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CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Introdução
O Código Penal dedica o último título da parte especial para tratar dos crimes contra a Administração Pública.
Pretende o legislador proteger o normal desenvolvimento da máquina administrativa em todos os setores de sua atividade, proibindo, pela incriminação penal, não só a conduta ilícita dos funcionários públicos, mas também a dos particulares que venham expor a perigo de dano a função administrativa.
Mas qual o significado da expressão “Administração Pública” utilizada pelo Código Penal?
A Administração Pública pode ser analisada sob duas óticas diferentes, ora no
sentido amplo, ora no sentido restrito.
O conceito de Administração em sentido restrito abrange apenas o poder Executivo no exercício de sua função típica de administrar.
Diferentemente, a Administração Pública analisada no sentido amplo é o próprio
Estado, sendo composta pelos três poderes, ou seja, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário.
Vamos entender:
O poder Executivo tem como função principal a de administrar, desenvolvendo todos os atos inerentes a esta função. Entretanto, tal como ocorre nos outros poderes, detém também funções de editar leis, como no caso das Medidas Provisórias, e julgar processos, como no caso das decisões proferidas em seus processos administrativos.
O poder Legislativo, por sua vez, tem como funções principais a edição de Leis e o controle. Todavia, exerce também a função de administrar, em se tratando da
administração de seu pessoal, por exemplo, e a função de julgar, como no caso do crime de responsabilidade.
Por fim, o poder Judiciário tem como função principal a de julgar, exercendo a
função jurisdicional em todo o âmbito da administração. Entretanto, na admissão, demissão e promoção de seu pessoal, por exemplo, pode ser verificada a ocorrência da função administrativa.
Sendo assim, percebe-se que temos a função administrativa no âmbito dos três
poderes e, exatamente por isso, o legislador optou por utilizar no Código Penal o conceito de Administração Pública em SENTIDO AMPLO, abrangendo assim o poder EXECUTIVO, o LEGISLATIVO e JUDICIÁRIO.
CLASSIFICAÇÕES
Os crimes contra a administração são classificados em três grupos:
1. CRIMES COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (ART. 312 A 326);
2. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (ART. 328 A 337); E
3. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA (ART 338 A 359).
 CRIME FUNCIONAIS
Os crimes funcionais pertencem à categoria dos crimes próprios, pois só podem ser cometidos por determinada classe de pessoas. Neste tipo de delito, a lei exige do indivíduo uma condição ou situação específica. 
Os crimes funcionais classificam-se em:
Crimes funcionais próprios -São aqueles cuja ausência da qualidade de funcionário público torna o fato atípico. Exemplo claro de crime funcional próprio é o delito de prevaricação, previsto no artigo 319 do Código Penal.
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Se ficar comprovado que na época do fato o indivíduo não era funcionário público, desaparece a prevaricação e não surge nenhum outro crime. Percebe-se
que a qualidade do sujeito ativo aparece como elemento da tipicidade penal.
Crimes funcionais impróprios ou mistos - A ausência da qualidade especial faz com que o fato seja enquadrado em outro tipo penal. 
Exemplo:
Concussão – Art. 316; se o sujeito ativo não for funcionário público, o crime é
de extorsão – art. 158.
		FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Durante a aula, falarei por diversas vezes em “funcionário público”, mas qual o
real significado desta expressão?
Para responder a este questionamento, devemos buscar o conceito exposto no artigo 327 do Código Penal. Observe:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,emprego ou função pública.
Importante
CARGO PÚBLICO - Segundo a doutrina, cargo público é a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente. Todavia, há conceito legal de cargo público. O artigo 3º da lei 8112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União) define cargo público como sendo o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
	
	EMPREGO PÚBLICO - De acordo com a doutrina dominante, emprego público tem, substancialmente, a mesma conceituação de cargo público. O que os diferencia é que no emprego a relação jurídica estabelecida entre seu titular e a Administração é regida pela CLT.
	FUNÇÃO PÚBLICA - De forma residual, conceituamos função pública como a atribuição desempenhada por um agente que não se caracteriza como cargo ou emprego público. Assim, considera-se funcionário aquele que, sem ter cargo ou emprego público, desempenha função pública extraordinária (contratado extraordinariamente).
Devemos entender por funcionários públicos: todos aqueles que desempenham função, submetidos a uma relação hierarquizada para com o ente administrativo, independentemente de ser este ente da administração direta ou indireta, bem como de ser este labor permanente ou temporário, voluntário ou compulsório, gratuito ou oneroso.
Resumindo:
CAP. I – crimes praticados por funcionário público. São os crimes funcionais. CP 312 a 327. O funcionário público é sujeito ativo.
CP 327 caput – conceito de funcionário público típico.
CP 327 §1º - funcionário público por equiparação.
CAP. II – crimes praticados por particular. O funcionário público é a vítima. CP 328 a 337 A.
CAP. II A – Crimes contra a regularidade da transação comercial internacional. CP 337 B a 337 D
CAP. III – Crimes contra administração da justiça. CP 338 a 359
CAP. IV – crimes contra as finanças pública. CP 359 A a H (infrações a lei de responsabilidade fiscal).
