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Sucessão mortis causa

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Sucessão mortis causa: É aquela que decorre da morte do titular de direitos e como consequência ocorrerá à transmissão do domínio. Todas as vezes que uma pessoa falece, abre a sucessão de seus bens. A sucessão é o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar da outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens.
O Direito das Sucessões, ramo do Direito Civil, é um complexo de normas e princípios que se destinam a regular a passagem de titularidade do patrimônio (ativo e passivo) de alguém aos seus sucessores (herdeiros e legatários).
“O Direito das Sucessões é o ramo do Direito Civil, obviamente permeado por valores e princípios constitucionais, que tem por objetivo primordial estudar e regulamentar a destinação do patrimônio da pessoa física ou natural em decorrência de sua morte, momento em que se indaga qual o patrimônio transferível e quem serão as pessoas que o recolherão”. Para esse doutrinador, o Direito das Sucessões seria uma disciplina do Direito Civil Constitucional, pelo necessário diálogo com os princípios e normas constitucionais. (CARVALHO, Luiz Paulo Vieira de. Direito..., 2014, p. 18 e 20)
Herança
O direito à herança é garantido na Constituição, no artigo 5º, XXX. Seguindo a linha de constitucionalização do Direito Civil, a herança foi disciplinada na carta magna como direito fundamental. A doutrina atual entende que a herança tem uma função social a ser cumprida, permitindo que o herdeiro obtenha direitos e lhe confira uma destinação econômica adequada.
Princípio de Saisine
“Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.”
É uma ficção, importada do Direito francês, pela qual, no exato momento da morte do autor da herança, ocorre a transmissão do seu patrimônio aos seus herdeiros e legatários. Ainda que a transmissão do domínio só se concretize tempos depois, a sua eficácia será retroativa ao momento da morte, que se chama momento da abertura da sucessão.
Concluímos, então, que a partir do momento da abertura da sucessão os herdeiros tornam-se condôminos da totalidade de bens deixados pelo morto e apenas após a partilha é que poderá ter a definição de que bem pertencerá a cada um.
"Pelo princípio da saisine, a morte do de cujus implica a imediata transferência do seu patrimônio aos sucessores, como um todo unitário, que permanece em situação de indivisibilidade até a partilha. Enquanto realizada a partilha, o acervo hereditário - espólio - responde pelas dívidas do falecido e , para tanto, a lei lhe confere capacidade para ser parte. Acerca da capacidade para estar em juízo, o espólio tem legitimidade para configurar no polo passivo de ação de execução, que poderia ser ajuizada em face do autor da herança, acaso estivesse vivo, e será representado pelo administrador provisório da herança, na hipótese de não haver inventariante compromissado."
A MORTE REAL
É Atestada, na qual se tem um corpo com detecção de morte cerebral atestada por um médico.
MORTE PRESUMIDA SEM DECLARAÇÂO DE AUSÊNCIA
É a morte sem a presença do corpo para que seja atestada por um médico, mas determinada por sentença, quando se enquadrarem em situações previstas no artigo 7 CC.
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
MORTE PRESUMIDA POR AUSÊNCIA
Se uma pessoa desaparecer do seu domicilio sem deixar notícia, a principio será declarada nomeada um curador, posteriormente será aberta a sucessão provisória e apenas 10 anos depois, com a abertura da sucessão definitiva é que será declarada a morte presumida, nos termos do art 37 cc
COMORIÊNCIA
É quando ocorre a morte de mais de uma pessoa ao mesmo tempo e não é possível determinar quem veio a óbito primeiro.
Herança
Atenção, porque o artigo 71 do Código Civil permite a pluralidade de domicílios e, neste caso, qualquer um deles poderá ser considerado como lugar da abertura da sucessão.
“Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.”
Em complemento, a sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros
Lei aplicável à sucessão
Lei Material — aquela que vigorar no momento da morte. Mesmo que surja lei nova logo após a morte, será utilizada lei retroativa ao momento da morte.
“Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.”
CASO CONCRETO
O Senhor José faleceu em dezembro de 2001, portanto, antes da vigência do Código Civil. Devido a diversos contratempos, seu inventário só pôde ser aberto em maio de 2012, já com a vigência do Código Civil. Na sua opinião, aplica-se a lei retroativa ao momento da morte ou será utilizada a lei vigente no momento em que o inventário estiver em curso?
R: Se alguém morreu antes da vigência do CC atual aplica-se a regra do diploma legal de 1916. A lei processual a ser utilizada será a vigente no momento em que o inventário estiver em curso, não ficando vinculada ao momento da abertura da sucessão.
Das espécies de sucessão
Obs: Havendo herdeiros necessários só pode dispor de até 50% do seu patrimônio.
Espécies de sucessores
SUCESSORES LEGATÁRIOS: O legatário é um herdeiro a título singular, o qual é contemplado em testamento com um ou com alguns bens específicos.
SUCESSORES HERDEIROS: Os herdeiros serão chamados a participar da herança do morto. 
