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18 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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DIREITO PENAL 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 
 
2 
 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5 
1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS ............................................................................................................ 6 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES: ....................................................................................................... 6 
1.3 CRIMES FUNCIONAIS E CONCURSOS DE PESSOAS: ........................................................................ 7 
1.4 CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS: ............................................................ 8 
1.5 CAUSA DE AUMENTO DA PENA. .................................................................................................. 10 
2 CRIME DE PECULATO: ............................................................................................................ 12 
2.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA: ............................................................................................................ 13 
2.2 OBJETOS MATERIAIS: .................................................................................................................. 14 
2.3 ARTIGO 312, CAPUT: PECULATO PRÓPRIO, QUE SUBDIVIDE EM PECULATO-APROPRIAÇÃO E 
PECULATO-DESVIO. ................................................................................................................................ 17 
2.4 ART 312, §1º: PECULATO-FURTO. ................................................................................................ 19 
2.5 SUJEITO ATIVO (SERVE PARA PECULATO APROPRIAÇÃO, PECULATO DESVIO E PECULATO FURTO) 20 
2.6 SUJEITO PASSIVO DO CRIME DE PECULATO ................................................................................. 21 
2.7 ELEMENTO SUBJETIVO (DO PECULATO DOLOSO): ........................................................................ 21 
2.8 CONSUMAÇÃO: .......................................................................................................................... 22 
2.9 REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO DOLOSO: .......................................................................... 22 
2.10 PECULATO E TRIBUNAL DE CONTAS: ............................................................................................ 22 
2.11 TENTATIVA ................................................................................................................................. 23 
2.12 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 23 
2.13 PECULATO-CULPOSO – ART. 312, §2°, CP. .................................................................................... 23 
2.14 REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO ......................................................................... 24 
2.15 REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO ......................................................................... 25 
3 CONCUSSÃO E EXCESSO DE EXAÇÃO: ..................................................................................... 25 
3.1 BEM JURÍDICO TUTELADO ........................................................................................................... 25 
3.2 SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................... 26 
3.3 CONDUTA ................................................................................................................................... 27 
3.4 1.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ................................................................................................. 28 
3.5 SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................... 28 
3.6 CONDUTA ................................................................................................................................... 29 
3.7 MODALIDADE QUALIFICADA ....................................................................................................... 30 
3.8 CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA ..................................................................................... 30 
3.9 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 30 
4 CORRUPÇÃO PASSIVA: ........................................................................................................... 30 
4.1 Noções gerais ............................................................................................................................. 31 
4.2 Objetividade jurídica................................................................................................................... 32 
4.3 Objeto material .......................................................................................................................... 32 
4.4 Corrupção passiva e princípio da insignificância ........................................................................... 33 
4.5 Espécies de corrupção passiva ..................................................................................................... 33 
5 PREVARICAÇÃO: .................................................................................................................... 35 
5.1 BEM JURÍDICO TUTELADO ........................................................................................................... 35 
5.2 SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................... 35 
5.3 CONDUTA ................................................................................................................................... 36 
3 
 
5.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 36 
5.5 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 36 
5.6 BEM JURÍDICO TUTELADO ........................................................................................................... 37 
5.7 SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................... 37 
5.8 CONDUTA ................................................................................................................................... 37 
5.9 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 38 
5.10 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 38 
6 ABANDONO DE FUNÇÃO: ...................................................................................................... 38 
6.1 BEM JURÍDICO TUTELADO ........................................................................................................... 38 
6.2 SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................... 39 
6.2 6.3 CONDUTA ............................................................................................................................. 39 
6.3 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 39 
6.4 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 40 
7 EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGAL: .............................................................................................. 40 
7.1 BEM JURÍDICO TUTELADO ........................................................................................................... 40 
7.2 SUJEITOS DO CRIME.................................................................................................................... 40 
7.3 CONDUTA ................................................................................................................................... 41 
7.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 42 
8 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO: ...................................................................................................... 42 
8.1 BEM JURÍDICO TUTELADO: .......................................................................................................... 42 
8.2 SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................... 42 
8.3 CONDUTA ................................................................................................................................... 42 
8.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 44 
8.5 MODALIDADE QUALIFICADA ....................................................................................................... 44 
8.6 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 44 
9 DESOBEDIÊNCIA: ................................................................................................................... 45 
9.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 45 
9.2 SUJEITOS .................................................................................................................................... 46 
9.3 BEM JURÍDICO PROTEGIDO ......................................................................................................... 46 
9.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 47 
9.5 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................................ 48 
9.6 MODALIDADES COMISSIVA E OMISSIVA ...................................................................................... 48 
9.7 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 48 
9.8 DISTINÇÕES ................................................................................................................................ 49 
9.9 OUTROS JULGADOS: ................................................................................................................... 52 
10 DESACATO ......................................................................................................................... 53 
10.1 SUJEITOS DO CRIME: ................................................................................................................... 53 
10.2 CONDUTA: .................................................................................................................................. 54 
10.3 ELEMENTO SUBJETIVO: ............................................................................................................... 55 
10.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: ...................................................................................................... 56 
10.5 AÇÃO PENAL: .............................................................................................................................. 56 
10.6 DISTINÇÕES: ............................................................................................................................... 56 
10.7 CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE E A TESE DE DESCRIMINALIZAÇÃO: .................................... 56 
4 
 
11 CORRUPÇÃO ATIVA: ........................................................................................................... 61 
11.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 61 
11.2 SUJEITOS .................................................................................................................................... 63 
11.3 BEM JURÍDICO PROTEGIDO ......................................................................................................... 64 
11.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 64 
11.5 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................................ 65 
11.6 MODALIDADES COMISSA E OMISSIVA ......................................................................................... 65 
11.7 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 65 
11.8 DISTINÇÕES ................................................................................................................................ 65 
12 DESCAMINHO: ................................................................................................................... 67 
12.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 67 
12.2 SUJEITOS .................................................................................................................................... 69 
12.3 BEM JURÍDICO PROTEGIDO ......................................................................................................... 69 
12.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 70 
12.5 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................................ 70 
12.6 MODALIDADES COMISSA E OMISSIVA ......................................................................................... 71 
12.7 MODALIDADES ASSEMELHADAS E CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO ............................................... 71 
12.8 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 72 
12.9 OUTROS JULGADOS: ................................................................................................................... 72 
13 CONTRABANDO ................................................................................................................. 76 
13.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 76 
13.2 SUJEITOS .................................................................................................................................... 78 
13.3 BEM JURÍDICO PROTEGIDO ......................................................................................................... 78 
13.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ....................................................................................................... 78 
13.5 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................................ 79 
13.6 MODALIDADES COMISSA E OMISSIVA ......................................................................................... 79 
13.7 MODALIDADES ASSEMELHADAS E CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO ............................................... 79 
13.8 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................... 81 
13.9 OUTROS JULGADOS: ................................................................................................................... 82 
14 JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ ....................................................................................84 
14.1 EDIÇÃO Nº 81: ............................................................................................................................ 85 
14.2 EDIÇÃO Nº 57: ............................................................................................................................ 86 
15 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ....................................................................... 88 
16 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ................................................................................................... 88 
 
 
5 
 
ATUALIZADO EM 15/06/20191 
 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Código Penal adotou um critério individualista: primeiro preocupa-se com bens jurídicos 
individuais, e somente ao final (Título XI) finalmente com a Administração Pública (interesses coletivos). Traduz 
a ideia de Arthur Rocco (autor italiano) de que o ser humano é o centro do qual irradiam todos os demais 
direitos (critério individualista). 
 