Art. 327,§1º: CP funcionário público atípico ou por equiparação: equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função a entidade para estatal, e para execução de atividade típica da administração em empresa prestadora de serviço contratada ou empresa conveniada na busca do bem comum.
A lei nº 9.983/2000 estendeu o conceito de funcionário público, equiparando a este:
1. QUEM TRABALHA EM ENTIDADE PARAESTATAL 􀃎 As entidades paraestatais integram o chamado terceiro setor, que pode ser definido como aquele composto por entidades privadas da sociedade civil, que prestam atividade de interesse social, por iniciativa privada, sem fins lucrativos.
O terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o próprio Estado, e com o segundo setor, que é o mercado.
Relembrando: Conforme Marçal Justen Filho, temos como definição de entidades paraestatais a seguinte:
“Entidade paraestatal ou serviço social autônomo é uma pessoa jurídica de direito privado criada por lei para, atuando sem submissão à Administração Pública, promover o atendimento de necessidades assistenciais e educacionais de certas atividades ou categorias profissionais, que arcam com sua manutenção mediante contribuições compulsórias”.
Desse conceito podemos entender que um ponto diferencial dessas entidades é que são instituídos por lei, ou seja, sua criação e funcionamento estão contemplados em dispositivos legais, porém como tem personalidade de direito privado, seus administradores são escolhidos por processos eleitorais próprios.
Elas se dedicam a ministrar ensino ou assistência a certas categorias ou grupos profissionais, se voltam à satisfação de necessidades coletivas e supra-individuais. Não têm fins lucrativos e são mantidos por dotações orçamentárias ou contribuições sociais.
Constituem órgãos paraestatais que cooperam com
o poder publico. Têm administração e patrimônio próprios. Revestem-se da forma de instituições particulares convencionais (fundações, associações, sociedades civis, etc). São entidades paraestatais as empresas públicas, as sociedades de economia mista e os serviços sociais autônomos, a exemplo o SESI, o SESC, o SENAI e o SENAC.
Esses serviços sociais são oficializados pelo Estado, mas não integram a administração direta e nem a indireta. Trabalham paralelamente ao Estado, dando cooperação nas atividades e serviços que lhe são atribuídos, por constituírem assuntos de interesse específico de beneficiários determinados.
São por isto oficializados pelo Poder Público e utilizam para sua manutenção das contribuições sociais.
Esses serviços sociais atuam como órgãos de cooperação e subsistem ao lado do Estado com seu apoio, porém, sem nenhuma subordinação hierárquica às autoridades públicas, por isso são denominados entes de cooperação com o Estado. Ficam vinculadas ao órgão estatal, apenas, para fins de controle das finalidades e prestação de contas de dinheiros públicos recebidos.
Seus empregados sujeitam-se às normas do Direito do Trabalho, sendo, porém, equiparados a servidores públicos para fins de delitos funcionais (art. 327 do Código Penal).
Seus dirigentes, em consequência de seus atos, são passiveis de responder por mandado de segurança e ação popular, respondendo pessoalmente, aquele que houver praticado o ato.
Os dirigentes respondem por atos de improbidade administrativa, como agentes públicos (Lei nº 8.492/92). Antes de investir no cargo, seus dirigentes devem apresentar declaração de bens.
Contratação de obras, serviços e comprar e a alienação de seus bens estão sujeitos à prévia licitação (Decreto Lei nº 2.300/86).
Esses serviços autônomos não gozam de privilégios administrativos, fiscais ou processuais. Neste sentido o STF já decidiu que o SESI fica sujeito à Justiça Estadual (Súmula 516). Esta norma jurisprudencial se aplica a todos os serviços congêneres.
QUEM TRABALHA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO CONTRATADA OU CONVENIADA PARA A EXECUÇÃO DE ATIVIDADE TÍPICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 􀃎 Difere o contrato do convênio porque naquele é a Administração Pública, mediante concessão, quem contrata o particular para o exercício de atividade pública. Já no convênio, verifica-se um acordo de duas ou mais entidades para a realização de um serviço público de competência de uma delas, que deve ser uma entidade pública.
	O conceito de atividade típica da Administração Pública vincula-se às tarefas essenciais do Estado, tais como saúde, educação, transportes, cultura, segurança, higiene, dentre outras. Observe o julgado:
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 902037 SP 2006/0222308-1 PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 317, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS. ADVOGADO CONTRATADO POR MEIO DE CONVÊNIO FIRMADO ENTRE A PROCURADORIA GERAL DO ESTADO E A OAB PARA ATUAR EM DEFESA DOS BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA.
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em defesa dos agraciados com o benefício da Justiça Pública, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais (Precedentes). Recurso especial provido.
Art. 327,§2 º CP: majorante de pena – aumenta-se a pena de 1/3 quando o agente for ocupante de função de direção, de assessoramento e cargo em comissão em órgão da administração direta, empresa pública, sociedade de economia mista e fundação instituída pelo poder pública. Obs.: o legislador esqueceu da autarquia.
