera- peuta. Já na terceira a participante foi tracionada por 8 segundos, e, em seguida, ela tracionou o terapeuta que ofereceu resistência por 4 segundos, A seguir a participante relaxou e o terapeuta buscou uma nova amplitude sustentando por mais 4 segundos. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 201112 Cinesioalongamento isquiotibial dominante: movimento ativo- assistido. A participante sentou com extensão do membro inferior a ser alongado e o membro contralateral fletido. Solicitou-se que ela apoiasse a mão do mesmo lado do membro em extensão sobre o joelho estendido, e com o membro superior contralateral alcançasse o terapeuta. Foi realizada inspiração nasal profunda e, durante a expiração, o deslocamento do corpo para frente. Ao chegar ao seu limite, a voluntária permaneceu nesta postura sustentada pela esta- bilização do terapeuta. Na segunda repetição a participante expirou deslocando seu corpo para frente e foi tracionada pelo terapeuta. Já na terceira a participante foi tracionada por 8 segundos, e, em seguida, ela tracionou o terapeuta que ofereceu resistência por 4 segundos. A seguir a participante relaxou e o terapeuta buscou uma nova amplitude sustentando por mais 4 segundos. Cinesioalongamento ísquiotibial unidos: movimento ativo-assisti- do. Segue a mesma postura do cinesioalongamento lombar, com a única diferença para a extensão funcional dos membros inferiores. Discussão A melhora da acuidade proprioceptiva observada no teste ativo (T2) é mais facilmente explicada do que a melhora no teste de movimento passivo (T1), já que, no T2, além das aferências provenientes dos mecanoceptores articulares, há uma importante participação das aferências provenientes dos receptores musculares. Embora, no presente estudo, a força muscular não tenha sido mensurada, há relatos na literatura que o encurtamento muscular induz a certo grau de fraqueza muscular, com con- sequente instabilidade postural; pois, embora os sujeitos com encurtamento possam detectar seu desequilíbrio, muitas vezes não são capazes de gerar torques de estabilização adequados para corrigi-lo. Assim, para compensar a fraqueza, o estado contrátil dos músculos altera-se para manter o equilíbrio e isso pode afetar a acuidade proprioceptiva [11,12]. Desta forma, sugere-se que o cinesioalongamento foi capaz de reverter o encurtamento muscular e, tal efeito aprimorou a capacidade proprioceptiva. A melhora da propriocepção no GCA pode ter sido secundária às mudanças ocorridas no comprimento do mús- culo, capazes de estimular os mecanoceptores articulares e promover dessensibilização dos órgãos tendinosos de Golgi (OTG). Ao dessensibilizar o OTG, aumenta-se a sensibilidade ao estiramento do músculo, o que aumenta as contribuições aferentes para o sistema nervoso central no que diz respeito ao senso de posição articular [13-15]. Resultados As comparações intergrupos, dos dados obtidos nas ava- liações iniciais (ΔINI), tanto para o T1 quanto para o T2, indicam que os doisgrupos tinham o mesmo nível de acu- rácia proprioceptiva. Já após a intervenção, na avaliação fi nal (ΔFIN), apenas o GCA teve seus níveis de acurácia propriocep- tiva aprimorados (menores valores de erro). Nas comparações intragrupos, observou-se que o GCA foi mais assertivo em reproduzir os ângulos alvos, evidenciado por valores de erro signifi cativamente menores na ΔFIN, tanto no T1 quanto no T2. O mesmo não aconteceu com o GC, sendo que a única diferença estatística encontrada indicou uma piora da acuidade proprioceptiva (valores de erro maiores) na ΔFIN para o T2. A estatística descritiva e inferencial pode ser visualizada na Tabela I. Tabela I - Estatística descritiva e inferencial das comparações in- tergrupos e intragrupos para os dois testes que mensuram a acurácia proprioceptiva nos dois momentos de avaliação. TESTE GC ∆INI GC ∆FIN GCA ∆INI GCA ∆FIN T1 5.14 5.64 7.11 2.56 ╫ * / ▲* T2 3.34 4.38╫ * 5.01 2.75╫ * / ▲* Teste de movimentos passivos lentos (T1); teste de senso posição articular (T2); grupo controle (GC); grupo cinesioalongamento (GCA); avaliação inicial (∆INI); avaliação final (∆FIN); diferença em relação à ∆INI (╫); diferença em relação ao GC no mesmo momento de avalia- ção (▲); nível de significância encontrado: p < 0,05 (*). 13Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 2011 Ainda, a estimulação dos mecanoceptores das estruturas articulares aumenta a atividade motora local e isso torna os fusos dos músculos, relacionados às articulações envolvidas no movimento, mais sensíveis. Esse aumento da sensibilidade fusal gera um estado de prontidão muscular capaz de reagir mais rapidamente em situações de perturbação articular [16]. As adequações protetoras nas forças regulatórias que agem nas articulações modifi cam a rigidez muscular que é determinada por um complexo sistema de controle neural por feedback. Há uma hierarquia nas estratégias de controle neuromuscular que se iniciam com a ativação das fi bras musculares e evoluem até que mudanças nas propriedades mecânicas de todo o músculo sejam alcançadas. Alguns aspectos da fi siologia e biomecânica muscular relacionados com a regulação da rigidez muscular são: frequência de ativação (somação temporal); recrutamento das fi bras (somação espacial); relação tensão-comprimento do sarcômero; relação força-velocidade do sarcômero; relação tensão-comprimento do sarcômero mantido por estruturas passivas; mecanismos de feedback das fi bras intra e extra fusais; regulação da força muscular e do torque determinado pela arquitetura muscular [17]. Os mecanoceptores periféricos enviam informações con- tínuas para ajuste dinâmico da co-contração dos músculos envolvidos no movimento. As informações partem dos recep- tores e se dirigem para a medula onde farão sinapses com os motoneurônios gama. Estes motoneurônios infl uenciam as fi bras intrafusais que, por sua vez, enviam aferências para os motoneurônios alfa, direcionados para as fi bras extrafusais, sobre o estado de tensão do músculo e a rigidez muscular é, por fi m, adequada ao movimento [18]. Assim, acredita-se que a melhora na acuidade proprio- ceptiva observadas no presente estudo possa, também, ser secundária a melhora do recrutamento motor, já que o sistema nervoso central dispõe de uma quantidade maior de aferências por parte dos mecanoceptores articulares e receptores mus- culares, que foram aprimorados pelo cinesioalongamento, e isso possibilitou um controle neuromuscular mais adequado. Os argumentos acima descritos podem justifi car a me- lhora no T2, porém não no T1, já que esse, por ser passivo, não deveria ter contribuição dos receptores musculares. Al- guns estudos questionam a validade dos testes passivos para avaliação da propriocepção e colocam que os testes ativos trazem uma informação clínica mais relevante justamente pela contribuição das informações musculares [13,19]. Con- trapondo, estudos mostram que na presença de lesões liga- mentares observa-se défi cit proprioceptivo pela diminuição das informações provenientes dessas estruturas, especialmente as lesões no ligamento cruzado anterior (LCA), já que este é responsável pela maior parte da restrição passiva que con- tribuiu para estabilidade articular funcional porque fornece feedback sensorial consequentes as mudanças na tensão do ligamento [20]. Porém nem todos os estudos revelam esses défi cits nas lesões de LCA e apontam que os proprioceptores ligamentares não são os principais responsáveis pela acuidade proprioceptiva e sim os receptores musculares, pois frente à lesão há uma adaptação negativa na massa muscular que é mais importante para o défi cit propriceptivo do que a diminuição das informações por parte dos ligamentos [18]. Muito embora os sujeitos que compuseram a amostra do presente estudo não apresentassem lesões ligamentares, o reconhecimento de que as estruturas passivas, de fato, determinam a acuidade proprioceptiva, poderia conduzir a discussão para uma possível infl uência do cinesioalongamento sobre estas estruturas. Assim, este estudo não consegue explicar a melhora no T1 pelo prisma da infl uência do cinesioalongamento diretamente sobre os mecanoceptores articulares. Contudo, hipotetiza-se que, mesmo no T1, possa ter havido infl uência da contração muscular. Como não houve um controle da atividade elétrica muscular durante os testes, que pode ser feita por eletromio- grafi a de superfície, não se pode garantir que durante os pro- cedimentos do teste passivo os sujeitos tenham mantido uma atividade muscular silenciosa e, por consequência, não se pode afi rmar ausência total das informações musculares durante o referido teste. Sendo esta a limitação do presente estudo, sugere- se que em estudos futuros, que envolvam testes passivos para avaliar a acuidade proprioceptiva, seja controlada a atividade muscular para se quantifi car a participação desta nestes testes. Conclusão Conclui-se que as técnicas de cinesioalongamento foram efi cazes para aprimorar o senso de posição articular e o limiar de percepção de movimentos passivos lentos do joelho na amostra estudada. Contudo, o efeito da técnica de cinesioa- longamento sobre o teste ativo parece ser mais reconhecido do que no teste passivo pela maior contribuição dos receptores musculares. Referências 1. Moseley AM, Herbert RD, Sherrington C, Maher CG. Evidence for physiotherapy practice: a survey of the physiotherapy evi- dence database (PEDro). Aust J Physiother 2002;48(1):43-9. 