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Aula 1 – Orientações Gerais Sobre a Disciplina e Retrospectiva Educativa

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Aula 1 – Orientações Gerais Sobre a Disciplina e Retrospectiva Educativa
A disciplina busca formar o professor das séries iniciais ultrapassando uma visão tecnicista através da reflexão sobre a prática e de uma postura investigativa sobre o cotidiano da sala de aula e das relações estabelecidas
Prática de Ensino e Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
A proposta principal da disciplina é formar o professor através de princípios éticos e da articulação dos aspectos teóricos e práticos dos saberes da docência, de modo que possibilite a construção de uma postura investigativa e crítica diante do conhecimento acumulado nesta área de conhecimento, assim também diante os saberes que são e serão produzidos no contexto observado e o de fato vivenciado na escola estagiada.
Para isso, o aluno estagiário deverá, na escola estagiada, observar o desenvolvimento das atividades de ensino e de aprendizagem na sala de aula, além da organização do espaço e da relação professor/aluno.
A disciplina busca fortalecer a compreensão do estagiário sobre as relações estabelecidas na escola e de como elas são produzidas em um contexto interdisciplinar mais amplo de relações econômicas, políticas, filosóficas da sociedade na qual está situada. Nesse sentido, a escola deve ser melhor conhecida e valorizada por todos que nela atuam ou desejam atuar.
Ao final, a disciplina busca conduzir o estagiário para a valorização do papel do professor como sujeito de transformação social. Para isso, os conteúdos que serão desenvolvidos/ensinados nesta disciplina estão organizados em quatro pontos:
Valorização do papel do professor
Uma retrospectiva educativa voltada para discutir as características da crise escolar e apontar caminhos para transformação.
Uma apresentação das diferentes concepções de conhecimento e suas consequências para as práticas pedagógicas.
O saber e o saber do professor quanto às competências e habilidades do aluno, a sala de aula e a avaliação escolar.
A valorização dos relatos de experiência produzidos no estágio, legislação sobre a formação do profissional da educação.
Os procedimentos de ensino privilegiados envolvem a elaboração de:Uma pesquisa sobre a escolha da carreira do magistério.
Entrevistas com professores sobre os temas da prática pedagógica.
Estudos de caso sobre  as situações vivenciadas.
Elaboração de portfólio para registrar as análises realizadas e de memorial para refletir sobre a sua própria história de vida e relatório descritivos sobre as atividades observadas no período do estágio.
As estratégias de avaliação continuada envolvem:
A aplicação de questionário junto aos professores estagiados.
A participação em minisseminários dos textos indicados para a leitura, assim como os vídeos.
A confecção do portfólio individual.
A realização de entrevistas com os professores da escola estagiada.
A elaboração de projetos de intervenção na sala de aula.
Além disso, um conjunto de atividades estruturadas serão  realizadas por aula como forma de  possibilitar o estudo individual dos conteúdos abordados em cada uma delas.
Conforme  o plano de ensino apresentado, a proposta do estágio conduz para uma reflexão sobre as mudanças na educação nas últimas décadas, ouseja, a transição entre o final do século XX e o XXI. Uma retrospectiva deseja favorecer uma melhor compreensão para o  aluno/estagiário sobre a escola estagiada.
O ponto de partida deve ser a trajetória da educação ao longo do século XX. Neste, a prática educativa foi diretamente relacionada com a forma escolar, ou melhor, com a instituição escola.
Com isso, ela pode ser considerada o ponto de referência para toda ação  formativa da sociedade
No século XX (1901-2000), a escola e a educação foram marcadas por três significativas características ou fatores dentre outros. São eles:
Hegemonia
Naturalização
Mutações do sentido social
A hegemonia da escola em sua forma ou, conforme conhecemos atualmente,  consolidou a separação aprendizagem-ação ou pensamento-trabalho.
Contrariando o passado, tal organização acabou por separar o saber da experiência de vida dos alunos.
Enfim, consolidou a separação com a realidade social. É como se ela ficasse fechada sobre si mesma (CANÁRIO,2006), menosprezando tudo o que não fosse por ela produzido:recebeu os alunos com a ideia de que eram (e são!) tábulas rasas (século XVI/XVII – Concepção Empirista de aquisição de conhecimento).