No que tange aos crimes contra a Administração Pública estão previstos no título XI da Parte Especial 
do CP. Esse título XI está dividido em 05 capítulos: 
 
Capítulo I Crimes praticados por funcionário público contra a 
Administração em geral 
Capítulo II Crimes praticados por particular contra a 
Administração em geral. 
Capítulo II-A Crimes praticados por particular contra a 
Administração Pública estrangeira. 
#SELIGA: o CP protege não apenas a Administração 
brasileira, como também a Administração 
estrangeira. 
Capítulo III Crimes contra a Administração da Justiça 
Capítulo IV Crimes contra as finanças públicas 
 
#DEOLHONANOMENCLATURA: O funcionário público, no contexto dos crimes contra a administração pública, 
é chamando de “intraneus”. Já o particular é chamado de “extraneus”. Todos esses crimes atentam contra o 
normal funcionamento da Administração Pública. 
 
 
1
 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
6 
 
1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS 
 
a) Vitimização difusa: os crimes contra a Administração Pública ofendem um bem jurídico difuso. Em outras 
palavras, ofendem o patrimônio público, tendo como vítima toda a coletividade. Ex.: dinheiro que era para ser 
empregado na segurança pública e é desviado, prejudicando toda a coletividade. Os crimes contra a Adm. 
Pública não têm vítima determinada. 
 
b) Efeito boomerang: os crimes contra a coletividade têm o efeito boomerang. Esse efeito boomerang é 
visualizado quando o autor de um crime também é prejudicado pelo crime por ele praticado. Assim, os crimes 
contra a Administração pública possuem esse efeito boomerang. 
 
c) Bem jurídico atingido: Os crimes funcionais atingem a probidade administrativa e representam uma forma 
qualificada (mais grave) de desvio de poder, pois a ilicitude administrativa é menos grave que a ilicitude penal. 
Tudo o que é ilícito penal também será um ilícito administrativo, mas nem todo ilícito administrativo será 
ilícito penal. 
 
#ANÁLISECRÍTICA #JÁPENSANDONASEGUNDAFASE: Os crimes funcionais possuem penas muito baixas, 
considerando a gravidade do resultado provocado pela conduta criminosa. Como mencionado, o Código Penal 
primeiro se preocupou com os bens jurídicos individuais e somente no último título se preocupou com os bens 
jurídicos coletivos. A visão individualista que norteava o Direito brasileiro na primeira metade do século 
passado é, atualmente, altamente prejudicial. Assim, se compararmos a pena do furto qualificado (que tutela 
bem jurídico individual) é bem maior do que a do peculato (que tutela bem jurídico da coletividade). O furto 
atinge somente um indivíduo, já o peculato atinge toda a coletividade. Não obstante tal consideração, com o 
decorrer do tempo, não houve nenhuma mudança significativa, provavelmente em razão do estado de 
compadrio existente entre legisladores e Presidentes, os quais são considerados funcionários públicos para 
fins penais. 
 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES: 
 
Esses crimes estão previstos nos artigos 312 ao 326, do CP. 
 
Esses são os chamados “crimes funcionais”, também chamados de “delicta in officio”. Esses crimes 
são os crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração Pública, no exercício da função ou 
em razão dela. Não basta ser crime praticado por funcionário público. Tem que ser crime praticado por 
funcionário público, contra a Administração Pública, no exercício da função ou em razão dela. 
7 
 
 
Espécies de crimes funcionais: Existem os crimes funcionais próprios e os crimes funcionais 
impróprios ou mistos. Todo crime funcional é crime próprio ou especial. Crime próprio ou especial é aquele 
que reclama uma situação fática ou jurídica no tocante ao sujeito ativo: este tem que ser funcionário público. 
 
(i) Crimes funcionais próprios são aqueles em que a condição de funcionário público é essencial para 
a própria tipicidade do fato. Se o agente não for funcionário público, o fato será atípico. Ex.: Crime de 
corrupção passiva. Se retirar a condição de funcionário público do agente o fato será atípico. 
 
(ii) Crimes funcionais impróprios ou mistos são aqueles em que a ausência da condição de 
funcionário público leva à desclassificação para outro crime. Ex.: crime de peculato-apropriação, se não for 
praticado por funcionário publico será outro crime e não este. 
 
#OBS.: Existem crimes funcionais previstos fora do Capítulo I, do Título XI, da Parte Especial do CP (arts. 312 a 
326). Exemplo: art 300 do CP (crime de falso reconhecimento de firma ou letra – “reconhecer, como 
verdadeira, no exercício de função pública, firma letra que não seja”. Geralmente é crime praticado por 
tabelião); art 301 do CP (crime de certidão ou atestado ideologicamente falso – “Atestar ou certificar 
falsamente, em razão da função pública, fato ou circunstância que habilite alguém...”) 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O diretor de organização social pode ser considerado funcionário 
público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as organizações sociais que 
celebram contratos de gestão com o Poder Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos 
termos do art. 327, § 1º do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 
(Info 915). 
 
1.3 CRIMES FUNCIONAIS E CONCURSOS DE PESSOAS: 
 
Um particular pode ser responsabilizado por um crime funcional? Ele pode praticar peculato? 
 
Um particular SOZINHO não poderá praticar um crime funcional. Todavia, ele poderá praticar em 
concurso de pessoas, tendo em vista que os crimes funcionais admitem o concurso de pessoas com o 
particular, conforme preceitua o art. 30 do CP (Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de 
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime) 
 
8 
 
O fato de ser funcionário público é elementar do crime de peculato (o particular tem que saber que o 
seu comparsa é funcionário público sob pena de haver a responsabilidade objetiva). 
 
#SELIGA #OLHAOGANCHO: Nesses crimes funcionais também se tutela a probidade administrativa, sem 
prejuízo das sanções previstas na Lei 8429/92 (lei de improbidade administrativa). 
 
#RECORDARÉVIVER¹: Nos crimes contra a Administração Pública, tem-se um caso de extraterritorialidade da 
lei penal, conforme consta no art. 7°,inciso I, alínea “c”, do CP. Aplica-se a lei penal brasileira até mesmo aos 
crimes praticados contra a Administração Pública praticados por estrangeiro. 
 
#RECORDARÉVIVER²: Progressão de regime prisional nos crimes praticados contra a Administração Pública 
(art. 33, §4°, CP). § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do 
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito 
praticado, com os acréscimos legais. Aqui, além de ter cumprido 1/6 da pena, para haver a progressão de 
regime deve o condenado reparar o dano. 
 
1.4 CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS: 
 
O artigo 327 do CP traz o conceito de funcionário público para fins penais. Esse art 327 do CP é uma 
normal penal interpretativa, porque ela ajuda na compreensão do significado de outras normas penais. 
 
* Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído 
pela Lei nº 6.799, de 1980) 
 
Esse art. 327 do CP adota um conceito ampliativo de funcionário público. É importante destacar que 
o conceito de funcionário público do Direito Penal é mais amplo e abrangente, se comparado com o conceito 
de funcionário público do Direito Administrativo. Enquanto que o Direito Penal denomina “funcionário 
público”, o Direito Administrativo conceitua de agente público. 
9 
 
 
O Código Penal, ao definir o funcionário público, preocupa-se com a função pública 
independentemente de qual pessoa a exerça. Pouco importa se é alguém que integra efetivamente a 
Administração ou alguém que está desempenhando função pública sem ser funcionário público (ex.: jurados 
do tribunal do júri). 
 
