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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIAS ESCOLA DE GESTÃO E NEGÓCIOS – CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DISCIPLINA: CSA 1203 - CONTABILIDADE GOVERNAMENTAL I PROF. MARCOS VINICIUS FANCELLI LIVERO ESTUDOS SOBRE ORÇAMENTO PÚBLICO NACIONAL ENTENDENDO O ORÇAMENTO PÚBLICO 1 . INTRODUÇÃO O Estado deve buscar mecanismos para atender às diversas demandas da sociedade. Ações nas áreas de saúde, educação, segurança, habitação, saneamento, justiça e infraestrutura são exemplos de que as demandas em nosso país são crescentes e os recursos limitados. Portanto, a compreensão do processo orçamentário, bem como dos aspectos que são considerados na locação de recursos, deve ser de domínio da sociedade, sobretudo por meio da transparência na utilização desses e do controle social, que é, na realidade, a fiscalização exercida pela própria população. 2 . O QUE É O ORÇAMENTO PÚBLICO? O orçamento público é uma lei de iniciativa exclusiva do chefe do poder executivo, que estima as receitas e fixa as despesas, com o objetivo de atender as necessidades da população, procurando reduzir as desigualdades sociais e priorizando recursos em setores fundamentais, como saúde, educação e infraestrutura. 3 . FUNÇÕES DO ORÇAMENTO Os governos precisam seguir princípios e desenvolver funções que regem o orçamento público. As funções do orçamento público se expressam da seguinte forma: • Planejamento, direcionando os recursos totais da economia em setores prioritários, por meio da função alocativa; • Combatendo os desequilíbrios e as desigualdades sociais e desenvolvendo regiões e classes menos favorecidas, por meio da função distributiva; • Buscando o equilíbrio e a estabilidade de preços para que a economia possa crescer e com a inflação controlada, cumprindo assim a função estabilizadora. 4 . PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS São regras que direcionam a prática orçamentária. Ou seja, um conjunto de orientações que devem ser observadas durante cada etapa da elaboração dos orçamentos. ANUALIDADE - O orçamento deve obedecer um período limitado, ou seja, um exercício financeiro que coincide no Brasil como o ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro); LEGALIDADE - A elaboração do orçamento deve obedecer às limitações legais quanto aos gastos previstos (despesas) e quanto ao que se vai arrecadar (receitas); UNIFORMIDADE - Este princípio estabelece que os métodos e os dados devem ser homogêneos no decorrer dos anos, mostrando semelhança na metodologia de elaboração do orçamento, o que permite comparações ao longo do tempo; CLAREZA - Como o próprio nome diz, por este principio o orçamento deve ser claro e de fácil compreensão a qualquer cidadão; NÃO AFETAÇÃO (NÃO VINCULAÇÃO) DAS RECEITAS - É proibido a vinculação de receita de impostos a orgão, fundo ou despesa; UNIVERSALIDADE - Todas as receitas e todas as despesas devem constar da lei orçamentária; EQUILÍBRIO - Os valores autorizados para realização das despesas em determinado ano devem ser compatíveis com a arrecadação das receitas; PUBLICIDADE - A garantia de que os contribuintes possam ter acesso a qualquer informação para o pleno exercício da fiscalização sobre a utilização dos recursos arrecadados e aplicados; ORÇAMENTO BRUTO - Consiste em determinar que todas as receitas e despesas devem constar na lei orçamentária com seus valores brutos proibido as deduções; EXCLUSIVIDADE - Nenhuma matéria estranha à fixação das despesas e à previsão das receitas poderá constar da lei orçamentária; UNIDADE ORÇAMENTÁRIA - o orçamento, com todas as suas receitas e despesas, deve constar de uma única lei orçamentária, ou seja, o orçamento é uno. 5 . RECEITA E DESPESA PÚBLICA 5.1 . Receita pública A receita pública pode ser definida como qualquer recurso obtido durante um dado período financeiro, no qual o ente público planeja e executa as despesas públicas que estão a seu cargo, com a finalidade de oferecer bens e serviços à sociedade. Podem ser agregadas em vários grupos, tais como: Receita Originária: Receita arrecadada sem vinculação específica, inclusive transferências aos Estados, Distrito Federal e Municípios, à disposição do Tesouro para a execução do orçamento, conforme alocação das despesas. Por exemplo: receitas de privatizações. Receita Derivada: Procedem do setor privado da economia, isto é, de famílias, empresas e do resto do mundo; são devidas por pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado, que desenvolvam atividades econômicas, e correspondem aos tributos. De um lado, como sujeito ativo da relação jurídica estará o fisco; de outro, como sujeito passivo, o contribuinte (pessoa física ou jurídica, pertencente ao setor privado). Receita Corrente: São os casos, por exemplo, das receitas dos impostos que, por se extinguirem no decurso da execução orçamentária, têm, por isso, de ser elaboradas todos os anos. Compreendem as receitas tributárias, patrimoniais, industriais e outras de natureza semelhante. Receita de Capital: Receitas que alteram o patrimônio do estado, como, por exemplo, aquelas provenientes de um empréstimo contraído pelo estado a longo prazo. Compreendem, assim, a constituição de dívidas, a conversão em espécie de bens e direitos, reservas, bem como as transferências de capital. 