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ESPORTE • Exercício e lipemia pós-prandial • Alterações posturais de praticantes de futebol amador • Aeróbio de moderada intensidade e treinamento intervalado de alta intensidade FISIOLOGIA • Crioterapia na dor muscular • Alteração da testosterona, cortisol, força e massa magra • A influência da crioterapia na articulação do joelho • Cãibra e mecanismos bioquímicos da contração muscular www.atlanticaeditora.com.br 15 anos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e Fis iologia do e x e r c í c i o Órgão Ofic ial da Sociedade Brasi le ira de Fis iologia do Exercíc io B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y vo lu m e 1 3 - n ú m e ro 0 4 • Ju lh o /A g o sto 2 0 1 4 r e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a d o e x e r c í c i o volume 13 - número 04 • Julho/Agosto 2014 ISSN 16778510 I ENCONTRO NACIONAL DE ESPORTES & FITNESS AVANÇOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS 08 e 09 de novembro de 2014 Londrina/PR 08 e 09 de novembro de 2014 Londrina/PR Rua Pernambuco, 1187 - Sala 17 | CEP: 86,020-121 | Centro - Londrina /PR /sporttrainingeditora INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES: www.editorasporttraining.com.br Tel.: (43) 3024-5654 LOCAL: An�teatro Cyro Grossi (Pinicão), Centro de Ciências Biológicas (CCB) – UEL CERTIFICADO: Universidade Estadual de Londrina (UEL) INSCRIÇÕES: www.editorasporttraining.com.br INFORMAÇÕES: Tel.: (43) 3024-5654 | atendimento@editorasporttraining.com.br INFORMAÇÕES GERAIS: Arte Revista Brasileira.pdf 1 01/08/2014 11:10:29 Vem aí a maior feira de fitness de Pernambuco! 01 e 02 de novembro de 2014 no Centro de Convenções de Pernambuco ÁREA DE EXPOSIÇÃO, OFICINAS, PALESTRAS, WORKOUTS, DESFILES, COMPETIÇÕES E MUITO MAIS! Não perca esse grande evento! Saiba mais em no nosso site: www.recifitness.com.br Realização OrganizaçãoApoio JÁ PODE COMEÇAR O ALONGAMENTO... EDITORIAL A lata como unidade de medida do esforço físico, Jean-Louis Peytavin ..................................... 187 ARTIGOS ORIGINAIS Alteração da testosterona, cortisol, força e massa magra após 20 semanas como resposta a três metodologias de treinamento de força, Eduardo Hippolyto Latsch Cherem, Leonardo Chrysostomo dos Santos, Fernando Petrocelli de Azeredo, Rodrigo de Assunção Serra, Cristiano Cosme Nascimento Franco de Sá .................................................................................. 188 Crioterapia como fator interveniente na dor muscular de início tardio, Aniele Tomadon, Álvaro José Mayer Ferreira, Mayara Liberali, Nathiely Fernanda Matera, José Luis Marinho Portolez, Gladson Ricardo Flor Bertolini .............. 197 Alterações posturais de adolescentes praticantes de futebol amador, Josenei Braga dos Santos, Evelise de Toledo, Pedro Ferreira Reis, Antônio Renato Pereira Moro, Antônio Carlos Gomes ................................................................ 203 Efeitos do treinamento aeróbio de moderada intensidade e intervalado de alta intensidade sobre a composição corporal de homens treinados, Fábio Eduardo de Almeida, Thiago Fernando Gontijo de Toledo, Margareth Guimarães Lima .......................................................................................................... 210 Variação das lipoproteínas plasmáticas durante a lipemia pós-prandial em repouso e pós-exercício físico, Jefferson Petto, Djeyne Silveira Wagmacker, André Lemos de Souza Andrade, Mário César Carvalho Tenório, Ana Marice Teixeira Ladeia.......................................................... 217 A influência da crioterapia no senso de posicionamento articular do joelho, Marcelo Pereira Caraça, Carlos Alberto dos Santos, Angelica Castilho Alonso, Alexandre Sabbag da Silva ................................................ 224 REVISÃO Mecanismos bioquímicos da contração muscular promovida pela cãibra, Rafael Zagnoli Marra Braga, Alexandre Lopes Evangelista, Solival José de Almeida Santos Filho, Elke Lima Trigo, Luiz Carlos Carnevali Júnior ........................................................................................................ 231 NORMAS DE PUBLICAÇÃO .........................................................................................239 EVENTOS ...........................................................................................................................240 Índice volume 13 número 4 - julho/agosto 2014 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i S i o L o G i A do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. o editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. 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Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício está indexada no SIBRADID (Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva) Editor Chefe Paulo de Tarso Veras Farinatti Editor Associado Pedro Paulo da Silva Soares Walace Monteiro Conselho Editorial Amandio Rihan Geraldes (AL) Antonio Carlos Gomes (PR) Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Benedito Sérgio Denadai (SP) Dartagnan Pinto Guedes (PR) Douglas S. Brooks (EUA) Emerson Silami Garcia (MG) Francisco Martins (PB) Francisco Navarro (SP) Luiz Carnevali (SP) Luiz Fernando Kruel (RS) Martim Bottaro (DF) Patrícia Chakour Brum (SP) Paulo Sérgio Gomes (RJ) Robert Robergs (EUA) Rosane Rosendo (SC) Sebastião Gobbi (SP) Steven Fleck (EUA) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Vilmar Baldissera (SP) Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br Atlântica Editora e Shalon Representações Praça Ramos de Azevedo, 206/1910 Centro 01037-010 São Paulo SP Atendimento (11) 3361 5595 / 3361 9932 assinaturas@atlanticaeditora.com.br Assinatura 1 ano (6 edições ao ano): R$ 260,00 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br Administração e vendas Antonio Carlos Mello mello@atlanticaeditora.com.br Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Editor assistente Guillermina Arias guillermina@atlanticaeditora.com.br Direção de arte Cristiana Ribas cristiana@atlanticaeditora.com.br Diretor de Marketing e Publicidade Rainner Penteado rainner@atlanticaeditora.com.br Imprensa release@atlanticaeditora.com.br 187Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 Editorial A lata como unidade de medida do esforço físico Jean-Louis Peytavin Cada habitante do planeta Terra utiliza em media 80 latas de alumínio de 350 ml por ano, geralmente para consumir refrigerantes ou cerveja, o que representa um número astronômico de la- tas, e também de calorias.A taxa de aumento da obesidade deve provavelmente ser proporcional ao faturamento dessa indústria de embalagens (bastante recicladas, felizmente). Na discussão atual sobre os melhores meios de comunicação para combater a epidemia de obesidade, especialmente nos Estados Unidos, foi imaginado colocar nos cardápios o valor calórico de cada prato e simplificar a informação nutricional geralmente incompreensível estampada nas latinhas. Assim, saberemos que, ao beber uma soda em lata, estamos ingeridos 250 kcal por causa do açúcar presente na bebida e que o inocente café da manhã no bar da esquina pode somar 650 kcal sem cortar o apetite. Mas será que essa informação é suficiente para desencorajar o vício? Não é garantido e nos obriga a fazer desgastantes cálculos a fim de avaliar, todos os dias, o que é permitido ou proibido. outra informação pode ser mais impactante: a ideia é imprimir na lata o esforço físico necessário para gastar as calórias contidas na própria lata. Por exemplo, para eliminar a carga calórica de uma soda, precisaria 8 km de marcha, ou 50 minutos de corrida. Se beber quatro latas, já é bom se preparar para uma maratona.... Experiencias conduzidas nos Estados Unidos mostraram que essa nova informação é eficiente e faz que o consumidor desista da compra ou compre uma lata menor. A perspectiva de correr uma hora por uma razão tão fútil é desanimadora e facilmente compreensível mesmo por popula- ções pouco motivadas. outra solução seria promover melhor os adoçantes mas na realidade a escolha de bebidas não-calóricas é ainda marginal e pesquisas recentes mostram que o uso de adoçantes