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ESPORTE • Treinamento resistido manual na educação física • Exercício aeróbico em gestantes com pré-eclâmpsia • Treinamento proprioceptivo em futsal FISIOLOGIA • Atividade física e composição corporal em pessoas sedentárias • Aspectos atuais sobre beta alanina, carnosina e exercício físico NUTRIÇÃO E SUPLEMENTOS • Consumo de recursos ergogênicos em academias • Comportamento de risco à saúde em escolares www.atlanticaeditora.com.br 17 anos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e Fis iologia do e x e r c í c i o Órgão Ofic ial da Sociedade Brasi le ira de Fis iologia do Exercíc io B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y a n o 2 0 1 6 - vo lu m e 1 5 - n ú m e ro 0 1 r e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a d o e x e r c í c i o ano 2016 - volume 15 - número 01 ISSN 16778510 EDUCAÇÃO FÍSICA 1º Semestre 2016 PÓS-GRADUAÇÃO P R E S E N C I A L Consulte em nosso site a disponibilidade de datas em sua cidade, bem como os cursos oferecidos na modalidade a distância. Informações Principais capitais: 4062-0822 (ligação local) São Paulo: (11) 2730-0010 E-mail: pos@posestacio.com.br Administração e Marketing Esportivo Atividade Física e Saúde para Grupos Especiais Biomecânica e Avaliação Aplicadas ao Treinamento Físico Cinesiologia, Biomecânica e Treinamento Físico Dança e Consciência Corporal Educação Física Escolar Fisiologia do Exercício – Prescrição do Exercício Medicina do Esporte e da Atividade Física Método Pilates: Prescrição do Exercício Físico e Saúde Musculação e Condicionamento Físico Musculação e Treinamento de Força Reabilitação de Lesões e Doenças Musculoesqueléticas Treinamento Desportivo Treinamento Funcional C M Y CM MY CY CMY K Anuncio_Estacio_Revista_Fisiologica_do_Exercicio_Presencial_Ed_Fisica_27,5x20,5cm_P02.pdf 1 15/03/2016 14:01:38 EDUCAÇÃO FÍSICA 1º Semestre 2016 PÓS-GRADUAÇÃO P R E S E N C I A L Consulte em nosso site a disponibilidade de datas em sua cidade, bem como os cursos oferecidos na modalidade a distância. Informações Principais capitais: 4062-0822 (ligação local) São Paulo: (11) 2730-0010 E-mail: pos@posestacio.com.br Administração e Marketing Esportivo Atividade Física e Saúde para Grupos Especiais Biomecânica e Avaliação Aplicadas ao Treinamento Físico Cinesiologia, Biomecânica e Treinamento Físico Dança e Consciência Corporal Educação Física Escolar Fisiologia do Exercício – Prescrição do Exercício Medicina do Esporte e da Atividade Física Método Pilates: Prescrição do Exercício Físico e Saúde Musculação e Condicionamento Físico Musculação e Treinamento de Força Reabilitação de Lesões e Doenças Musculoesqueléticas Treinamento Desportivo Treinamento Funcional C M Y CM MY CY CMY K Anuncio_Estacio_Revista_Fisiologica_do_Exercicio_Presencial_Ed_Fisica_27,5x20,5cm_P02.pdf 1 15/03/2016 14:01:38 EDITORIAL Doping e lendas urbanas, Jean-Louis Peytavin ...........................................................................3 ARTIGOS ORIGINAIS Influência do treinamento proprioceptivo no controle postural e equilíbrio em atletas de futsal masculino, Gustavo Nardon Pazinato, Pedro Jorge Cortes Morales ............................................................................................................. 4 Avaliação do nível de atividade física e composição corporal de funcionários de setores adminstrativos, Eucleiton Neres Brito, Fernando Rodrigues Peixoto Quaresma, Erica da Silva Maciel ........................................................ 11 Comportamentos de risco a saúde em escolares, Kesley Pablo Morais de Azevedo, Isis Kelly dos Santos, Epaminondas Carlos de Andrade Neto, Rianne Soares Pinto, Victor Hugo de Oliveira Segundo, Maria Irany Knackfuss, Humberto Jefferson de Medeiros .................................................................................................... 17 REVISÕES Treinamento resistido manual e sua aplicação na educação física, Cauê Vazquez La Scala Teixeira, Ricardo José Gomes ..................................................................... 23 Exercício aeróbico em gestantes com pré-eclâmpsia, Raíssa Silva de Rezende, Taciane de Paula Marchiori, Elaine Cristina Martinez Teodoro ................................................................................................... 36 Aspectos sobre o consumo de recursos ergogênicos em academias brasileiras, Henrique Xavier Ferreira de Lima, Gustavo Allegretti João, Kleber Carnevale Nascimento, Fábio Ceschini, Daniel Rodriguez, Aylton Figueira Junior, Danilo Bocalini ................................... 46 Aspectos atuais sobre beta alanina, carnosina e exercício físico, Victor Araújo Ferreira Matos, Nailton José Brandão de Albuquerque Filho, Victor Hugo de Oliveira Segundo, Thiago Renee Felipe, Leticia Castelo Branco Peroba de Oliveira, Gleidson Mendes Rebouças, Edson Fonseca Pinto ...................................................................................................................... 56 NORMAS DE PUBLICAÇÃO ................................................................................................61 EVENTOS ..............................................................................................................................55 Índice ano 2016 - volume 15 número 1 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. 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R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício está indexada no SIBRADID (Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva) Editor Chefe Pedro Paulo da Silva Soares Editor Associado Paulo de Tarso Veras Farinatti Walace Monteiro Conselho Editorial Amandio Rihan Geraldes (AL) Antonio Carlos Gomes (PR) Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Benedito Sérgio Denadai (SP) Dartagnan Pinto Guedes (PR) Douglas S. Brooks (EUA) Emerson Silami Garcia (MG) Francisco Martins (PB) Francisco Navarro (SP) Luiz Carnevali (SP) Luiz Fernando Kruel (RS) Martim Bottaro (DF) Patrícia Chakour Brum (SP) Paulo Sérgio Gomes (RJ) Robert Robergs (EUA) Rosane Rosendo (SC) Sebastião Gobbi (SP) Steven Fleck (EUA) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Vilmar Baldissera (SP) Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br Atlântica Editora e Shalon RepresentaçõesRua Dr. Braulio Gomes, 25/909 Centro 01047-020 São Paulo SP Atendimento (11) 3361 5595 / 3361 9932 assinaturas@atlanticaeditora.com.br Assinatura 1 ano (6 edições ao ano): R$ 260,00 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br Administração e vendas Antonio Carlos Mello mello@atlanticaeditora.com.br Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Editor assistente Guillermina Arias guillermina@atlanticaeditora.com.br Direção de arte Cristiana Ribas cristiana@atlanticaeditora.com.br Imprensa release@atlanticaeditora.com.br 3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 Editorial Doping e lendas urbanas Jean-Louis Peytavin “A medicina consiste em introduzir drogas que não conhecemos em corpos que conhecemos ainda menos”, dizia o filósofo francês Voltaire, no século XVIII. Será que Voltaire é ultrapassado, considerando a quantidade de informações que temos sobre o corpo e os medicamentos? Não tanto, se analisamos alguns acontecimentos no mundo do doping. Por exemplo, a discussão sobre o meldonium. Eis um medicamento bem conhecido dos espor- tistas dos países do leste europeu (Rússia, Lituânia, Ucrânia e países escandinavos, principalmente), que o mundo inteiro descobriu por causa da famosa tenista Maria Sharapova, que usou esse produto durante 10 anos e foi controlada positiva em março 2016, dois meses depois da inscrição do meldonium na lista dos produtos proibidos da World Anti-Doping Agency (WADA). Em se- guida pelo menos 150 atletas foram controlados positivos e correm o risco de ser excluídos das federações esportistas. Porém, ninguém sabe com certeza em que o meldonium, que foi lançado como medicamento para as doenças cardíacas e a melhoria da tolerân- cia ao esforço de pacientes portadores de corona- ropatia, poderia ter um efeito dopante. Alguns pretendem que ele melhora a recuperação após o treinamento, outros dizem que tudo isso é uma “lenda urbana”. Por falta de estudos e de interesse da indústria farmacêutica, o meldonium não é autorizado nem comercializado na maioria dos países. Não sabemos exatamente quais efeitos ele tem, nem quanto tempo ele fica