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DIREITO CIVIL VI Aula 1

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DIREITO CIVIL VI: DIREITO DE SUCESSÃO
APOSTILA COMPLETA
RUAN LINDEMBERG
ESTÁCIO, CABO FRIO RJ
AULA – 1
	SUCESSÃO MORTIS CAUSA:
É aquela que decorre da morte do titular de direitos e como consequência ocorrerá à transmissão do domínio. Todas as vezes que uma pessoa falece, abre a sucessão de seus bens. A sucessão é o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar da outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens.
	DIREITOS SUCESSÓRIO:
O Direito das Sucessões, ramo do Direito Civil, é um complexo de normas e princípios que se destinam a regular a passagem de titularidade do patrimônio (ativo e passivo) de alguém aos seus sucessores (herdeiros e legatários).
“O Direito das Sucessões é o ramo do Direito Civil, obviamente permeado por valores e princípios constitucionais, que tem por objetivo primordial estudar e regulamentar a destinação do patrimônio da pessoa física ou natural em decorrência de sua morte, momento em que se indaga qual o patrimônio transferível e quem serão as pessoas que o recolherão”. Para esse doutrinador, o Direito das Sucessões seria uma disciplina do Direito Civil Constitucional, pelo necessário diálogo com os princípios e normas constitucionais. (CARVALHO, Luiz Paulo Vieira de. Direito..., 2014, p. 18 e 20)
	HERANÇA:
O direito à herança é garantido na Constituição, no artigo 5º, XXX. Seguindo a linha de constitucionalização do Direito Civil, a herança foi disciplinada na carta magna como direito fundamental. A doutrina atual entende que a herança tem uma função social a ser cumprida, permitindo que o herdeiro obtenha direitos e lhe confira uma destinação econômica adequada.
	
	O Código Civil (arts. 1.784 a 2.027, CC) divide o Direito das Sucessões em quatro títulos:
I. Da sucessão em geral;
II. Da sucessão legítima;
III. Da sucessão testamentária;
IV. Do inventário e da partilha.
DO MOMENTO DA ABERTURA DA SUCESSÃO:
A personalidade jurídica da pessoa natural, conforme artigo 2º do CC, inicia-se com o nascimento com vida, e deixa resguardados os direitos do nascituro até essa ocasião.
Assim, ao nascer com vida uma pessoa passa a ter capacidade de adquirir e contrair obrigações, em seu próprio nome. Essa capacidade se estende até o momento da morte, conforme artigo 6 do CC.
OBS: fazer leitura dos citados dispositivos.
Como já estudamos lá no início do curso, em Direito Civil I, não existe direito sem um titular que o ocupe. Dessa forma, no exato momento da morte, os direitos do falecido serão transferidos para seus herdeiros. A partir daí concluímos que o momento da abertura da sucessão é o exato momento da morte.
PRINCÍPIO DA SAISINE:
	“Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.”
É uma ficção, importada do Direito francês, pela qual, no exato momento da morte do autor da herança, ocorre a transmissão do seu patrimônio aos seus herdeiros e legatários. Ainda que a transmissão do domínio só se concretize tempos depois, a sua eficácia será retroativa ao momento da morte, que se chama momento da abertura da sucessão.
Concluímos, então, que a partir do momento da abertura da sucessão os herdeiros tornam-se condôminos da totalidade de bens deixados pelo morto e apenas após a partilha é que poderá ter a definição de que bem pertencerá a cada um.
“Pelo princípio da saisine, previsto no art. 1.784 do CC/2002, a morte do de cujus implica a imediata transferência do seu patrimônio aos sucessores, como um todo unitário, que permanece em situação de indivisibilidade até a partilha. Enquanto não realizada a partilha, o acervo hereditário — espólio — responde pelas dívidas do falecido (art. 597 do CPC) e, para tanto, a lei lhe confere capacidade para ser parte (art. 12, V, do CPC). Acerca da capacidade para estar em juízo, de acordo com o art. 12, V, do CPC, o espólio é representado, ativa e passivamente, pelo inventariante. No entanto, até que o inventariante preste o devido compromisso, tal representação far-se-á pelo administrador provisório, consoante determinam os arts. 985 e 986 do CPC. O espólio tem legitimidade para figurar no polo passivo de ação de execução, que poderia ser ajuizada em face do autor da herança, acaso estivesse vivo, e será representado pelo administrador provisório da herança, na hipótese de não haver inventariante compromissado”.