2. Fransen M. When is physiotherapy appropriate? Best Pract Res Clin Rheumatol 2004;18(4):477-89. 3. Musculação Terapêutica, STS – Strength Training Strategies. 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Destaca-se a necessidade de um adequado consumo de alimentos fonte de cálcio para garantir a saúde óssea dos indivíduos. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, realizado com 20 mulheres com idade média de 61,3 ± 10,6 anos, participantes de um projeto de promoção da qualidade de vida através da atividade física de um parque do município de São Paulo. Foram coletadas informações sobre peso, estatura e circunferência abdominal. O consumo de cálcio foi avaliado por meio da aplica- ção de um Recordatório Alimentar Habitual. Resultados: Pôde-se observar que 50% (n = 10) das mulheres eram eutrófi cas, porém, apresentaram risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Observou-se consumo inadequado de cálcio (719,50 mg), devido a baixa ingestão de alimentos fontes deste mineral. Conclusão: A maioria das participantes apresentou ingestão inadequada de cálcio. Tais dados sugerem a necessidade de orientação nutricional voltada à melhoria dos hábitos alimentares desta população. Palavras-chave: atividade física, cálcio, consumo alimentar, osteoporose. Abstract Introduction: Th e appropriate intake of calcium has been poin- ted as an important protection factor against the development of osteoporosis in women, once the consumption from vital sources of calcium could guarantee the individuals’ bony health. Methods: Th is was a transversal study with 20 women 61.3 ± 10.6 years old, participants of a project in which life quality is encouraged through physical activities at a park in São Paulo city. Weight, stature and waist circumference were evaluated. Th e consumption of calcium was evaluated through the application of a Habitual Food Recall. Results: It could be observed that 50% (n = 10) of the women were eutrophic, however, some of them were likely to develop cardiovas- cular diseases due to inadequate and low consumption of calcium as a vital source (719.50 mg). Conclusion: Most of the participants presented an inadequate ingestion of calcium. Th ese data suggests the need of nutritional orientation for the improvement of eating habits by the population. Key-words: physical activity, calcium, food consumption, osteoporosis. Recebido 21 de dezembro de 2010; aceito em 15 de fevereiro de 2011. Endereço para correspondência: Cássia R. Rolim Cauchioli, Rua Aimberê, 156, Perdizes 05018-010 São Paulo SP, E-mail: cassia. nutriodonto@gmail.com Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 201116 Introdução A Organização Mundial de Saúde (OMS) defi ne a popu- lação idosa como o grupo etário de 60 anos ou mais de idade para os países em desenvolvimento e para os países desenvolvi- dos, aqueles acima de 65 anos de idade. No Brasil, segundo o Estatuto do Idoso são considerados idosos os indivíduos com faixa etária igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos, sem distinção de cor, raça e ideologia [1]. O Brasil passa por um envelhecimento rápido e intenso, estima-se que houve um crescimento de mais de 7,3 milhões de 1780 a 2000, totalizando mais de 14,5 milhões de idosos em 2000 e que em 2020 este número será maior que 26 milhões, 12,9% da população total, com isso o Brasil será o sexto país em número de idosos [2]. Paralelamente ao processo de envelhecimento, trans- formações signifi cativas têm ocorrido nos últimos séculos nos padrões dietéticos e nutricionais de populações, e essas mudanças vêm sendo analisadas como parte de um processo designado de transição nutricional. No Brasil, a desnutrição vem diminuindo, e a obesidade e problemas a ela relaciona- dos vêm aumentando. Isso ocorre por causa de mudanças nos padrões nutricionais da população, caracterizados por uma dieta rica em gorduras e açúcar refi nado e reduzida em carboidratos complexos e fi bras [3]. Dentre as várias defi ciências alimentares encontradas destaca-se a defi