dentro do corpo: recentes estudos tendem a comprovar que traços de meldonium podem persistir vários meses após a administração, o que poderia absolver Maria Sharapova e outros atletas, na condição que as quantidades detectadas sejam ínfimas. Essas incertezas no mundo do esporte de alto nível se encontram também no mundo dos simples mortais. Na revisão que publicamos nesta edição, Aspectos sobre o consumo de recursos ergogênicos em academias brasileiras, Gustavo Allegretti João e colaboradores da Universidade São Judas Tadeu (USJT) de São Paulo, mostram que aproximadamente a metade dos praticantes de fitness no Brasil (sobre um total de 5000 pessoas nos estudos analisados) usam recursos ergogênicos, principalmente na forma de suple- mentos alimentares, e também de androgênicos, sem conhecimento dos efeitos adversos possíveis, e sem a prescrição de um profissional habilitado. As crenças sobre o aumento da massa muscular e a musculação com finalidade estética fazem que a brincadeira de Voltaire sobre os médicos de seu tempo está ainda completamente atual. ARTIGO ORIGINAL Influência do treinamento proprioceptivo no controle postural e equilíbrio em atletas de futsal masculino Influence of proprioceptive training in postural control and balance in male indoor soccer athletes Gustavo Nardon Pazinato*, Pedro Jorge Cortes Morales, D.Sc.** *Acadêmico do curso de Educação Física Bacharelado da Universidade da Região de Joinville, **Graduado em Educação Física pela Universidade da Região de Joinville, Professor do curso de Educação Física Bacharelado da Universidade da Região de Joinville Resumo O objetivo principal deste estudo foi analisar a influência de um protocolo de treinamento proprio- ceptivo no controle postural e equilíbrio em atletas adultos de futsal masculino. Para isso foram selecio- nados 11 atletas (25,8 ± 13 anos) profissionais do sexo masculino, submetidos a um protocolo de treinamento proprioceptivo uma vez por semana, durante oito semanas. Os dados do pré e pós-treinamento foram obtidos através do Star Excursion Balance Test (SEBT), analisados e interpretados pela estatística descritiva com medidas de tendência central e dispersão. O teste Shapiro-Wilk demonstrou normalidade entre as variáveis investigadas, optando-se assim pelos testes paramétricos. O comparativo das amostras se deu pelo teste de post-hoc de Tukey comparações múltiplas, com nível de confiança de 95%. Como principais resultados obtidos temos, entre pré e pós-treinamento, anterior pré – pós (65,6 – 70,6 cm Δ 5,0 cm), posterolateral pré – pós (83,8 – 92,4 cm Δ 8,6 cm) e posteromedial pré – pós (87,8 – 98,3 cm Δ 10,5 cm). Os resultados mostram que o protocolo de treinamento proposto obteve resultados positivos no aumento do controle postural e equilíbrio dos atletas. Palavras-chave: propriocepção, equilíbrio postural, educação física, treinamento. Abstract The objective was to analyze the influence of a proprioceptive training protocol in postural control and balance in adult athletes of indoor soccer. We se- lected 11 male professional athletes (25.8 ± 13 years), submitted to a proprioceptive training protocol once a week for eight weeks. The pre and post-training data were obtained from the Star Excursion Balance Test (SEBT), analyzed and interpreted by descriptive sta- tistics with central tendency and dispersion measures. The Shapiro-Wilk test showed normality between the variables investigated, choosing well by parametric tests. The comparative sample was due to the post-hoc Tukey test multiple comparisons, with a 95% confi- dence level. As main results we have, between pre and post training, previous pre - post (65,6 to 70,6 cm Δ 5,0 cm), posterolateral pre - post (83,8 to 92,4 cm Δ 8,6 cm ) and posteromedial pre - post (87,8 to 98,3 cm Δ 10.5 cm). The results show that the proposed training protocol has been successful in increasing the postural control and balance of athletes. Key-words: proprioception, postural balance, physical education, training. Recebido em 19 de fevereiro de 2015; aceito em 30 de junho de 2015. Endereço para correspondência: Gustavo Nardon Pazinato, Rua Theonesto Westrupp, 387, Aventureiro, 89226-340 Joinville SC, E-mail: gustavonpaz@hotmail.com 5Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 Introdução O futebol de salão nos últimos anos passou por uma grande fase de ascensão, não só pelas excelentes campanhas do futsal nacional no cenário mundial, mas também pela questão de infraestrutura. Um campo de futebol consome mais de 4000 m², dez vezes mais comparado a uma quadra. E como as cidades brasileiras estão em constante desenvolvimento, falta espaço para a grama do campo, porém sobra cimento para a bola dura e pesada do futsal. Atualmente, o futsal é o esporte de recreação e lazer da preferência de grande parte da população brasileira, por ser a única modalidade, dita, genuinamente brasileira e que não impõe o biotipo geralmente requerido para certas modalidades trazidas do exterior, podendo praticar indivíduos de diferentes características biotipológicas (longilíneos, bre- velíneos e normolíneos) e sem exclusividade de faixa etária, daí ter tomado em grande número as quadras e espaços de recreação dos colégios, edifícios, condomínios, empresas, clubes, pra- ças e outros locais que apresentam as condições básicas necessárias para a prática. O fato de ser uma modalidade esportiva tão difundida tem-se notado uma grande preocupa- ção especial com o aprimoramento físico dos pra- ticantes ou das praticantes, pois o sexo feminino também tem se mostrado adepto a modalidade, e consequentemente, uma tendência maior dos desportistas a sofrer algum tipo de lesão. Osresul- tados de estudos evidenciaram ainda a ocorrência de lesões em todos os atletas de futsal, devido à própria característica desta modalidade, no qual ocorrem mudanças bruscas de direção e contato físico elevado [1]. Prati [2] aborda a necessidade de um treina- mento em conjunto de técnico e preparador físico através de técnicas de relaxamento, facilitação neuromuscular proprioceptiva e programas de fortalecimento muscular. Verificou-se ainda que a entorse é a principal lesão entre os atletas, re- presentando 23,5% do total [1]. A estabilização da articulação é a determinan- te mais importante na prevenção deste tipo de lesão [3], sendo necessário programar trabalhos proprioceptivos nos planos de treinamento de atletas de futsal para que as entorses possam ser evitadas ou minimizadas, contribuindo também no desempenho mais seguro desta modalidade. Além das características próprias desta mo- dalidade, outros fatores podem contribuir para a ocorrência de lesões, como alterações posturais, baixos índices de flexibilidade, movimentos des- portivos incorretos, traumas diretos e a carência proprioceptiva nos membros inferiores, principal- mente nas articulações de joelho e tornozelo [4]. Os treinos de propriocepção no senso de posição articular e sinestesia são os mais uti- lizados, contudo não reproduzem uma função empregada nas atividades habituais. Nesse caso, os testes que simulam atividades mais funcio- nais para os membros inferiores são os meios mais adequados para verificar a propriocepção e o equilíbrio [5]. Conforme um estudo liderado pela Uni- versidade de Melbourne [6], a integridade da propriocepção no joelho e do tornozelo, princi- palmente para o atleta de futsal, é essencial para o controle neuromotor, sendo sua avaliação, o teste proprioceptivo, um importante método de informação diagnóstica e prognóstica, podendo gerar evidência da estabilidade (ou instabilida- de) de procedimentos terapêuticos, bem como aumentar a compreensão do grau de disfunção após lesão. A administração da postura ereta é uma tarefa importante e complicada para o corpo humano, pois se refere ao alinhamento e controle de vários segmentos corporais. Permanecer de pé exige oscilações do corpo para manter a estabilidade. O controle postural exige uma interação com- pleta entre os sistemas neural e musculoesquelé- tico, que inclui as relações biomecânicas entre os segmentos corporais, envolvendo o domínio da posição do corpo no espaço com dois propósitos: estabilidade e orientação [7]. Desta forma, o objetivo deste estudo foi de analisar a influência de um protocolo de trei- namento proprioceptivo no controle postural e equilíbrio em atletas profissionais de futsal masculino, organizando dados e informações pertinentes ao desenvolvimento científico e de apoio à modalidade esportiva onde a técnica e o controle corporal são fatores preponderantes na minimização dos riscos físicos. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 16 Material e métodos Amostra Participaram deste estudo 11 atletas profissio- nais de futsal do sexo masculino com média de idade de 25,8 ± 13 anos, massa corporal de 78,0 ± 24,0 kg e estatura de 179,5 ± 24,0 cm. Previamente a sua execução, o projeto de pesquisa foi submetido à avaliação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), que aprovou sua realização de acordo com as diretrizes estabelecidas na Reso- lução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os participantes receberam as infor- mações e orientações necessárias quanto às ativi- dades que seriam realizadas, no que diz respeito ao objetivo da pesquisa e aos procedimentos que seriam submetidos. Após esclarecimentos e voluntariamente, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Instrumentação O controle postural e o equilíbrio foram avaliados no início da intervenção e após oito semanas, através do Star Excursion Balance Test (SEBT) [8], uma medida confiável e muito utilizada, constatando que o mesmo é capaz de predizer lesões [9]. Este teste foi inicialmente utilizado com oito direções, anterior (A), anteromedial (AM), medial (M), posteromedial (PM), posterior (P), posterolateral (PL), lateral (L) e anterolateral (AL), entretanto foi observado que apenas três direções, anterior (A), posteromedial (PM) e posterolateral (PL) eram efetivas e bastavam para medir o proposto [8]. O teste foi executado com o atleta avaliado, descalço, e em pé no centro de três linhas colo- cadas no chão (Figura 01), é importante salientar que o membro inferior a ser avaliado é o que se mantém fixo no solo, e não o que se move em diferentes direções. As linhas foram construídas no solo com fitas métricas de 150 centímetros, de diferentes cores e demarcadas com sua respectiva posição, fixadas ao chão com fita adesiva larga para evitar alterações durante os testes. Para a execução do teste, o atleta se manti- nha em pé sobre uma perna, enquanto tentava, com a outra, alcançar a maior distância possí- vel ao longo da fita escolhida. O participante tocava com a parte mais distante do pé, o pon- to mais longe possível na fita, de forma leve sem que a perna estendida pudesse dar apoio considerável na manutenção da posição em pé. Após o toque, o atleta retornava para a po- sição inicial mantendo o equilíbrio, enquanto o pesquisador anotava a medida na ficha de ava- liação. Após autorização do pesquisador, o atleta poderia prosseguir com o mesmo procedimento nas outras linhas. As medidas do SEBT foram descartadas e repetidas nos casos em que o pesquisador percebia que o pé de alcance dava uma dose considerável de apoio ao tocar o chão, ou quando a atleta le- vantava a perna fixa no chão do centro da grade, ou ainda quando perdia o equilíbrio em qualquer ponto durante a execução do teste. Uma demonstração verbal e visual do proce- dimento do teste foi realizada pelo pesquisador para todo o grupo e para cada atleta caso fosse necessário. Todas as medidas alcançadas pelos atletas e validadas pelo pesquisador eram anotadas na ficha de avaliação do respectivo atleta. A média das três medidas alcançadas em cada uma das três direções foi calculada para realizar as análises estatísticas das avaliações de cada um dos 11 atletas participantes. Os equipamentos necessários para a reali- zação do SEBT foram três fitas métricas, um transferidor de 360º e fitas adesivas, além de uma prancheta e caneta para anotações. Figura 1 - Atleta realizando a direção Posteromedial (PM) do Star Excursion Balance Test (SEBT). 7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 Procedimento O programa de intervenção foi aplicado uma vez por semana, durante oito semanas, tendo duração média de 30 minutos e sendo realizado antes do trabalho técnico e tático da equipe. Para a realização dos treinamentos, os atletas deveriam estar descalços e não terem realizado exercícios de musculação até 60 minutos antes das atividades. O protocolo de treinamento foi composto por 20 atividades proprioceptivas, adaptadas de exercícios sugeridos por Araújo, Merlo e Moreira [10], Bonetti e Coelho [11], Kloss e Givens [12], Sheth, Yu, Laskowski e An [13] e Verhagen, van der Beek, Twisk, Bouter, Bahr e van Mechelen [14]. Os exercícios eram de diferentes graus de dificuldade, aplicados nos atletas de forma pro- gressiva e só passando à próxima atividade quando todos não apresentassem mais dificuldades em executá-los. Os materiais utilizados no protocolo de trei- namento foram bolas, almofadas, colchonetes e panos, além da própria quadra de futsal, utilizada como ambiente de treinamento. Análise estatística Para a análise e interpretação dos dados obtidos foi utilizada a estatística descritiva com medidas de tendência central (média) e dispersão (desvio-padrão). O teste Shapiro-Wilk demons- trou normalidade entre as variáveis investigadas,optando-se assim pelos testes paramétricos. O comparativo das amostras se deu pelo teste de post-hoc de Tukey comparações múltiplas, com nível de confiança de 95%. Resultados Os atletas estudados apresentaram idade mé- dia de 25,8 ± 13 anos, massa corporal média de 78,0 ± 24 kg, e estatura média 179,5 ± 24 cm, com esses dois dados foi possível determinar o IMC médio do grupo, com valor de 24,2 ± 6,4 kg/m². Dos 11 atletas, 9 (81%) relataram ter o membro inferior direito como dominante, e 2 (19%) o esquerdo. Apenas 3 (27,2%) indivíduos conheciam o treinamento proprioceptivo, 1 (9%) já tinha ouvido falar e 7 (63,6%) não conheciam este tipo de treinamento. Através da Tabela I é possível afirmar que a média da direção Anterior pré-treinamento foi de 65,6 ± 8,3 cm, e pós-treinamento de 70,6 ± 8,3 cm; na direção Posterolateral pré-treinamento foi de 83,8 ± 14,9 cm, e pós-treinamento de 92,4 ± 11,4 cm; e na direção Posteromedial pré- trei- namento foi de 87,8 ± cm, e pós-treinamento de 98,3 ± cm. Na Figura 2, apresenta-se a média das distân- cias atingidas pelos atletas na direção Anterior (A). Observa-se que nesta direção apenas o atleta 5 não obteve melhora após a intervenção, passando de 64,7 cm para 59,3 cm. O atleta 1 foi o que obteve maior evolução, passando de 56,7 cm para 67,3 cm, um aumento de 10,7 cm. Na Figura 3, apresenta-se a média das distân- cias atingidas pelos atletas na direção Posterome- dial (PM). Observa-se que nesta direção todos os atletas obtiveram evolução, contudo o atleta 9 merece destaque por seu grande desempenho, passando de 76,3 cm para 98,7 cm, um aumento de 22,3 cm. Tabela I - Tabela comparativa entre pré e pós-treinamento (n =11). Fatores Comparados Medida1 (cm) Medida2 (cm) Δ (cm) Δ% p Anterior pré – Anterior pós 65,6 ± 8,3 70,6 ± 8,3 5,0 7,6% 0,908 Posterolateral pré – Posterolateral pós 83,8 ± 14,9 92,4 ± 11,4 8,6 10,3% 0,490 Posteromedial pré – Posteromedial pós 87,8 ± 11,6 98,3 ± 13,8 10,5 12,0% 0,268 Os dados estão apresentados na forma de média ± desvio padrão. Medida1 = Primeira medida; Medida2 = Segunda medida; Δ = Diferença absoluta entre a Medida1 e a Medida2; Δ% = Diferença relativa entre a Medida1 e a Medida2; p = Nível de significância. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 18 Figura 2 - Distância média atingida pelos atletas na direção Anterior (A). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 D is tâ nc ia a tin gi da ( cm ) Atletas Direção Anterior (A) Pré treinamento Pós treinamento Figura 3 - Distância média atingida pelos atletas na direção Posteromedial (PM). 0 20 40 60 80 100 120 140 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 D is tâ nc ia a tin gi da ( cm ) Atletas Direção Posteromedial (PM) Pré treinamento Pós treinamento Na Figura 4, apresenta-se a média das distân- cias atingidas pelos atletas na direção Posterola- teral (PL). Observa-se que nesta direção apenas o atleta 3 não obteve melhora após a intervenção, passando de 96,7 cm para 91,7 cm. Já o atleta 9 obteve novamente maior evolução, passando de 60,0 cm para 80,0 cm, um aumento de 20,0 cm. Figura 4 - Distância média atingida pelos atletas na direção Posterolateral (PL). 