Devemos lembrar que a morte pode ser real ou presumida:
A MORTE REAL: É a atestada, na qual se tem um corpo com detecção de morte cerebral atestada por um médico. É a morte conforme artigo 6º do Código Civil.
MORTE PRESUMIDA SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA: É a morte sem a presença do corpo para que seja atestada por um médico, mas determinada por sentença, quando se enquadrarem em situações previstas no artigo 7º do Código Civil.
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I — se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II — se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
MORTE PRESUMIDA POR AUSÊNCIA: Se uma pessoa desaparecer do seu domicilio sem deixar notícia, a principio será declarada nomeada um curador, posteriormente será aberta a sucessão provisório e apenas 10 anos depois, com a abertura da sucessão definitiva é que será declarada a morte presumida, nos termos do artigo 37 do Código Civil.
COMORIÊNCIA; É quando ocorre a morte de mais de uma pessoa ao mesmo tempo e não é possível determinar quem veio a óbito primeiro.
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Significa dizer que se um pai morre junto com um filho, sendo impossível precisar quem morreu primeiro, presume-se que se deu a comoriência e desta maneira um não chegou a herdar do outro.
“Comoriência. Acidente de carro. Vítima arremessada a 25 metros de distância do local, encontrada morta pelos peritos 45 minutos depois, enquanto o marido foi conduzido ainda com vida ao hospital falecendo em seguida. Presunção legal não afastada. Sentença de improcedência reformada. Recurso provido” (TJSP, Apelação com Revisão 566.202.4/5, Acórdão 2652772, 8.ª Câmara de Direito Privado, São João da Boa Vista, Rel. Des. Caetano Lagrasta, j. 11.06.2008, DJESP 27.06.2008).
	DO LOCAL DA ABERTURA DA SUCESSÃO:
	Conforme artigo 1.725 CC, será o lugar do último domicílio o falecido.
	Artigo 1.785 CC. A sucessão abre-se no lugar do último domicílo do falecido.
	Em regra, o local de domicílio é a residência, onde a pessoa se estabelece com ânimo definitivo de permanência, conforme consta no artigo 70 do próprio CC.
	“Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”.
	HERENÇA:
Atenção, porque o artigo 71 do Código Civil permite a pluralidade de domicílios e, neste caso, qualquer um deles poderá ser considerado como lugar da abertura da sucessão.
“Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.”
O assunto é tratado no artigo 48 do Código de Processo Civil.
	Em complemento, a sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, SENÃO VEJAMOS: 
SUCESSÃO DE BENS DE ESTRANGEIROS SITUADOS NO PAÍS:
 Em complemento, a sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus (art. 5.º, XXXI, da CF/1988 e art. 10, § 1.º, da Lei de Introdução). A norma, claramente, protege o cônjuge e os descendentes, em prejuízo de eventualdireito de terceiros. Conforme explica Maria Helena Diniz, a norma especifica a não aplicação do princípio “de que a existência de herdeiro de uma classe exclui da sucessão os herdeiros da classe subsequente da ordem de vocação hereditária. Assim, a ordem de vocação hereditária, estabelecida no art. 1.829 do Código Civil, pode ser alterada, tratando-se de bens existentes no Brasil, pertencentes a estrangeiro falecido, casado com brasileira ou com filhos brasileiros ou havendo quem os represente, se a lei nacional do de cujus for mais vantajosa àquelas pessoas do que seria a brasileira”. (DINIZ, Maria Helena. Código..., 2010, p. 17) Há uma clara proteção dos herdeiros, sendo certo que tanto o cônjuge quanto os descendentes são herdeiros necessários pelo sistema legal brasileiro. (TARTUCE, 2017, p. 28)
	LEI APLICÁVEL À SUCESSÃO
Lei Material — aquela que vigorar no momento da morte. Mesmo que surja lei nova logo após a morte, será utilizada lei retroativa ao momento da morte.
“Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.”