5.2 . Despesas públicas O poder público deve utilizar os recursos respeitando os compromissos já previstos na Constituição ou em Lei específica. Aquelas despesas que não constam desses compromissos são priorizadas para que possam atender as demandas da sociedade, uma vez que o orçamento deve cobrir todos os gastos de órgãos e de entidades da Administração Pública, que devem fornecer bens e serviços em quantidade e qualidade à população. Sendo assim, existem dois tipos de despesas no orçamento público: as obrigatórias e as discricionárias. • Despesas obrigatórias: São as despesas previstas em lei, representando um gasto obrigatório. Exemplo: pagamento de salários dos servidores públicos. • Despesas discricionárias: São as despesas que o governo pode decidir livremente onde aplicar os recursos. Exemplo: duplicação de uma rodovia. 6 . TRANSPARÊNCIA GOVERNAMENTAL E CONTROLE SOCIAL Em qualquer esfera governamental o orçamento é público e todos nós temos o direito e o dever de saber para onde vai o dinheiro que se arrecada. O controle social no orçamento público ocorre quando os cidadãos se organizam para conhecer o conteúdo do orçamento e participar da sua elaboração. FUNDAMENTOS LEGAIS 1. FUNDAMENTOS LEGAIS Os principais marcos legais sobre o Orçamento Público no Brasil são: - Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964; - Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967; - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; - Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000; - Reforma Gerencial Orçamentária. 1.1 Lei n º 4.320, de 17 de março de 1964 É a lei que estabelece normas gerais de direito financeiro para o controle e balanços dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Essa lei descreve a composição dos orçamentos: as classificações de receitas e despesas, o conteúdo e a forma da proposta orçamentária, o exercício financeiro, os créditos adicionais ao orçamento, a execução do orçamento, o controle da execução orçamentária, o controle e contabilidade do orçamento. 1.2Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 dispôs sobre a estrutura organizacional da administração pública federal e promoveu a separação do aparelho administrativo do Estado em duas categorias: administração pública direta e indireta. O Planejamento e o Orçamento-Programa receberam atenção especial no Decreto-Lei 200/67, conforme disposto nos artigos 7º e 15º, respectivamente: CAPÍTULO I DO PLANEJAMENTO Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas elaborados, na forma do Título III, e compreenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos: a) plano geral de governo; b) programas gerais, setoriais e regionais de duração plurianual; c) orçamento-programa anual; d) programação financeira de desembolso. TÍTULO III DO PLANEJAMENTO, DO ORÇAMENTO-PROGRAMA E DA PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA Art. 15. A ação administrativa do Poder Executivo obedecerá a programas gerais, setoriais e regionais de duração plurianual elaborados através dos órgãos de planejamento. 2.3 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 A sessão II da Constituição Federal de 1988 traz o tema Dos Orçamentos que em seus artigos 165 a 169 discorrem as normas gerais do orçamento público brasileiro. 1.3 Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, é um código de conduta para os administradores públicos de todo o País. Ela é válida para os três Poderes, nas esferas de governo, e tem por objetivo melhorar a administração das contas públicas no Brasil. A LRF - institui mecanismos que permitem a participação popular na gestão dos recursos públicos. O art. 48 cuida dos recursos públicos, do tema da transparência na gestão fiscal mediante a divulgação dos planos, orçamentos e Leis de Diretrizes Orçamentárias. Em complementação, o parágrafo único do citado artigo dispõe: "A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e a realização de audiências públicas, durante os processos de discussão dos planos, leis de diretrizes orçamentárias e orçamentos", conforme detalhamento na Lei Complementar nº 131/2009 constante na próxima tela. 1.3.1 Lei Complementar nº 131 de 27 de maio de 2009 Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009, acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 