0 20 40 60 80 100 120 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 D is tâ nc ia a tin gi da ( cm ) Atletas Direção Posterolateral (PL) Pré treinamento Pós treinamento Discussão Este estudo buscou analisar a influência de um protocolo de treinamento proprioceptivo no controle postural e equilíbrio em atletas adultos de futsal masculino, em que o treinamento proposto mostrou-se eficaz no incremento destas valências nos atletas avaliados através do SEBT, teste que demonstrou ser atual, de fácil manuseio, não instrumental e com uma relação custo-benefício satisfatória. Essa foi a mesma impressão encontra- da por Hertel, Braham, Hale e Olmsted-Kramer [8], que ao analisarem voluntários com e sem instabilidade crônica de tornozelo, obtiveram resultados quantitativos. Os resultados encontrados vão de encontro aos relatos da literatura de que o treinamento proprioceptivo pode aprimorar o equilíbrio e o controle postural, favorecendo a estabilidade cor- poral através de menores deslocamentos do centro de pressão, e/ou com a sua recuperação de maneira mais rápida [15-17]. Lemos [15] afirma que, por meio da reeducação das reações de proteção obti- das através do treino proprioceptivo, o indivíduo consegue melhorar a recuperação do equilíbrio, retornando mais facilmente ao eixo normal da articulação em um curto espaço de tempo. Estudos que analisam a prevalência de lesões em atletas de futsal apontam para a alta incidência de entorses em articulações como joelho e torno- zelo [1]. O tornozelo é uma das articulações mais frequentemente lesadas, pois atende ambas as demandas, a estabilidade e a mobilidade. Contu- do, se alguma de suas estruturas de suporte sofrer uma lesão, essa articulação pode se tornar bastante instável e comprometer o equilíbrio e o controle corporal do atleta, levando a quedas e/ou a lesões mais graves como a entorse [18]. Nos esportes de velocidade e alto impacto como o futsal, é de grande importância que os receptores proprioceptivos estejam aptos a res- ponder de forma rápida e objetiva aos estímulos provenientes do movimento e da postura. Os programas de treinamento proprioceptivo pro- duzem uma diminuição no tempo da resposta muscular dos atletas que se tornam mais hábeis para um desempenho rápido e inesperado nos movimentos utilizados no esporte [10]. Sendo assim, o sistema proprioceptivo estará preparado 9Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 para reconhecer e responder mais rapidamente às situações de estresse. Sheth et al. [13] também afirmam que um treinamento proprioceptivo proporciona, além de maior estabilidade no tornozelo, maior economia no consumo de oxigênio e de energia por esses músculos, podendo melhorar assim o desempe- nho em atividades esportivas. Dessa forma, o treino proprioceptivo é um importante método de preparação de atletas, não só do futsal, com o objetivo fundamental de prevenir lesões, e secun- dariamente, a melhora do desempenho motor. O estudo de Mohammadi [19] avaliou 80 atletas masculinos de futebol com histórico de inversão de tornozelos. Os sujeitos foram dividi- dos em três grupos para participar de programas preventivos de reincidência de lesões. Os pro- tocolos em cada grupo foram: proprioceptivo, de força, com uso de órteses, além de um grupo controle. Os resultados mostraram que apenas o treino proprioceptivo diferenciou-se do grupo controle, reduzindo a frequência das inversões da articulação e demonstrando um aumento da força nos músculos, melhor controle postural e percepção corporal. De maneira semelhante, Mandelbaun [20], a partir da utilização de um programa de treina- mento proprioceptivo em jogadoras de futebol, observou a redução no índice de lesões do liga- mento cruzado anterior do joelho decorrentes de lesões em 88% no primeiro ano, e de 74% no se- gundo ano de aplicação do treino proprioceptivo, quando comparado ao grupo controle. Conforme o autor, este resultado deve-se ao trabalho pro- prioceptivo, que contribui para a prevenção das lesões de joelho. Os achados dos estudos citados anteriormente reafirmam a importância desse treinamento na prevenção das lesões decorrentes da prática do futsal [19,20]. Por fim, a duração do treinamento proprio- ceptivo tem sido documentada em quatro [4], oito [13], dez [21] semanas e doze meses [20]. Assim sugere-se que um programa de treinamento desta natureza tenha pelo menos dez semanas de duração, podendo ser realizado durante todo o período competitivo, e devendo ser utilizado 45 minutos semanais deste trabalho. Os exercícios do protocolo podem sofrer variações de acordo com indicações médicas, idade ou sexo [22]. Conclusão A partir dos resultados encontradosneste estudo, pode-se concluir que o treinamento pro- prioceptivo específico favorece tanto a melhora do equilíbrio e do controle postural quanto a prevenção de lesões corporais dos praticantes, bem como melhora nas distâncias alcançadas nas três principais direções, Anterior, Posteromedial e Posterolateral do SEBT. Além disso, o pouco conhecimento sobre tra- balhos proprioceptivos pelos atletas participantes do estudo demonstra que este tipo de treinamento não era incorporado efetivamente nas rotinas de treinamento físico da equipe. Em vista desses achados, sugere-se que pro- tocolos proprioceptivos sejam aplicados durante períodos e amostras maiores, com participação de grupo controle, para que se possa futuramente padronizar períodos e técnicas mais efetivas para este tipo de treinamento. Deve-se, portanto, investir mais em estudos sobre propriocepção e trabalhos proprioceptivos no esporte, uma área ainda pouco investigada na literatura brasileira se comparada a outros métodos, porém com uma grande perspectiva e ascensão na área desportiva. Agradecimentos O presente estudo foi realizado com o apoio da Universidade da Região de Joinville, da Associação Atlética Tupy de Joinville e do Professor Fabrício Faitarone Brasilino. Referências 1. Kurata DM, Junior JM, Nowotny JP. 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ARTIGO ORIGINAL Avaliação do nível de atividade física e composição corporal de funcionários de setores adminstrativos Assessment of activity physical level and body composition of administrative employees Eucleiton Neres Brito*, Fernando Rodrigues Peixoto Quaresma**, Erica da Silva Maciel, D.Sc.*** *Bacharel em Educação Física pelo CEULP/ULBRA e Pós-Graduando em fisiologia do exercício e nutrição esportiva pela faculdade Laboro, **Doutorando Faculdade de Medicina do ABC, ***Profissional de Educação Física, Professora do Curso de Educação Física do CEULP/ULBRA Resumo Objetivo: Avaliar o Nível de Atividade Física (NAF) e a Composição Corporal (CC) dos funcionários do setor administrativo do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP-ULBRA). Métodos: Questionário Internacional do Nível de Atividade Física, versão curta e semanal (IPAQ), para classificação do NAF; o Índice de Massa Corporal (IMC) para classificar quanto ao es- tado nutricional; Perímetro Abdominal (PA) para iden- tificar o risco de complicações metabólicas; avaliação da composição corporal pelo aparelho de Bioimpedância Elétrica (BIA) para mensurar a massa magra e massa gorda. Resultados: A pesquisa foi constituída por 28 voluntários, dos quais 50% foram classificados como ativos fisicamente e 21,42% como sedentários; quanto ao seu estado nutricional, 60,71% estiveram dentro da faixa normal do IMC e 32,15% foram identificados com sobrepeso; quanto ao PA, 71,42% se encontraram abaixo do ponto de corte e 28,58% ficaram acima do ponto de corte; quanto à composição corporal encon- trou-se uma média de 22,04% de gordura corporal no sexo masculino e 31,10% no sexo feminino, acima do ideal para ambos os sexos. Conclusão: A maioria dos pesquisados encontraram-se dentro dos padrões estabelecidos para a manutenção da saúde, mas cabe ressaltar que um percentual relevante de pessoas está em situações que podem vir a prejudicar a sua saúde, pois se tornam mais susceptíveis às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Palavras-chave: nível de atividade física, composição corporal, doenças crônicas não transmissíveis. Recebido em 2 de fevereiro de 2015; aceito em 12 de junho de 2015. Endereço para correspondência: Eucleiton Neres Brito, Rua 16, Quadra 61, Lote 04, Aureny 04, 77060- 028 Tocantins PA, E-mail: eucleitonneres@hotmail.com Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 112 Introdução As mudanças ocorridas nos perfis de mor- bimortalidade nas últimas décadas geraram crescente aumento em pesquisas científicas asso- ciadas