Buscar

TRABALHO DE DIREITO EMPRESARIAL duplicatas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TRABALHO DE DIREITO EMPRESARIAL I: TÍTULO DE CRÉDITO – DUPLICATAS 
ITAPERUNA
2013.2
GISELE RIBEIRO DE SALES BOTELHO
TRABALHO DE DIREITO EMPRESARIAL I: TÍTULO DE CRÉDITO – DUPLICATAS 
Trabalho apresentado à disciplina Direito Empresarial I do 4° Período do Curso de Direito da Faculdade Redentor.
Orientador: Prof. Maxwell Ladislau
ITAPERUNA
2013.2
SUMÁRIO
1.Conceito.......................................................................................................... 4
2.Aceite da Duplicata........................................................................................ 6
3.Suprimento do aceite.................................................................................... 8
4.Executividade da Duplicata sem aceite e protestada................................ 9
5.Pagamento.................................................................................................... 11
6.Protesto........................................................................................................ 14
7.Triplicata....................................................................................................... 16
8.Fatura de serviço de profissional liberal....................................................17
9.Referências ...................................................................................................181. Conceito
A doutrina aponta que a duplicata é título de crédito concebido pelo direito brasileiro, que nasceu como instrumento de política fiscal – controlava a incidência do imposto do selo – e se consolidou em razão do pouquíssimo uso da letra de câmbio na praxe comercial nacional.
A expressão duplicata em si não significa que seja cópia ou duplicata de outro documento (nem mesmo da fatura), mas adquiriu significado próprio, expressando o documento emitido com base numa fatura, conforme dispõe o artigo 2º da Lei 5.474, de 18 de julho de 1968, que rege a duplicata no Brasil.
Lei 5.474/68. Art. 2º. “No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do devedor pela importância faturada ao comprador (...)
A duplicata é um título que é emitido pelo credor, declarando existir, a seu favor, um crédito de determinado valor em moeda corrente, fruto – obrigatoriamente – de um negócio empresarial subjacente de compra e venda de mercadorias ou de prestação de serviços, cujo pagamento é devido em determinada data (termo).
A declaração da existência do crédito se faz contra o devedor indicado e a favor do próprio emitente, razão pela qual não há nesse caso uma promessa de pagamento. Ao criar a duplicata e mantê-la em sua contabilidade como crédito, isto é, parte do patrimônio bruto (ativo), o credor nada promete, apenas declara.Somente se põe o título em circulação se o endossa a outrem, sua declaração assume o contorno de uma promessa, que é, contudo, aferível mais no ato jurídico de endossar do que no ato de emitir.
A duplicata é um título de crédito causal, no sentido de que a sua emissão somente pode ocorrer na hipótese autorizada pela lei: a documentação de crédito nascido da compra e venda mercantil ou da prestação de serviços. Analisando a duplicata frente à letra de câmbio, tem-se que, apesar de manterem-se alguns traços com a letra de câmbio, a duplicada dela se distingue por ter a sua origem necessariamente presa a um contrato mercantil de compra e venda ou de prestação de serviço – disso decorrendo sua natureza causal.
Ainda segundo os ensinamentos do professor Fábio Ulhoa, a duplicata mercantil é um título de modelo vinculado, devendo ser lançada em impresso próprio do vendedor, confeccionado de acordo com o padrão previsto na Resolução n. 102 do Conselho Monetário Nacional. Não configura uma duplicata, nem gera efeitos cambiais, o documento que preencha todos os requisitos1, mas não observe o padrão legal.
_____________________________
1 De acordo com Fábio Ulhoa, os requisitos da duplicata mercantil são os seguintes:
a) a expressão “duplicata”, a data de sua emissão e o número de ordem;
b) o número da fatura;
c) a data certa do vencimento ou a declaração de ser o título à vista;
d) o nome e o domicílio do vendedor e do comprador, sendo o comprador identificado também, pelo número de sua Cédula de Identidade, de suainscrição no Cadastro de Pessoa Física, do Título Eleitoral ou da Carteira Profissional;
e) a importância a pagar, em algarismos e por extenso;
f) o local do pagamento;
g) a cláusula “à ordem”, sendo que não se admite a emissão;
h) a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la destinada ao aceite do comprador;
i) e por fim, a assinatura do emitente, podendo ser utilizada a rubrica mecânica nos termos da Lei nº 6.304/75.