Para o STF prefeitos, governadores e presidente exercem função de direção de órgão da administração direta, portanto não tem como escapar do aumento.
Importante não esquecer:
FUNCIONÁRIO PÚBLICO - PESSOA FÍSICA QUE EXERCE FUNÇÃO PÚBLICA, A QUALQUER TÍTULO, COM OU SEM REMUNERAÇÃO. (ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU INDIRETA)
FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO - PESSOA FÍSICA QUE ATUA EM ENTIDADE PARAESTATAL OU EM EMPRESA PRIVADA, CONTRATADA OU CONVENIADA, PARA A EXECUÇÃO DE ATIVIDADE TÍPICA.
OBSERVAÇÃO 01 - A EQUIPARAÇÃO APLICA-SE AO SUJEITO ATIVO DO DELITO.
OBSERVAÇÃO 02 - NO CASO DE OCUPANTES DE CARGOS EM COMISSÃO OU DE FUNÇÃO DE DIREÇÃO OU ASSESSORAMENTO DE ÓRGÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU INDIRETA, A PENA SERÁ AUMENTADA DA TERÇA PARTE.
NOS DELITOS PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEVE-SE COMPROVAR A UTILIZAÇÃO DO CARGO, DO EMPREGO OU DA FUNÇÃO; CASO CONTRÁRIO, NÃO HAVERÁ ESSE TIPO DE CRIME.
Crimes funcionais espécies: 
C.Funcional próprio ou propriamente dito, ou puro: faltando a qualidade de servidor do agente o fato passa a ser tratado como indiferente penal; é caso de atipicidade absoluta; ex.: prevaricação.
C. funcional impróprio ou impuro: faltando a qualidade de servidor do agente o fato passa a configurar crime comum. É caso de atipicidade relativa, exemplo: Peculato que passa a configurar furto ou apropriação indébita.
Esses crimes são objeto de extraterritorialidade incondicionada.
Art. 33, §4º CP.
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A DMINISTRAÇÃO EM GERAL
Peculato:
O peculato é o delito em que o funcionário público, arbitrariamente, faz sua ou desvia em proveito próprio ou de terceiro, a coisa móvel que possui em razão do cargo, seja ela pertencente ao Estado ou a particular, ou esteja sob sua guarda ou vigilância.
peculato apropriação: art. 312, caput, 1ª parte; - peculato próprio
Peculato desvio: art. 312, caput, 2ª parte; - peculato próprio
Peculato furto, art. 312, §1º - peculato impróprio
Peculato culposo, art. 312, §2º
Peculato estelionato, art. 313
Peculato eletrônico, art. 313, A e B
PECULATO PRÓPRIO:
Art. 312, caput CP
Sujeito ativo: Funcionário público. É crime próprio.
Para que haja a caracterização do peculato, faz-se necessário o cumprimento das seguintes condições:
1. QUE O SUJEITO TENHA A POSSE LÍCITA DO OBJETO MATERIAL;
2. QUE A POSSE LHE TENHA SIDO CONFIADA EM RAZÃO DO CARGO; E
3. QUE HAJA UMA RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE O CARGO E A POSSE.
Admite concurso de pessoas? Sim, inclusive de estranhos aos quadros da administração.
“A” funcionário público induzido por “B” particular, se apropria de coisa em poder da administração. Qual crime praticaram? 
“A” praticou peculato apropriação na condição de autor;
“B” depende de algumas considerações: se conhecia as qualidades funcionais de “A” responde pelo art. 312 na condição de partícipe, se desconhecia responde por apropriação indébita.
Obs.: Diretor de sindicato pratica peculato? Sim. A CLT, art. 552, sem equiparar a pessoa equiparou o fato a crime funcional. Esse art. foi recepcionado pela CF/88? A maioria da doutrina ensina que este artigo não foi recepcionado pela CF/88, portanto eles não praticam peculato e sim apropriação indébita, segundo Sérgio Pinto Martins. Porém o STJ não entende desta forma, e defende a recepção do art. 552 pela CF/88.
Obs.: O servidor aposentado pode cometer o crime de peculato? Se conservar consigo a posse de bem ilegalmente apropriado durante o exercício e em razão da cargo antes ocupado, responderá pelo crime de peculato.
	Quando o sujeito ativo for Prefeito Municipal? O CP é norma geral, e o Dec. Lei 201/67 é norma especial. Desta forma verifica-se se a norma especial se adéqua ao fato para só depois aplicar a geral. Trata-se portanto de crime de responsabilidade.
PECULATO APROPRIAÇÃO: art. 312, caput, 1ª parte.
Elementos:
Apropriar-se o funcionário público: inverter a posse agindo arbitrariamente como se dono fosse;
De dinheiro, valor ou qq outro bem móvel; Obs: móvel para o direito penal basta ser transportado de um local para outro sem perder a identidade;
Público ou particular: proprietário figura como vítima;
De que tem a posse (abrange mera detenção?) 1ª corrente: a expressão posse não abrange mera detenção, caso em que estará
configurado peculato furto. Se a intenção do legislador fosse abranger a mera detenção teria sido expresso como foi no art. 168 CP. TFR 1ª região considerou como a adotado do STJ. 2ª corrente entende que a expressão posse abrange mera detenção, assim decidiu recentemente o STJ.