O SENHOR JOSÉ FALECEU EM DEZEMBRO DE 2001, PORTANTO, ANTES DA VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL. DEVIDO A DIVERSOS CONTRATEMPOS, SEU INVENTÁRIO SÓ PÔDE SER ABERTO EM MAIO DE 2012, JÁ COM A VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL. NA SUA OPINIÃO, APLICA-SE A LEI RETROATIVA AO MOMENTO DA MORTE OU SERÁ UTILIZADA A LEI VIGENTE NO MOMENTO EM QUE O INVENTÁRIO ESTIVER NO CURSO ¿
	RESPOSTA: Se alguém morreu antes da vigência do Código Civil atual aplica-se a regra do diploma legal de 1916, conforme artigo 2.014 do Código Civil.
	
	“Art. 2.041. As disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto na lei anterior.” (Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916).
	Não se esqueça de que a lei processual a ser utilizada será a vigente no momento em que o inventário estiver em curso, não ficando vinculada ao momento da abertura da sucessão.
As espécies de sucessões e de sucessores. A indivisibilidade da herança. A responsabilidade dos herdeiros. Os efeitos da administração provisória da herança:
DAS ESPÉCIES DE SUCESSÃO:
	QUANTO A FORMA:
Art. 1.786 CC. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.
	SUCESSÃO LEGÍTIMA – É aquela que se opera por força de lei quando o autor da herança podia dispor, em testamento, de forma parcial ou total e não o fez. A sucessão legítima é subsidiária, supletiva, em relação à sucessão testamentária, que é a vontade primária do legislador.
	SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA – É aquela que se opera segundo a vontade do autor da herança manifestada em testamento, de forma total ou parcial, com eficácia “mortis causa”. O testamento não produz efeito enquanto a pessoa não está viva (no meu ponto de vista, este trecho do material Estácio está incorreto – Ruan)
	
Observação: Havendo herdeiros necessários (ascendente, descendente, cônjuge) só pode dispor de até 50% do seu patrimônio.
“Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.”
QUANTOS AOS EFEITOS:
	SUCESSÃO A TÍTULO UNIVERSAL – quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, percentual ou quota parte. Pode se dar tanto na sucessão legítima&, quanto na sucessão testamentária. O sucessor sub-roga-se no lugar do falecido, como titular de todos os direitos deixados pelo morto e assumindo a responsabilidade sobre o passivo, dentro dos limites da herança. Ex: Maria herda1/3 da herança deixada por José.
	SUCESSÃO A TÍTULO SINGULAR – sempre decorre de uma sucessão testamentária. Aquele que sucede a título singular* será o legatário. É aquele que é contemplada com um ou mais bens individualizados, destacados dentro do acervo hereditário. Ex: José deixa em testamento a casa de Cabo Frio, situada na rua X, nº 10, para Antônio.
	Sucessão legítima: é aquela que se opera por força de lei.
	Sucessão a título singular: recai sobre um ou mais bens individualizados.
	Sucessão legatário: contemplado em testamento com bem específico.
	ESPÉCIE DE SUCESSORES:
	SUCESSORES LEGATÁRIO: O legatário é um herdeiro a título singular, o qual é contemplado em testamento com um ou com alguns bens específicos.
SUCESSORES HERDEIROS – HERDEIROS LEGÍTIMOS: São os estipulados por lei. O artigo 1.829, do Código Civil, confere uma ordem de vocação hereditária, ou seja, a ordem em que os herdeiros serão chamados a participar da herança do morto.
Cada inciso do artigo representa uma classe de herdeiros e só é possível aplicar o inciso seguinte se o anterior não puder ser aplicado. É uma forma de ver quem tem preferência na herança.
Art. 1.829/CC. A sucessão legítima difere-se na ordem seguinte:
I – aos descendentes em concorrência com o cônjuge;
II – aos ascendentes em concorrência com o cônjuge;
III – ao cônjuge;
IV – aos colaterais.
Observação: Herdeiros Necessários — São herdeiros legítimos, mas que não poderão ser afastados por testamento, conforme Art. 1.845 e 1.846, ambos do Código Civil. Não podem ficar privados de pelo menos 50% da herança: os ascendentes, os descendentes e o cônjuge.
	SUCESSORES HERDEIROS- HERDEIROS INSTITUÍDOS: Nomeados pelo autor da herança em testamento, conferindo-lhe quinhão hereditário, não um bem específico.
Observação: O mesmo sujeito pode figurar nas diversas classificações de sucessores, recaindo o seu direito, sobre blocos patrimoniais distintos. Nada impede que um herdeiro receba por sucessão legítima e por sucessão testamentária.