às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), identificando o sedentarismo como um fator de risco para essas doenças e apresen- tando um grande número de pessoas com essa classificação em diversos países do mundo [1]. Estudos epidemiológicos indicam que boa parte da população atual não atinge as recomendações quanto à prática deatividades físicas diárias para a manutenção da saúde, destacando uma alta presença do sedentarismo [1,2]. Essa identificação da falta de atividade física associa-se a hábitos e estilos de vida do mundo moderno, onde há um elevado consumo de alimentos calóricos, o que pode levar a um aumento e acúmulo de gordura corporal. Como consequência aumenta o número de pessoas com sobrepeso e obesidade, conforme identificado em estudo americano que, nas décadas de 60, 70 e 80, houve um aumento na obesidade tanto em crian- ças como em jovens e adultos [3,4]. No Brasil, observa-se ao comparar os estudos realizados pelo Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), em 1975, e pela Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Nutrição (PNSN), em 1989, na população adulta, que houve um aumento dentro deste período de 56,3% nos homens e 39,7% nas mulheres em relação ao sobrepeso, e 92,0% nos homens e 69,6% nas mulheres em relação à obesidade [5]. Dessa forma, o aumento do sobrepeso e obe- sidade tanto em país desenvolvido quanto em desenvolvimento, tem se tornado uma epidemia global caracterizado tanto pela maior presença de alimentos disponíveis e seu consumo em demasia, como pela redução ou mesmo a não prática da atividade física regular, o que colabora para o aumento das DCNT que afetam cada vez mais as diferentes sociedades do mundo [4]. A identificação do sedentarismo como um fator de risco para o surgimento de doenças já foi identificado e a prática de atividade física regular pode ser um fator preventivo para a reversão desse quadro. Assim é importante verificar o estado que um determinado grupo se encontra relacionan- do as variáveis de composição corporal e quais os possíveis meios de intervenção que podem ser utilizados em grupos específicos de forma a promover a saúde por meio da atividade física. Material e métodos A pesquisa foi estruturada em caráter des- critivo do tipo transversal com amostragem não probabilística por conveniência [6]. Foi realizada a partir de levantamento de dados obtidos da pesquisa do Programa de Iniciação Cientifica e Tecnológica (PROICT) do CEULP- ULBRA do curso de Bacharel em Educação Física com tema: Avaliação do nível de atividade física, do estado nutricional e da percepção da qualidade Abstract Objective: To evaluate the Physical Activity Level (PAL) and Body Composition (BC) of employees in the administrative sector of the Lutheran University Center Palmas (CEULP-ULBRA). Methods: Interna- tional Survey of physical activity level, short and weekly version (IPAQ) to NAF classification, Body Mass Index (BMI) to classify the nutritional status, Abdo- minal Perimeter (AP) to identify the risk of metabolic complications, assessment of body composition by bioelectrical impedance device (BIA) to measure lean body mass and fat mass. Results: The study included 28 volunteers, 50% were classified as physically active and 21.42% as sedentary; regarding their nutritional status, 60.71% were included in the normal BMI group and 32.15% were overweighted; regarding the AP, 71.42% were all below the cut-off point and 28.58% were above the cut-off point; regarding the body composition an average of 22.04% in body fat in males and 31.10% in females were found, over the ideal weight for both sexes. Conclusion: Most of the interviewed were within the standards established to maintain health, but it is noteworthy that a significant percentage of people are in situations that may harm their health as they beco- me more susceptible to Chronic Non-communicable Diseases (NCDs). Key-words: physical activity, body composition, chronic non-communicable diseases. 13Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 de vida da comunidade universitária do CEULP- -ULBRA. Aprovado pelo comitê de ética (CAAE: 07867612.4.0000.5516). Oitenta e três funcio- nários maiores de idade do setor administrativo foram convidados a participar voluntariamente da pesquisa, dos quais 33,7% corresponderam ao total de participantes. O local de realização foi na instituição de ensino superior Centro Universitário Luterano do Brasil no campus de Palmas/TO. O período de realização ocorreu no segundo semestre de 2013. O programa estatís- tico utilizado foi SPSS 15.0. Para obtenção dos dados foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão 8, forma curta e semanal para classificar quanto ao NAF, possuindo quatro níveis de classificação, sedentário, irregularmente ativo, ativos e muito ativos [7]. Composição corporal para mensurar as variáveis, Estatura (es- tadiômetro de parede Seca 206) e Peso (balança digital Helthmeter, devidamente aferida) para verificar o IMC sob a fórmula peso/estatura² utilizando a classificação da Word Health Orga- nization (WHO) para adultos de ambos os sexos. O PA foi aferido através da fita métrica modelo GULICK para estimar o risco associa- do à gordura visceral utilizado no Brasil para identificação de complicações metabólicas. O PA foi tomado no maior perímetro do abdômen entre o rebordo costal e a crista ilíaca, seguindo a recomendação da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), assim como a classificação de corte, ≥ 94 cm e ≥ 80 cm, para homens e mulheres respectivamente [8]. O percentual de gordura corporal e massa magra pelo método de Bioimpedância elétrica utilizando o aparelho da marca Biodynamics BIA 310. O analisador de BIA contém quatro eletrodos, dos quais dois condutores foram fi- xados na mão e no pé, e dois receptores fixados no punho e no tornozelo do lado direito do corpo do avaliado, após desinfecção da pele por um algodão embebido em álcool para estimar a gordura corporal e massa livre de gordura. As seguintes orientações foram repassadas em um folder informativo, em dia anterior ao teste via mensagem de texto para serem seguidas pelos avaliados para o não comprometimento dos resultados conforme o manual: 1) evitar o consumo de álcool e cafeína (café, chá, cho- colate) 24 horas antes do teste; 2) Não realizar atividade física intensa e evitar refeição pesada 4 horas antes do teste; 3) Suspender medicação diurética 24 horas antes do teste, exceto no caso de indivíduos hipertensos, que devem estar sob rigoroso controle médico [9]. Todos os dados an- tropométricos foram coletados pela manhã com os voluntários ainda em jejum. A Biodynamics fornecia o percentual de gordura diretamente de equações já programadas pelo fabricante no próprio aparelho. Resultados Participaram da pesquisa voluntariamente 13 homens e 15 mulheres totalizando 28 indivídu- os com média de idade de 28 ± 9,64 anos. Na Tabela I identifica o NAF, sendo os valores mais expressivos, os indivíduos de classificação ativa com 50% e sedentário com 21,42%. A Tabela II classifica quanto ao estado nutri- cional pelo IMC, onde se encontram em peso normal 60,71% e com sobrepeso 32,15 %, dos dados mais expressivos. Na Tabela III o PA está separado por gêneros: 76,93 % dos homens se encontram abaixo do ponto de corte e 66,67 % das mulheres. No total dos pesquisados sem classificar por gênero, 71,42% se encontraram abaixo do ponto de corte e 28,58% ficaram acima do ponto de corte. A composição de massa gorda e massa magra na Tabela IV estão apresentadas em mé- dias separadas por gêneros. Foi encontrada uma média de 22,04 ± 12,16 % no sexo masculino e 31,10 ± 6,5 %no sexo feminino de gordura. Quanto à massa magra, 58,8 ± 8,78 kg para homens e 40,44 ± 7,23 kg para mulheres. Tabela I - Descrição do nível de atividade física dos participantes da pesquisa, Palmas/ TO, 2013. Classificação Nº Indivíduos % Sedentários 6 21,42 Irregularmente ativos 4 14,29 Ativos 14 50,00 Muito ativo 4 14,29 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 114 Tabela II - Estado nutricional dos participantes da pesquisa, Palmas/ TO, 2013. Classificação Nº Indivíduos %Abaixo do peso 1 3,57 Peso normal 17 60,71 Sobrepeso 9 32,15 Obeso 1 3,57 Discussão Estudo realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) apud Hallal et al. [1], relacionado à prática de atividade física, identificou que na maioria das capitais do país foram encontradas prevalências de