Em razão do cargo: exige-se nexo funcional entre posse e atribuição do agente.
PECULATO DESVIO art. 312, 2ª parte
Elementos:
Desviar o funcionário público: inverter a posse agindo arbitrariamente como se dono fosse;
De dinheiro, valor ou qq outro bem móvel; Obs: móvel para o direito penal basta ser transportado de um local para outro sem perder a identidade;
Público ou particular: proprietário figura como vítima;
De que tem a posse (abrange mera detenção?) 1ª corrente: a expressão posse não abrange mera detenção, caso em que estará configurado peculato furto. Se a intenção do legislador fosse abranger a mera detenção teria sido expresso como foi no art. 168 CP. TFR 1ª região considerou como a adotado do STJ. 2ª corrente entende que a expressão posse abrange mera detenção, assim decidiu recentemente o STJ.
Em razão do cargo: exige-se nexo funcional entre posse e atribuição do agente. O funcionário tem que ter a posse lícita do bem.
Obs.: Na malversação ( peculato desvio) o proveito pode ser material ou moral, auferindo vantagem outra que não necessariamente a de natureza econômica.
O crime é punido a título de dolo. É imprescindível o agente agir como ânimo de apoderamento definitivo. 
Se agir com ânimos de uso é preciso diferenciar a coisa consumível da coisa não consumível. Se consumível é crime, e não consumível é fato atípico, será um ilícito civil.
Exemplo: máquinas da Prefeitura usadas por um funcionário para cavar a piscina haveria crime. Se for prefeito. Aplica-se o dec-lei 201/67, que no art.1º, II diz que para prefeito é sempre crime não importa se consumível ou não, até para uso de mão de obra, desta forma cabe prisão em flagrante.
SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público.
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode figurar no pólo passivo um particular, caso o objeto material seja de natureza privada.
Para exemplificar, imagine que Raul está em um processo judicial tentando a posse de um bem. Durante o processo, o Juiz coloca este bem sob a guarda de um funcionário público, que o desvia. Neste caso, figurará no pólo passivo o particular. 
ELEMENTOS:
Relembrando:
• OS ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO REFEREM- SE AO ASPECTO MATERIAL DA INFRAÇÃO PENAL, DIZENDO RESPEITO À FORMA DE EXECUÇÃO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC. 
• OS ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL, TAMBÉM CONHECIDOS NA DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DO INJUSTO, DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLÓGICO DO AGENTE, OU SEJA, À SUA INTENÇÃO.
• ELEMENTOS NORMATIVOS - OS TIPOS PENAIS PODEM CONTER ELEMENTOS NA SUA FORMAÇÃO QUE NÃO SÃO DE COMPREENSÃO IMEDIATA, COMO OS ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZÃO DA NECESSIDADE DE UM JUÍZO DE VALOR SOBRE OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTÉM ELEMENTOS NORMATIVOS, ALÉM DE O LEGISLADOR INCLUIR EXPRESSÕES COMO MATAR, SUBTRAIR, OFENDER, ETC., INCLUI ELE AINDA EXPRESSÕES COMO SEM ‘JUSTA CAUSA’, ‘INDEVIDAMENTE’, ‘FRAUDULENTAMENTE’, ETC., QUE SÃO CONSIDERADOS ELEMENTOS NORMATIVOS.
Elementos do PECULATO desvio e apropriação:
1. OBJETIVO: Conforme você já estudou, a conduta pode realizar-se através da apropriação ou do desvio.
Na apropriação, ocorre a inversão do título de posse e o funcionário passa a dispor da “coisa” como se sua fosse.
Diferentemente, no desvio o funcionário não tem a intenção do apossamento definitivo, mas emprega o objeto em fim diverso para proveito próprio.
Imagine que Raul ficou responsável pela guarda de uma Ferrari e resolve utilizá-la para sair com uma “amiga”. Neste caso, comete peculato-desvio.
2. SUBJETIVO: É o DOLO. Exige-se a intenção de não devolver o objeto e a vontade de obter proveito próprio ou de terceiro.
Atenção que aqui estamos tratando unicamente do peculato apropriação e desvio.
3. NORMATIVO: A expressão "proveito próprio ou alheio".
CONSUMAÇÃO:
O peculato apropriação consuma-se no momento em que o agente exterioriza os poderes de proprietário; 
O peculato desvio consuma-se quando o funcionário altera o destino normal da coisa.
TENTATIVA:
Ambos admitem a tentativa.
Obs.: nas duas condutas a caracterização do crime não reclama lucro efetivo por parte do agente, pouco importando se a vantagem visada é conseguida ou não.
A execução pode ser fracionada em vários atos – crime plurissubsistente, desta forma atentativa é perfeitamente possível.
É POSSÍVEL APLICAR O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA? O STF admite a aplicação do princípio da insignificância. Já o STJ, atento ao bem jurídico moralidade administrativa, em regra não admite o princípio da insignificância.
