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Cédulas de crédito
Além das espécies de títulos de crédito vistas na unidade 6 no livro da disciplina, também temos outras previstas no direito brasileiro, dentre as quais as cédulas de crédito.
As cédulas de crédito são utilizadas para representar operações de financiamento concedidas por instituições financeiras a pessoas físicas ou jurídicas.
No direito brasileiro, existem as cédulas de crédito rural, industrial, à exportação, comercial e imobiliário, além das bancárias, que serão vistas no vídeo da estrutura didática.
Cada uma delas possui uma legislação própria que estabelece suas regras, quais sejam:
a) cédula de crédito rural: Decreto-lei nº 167/67;
b) cédula de crédito industrial: Decreto-lei nº 413/69;
c) cédula de crédito à exportação: Lei nº 6.313/75;
d) cédula de crédito comercial: Lei nº 6.840/90;
e) cédula de crédito imobiliário: Lei nº 10.931/2004.
No dia a dia empresarial, os financiamentos concedidos por meio da emissão dessas cédulas se destinam a quem se dedique a determinadas áreas econômicas, como atividades rurais, industriais, comerciais, imobiliárias e de exportação e/ou importação, pois geralmente, têm condições mais favoráveis que os empréstimos em geral.
Isso porque tais financiamentos são estimulados pelo governo a fim de desenvolver a economia como um todo e, por isso, a quantia emprestada não pode ser utilizada para outros fins senão os descritos no título.
Assim, caso José, produtor rural, consiga um financiamento junto a uma instituição financeira com a finalidade de adquirir novos equipamentos para aumentar sua produção, somente poderá empregar o numerário nesta aquisição. Ou seja, o financiamento obtido deve ser utilizado na atividade produtiva determinada. Assim, por estarem vinculadas a uma causa determinada para emissão, as cédulas de crédito são consideradas títulos causais.
Requisitos
Apesar de serem títulos de crédito, por expressa determinação da lei, as cédulas de crédito se apresentam com estrutura de contratos, pois trazem várias cláusulas. Ou seja, aparentemente se parecem muito mais com um contrato do que com um título de crédito. Inclusive, podem ser aditadas, ratificadas ou retificados por outro instrumento, que passa a também fazer parte da cédula. É importante que você saiba que isso não é possível nos títulos de crédito.
As cédulas de crédito são emitidas por escrito, em quantas vias for necessário. Contudo, apenas a via original pode ser negociada, já que nas demais a instituição financeira inclui a expressão “não negociável”.
São títulos de modelo livre, devendo apenas conter os requisitos mínimos a seguir.
a) Denominação: assim como todos os títulos de crédito, as cédulas de crédito também têm que ter em seu texto ou título a sua denominação com a finalidade de facilitar sua identificação. Dessa forma, qualquer pessoa que tenha contato com o documento saberá diferenciá-lo dos demais.
b) Promessa de adimplemento: o devedor promete pagar a quantia por ele recebida na forma e no prazo estipulado no título.
c) Forma de pagamento: deve estar expressa de forma clara no documento.
d) Indicação do credor, ou seja, da instituição financeira beneficiária.
e) Valor do crédito: corresponde à quantia que foi emprestada para o devedor.
f) Finalidade do financiamento: como se trata de um título causal, o motivo da concessão do financiamento deve vir expresso no documento. Além disso, como dito anteriormente, o devedor tem a obrigação de utilizar o numerário na finalidade que consta no título, devendo, inclusive, comprovar este fato na forma e no prazo estipulados pela instituição financeira. Na prática, pode ser feito um orçamento dos bens em que o valor será empregado, o qual será anexado na cédula de crédito.
g) Definição da garantia real: diz-se que a garantia é real quando recai sobre bens, portanto, deve-se definir expressamente sobre qual bem ou bens recai a garantia. A vantagem no oferecimento de uma garantia reside no fato de que normalmente as taxas de juros são mais baixas, tendo em vista que a instituição financeira já tem conhecimento de um bem ou bens do devedor que podem servir para pagamento em caso de inadimplemento.
h) Encargos financeiros: devem estar previstos no título, sendo necessário detalhar, ainda, a forma de incidência. Pode haver a capitalização de juros (cobrança de juros sobre juros), desde que as partes tenham acordado.
i) Praça de pagamento: indicação do lugar (cidade) em que o título deve ser pago.
j) Cláusula “à ordem”: consiste na cláusula que permite a transferência, por endosso, da cédula de crédito para qualquer pessoa pela instituição financeira credora.
k) Data e lugar de emissão.
l) Assinatura do devedor: pode ser dada pelo representante legal que detenha procuração com poderes para tanto.
m) Registro: a cédula de crédito deve ser inscrita em livro apropriado para ter validade perante outras pessoas, além da instituição financeira que concede o financiamento e a pessoa que se beneficia do valor (devedor).