#NÃOCONFUNDIR: Cuidado para não confundir “função pública” com “munus públicos”. “Munus público” é o 
encargo atribuído por lei à determinadas pessoas. Ex.: os tutores, curadores, administrador judicial na falência, 
inventariante judicial. Quem exerce múnus público NÃO desempenha função pública. Logo, não é funcionário 
público para fins penais, não praticando crimes funcionais. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua 
de forma remunerada em defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judiciária 
gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais. Sendo equiparado a funcionário 
público, é possível que responda por corrupção passiva (art. 317 do CP). STJ. 5ª Turma. HC 264459-SP, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). 
 
No artigo 327, §1º temos o chamado “funcionário público por equiparação”. 
 
§1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000). 
 
Atente-se que aqui não basta a empresa ser contratada pela Administração Pública, mas deve 
necessariamente desenvolver atividade típica de Administração Pública. 
 
Esse conceito de funcionário público por equiparação serve somente para o sujeito ativo do crime. 
Nesse artigo 327, §1°, o CP adota uma teoria restritiva: esse conceito de funcionário público por equiparação 
somente é adotado para as hipóteses em que o indivíduo é sujeito ativo do crime. O conceito de funcionário 
público por equiparação só vale para as pessoas que desempenham atividade como sujeito ativo de crime 
contra a Administração Pública. 
 
Isso significa que o conceito de funcionário público por equiparação não vale quando o agente é 
sujeito passivo. Neste caso, ele acaba sendo tratado como particular. 
 
10 
 
Vejamos alguns exemplos (#EXEMPLIFICACOACH): 
 
I – Entidade paraestatal: é aquela que integra o terceiro setor do Direito Administrativo. Exemplos: sistema 
“S” (SESI, SENAC, etc), entidades de apoio e ONGs que recebem verbas públicas. 
 
II – Empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. Ex.: Contratação de médicos particulares para atenderem em hospital municipal. 
Todavia, se o município for fazer um jantar e contratar um manobrista, se esse manobrista furtar um veículo 
não será equiparado a funcionário público, pois a atividade de manobrista não é típica da Administração 
Pública. 
 
#ATENÇÃO! Em raros julgados os STJ e STF adotaram a teoria ampliativa ou extensiva, utilizando o conceito de 
funcionário público por equiparação tanto para o sujeito ativo quanto para o sujeito passivo (mas isso é 
minoritário) 
 
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA Neste julgado, foram expostas duas conclusões que merecem destaque: I - O 
advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em defesa 
dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judiciária gratuita, enquadra-se no conceito de 
funcionário público para fins penais. Sendo equiparado a funcionário público, é possível que responda por 
corrupção passiva (art. 312 do CP). II - O fato de o agente ter se aproveitado, para a prática do crime, da 
situação de vulnerabilidade emocional e psicológica da vítima decorrente da morte de seu filho em razão de 
erro médico pode constituir motivo idôneo para a valoração negativa de sua culpabilidade. STJ. 5ª Turma. HC 
264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). - Na primeira fase da 
dosimetria da pena, o juiz aumentou a pena-base sob o argumento de que o réu, sabedor da situação de 
vulnerabilidade emocional da assistida, mãe, que acabara de perder seu filho e que objetivava a reparação por 
danos morais e materiais contra àqueles que haviam sido os responsáveis pela morte de seu filho, se 
aproveitou desta situação de abalo psicológico para perpetrar sua conduta e obter maior ganho que aquele 
que já lhe era devido pela celebração do convênio. Assim, o magistrado afirmou que a culpabilidade, assim 
entendida como reprovabilidade do crime, foi intensa (muito elevada). Esse argumento é válido? O juiz 
poderia ter decidido dessa forma? SIM. 
 
1.5 CAUSA DE AUMENTO DA PENA. 
 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
11 
 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído 
pela Lei nº 6.799, de 1980). 
 
O fundamento desse aumento da pena é a maior reprovabilidade da conduta criminosa. 
 
I – Trata-se de uma causa de aumento da pena, incidente na terceira e última fase da dosimetria da pena 
privativa de liberdade. 
 
II – Em relação à expressão “autores”, o dispositivo será aplicado para quem de qualquer modo concorre para 
os crimes previstos no Capítulo. Em outras palavras, a majorante é aplicada tanto aos autores e coautores 
como também aos partícipes dos crimes funcionais. 
 
III – A pena será aumentada de um terço: 
 Ocupantes de cargo em comissão: o abuso da confiança e da condição especial acarreta em 
tratamento mais rigoroso. 
 Função de direção ou assessoramento: também ocupa uma posiçãoespecial. 
 
#ATENÇÃO: O entendimento amplamente dominante na doutrina e na jurisprudência é que a majorante do 
CP, art. 327, § 2º só será aplicável quando o funcionário público é o sujeito ativo do crime. Se ele for vítima, 
não se aplica. 
 
#OLHAOGANCHO: Existe, no CPP, um rito especial para os crimes funcionais, nos artigos 513 a 518, CPP. Esse 
rito especial é aplicável para os crimes funcionais afiançáveis. Hoje, no Brasil, com as reformas promovidas 
pela Lei 12.403/2011, todos os crimes funcionais são afiançáveis. Logo, para todos os crimes funcionais será 
aplicável esse rito especial. A grande característica desse rito especial é a possibilidade de o acusado poder 
apresentar resposta por escrito. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: 
O simples fato de o réu exercer um mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa de aumento do 
art. 327, § 2º, do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior hierárquico (o STF chamou de 
"imposição hierárquica"). STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 
(Info 816). 
A causa de aumento de pena prevista no § 2º do art. 327 do CP aplica-se ao Chefe do Poder Executivo (ex.: 
Governador do Estado) e aos demais agentes políticos. STF. Plenário. Inq 2606/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado 
em 4/9/2014 (Info 757). Vale ressaltar, no entanto, que: O simples fato de o réu exercer um mandato popular 
12 
 
não é suficiente para fazer incidir a causa de aumento do art. 327, § 2º, do CP. É necessário que ele ocupe uma 
posição de superior hierárquico (o STF chamou de "imposição hierárquica"). STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. 
Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
2 CRIME DE PECULATO: 
 
O peculato do art. 312 do CP pode ser doloso ou culposo, subdividindo em 03 espécies: 
 
a) Peculato doloso na modalidade apropriação: art 312, caput, 1ª parte. 
b) Peculato doloso na modalidade desvio: art. 312, caput, parte final. 
c) Peculato-furto ou impróprio. 
 
O peculato doloso nas modalidades apropriação e desvio (a e b) é chamado de peculato próprio 
(caput do art. 312, CP). O peculato furto também é chamado de peculato impróprio. 
 
O peculato culposo está no art. 312, §2º, CP. 
 
#OBS: O peculato próprio é crime de elevado potencial ofensivo. Portanto, não admite nenhum dos 
benefícios da Lei n. 9.099/1995 (transação penal e suspensão condicional do processo). 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, 
o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe 
proporciona a qualidade de funcionário. 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
 
O artigo 313 prevê outra espécie de peculato: é o chamado peculato mediante erro de outrem, 
também conhecido como peculato-estelionato. 
 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de 
outrem: 
13 
 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
O artigo 313-A prevê outro crime que a doutrina chama de peculato-eletrônico ou peculato hacker. 
 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir 
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com 
o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000). 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
#OBS.: Origem da palavra “peculato” - a palavra “peculato” tem origem no Direito Romano, em uma época em 
que a moeda ainda não tinha sido criada, e os bois e os carneiros, chamados “pecus”, representavam as 
riquezas do Estado. Assim, as subtrações de bens do Estado eram chamadas de peculatus. 
 