ciência de cálcio que, em longo prazo, pode contribuir para o desenvolvimento da osteoporose, ou para o seu agravamento, quando já instalada [4,5]. Aproximadamente 99% total do cálcio encontram-se nos ossos e dentes. O 1% restante do cálcio está presente no sangue, fl uído extracelular, músculos e outros tecidos, onde participa de diversos processos metabólicos como: coagulação sanguínea (participa da formação de fi brina) age como um estabilizador de membranas celulares excitáveis como múscu- los e nervos, e em inúmeras células participa como o segundo mensageiro ao mediar efeito de sinalização de membranas para a liberação de substâncias e hormônios [6]. A osteoporose é a doença osteometabólica [7] caracteri- zada pela diminuição da densidade mineral óssea (DMO), com deterioração da microarquitetura óssea, levando a um aumento da fragilidade esquelética e do risco de fraturas e é mais frequente no paciente idoso [8]. Acomete a ambos os sexos, sendo mais frequente na mulher, já que, no climatério, a diminuição dos níveis estrogênicos precipita as perdas de massa óssea. Aos 50 anos, a cada cinco fraturas por osteoporose na mulher ocorrem duas no homem. Aos 70 anos, essa relação cai para três fraturas na mulher a cada duas no homem [4,7]. De acordo com o Consenso Brasileirode Osteoporose (CBO) [8], a prevalência de osteoporose e incidência de fraturas varia de acordo com o sexo e a raça. As mulheres brancas na pós- menopausa apresentam maior incidência de fraturas. A partir dos 50 anos, 30% das mulheres e 13% dos homens poderão sofrer algum tipo de fratura por osteoporose ao longo da vida. A ingestão adequada de nutrientes tem sido apontada como indicador importante do estado de saúde dos indivídu- os, assim como um fator de proteção no desenvolvimento de doenças. Destaca-se consequentemente a importância de um adequado consumo de alimentos fonte de cálcio ao longo da vida para garantir a saúde óssea em idosos [4,9]. O desenvolvimento do presente trabalho visou, portanto, verifi car o consumo de cálcio por mulheres praticantes de atividade física de um parque do município de São Paulo. Material e métodos Trata-se de um estudo transversal e descritivo que contou com a participação de 20 mulheres, com faixa etária entre 39 a 75 anos, integrantes de um projeto de promoção da qualidade de vida através da atividade física de um parque do município de São Paulo, realizado no período de outubro a novembro de 2010. Todas as participantes, no ato da primeira orientação nutricional, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário São Camilo (COEP-047/05). As medidas antropométricas coletadas foram peso, estatura (referida) e circunferência abdominal (CA). O peso foi aferido por meio do uso de uma balança ele- trônica digital portátil de marca Ultralife®, com precisão de 100 g e capacidade de 150 Kg, com o indivíduo sem sapatos e usando roupas leves. A circunferência abdominal foi mensurada em centíme- tros, com a pessoa em pé, ereta, abdômen relaxado, braços estendidos ao longo do corpo e os pés separados numa dis- tância de 25-30 cm. A roupa foi afastada para que o abdômen fi casse exposto. Após uma expiração normal, posicionou-se uma fi ta métrica inelástica posicionada no plano horizontal ao nível da cicatriz umbilical. O critério de classifi cação para avaliar o risco de doenças car- diovasculares (DC) foi o proposto pela WHO (World Health Organization) (2000) [10]. Segundo esta classifi cação, homens com circunferência abdominal acima ou igual a 94 cm apre- sentam risco alto de desenvolverem DC e com valores aferidos acima ou igual a 102 cm o risco é muito alto. Para as mulheres valores aferidos acima ou igual a 80 cm são classifi cadas como risco alto, e acima ou igual a 88 cm o risco é muito alto. A partir dos valores de peso e estatura foi calculado o IMC, que seguiu o critério de classifi cação da WHO (1995) [11] para adultos e SABE/OPAS (2002) [12] para idosos. As mulheres responderam, durante orientação nutricio- nal, a uma anamnese que continha questões sobre aspectos gerais, como grau de escolaridade, uso de medicamentos e ocorrência de doenças. O instrumento de pesquisa utilizado para avaliação do consumo alimentar e ingestão de cálcio foi um Recordató- rio Alimentar Habitual. A aplicação do respectivo método consiste em obter informações escritas ou verbais sobre a ingestão habitual do indivíduo, com dados sobre os alimen- 17Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 1 - janeiro/março 2011 