Transferência
As cédulas de crédito podem ser transferidas como os títulos de crédito, ou seja, por endosso, que deve ser lançado na via que fica com a instituição financeira, que é a única que pode ser negociada.
Vencimento
Geralmente, o vencimento do financiamento é a prazo, dividido em várias parcelas. É previsto no título que a inadimplência de qualquer parcela gera o vencimento antecipado de toda a dívida resultante do título, independentemente de aviso dirigido ao devedor.
Exemplificando, imagine que a indústria Taurus obteve um financiamento com o Banco Gália e, em representação a esta dívida, assinou uma cédula de crédito industrial. O financiamento deveria ser pago em 40 parcelas vencidas mês a mês. A partir da 20ª, a devedora deixou de pagar as prestações, ficando inadimplente. Neste caso, o Banco Gália pode considerar vencida toda a dívida e, se quiser, promover uma ação de execução para cobrar todo o valor devido e não apenas as parcelas que estariam em atraso.
Ademais, a inadimplência em relação a um financiamento autoriza a instituição financeira credora a considerar vencidos antecipadamente todos os financiamentos existentes entre as mesmas partes.
Protesto
Assim como as outras espécies de títulos de crédito, as cédulas de crédito podem ser protestadas por falta ou recusa de pagamento. Contudo, existe uma diferença em relação aos outros títulos de crédito. Como vimos na unidade 5, o protesto de um título é facultativo para que o credor cobre seu valor do devedor principal e seu(s) avalista(s). Porém, torna-se necessário (obrigatório) em relação aos outros devedores (coobrigados), endossantes e seu(s) avalista(s).
Já nas cédulas de crédito, o protesto é sempre facultativo. Ou seja, mesmo para cobrar dos outros devedores, endossantes e seu(s) avalista(s), o credor não precisa protestar o título.
Para facilitar o entendimento, vejamos o seguinte exemplo: imagine que a indústria Taurus é devedora de uma cédula de crédito industrial que foi emitida em benefício do Banco Gália. Posteriormente, este banco endossou este mesmo título para a Cooperativa de Crédito Santana. Se a cédula não for paga na data de vencimento, a atual credora, no caso a Cooperativa Santana, poderá promover ação de execução em face do devedor principal, que é a indústria Taurus, e também em face do Banco Gália, como endossante do título. Nesta hipótese, para cobrar deste último, não tem a obrigação de protestar o título, como seria necessário se fosse outro título de crédito que não a cédula.
Prescrição
Como as legislações que regulam as cédulas de crédito não especificam o prazo de prescrição, deve ser aplicada a regra geral prevista no Código Civil (artigo 206, parágrafo 3º, inciso VIII), pelo qual esses títulos prescrevem em três anos a contar do vencimento.
Garantias das cédulas de crédito
Você aprendeu que o devedor pode dar garantia em uma cédula de crédito. Você sabe identificar quais são essas garantias e as principais diferenças entre elas?
As garantias dadas em uma cédula de créditopodem recair sobre bem móvel ou imóvel.
- Pignoratícia: tem por objeto o penhor, que é uma espécie de garantia que recai sobre um bem móvel, como por exemplo, joias.
- Hipotecária: quando a garantia é hipoteca constituída sobre imóvel.
- Fiduciária: quando a garantia é alienação fiduciária, que consiste na transferência de bens do devedor para o credor.
Apresentação antecipada de cheque
Renan realiza a compra de um equipamento eletrônico em uma loja de nome Eureka Dispositivos Eletrônicos Ltda., no valor de R$8.000,00, no dia 03/02/2015, para pagamento em duas parcelas de igual valor: uma à vista, no ato da compra, e outra em 30 dias. Para representar essa dívida, Renan emite um cheque pós-datado do Banco Mundial, nele lançando, no canto inferior direito, a expressão “Bom para 03/03/2015”. Contudo, a loja, no dia 20/02/2015, apresentou o cheque para pagamento mediante depósito em sua conta corrente. O cheque foi devolvido pelo Banco Mundial por insuficiência de fundos, pois não havia saldo suficiente para sua quitação.