#SELIGA: De acordo com o STF, o “peculato de uso” não caracteriza crime (HC n. 108.433, Info 712). Também 
é a posição do STJ (HC n. 94.168). Portanto, se o funcionário público apropriar-se, desviar ou subtrair bem para 
uso imediato e o devolver no mesmo estado em que o encontrou não haverá peculato. Ex.: funcionário público 
que leva o computador da repartição onde trabalha para casa, utiliza durante a noite e o devolve no dia 
seguinte. 
No entanto, independentemente de não ser crime, o denominado “peculato de uso” caracteriza ato de 
improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito: Lei n. 8.429/1992, art. 9º: “Constitui ato 
de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem 
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades 
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: (...) IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, 
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das 
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou 
terceiros contratados por essas entidades.” 
 
2.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA: 
 
14 
 
O bem jurídico protegido, no crime de peculato, é a Administração Pública, em seus aspectos 
material e moral. Nesse aspecto material, tem-se a preservação do erário2. No aspecto moral, tem-se a tutela 
da lealdade e probidade dos agentes públicos. 
 
Questiona-se: É possível o crime de peculato envolvendo o patrimônio de particular? 
Sim, desde que esse bem particular esteja sob custódia/guarda da Administração Pública. Trata-se do 
peculato malversação. Ex.: carro apreendido pela Polícia Rodoviária; durante a madrugada um policial vai e se 
apropria do sistema de som (responderá por peculato, pois o veículo estava sob custódia da Administração 
Pública). Todavia, no caso de um carro quebrado na beira da rodovia onde um policial passa e se apropria do 
sistema de som do veículo não haverá peculato, pois o carro não estava sob custódia/guarda da Administração 
Pública. 
 
#SELIGANANOMENCLATURA: O Peculato Malversação é aquele que atinge bens particulares que estão sob a 
custódia da Administração Pública. 
 
2.2 OBJETOS MATERIAIS: 
 
O art. 312, “caput”, do CP fala em “dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular”: 
 
 Dinheiro: É o papel-moeda ou a moeda metálica circulante no Brasil ou no exterior. Em outras 
palavras, o dinheiro pode ser nacional ou estrangeiro. Ex.: funcionário do Banco Central que se 
apropriam do dinheiro. 
 Valor: É qualquer título de crédito ou documento negociável representativo de uma obrigação. 
Exemplos: letra de câmbio, apólice, etc. 
 Qualquer outro bem móvel: bem móvel é a coisa suscetível de ser apreendida e levada para 
outro local, desde que dotada de valor patrimonial. Ex.: Um carro, um computador da 
repartição pública. 
 
 Observações importantes: 
 
 O bem imóvel foi expressamente excluído pelo tipo penal. 
 
 
2
 Erário público é redundância! Erário já é público. 
15 
 
 Energia elétrica ou qualquer outra energia dotada de valor econômico pode ser objeto material de 
peculato? Sim. Fundamentos: 
(a) Energia elétrica é dotada de valor econômica; e 
(b) O Código Penal deve ser interpretado na sua totalidade; se a energia elétrica pode ser objeto 
material de furto, também poderá ser objeto material de peculato. Ex.: funcionário público que faz um “gato” 
(ligação clandestina) na energia da repartição pública em proveito de um amigo, que mora vizinho à repartição. 
 
 A prestação de serviços públicospode ser objeto material de peculato? Segundo o STF, não (AP n. 504 
– Inf. 832). Fundamentos: 
(a) Princípio da reserva legal; e 
(b) Proibição da analogia in malam partem, ou seja, no leque “dinheiro, valor ou qualquer outro bem 
imóvel” não ingressa a prestação de serviços públicos. No entanto, haverá um ato de improbidade 
administrativa que importa em enriquecimento ilícito (Lei n. 8.429/1992, art. 9º). Ex.: secretário de obras 
de um município que para construir sua casa utiliza de pedreiros e serventes da prefeitura para a execução 
do trabalho. 
 
Questiona-se: E se a mão de obra pública for empregada por Prefeito, em proveito próprio ou de 
terceiro? Neste caso, há crime específico, ou seja, se é o Prefeito, não haverá peculato, mas sim crime de 
responsabilidade do art. 1º, inciso II, do Decreto-Lei n.º 201/67: Dec.-Lei n. 201/19671, art. 1º: “São crimes de 
responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do 
pronunciamento da Câmara dos Vereadores: (...) II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, 
de bens, rendas ou serviços públicos.” 
 
Obs.: O artigo 1º do Dec.-Lei n. 201/67 prevê infrações penais de competência do Poder Judiciário, as quais 
independem de apreciação pela Câmera de Vereadores e importam na aplicação de uma pena. Em seu artigo 
4º, não obstante estarem rotulados de “crimes de responsabilidade”, há infrações político-administrativas, as 
quais não possuem caráter penal, são de competência da Câmara de Vereadores e não acarretam na 
imposição de pena propriamente dita; a sanção é política. 
 
 É possível aplicar o princípio da insignificância nos crimes de peculato? Uma posição tradicional sempre 
entendeu que não, porque mesmo quando a coisa, materialmente falando, tem valor ínfimo, o peculato 
também envolve a moralidade da Administração Pública, a probidade do agente público, não tendo 
espaço para os pilares que respaldam a insignificância. Ocorre que, o STF, quando foi julgar o HC 107370, 
admitiu excepcionalmente o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública. 
 
16 
 
*#NOVIDADE #FIMDEPOLÊMICA #SELIGANASÚMULA: Súmula 599 STJ: O princípio da insignificância é 
inaplicável aos crimes contra Administração Pública. 
 
O STF concorda com a Súmula 599 do STJ? NÃO. No STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio 
mesmo em outras hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 26/04/2011 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Peluso, julgado em 21/08/2012. Segundo 
o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a Administração Pública, por si só, não 
inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto para se 
examinar se incide ou não o referido postulado. 
 
 Deputado Federal que utiliza do trabalho de assessor parlamentar para serviços particulares pratica 
crime de peculato? O servidor público (ex: um Deputado Federal) que se utiliza do trabalho de outro 
servidor público (ex: assessor parlamentar) para lhe prestar serviços particulares pratica crime de 
peculato (art. 312 do CP)? Situação 1. Servidor público que se utiliza da mão-de-obra de outro servidor 
público (normalmente seu subordinado) para, em determinados momentos, fazer com que este preste 
serviços particulares a ele. Esta conduta não configura peculato nem qualquer outro crime. Atenção: se o 
indivíduo que se utilizou do servidor público for Prefeito, ele cometerá o delito do art. 1º, II, do DL 
201/67. Situação 2. Servidor público que utiliza a Administração Pública para pagar o salário de 
empregado particular. Aqui o chefe contrata um indivíduo supostamente para ser servidor público (cargo 
comissionado), mas, na verdade, ele manda que a pessoa contratada preste exclusivamente serviços 
particulares ao seu superior. Esta conduta, em tese, configura peculato. Isso porque o dinheiro público 
está sendo desviado para o pagamento de um "servidor" que, formalmente está vinculado à 
Administração Pública, mas que, na prática, apenas executa serviços para outro servidor público no 
interesse particular deste último. Caso concreto: o Deputado Federal Celso Russomanno (PRB-SP) 
contratou para o cargo de secretária parlamentar, com remuneração paga pela Câmara dos Deputados, a 
senhora "SJ". Ocorre que, de acordo com a acusação, "SJ" trabalhava, na verdade, não na Câmara, mas 
sim na produtora de vídeo do Deputado, em São Paulo. Assim, para o MP, o Deputado utilizou a assessora 
para o exercício de atividade privada, embora recebendo pelos cofres públicos. A 2ª Turma do STF 
absolveu o réu. Segundo ficou decidido, "SJ", ainda que tenha exercido algumas atividades de interesse 
particular do Deputado na produtora, dedicou-se preponderantemente ao cargo de secretária 
parlamentar no escritório político de Celso Russomano em São Paulo, atendendo cidadãos que se sentiam 
lesados em suas relações de consumo. Assim, a prova dos autos demonstrou que “SJ” exercia as 
atribuições inerentes ao cargo de assessora parlamentar, ainda que também, algumas vezes, 
desempenhasse outras atividades no estrito interesse particular do parlamentar. Dessa forma, pela prova 
colhida, a conduta do Deputado foi penalmente atípica, uma vez que consistiu no uso de funcionário 
17 
 
público que, de fato, exercia as atribuições inerentes ao seu cargo para, também, prestar outros serviços 
de natureza privada. Em outras palavras, o caso de Russomano se enquadrou na situação 1 acima 
explicada. STF. 2ª Turma. AP 504/DF, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 
julgado em 9/8/2016 (Info 834). 
 