	Herança
É a universalidade patrimonial da pessoa. É o conjunto de bens, direitos e deveres. A herança, ainda que seja composta de bens móveis, é considerada bem imóvel.
A natureza jurídica da herança é universalidade de direito, por ser considerada bem imóvel para os efeitos legais, na forma do art. 80, II do Código Civil. Não é suscetível de divisões em partes, antes que seja feita a partilha dos bens no inventário.
Indivisibilidade da herança
A herança é um bem indivisível antes da partilha. Nos termos do art. 1.791, do Código Civil, a herança defere-se como um todo unitário, in totum, ainda que vários sejam os herdeiros.
O direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Forma-se, então, um condomínio eventual pro indiviso em relação aos bens que integram a herança, até o momento da partilha. Isso justifica, por exemplo, a impossibilidade, como regra, da usucapião de bens entre herdeiros, como antes foi esposado. (TARTUCE, 2017, p. 44)
Os herdeiros passam a ser condôminos sobre a totalidades dos bens deixados pelo extinto. A herança, até que seja feita a partilha dos bens, é de copropriedade de todos os herdeiros e como tal, um não pode impedir o exercício de direito de propriedade do outro.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
	A responsabilidade dos herdeiros até as forças da herança
De acordo com o artigo 1.792 do Código Civil:
	- A herança, antes de tudo, deve servir para quitar as dívidas deixadas pelo de cujus. Antes de ficar definido o quanto caberá a cada herdeiro, os débitos devem ser pagos aos credores do morto.
	O herdeiro não responde com seu patrimônio pessoal pelas dívidas do falecido, mas para isso, deverá ajuizar o inventário e desta forma, individualizar o patrimônio do morto, separadamente do seu, para não correr o risco de que seu patrimônio seja utilizado para quitar os débitos do extinto.
O inventário deve ser instaurado, obrigatoriamente, em todos os casos em que o morto tenha deixado bens. Sendo, ainda, permitido, que o herdeiro ajuíze em inventário negativo,com o objetivo de provar que o morto não deixou bens.
O prazo para o ajuizamento do inventário está previsto no artigo 1.796 do Código Civil. Porém, o Código de Processo Civil de 2015, no artigo 611, traz um prazo de 2 meses e pelo princípio da especialidade deverá ser esse o prazo adotado. Assim, o ajuizamento do inventário deverá ser feito em até 2 meses contados, a partir da abertura da sucessão.
INVENTÁRIO:
“É comum haver atraso na abertura do inventário. Diversas as razões, como o trauma decorrente da perda de um ente familiar, dificuldades financeiras, problemas na contratação de advogado ou necessidade de diligências para localização dos bens e sua documentação. A inércia do responsável poderá ensejar a atuação de outro interessado na herança, que tenha legitimidade concorrente (art. 988 do CPC [art. 616 do CPC/2015]), ou providência ex officio (art. 989 do CPC [sem correspondente no CPC/2015]). Requerimento fora do prazo não implica indeferimento de abertura do inventário pelo juiz, mesmo porque se trata de procedimento obrigatório, não sujeito a prazo fatal. Mas o atraso na abertura do processo de inventário, quando superior a 60 (sessenta) dias, acarretará acréscimo dos encargos fiscais, pela incidência de multa de 10% sobre o importe a recolher, além dos juros de mora. Se o atraso for superior a 180 (cento e oitenta) dias a multa será de 20% (previsão da lei paulista 9.591/1966, art. 27, repisada pela Lei 10.705/2000, artigo 21, inciso I)”. (OLIVEIRA, Euclides de; AMORIM, Sebastião. Inventário..., 2009, p. 328-329)
	ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA DA HERANÇA:
		1.797 cc; Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: FAZER LEITURA DOS INCISOS DO ARTIGO SUPRA.
		A administração do inventário será exercida pelo inventariante, conforme veremos mais adiante. Mas, até que seja assinado o termo de inventariança a herança será administrada por um administrador provisório ou ad hoc, seguindo a ordem sugerida no artigo 1.797 CC.
		O legatário não tem direito a posse à administração do legado até que lhe seja transmitida pelo herdeiro, conforme art. 1.923, parágrafo 1º CC.
Observação:
Espólio é a herança ajuizada ou inventariada;
O espólio é administrado pelo inventariante;
O inventariante só é considerado como tal após assinatura de Termo de Compromisso de Inventariante em juízo. Só a partir deste momento é que será investido como inventariante;
A inventariança é um encargo.