2. Aceite da Duplicata
De acordo com a sistemática da Lei 5.474/68, o empresário, ao realizar qualquer venda de mercadorias, deve extrair a fatura ou nota fiscal-fatura. Nos dois casos, ele elabora documento escrito e numerado em que discrimina as mercadorias vendidas, informando quantidade, preço unitário e total. A duplicata será emitida com base nesse instrumento (fatura). Para o direito comercial, é irrelevante se o instrumento é fatura ou nota fiscal-fatura, servindo ambas à finalidade de preparar a criação da duplicata.
Fábio Ulhoa ensina que a duplicata mercantil é título de aceite obrigatório, ou seja, independe da vontade do sacado (comprador). Ao contrário do que ocorre com a letra de câmbio, em que o sacado não tem nenhuma obrigação de aceitar a ordem que lhe foi endereçada, na duplicata mercantil o sacado está, em regra, vinculado à aceitação da ordem, só podendo recusá-la em situações previamente definidas em lei. Quando se afirma que o aceite da duplicata é obrigatório não se pretende que ele não possa ser recusado, mas, sim, que a sua recusa somente poderá ocorrer em determinados casoslegalmente previstos.
Nos 30 dias seguintes à emissão, o sacador deve remeter a duplicata ao sacado. Se o título é emitido à vista, o comprador, ao recebe-lo, deve proceder ao pagamento da importância devida; se a prazo, ele deve assinar a duplicata no campo próprio para aceite, e restituí-la ao sacador, em 10 dias. Isto, por evidente, se não existirem motivos para a recusa do aceite, hipótese em que a duplicata é devolvida ao vendedor acompanhada da exposição dos motivos, como determina o art. 7º, §1º, da LD.
LD. Art. 7º. A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de 10(dez) dias, contados da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta de aceite.
§1º. Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que comunique, por escrito, à apresentante, o aceite e a retenção.
A recusa de aceite de uma duplicata mercantil só é admissível nos seguintes casos: a) avaria ou não recebimento de mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por conta e risco do comprador; b) vícios na qualidade ou quantidade das mercadorias; c) divergência nos prazos ou nos preços ajustados (art. 8º da LD). Em qualquer uma destas três hipóteses, e somente nestas, poderá o comprador recusar o aceite e, portanto, não assumir obrigação cambial.
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode serdiscriminado em três categorias:
a) Aceite ordinário: resulta da assinatura do comprador aposta no local apropriado do título de crédito;
b) Aceite por comunicação: resulta da retenção da duplicata mercantil pelo comprador autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a comunicação, por escrito, ao vendedor, de seu aceite;
c) Aceitepor presunção: resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador, desde que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução do título ao vendedor.
Aceite obrigatório, portanto, não é o mesmo que irrecusável. Quando o vendedor não cumpriu satisfatoriamente suas obrigações, o comprador pode se exonerar do cumprimento das suas. A recusa do aceite cabe nessa situação. Mas, se houve satisfatória execução do contrato pelo devedor, a emissão da duplicata é suficiente para vincular o comprador ao seu pagamento, dispensando-se a assinatura no título, para a formalização do aceite.
3. Suprimento do aceite
Sem oposição formulada pelo comprador, o comprovante de entrega de mercadorias supre a falta de aceite na duplicata mercantil, na medida em que evidencia o cumprimento da obrigação assumida no contrato que precede à formação da duplicata.
Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto resume a significação da confirmação de recepção dos bens comprados com as seguintes palavras:
É que ela (a lei de duplicatas) faz valer o documento probatório de remessa ou entrega da mercadoria como assinatura da própria duplicata, de sorte que se se admitisse não poder o mandatário com poderesgerais de gerência assinar duplicata, ter-se-ia também de concluir pela sua impossibilidade de assinar a fatura e o documento que prova a entrega da mercadoria e consequentemente, de fazer qualquer compra.
Se o comprador não reconhece a exatidão da duplicata e lhe recusa anuência sem fundamentar a rejeição, nos termos exigidos pela Lei de Duplicatas, a prova do aperfeiçoamento do negócio causal se torna indispensável para conferir exigibilidade ao crédito inserto na duplicata.