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO STF recebeu denúncia contra o Senador 
Renan Calheiros em razão de ter desviado recursos públicos da verba parlamentar para pagamento de pensão 
alimentícia à filha. O Ministério Público ofereceu denúncia contra o Senador Renan Calheiros pelas seguintes 
condutas: • o denunciado teria desviado recursos públicos da chamada verba indenizatória (destinada a 
despesas relacionadas ao exercício do mandato parlamentar) para pagar pensão alimentícia à filha. Com isso, 
teria praticado peculato (art. 312 do CP). • além disso, ele teria inserido e feito inserir, em documentos 
públicos e particulares, informações diversas das que deveriam ser escritas, com o propósito de alterar a 
verdade sobre fato juridicamente relevante (sua capacidade financeira para custear despesas da referida 
pensão). Isso porque o parlamentar, ao prestar contas dos valores recebidos a título de verba indenizatória, 
teria apresentado notas fiscais fictícias, ou seja, de serviços que não teriam sido prestados. Ademais, ele teria 
apresentado livros-caixa de suas atividades como pecuarista com informações supostamente falsas. Por conta 
desses fatos, foi denunciado pelos crimes de falsidade ideológica (art. 299) e de uso de documento falso (art. 
304). Quanto ao art. 312 do CP, a denúncia foi recebida porque o STF entendeu estarem presentes indícios de 
autoria e materialidade minimamente suficientes. No que tange aos arts. 299 e 304 do CP, a denúncia foi 
rejeitada em virtude de os delitos imputados estarem prescritos. STF. Plenário. Inq 2593/DF, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 1º/12/2016 (Info 849). 
 
2.3 ARTIGO 312, CAPUT: PECULATO PRÓPRIO, QUE SUBDIVIDE EM PECULATO-APROPRIAÇÃO E 
PECULATO-DESVIO. 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: O depositário judicial que vende os bens sob sua guarda não comete o 
crime de peculato (art. 312 do CP). O crime de peculato exige, para a sua consumação, que o funcionário 
público se apropriede dinheiro, valor ou outro bem móvel em virtude do “cargo”. Depositário judicial não é 
funcionário público para fins penais, porque não ocupa cargo público, mas a ele é atribuído um munus, pelo 
juízo, em razão do fato de que determinados bens ficam sob sua guarda e zelo. STJ. 6ª Turma.HC 402.949-SP, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623). 
18 
 
Obs.: vale ressaltar que o STJ decidiu apenas que a conduta do depositário judicial que vende os bens sob sua 
guarda não comete o crime de peculato, pois não é funcionário público e não ocupa cargo público. No 
entanto, a depender das peculiaridades do caso concreto, a conduta pode configurar, em tese, os tipos 
penais dos arts. 168, § 1º, II, 171 ou 179 do Código Penal. 
 
a) Crimes funcionais impróprios 
O peculato apropriação e o peculato desvio são crimes funcionais impróprios, porque ausente a 
condição de funcionário público opera-se a desclassificação para outro delito, qual seja, apropriação indébita, 
por exemplo. 
 
b) Núcleos do tipo 
 
I – “Apropriar-se”: o sujeito tem a posse do bem, mas comporta-se como se fosse o seu próprio proprietário. 
Ex.: funcionário público que tem um computador para trabalhar e resolve vendê-lo (ou resolve destruí-lo). 
 
II – “Desviar”: é conferir ao bem um destino diverso do original. Ex.: dinheiro que estava na conta da 
secretaria de obras para construção de uma ponte, mas o funcionário utiliza para comprar um carro para ele. É 
insuficiente dar ao bem um destino diverso do original, pois é necessário que o desvio seja praticado em 
proveito próprio ou alheio, o qual pode ser material ou moral. Ex.: secretário de obras que tem cinco milhões 
em caixa e resolve agiotar, cobrando juros exorbitantes. Depois de alguns meses ele tem seis milhões, daí ele 
pega um milhão para ele e devolve os cinco milhões que pegou da Administração (proveito material). No caso 
de empréstimo do dinheiro para um amigo. 
 
#ATENÇÃO: No entanto, caso o desvio seja em proveito da própria Administração Pública não haverá peculato, 
e sim emprego irregular de verbas ou rendas públicas (CP, art. 315). Ex.: secretário municipal que tem 
dinheiro para construção de uma escola, mas resolve para construir um hospital em um bairro que lhe dará 
vários votos. O desvio foi em proveito da própria Administração, mas houve o emprego irregular de verbas 
públicas (art. 315). Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - 
detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Secretária de Estado que desvia verbas de convênio federal que tinha 
destinação específica e as utiliza para pagamento da folha de servidores não pratica o crime de peculato (art. 
312 do CP), mas sim o delito de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315). STF. 2ª Turma. Inq 
3731/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2016 (Info 813). 
 
19 
 
2.4 ART 312, §1º: PECULATO-FURTO. 
 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, 
o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe 
proporciona a qualidade de funcionário. 
 
a) Crime funcional impróprio 
O peculato furto é crime funcional impróprio, pois excluída a posição de funcionário público haverá a 
desclassificação para o crime de furto. 
 
b) Núcleos do tipo 
I – “Subtrair”: é inverter a posse do bem. A subtração é realizada diretamente pelo funcionário público. Ex.: 
funcionário público que subtrai o notebook de outro funcionário público. 
 
II– “Concorrer para a subtração”: Trata-se de crime de concurso necessário, plurissubjetivo ou plurilateral, 
ou seja, é aquele em que o tipo penal exige a presença de ao menos duas pessoas. No caso, o funcionário 
público que concorre para a subtração e o terceiro que efetivamente subtrai o bem. Ex.: Cleber e Charles vão 
até o prédio do MP para subtrair um computador. Cleber distrai o guarda para que Charles possa subtrair o 
computador. O Cleber (funcionário público) não subtraiu, mas concorreu para a subtração. A conduta do 
funcionário público deve ser dolosa. Portanto, se o funcionário público concorre culposamente para a 
subtração, ele responderá por peculato culposo, e o terceiro pelo crime doloso cometido (normalmente furto). 
Não há concurso de pessoas. 
 
c) Elemento normativo do tipo 
 
O tipo penal apresenta um elemento normativo: “valendo-se de facilidade que lhe proporciona a 
qualidade de funcionário”. Se o funcionário público subtrai o bem ou concorre para a subtração de um 
terceiro sem se valer da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário público, ou seja, pratica o 
crime de uma forma que qualquer pessoa poderia ter praticado, ele não responderá pelo peculato furto, mas 
por furto. Ex.: Cleber que o computador novo que chegou na repartição pública. Vai de madrugada, escala o 
prédio, subtrai e vai embora. Neste caso, responderá por furto, pois praticou de uma forma que qualquer 
pessoa poderia ter praticado. 
 