sedentarismo que variou de 28% a 55%. Em um inquérito, realizado por Malta et al. [10] em população adulta de capitais brasileiras mais o Distrito Federal, identificou-se que 29% da população adulta pesquisada foram classificados como sedentários com maior incidência no sexo masculino. Em pesquisa realizada com estudan- tes da área da saúde da Universidade de Brasília (UNB) encontrou-se uma alta presença de seden- tarismo chegando a 65,5% dos pesquisados [2]. Comparando com o presente estudo, pode- -se perceber que os pesquisados encontraram-se abaixo do valor máximo encontrado no estudo do INCA e dos estudantes da UNB quanto ao índice de sedentarismo, e ocorre uma proximidade do estudo realizado por Malta et. al. [10]. Confrontando esses achados com os dados deste estudo, a maioria dos voluntários parti- cipantes são ativos fisicamente (50%) cabendo concluir que este percentual é muito baixo. Mesmo se unirmos os grupos dos ativos e muito ativos, notamos que 64,29% alcançaram o míni- mo necessário de atividades físicas semanais (150 min/semana) para a manutenção da saúde quanto ao NAF. Os grupos dos sedentários e irregular- mente ativos somados correspondem a um total de 35,71% identificando que uma quantidade considerável dos pesquisados não alcançam o mínimo necessário de atividade física semanal para a manutenção de sua saúde relacionada à prática regular de atividade física. Segundo Fiatarone-Singh apud Matsudo [11], em estudos transversais, quando analisados sujei- tos classificados como ativos fisicamente, verifica- -se que possuem baixo percentual de gordura, menor peso corporal, índice de massa corporal, e relação cintura quadril menores do que indivíduos de mesma idade sedentários. Neste estudo, quanto ao percentual de gordura dos avaliados e o ideal indicado pelo aparelho de BIA de acordo com o sexo e idade dos indivíduos, observou-se que os homens apresentam média de 22,04% ± 12,16, ou seja, acima do considerado adequado que seria de 16%, não identificando relação direta entre os indivíduos serem ativos e possuírem índices menores na composição corpo- ral como explanado acima pelo autor [11]. Nas mulheres, encontrou-se uma média do percentual de 31,10 ± 6,5%, identificando que mesmo com o desvio padrão nenhuma delas estaria com o peso adequado de 20% de massa gorda para o sexo e idade segundo a BIA, mesmo que duas Tabela III - Perímetro abdominal dos participantes da pesquisa, Palmas/ TO, 2013. Gênero (corte) Abaixo do ponto de corte % Acima do ponto de corte % % total por gênero Masculino (≥ 94) 10 76,93 3 23,07 100 Feminino (≥ 80) 10 66,67 5 33,33 100 Total 20 8 Tabela IV - Composição corporal dos participantes da pesquisa, Palmas/ TO, 2013. Variáveis Gênero Masculino DP Feminino DP % de gordura 22,04 12,16 31,10 6,5 Peso de gordura corporal (kg) 17,76 11,10 18,48 5,63 Peso de massa magra (kg) 58,8 8,78 40,44 7,23 Taxa metabólica basal 1787,54 266,6 1229,73 219,83 15Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 delas consideradas muito ativas e 8 como ativas não alcançaram o percentual recomendado, não identificando assim no sexo feminino também relação direta entre o NAF e a composição cor- poral quanto ao percentual de gordura do corpo. No estado nutricional, identificou-se, por meio do IMC, que a maioria (60,71%) foi clas- sificada dentro do peso normal e 32,15% estão com sobrepeso. Podemos perceber que estes da- dos identificam uma quantidade importante de indivíduos com sobrepeso e um obeso, os quais somados chegam a 35,72% do total, concluindo que estes indivíduos podem ter complicações de saúde pelo excesso de massa corporal segundo a classificação da WHO. Em estudo, comparando os resultados dos inquéritos brasileiros sobre estado nutricional de base nacional o ENDEF e PNSN, identificou-se que em todas as regiões a situação de excesso de peso foi considerada grave. Verificando situação crítica na região Sul, com 34% em homens e 43% em mulheres com estado de sobrepeso, e não menos grave as outras regiões possuem alto índice, no sudeste 36%, norte 34%, centro-oeste 31% e nordeste 24% com prevalência de excesso de peso em nível nacional maior em mulheres do que em homens sendo 38% e 27% respecti- vamente [5,12]. Alguns desses dados, apesar de estarem divi- didos por sexo, podemos perceber que a proximi- dade aos encontrados em nosso estudo, 32,14% classificados com sobrepeso corroborando ainda com os resultados descritos por outros estudos [13,14]. No PA foi identificado que 71,42% se encon- travam abaixo do ponto de corte e 28,58% acima nos valores totais independente dos gêneros. Ape- sar de o IMC ser elevado em proporções impor- tantes, a maioria dos participantes está com um PA adequado, minimizando assim as chances de terem complicações metabólicas e o surgimento de DCNT (principalmente as cardiovasculares) relacionadas ao excesso de gordura visceral. Os voluntários que estão acima do ponto de corte estão mais susceptíveis a desenvolver complicações metabólicas, e como o PA é uma variável altamen- te influenciada pela prática de atividade física sua alteração pode ser resultado da participação em programas de atividade física para minimizar ou reverter o risco. Este estado de risco é ainda maior quando associado a IMC em estado de sobrepeso ou superior e PA elevado [8]. A baixa adesão de voluntários na pesquisa limitou uma possível identificação do grupo analisado para que se pudessem generalizar as características quanto as variáveis coletadas, visto que somente 33,7% do total estipulado partici- param. Esta dificuldade de participantes pode ter ocorrido devido à distância entre o local de serviço dos participantes e o laboratório de fisiologia do exercício preparado para a coleta das medidas antropométricas e de BIA, horários da coleta que coincidiam com o início da jornada de trabalho e o período de retorno às aulas do semestre, período que os funcionários são mais exigidos em seus postos de trabalhos. Conclusão O presente estudo identificou que a maioria dos pesquisados encontra-se dentro dos padrões estabelecidos para a manutenção da saúde, mas cabe ressaltar que um percentual relevante de pessoas tanto no NAF, IMC, PA e na composição de gordura corporal estão em situações que po- dem vir a prejudicar a sua saúde, pois se tornam mais susceptíveis as DCNT. Face ao exposto, é importante salientar a necessidade de mais estudos que identifiquem as variáveis aqui apresentadas em comunidades jovens e produtivas, visando à elaboração de ações preventivas e de promoção da saúde em grupos específicos. Agradecimentos Este artigo foi subsidiado pelo Programa de Iniciação Científica (PROICT) do Centro Uni- versitário Luterano de Palmas/TO (CEULP), com bolsa de estudos, fornecimento de espaço físico e de maioria dos equipamentos necessários para coleta dos dados da pesquisa. Referências 1. Hallal PC, Dumith SC, Bastos JP, Reichert FF, Siqueira FV, Azevedo MR. Evolução da pesquisa epidemiológica em atividade física no Brasil: revisão de sistemática. Rev Saúde Pública 2007;41:453-60. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 116 2. Marcondelli P, Costa THM, Schmitz BAS. Nível de atividade física e hábitos alimentares de univer- sitários do 3º e 5º semestres da área da saúde. Rev Nutr 2008;20:39-48. 3. 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ARTIGO ORIGINAL Comportamentos de risco à saúde em escolares Health risk behaviors in students Kesley Pablo Morais de Azevedo*, Isis Kelly dos Santos*, Epaminondas Carlos de Andrade Neto*, Rianne Soares Pinto**, Victor Hugo de Oliveira Segundo***, Maria Irany Knackfuss, D.Sc.****, Humberto Jefferson de Medeiros, D.Sc.