Rubens Requião alude que o “suprimento do aceite nas duplicatas” ocorre em três hipóteses legais. A primeira, quando o sacado, recebendo a duplicata, a retém com o consentimento do credor, tendo comunicado que a aceitou e a reteve. A segunda, quando a duplicata ou triplicata não aceita, mas protestada, desde que esteja acompanhada de qualquer documento comprobatório da remessa ou da entrega da mercadoria. A última e terceira hipótese quando a duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida, desde que o protesto seja tirado mediante indicações do credor ou do apresentante do título.
4. Executividade da Duplicata sem aceite e protestada
A duplicata é um título de crédito dotado de eficácia executiva, e vale ressaltar que mesmo a inexistência do título material admite a execução da duplicata, desde que exista o protesto por indicação da fatura, acompanhado da entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços.
Considerando tratar-se de título de crédito em que o aceite é obrigatório, vê-se então que o devedor (comprador) se obriga ao pagamento desse títuloindependentemente de aceitá-lo expressamente. Daí porque se diz que o aceite, na duplicata, pode ser expresso (ordinário) ou presumido (por presunção).
O aceite expresso, como o próprio nome indica, é aquele realizado no próprio título, no local indicado. Já o presumido, por sua vez, ocorre quando o devedor recebe, sem reclamação, as mercadorias enviadas pelo credor. Nesse caso, ainda que a duplicata não seja aceita expressamente, o simples fato de o devedor ter recebido as mercadorias sem recusa formal já caracteriza o aceite do título.
A grande diferença entre o aceite expresso e o presumido se manifesta na execução da duplicata. Com efeito, a duplicata aceita expressamente, como é título de crédito perfeito e acabado, pode ser executada sem a exigência de maiores formalidades. 
No entanto, a execução da duplicata aceita por presunção segue regra diferente. Além da apresentação do título, são necessários o protesto e o comprovante de entrega das mercadorias. Isto é o que preceitua o artigo 15 da LD:
Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil, quando se tratar: 
       l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
       II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente:
       a) haja sido protestada;
       b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; e
       c) o sacado não tenha,comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei.
       § 1º - Contra o sacador, os endossantes e respectivos avalistas caberá o processo de execução referido neste artigo, quaisquer que sejam a forma e as condições do protesto. 
       § 2º - Processar-se-á também da mesma maneira a execução de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida, desde que haja sido protestada mediante indicações do credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14, preenchidas as condições do inciso II deste artigo.
O Superior Tribunal de Justiça é bastante rigoroso na análise da possibilidade de execução de duplicata sem aceite, ou seja, aceita por presunção. Exige-se a prova inequívoca do recebimento das mercadorias ou da efetiva prestação dos serviços. Nesse sentido já decidiu o STJ:
DUPLICATA SEM ACEITE. FATURA. EXECUÇÃO. Na espécie, não foi expedida fatura e as notas fiscais não estão referidas nas duplicatas sem aceite, não ficando claro se as mercadorias entregues, conforme consta ao pé de algumas notas fiscais, não de todas, correspondem às duplicatas que instruíram a inicial do processo de execução. Assim, o exequente não comprovou que as duplicatas correspondem às operações de compra e venda das mercadorias efetivamente entregues e recebidas. Logo, não cabe a ação executiva. REsp 450.628-MG, Rel. Min. Ruy Rosado, julgado em 12/11/2002.
Em contrapartida, é entendimento também do STJ que a exigência de comprovação da entrega das mercadorias, para que a duplicata não aceitaexpressamente se aperfeiçoe como título executivo, só é necessária se a execução é voltada contra o devedor principal, ou seja, o comprador. Se, todavia, a execução é direcionada contra o sacador, isto é, contra o próprio vendedor, no caso de ele ter endossado o título a terceiros, é desnecessária a referida comprovação.
5. Pagamento
O pagamento é a forma natural de liquidação de uma obrigação. Em regra, consiste em prestação em dinheiro, o que não significa que credor e devedor fiquem impedidos de acordar no pagamento outra forma dotada de valor econômico ou outro meio de prestação extintiva.