 E se o funcionário público concorreu culposamente para a subtração de terceiro? 
20 
 
Ex. o funcionário público sai apressado e deixa a porta da repartição aberta, colaborando 
culposamente para a subtração praticada por terceiro. Se a colaboração foi culposa, porém, termos o peculato 
culposo para o funcionário público e outro crime, normalmente o furto, para o terceiro. Nessa hipótese, do 
peculato culposo, NÃO há concurso de pessoas entre o funcionário público e terceiro, cada qual respondendo 
pelo seu crime (peculato culposo e furto, p.ex.). 
 
2.5 SUJEITO ATIVO (SERVE PARA PECULATO APROPRIAÇÃO, PECULATO DESVIO E PECULATO FURTO) 
 
O peculato é crime funcional. Portanto, o peculato doloso, em qualquer de suas modalidades, é 
crime próprio ou especial, porque somente pode ser praticado pelo funcionário público. 
 
O peculato é compatível com o concurso de pessoas, admitindo-se tanto a coautoria como também a 
participação. O particular pode praticar o crime de peculato, desde que o pratique em concurso com 
funcionário público e ciente de sua qualidade de funcionário público. 
 
Todavia, um particular não poderá praticar um crime de peculato sozinho. 
 
#OBS.: Peculato x crimes de Prefeitos: em regra, qualquer funcionário público pode praticar peculato. Os 
PREFEITOS só podem praticar o peculato-furto. Os prefeitos não praticam peculato-apropriação nem peculato-
desvio (isso despenca nas provas), por causa do artigo 1º, I, Decreto Lei 201/1967, “apropriar-se de bens ou 
rendas públicas ou desviá-los em proveito próprio ou alheio”. Para o prefeito temos crime específico no 
Decreto-lei para as modalidades peculato apropriação e peculato desvio (aplica o princípio da especialidade). 
Como não há conduta correspondente para o peculato furto no Decreto lei, subsistirá o peculato-furto do CP. 
 
O que no Código Penal caracteriza peculato apropriação ou desvio ou peculato furto, para os Prefeitos existe 
um crime especial. O conflito aparente de normas é solucionado pelo princípio da especialidade. 
 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO: 
- Desvio de recursos de convênio e sua aplicação em finalidade diversa Secretária de Estado que desvia verbas 
de convênio federal que tinha destinação específica e as utiliza para pagamento da folha de servidores não 
pratica o crime de peculato (art. 312 do CP), mas sim o delito de emprego irregular de verbas ou rendas 
públicas (art. 315). STF. 2ª Turma. Inq 3731/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2016 (Info 813). 
 
- Diversos servidores municipais tinham empréstimos consignados cujos valores eram descontados da folha de 
pagamento. O Prefeito ordenou que fosse feita a retenção, mas que tais valores não fossem repassados à 
21 
 
instituição e sim gastos com o pagamento de despesas do Município. Isso foi feito no últimoano do mandato 
do Prefeito, quando não havia mais recursos para pagar o banco, o que só foi feito no mandato seguinte. O STF 
entendeu que, nesta situação, restou configurada a prática de dois delitos: arts. 312 e 359-C do Código Penal. 
STF. 1ª Turma. AP 916/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2016 (Info 826). 
 
#APROFUNDANDO: Vale ressaltar que o Prefeito fez isso no último ano de seu mandato e que não havia, até o 
final de sua gestão, dinheiro suficiente para pagar o banco. Tais circunstâncias permitem concluir que houve a 
prática de mais de um delito? SIM. O Município só conseguiu pagar o banco alguns anos mais tarde, na gestão 
de um novo Prefeito. Isso porque o agente tomou essa atitude no final de seu mandato, quando não havia 
mais orçamento suficiente para quitar a dívida com a instituição financeira. Segundo o STF, este fato mostra 
que o então Prefeito (réu) autorizou a assunção de obrigação, sem pagar a despesa no mesmo exercício e sem 
deixar receita para a quitação no ano seguinte, ficando configurada a prática do crime previsto no art. 359-C 
do Código Penal: Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do 
último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, 
caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade 
de caixa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
 
2.6 SUJEITO PASSIVO DO CRIME DE PECULATO 
 
O sujeito passivo é o Estado num sentido amplo, Estado enquanto Administração Pública (e não 
Estado-membro). O Estado é o sujeito passivo imediato. Mas também pode ser sujeito passivo do crime de 
peculato a pessoa jurídica de direito público, e eventualmente o particular prejudicado pela conduta criminosa 
(no caso de peculato malversação). 
 
2.7 ELEMENTO SUBJETIVO (DO PECULATO DOLOSO): 
 
É o dolo. No peculato-desvio, além do dolo, existe um elemento subjetivo específico, uma finalidade 
específica representada pela expressão “em proveito próprio ou alheio”. No peculato-furto também se exige 
esse requisito subjetivo específico (“em proveito próprio ou alheio”). 
 
#UMPOUCODEDOUTRINA: Parte da doutrina entende que no peculato apropriação, além do dolo de 
apropriar-se, também é exigido um elemento subjetivo específico, o animus rem sibi habendi (ânimo de 
assenhoramento definitivo). No entanto, para Cleber Masson, o dolo de apropriar-se já é o ânimo de ser 
proprietário da coisa. 
 
22 
 
2.8 CONSUMAÇÃO: 
 
O peculato, em suas três modalidades, é crime material ou causal. Portanto, a consumação depende 
da produção do resultado naturalístico: 
 Peculato apropriação: efetiva apropriação do bem. 
 Peculato desvio: alteração do destino original, em proveito próprio ou alheio. 
 Peculato furto: subtração do bem pelo funcionário público ou por terceiro. 
 
Para o STF é prescindível, dispensado o lucro do agente para haver a consumação do peculato doloso 
em qualquer de suas modalidades. 
 
2.9 REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO DOLOSO: 
 
A reparação do dano no peculato doloso NÃO extingue a punibilidade. A reparação do dano no 
peculato doloso pode caracterizar: 
 
a) O instituto do arrependimento posterior, se os requisitos do art. 16 do CP estiverem presentes 
(Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a 
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um 
a dois terços). 
 
b) A atenuante genérica do art. 65, III, “b”, do CP, se a reparação for efetuada após o recebimento da 
denúncia, mas antes da sentença (Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente: 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as 
consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano). 
 
A atenuante inominada ou de clemência do art. 66 do CP, se ela ocorrer em fase recursal (antes do 
trânsito em julgado da condenação). Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância 
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
 
#OBS.: Caso a reparação do dano ocorra após o trânsito em julgado da condenação, não produzirá nenhum 
efeito. 
 
2.10 PECULATO E TRIBUNAL DE CONTAS: 
 
23 
 
A aprovação das contas pelo Tribunal de Contas NÃO exclui o crime de peculato. O oferecimento de 
denúncia não precisa da rejeição de contas pelo Tribunal de Contas. Não precisa esperar o TC emitir a sua 
decisão para oferecer denúncia. 
 
2.11 TENTATIVA 
 
A tentativa é possível em todas as modalidades de peculato doloso. 
 
2.12 AÇÃO PENAL 
 
Em todas as modalidades do Peculato, e mais do que isso, EM TODOS OS CRIMES FUNCIONAIS, a 
ação penal é pública incondicionada. 
 