pode favorecer o diabetes. Não tem muita solução fora da eliminação completa das sodas e do aumento generalizado da atividade física ! ARTIGO ORIGINAL Alteração da testosterona, cortisol, força e massa magra após 20 semanas como resposta a três metodologias de treinamento de força Alteration of testosterone, cortisol, strength and lean mass after 20 weeks using three strength training methodologies Eduardo Hippolyto Latsch Cherem*, Leonardo Chrysostomo dos Santos*, Fernando Petrocelli de Azeredo*, Rodrigo de Assunção Serra*, Cristiano Cosme Nascimento Franco de Sá* *Laboratório de Fisiologia do Exercício, Universidade Estácio de Sá, campus Nova Iguaçu – RJ, curso de Licenciatura em Educação Física Resumo o presente estudo teve por objeto observar as pos- síveis alterações na força, massa muscular e testosterona a partir de três metodologias de treinamento de força. Utilizou-se 30 homens; 23 anos de idade; 6 meses de treinamento. Treinamento composto por: 10 exercícios, divididos em 3 grupos: Convencional: 3 séries de 10 RMs, 90s de intervalo; Circuito: circuito na ordem: costa-peito-ombro-membro inferior; Bi-set: dois exer- cícios para o mesmo grupamento muscular, sem inter- valos entre eles. Dosou-se testosterona, força muscular e composição corporal, nas semanas 0, 10ª e 20ª. Dados expressos como média e erro padrão e porcentagem. Usou-se teste “t” de Student, aceitando-se como sig- nificativo um p < 0,05. As maiores concentrações de testosterona foram encontradas na 10ª semana: Bi-set: 869 ± 96,6, Convencional: 556,3 ± 23,5 e Circuito: 403,3 ± 47,6 (p ≤ 0,05). os aumentos mais expressivos da força ocorreram na 20ª semana na seguinte ordem: Bi-set: 43,1%; Circuito: 26,7% e Convencional: 26,2% (p ≤ 0,05). A massa muscular demonstrou maiores aumentos na 20ª semana em Circuito: 3,6% e Conven- cional: 2,1%, mas o grupo Bi-set mostrou apenas um ligeiro aumento na 10ª semana (0,8%, p ≤ 0,05). Ao final da 20ª semana de treinamento, o grupo Bi-set foi o que demonstrou melhor aumento na testosterona e na força muscular, mas a massa muscular apresentou maior aumento no grupo Circuito. Palavras-chave: treinamento de força, testosterona, força muscular. Recebido em 29 de abril de 2014; aceito em 25 de agosto de 2014. Endereço para correspondência: Eduardo Hippolyto Latsch Cherem, Rua Oscar Soares, 1466, 26220-099 Nova Iguaçu RJ, E-mail: cheremehl@gmail.com 189Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 Introdução os efeitos do treinamento de força já vêm sendo estudados há bastante tempo, especial- mente seus efeitos sobre a força muscular. Den- tre os motivos para a observação dos efeitos do treinamento de força muscular, está o fato desta qualidade física, a força muscular, ser reconhe- cida como um dos principais componentes do condicionamento físico saudável e o principal na manutenção da independência funcional, ou independência motora [1-4]. Vários autores têm demonstrado que os exercícios de força são potentes estimuladores no aumento agudo das concentrações de hormônios, especialmente da testosterona e cortisol, o que tem sido demonstrado em uma série de estudos que mostram correlações entre o volume e a força muscular e alterações nas concentrações de testos- terona e cortisol, ou a razão testosterona/cortisol. É importante observar que, embora ocorram com qualidade diferente, tais fenômenos (altera- ção nas concentrações de testosterona e cortisol e na relação testosterona/cortisol) são observados tanto em homes e mulheres, quanto em idosos e adultos jovens [5-14]. inúmeros trabalhos já demonstram, com razoável propriedade, que a relação de volume, intensidade, descanso entre séries, metodologia da confecção dos programas sob métodos isocinéti- cos e, especialmente, sob os métodos isotônicos, incluindo pesos livres, além de vários trabalhos terem utilizado metodologias estáticas (isome- tria), são fundamentais para que se obtenham os resultados esperados com o treinamento da força muscular [6,7,13,15]. De forma geral, a maior intensidade, atrela- da a um menor volume, está associada à maior liberação de fatores de crescimento, que são fun- damentais para a sinalização de todo processo de recuperação e de adaptação morfofisiológica ao treinamento de força. Períodos de intervalo entre séries consistindo de 30 a 45 segundos, parecem otimizar a liberação destes fatores de crescimento [9,16-18]. Por outro lado, Smilios et al. [10] demons- traram que um modelo de treino de força com intensidade moderada – alta repetição, para a melhoria da resistência de força, parece ser um estímulo suficiente para aumentar as concentra- ções de testosterona, hormônio de crescimento e cortisol em homens idosos. Estas respostas hormonais parecem ter criado um ambiente me- tabólico com qualidade suficiente para produzir melhorias na função muscular após o programa de resistência de força. Apesar dos dados reportados na bibliografia, a comparação entre diferentes metodologias de treinamento de força sobre a força muscular, mas- sa magra, massa muscular, testosterona, cortisol, relação testosterona/cortisol, dentre outros fatores não menos importantes, pode muitas vezes ficar Abstract The aim of the present study was to evaluate the putative alterations on muscular strength, muscular mass and testosterone by three different strength trai- ning methodologies. 30 men, 23 years-old, 6 month of strength training experience, were randomly separated into 3 different groups. Training was consisted of the same 10 exercises divided into 3 groups: Conventional: 3sets of 10 RMs, 90 s of rest; Circuit: exercises executed in that order: back-chest-shoulder-legs. Bi-set: two exercises for the same muscular group without rest. Testosterone, muscular strength and body composition was evaluated at weeks, 0, 10 and 20. Data were shown as means ± SD and percentage. Student’s t-Test was used, a p value of less than 0.05 was considered statis- tically significant. The greater testosterone was found in the 10th week: Bi-set: 869 ± 96.6, Conventional: 556.3 ± 23.5 and Circuit: 403.3 ± 47.6 (p ≤ 0.05). The most expressive improvement in strength was shown in the 20 week: Bi-set: 43.1%; Circuit: 26.7% and Conventional: 26.2% (p ≤ 0.05). Muscular masshad the higher values in the 20th week: Circuit: 3.6% and Conventional: 2.1%, but for the Bi-set just a few elevation about 0.8% (p < 0.05) in the 10th week. Bi-set group showed the best score for a testosterone and muscular strength, but for a muscular mass, the Circuit group shown the greater score. Key-words: strength training, testosterone, muscular strength. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014190 não muito bem elucidada, visto que os protoco- los utilizados são muito variados e nem sempre mantém a mesma relação de volume-intensidade de treinamento. A partir do exposto, o presente trabalho teve por objetivo comparar as possíveis diferenças na força muscular, massa magra, testosterona e cortisol livres e na relação testosterona/cortisol após 20 semanas de treinamento de força com mesmo volume e intensidade por meio de três metodologias de treinamento distintas. Material e métodos Amostra Participaram 30 homens, com pelo menos 6 meses de experiência em treinamento de força, com idade entre 20 e 30 anos, que apresentassem porcentagem de gordura entre “bom” e “média”, segundo classificação de Pollock e Wilmore de 1993. os indivíduos foram distribuídos aleatoria- mente em três grupos com 10 indivíduos cada, ambos descritos a seguir. Todos os participantes leram e assinaram o ter- mo de consentimento livre e esclarecido, segundo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saú- de, órgão do Ministério da Saúde do Governo Fe- deral do Brasil. CAAE: 15228613.8.0000.5243. Procedimentos Todas as medidas foram realizadas em sala cli- matizada com temperatura (20 a 22ºC), umidade relativa do ar (entre 60 e 70%), luminosidade, ruídos e odores controlados, sempre a mesma hora, pela manhã (a partir das 07h00min). os indivíduos tiveram tomadas as medidas de estatura, peso, massa corporal, coleta de sangue em jejum, desjejum padrão (sanduíche de pão de forma com queijo branco e 200 ml de suco de laranja