Qual providência Renan pode tomar? Contra quem?
EXPLORANDO A TEMÁTICA
Cheque pré-datado
O cheque pós-datado, popularmente chamado de cheque pré-datado, é aquele em que o devedor combina com o credor pagá-lo em uma data futura, predeterminada. E como ele pode ser efetivado?
Há alguns modos de se fazer a pós-datação de um cheque, sendo que as mais utilizadas são descritas a seguir.
a) A utilização de um pequeno papel a parte, o famoso “chorãozinho”, que é grampeado junto ao cheque. O grande problema desta maneira de pós-datar reside no fato de que se o credor do título estiver de má-fé e quiser apresentar o cheque antes da data combinada, poderá simplesmente retirar o papel onde consta a data futura e apresentá-lo perante a instituição financeira. Posteriormente, será muito difícil ao emitente conseguir comprovar que o referido cheque era pós-datado para fins de requerer o pagamento de indenização por danos morais.
b) A inscrição da data futura no próprio cheque, em seu canto inferior direito, logo abaixo do local reservado para assinatura do emitente, com a famosa expressão “Bom para”. Este é o meio mais seguro de se pós-datar o cheque, pois ocorrendo sua apresentação antecipada, será fácil para o correntista comprovar que foi emitido para pagamento em data futura.
c) Inserir a data futura combinada entre as partes no espaço destinado ao lançamento da data real de emissão. Neste caso, esta prática não é ideal, pois não condiz com a realidade. Inclusive, como visto na unidade 6, havendo a apresentação de mais de um cheque sem provisão de fundos para pagar todos eles, será pago aquele com data de emissão anterior. Logo, se o cheque foi de fato emitido em um dia mas nele estiver indicada como data de emissão uma data futura, este título poderá deixar de ser pago se junto com ele for apresentado um outro que foi emitido posteriormente, mas antes da data futura fixada no primeiro.
Duplicata & duplicata virtual
Silvia Nöthen de Azevedo
Tabeliã substituta do 1º Tabelionato de Protesto de Títulos de Porto Alegre
A duplicata é um título de criação brasileira. Não há referências ou antecedentes históricos da duplicata em outras legislações. Diz-se que é original, porque se desconhece qualquer instituto que lhe tenha servido de modelo. Rubens Requião, ao se referir à duplicata, diz: “construção original e autêntica do direito brasileiro”. Tem seu alicerce no contrato de compra e venda mercantil ou na prestação de serviços. Trata-se de título de crédito causal, que se transmite por endosso, garante-se por aval e cobra-se por ação cambial.
A duplicata escritural ou virtual é aquela que não existe fisicamente. Somente os dados a ela referentes são utilizados para a cobrança, efetivada pela rede bancária, por avisos de cobrança ou boletos bancários. Essa duplicata virtual só será emitida em caso de inadimplemento, para cobrança judicial. “As duplicatas poderão ser apresentadas em meio magnético, situação em que o apresentante permanecerá responsável pela veracidade dos dados gravados (Lei nº 9.492/97, artigo 8º, parágrafo único)”.
Uma duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura, nem pode ser emitido outro título de crédito para documentá-la. A Lei de Duplicatas (Lei nº 5.474/68) não previu as chamadas duplicatas virtuais, porque, naquela época, os sistemas informatizados ainda não estavam desenvolvidos. No entendimento da ministra Nancy Andrighi, contudo, as duplicatas virtuais encontram previsão legal no art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.492/97, e no art. 889, § 3º do CC-2002. Conforme decisão do STJ, as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução. Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual, devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços, suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em princípio, títulos executivos extrajudiciais.
Atualmente, pouco a pouco, desaparece a duplicata materializada em papel, substituindo-a, assim, a duplicata virtual. É possível ainda que o devedor endosse ou avalize a duplicata virtual. O surgimento da informática e da internet, que pode ser considerado uma revolução, atingiu o cotidiano do ser humano de forma incontestável. Nos títulos de crédito, não podia ser diferente.

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