Cessão de direitos hereditários e seus efeitos jurídicos
É um negócio jurídico translativo por atos inter vivos, que somente poderá ser realizado após a abertura da sucessão, pois o artigo 426 do Código Civil, não se pode negociar sobre a herança de pessoa viva. Porém, após a abertura da sucessão pode ser feita a cessão, desde que não exista cláusula de inalienabilidade imposta em testamento pelo falecido.
	Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita.
§ 2º É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.
Art. 1.794. O coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária à pessoa estranha à sucessão, se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto.
Art. 1.795. O coerdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os coerdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
	- Como falamos anteriormente, a sucessão aberta é considerada um bem imóvel, portanto para que a cessão de direitos hereditários seja válida deverá ser feita mediante escritura pública, com a vênia conjugal (outorga uxória), para que seja considerada válida. 
	- Importante ressaltar que o herdeiro fará a cessão de quota parte, não de um bem específico, em conformidade com o parágrafo segundo do artigo citado. Se o herdeiro fizer uma especificação de um bem, no instrumento de cessão, isto não obriga os demais coerdeiros a aceitar que o bem discriminado recaia sobre o quinhão cedente.
	- O herdeiro que, ainda, não declarou que aceita a herança cede o direito à sucessão aberta e desta forma estará aceitando tacitamente, a herança. O herdeiro que já aceitou cede o direito ao quinhão de que dispõe.
	- A herança, como um todo unitário, deve ser considerada em condomínio dos coerdeiros e assim, para que possa ser feita a cessão deverá ser respeitado o direito de preferência. Caso não tenha sido respeitado o direito de preferência, o coerdeiro, poderá adjudicar a propriedade da parte cedida, depositando o valor pago por terceiros.
	ATIVIDADES:
João morre em dezembro de 2015 deixando dois filhos, Camila e Roberto. Camila e Roberto, no entanto, em virtude do grande sofrimento vivenciado pela morte de João, acabam por não tomar as medidas necessárias ao processamento de inventário de João. Diante da situação apresentada, pergunta-se: é possível afirmar que Camila e Roberto são proprietários dos bens deixados por João?
Resposta: Em virtude da incidência do art. 1.784 CC, a posse e propriedade dos bens deixados por João são transferidos aos seus herdeiros e eventuais legatários no momento da aberta da sucessão, que é o momento da morte. Desta forma, a propriedade fora transferida a Camila e Roberto na data da morte de João, por força do princípio do direito de “saisine”
	2- Ricardo morreu em 30/10/2012 deixando, como únicos herdeiros, seus três filhos, Marcelo, Gabriela e Renato. Ricardo possuía um único imóvel, que foi objeto de inventário por escritura pública, no valor de R$300.000,00 divididos em partes iguais por seus três filhos.
O imóvel foi vendido 6 meses depois da morte de Ricardo. Um ano depois do falecimento de seu pai, o filho mais velho, Marcelo é acionado em ação de cobrança de dívida deixada por seu falecido pai, no montante de R$250.000,00. Preocupado com a situação Marcelo lhe procura e pergunta se é obrigado a pagar a dívida toda deixada por seu pai. Explique sua resposta.
	Resposta: A abertura da sucessão ocorreu em 30/10/2012 com a morte de Ricardo. Marcelo não é obrigado a pagar toda a dívida uma vez que ninguém pode responder “ultra vires hereditatis”, ou seja, que ninguém pode responder por encargos superiores às forças da herança (art.1.792,CC). Assim, Marcelo só é obrigado a responder pelo equivalente a 100.000,00, montante da herança de seu pai, por ele recebido.
	Resumo do conteúdo
A sucessão mortis causa determina a transmissão de direitos aos herdeiros do morto a partir do momento da abertura da sucessão, o qual é definido pelo principio da saisine;
Os sucessores devem ajuizar o inventário em até 2 meses após a abertura da sucessão e desta maneira definem especificamente qual o patrimônio deixado pelo extinto e desta forma, não serão obrigados a utilizar patrimônio pessoal para saldar as dívidas do extinto;
O herdeiro pode ceder seus direitos hereditários desde que o faça mediante escritura pública, não especificando o bem, com autorização judicial e respeitando o direito de preferência dos demais coerdeiros.

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