lima açúcar ou água) nova coleta de sangue após 30min e execução da rotina de treinamento nas ocasiões da coleta. • Antropometria: A massa e a estatura corporal foram mensuradas segundo Norton & olds (1996). A decomposição da massa corporal total seguiu a estimativa da densidade corporal, como descrito por Jackson e Pollock (1978) e posterior conversão da densidade corporal em porcentagem de gordura por meio da fórmula de Siri [2]. • Teste de força muscular: Utilizou-se o teste de repetição máxima (1RM), como descrito por Kramer & Fry (1995). Tal teste foi realizado quatro vezes durante o período de treinamento, antes de iniciar, e a cada 4 semanas, incluindo última semana de treinamento. As avaliações tiveram por objetivo manter a intensidade re- lativa do treinamento, bem como para observar o ganho de força entre os grupos. • Coleta e análise de sangue: Foram dosados a testosterona e cortisol livres (eletroquimiolu- minescência e quimioluminescência, respecti- vamente) por método automatizado (Roche, modelo Modular Analytics E170). Utilizando-se luvas cirúrgicas, agulhas e serin- gas descartáveis, 10 ml de sangue foram coletados através de punção venosa da veia superficial do antebraço após assepsia com etanol 70%. As coletas de sangue realizadas 24h após final do período de treinamento, nos tempos 0, 4, 8, 12 semanas de treino. Treinamento físico os 45 participantes foram distribuídos de forma aleatória para cada um dos três grupos descritos a seguir. Antes do início do treinamento todos os participantes realizaram aquecimento específico com 50% da carga máxima em duas séries de 15 repetições para supino reto, puxada dorsal alta e legpress, seguidos de 5 min de inter- valo passivo. • Grupo convencional: Exercícios realizados com a carga de 60% de 1RM, em 3 séries de 15 repetições com velocidade de execução dos exercícios será de 2s na fase concêntrica e 2s na fase excêntrica e intervalo de 30 a 40s, na seguinte ordem: pressão de pernas horizontal; puxada frontal aberta; adução de quadril na cadeira adutora; extensão de cotovelos na polia alta; flexão de joelhos na cadeira flexora com flexão plantar; supino; abdução de quadril na cadeira abdutora; extensão dos joelhos na cadeira extensora; flexão de cotovelos na polia 191Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 alta; extensão de tornozelo no aparelho de pressão de pernas horizontal. • Grupo circuito: Nesta metodologia o participan- te executará todos os exercícios sem intervalo (apenas na transição entre os aparelhos). Será utilizada a carga de 60% perfazendo um total de 15 repetições e com 3 passagens por esse circuito, também com velocidade de execução dos exercícios será de 2s na fase concêntrica e 2s na fase excêntrica. Com a seguinte ordem de exercícios: pressão de pernas horizontal; puxada frontal aberta; adução de quadril na cadeira adu- tora; extensão de cotovelos na polia alta; flexão de joelhos na cadeira flexora com flexão plantar; supino; abdução de quadril na cadeira abdutora; extensão dos joelhos na cadeira extensora; flexão de cotovelos na polia alta; extensão de tornozelo no aparelho de pressão de pernas horizontal. • Grupo Bi-set: Nesta metodologia são executa- dos dois exercícios consecutivos (sem intervalo) para cada grupamento muscular, ambos com 60% de 1RM, em 3 séries de 15 repetições e velocidade de execução aproximada de 2s na fase concêntrica e 2s na fase excêntrica. A disposição dos exercícios: remada x supino; ex- tensão de joelhos x pressão de pernas horizon- tal; extensão de cotovelo x flexão de cotovelo; adução de quadril x abdução de quadril; flexão de joelhos x extensão de tornozelo no aparelho de pressão de pernas horizontal. Tratamento estatístico os dados foram expressos como média + desvio padrão da média quando representavam valores absolutos (antropometria e dosagens endó- crinas) e apenas como a porcentagem de variação, quando os dados eram comparados entre a 10ª com o pré-treinamento e entre a 20ª semana, com 10ª semana e o pré-treinamento. Para a análise de estatística inferencial foi usado Anova 2 x 2 (fator grupo e fator treino) o pacote estatístico SPSS for Windows V.17.0. A normalidade dos dados será testada por meio do teste Shapiro-Wilk, sendo aceito como significa- tivo um p ≤ 0,05. Também foi realizada a correlação de Pear- son para determinar as relações entre a força e a massa muscular com a testosterona, o cortisol e a relação testosterona/cortisol, sendo os dados expressos como “r”. Por fim foi calculado o teste t de Student para determinar a significância de “r”, para quando p ≤ 0,05. Resultados Na Tabela i estão apresentados os dados da composição corporal dos grupos em média, ± erro padrão da média, para as variáveis de massa corporal total, estatura, iMC, porcentagem de Tabela I - Média ± desvio padrão para as variáveis antropométricas dos grupos durante o período de treinamento. Variável Tempo Grupos Convencional Circuito Bi - Set 0 80,3 ± 6,2 90 ± 4,4 61,1 ± 2,9 Massa Total 10 81,6 ± 6,5 89,8 ± 4,0 62 ± 3,0 20 80,4 ± 6,4 90,5 ± 3,7 62,4 ± 3,0 Estatura 0 1,74 1,7 1,7 0 24,4 ± 1,1 29,2 ± 0,7 22,4 ± 0,5 Índice de Massa Corporal 10 26,6 ± 1,3 29,1 ± 0,6 23,1 ± 0,5 20 26,2 ± 1,2 29,4 ± 0,5 22,7 ± 0,4 Porcentagem de Gordura 0 15,9 ± 1,9 22,2 ± 1,9 11,2 ± 0,5 10 16,5 ± 1,7 22,4 ± 1,8 11,1 ± 1,3 20 15,1 ± 1,7 20,6 ± 1,8 11,2 ± 1,3 Massa Corporal Magra 0 66,6 ± 3,9 69,4 ± 3,7 54,3 ± 2,9 10 67,9 ± 4,3 70,3 ± 3,7 53,5 ± 4,3 20 68,1 ± 4,5 71,8 ± 3,1 56,3 ± 3,5 Massa corporal total em quilograma (kg), estatura corporal em metro (m), índice de massa corporal quilograma por metro quadrado (kg/m2) e massa corporal magra em kg. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014192 gordura corporal massa corporal magra para os três grupos nos períodos pré-treinamento, 10ª e 20ª semanas de treinamento. os dados absolutosde testosterona e cortisol livres estão descritos na tabela ii, onde se pode perceber que o grupo Bi-set apresentou a maior concentração de testosterona entre os grupos na 10ª semana de treinamento (869 ± 96,6) e a menor concentração no grupo circuito antes do início do treinamento (301,7 ± 28,9). Para o cortisol, o maior valor encontrado também foi no grupo Bi-set, na 10ª semana de treinamento e a menor concentração também sendo observada no grupo circuito no período anterior ao treinamento (11,7 ± 1,4). Apesar da menor concentração de testosterona ter sido encontrada no grupo circuito antes do iní- cio do treinamento, o maior aumento percentual foi encontrado entre o período pré-treinamento e a 10ª semana de treinamento para este mesmo grupo (33,7%) (tabela iii). Por outro lado, a menor variação percentual na testosterona foi observada entre a 10ª e a 20ª semana de treina- mento, com variação negativa da testosterona, numa magnitude de -5,1%. Ainda na tabela iii podemos observar que a menor variação no cortisol e na relação testostero- na/cortisol foi encontrada, ambas, no grupo con- vencional entre o pré-treinamento e a 10ª semana de treinamento (14,1%, para o cortisol) e entre a 10ª e a 20ª semana de treinamento (-30,1%, para a relação testosterona/cortisol). As variações entre força e massa muscular estão descritas na tabela iV, cujos resultados mais expressivos foram a variação da força entre a 10ª e a 20ª semana de treinamento para o grupo Bi-set Tabela II - Valores médios (± erro padrão) para testosterona e cortisol para ambos os grupos, nos instantes pré- -treinamento, 10ª e 20ª semana de treinamento. Grupos Testosterona Cortisol Semana 0 10ª 20ª 0 10ª 20ª Convencional 522,3 ± 2,5 556,3 ± 23,5 495,7 ± 44,4 13,3 ± 2,5 15,1 ± 3,0 18 ± 2,7 Circuito 301,7 ± 28,9 403,3 ± 47,6 303 ± 69,1 11,7 ± 1,4 15,45 ± 1,8 13,9 ± 2,3 Bi - Set 671 ± 85,5 869 ± 96,6 777 ± 115,7 16,1 ± 3,8 23,8 ± 2,8 18,5 ± 0,7 p < 0,05 para todas as medidas endócrinas por grupo, quando comparado a 10ª com o pré-treinamento, a 20ª contra o pré-treinamento e contra a 10ª semana. Tabela III - Alterações percentuais da testosterona, cortisol e relação testosterona/cortisol. Grupo Testosterona Cortisol Testosterona/Cortisol Semana Semana Semana 10ª 20ª 10ª 20ª 10ª 20ª Convencional 6,5 -5,1 14,1 35,7 -6,7 -30,1 Circuito 33,7 0,4 31,9 18,7 1,3 15,4 Bi - Set 29,5 15,8 47,8 15,2 -12,4 0,5 Obs: p < 0,05 para todas as medidas endócrinas por grupo, quando comparado a 10ª com o pré-treinamento, a 20ª contra o pré-treinamento e contra a 10ª semana Tabela IV - Alterações percentuais da força e massa muscular. Grupos Força Muscular Massa Muscular Semana 10ª 20ª 10ª 20ª Convencional 13,1 26,2 1,8 2,1 Circuito 17,1 26,7 1,3 3,6 Bi - Set 20,5 43,1 0,8 -1,3 p < 0,05 para todas as medidas de força e massa muscular por grupo, quando comparado a 10ª com o pré-treinamento, a 20ª contra o pré-treinamento e contra a 10ª semana. 193Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 (43,1%) e uma variação de 2,1% na massa mus- cular para o grupo convencional. Ao passo que os valores menos expressivos foram achados, para força muscular entre o pré-treinamento e a 10ª semana de treinamento no grupo convencional (13,1%) e na massa muscular no grupo Bi-set, en- tre a 10ª e a 20ª semana de treinamento (-1,3%). As correlações da força muscular com a tes- tosterona, cortisol e relação testosterona/cortisol, bem como as correlações entre a massa muscular, a testosterona, cortisol e relação testosterona/ cortisol, estão descritas na tabela V. Para o grupo convencional, a correlação mais pronunciada foi entre a força muscular e o cortisol (r = 0,933, p < 0,05) e a correlação de menor expressão foi entre a massa muscular e a testosterona (r =-0,048, p < 0,05). As correlações para o grupo circuito de maior e menor força foram entre a força e a massa muscular e o testosterona (r = 0,314, p = não sig- nificativo e r =-0,139, p < 0,05, respectivamente). Tabela V - Correlações da força e da massa muscular para a testosterona, cortisol e razão testosterona/cortisol para os grupos convencional, circuito e Bi–Set. Testoste- rona Cortisol Testos- terona/ Cortisol Convencional Força -0,439 0,933 -0,952 Massa Muscular -0,048 0,566 -0,753 Circuito Força 0,314* 0,802 -0,619 Massa Muscular -0,139 0,454 -0,903 Bi - Set Força 0,512 0,286 0,061 Massa Muscular 0,347 0,566 -0,815 *=p não significativo. Demais comparações p < 0,05. Discussão Como os grupos apresentaram índices iniciais de força que diferiram entre si, optamos por observar o efeito das diferentes metodologias de treinamento de força muscular abordadas, método convencional (séries múltiplas, com intervalo pas- sivo entre as séries), método circuitado (mesmo programa do método convencional, mas execu- tado com exercícios encadeados, sem respeitar in- tervalo passivo entre os exercícios, mas alternando grupamento antagonistas e membros superiores e inferiores) e método Bi-set (utilizaram-se os mesmos exercícios dos grupos anteriores, execu- tando dois exercícios para o mesmo grupamento muscular de forma direta, sem intervalos). Não encontramos na bibliografia nenhum estudo prévio que tivesse comparado as referidas metodologias, mas de qualquer forma os resulta- dos do presente estudo apresentam o mesmo perfil de resultados encontrados em estudos prévios, que observaram as diversas adaptações do corpo humano ao treinamento de força [2,9,19, 20]. De maneira mais destacada temos o evidente au- mento da força muscular, que foi mais destacado no grupo Bi-set, com um aumento percentual de 43,1% (p < 0,05) com relação ao estado pré- -treinamento. os demais grupos (convencional e circuito) apresentaram um aumento percentual médio na força muscular da ordem de 1,3% por semana (p < 0,05 por grupo para o estado pré e pós-treinamento). Esta diferença possivelmente possa ser devido a maior resposta da testosterona ao treinamento, por este grupo apresentar as maiores dosagens plasmáticas deste hormônio (pré-treinamento: 671 ± 85,5, 10ªsemana: 869 ± 96.6, 20ªsemana: 777 ± 115,7; p < 0,05 entre as dosagens), uma vez que a testosterona tem positivos efeitos sobre a força muscular [6,21-23]. Ainda, os indivíduos deste grupo apresentaram uma concentração plasmática de testosterona no instante pré- -treinamento significativamente maior do que seus congêneres dos demais grupos (Bi-set: 671 ± 85,5, convencional: 522,3 ± 2,5 e circuito: 301,7 ± 28,9; p < 0,05 entre grupos), o que pode caracterizar uma propensão dos indivíduos deste grupo em secretar mais testosterona em resposta ao treinamento, quando comparados com os indivíduos dos demais grupos. Neste sentido, três pontos são importante a serem destacados, primeiramente dos 10 volun- tários deste grupo, 8 apresentaram contagens de testosterona pré-treinamento muito altas; em segundo lugar todos os participantes apresentaram experiência prévia em treinamento de força de pelo menos 6 meses e no máximo de 8 meses de treinamento convencional, mas, após a seleção para o presente trabalho, passaram por mais duas Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014194 semanas de repouso passivo, para que qualquer adaptação aguda fosse revertida; por fim não foi feita nenhuma dosagem prévia para evitar altera- ções que os aparelhos pudessem sofrer no decorrer do tempo, desta maneira, todas as dosagens foram realizadas ao mesmo tempo. Acreditamos que uma dosagem pré-treinamento deva ser realizada em estudos futuros para que diferenças endócrinas pré-existentes possam servir como ponto de corte para estudos desta natureza. Apesar da força muscular e da concentração de testosterona terem sido maiores em Bi-set, não foi observado grandes respostas na massa muscular. Na verdade ao observar o período pós-treinamento (20ª semana), pode-se constatar que houve redução da massa muscular (-1,3%,p < 0,05 entre a 20ª semana contra a 10ª semana e o pré-treinamento). Este efeito pode ser devido à limitação na precisão do método utilizado. A escolha do método utilizado no presente estudo (por adipometria) como descrito por Nortn & olds (1996), que consiste em método preditivo duplamente indireto, reside na sua relativa boa confiabilidade e reprodutibilidade, mas espe- cialmente por seu baixo custo, sua fácil aplica- bilidade. Além disso, a questão da alteração da massa muscular não era o objetivo principal do presente estudo. outro limitador que pode explicar a resposta aparentemente desproporcional da massa mus- cular em relação ao ganho de força e as concen- trações de testosterona e que também deveria servir de ponto de corte em estudos futuros é a concentração do tipo de fibra muscular. Sabe-se que as fibras do tipo 1 apresentam baixo potencial hipertrófico e que sua grande concentração em membros superiores, inferiores e tronco, pode mascarar o efeito que determinada metodologia de treinamento físico possa exercer sobre o com- ponente muscular em indivíduos com composição mista [24,25]. os presentes resultados sobre a relação tes- tosterona, cortisol e razão testosterona/cortisol com o aumento da força e massa muscular em função do treinamento de força muscular es- tão em desacordo com a literatura consultada [21,26-28], que mostra de forma consistente que o treinamento de força crônico é capaz de aumentar a força e massa muscular, o que não ficou evidente no presente estudo (tabelas iii e V). A exceção do grupo circuito que demonstrou uma relação testosterona/cortisol positiva nas 10ª e 20ª semanas (1,3 e 15,4%, p < 0,05 contra o estado pré-treinamento), os demais (conven- cional e bi-set) apresentaram razões negativas (tabela iii). Quando medida as correlações entre a força e a massa muscular com as alterações da testosterona, do cortisol e da relação testostero- na/cortisol (tabela V), observa-se que os grupos demonstraram correlações fracas e negativas para a testosterona e fortes, embora negativas, para a força e massa muscular com a razão testosterona/ cortisol (exceto para o r força-razão testosterona/ cortisol para os grupos circuito, r =-0,619, e Bi- -set, r = 0,061) A testosterona não aumentou após o trei- namento com série múltiplas, mas o cortisol aumentou, mesmo tendo os grupos aumentado força e massa muscular [10]. os autores tam- bém apontaram que alterações na sensibilidade aos hormônios (aumento na expressão de seus receptores) podem atuar como fator de controle para o metabolismo dos miócitos. Desta forma, acreditamos que o aumento da força muscular, que foi positiva na 10ª semana de treinamento e continuou aumentando até a 20ª semana de trei- namento (convencional=13,1 e 26,2%, circuito =17,1 e 26,7% e Bi-set =20,5 e 43,1%; p < 0,05 entre a 10ª semana e o pré-treino e entre a 20ª semana e a 10ª semana e o pré-treino), a princípio não poderiam ser explicadas pela alteração crônica da testosterona, que foi positiva e grande na 10ª semana para todos os grupos (convencional = 6,5%, circuito = 33,7% e Bi-set = 29,5%; p < 0,05 para todos os grupos contra seu estado pré-treino), mas que foi reduzida na 20ª semana (convencional =-5,1%, circuito = 0,4% e Bi-set = 15,8%; p < 0,05 para todos os grupos contra seu estado pré- -treino), mas que poderia ter sido causada por um aumento da sensibilidade à testosterona. Vários trabalhos têm demonstrado que o trei- namento físico, especialmente o de força, causa aumento de sensibilidade à insulina. Apesar de não terem sido encontrados trabalhos que investi- gassem a alteração da sensibilidade à testosterona como uma resposta aguda ou crônica a qualquer tipo de treinamento físico, esse mesmo efeito devia ocorrer [29,30]. 195Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 os dados para força e massa muscular aqui apresentados estão de acordo com todos os tra- balhos consultados [2,7,16,31], à medida que aumentaram em ambos os grupos, exceto para massa muscular na 20ª semana do Bi-set (tabela iV). Mesmo o não aumento crônico da massa muscular como efeito crônico do treinamento de força, mas com aumento da força muscular são dados que também encontram respaldo na literatura [9,32-36]. . E a despeito de outros re- sultados que estão descritos no presente trabalho e que possam estar em maior ou menor grau em acordo ou desacordo com a literatura consulta- da, os dados de força muscular reforçam que as metodologias, convencional, circuito e Bi-set são eficientes em proporcionar as adaptações que lhes são específicas à força muscular. Conclusão A partir dos dados aqui apresentados, pode- -se concluir que, apesar das características das amostras, a metodologia de treinamento de força muscular mais efetiva em aumentar a força mus- cular e a testosterona foi a metodologia do Bi-set; a metodologia em circuito foi a que apresentou resultados mais expressivos no aumento da massa muscular; a metodologia convencional (séries múltiplas) apresentou maior concentração de cortisol; e a força muscular apresentou melhor correlação com o cortisol do que com a testoste- rona e que a razão testosterona/cortisol foi mais expressiva no grupo convencional. Referências 1. 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ARTIGO ORIGINAL Crioterapia como fator interveniente na dor muscular de início tardio Cryotherapy as an intervening factor in delayed onset muscle soreness Aniele Tomadon, Ft.*, Álvaro José Mayer Ferreira, Ft.*, Mayara Liberali, Ft.*, Nathiely Fernanda Matera, Ft.*, José Luis Marinho Portolez**, Gladson Ricardo Flor Bertolini*** *Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel PR, **Professor do curso de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Santos SP, ***Professor do curso de Fisioterapia e do Mestrado em Biociências e Saúde da UNIOESTE, campus Cascavel PR Resumo Este trabalho teve como objetivo investigar, em indivíduos sedentários, a interferência do uso da crio- terapia na dor muscular de início tardio. Para tanto, a amostra foi composta por 20 indivíduos, sedentários, divididos em dois grupos: controle (GCo), apenas exercícios; e crioterapia (GCR) exercícios e posterior crioterapia, por 20 minutos, na região de gastrocnêmios mediais. o exercício foi constituído por cinco séries, de vinte repetições cada, de planti/dorsiflexão exercitando o grupo tríceps sural. Ambos os grupos foram avaliados antes do exercício (AV1) e reavaliados após 24 (AV2), 48 (AV3) e 72 (AV4) horas após o exercício, quanto ao seu grau de dor utilizando-se a escala analógica de dor (EVA) e um dolorímetro de pressão. observou-se pela EVA redução do quadro álgico em AV4, ao comparar com AV2 e AV3, apenas para o grupo tratado. Na avaliação do limiar de pressão, observaram-se diferenças entre os grupos, em AV3 e AV4, tendo o grupo tratado maior limiar. Conclui-se que a crioterapia se mostrou eficaz na melhora da sensação de dor de início tardio em indivíduos sedentários. Palavras-chave: medição da dor, crioterapia, modalidades de fisioterapia. Recebido em 18 de fevereiro de 2014; aceito em 25 de agosto de 2014. Endereço para correspondência: Gladson Ricardo Flor Bertolini, Rua Universitária, 2069, Jardim Universitário, Colegiado de Fisioterapia, 85819-110 Cascavel PR, E-mail: gladson_ricardo@yahoo.com.br Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014198 Introdução A dor é um mecanismo de proteção do or- ganismo, contra agressões teciduais, e pode ser desencadeada por vários tipos de agentes que estimulam terminações nervosas livres presentes em toda a superfície corporal (nociceptores) [1]. A dor muscular e a sensação de desconforto con- sequentes da prática de atividade física, intensa, constituem um dos quadros mais comumente encontrados e essa dor transitória é denominada dor muscular de início tardio (DMiT) [2]. A dor muscular tardia é caracterizada pela sensação de desconforto e dor na musculatura esquelética, que ocorre algumas horas após a prática de uma atividade física não-cotidiana. Ela não se manifesta até aproximadamente oito horas após o exercício, aumentando de intensidade nas primeiras 24 horas e alcança o máximo entre 24 e 72 horas [3]. Têm sido propostas teorias para o mecanismo da dor muscular tardia, a saber: ácido láctico, espasmo muscular, lesão do tecido conjuntivo, lesão muscular, inflamação e as teorias de fluxo de enzimas. No entanto, uma integração entre elas é a mais provável explicação [4].Apesar de o insulto primário não poder ser influenciado terapeuticamente, o crescimento secundário da lesão pode ser amenizado com certas intervenções, tais como imobilização tem- porária, administração de drogas analgésicas e anti-inflamatórias [5] e frio local [6]. o termo crioterapia significa tratamento com frio. Trata-se de uma terapia física que pode ser administrada de maneiras diferentes. É definida como a aplicação terapêutica de qualquer subs- tância ao corpo que resulte em remoção do calor corporal, diminuindo a temperatura dos tecidos [7]. Entre os métodos utilizados estão: compressas geladas, por meio de recipientes, toalhas ou saco plástico com gelo picado; compressas de gel frio; compressas frias químicas; imersão em gelo e massagem com gelo, entre outras. A crioterapia é proposta para reduzir a resposta inflamatória, bem como diminuir a formação de edema, dor e hematoma. Há evidencias de que a crioterapia produza efeitos analgésicos e a restauração estru- tural e funcional, o que favorece o processo de reabilitação [6]. Dessa forma, a crioterapia local pode facilitar a recuperação de lesões, sendo que a vasoconstrição induzida pelo frio reduz a for- mação de edemas [8], bem como a intensidade do dano celular local, por meio da redução do quadro hemorrágico [9] e das demandas metabólicas no tecido lesado [10]. A dor músculo-esquelética vem sendo trata- da com crioterapia tendo a expectativa de que a diminuição da temperatura do tecido irá resultar em constrição dos vasos sanguíneos locais, assim diminuição da resposta inflamatória e edema, consequentemente da dor. Assim sendo, imersão em água com gelo é frequentemente usada em me- dicina esportiva, em especial entre os atletas de alto nível, em um esforço para minimizar DMiT [4]. Ferramentas úteis para avaliação da dor são a Escala Visual Analógica (EVA) e o dolorímetro de pressão. A EVA é um instrumento simples, sensível e reprodutível, permitindo análise con- tínua da dor, que consiste em uma linha reta, Abstract This study aimed to investigate, in sedentary in- dividuals, the interference of the cryotherapy use on delayed onset muscle soreness. To this end, the sample consisted of 20 individuals, sedentary, divided into two groups: control – exercise only; and, cryotherapy – exercises and subsequent cryotherapy, for 20 minutes, in the region of medial gastrocnemius. The exercise consisted of five sets of twenty repetitions, plant/ dorsiflexion. Both groups were assessed before exercise (EV1) and reassessed after 24 (EV2), 48 (EV3) and 72 (EV4) hours after exercise, according to their degree of pain using a pain visual analogue scale (VAS) and a dolorimeter pressure. it was observed by VAS reduction of pain on EV4, when comparing with EV2 and EV3, only for the treated group. in assessing the threshold pressure, differences were observed between groups in EV3 and EV4, with the treated group increased threshold. it is concluded that cryotherapy is effective in improving the pain sense by delayed onset muscle soreness in sedentary individuals. Key-words: pain measurement, cryotherapy, physical therapy modalities. 199Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 não numerada, indicando em uma extremidade a marcação de “ausência de dor” e na outra, “pior dor imaginável” [11]. o dolorímetro de pressão consiste em um aparelho capaz de exercer pressão no músculo, essa pressão vai aumentando gradual- mente, até que o momento que o indivíduo relate dor, esse valor é o utilizado nas comparações [12]. Portanto, sabe-se que a dor muscular de início tardio é uma sensação desagradável e acomete indivíduos que praticam algum tipo de atividade física intensa. isto pode produzir microlesões das fibras musculares, assim justifica-se a impor- tância deste estudo para conhecer a interferência da crioterapia na DMiT, a fim de que se possa utilizar esse meio terapêutico e seus benefícios, como alternativa no controle do quadro da dor. o objetivo do estudo foi investigar, em indivíduos sedentários, a interferência do uso da crioterapia na dor muscular de início tardio. Material e métodos Caracterização de estudo e amostra o estudo foi caracterizado como ensaio rando- mizado, transversal, cego por parte do avaliador. A amostra foi de conveniência, composta por 20 indivíduos sedentários, que se encaixaram nos critérios de inclusão e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, do projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Humanos da Unioeste, sob número CEP 333/2011. As coletas foram feitas em quatro períodos, sendo que no primeiro dia foram realizadas ava- liações do limiar de dor, com o dolorímetro de pressão e escala visual analógica (EVA) (AV1), em seguida foram realizados os protocolos de exercícios de planti e dorsiflexão em todos os in- divíduos. Após, foram divididos em dois grupos; o grupo controle (GCo), que realizaram apenas exercícios, e o grupo crioterapia (GCR) que reali- zou os mesmos exercícios e depois crioterapia, por 20 minutos, na região de gastrocnêmios mediais. No segundo e terceiro dia, os dois grupos foram reavaliados (AV2 e AV3), o grupo GCR além da reavaliação foi novamente submetido à crioterapia por 20 minutos, no quarto dia foi realizada apenas a reavaliação da dor nos dois grupos (AV4). Critérios de inclusão Foram incluídos no estudo, indivíduos sedentários há pelo menos seis meses, ou seja, indivíduos que não realizaram atividade física sistemática, mais do que duas vezes por semana, com idade entre 17 e 30 anos e de ambos os sexos, que puderam comparecer na Clínica de Fisiotera- pia da Universidade Estadual do oeste do Paraná campus de Cascavel, nos dias pré-especificados. Critérios de não-inclusão Possuir algum tipo de doença que contrain- dicasse a prática de exercício ou a utilização do gelo. Voluntários que não se enquadraram nos critérios de inclusão. Protocolo de exercício Foram realizados exercícios de plantiflexão e dorsiflexão com o indivíduo em posição ortostá- tica, em uma escada, com o antepé apoiado na ponta de um degrau de 17,5 cm de altura, com apoio das mãos em corrimão para auxiliar o equi- líbrio. Foram realizadas 5 séries de 20 repetições, com intervalo de 30 segundo entre as séries. Foi solicitado aos participantes que realizassem a máxima excursão possível, indo da máxima dor- siflexão até a máxima plantiflexão de tornozelo. Protocolo de crioterapia A crioterapia foi realizada com o uso de sacos de 1 kg de gelo, que foram pesados em uma ba- lança de modelo SCA-301®, e 250 ml de água que foram medidos em um copo com medidas em ml. Foi colocado em um saco plástico o gelo e a água no momento da intervenção. o saco plástico, com gelo, foi posicionado diretamente sobre a região do tríceps sural dos voluntários (sem compressão), os quais permaneciam em decúbito ventral. Avaliação da dor o procedimento de avaliação da dor foi rea- lizado quatro vezes, sendo, a primeira avaliação (AV1) feita no primeiro dia antes da realização do exercício, as posteriores foram realizadas em Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014200 24 (AV2), 48 (AV3) e 72 (AV4) horas após o protocolo de exercícios. A intensidade da dor foi quantificada pela EVA, instrumento que consiste de uma escala numérica de 0 a 10, em que zero significa ausência total de dor, e dez significa dor máxima referida pelo voluntário. outro instru- mento utilizado para avaliar o comportamento do limiar de dor foi o dolorímetro de pressão, o qual foi utilizado sobre o ventre muscular do gastrocnêmio medial, na transição entre o primeiro e segundo terços [12], foi utilizado um equipamento da marca Kratos® capaz de exercer pressão até 50 Kgf. Análise estatística A análise dos dados foi realizada pela ANoVA medidas repetidas, com pós-teste de Tukey, para comparação dentro dos grupos. Na comparação entreos grupos, nos diferentes momentos de avaliação, foi utilizado o teste t de Student não pareado. Em todos os casos o nível de significância aceito foi de 5%. Resultados Para a intensidade de dor, avaliado pela EVA, foi possível observar que para o grupo controle, não houve diminuição da intensidade em ne- nhum momento a partir de AV2. Para o grupo tratado, também houve aumento significativo da dor, porém, em AV4 houve redução significativa ao comparar com AV2 e AV3. Na comparação entre os grupos, não houve diferenças, apenas uma tendência de menor valor em AV4 (Tabela i). A avaliação realizada pelo dolorímetro de pressão mostrou que os dois grupos tiveram com- portamentos semelhantes, sendo que os limiares de pressão foram menores em todos os momentos após AV1. Contudo, ao comparar entre os gru- pos, tanto para AV3 quanto para AV4, os valores observados para o grupo tratado com crioterapia foram maiores (Tabela ii). Discussão A crioterapia tem sido utilizada como auxílio na tolerância à dor [13], diminuindo a conduti- bilidade nervosa e consequentemente alterando o limiar de dor [14]. Visto a controvérsia existente para o tratamento da dor muscular de início tardio, com algumas modalidades físicas, que são utilizadas com sucesso na redução de quadros de dor, e não apresentam eficácia no tratamento da DMiT [15-19], enquanto outras apresentam redução do quadro álgico [20-23]. Assim, no presente estudo investigou-se se o uso da criote- rapia produziria algum tipo de efeito analgésico para tal quadro. De acordo com Sellwood et al. [24], a imer- são em água com gelo é ineficaz para prevenir Tabela I - Valores obtidos para os dois grupos (GCO – controle e GCR – crioterapia), de acordo com o momento de avaliação (AV), para a EVA. AV1 AV2 AV3 AV4 GCO 0,0 ± 0,0 2,67 ± 1,88* 3,70 ± 2,70* 2,87 ± 2,79* GCR 0,0 ± 0,0 2,33 ± 1,08* 2,82 ± 2,20* 0,92 ± 0,86● Valor de p 0,6333 0,4448 0,0504 *diferença estatisticamente significativa com relação à comparação com AV1, dentro do grupo. ● diferença significativa ao comparar com AV2 e AV3, apenas para GCR. Valor de p – relativo à comparação entre os grupos. Tabela II - Valores obtidos para os dois grupos (GCO – controle e GCR – crioterapia), de acordo com o momento de avaliação (AV), para o dolorímetro de pressão. AV1 AV2 AV3 AV4 GCO 4,37 ± 2,23 3,14 ± 1,53* 2,86 ± 1,21* 2,99 ± 0,89* GCR 6,68 ± 5,39 5,22 ± 4,60* 5,11 ± 4,07* 5,52 ± 4,24* Valor de p 0,0980 0,0763 0,0305● 0,0175● *diferença estatisticamente significativa com relação à comparação com AV1, dentro do grupo. ● diferença significativa ao comparar entre os grupos. 201Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 sintomas de lesão muscular, como a dor muscu- lar de início tardio, em indivíduos jovens e não treinados. Relatam ainda, aumento da dor nos indivíduos que receberam a crioterapia após o exercício excêntrico. Contudo, Bailey et al. [25] sugerem que a crioterapia, em uma única sessão, imediatamente após o exercício, é eficaz na re- dução de alguns sintomas deletérios induzidos pelo exercício, o que pode indicar que não há um consenso estabelecido do uso do gelo para a diminuição da dor muscular de início tardio. Há dúvidas em relação à modalidade de gelo e ao tempo de terapia que seria ideal, como avaliado por Bleakley, McDonough e MacAuley [26], que compararam o uso de um protocolo padrão com o uso de um protocolo de tratamento intermitente de crioterapia, verificando que o intermitente apresentou maior diminuição da dor. isto corrobora Snyder et al. [27] que relatam que ainda não foram estabelecidos parâmetros universais de tratamento, para diferentes condi- ções de lesões relacionadas ao esporte, embora seja a crioterapia o tratamento mais comum. A eficácia da crioterapia em facilitar a recuperação da DMiT permanece obscura, pois os atletas, com tais dores, experimentam efeitos negativos por mais de 72 horas pós-exercício. No presente estudo foi possível observar que o tratamento continuado com a crioterapia produziu efeitos benéficos na DMiT, quando avaliados dois parâmetros (intensidade da dor e limiar de dor à pressão). Para a intensidade da dor, foi possível observar redução significativa da intensidade da dor em AV4, ao comparar com o segundo e terceiro dias, e, além disso, a intensida- de observada não foi significativamente diferente da avaliação inicial. Para o limiar de dor à pressão, os grupos não se comportaram de forma diferente, mas, ao compará-los, foi observado que tanto em AV3, quanto em AV4, havia um maior limiar do grupo tratado com crioterapia. Deve-se salientar que as formas de avaliação utilizadas, no presente estudo, avaliam um sintoma subjetivo, mas, ambas têm respaldo pelo uso na literatura para avaliar DMiT [15-24,26,28]. Contudo, para futuros estudos, sugerem-se outras formas de avaliação, como avaliação de força muscular, grau articular em repouso, edema e atividades enzimáticas. Conclusão No presente estudo a crioterapia se mostrou eficaz na melhora da sensação de dor de início tardio em indivíduos sedentários. Referências 1. Lana AC, Paulino CA, Gonçalves iD. influência dos exercícios físicos de baixa e alta intensida- de sobre o limiar de hipernocicepção e outros parâmetros em ratos. Rev Bras Med Esporte 2006;12(5):248-54. 2. Ghorayeb N, Dioguardi GS, Daher DJ, Jardim CA, Baptista CC, Batlouni M. Avaliação cardio- lógica pré-participação do atleta. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2005;15(2):97-104. 3. Tricoli W. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Rev Bras Ciênc Mov 2001;9(2):39-44. 4. 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Tel: (11) 3361-5595 | artigos@atlanticaeditora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i S i o L o G i A do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ARTIGO ORIGINAL Alterações posturais de adolescentes praticantes de futebol amador Amateur soccer: postural alterations in adolescents Josenei Braga dos Santos*, Evelise de Toledo**, Pedro Ferreira Reis, D.Sc.***, Antônio Renato Pereira Moro****, Antônio Carlos Gomes***** *Coordenador da Rede de Estudo da Postura Humana – REPH, **Especializanda em Medicina do Esporte e Atividade Física – UGF, ***Ergonomia – UFSC, ****Coordenador do Laboratório de Biomecânica – BIOMEC/UFSC, *****Superintendente de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo - CBAt Resumo o objetivo desta pesquisa foi avaliar a postura de adolescentes praticantes de futebol amador e quais as regiões mais acometidas. Participaram da amostra 87 adolescentes do estado de São Paulo, na faixa etária en- tre 13 e 19 anos, que praticavam duas vezes na semana. Para a avaliação das alterações posturais, utilizou-se a biofotogrametria e o protocolo proposto pela Portland State University (PSU), cujo índice de correção postural (iCP) normal para adolescentes é de 75%. Para trata- mento dos dados, utilizou-se o pacote estatístico SPSS versão 19.0, adotando-se a estatística descritiva e os valores foram expressos em forma de médias e desvios padrão. No que se referiu à comparação das médias dos valores por região, foi utilizada a análise de variância com medidas repetidas e o teste post hoc de Bonferroni foi empregado. Já para avaliar a correlação das médias entre as regiões e os anos de prática, foi utilizado o teste de correlação de Pearson. Para ambas as análises foram considerados como significativos valores p ≤ 0,05. observou-se que as regiões que estavam acima do normal foram abdômen e quadril com 94,0% (± 9,0), seguido da coluna dorsal e lombar 77,0% (± 14,4). Já as regiões que estavam abaixo do normal foram cabeça e pescoço 74,1% (± 7,8) e membros inferiores 70,6 (± 9,5). Com relação à comparação e correlação, ficou evidente que não houve significância. Conclui-se que a comissão técnica deve mudar a forma de preparação física, inserindo exercícios de fortalecimento e com- pensatórios para minimizar a evolução destas alterações posturais em longo prazo. Palavras-chave: adolescentes, postura, futebol. Recebido em 20 de maio de 2014; aceito em 28 de agosto de 2014. Endereço para correspondência: Josenei Braga dos Santos, Rua Nelson Carline, 148, Jardim Primavera, 12916-083 Bragança Paulista SP, E-mail: jopostura@gmail.com Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014204 Introdução o futebol é o esporte mais popular e praticado no mundo, desde a infância até a vida adulta, em diferentes níveis. Tanto atleta profissional como amador e praticante são submetidos a diversos tipos e intensidades de esforços, o que proporciona grande contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como: aceleração, desacelera- ção, mudanças abruptas de direção, saltos e giros que exigem do indivíduo potentes contrações musculares isométricas para manter a postura ereta com simultâneo controle da bola [1-5]. Nele percebe-se uma elevada prevalência de problemas osteomusculares, em diversas faixas etárias, bem como um significativo número de lesões traumáticas graves, pois diversos estudos têm mostrado que esses problemas afetam tanto o atleta profissional quanto amador ou praticante [3,6]. Com o advento das Copas do Mundo, mui- tos adolescentes vislumbram ser um jogador de futebol e, com isto, submetem seu corpo a qual- quer situação na busca por um objetivo maior: ser um atleta profissional de futebol. Percebe-se também que as comissões técnicas que participam de campeonatos amadores esquecem que esses atletas estão em fase de formação esportiva e maturacional e exigem cada vez mais rendimento precocemente, o que desencadeia diversos dese- quilíbrios musculares. outro ponto a ser destacado e de extrema importância nesta fase é que os adolescentes não levam em consideração e nem recebem orientação sobre as diversas mudanças biopsicossociais que ocorrem a uma velocidade acelerada [1,7,8]. Estes autores consideram que a adolescência é o período de maior importância para o desenvolvimento musculoesquelético do indivíduo, repercutindo diretamente no alinhamento postural, gerando queixas álgicas e lesões que, no adulto, podem ser irreversíveis. Por isso, é necessário cuidado na prescrição das atividades físicas, uma vez que o indivíduo encontra-se no período final do seu desenvolvimento, até atingir a idade adulta. Estudos relacionados à postura de crianças e adolescentes são importantes, tendo em vista que as chances de correção ou estabilização dos desvios posturais são maiores em relação aos sujeitos que já passaram por seu ciclo de crescimento [9,10]. Já Detsch et al. [10], quando falam sobre a avaliação postural, explicam que ela é preponderante na identificação dos padrões posturais de crianças e adolescentes, cujo foco deve estar voltado para a prevenção das alterações na postura, funcionais ou estruturais, pois proporcionam uma oportunidade individual de diagnóstico precoce. Neste sentido, buscou-se, neste artigo, avaliar a postura de adolescentes praticantes de futebol amador na faixa etária de 13 a 19 