Obs.: Não confunda peculato com o crime de apropriação indébita, dada a diferença estrutural que existe entre um e outro crime, graças à qualidade do sujeito ativo, do título da posse que deve estar relacionado com o cargo ou serviço e a pluralidade de condutas, nesse tipo penal.
Obs.: A jurisprudência tem enfrentado situações interessantes, caracterizando como peculato a apropriação de objetos destinados a presos, praticado por carcereiro, em razão do cargo. Também o desvio de bem público, por longo tempo em proveito próprio, porque não há de falar em furto de uso. 
TRF4 - APELAÇÃO CRIMINAL: ACR 22098 RS 2000.71.00.022098-3
O delito de peculato, para sua configuração, exige a condição de funcionário público do agente ativo e que ele tenha se valido das facilidades que o cargo lhe propicia para proveito próprio ou alheio, apropriando-se ou desviando valor ou outro bem móvel. É mister que a posse - entendida em sentido amplo, abrangendo não só o poder material de dispor da coisa como também sua livre utilização facultada pela função exercida - seja lícita, ou seja, que a entrega do bem resulte de mandamento legal ou inveterada praxe, não proibida por lei.
				
				PECULATO-FURTO
		Ainda no artigo 312 temos a caracterização do chamado peculato-furto que, segundo o STF, ocorre quando o funcionário público não detém a posse da coisa (valor, dinheiro ou outro bem móvel) em razão do cargo que ocupa, mas sua qualidade de funcionário público propicia facilidade para a ocorrência da subtração devido ao trânsito que mantém no órgão público em que atua ou desempenha suas funções. 
Observe o texto legal:
Art. 312
[...]
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Para melhor compreensão, veja o exemplo:
O funcionário A, sabedor de onde o seu colega, B, guarda o numerário (dinheiro) recebido diariamente na repartição pública, vale-se de tal conhecimento e, na ausência daquele, subtrai tal valor.
Observe que, “A” não tinha a posse do bem. Todavia, tinha conhecimento, decorrente do seu cargo, de onde seu colega de trabalho guardava tal numerário.
Se um funcionário arromba a porta da repartição onde trabalha, adentra o recinto e subtrai bens públicos, é PECULATO-FURTO? A resposta é negativa, pois ele não está valendo-se da função. Logo, responderá por furto qualificado e não peculato-furto.
PARA A TIPIFICAÇÃO DO PECULATO FURTO É INDISPENSÁVEL QUE O FUNCIONÁRIO PÚBLICO TENHA DE ALGUMA FORMA SE APROVEITADO OU VALIDO DA FUNÇÃO PARA TER ACESSO AO BEM QUE SERÁ OBJETO DO CRIME.
PECULATO-CULPOSO
Está descrito no Código Penal nos seguintes termos:
Art. 312 [...]
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
		Nesta forma típica, o funcionário, por imperícia, imprudência ou negligência, concorre para a prática de crime de outrem. Assim, em face da ausência de cautela, do dever de cuidado objetivo, que estava obrigado na preservação de bens do poder público que lhe são confiados, o sujeito facilita a outrem a subtração, apropriação ou desvio dos mesmos.
		O crime se aperfeiçoa com a conduta dolosa de outrem, havendo necessidade da existência de nexo causal entre os delitos, de maneira que o primeiro (peculato-culposo) tenha permitido a prática do segundo. Seria o caso, por exemplo, do chefe de determinado setor que, negligentemente, esquece o armário com peças de computador aberto e estas são furtadas.
		O instituto do Peculato Culposo, nos termos do § 3º do art. 312, apresenta uma espécie anômala de arrependimento posterior. 
		Normalmente, o arrependimento posterior, que só pode ser arguido em crimes praticados sem violência ou grave ameaça, funciona como atenuante e deve acontecer até o momento do recebimento da denuncia ou da queixa por parte do magistrado. 
		No caso do Peculato Culposo, este arrependimento funcionará como excludente, caso ocorra até a sentença transitar em julgado, ou como atenuante, manifestando-se depois do trânsito em julgado da sentença penal, situação em que reduzirá a pena pela metade.
A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA REPARAÇÃO DO DANO SÓ E POSSÍVEL NO CRIME DE PECULATO CULPOSO.
		PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM
		Também denominado Peculato-Estelionato, encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
		A conduta consiste em o funcionário público apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade mediante aproveitamento ou manutenção do erro de outrem.
		É imprescindível, para que ocorra o delito, que a entrega do bem tenha sido feita ao sujeito em razão do cargo que desempenha junto à administração e que o erro tenha relação com seu exercício.
Exemplo 01: Raul comparece no terceiro andar de uma repartição a fim de pagar uma determinada dívida, quando na verdade o pagamento deveria ser feito no quarto andar. Marcos, que já havia trabalhado no quarto andar, aproveitando-se do erro de Raul, apropria-se do dinheiro. Neste caso, temos o Peculato-Estelionato.
Exemplo 02: José é intimado a levar seu relógio para perícia até a delegacia de polícia. Lá chegando, entrega seu bem a João, o porteiro, sendo que o correto seria entregá-lo ao Delegado de Polícia. João recebe o bem e, tendo conhecimento do ato errôneo de José, resolve se apropriar do bem.