Como o título de crédito é documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, que nele se contém, João Eunápio Borges ressalta:
Incorpora-se de tal forma o direito no título que a conexão, a compenetração de um no outro é de tal natureza, que não se concebe o direito sem o documento. Assim, o devedor, que tem o dever de pagar, à vista do documento, tem igualmente o direito de só pagar à vista e contra a restituição do título. E o devedor que abrir mão desse direito – de só pagar contra a restituição do título – e contentar-se com a quitação em documento separado, corre o risco de pagar segunda vez ao legítimo portador do título. A quitação fora do título é defesa oponível unicamente ao signatário dela, incapaz, evidentemente, de prejudicar o direito de qualquer legítimo portador de boa-fé.
Se o pagamento é feito pelo aceitante, extingue-se a obrigação cambiária representada pela duplicata; se pelo avalista do aceitante, assiste-lhe acobrança judicial contra aquele.
Para disciplinar o pagamento da duplicata, o Capítulo II (artigos 9º ao 12) da Lei de Duplicatas explicita algumas regras, dentre elas: o comprador pode resgatar a duplicata antes do aceite ou da data de vencimento da obrigação; a prova do pagamento é o recibo no verso da duplicata, pelo legítimo portador ou representante com poderes especiais, ou ainda, em documento separado, desde que com alusão expressa à duplicata; no pagamento, são cabíveis deduções a favor do devedor, em virtude de devolução demercadorias, diferença de preços, pagamentos parciais, etc., sempre que autorizadas; a reforma ou prorrogação devem ser objetos de declaração assinada pelo sacador ou portador, ou representante com poderes especiais, e só afeta coobrigados se encetada com sua expressa anuência; a duplicata aceita o suporte de aval, inclusive posterior ao vencimento.
A lei traz dispositivos que modificam a norma geral de ser efetuado o pagamento integral na época do vencimento. O artigo 9º da Lei de Duplicatas permite ao comprador resgatar a duplicata não só antes do vencimento, quando já aceita, mas também antes de aceita-la. Assim sendo, o devedor poderá pagar o título que lhe foi apresentado, ainda que não tenha aceite; por outro lado, tendo sido o título aceito, poderá ser liquidado pelo comprador antes do seu vencimento normal, que ocorre na data determinada, na duplicata.
Entretanto, o credor não está obrigado a receber o pagamento antecipado, como determina o artigo 902 do Código Civil, in verbis: “Não é o credor obrigado areceber o pagamento antecipado do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento”.
No vencimento, o portador não pode recusar pagamento parcial da duplicata, preservado ao credor o direito de cobrar o que faltou. Ao credor resta a responsabilidade pelo montante que não liquidou e aos coobrigados favorece a minimização de sua responsabilidade.
Nestes casos, não se opera a tradição da duplicata, assente que o portador dela necessita para postular o pagamento residual. Comprova-se o ato por recibo em separado, além da anotação na cártula.
Como já mencionado, a prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento, em separado, mas com referência expressa à duplicata.
Rubens Requião ressalta que o título pago, para segurança do devedor, deve ser retirado de circulação. O recibo pode, excepcionalmente, ser passado em documento à parte, com referência expressa à duplicata, havendo, todavia, o perigo de, ficando o título em circulação, sem a averbação do pagamento no seu verso, ser exigido por endossatário, portador de boa-fé. É, por isso, um risco que corre o devedor, que não podendo opor exceção de pagamento ao portador de boa-fé, estará sujeito a pagá-lo outra vez.
O obrigado que paga a duplicata tem o direito a que lhe seja repassada a posse dela, a fim de estancar sua mobilização. Assim, a simples quitação não é suficiente, posto que, ficando a duplicata em poder do portador, poderátransmiti-la a terceiros.
Constitui igualmente prova de pagamento, total ou parcial da duplicata, a liquidação de cheque em favor do estabelecimento endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina à amortização ou liquidação da duplicata nele caracterizada. Pode ocorrer a quitação também pela entrega do título ao devedor. Porém, se o credor provar, em 60 dias, a falta de pagamento, a quitação ficará sem efeito, nos termos do artigo 324, parágrafo único do Código Civil.
6. Protesto
A duplicata pode ser protestada por falta de aceite, de devolução ou de pagamento. Qualquer que seja a causa do protesto, se o comprador não restituiu o título ao vendedor, ele se fará por indicações do credor fornecidas ao cartório de protesto, segundo o que faculta o art. 13, § 1º da LD. Trata-se de norma jurídica que excepciona o princípio da cartularidade, posto permitir o exercício de direitos cambiários sem a posse do título. O protesto por indicações, naturalmente, prescinde da exibição da cártula.