#OLHAOGANCHO: A ação penal que apura a prática de crime de peculato de quantia de natureza sui generis 
com estreita derivação tributária, por suposta apropriação, por Tabelião, de valores públicos pertencentes a 
Fundo de Desenvolvimento do Judiciário deve ser suspensa enquanto o débito estiver pendente de 
deliberação na esfera administrativa em razão de parcelamento perante a Procuradoria do Estado. STJ. 6ª 
Turma. RHC 75768-RN, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 15/8/2017 (Info 611). 
 
2.13 PECULATO-CULPOSO – ART. 312, §2°, CP. 
 
§2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. Pena de detenção de três meses a um 
ano. 
 
É infração de menor potencial ofensivo. Esse crime de peculato culposo depende de 2 requisitos 
fundamentais: (i) Conduta culposa do funcionário público; (ii) Prática de crime doloso por terceiro, 
aproveitando-se da facilidade culposamente proporcionada pelo funcionário público. 
 
Aqui não há concurso de pessoas. O agente público não sabe que o terceiro vai cometer crime em 
virtude da facilidade por ele causada. 
 
Para existir o peculato culposo não basta que o funcionário público pratique uma conduta culposa. É 
preciso haver um terceiro praticando um crime doloso se aproveitando dessa situação de facilidade que o 
funcionário público proporcionou. Ex.: O funcionário público ao sair da repartição deixa a porta aberta. O 
24 
 
terceiro, se aproveitando dessa facilidade, entra e furta computadores. O funcionário público responderá por 
peculato culposo e o terceiro por furto. 
 
O peculato culposo se consuma no momento da prática do crime doloso pelo terceiro (e não do ato 
culposo praticado pelo funcionário público). 
 
#OBS.: O peculato culposo não admite tentativa. 
 
2.14 REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO 
 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a 
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato culposo é o concurso não intencional pelo funcionário público, realizado por ação ou omissão, 
mediante imprudência ou negligência, para apropriação, desvio ou subtração de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel pertencente ao Estado ou sob sua guarda, por uma terceira pessoa. 
 
I – O funcionário público, culposamente, concorre para o crime doloso de terceiro. 
 
II – No peculato culposo não há concurso de pessoas entre o funcionário público desidioso e o terceiro que 
pratica um crime doloso, em razão da falta do vínculo subjetivo, ou seja, não há consciência para colaborar 
para o crime de terceiro, ainda que o terceiro desconheça a colaboração. O funcionário público que agiu 
culposamente não quer colaborar com o crime de terceiro. Além disso, esse requisito (vínculo subjetivo) do 
concurso de pessoa reclama a homogeneidade de elemento subjetivo, ou seja, se o crime é doloso todos deve 
concorrer dolosamente e se o crime for culposo todos devem concorrer culposamente. 
 
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO:No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da exigência da vantagem 
indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que se consuma com a 
exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do 
crime que já se consumou anteriormente. Ex: funcionário público exige, em razão de sua função, vantagem 
indevida da vítima; dois dias depois, quando a vítima entrega a quantia exigida, não há mais situação de 
flagrância considerando que o crime se consumou no momento da exigência, ou seja, dois dias antes. STJ. 5ª 
Turma. HC 266.460-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015 (Info 564). 
25 
 
 
A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção passiva (arts. 
316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena base alegando que os “motivos do crime” 
(circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 (Info 608). 
 
2.15 REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO 
 
Nos crimes contra a Administração Pública a progressão de regime prisional exige, além do 
cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior (requisito objetivo) e do mérito do condenado (requisito 
subjetivo), a reparação do dano ou a restituição da coisa. CP, art. 33, § 4º: “O condenado por crime contra a 
administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do 
dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais”. 
 
 
A reparação do dano no peculato culposo, antes do trânsito em julgado da condenação, extingue a 
punibilidade, ou seja, trata-se de causa extintiva da punibilidade prevista fora do art. 107 do CP. Se a 
reparação do dano for posterior ao trânsito em julgado da condenação, reduz de metade a pena imposta. O 
legislador claramente conferiu tratamento civilístico à matéria. Já que o peculato é culposo, já que o desvalor 
da ação é menor o que importa é buscar a reparação do dano. 
 
3 CONCUSSÃO E EXCESSO DE EXAÇÃO: 
 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de 
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
3.1 BEM JURÍDICO TUTELADO 
 
A razão de ser do referido tipo penal é a preservação do princípio da moralidade e, em plano 
secundário, busca-se tutelar a proteção do patrimônio do particular constrangido pelo ato criminoso do 
agente. Em virtude das penas cominadas, nenhum dos benefícios da Lei 9.099/95 será cabível. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de 
concussão e corrupção passiva (arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-base 
26 
 
alegando que os “motivos do crime” (circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. STJ. 3ª 
Seção.EDv nos EREsp 1196136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 (Info 608). 
 
3.2 SUJEITOS DO CRIME 
 
O agente visado pela lei é o funcionário público3 no sentido amplo do direito penal (art. 327 do CP), 
incluindo, também, aquele que, apenas nomeado, embora ainda não esteja no exercício da sua função, atue 
criminosamente em razão dela. 
 
Caso o funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de 
órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo 
poder público, a pena sofrerá aumento de um terço. 
 
Sendo crime próprio4, o particular poderá concorrer para a prática delituosa, desde que conhecedor da 
circunstância subjetiva elementar do tipo, ou seja, de estar colaborando com ação criminosa de autor 
funcionário público (art. 30 do CP). 
 
Deve o agente deter competência para a prática do mal temido pela vítima. Faltando-lhe poderes para 
tanto, mesmo que servidor, outro será o crime. Da mesma maneira, se o agente simular o exercício da função, 
não consumará o tipo supramencionado. 
 
#ATENÇÃO #FIGURASANÁLOGAS: Atento ao princípio da especialidade, se o sujeito ativo for Fiscal de Rendas, 
praticará crime contra a ordem tributária, previsto no art. 3°, 11, da Lei 8.137/90. Tratando-se de policial 
militar, o crime será o do art. 305 do Código Penal Castrense. 
 
#OLHAOGANCHO: 
CONCUSSÃO EXTORSÃO 
Exigência SEM violência ou grave ameaça 
Qualquer vantagem indevida5 
HÁ violência ou grave ameaça 
Indevida vantagem econômica 
 
 
3
 Decidiu o STF, no RHC 90.523/ES (19/04/2011) considerar-se funcionário público, para fins penais, o médico particular 
em atendimento pelo Sistema Único de Saúde- SUS, antes mesmo da alteração normativa que explicitamente fizera tal 
equiparação por exercer atividade típica da Administração Pública (CP, art. 327, § 12, introduzido pela lei 9.983/2000). 
4
 E não de MÃO-PRÓPRIA, fique atento! 
5
 Há doutrinadores que exigem ser necessário a aferição de vantagem de natureza econômica, como, por exemplo, Rui 
Stoco. 
27 
 
Servidor público 
Em razão da função 
Poder ser praticado por funcionário público OU NÃO. 
 
#ATENÇÃO: Os tribunais superiores decidiram que, em que pese ser funcionário público seja qualidade 
indispensável ao tipo (elementar), a concussão praticada por policial é mais grave, autorizando a exasperação 
da pena. 
 