Essa forma de atuação da escola manifestou três consequências.
A primeira foi a possibilidade de monopólio da ação educacional;
A segunda desvalorizou os saberes da vida fora da escola;
E a terceira empobreceu o pensamento educativo, dificultando a crítica e a transformação dos obstáculos.
Uma característica significativa da escola no século XX foi a naturalização.
O que seria isso?
A divisão do tempo e dos espaços na organização escolar considerada natural.
A  compartimentalização (divisão) dos agrupamentos e do próprio trabalho do professor vem predominando ao longo das décadas, juntamente a uma visão cumulativa do conhecimento na qual o currículo seria um conjunto de informações transmitidas de modo repetido e sequenciado.
Uma relação pedagógica autoritária foi sendo delineada. De modo similar à produção industrial, essa relação caracterizou-se por uma uniformidade e estabilidade aparente.
Como consequência para o aluno, restou a desconsideração da experiência de vida e a crença de que o saber é algo concebido de fora para dentro.
A naturalização está no modo como toda essa organização acabou sendo encarada pelo grupo social e pelos educadores que foram desarticulados quanto ao modo como encaram a profissão. 
Por isso, o modelo escolar permanece apesar das reformas educacionais dos diversos países.
O último fator da crise da escola e também de possibilidade de mudança foram as mutações por ela sofridas. Parece que o século conheceu três escolas: de um contexto de certezas para o de promessas e atualmente de incertezas (CANÁRIO, 2006).
Logo, a Escola das Certezas funcionava como uma fábrica de produção de cidadãos, fornecendo as bases para a sociedade do trabalho. Alicerce do Estado, a escola permitia a alguns a ascensão social.
Após 1945, a escola elitista passou a ser uma escola de massas ou uma Escola de Promessas. O período foi marcado pela expansão dos sistemas escolares numa visão otimista do desenvolvimento, da mobilidade social e da igualdade. Nas promessas, reside o fracasso, da euforia ao desencanto principalmente após os anos 70. A escola passa a ser vista como uma instituição cujo o papel seria o de reproduzir desigualdades sociais. Ao mesmo tempo, em uma escola foi sendo democratizada mais comprometida com a produção de desejos. Parece que de justa passou à injusta, marcando a passagem para a era das incertezas.
A Escola das Incertezas surge no contexto dos efeitos da combinação entre qualificação, desemprego, desvalorização de diplomas.
Ao final do século XX, ficam as questões:
Como conciliar a subordinação instrumental à racionalidade econômica?
Como apostar na emancipação e na transformação social da ação educativa?
Torna-se necessário, então, construir uma nova educação:
Que aja no sentido de superar a forma escolar;
Aja no sentido de reinventar a organização escolar;
E aja no sentido de construir nova legitimidade.
Primeiramente, a educação não ocorre somente na escola...
...os sistemas escolares precisam considerar os fatos da vida dos alunos, as práticas desenvolvidas nas instituições não escolares e dos espaços sociais disponíveis. Eles podem proporcionar inúmeras situações educativas.
A reinvenção da escola (CANÁRIO, 2006), conforme proposta pelos educadores do século XXI, passa pela ação estratégica orientada por pontos críticos. A reinvenção deve considerar:
A necessidade de ruptura com a ideia de que a inovação depende de recursos;
A associação da produção de mudanças à ruptura com aquilo que tem sido as invariantes organizacionais da escola que sejam novas formas de  gerenciar o espaço,o tempo, de articular os saberes, de atuação docente; de oportunizar uma aprendizagem significativa através de uma pedagogia ativa;
Praticar uma ação educativa globalizada, ou seja, entendendo o território educativo como algo mais amplo (conceito de educação permanente).
A superação da crise da escola passa por uma recriação do seu sentido. Um sentido voltado para o trabalho e para a vida.
Daí, três orientações para esse novo sentido do trabalho escolar parecem fundamentais:
O estímulo ao gosto pelo ato intelectual de aprender;
Aprender pelo trabalho e exercer o direito à palavra;
Formação de um ser pensante, crítico e atuante.

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