OBSERVAÇÃO!!!
O ERRO DE QUEM ENTREGA O OBJETO MATERIAL DEVE SER ESPONTÂNEO. CASO HAJA PROVOCAÇÃO, NÃO É PECULATO E SIM ESTELIONATO.
CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público.
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele a vítima da fraude.
• ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
• A apropriação de dinheiro ou qualquer outro bem;
• Que a apropriação tenha origem no ERRO de alguém; e
• Seja cometido por funcionário público
2. SUBJETIVO: É o DOLO. Deve abranger a consciência do erro de outrem.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. O crime se consuma não no momento em que o funcionário recebe a coisa, mas no momento em que, percebendo o erro de terceiro, não o desfaz, apropriando-se da coisa recebida, agindo como se dono fosse. 
2. O Peculato-Estelionato é um delito material e admite a figura da tentativa. Seria o caso, por exemplo, do funcionário público que é surpreendido no momento em que está abrindo uma carta contendo valor, a ele entregue por erro de outrem. 
A ação é pública incondicionada. 
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
		Este delito foi inserido no Código Penal pela lei nº 9.983/00 nos seguintes termos:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
		Segundo Damásio, “Essa incriminação tem por objetividade jurídica a Administração Pública, particularmente a segurança do seu conjunto de informações, inclusive no meio informatizado, que, para a segurança de toda a coletividade, devem ser modificadas somente nos limites legais. Daí se punir o funcionário que, tendo autorização para manipulação de tais dados, vem a maculá-los pela modificação falsa ou inclusão e exclusão de dados incorretos.”
CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público devidamente autorizado para a preparação de informações armazenadas, via de regra, em bancos de dados.
Quando praticado por funcionário não autorizado a doutrina entende que é atipico. Nucci não concorda, defendendo que pode ser qq funcionário. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele prejudicado pela modificação dos dados.
• ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
Inserir, facilitar;
	Alterar;
	 Excluir
TRATA-SE DE UM TIPO MISTO ALTERNATIVO, EM QUE A OCORRÊNCIA DE
MAIS DE UM DOS NÚCLEOS, EM UM MESMO CONTEXTO 
2. SUBJETIVO: O tipo subjetivo é o DOLO, ou seja, a vontade livre e consciente dirigida à inserção ou à facilitação da inclusão de dados falsos e à alteração ou à exclusão indevida em dados corretos em sistema de informações da Administração Pública.
Além do dolo, o tipo requer um fim especial de agir, o elemento subjetivo do tipo contido na expressão com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem, qualquer que seja ela, ou para causar dano à Administração Pública.
3. NORMATIVO: Cabe ainda apontar a existência de um elemento normativo do tipo quando se exige que a conduta do funcionário seja indevida.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. O crime é FORMAL, atingindo a consumação no momento em que as informações falsas passam a fazer parte do sistema de informações.
2. É admissível a tentativa em todos os seus núcleos.
A ação é penal pública incondicionada.
						
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
Qualquer sistema de informação de dados sobre empresas, programa de controle de arrecadação de contribuições sociais dos segurados, dentre outros, está agora tutelado pela norma penal.
Poder-se-ia até criticar a utilização do Direito Penal para esse tipo de proteção, mas dentro da sistemática moderna de dados e da fragilidade com que, ainda, os programas podem ser invadidos por terceiros, o próprio funcionário encarregado de manipulá-los poderá ser tentado à prática do ilícito. Assim, o Direito Penal foi chamado para dar uma maior proteção ao sistema, dispondo da seguinte maneira:
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
O objeto da tutela penal é a Administração Pública, particularmente a incolumidade de seus sistemas de informações e programas de informática, que só podem sofrer modificações ou alterações quando a autoridade competente solicita a determinado funcionário ou o autoriza. 
Desta forma, mais precisamente como determina Julio Fabbrini Mirabete protege-se, com
o dispositivo, a regularidade dos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública.
CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público, sem, no entanto, haver sido autorizado pela autoridade competente para promover alteração no sistema.
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele prejudicado.
• ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
• Modificar;
• Alterar;
TRATA-SE DE UM TIPO MISTO ALTERNATIVO, EM QUE A OCORRÊNCIA DE MAIS DE UM DOS NÚCLEOS, EM UM MESMO CONTEXTO FÁTICO, CONSTITUI CRIME ÚNICO.
Modificar e alterar não tem o mesmo significado?”
A doutrina entende que não. Diz-se que modificar prende-se a dados que dizem respeito à estrutura do sistema, já o alterar vincula-se a informações contidas no sistema. Essa diferenciação não é importante para a sua PROVA e entende-se que a colocação de dois núcleos tão parecidos teve a finalidade de não deixar dúvidas aos intérpretes e aplicadores da norma penal.
2. SUBJETIVO: Esse crime, para aperfeiçoar-se, não necessita senão do dolo genérico, conforme classificação doutrinária, traduzido na vontade livre e consciente de praticar a conduta típica, que é a de modificar ou alterar o sistema de informações ou o programa de informática.