1.4 Reforma Gerencial Orçamentária A Reforma Gerencial resultante do Decreto nº 2.829/98, da Portaria 42/99 e da Portaria 51/98, favoreceu o aprimoramento do processo orçamentário brasileiro, tendo deslocado o enfoque até então incidente sobre o controle da despesa, para a obtenção de resultados. Além da adoção do planejamento estratégico, baseado na ideia de que os programas governamentais devem solucionar os problemas enfrentados pela sociedade, sugeriu-se um conjunto de medidas capazes de melhorar a utilização do Orçamento, especialmente: a) cobrança de resultados; b) responsabilização de gestores; c) fixação de metas para as ações; d) adoção de indicadores de desempenho para medir a eficácia dos programas. ENTENDENDO O PROCESSO ORÇAMENTÁRIO 1 . INTRODUÇÃO O Processo Orçamentário compreende as fases de planejamento, elaboração e execução e é orientado pelas seguintes leis: • Plano Plurianual - PPA; • Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO; • Lei Orçamentária Anual- LOA. Cada uma dessas leis tem suas próprias regras de elaboração, aprovação e implementação pelos Poderes Legislativo e Executivo. 2 . PLANO PLURIANUAL - PPA A cada novo governo o poder executivo elabora o seu planejamento. Esse planejamento governamental é materializado no Plano Plurianual, o PPA, e é onde o governo estabelece seus objetivos e metas para governar o país. A União, estados, municípios e o distrito federal também possuem seus próprios PPAs. A duração do PPA é de 4 anos. O Plano tem como premissa a continuação da execução de políticas públicas importantes, assim o novo governo executa o último ano do PPA do governo anterior garantindo a continuidade da ação governamental. Exemplo: o primeiro mandato do governo da presidenta Dilma Rousseff se iniciou no ano de 2011 e o PPA vigente dessa época era o PPA confeccionado no mandato do presidente Lula, PPA 2008-2011. A Presidenta lançou o PPA 2012-2015 e o seu mandato finaliza no ano 2014, assim o próximo presidente da república iniciará seu mandato no ano 2015 e executará o PPA da presidenta Dilma. No caso da esfera federal (União), o PPA deve ser encaminhado ao Congresso Nacional (Poder legislativo) até 31 de agosto do primeiro ano de mandato e devolvido para sanção do Presidente da República até o dia 22 de dezembro, data de encerramento da sessão legislativa. O PPA vigente, período de 2012 a 2015, é a Lei nº 12.593, de 18 de janeiro de 2012. 3 . LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - LDO Com base no planejamento governamental é lançada a Lei de Diretrizes Orçamentárias que é um instrumento legal que estabelece critérios para a elaboração dos orçamentos públicos. De acordo com o parágrafo 2º do artigo 165 da Constituição Federal de 1988: § 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. O Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias - PLDO, na esfera federal, deve ser encaminhado pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo até o dia 15 de abril, ou seja, até 8 meses e 15 dias antes do encerramento do exercício financeiro, isto é, 31 de dezembro, e devolvido para sanção presidencial até 17 de julho, data de encerramento do primeiro período da sessão legislativa, quando o PLDO se transforma em LDO. Na esfera federal, a LDO que orientou a elaboração da LOA de 2012 é a Lei nº 12.465, de 12 de agosto de 2011. 4 . LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA A LOA é elaborada conforme as diretrizes da LDO. A LOA é o documento elaborado pelo Poder Executivo e submetido ao Poder Legislativo, no qual são estimadas as receitas e fixadas as despesas para o ano seguinte. O Projeto da Lei Orçamentária Anual - PLOA deve ser encaminhado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto e devolvido para sanção presidencial até o encerramento da sessão legislativa, ou seja, até o dia 22 de dezembro. Após ser sancionado pelo Presidente da República e publicado no Diário Oficial da União, o PLOA se transforma na Lei Orçamentária Anual - LOA. A LOA do ano de 2012 da União é a Lei nº 12.595, de 19 de janeiro de 2012. 5 . PRAZOS E RESPONSÁVEIS PPA LDO LOA Prazo Responsável Prazo Responsável Prazo Responsável Elaboração 31/08 do primeiro ano do mandato Executivo 15/04 de todos os anos Executivo 31/08 de todos os anos Executivo Discussão/ Aprovação Até 22/12 Legislativo Até 17/07 Legislativo Até 22/12 Legislativo Execução Durante 3 anos do primeiro governo e 1 ano do governo seguinte Ministérios, Secretarias e outros órgãos do Executivo Durante a elaboraçãoda LOA e o ano seguinte Ministérios, Secretarias e outros órgãos do Executivo 01/01 a 31/12 do ano seguinte Ministérios, Secretarias e outros órgãos do Executivo Avaliação/ Controle Controle Interno, durante a execução. Controle Externo durante e após o fim da execução Ministérios, Secretarias e outros