**** *Graduação em Licenciatura em Educação Física, Programa de Pós Graduação em Saúde e Sociedade (PPGSS), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), **Graduada em Nutrição, pela Universidade Potiguar (UNP), Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade (PPGSS), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), ***Graduação em Bacharelado em Educação Física, pela Universidade Potiguar (UNP), Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade (PPGSS), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), ****Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade (PPGSS), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) Resumo Este estudo teve como objetivo analisar os com- portamentos de risco à saúde em escolares. Esta é uma pesquisa de cunho descritivo com coorte transversal cuja amostra foi composta por 219 escolares, de ambos os sexos, idade entre 15 e 19 anos, que estavam matri- culados no ensino médio na Escola Estadual Professor Abel Coelho. Como instrumento de medida foi utiliza- do o questionário denominado Comportamentos dos Adolescentes Catarinenses, que identifica a prática de atividades físicas, comportamentos sedentários, hábitos alimentares, consumo de álcool e tabaco e percepção de saúde e comportamento preventivo. Utilizou-se o teste qui-quadrado (χ²), para comparar as frequências em ambos os sexos, adotando um nível de confiança de 95%, com p < 0,05. Os adolescentes apresentaram altas frequências para comportamentos de risco como ser irregularmente ativo (42,9%), hábitos alimentares irregulares (55,3%), uso de álcool (13,2%), envolvi- mento em brigas (27,4%) e o não uso de preservativos (15,5%). Foram encontradas diferenças significativas entre os sexos nas variáveis de inatividade física e o não uso de preservativos. Permitindo-nos concluir que os adolescentes apresentaram alta prevalência de comportamentos de risco à saúde. Palavras-chave: estilo de vida, fatores associados, atividade física, saúde do escolar. Recebido em 28 de junho de 2015; aceito em 30 de junho de 2015. Endereço para correspondência: Humberto Jefferson de Medeiros, Rua Ligia Maria do Rêgo, 350/203, Residencial Spazzio de Leone, Bairro Nova Betânia, 59607470 Mossoró RN, E-mail: hjmbeto@gmail.com, kesley_pablo@hotmail.com Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 118 Introdução A saúde pública em sua multidimensionalida- de abrange vários setores e serviços básicos para a população. No contexto escolar muitas particu- laridades de crianças, adolescentes e adultos são detectadas, principalmente quando nos referimos a comportamentos inerentes à execução de ações preventivas [1,2]. Os comportamentos de risco à saúde percebi- dos em adolescentes estão ligados a fatores como a inatividade física, hábitos alimentares, prevalência do uso de álcool e tabaco e os comportamentos preventivos. A aquisição de hábitos não saudáveis pode ocasionar o aparecimento de doenças crôni- cas transmissíveis e não transmissíveis. Preocupan- do-se com tal situação, diversos estudos trataram de analisar estes comportamentos em adolescentes e, em alguns estudos, os mesmos apresentaram mais de dois fatores de risco à saúde [3,4]. Pesquisas científicas vêm evidenciando que a prática de atividades físicas está diretamente rela- cionada a comportamentos associados à saúde, em que os praticantes adquirem hábitos saudáveis e, consequentemente, percebem e agem conscientes sobre os fatores associados que prejudicam a sua saúde assim como sua qualidade de vida [4-6]. A prática de atividades físicas e a aquisição de hábi- tos saudáveis são aspectos influenciadores em seu bem-estar físico, social, afetivo e emocional [7]. Com base nisso, não há evidências sobre as prevalências de comportamentos de risco em adolescentes da região semiárida do nordeste brasileiro. Ainda sobre isso, nota-se que há neces- sidade de pesquisas que tratem dos fatores de risco que associados compõem os comportamentos de risco à saúde, em caráter especial em escolares, os quais podem ter características de um subgrupo de risco [8,9]. Partindo desse pressuposto, faz-se necessário analisar os comportamentos de risco à saúde em escolares da rede pública da cidade de Mossoró/ RN. Material e métodos Estudo de cunho descritivo com coorte trans- versal foi realizado com escolares do ensino médio da rede pública de ensino de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, localizado na região Nordeste do Brasil. A Escola Estadual Professor Abel Freire Co- elho foi escolhida por ter o maior número de alunos matriculados no ensino médio dentre os cinco polos regionais, segundo a 12ª Diretoria Regional Educação Cultura e Desportos (Dired). Tendo como base uma população de 1113 alunos, calculou-se o tamanho amostral através do software Sample Size Calculator com um nível de confiança de 95% e 5% de significância. A amostra final foi definida em 219, sendo 106 do sexo masculino e 113 do sexo feminino na faixa etária de 15 a 19 anos. Os escolares foram informados, através do Termo de Consentimento Abstract This study aimed to analyze health risk behaviors in students. This was a descriptive research with trans- versal cohort comprising a sample of 219 students of both genders, from 15 to 19 years old, enrolled in high school at the Escola Estadual Professor Abel Coelho. The measurement instrument used was a questionnaire called Behaviors of Adolescents Catarinenses, which identifies the physical activity, sedentary behavior, eating habits, alcohol consumption and tobacco and perception of health and preventive behavior. We used to Komolgorov Smirnov test to checkthe normality of the data with a confidence level of 95%, p > 0.05 and the chi-square test (χ²), to compare the frequencies in both genders. The adolescents showed a high fre- quency of risk behaviors such as being irregularly active (42.%) having irregular eating habits (55.3%), alcohol use (13.2%), involvement in fights (27.4%), and no use of condoms (15.5%). Significant differences were observed between genders for the variables of physical inactivity and no use of condoms. We concluded that the adolescents showed a high prevalence of health risk behaviors. Key-words: life style, associated factors, physical activity, school health. 19Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 Livre e Esclarecido (TCLE), sobre os procedi- mentos metodológicos e a participação deles no trabalho. Como instrumento de medida foi utilizado o questionário “Comportamentos dos Ado- lescentes Catarinenses (COMPAC)” [10]. O questionário é subdividido por blocos, contendo dados relacionados às variáveis demográficas e socioeconômicas; o nível de atividade física dos escolares, e identificado através de questões direcionadas aos tipos de atividades realizadas, duração e intensidade; a percepção do ambiente escolar e da disciplina Educação Física; hábitos alimentares; prevalência do uso de álcool e ta- baco e a percepção de saúde e comportamentos preventivos. Os critérios de classificação para o nível de atividade física foram os seguintes: aqueles que atingissem uma frequência semanal (dias por semana) e tempo de prática (minutos por dia) de atividades físicas moderadas/vigorosas (esportes, atividades de lazer, atividades domésticas, deslo- camento ativo) maior ou igual a 300 minutos por semana classificaram-se como ativos, por outro lado, menor que 300 minutos como irregular- mente ativo. Para os hábitos alimentares, foram classificados como dieta irregular aqueles com uma frequência de consumo de frutas e verduras durante uma semana típica (dias por semana) menor que 4 dias por semana [10]. Os dados foram processados no programa Microsoft Excel 2007 e as análises realizadas no programa SPSS versão 20.0. Calcularam-se frequências simples, estimando-se as propor- ções de comportamentos de risco, segundo o sexo e por categoria de variável. As diferenças de proporções foram testadas por meio do Qui-quadrado (χ2), adotando-se nível de sig- nificância p < 0,05. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estado do Rio Grande do Norte sob o parecer nº 668.331. Resultados Dos 219 alunos pesquisados, 183 (83,6%) correspondiam a faixa etária entre 15 e 17 anos (M = 88 e F = 95) e 36 alunos encontravam-se na faixa etária de 18 a 19 anos (M = 18 e F = 18). Um total de 95,4% dos alunos reside na área urbana da cidade de Mossoró/RN, (64) 4% dos alunos possuem renda familiar menor ou igual a R$ 1.000,00 e 35,6% acima do valor citado. Os mesmos encontraram-se distribuídos em 1ª série do ensino médio com 69 alunos (31,5%), 2ª série com 68 (31,1%) e 3ª série com 82 (37,4%) (Tabela I). Nesta perspectiva, falamos da proporção de alunos com um nível de atividade física classifi- cado como irregularmente ativo. Na tabela II, nos Tabela I - Características demográficas e socioeconômicas dos adolescentes do ensino médio da rede estadual de Mossoró/RN, 2014. Variável Total Feminino Masculino No. % No. % No. % Idade 15 a 17 anos 183 83,6 95 51,9 88 48,1 18 a 19 anos 36 16,4 18 50 18 50 Série de Ensino 1º Ano 69 31,5 31 44,9 38 55,1 2º Ano 68 31,1 34 50 34 50 3º Ano 82 37,4 48 58,5 34 41,5 Residência Urbana 209 94,5 107 51,2 102 48,8 Rural 10 4,6 6 60 4 40 Renda familiar ≤ R$ 1.000 141 64,4 76 53,9 65 46,1 > R$ 1.000 78 35,6 37 47,4 41 52,6 *p < 0,05 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 120 deparamos com dados preocupantes, visto que 94 (42,9%) alunos pesquisados apresentaram níveis insuficientes, destes 33 (35,1%) correspondem ao sexo masculino e 61 (64,9%) correspondem ao sexo feminino. Houve diferença significativa em ambos os sexos com um valor de (p = 0,01). A presença de hábitos alimentares irregulares foi detectada em 121 alunos (55,3%), destes 59 (48,8%) do sexo masculino e 62 (51,2%) do sexo feminino apresentaram comportamentos indesejáveis a sua saúde. Ao falarmos sobre os comportamentos de risco propriamente ditos, o uso do tabaco foi detectado em 12 alunos (5,5%), fator que obteve um menor índice quando com- parado aos demais. Um quantitativo de 29 alunos fazia uso de álcool, representando um percentual de 13,2%, número preocupante pelo fato de estarmos traba- lhando com uma amostra de 219 alunos. Com re- lação ao número de jovens que se envolveram em brigas nos últimos 12 meses, 60 alunos (27,4%) afirmaram ter esse comportamento. No que se refere ao uso de preservativos, detectou-se que 34 escolares (15,5%) afirmaram o não uso, os quais foram representados por 14 (41,8%) do sexo masculino e 20 (58,2%) do sexo feminino. Sendo assim, percebe-se que houve diferença significativa entre os sexos (p = 0,01). Discussão No que se referem aos indicadores sócio-de- mográficos, de acordo com os resultados obtidos em nossa pesquisa, 64,4% dos escolares possuem uma renda familiar menor que R$ 1.000 por mês. Entretanto, em estudo realizado para descrever a associação entre fatores de condição socioe- conômica e inatividade física, comportamento sedentário e excesso de peso em adolescentes em condição de alistamento militar, os achados diver- gem dos nossos quando grande parte pertencia às famílias com maior renda familiar mensal (> R$ 1.000/mês) [11]. Quanto ao nível de atividade física, identifi- camos que 42,9% dos adolescentes pesquisados foram classificados como irregularmente ativos: 35,1% do sexo masculino e 64,9% feminino. Diante disso, através de pesquisas realizadas em Teresina e Curitiba [12,13], constatamos resulta- dos equivalentes aos nossos quando, em média, os adolescentes estudados do sexo masculino apresentaram um nível de atividade física maior quando comparados ao sexo feminino. Refor- çando os nossos achados, em estudo realizado com intuito de buscar identificar a prevalência e fatores associados a nível insuficiente de prática de atividades físicas e exposição a comportamento sedentário em adolescentes [14], nos chama a atenção para à inatividade física em escolares, uma vez que a maioria dos estudantes (65,1%; IC95% 63,7-66,6) apresentou níveis insuficientes de atividade física. Esses dados se confirmam quando a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) estudo realizado em 2009, nos mostra que a proporção de jovens irregularmente ativos foi de 56,9%, 41,1% pertencentes ao sexo masculino e 62,1% feminino [15]. Visto isso, essa diminuição do tempo destinado a prática de atividades físicas tem sido associado com uma maior probabilidade de se envolver em comportamentos de risco à saúde em adolescentes, independente do gênero [4-7]. Ao tratarmos dos comportamentos de risco à saúde, os nossos resultados quanto aos hábitos Tabela II - Dados referentes aos comportamentos de risco em ambos os sexos dos adolescentes do ensino médio da rede estadual de Mossoró/RN, 2014. Variável Total Masculino Feminino Valor de p No. % No. % No. % Irregularmente ativo 94 42,9 33 35,1 61 64,9 0,01* Dieta irregular 121 55,3 59 48,8 62 51,2 0,91 Uso de tabaco 12 5,5 6 50 6 50 0,91 Consumo de álcool 29 13,2 17 58,6 12 41,4 0,24 Envolvimento em brigas 60 27,4 29 48,3 31 51,7 0,99 Não uso de preservativos 34 15,5 14 41,8 20 58,2 0,01* *p < 0,05 21Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - ano 2016 - volume 15 - número 1 alimentares nos mostram que cerca de 55,3% adolescentes praticam uma dieta irregular. Fatos esses que se assemelham com estudo realizado que investigaram os hábitos alimentares em escolares, apresentando prevalência de 46,5% com baixo consumo de frutas e verduras [4,16],este é um padrão alimentar não usual que tem relações às práticas danosas para o controle de peso. Com relação ao uso de tabaco, nossos resulta- dos apontaram para uma baixa representatividade de 5,5%, divergindo dos achados de pesquisa feita com 226 adolescentes na cidade de São Paulo, que avaliou os fatores de risco para uso de tabaco em estudantes de duas escolas do ensino médio do município de Santo André/SP em 2005, bem como traçar o perfil do experimentador. A partir disso, foram identificados 24% experimentadores e 76% não experimentadores, os fatores de risco mais significativos para o uso de cigarro foram as relações sociais e familiares, bem como a ingestão de bebidas alcoólicas [17]. Em nosso estudo, o uso de álcool foi identi- ficado em 13,2% dos adolescentes pesquisados, fato que nos chama atenção visto que a ingestão de bebidas alcoólicas está entre as principais causas de morbidades e mortalidades em todo o mundo [18]. Corroborando os dados obtidos em estudo realizado por Rozin e Zagonel, que buscou identi- ficar os fatores de risco para dependência de álcool em adolescentes com idades entre 14 a 16 anos. Os principais fatores evidenciados na pesquisa foram o início precoce do uso, influência das relações sociais e afetivas, abuso sexual, violência doméstica, baixa autoestima, curiosidade, pressão de colegas bem como a vulnerabilidade genética para a dependência do álcool e controvérsias em relação ao gênero e classe social [19]. Reforçando os nossos achados, em estudo rea- lizado por Neto, Fraga e Ramos [20], investigou- -se a prevalência de consumo de drogas ilícitas e os motivos que os levam a experimentá-las em adolescentes da cidade do Porto, em Portugal. Quanto aos resultados, 5,5% se referiram a in- gestão de bebidas alcoólicas associadas ao uso de drogas ilícitas, o que gera um maior número de dependentes. No que tange aos comportamentos preven- tivos, o não uso de preservativos foi identificado em 15,5% dos adolescentes. É possível identificar resultados semelhantes aos de nosso estudo em pesquisa que investigou os fatores de risco em adolescentes com HIV, apontando os resultados que 24,1% não utilizavam preservativos. Por sua vez, justificaram o não uso por não ter o preser- vativo no momento ou por não dar tempo de usá-lo. Além disso, outro aspecto determinante na aquisição das doenças sexualmente transmissíveis é não ter parceiro estável [21]. Conclusão O referido estudo nos permite concluir que os adolescentes apresentaram alta prevalência de comportamentos de risco à saúde. Ressalta-se a importância da inserção de indicadores de saúde em pesquisas posteriores, como, por exemplo, marcadores biológicos que podem desencadear a aquisição de doenças crônicas, sejam elas trans- missíveis ou não transmissíveis. Sendo assim, ao analisarmos os comportamen- tos de risco à saúde vislumbramos todo o contexto sociocultural em que os mesmos estão inseridos. Portanto, essa análise deve ser contextualizada relacionando-a com os fatores que influenciam no estilo de vida. Tais informações subsidiarão práticas de intervenção tanto no âmbito escolar quanto nas políticas públicas para saúde. Referências 1. Ferrari CKB, Nery LD, Kopp MT, Santos DF, Pereira NS, Ferrari GSL et al. Saúde na escola: educação, saúde e inclusão em adolescentes brasi- leiros. Reinad 2013;4:78-90. 2. Mendonça G, Júnior JCF. Percepção de saúde e fatores associados em adolescentes. Rev Bras Ativ Fís Saúde 2012;17(3):174-80. 3. Silva KS, Lopes AS, Vasques DG, Costa FF, Silva RCR. 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REVISÃO Treinamento resistido manual e sua aplicação na educação física Manual resistance training and his application in the physical education Cauê Vazquez La Scala Teixeira*, Ricardo José Gomes** *Departamento de Biociências, Universidade Federal de São Paulo, Santos/SP, Faculdade de Educação Física, Faculdade Praia Grande, Praia Grande/SP, Seção de Avaliação Física, Prefeitura Municipal de Santos, Santos/SP,**Departamento de Biociências, Universidade Federal de São Paulo, Santos/SP Resumo Treinamento
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