3. NORMATIVO: Presente na expressão sem autorização ou solicitação de autoridade competente.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. Crime de MERA CONDUTA. Consuma-se com a alteração ou modificação.
2. É admissível a tentativa. Exemplo: O funcionário, no momento em que vai iniciar a modificação, é surpreendido.
• CAUSA DE AUMENTO DE PENA
O parágrafo único do art. 313-B dispõe que a penalização prevista será aumentada caso da alteração ou modificação derive dano para a Administração Pública. Observe:
Art. 313-B [...]
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO
O delito apresenta no CP a seguinte definição:
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Visa o dispositivo supra proteger a Administração no que diz respeito à ordem, regularidade e segurança de livros oficiais e documentação de natureza pública ou privada, que devem manter-se íntegros. Exatamente por isso, pune-se o funcionário que, tendo a sua guarda em razão do cargo, vem a desviá-los, escondê-los ou inutilizá-los.
CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público que tem a guarda do objeto material em razão do cargo.
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele prejudicado pela perda do objeto material.
• ELEMENTOS:
OBJETIVO: São elementares do tipo:
• Extraviar (dar destino equivocado);
• Sonegar (não restituir quando solicitado); e
• Inutilizar (tornar imprestável para o fim ao qual servia).
SUBJETIVO: É o DOLO.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. Trata-se de crime de MERA CONDUTA. Consuma-se o delito com a realização das condutas definidas na norma incriminadora, sendo irrelevante a ocorrência de dano para a administração pública. 
É admissível a tentativa nas modalidades de extraviar e inutilizar. Com relação à sonegação, não é possível.
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS
Já pensou se o funcionário público pudesse aplicar as verbas públicas da maneira que achasse mais conveniente? Obviamente, seria uma confusão muito grande. Exatamente por isso, o “ordenador de despesas” está limitado na sua atuação por diversos dispositivos legais.
Desta forma, a fim de proteger a regularidade da atividade administrativa no que diz respeito à aplicação de verbas e rendas públicas, o conhecido crime de desvio de verbas encontra sua previsão no CP. Observe: Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Com base no dispositivo supra, pergunto: Imagine que a lei orçamentária de determinado Estado destine verbas públicas para a construção de um hospital. O Governador, Mévio, acreditando que os problemas começam a ser resolvidos com o fornecimento de educação, destina os recursos para a construção de uma escola, criando o “CENTRO DE EXCELÊNCIA
ESTUDANTIL”. Neste caso, poderá ser ele processado e preso?
A resposta é positiva, pois não importa o fim almejado, a destinação do recurso. O que é importante é se a destinação LEGAL foi cumprida ou não e, no caso em tela, não foi.
“Mas professor, coitado do Mévio... Ele só estava querendo ajudar.” Realmente, mas o examinador não está com nem um pouquinho de pena dele...
CARACTERIZADORES DO DELITO
SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público que tem poder de disposição de verbas e rendas públicas. É o caso, por exemplo, dos Governadores, Ministros de Estado, Diretores de Autarquias, etc.
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.
• ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: O núcleo do delito consiste em o funcionário público dar aos fundos públicos aplicação diversa da determinada ou não autorizada em lei. Obviamente, surge como elementar imprescindível à tipicidade do fato a existência de lei regulamentando a aplicação do recurso financeiro.
2. SUBJETIVO: É o DOLO, ou seja, a vontade livre e consciente de aplicar verbas ou rendas públicas de maneira diferente da destinação preceituada em lei. Aqui independe se o fato ocorreu visando ou não ao lucro.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. O crime é FORMAL. Consuma-se com a aplicação irregular de rendas e verbas públicas, não bastando a simples indicação sem execução.
2. É admissível a tentativa.
CASO O AGENTE DESVIE OU SE APROPRIE DE VERBAS OU RENDAS, HÁ O CRIME DE PECULATO E NÃO O CRIME DE APLICAÇÃO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS.
CONCUSSÃO: 
De acordo com o artigo 316, caput, do Código Penal, constitui delito o fato de
o funcionário público:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Segundo Damásio Evangelista de Jesus, o termo “concussão” tem sua origem etimológica derivada do verbo latino concutere, expressão empregada quando se pretende indicar o ato de sacudir a árvore para que os frutos caiam. 
Também significa “sacudir fortemente, abalar, agitar violentamente”. 
Como visto no artigo 316, caput, a concussão materializa-se quando o funcionário exige para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagens indevidas. É o desvio da função pública para esbulhar. É um dos crimes mais graves contra a Administração Pública.
Assim, o delito de concussão se tipifica quando o funcionário público exige, impõe, ameaça ou intima a vantagem espúria (este termo já foi utilizado em provas) e o sujeito passivo cede à exigência pelo temor. Em outros termos, o crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada pelo funcionário público, com abuso de autoridade, contra particular que cede ou virá a ceder em face do metu publicae potestatis (medo do poder público).