órgãos do Executivo Controle Interno, durante a execução. Controle Externo durante e após o fim da execução Ministérios, Secretarias e outros órgãos do Executivo Controle Interno, durante a execução. Controle Externo durante e após o fim da execução Ministérios, Secretarias e outros órgãos do Executivo 6 . ETAPAS DO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO O ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público, desde sua concepção até a apreciação final. A proposta orçamentária antecede o exercício financeiro, porém, o acompanhamento e execução e avaliação ultrapassa-o. O processo orçamentário é composto por várias etapas que se completam e se relacionam além de se repetirem continuamente. São momentos semelhantes tanto na União como nos Estados e nos Municípios, podendo ter diferenças somente nas datas-limite de cada uma das esferas governamentais. 1 - O processo orçamentário inicia-se com a elaboração do Projeto de Lei do Plano Plurianual (PPA) pelo Poder Executivo, que ocorre no primeiro ano de governo do chefe do Executivo devendo encaminhar o projeto de lei do PPA ao legislativo até o dia 31 de agosto. 2 - Os parlamentares discutem, apresentam emendas e votam o projeto de lei do PPA até o encerramento da sessão legislativa. No caso da União, esse prazo termina em 22 de dezembro. 3 - Tendo como base o PPA, o Executivo formula o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) em que são definidas as prioridades e metas de governo. Na União, o PLDO precisa ser encaminhado ao Legislativo até o dia 15 de abril. 4 - Os membros do Legislativo examinam e, se for o caso, modificam e votam o PLDO até o encerramento da primeira parte da sessão legislativa (17 de julho), no caso da União. 5 - Tomando como base o PPA e a LDO, o Poder Executivo formula o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). Esse passo que também se conhece como proposta orçamentária começa no início do ano e é concluído após a aprovação da LDO. O presidente tem até 31 de agosto para encaminhar o PLOA ao Congresso Nacional. 6 - Nesse passo, o Poder Legislativo examina, propõe emendas e vota o PLOA até o encerramento da sessão legislativa, que ocorre em 22 de dezembro. 7 - No prazo de 30 dias após a publicação da LOA, o Executivo estabelece o cronograma mensal de desembolso e a programação financeira, obedecendo determinações da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. 8 - Os órgãos e as entidades da Administração Pública executam seus orçamentos e ficam sujeitos à fiscalização e ao controle interno da Controladoria- Geral da União - CGU, assim como ao controle externo do Poder Legislativo por meio do Tribunal de Contas da União. O acompanhamento e Avaliação da execução orçamentária pelos é em geral realizado pelos órgãos de Controle Interno e Externo. Tais medidas são necessárias ao perfeito funcionamento do sistema orçamentário. A fiscalização é realizada nas dimensões contábil, financeira, patrimonial, orçamentária e operacional visando ao atendimento da legalidade, legitimidade e economicidade. PARTICIPAÇÃO POPULAR 1 . INTRODUÇÃO Nas democracias representativas, os orçamentos públicos são elaborados pelos Poderes Executivo e Legislativo. Isso ocorre em razão de que uma das principais funções do Legislativo é a representação popular junto ao Poder Executivo na alocação dos recursos, por ocasião da elaboração dos orçamentos. 2 . PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO A participação da população na elaboração do orçamento e na fiscalização dos recursos públicos é um direito dos brasileiros assegurado pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, que incentiva essa prática da cidadania. É fundamental que a sociedade esteja consciente de que é o dinheiro de toda a população que será usado para atender às respectivas necessidades. 3 . CONTROLE INSTITUCIONAL Os principais órgãos que fiscalizam a aplicação dos recursos públicos são o Tribunal de Contas da União - TCU, a Controladoria-Geral da União - CGU, os Ministérios Públicos Federal e Estaduais e os Tribunais de Contas Estaduais e Municipais, onde houver. 4 . COMO PARTICIPAR ? Devido a extensão do Brasil e do número de Municípios, atualmente de 5.564, só o controle institucional sobre os recursos públicos não é suficiente. Por isso, é preciso a atuação da população com uma participação efetiva na fiscalização e no controle do dinheiro público. A população pode participar de diversas formas, atuando nos Conselhos de Políticas Públicas, nas organizações civis ou diretamente. Além disso, é importante que haja denúncia das irregularidades identificadas aos órgãos de controle, ao Ministério Público, à CGU, às Assembleias Legislativas, à Câmara Municipal e aos Tribunais de Contas. É muito importante perguntar: de que forma a população pode participar? No Governo Federal, quando são apresentadas as propostas orçamentárias ao Congresso Nacional, são abertas audiências públicas para que a população possa participar, apresentando propostas que julgar relevantes para a melhoria das condições de vida da comunidade. Da mesma forma, é possível a participação no orçamento estadual e, sobretudo, nos orçamentos dos Municípios, onde de fato mora o cidadão. Em muitos Municípios existe o orçamento participativo, mas mesmo naqueles onde ainda não exista essa prática, a população pode e deve participar, seja por meio das associações civis e dos Conselhos de Políticas Públicas, seja diretamente. 