Obs: Herdeiros necessários são legítimos, mas não poderão ser afastados por testamento. Não podem ficar privados de pelo menos 50% da herança. ascendentes, descendentes e o cônjuge.
SUCESSORES HERDEIROS - Herdeiros instituídos
Nomeados pelo autor da herança em testamento, conferindo-lhe quinhão hereditário, não um bem específico.
Obs: O mesmo sujeito pode figurar nas diversas classificações de sucessores, recaindo o seu direito, sobre blocos patrimoniais distintos. Nada impede que um herdeiro receba por sucessão legítima e por sucessão testamentária.
A natureza jurídica da herança é a universalidade de direito, por ser considerada bem imóvel para os efeitos legais. Não é suscetível de divisões em partes, antes que seja feita a partilha dos bens no inventário.
O direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível e regulasse pelas normas relativas ao condomínio. Forma-se, então, um condomínio eventual pro indiviso em relação aos bens que integram a herança, até o momento da partilha. Isso justifica a impossibilidade, como regra, da usucapião de bens entre herdeiros, como antes foi esposado.
A RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS ATÉ AS FORÇAS DA HERANÇA
A herança antes de tudo, deve servir para quitar as dívidas deixadas pelo de cujus. Antes de ficar definido o quanto caberá a cada herdeiro, os débitos devem ser pagos aos credores do morto. 
O inventário deve ser instaurado, obrigatoriamente, em todos os casos em que o morto tenha deixado bens. Sendo, ainda, permitido, que o herdeiro ajuíze um inventário negativo, com o objetivo de provar que o morto não deixou bens.
O herdeiro não responde com seu patrimônio pessoal pelas dívidas do falecido, mas para isso deverá ajuizar o inventário e desta forma, individualizar o patrimônio do morto, separadamente do seu, para não correr o risco de que seu patrimônio pessoal seja utilizado para quitar os débitos do extinto.
O prazo para ajuizamento do inventário é de 2 meses, a partir da abertura da sucessão e pelo princípio da especialidade deverá ser esse o prazo adotado.
ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA DA HERANÇA
A administração do inventário será exercida peloinventariante, mas até que seja assinado o termo de inventariança a herança será administrada por um administrador provisório ou ad hoc. O legatário não tem direito a posse à administração do legado até que lhe seja transmitida pelo herdeiro.
Observação:
Espólio é a herança ajuizada ou inventariada;
O espólio é administrado pelo inventariante;
O inventariante só é considerado como tal após assinatura de Termo de Compromisso de Inventariante em juízo. Só a partir deste momento é que será investido como inventariante;
A inventariança é um encargo.
Cessão de direitos hereditários e seus efeitos jurídicos
É um negócio jurídico translativo por atos inter vivos, que somente poderá ser realizado após a abertura da sucessão, pois o artigo 426 do Código Civil, não se pode negociar sobre a herança de pessoa viva. Porém, após a abertura da sucessão pode ser feita a cessão, desde que não exista cláusula de inalienabilidade imposta em testamento pelo falecido.
SUCESSÃO ABERTA é considerada um bem imóvel, portanto para que a cessão de direitos hereditários seja válida deve ser feita mediante escritura pública, com vênia conjugal (outorga uxória), para que seja considerada válida.
Atividades
1- João morre em dezembro de 2015 deixando dois filhos, Camila e Roberto. Camila e Roberto, no entanto, em virtude do grande sofrimento vivenciado pela morte de João, acabam por não tomar as medidas necessárias ao processamento de inventário de João. Diante da situação apresentada, pergunta-se: é possível afirmar que Camila e Roberto são proprietários dos bens deixados por João?
R: Em virtude da incidência do art 1.784, cc, a posse e a propriedade dos bens deixados por João são transferidos aos seus herdeiros e eventuais legatários no momento da abertura da sucessão, que é momento da morte. Desta forma, a propriedade fora transferida a Camila e Roberto na data da morte de João, por força do princípio do direito de saisine.
2- Ricardo morreu em 30/10/2012 deixando, como únicos herdeiros, seus três filhos, Marcelo, Gabriela e Renato. Ricardo possuía um único imóvel, que foi objeto de inventário por escritura pública, no valor de R$300.000,00 divididos em partes iguais por seus três filhos.O imóvel foi vendido 6 meses depois da morte de Ricardo. Um ano depois do falecimento de seu pai, o filho mais velho, Marcelo é acionado em ação de cobrança de dívida deixada por seu falecido pai, no montante de R$250.000,00. Preocupado com a situação Marcelo lhe procura e pergunta se é obrigado a pagar a dívida toda deixada por seu pai. Explique sua resposta.
R: A abertura da sucessão ocorreu em 30/10/2012 com a morte de Ricardo. Marcelo não é obrigado a pagar toda a dívida uma vez que ninguém pode responder ultra vires hereditatis, ou seja, que ninguém pode responder por encargos superiores às forças da herança (art. 1.792, CC). Assim, Marcelo só é obrigado a responder pelo equivalente a R$100.000,00, montante da herança de seu pai, por ele recebido.

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