anos com a finalidade de se verificar quais as alterações mais acometidas por região. Abstract The aim of this research was to evaluate the pos- tural alterations in adolescents who practice amateur soccer, and the more affected body regions. The sample consisted of 87 adolescents from Sao Paulo state, 13 to 19 years old,who practice amateur soccer twice a week. in order to evaluate postural alterations, biopho- togrammetry procedures and a protocol proposed by Portland State University (PSU) was used, in which the posture correction index (PCi) of ≥ 75% is considered normal for adolescents. For data processing, the SPSS statistical package version 19.0 was used, adopting the descriptive statistics and the values were expressed as means and standard deviations. in order to compare the means of the body regions, analysis of variance on repeated measures, post hoc Bonferroni’s, was used. The Pearson correlation test was used to evaluate the correlation between means of the body regions and years of soccer practice. For all statistical analysis, the adopted level of significance was 5% (p ≤ 0.05). The regions above the normal values were the abdomen and hip with 94.0% (± 9.0), followed by the dorsal and lumbar spine 77.0% (± 14.4). in contrast, the regions shown to be below the normal values were the head and neck 74.1% (± 7.8), and lower limbs 70.6 (± 9.5). The comparison and correlation did not show any significance. in conclusion, it is recommended to change the physical preparation by implementing strengthening and compensatory exercises in order to minimize the progression of these postural alterations. Key-words: adolescents, posture, soccer. 205Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014 Material e métodos Caracterização da amostra Trata-se de uma pesquisa transversal, ou seja, é uma estratégia de estudo epidemiológico que se caracteriza pela observação direta de determinada quantidade planejada de indivíduos em uma única oportunidade [11], sendo considerada de caráter descritivo exploratório, conforme Thomas e Nelson [12]. Amostra Para coleta de dados, utilizou-se uma amostra constituída de 87 praticantes de futebol amador do estado de São Paulo, todos de sexo masculino, com idade média de 14,4 (dp = 1,2) anos, massa corporal 58,6 (dp = 11,9) kg, estatura 1,67 (dp = 0,1) metros, que praticavam duas vezes por semana e participavam de competições regionais. Procedimentos de coleta de dados Para aquisição das informações referentes aos praticantes, aplicou-se um questionário estrutura- do com perguntas abertas desenvolvido em uma planilha eletrônica do Programa Microsoft Office Excel 2010 com informações referentes ao sexo, à idade, ao local de nascimento e ao diagnóstico médico para saber se estes praticantes possuíam ou já tinham sido diagnosticados com algum problema de saúde (ex: entroses, dores muscula- res, cirurgia etc.), anos de estudo (AE), anos de prática na modalidade (APM) e melhor resultado em competições. Com relação às mensurações físicas, utilizou-se uma balança digital Filizola PL 200, com precisão de 50g e 1 cm para aferição da massa corporal e estatura, que foi realizada após a finalização de uma inspiração máxima, com o avaliado descalço, os pés unidos e a cabeça no plano horizontal de Frankfurt. No que se referiu à vestimenta utilizada para avaliação, os atletas estavam trajando shorts de banho. Com relação aos atletas que tinham ca- belos compridos, solicitou-se que fossem presos no momento da avaliação, para facilitar a obser- vação postural, mais especificamente na região do pescoço. Método PSU Como instrumento de avaliação, adotou-se o mé- todo proposto pela Portland State University – PSU [13,14] conforme descrito por Santos et al. [15], que é um instrumento que usa os sentidos visuais (ob- servação), dentro de uma perspectiva subjetiva, cujo principal objetivo é detectar as simetrias, assimetrias e os possíveis desvios e/ou alterações posturais entre os segmentos corporais e regiões, permitindo ao avaliador quantificar o Índice de Correção Postural (iCP) do avaliado em valores percentuais (%), obtido por meio de equações matemáticas estipuladas pelo escore diagnóstico. Foi obtido o iCP total e por regi- ões, adotando como critério de avaliação três escalas: a) 5 – sem desvio; b) 3 – ligeiro desvio lateral; e c) 1 – acentuado desvio lateral. Para classificação da postura corporal, este método adota como critério de boa postura valor ≥ 75% para adolescentes (10 a 19 anos). Aquisição e análise das imagens No que se referiu à aquisição das imagens, utilizou-se uma câmera fotográfica digital Sony Cyber-Shot Sony 8.1 Mega pixels e um tripé FT – 361A, que foi posicionado a 3 metros de distância do avaliado e a uma altura de 1,07 metros do chão. Com relação à análise das imagens, utilizaram-se recursos de computação gráfica do software Corel Draw 5® (2010), que é um software de edição de imagens, assim como se adotou a biofotogrametria (bios – vida; fotogrametria – aplicação métrica a imagens fotográficas), que é um recurso que remete à aplicação métrica em fotogramas de registro de mo- vimentos corporais, permitindo detectar simetrias, assimetrias e os desvios e/ou alterações posturais entre os segmentos corporais, assegurando acurácia, confiabilidade e reprodutibilidade [16,17]. Consentimento da pesquisa Com relação ao consentimento da pesquisa, apenas um adolescente tinha 19 anos que assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o restante, menores de 18 anos, os pais e/ou responsáveis o assinaram. Nesse TCLE fica assegurada a privacidade dos mesmos, confirmando que estavam cientes dos propósitos da investigação Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 4 - julho/agosto 2014206 e dos procedimentos que seriam utilizados e autori- zaram a publicação dos dados. Todo procedimento tomou como base a resolução específica do Con- selho Nacional de Saúde (Resolução196/96) [18]. Análise estatística Todos os dados da pesquisa foram analisados com o uso do pacote estatístico SPSS, versão 19.0 (SPSS inc, EUA) [19], foi adotada a estatística descritiva e os valores foram expressos em forma de médias e desvios padrão (dp). Estes valores foram comparados com os parâmetros das tabelas referenciais para análise e discussão, e para todos os casos foram considerados como significativos valores p ≤ 0,05. No que se referiu à comparação das médias dos valores dos percentuais por região, foi utilizada a aná- lise de variância com medidas repetidas. Previamente à análise, os dados foram testados quanto aos pres- supostos de normalidade dos resíduos (por inspeção visual dos histogramas) e de esfericidade (pelo teste de Mauchly), sendo somente o primeiro atendido. Por conta da não aderência ao pressuposto de esfericidade, utilizou-se a correção de Greenhouse–Geisser. o teste post hoc de Bonferroni foi utilizado. Para avaliar a correlação, as médias dos valores dos índices e os anos de prática, foi utilizado o teste de correlação de Pearson. Previamente à análise, os dados foram testados quanto ao pres- suposto de normalidade (por inspeção visual dos histogramas), sendo atendido em todos os casos. Resultados Na Tabela i apresentam-se os valores obtidos (média e desvio padrão), referentes às caracterís- ticas dos praticantes. Tabela I - Características dos praticantes da modalidade. Faixa etária (anos) Idade (anos) AE APM MC (kg) Es- ta- tura (m) IMC (kg/ m2) 13 a 19 DP 14,4 1,2 7,5 1,2 6,6 2,3 58,0 11,9 1,67 0,1 20,7 2,8 AE – Anos de Estudo; APM – Anos de Prática na Moda- lidade; MC – Massa Corporal; IMC – Índice de Massa Corporal. Na Tabela ii, demonstram-se as alterações posturais ocorridas por região, apontando as situações de maior destaque, assim como as mais críticas conforme observado na avaliação dos praticantes. Tabela II - Índice de Correção Postural (%) dos praticantes. Faixa etária (anos) RCP RCDL RAQ RMI ICP 13 a 19 DP 74,1 7,8 77,0 14,4 94,0** 9,0 70,6* 9,5 77,1 9,5 RCP – Região da Cabeça e do Pescoço; RCDL – Região da Coluna Dorsal e Lombar; RAQ – Região do Abdômen e Quadril; RMI – Região dos Membros Inferiores; ICP – Ín- dice
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