tos atualmente consumidos e informações sobre quantidade das porções. Após a coleta de dados, os valores de Energia total (Kcal), carboidratos, lipídeos, proteínas e cálcio foram calculados e analisados com o auxílio do programa Avanu- tri 4.0 (Sistema de avaliação e prescrição nutricional). Os macronutrientes foram apresentados em porcentagem (%) em relação ao Valor Energético Total (VET), e o cálcio foi apresentado em mg/dia. Os resultados de macronutrientes foram comparados com as recomendações da WHO [13] que preconiza valores de carboidratos entre 55 e 75% do VET, 15 a 30% de lipídios e 10 a 15% de proteínas. A ingestão de cálcio foi comparada a AI Ingestão Adequada (AI) sugerida pela Dietary Reference Intakes (DRI) [14] que preconiza a ingestão de acordo com a faixa etária: 31 a 50 anos igual a 1000 mg/dia e de 51 a mais de 70 anos igual a 1200 mg/dia. Resultados e discussão Foram avaliadas 20 mulheres com idade média de 61,3 anos (± 10,6) praticantes de atividade física de um parque da Zona Oeste de São Paulo. As características antropométricas das participantes do estudo podem ser observadas na Tabela I. Tabela I - Características antropométricas das mulheres avaliadas. São Paulo, 2010. Variáveis Média DP Peso (Kg) 70,70 11,10 Estatura (m) 1,57 0,06 IMC (Kg/m²) 28,52 3,68 CA (cm) 92,70 10,00 Segundo os resultados observados na Tabela II, 50% (n =10) da população estudada apresentava-se eutrófi ca, porém metade destas mulheres encontrava-se com risco alto para desenvol- vimento de DC. Dado este que se contrapõe ao encontrado no estudo de Ferreira [15], que contou com a participação de sessenta e quatro mulheres fi sicamente ativas incluídas em um programa de incentivo ao incremento de atividade física e verifi - cou, a partir dos valores do IMC, que todas as mulheres estavam com excesso de peso. Nota-se, contudo, que os resultados do presente estudo corroboram com os encontrados por Ribeiro [9] que ao buscar identifi car aspectos do estado nutricional de idosas participantes de um programa de educação física, constatou que a maioria das idosas participantes da pesquisa possui risco muito alto para doenças cardiovasculares. Tabela II - Estado nutricional das participantes do estudo de acordo com o IMC e a circunferência abdominal. São Paulo, 2010. CA IMC Sem Risco Risco Alto Risco Muito Alto N % N % N % Baixo Peso 1 5 - - - - Eutrofia 1 5 5 25 4 20 Excesso de Peso - - 1 5 8 40 Tabela III - Média do consumo alimentar das mulheres avaliadas. São Paulo, 2010. Nutrientes Consumo Médio DP Energia (kcal) 1706,42 549,21 Carboidratos (%VET) 53,40 9,36 Lipídios (% VET) 26,76 9,20 Proteínas (%VET) 19,81 5,24 Cálcio (mg) 719,50 411,33 Neste estudo, o consumo médio de energia e de cálcio foi de 1.706,42 Kcal e 719,50 mg, respectivamente, demonstran- do assim estarem abaixo das recomendações (Tabela III). Tal inadequação pode ser explicada pelo baixo consumo de leite e derivados (em média 1,9 porções). Assim como no presente estudo, a literatura tem descrito um consumo inadequado de cálcio por mulheres, muito aquém do preconizado pelas recomendações da Dietary Reference Intakes (DRI) [14,16]. Vale salientar que nenhuma participante do estudo consumia suplementos de cálcio. Em relação aos macronutrientes, observou-se um consu- mo abaixo das recomendações em relação aos carboidratos (53,4%), acima para proteínas (19,81%) e adequado quanto aos lipídios (26,76%). O consumo médio de energia das participantes de nosso estudo foi maior que o encontrado por Moura [17] em idosos, praticantes de atividade física e integrantes do projeto “Feliz Idade” da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. Por meio da aplicação de um questionário de frequência alimentar habitual, os pesquisadores encontraram valor de 1340,27 calorias. O estudo de Lopes [18], realizado com habitantes do município de Bambuí, Minas Gerais, verifi cou inadequações no consumo de minerais e vitaminas, evidenciando assim a importância de uma dieta adequada como fator preventivo para doenças crônicas não transmissíveis, enfatizando para tanto, o consumo de vitaminas antioxidantes (A, C e E) e nutrientes como cálcio, zinco e ferro. Estudo realizado por Carvalho [19], com idosos matriculados em um centro de convivência no Rio de Janeiro, que realizaram exame de densitometria óssea, observou que 62,5% dos idosos participantes apresentavam osteoporose. Uma das explicações para este alto número de pacientes
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