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Demonstração dos fluxos de caixa RESUMO A Demonstração dos Fluxos de Caixa, com a edição da Lei nº. 11.638/2007, passou a figurar entre as demonstrações de publicação obrigatória por parte das Sociedades Anônimas, compondo, assim, o grupo de informações que são analisadas pelo mercado. Este artigo aborda os conceitos tidos como fundamentais para a compreensão da demonstração dos fluxos de caixa, apresenta os métodos utilizados para sua elaboração conhecidos como método direto e método indireto, indica os vários elementos que devem compor o fluxo, as formas adequadas para a análise, elaboração e utilidade, além de justificar sua importância e utilização de demonstrativos de fluxo de caixa como ferramenta indispensável à boa gestão das organizações. Palavras - chave: Demonstração dos Fluxos de Caixa, conceito, método direto, método indireto. INTRODUÇÃO Este artigo ressalta a importância da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) em substituição a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), sendo um assunto de extrema importância uma vez que na nova Lei 11.638/07 sancionada em 28 de dezembro de 2007 consta a substituição da DOAR pela DFC, determinando importantes modificações nas práticas contábeis e administrativas das empresas brasileiras em consonância às práticas internacionais. No Brasil, a DFC, portanto, substituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), que, por um lado fosseuma demonstração rica em informações, por outro lado era de difícil compreensão pela maioria dos investidores que atuam no mercado de capitais. Assim, a DFC, por utilizar uma linguagem e conceitos mais simples, surge como instrumento mais acessível à maioria dos usuários das demonstrações contábeis. A Demonstração dos Fluxos de Caixa nos fornece um resumo dos fluxos de caixa relativos a três importantes aspectos da empresa sendo: atividade operacional, atividade de investimentos e atividade de financiamentos. A DFC permite ao usuário ver como o caixa alterou de um período a outro, quais contas foram responsáveis por esta alteração e qual foi o resultado obtido com cada atividade deste fluxo. O assunto abordado neste artigo expõe o quanto a Demonstração de Fluxo de Caixa se tornou necessária nas demonstrações financeiras das empresas. Visando demonstrar a importância da elaboração do Fluxo de Caixa e sua necessidade de implantação nas empresas o objetivo geral é demonstrar as principais características da Demonstração de Fluxo de Caixa e sua estruturação, tendo como objetivos específicos: * Conceituação de Demonstração dos Fluxo de Caixa; * Importância da Demonstração dos Fluxos de Caixa; * Identificação das vantagens e desvantagens da Demonstração do Fluxo de Caixa, comparando os métodos diretos e indiretos visando um melhor entendimento das informações a serem explanadas; * Descrever a estruturação da DFC classificando-as em atividade operacional, investimento e financiamento. A intenção desse estudo é comprovar a fundamental importância do DFC nas demonstrações contábeis apontando as informações necessárias sobreos reais resultados das empresas e sua situação financeira direcionadas ao público. ASPECTOS LEGAIS Com a lei nº. 11.638/07 muitas mudanças foram feitas na lei das Sociedades por Ações no intuito de harmonizar a lei brasileira com as normas contábeis internacionais. Uma destas mudanças foi a substituição da obrigatoriedade da publicação da DOAR pela DFC. Dentre as alterações está a inclusão da obrigatoriedade de elaboração e publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (Artigo 1º da Lei nº. 11.638 que altera a redação do inciso IV do Artigo 176º da Lei 6.404) para as sociedades anônimas e para as sociedades de capital fechado com patrimônio líquido superior a dois milhões de reais (parágrafo sexto do Artigo 176º da Lei nº. 6.404). Com a finalidade de estabelecer regras de como as entidades devem elaborar e divulgar as demonstrações dos fluxos de caixa para atendimento à Lei nº. 11.638/2007, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) divulgou o Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração de Fluxos de Caixa. Em resumo, o Pronunciamento Técnico CPC 03 descreve que a demonstração do fluxo de caixa quando em conjunto com demais demonstrações contábeis, fornece aos usuários informações relevantes para a avaliação das mudanças nos ativos líquidos de uma entidade e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, com o propósito de adaptá-los às necessidades correntes. Além disso, informações históricas de fluxo de caixa são ao mesmo tempo utilizadas como indicadores de segurança dos fluxos de caixa futuros. Considerando que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, a partir do IAS 7 do IASB, e do Pronunciamento Técnico 03- Demonstração dos Fluxos de Caixa, aprovou a NBC T 3.8 - Demonstração dos Fluxos de Caixa. NBC T 3.8 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Objetivos da NBC T 3.8 As informações dos fluxos de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades de liquidez Esta norma fornece informação acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de uma entidade por meio de demonstração que classifique os fluxos de caixa do período por atividades operacionais, de investimento e de financiamento. A entidade deve elaborar demonstração dos fluxos de caixa de acordo com os requisitos desta norma e apresentá-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada período. Os usuários das demonstrações contábeis se interessam em conhecer como a entidade gera e usa os recursos de caixa e equivalentes de caixa, independentemente da natureza das suas atividades, mesmo que o caixa seja considerado como produto da entidade, como é o caso de instituição financeira. As entidades necessitam de caixa essencialmente pelas mesmas razões, por mais diferentes que sejam as suas principais atividades geradoras de receita. Elas precisam dos recursos de caixa para efetuar suas operações, pagar suas obrigações e prover um retorno para seus investidores. Assim sendo, esta norma requer que todas as entidades apresentem uma demonstração dos fluxos de caixa. Demonstração dos Fluxos de Caixa: Conceitos De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) “Caixa compreende numerário emespécie e depósitos bancários disponíveis.” “Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.” O fluxo de caixa é evidenciado através da Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC), uma demonstração de grande importância na análise da empresa. É uma demonstração financeira que indica a origem de todo o dinheiro que entrou no Caixa (caixa + bancos + aplicações de curtíssimo prazo), bem como a aplicação de todo o dinheiro que saiu do Caixa em determinado período. Note que, apesar do nome, a DFC não evidencia apenas as mudanças na conta Caixa, mas em todas as contas de disponibilidades. Segundo Osni Moura Ribeiro (2009) Demonstração dos Fluxos de Caixa “ um relatório contábil que tem por fim evidenciar as transações ocorridas em determinado período e que provocaram modificações no saldo da conta caixa.” Em outras palavras, seria o movimento de todas as entradas e saídas de recursos financeiros do caixa, ou seja, das origens de caixa (fatores que aumentam o caixa da empresa) e das aplicações de caixa (fatores que reduzem o caixa da empresa). Importância da Demonstração dos Fluxos de Caixa A Demonstração do Fluxo de Caixa é um instrumento que possibilita mostrar de forma direta ou indireta as mudanças ocorridas no caixa da empresa, demonstrando as entradas e saídas de dinheiro, ou seja, os reflexos no caixa da empresa, desde o momento que sai da Demonstração de Resultados até o Balanço Patrimonial. O objetivo primário da DFC é prover informações relevantes sobre pagamentos erecebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos num determinado período. Ela deve seguir orientações do Financial Accouting Standards Board (FASB), órgão normatizador das práticas contábeis americanas e do International Accounting Standards (IASB), órgão que estabelece normas internacionais de contabilidade, as quais vêm sendo progressivamente adotadas por vários países, inclusive no Brasil. De acordo com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. A demonstração dos fluxos de caixa também melhora a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional para diferentes entidades porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos. Em resumo, o fluxo de caixa é um instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa por determinado período. Estruturação da Demonstração dos Fluxos de Caixa Segundo o Comitê de Pronunciamento Contábil n.° 03, a Demonstração dos Fluxos de Caixa deve apresentar os fluxos de caixa do período classificados por atividades operacionais, de investimento e de financiamento. Atividades Operacionais: Todas as atividades relacionadas com a produção e entrega de bens e serviços, ou seja, atividades geradoras de receitapara a entidade. Atividades de Investimentos: Relacionam-se normalmente com o aumento e diminuição dos ativos de longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e serviços. Atividades de Financiamentos: São as atividades que têm como conseqüência alterações na dimensão e composição do capital próprio e nos empréstimos obtidos pela empresa. A divisão da DFC por tipos de atividades cumpre a função de qualificar a movimentação (fluxo) do caixa, identificando sua natureza (operacional, investimento ou financiamento). Métodos de elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa Existem dois métodos de elaboração da DFC: Método Direto e Indireto, conforme são conceituados a seguir. Método Direto No método direto são apresentadas as entradas e saídas de caixa das atividades operacionais pelo seu volume bruto. Basicamente começa-se pelos componentes da Demonstração do Resultado do Exercício e procede-se aos ajustes pelas variações das contas circulantes (Balanço Patrimonial) ligadas às operações. A estrutura da DFC, pelo método direto é a seguinte: Demonstração dos Fluxos de Caixa, ano x1: I - Fluxos das atividades Operacionais: (+) Recebimento de Vendas (-) Pagamento de Compras (-) Pagamentos de impostos (-) Pagamento de Despesas Operacionais (=) Caixa Gerado pelas Operações II - Fluxos das atividades de Financiamento: (-) Aquisição de Investimentos /imobilizado (+) Vendas de Investimentos /imobilizado (=) Caixa Gerado pelos Investimentos III - Fluxos das atividades de Investimento: (+) Integralização do capital (+) Empréstimos Bancários (-) Amortização de Financiamentos (-)Pagamentos de dividendos (=) Caixa Gerado pelos Financiamentos Variação Total das Disponibilidades: Saldo Inicial das Disponibilidades: Saldo Final das Disponibilidades: A demonstração pelo método direto facilita ao usuário avaliar a solvência da empresa, pois evidencia toda a movimentação dos recursos financeiros, as origens dos recursos de caixa e onde eles foram aplicados. Método Indireto Método indireto é também chamado de método da reconciliação. Isto se dá porque, o método indireto faz conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações, é o método no qual os recursos provenientes das atividades operacionais são demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens considerados nas contas de resultado que não afetam o caixa da empresa. A estrutura da DFC, pelo método indireto é a seguinte: Demonstração dos Fluxos de Caixa, ano x1: Origens: Lucro líquido do exercício Mais: Depreciações Aumento em imposto de renda a pagar Aumento em fornecedores Menos: Aumento em clientes (=) Caixa gerado pelas operações Venda do Imobilizado (=) Total dos ingressos de Disponibilidade Aplicações: Pagamento de Empréstimos bancários Aquisição de Imobilizado (=) Total das aplicações de Disponibilidades Variação líquida das Disponibilidades (+) Saldo inicial (=) Saldo final das Disponibilidades Comparações entre o Método Direto e o Método Indireto Na comparação entre os dois métodos é interessante frisar as vantagens e desvantagens existentes em cada uma delas. De acordo com Campos Filho, a comparação entre os dois métodos é importante ir além dosaspectos técnicos e considerar a realidade em que vivemos. Método Direto: Vantagens * Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais; * Permite que a cultura de administrador pelo caixa seja introduzida mais rapidamente nas empresas; * As informações de caixa podem ser disponíveis diariamente. Método Direto: Desvantagens * O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos; * A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e financeira em usar as partidas para classificar os recebimentos e pagamentos. Método Indireto: Vantagens * Apresenta baixo custo, basta utilizar dois balanços patrimoniais (o do início e do final do período), a demonstração de resultados e algumas informações adicionais obtidas na contabilidade; * Concilia o lucro contábil com o fluxo de caixa operacional líquido mostrando como se compõe a diferença. Método Indireto: Desvantagens * O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência é só depois convertê-las para o regime de caixa. Se isso for feito uma vez por ano, por exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis e tardiamente; * Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e geralmente há, o método indireto irá eliminar somente parte dessas distorções. CONCLUSÃO A contabilidade já não pode mais limitar-se a registrar fatos passados e a manter livros fiscais escriturados com um único fim de recolhimento de tributos e o cumprimento de obrigações acessórias. Não que o registro e a boa ordem das informações passadas não sejamimportantes e necessárias, mas porque o seu papel, cada vez mais, passa a ser cobrado como uma atividade para as empresas atual, significa pensar em um sistema integrado de informações que espelhe a realidade da situação passada e atual, mas que também seja capaz de fomentar estudos prospectivos e projetivos perfeitamente sintonizados com todas as demais áreas das empresas. Neste sentido, o estudo voltado para o desenvolvimento de novas ferramentas que auxiliem no processo de organização das empresas deve ser incentivado. Dentre os instrumentos gerenciais, o fluxo de caixa merece destaque, seja por sua estreita relação com a liquidez das empresas, como pela propriedade de projetar situações futuras. Outro aspecto importante a ser considerado é que o fluxo de caixa torna mais conveniente a administração e acompanhamento do dia-a-dia das atividades operacionais das empresas. REFERÊNCIAS RIBEIRO, Osni Moura.Contabilidade Intermediária. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2010. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Lei nº. 11.638/2007. Disponível em: www.cvm.gov.br. Acesso em: 20 de novembro de 2011. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento conceitual básico. Disponível em: www.cpc.org.br. Acesso em: 19 de novembro de 2011. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.125 de 15.08.2008. Dispõe sobre a aprovação da NBC T 3.8 – Demonstração dos Fluxos de Caixa. Disponível em: www.portaldecontabilidade.com.br. Acesso em: 22 de novembro de 2011. CAMPOS FILHO, Ademar. Fluxo de Caixa. Disponível em: www.coladaweb.com. Acesso em: 22 de novembro de 2011.
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