5 . ORÇAMENTO PARTICIPATIVO O orçamento participativo (OP) é uma modalidade de orçamento público que se caracteriza pela participação da população nas escolhas de prioridades para a utilização dos recursos públicos. Esse instrumento de participação popular vem sendo utilizado com êxito em diversas cidades do Brasil e do exterior. Cabe ressaltar que o orçamento participativo conta com o reconhecimento de organismos internacionais. A ONU reconhece o orçamento participativo como um importante instrumento de participação da população no controle dos recursos públicos, enquanto o Banco Mundial, de acordo com a Prefeitura de Porto Alegre, considera o orçamento participativo daquele Município uma experiência positiva e com ótimos resultados de ação comum entre governo e sociedade civil. 5.1 . COMO FUNCIONA O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO? O orçamento participativo é um processo pelo qual a população decide, diretamente, a aplicação dos recursos em obras e em serviços que serão executados pela administração municipal, iniciando-se com as reuniões preparatórias, quando é feita a prestação de contas do ano anterior e fazendo-se a apresentação do Plano de Investimentos e Serviços para o ano seguinte. Esse processo é acompanhado pelas secretarias e autarquias (municipais), esclarecendo os critérios que orientam e viabilizam as demandas. 6. GLOSSÁRIO Amortização de empréstimos/dívida - extinção gradativa de uma dívida por meio de pagamento parcelado. As parcelas de amortização são também conhecidas como principal da dívida. Arrecadação - Segundo estágio da receita pública. Consiste no recebimento da receita por agente devidamente autorizado. É o processo pelo qual, após o lançamento dos tributos, realiza-se seu recolhimento aos cofres públicos. É o ato de recebimento do imposto do contribuinte pelas repartições competentes e manifesta-se em dinheiro, de acordo com leis e regulamentos em vigor e sob imediatafiscalização das respectivas chefias. Arrecadação da receita consiste em cobrar os tributos, recebê-los e guardar o numerário respectivo, podendo ser direta (por coleta, por unidades administrativas e por via bancária) ou indireta (arrendamento, retenção na fonte e estampilha). Dívida Pública Federal (DPF) - Refere-se a todas as dívidas (contratual e mobiliária, interna e externa) assumidas pela esfera federal. Juros - É a taxa cobrada pelo credor de um empréstimo, usualmente expressa como uma taxa percentual anual do principal. Orçamento da Seguridade Social - Integra a Lei Orçamentária Anual, e abrange todas as entidades, fundos e fundações de administração direta e indireta, instituídas e mantidas pelo Poder público, vinculadas à Seguridade Social. Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais - Apresenta os investimentos das empresas controladas pelo Governo Federal, abrangendo somente os investimentos das empresas estatais independentes, isto é, aquelas que não necessitam de recursos do governo para manter suas atividades. São exemplos: Petrobrás, Eletrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Orçamento Fiscal - Integra a Lei Orçamentária Anual e refere-se ao orçamento dos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. PIB - Produto Interno Bruto, é a soma de todos os bens e produtos finais produzidos dentro do território de um País ou Estado. O PIB per capita é igual ao resultado da divisão do valor total do PIB pela população. Prestação de contas - Demonstrativo organizado pelo próprio agente, entidade ou pessoa designada, acompanhado ou não de documentos comprobatórios das operações de receita e de despesa, os quais, se aprovados pelo ordenador de despesa, integrarão a sua tomada de contas; é também o levantamento organizado pelo Serviço de Contabilidade das entidades da Administração indireta, inclusive das fundações instituídas pelo Poder Público. Refinanciamento da Dívida Pública - É a substituição de títulos anteriormente emitidos por títulos novos, com vencimento posterior. Neste tipo de operação, usualmente conhecida como "rolagem da dívida", não há redução nem ampliação do endividamento atual.
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