#OLHAAJURISPRUDÊNCIA: Um policial militar em serviço, ao abordar um cidadão, exigiu dele o 
pagamento de determinada soma em dinheiro, utilizando-se de violência e ameaçando-o de sequestrar o 
seu filho. A vítima, ante o temor da ameaça, cedeu às exigências formuladas e entregou ao policial a 
quantia exigida. Nessa situação, não obstante a prática de crime pelo agente, não há que se falar em 
delito de concussão, pois inexiste nexo causal entre a função pública desempenhada pelo policial e a 
ameaça proferida. 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A aplicação da agravante genérica prevista no art. 70, II, "l", do 
Código Penal Militar não configura bis in idem pelo crime de concussão, quando praticado por militar em 
serviço. Não existe óbice para que, no crime de concussão, quando praticado em serviço, seja aplicada a 
agravante genérica prevista no art. 70, II, “l”, do CPM (“estando de serviço”), isto é, não há ocorrência de bis in 
idem, porquanto a ideia de exigir vantagem indevida em virtude da função não tem correlação com o fato de o 
militar estar em serviço (em escala especial). STJ. 3ª Seção. EREsp 1.417.380-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
julgado em 08/08/2018 (Info 631). #IMPORTANTE 
 
3.3 CONDUTA 
 
A conduta típica consiste em exigir6 (havendo necessariamente algo de coercitivo) o agente, por si ou 
por interposta pessoa, explícita ou implicitamente, vantagem indevida, abusando da sua autoridade pública 
como meio de coação (metus publicae potestatis), ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela7. 
 
 
 
6
 #CAIU #2017 #MP-SP: A conduta do funcionário público que, fora do exercício de sua função, mas em razão dela, exige 
o pagamento de uma verba indevida, alegando a necessidade de uma “taxa de urgência” para a aprovação de uma obra 
que sabe irregular, configura o crime de concussão. 
7
 Não poderá o funcionário público aposentado responder por concussão. 
 
28 
 
É preciso, porém, não confundir exigência com solicitação, porque, no caso de mero pedido, o crime 
será outro: corrupção passiva, previsto no art. 317 do CP. 
 
Somente admite o dolo, não havendo previsão da modalidade culposa. 
 
Poderá ser praticado por ação (comissivo) ou omissão imprópria, de forma livre, instantâneo, 
monossubjetivo unisubsistente ou plurisubsistentee transeunte (regra). 
 
 
 
3.4 1.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
É delito formal (ou de consumação antecipada), isto é, independe da obtenção da vantagem almejada. 
Logo, caso a vantagem venha se perfectibilizar, configurará mero exaurimento. Quanto à vantagem, a doutrina 
majoritária defende que será qualquer vantagem, não precisando ser, necessariamente, patrimonial, visto que 
nem o próprio tipo penal faz essa exigência. 
 
 Admite-se a tentativa. 
 
#OLHAAJURISPRUDÊNCIA: No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento 
da exigência da vantagem indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, 
que se consuma com a exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa 
mero exaurimento do crime que já se consumou anteriormente. Ex: funcionário público exige, em razão de sua 
função, vantagem indevida da vítima; dois dias depois, quando a vítima entrega a quantia exigida, não há mais 
situação de flagrância considerando que o crime se consumou no momento da exigência, ou seja, dois dias 
antes. STJ. 5ª Turma. HC 266460-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015 (Info 564). 
 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando 
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 
8.137, de 27.12.1990) 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
 
3.5 SUJEITOS DO CRIME 
 
29 
 
Sujeito ativo: Praticado, também, por funcionário público (não necessita ser o encarregado pela arrecadação 
do tributo ou contribuição social). O particular somente responde quando ciente da qualidade de agente 
público. 
Sujeito passivo: própria Administração Pública e, em segundo lugar, a pessoa atingida pela conduta típica. 
3.6 CONDUTA 
 
 Não há forma culposa. Consuma-se no ato de exigir tributo ou contribuição social de maneira ilícita e 
na utilização do meio de cobrança vexatório ou gravoso. 
 
Dispensa qualquer recebimento de valores, isto é, crime formal, sendo possível a tentativa. 
 
Considerado uma espécie de concussão, dividindo-se em duas situações: 
FUNCIONÁRIO EXIGE, DETERMINA O RECOLHIMENTO DE TRIBUTO8 OU CONTRIBUIÇÃO 
SOCIAL QUE: 
SABE ou DEVERIA SABER indevido (dolo 
eventual); 
Quando DEVIDO, emprega na cobrança meio 
vexatório ou gravoso que a lei não autoriza 
(dolo); 
Não almeja o sujeito vantagem para si ou 
para terceiro, e sim recolher aos cofres 
públicos tributo ou contribuição social que 
sabe ou deveria saber indevida. 
O modo da cobrança é o que foge à 
legalidade. 
Não almeja o sujeito vantagem para si ou 
para terceiro. 
 
#OLHAPEGADINHA #FCC #CAIU9: Perceba a nítida diferença entre o Excesso de Exação e o crime definido na 
lei 8.137. 
Em relação aos crimes contra a Administração pública, é correto assegurar que: 
a) puníveis apenas condutas dolosas. 
b) cabível a retratação nos crimes de falso testemunho e denunciação caluniosa. 
c) a condição de funcionário público é elementar do tipo de peculato e, por isso, não se comunica, em 
qualquer situação, ao coautor ou partícipe particular. 
 
 
8
 Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
9
 Resposta: d). 
30 
 
d) não constitui crime de concussão, tipificado no Código Penal, a exigência, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, de vantagem 
indevida para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social. 
e) não se equipara a funcionário público, para efeitos penais, quem trabalha para empresa prestadora de 
serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
 
#ATENÇÃO: No crime previsto na Lei 8137/90 o agente exige VANTAGEM INDEVIDA, já no Excesso de Exação o 
que é exigido é o PRÓPRIO TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO SOCIAL, veja: 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): 
(...)II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou 
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, 
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 
(três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
3.7 MODALIDADE QUALIFICADA 
 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher 
aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
 Aqui há proveito próprio ou de terceiro e o recebimento se deu de forma INDEVIDA. 
 
3.8 CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA 
 
 § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
 
3.9 AÇÃO PENAL 
 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. 
 
4 CORRUPÇÃO PASSIVA: 
 
31 
 
CP, art. 317: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função 
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário re 
tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. [causa de aumento 
de pena] 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, 
cedendo a pedido ou influência de outrem: [não há vantagem indevida] 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa”. 
 
4.1 Noções gerais 
 
I – A corrupção também é chamada de “peita” ou “suborno”. 
 
II – Conceito de corrupção: é a venalidade no desempenho da função pública. 
 
III – Há previsão de duas espécies de corrupção no Código Penal: 
 
 Corrupção ativa (CP, art. 333): Está relacionada à conduta do corruptor. Em regra, o corruptor é um 
particular, mas também pode ser um funcionário público, desde que fora do exercício das suas 
funções. Ex.: funcionário público de férias (ou final de semana) que é parado na rodovia e oferece 
dinheiro para não ser multado. Neste caso, não está no exercício da função. Assim, a corrupção pode 
ser praticada por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público, desde que não estejam no 
exercício da sua função. 
 Corrupção passiva (CP, art. 317): Está relacionada à atuação do funcionário público corrompido, 
exceto na hipótese em que não assumiu a função pública (“caput”). Inexiste corrupção passiva de 
particular no Brasil. 
 
IV – Na dicotomia acima nota-se uma exceção pluralista à teoria monista no concurso de pessoas. 
 
A teoria monista ou unitária é a regra geral do concurso de pessoas (CP, art. 29, “caput”). No entanto, na 
dicotomia exposta, há duas pessoas concorrendo para o mesmo resultado, mas respondem por crimes 
diversos, pois o legislador optou por criar delitos diferentes. Ex.: motorista oferece dinheiro para policial 
rodoviário, o qual não lavra a infração em razão da vantagem indevida auferida. Os dois indivíduos estão 
concorrendo para o mesmo resultado, qual seja, a não lavratura da multa; responderão por crimes diversos. 
32 
 
 
#OLHAOGANCHO: 
I – A corrupção passiva e a

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