Segundo o § 2º do referido art. 13, “o fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento”. E o § 3º, complementa, determinando que “o protesto será tirado na praça de pagamento constante do título”. Por fim, o § 4º estabelece o prazo de 30 dias para a realização do protesto, sob pena de perda do direito de execução contra os codevedores: “o portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro doprazo de 30 dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas”.
Ressalte-se que a praça de pagamento constante do título, além de ser o local indicado para a realização do protesto, é também o foro competente para a ação de execução, nos termos do art. 17 da LD: “o foro competente para a cobrança judicial da duplicata ou da triplicata é o da praça de pagamento constante do título, ou outra de domicílio do comprador e, no caso de ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e respectivos avalistas”.
Sobre o assunto, Fábio Ulhoa ainda acentua que o protesto cambial que a lei define como condição de exigibilidade da duplicata não-assinada mas acompanhada do comprovante de recebimento das mercadorias, quando o executado for o sacado, não precisa ter sido providenciado, necessariamente, nos 30 dias seguintes ao vencimento. Mesmo o protesto extemporâneo supre a exigência legal nesta hipótese.
Como já mencionado anteriormente, havendo a retenção da duplicata, o procedimento mais correto a ser adotado para a conservação dos direitos creditórios é a realização do protesto por indicações. Com esse protesto, bem assim com a comprovação da entrega das mercadorias, poderá ser ajuizada a competente execução. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que não é admissível o protesto por indicações de meros boletos bancários, sendo indispensável que tenha havido a emissão de duplicatas e a posterior retenção delas por parte do comprador.
7. Triplicata
Fábio Ulhoaleciona que “a perda ou o extravio da duplicata obriga o vendedor a extrair a triplicata, que é nada mais que uma cópia da duplicata, uma segunda via, feita com base nos registros constantes da escrituração que obrigatoriamente o comerciante deve manter”.
A extração da triplicata está prevista no artigo 23 da LD: “a perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela”.
É comum, quando há retenção da duplicata, que o credor emita uma triplicata, enviando-a posteriormente a protesto para executá-la na sequência. Em tese, não é o procedimento correto; no entanto, como não há maiores prejuízos, tem-se aceito a prática sem maiores problemas.
8. Fatura de serviço de profissional liberal
O crédito do prestador de serviços poderá ser documentado, de acordo com a sua natureza, podendo ser representado pela duplicata de prestação de serviços, a ser emitida por empresas, individuais e coletivas, prestadoras de serviços (arts. 20 e 21/LD); e a conta ou fatura, emitida por profissionais liberais e prestadores de serviço eventuais (art. 22/LD).
Quanto à duplicata de prestação de serviços deve ser observado que a mesma está sujeita ao mesmo regime jurídico da duplicata mercantil, com as adaptações cabíveis (art. 20, § 3º/LD). Por ser, também, a duplicata de prestação de serviços um título de aceite obrigatório, de forma a vincular o sacado ao pagamento da cambial, ela somente pode ser recusada nos seguintes casos: a) nãocorresponder aos serviços prestados; b) vícios e defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados; c) divergências nos prazos ou nos preços ajustados.
A conta ou fatura de serviços, deverá ser emitida pelo profissional liberal ou pelo prestador de serviços eventual. Para a fatura ou conta não se exige a escrituração. Deve ser emitida com a discriminação dos serviços prestados, sua natureza, valor, data e local de pagamento, vínculo contratual que deu origem aos serviços prestados e deverá ser levada ao Cartório de Títulos e Documentos para registro, devendo ser entregue para aquele a quem o serviço foi prestado. O seu não pagamento facultará ao credor providenciar o protesto e a execução (art. 22, § 4º/LD).9. Referências
BORGES, João Eunápio. Títulos de Crédito. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1979.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. 450.628-MG, Relator Min. Ruy Rosado, julgado em: 12/11/2002. Disponível em .
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
EDITORA SARAIVA. Vade Mecum Saraiva.Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
PEIXOTO, Carlos Fulgêncio da Cunha. Comentários à Lei de Duplicatas. Rio de Janeiro: Forense, 1970.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 2ª ed. São Paulo: Método, 2012.
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 25ª ed. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003.

Outros materiais