Júlio Fabbrini Mirabete, quanto à objetividade jurídica do crime de concussão,leciona:
“Objetiva a incriminação do fato tutelar a regularidade da administração, no que tange à probidade dos
funcionários, ao legítimo uso da qualidade e da função por eles exercida. Em plano secundário, protegido está também o interesse patrimonial de particular, ou mesmo de funcionário, de quem é exigida a vantagem.”
CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público, MESMO QUE AINDA NÃO TENHA ASSUMIDO O CARGO, mas desde que aja em virtude dele.
SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO e, secundariamente, o sujeito passivo vítima da exigência ilegal.
• ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: O núcleo do delito é o verbo EXIGIR. Nesse sentido, ensina Júlio Fabbrini Mirabete que:“A conduta típica é exigir, impor como obrigação, ordenar, reclamar vantagem indevida, aproveitando-se o agente do medo do poder público, ou seja, do temor de represálias a que fica constrangida a vítima. Não é necessário que se faça a promessa de um mal determinado; basta o temor genérico que a autoridade inspira, que influa na manifestação volitiva do sujeito passivo. Há um constrangimento pelo abuso de autoridade por parte do agente.”
Ainda, sobre o tema, Antônio Pagliaro e Paulo José da Costa Júnior manifestaram-se a respeito, afirmando que: “O núcleo do tipo acha-se representado pelo verbo exigir. Exigir é
impor, é reivindicar de modo imperioso, é pedir com autoridade. No caso específico, o agente deve exigir em razão da função por ele exercida, ou que será por ele assumida. A conduta deve comportar a assunção, explícita ou implícita. Em suma, a exigência deverá relacionar-se com a função que o agente desempenha ou irá desempenhar.”
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1 – E SE O AGENTE EXIGE VANTAGEM QUE BENEFICIA A PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA?
NESTE CASO, NÃO HÁ CONCUSSÃO, PODENDO OCORRER O DELITO DE EXCESSO DE EXAÇÃO, QUE AINDA TRATAREMOS.
2 – E SE NÃO HÁ EXIGÊNCIA, MAS MERA SOLICITAÇÃO?
NÃO HÁ CONCUSSÃO, PODENDO HAVER CORRUPÇÃO PASSIVA (AINDA VEREMOS).
“MAS PROFESSOR, QUAL A DIFERENÇA ENTRE EXIGÊNCIA E SOLICITAÇÃO?”
NÃO SE PREOCUPE COM DIFERENÇAS PRÁTICAS E, PARA A SUA PROVA,
ATENTE PARA O VERBO QUE ESTÁ SENDO UTILIZADO. SÓ SERÁ CONCUSSÃO SE O VERBO FOR EXIGIR!!!
2. SUBJETIVO: Aqui há dois elementos subjetivos. O primeiro é o dolo. Além dele, exige-se outro, previsto na expressão “para si ou para outrem”.
3. NORMATIVO: Encontra-se na expressão “indevida”, que qualifica a vantagem.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. A concussão é um delito FORMAL e a consumação ocorre com a exigência, no momento em que esta chega ao conhecimento do sujeito passivo.
2. É admissível a tentativa. Exemplo: Uma carta é enviada com a exigência e é interceptada pela autoridade policial. Neste caso, temos a tentativa de concussão.
EXCESSO DE EXAÇÃO
Podemos dizer que o excesso de exação é uma espécie do gênero concussão. 
Digo isto porque a diferença fundamental é que aqui o indivíduo não visa a proveito próprio ou alheio, mas, no desempenho de sua função, excede-se nos meios de execução.
Sobre o excesso de exação dispõe o Código Penal:
Art. 316
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
A INDEVIDA VANTAGEM PODE SER QUALQUER UMA OU PRECISA SER PATRIMONIAL?
PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE PODE SER QUALQUER VANTAGEM. EXEMPLO: SEXUAL.
Exemplo: Tício exige contribuição social de determinada empresa, sabendo que ela é isenta. Claramente exigiu pagamento que sabe ser indevido. Logo, caracteriza o delito de Excesso de Exação.
CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público. É importante ressaltar que não há obrigatoriedade de o sujeito ativo estar atuando na área tributária ou, mais especificadamente, na arrecadação de tributos.
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode figurar no pólo passivo um particular, vítima da conduta.
• ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
• Exigir (tributo ou contribuição social);
• Empregar (na cobrança meio vexatório ou gravoso);
2. SUBJETIVO: São três:
• Dolo;
• A expressão “que sabe” (indevido);
• A expressão “deveria saber”;
3. NORMATIVO: São dois:
A expressão “indevido”;
• A expressão “que a lei não autoriza”, referindo-se à cobrança vexatória ou gravosa.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1.Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no momento da exigência ou do emprego do meio vexatório ou gravoso.
2. É admissível a tentativa.
• TIPO QUALIFICADO
O Código Penal dispõe no parágrafo 2º do artigo 316:
Art. 316 [...]
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa
Neste delito, o funcionário público resolve “chutar o balde”, ou seja, fazer tudo errado. Além de receber indevidamente, ele ainda se apropria do que recebeu.
Mas e se ele recolher aos cofres públicos e depois se apropriar? Neste caso, teremos o PECULATO.

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