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Nutrição de búfalos parâmetros gerais Leonard C. Kear Texto adaptado por Otavio Bernardes a partir do trabalho de Leonard C. Kearl - Nutrient Requeriment of Ruminants in Developing Countries - IFI, Utah State University, Logan, USA - Traduzido por Alcides Amorim Ramos O consumo de matéria seca é variável em função entre outros fatores, principalmente do estágio do animal (crescimento, lactação, etc) e do teor de ENERGIA da ração, o qual tem normalmente relação inversa com o teor de fibras da dieta. O teor de proteínas da ração tem pouca influência sobre este consumo. Animais em crescimento apresentaram em diversos trabalhos, consumos variáveis entre 1,25 a 2,57% do PV expressos em matéria seca, sendo os maiores consumos quando do uso de alimentos de melhor qualidade como o feno de alfafa. Em um experimento com búfalas secas pesando entre 392 e 520 Kg com dietas variáveis quanto aos teores de energia/proteína demonstrou o papel dos níveis de energia no consumo de MS. Consumo de Matéria Seca expresso em % do Peso Vivo em diferentes dietas Proteína Energia Baixa 80% NRC Média 100% NRC Alta 120% NRC Baixa 25,1% Fibra Bruta 1,25 1,25 1,22 Média 18,1% Fibra Bruta 1,46 1,47 1,45 Alta 2,6% Fibra Bruta 1,71 1,66 1,73 Assim sendo, para búfalos em crescimento, calcula-se o consumo diário dos animais na base de 97,4 g de MS/P kg 0.75 multiplicado pelo fator F (fórmula a seguir), que corrige o consumo em função do teor de energia da dieta. Estimativa do consumo de MS de búfalos em crescimento e búfalas em período seco Consumo MS diário = F x 97,4 g de MS/ P kg0.75 F= - 0.666 + 1.333 ME - 0,2666 ME2 Onde: ME é o teor de energia da dieta expresso em Mcal EM/ kg/ MS, sendo EM, a energia metabolizável. Exemplo: Qual o estimativa de consumo diário de novilhas com 250 kg consumindo uma ração com cerca de 1,79 Mcal de EM/kg? Pkg 0.75 =250 0.75 =62,87 kg F=(-0.666) + (1.333x1.79) - (0,2666x1,79 2) = 0,87 Consumo= 97,4 x 0,87 x 62,87 = 5.327,48 g/dia = 5,3 Kg/dia (2,13% do PV) Trabalhos com búfalas em lactação mostraram consumos médios em torno de 2,15% do PV. Porém, se suplementados com concentrados à base de 14,5% da ração o consumo cresceu para cerca de 3%, e na base de 27,7% da ração, o consumo foi de 3,2% do PV. Também na lactação, observou- se que o principal fator a contribuir para um maior consumo de matéria seca foi o teor de energia da dieta, não havendo influência do teor de proteínas da mesma. Assim, para diferentes níveis de energia (expressos em porcentagem das recomendações do NRC), observou-se o seguinte consumo de MS. 90% NRC.......2.42% 110% NRC.....2.90% 130% NRC.....3.42% Estimativa do consumo de MS de búfalas em lactação Consumo MS diário = F x 133 g de MS/ P kg 0.75 F= - 0.666 + 1.333 ME - 0,2666 ME 2 Exemplo: Qual o estimativa de consumo diário de vacas em lactação com 500 kg consumindo uma ração com cerca de 1,86 Mcal de EM/Kg? P kg 0.75 = 500 0.75 = 105,74 Kg F = (- 0,666) + (1,333 x 1,86) - (0,2666 x 1,86 2 ) = 0,89 Consumo = 133 x 0,89 x 105,74 = 12.516,44 g/dia = 12,5 Kg/dia (2,5% do PV) ENERGIA - Diversas são as formas de expressar o valor energético dos alimentos, o que muitas vezes traz muita confusão. Apresentamos a seguir algumas de suas expressões e significados: NDT - Nutrientes digestíveis totais. Representa a soma de todos os nutrientes digestíveis contidos nos alimentos. Através da análise básica dos alimentos, pode-se calcular o teor de NDT, normalmente expresso em porcentagem. ED - Energia Digestível - Representa a quantidade total de energia ingerida deduzindo-se aquela excretada nas fezes. Toma-se por base que 1 Kg de NDT produz cerca de 4.400 kcal de ED. EM - Energia Metabolizável - Representa a energia total ingerida, deduzindo-se aquelas excretadas nas fezes, na urina e nos gases eliminados, sendo expressa por unidade de matéria seca ingerida. (Kcal/kg). É muitas vezes calculada por estimativa a partir da ED ou dos NDT, assumindo-se para ruminantes que EM kcal/Kg = 0,82 x ED kcal/kg Energia para Manutenção Baseado a partir de 6 referências na literatura, o autor estimou em 125 Kcal/P kg 0.75 /dia a necessidade de energia para manutenção de búfalos em crescimento e búfalas em período seco. Faz porém a ressalva que todos estes trabalhos foram feitos na Índia. Este valor, segundo o autor, é cerca de 6% superior à necessidade estimada para bovinos. (118 Kcal). Energia para Crescimento Segundo estudos avaliados pelo autor, as necessidades de energia para crescimento de búfalos situam-se em níveis cerca de 20% superiores aos recomendados para bovinos pelo NRC. Sugere que tal exigência deve-se ao fato da carne de búfalos conter menor quantidade de matéria seca e gordura que os bovinos, e maior quantidade de proteína. Estima que a necessidade de energia é de cerca de 10 Kcal por grama de ganho de peso para animais até 250 Kg, e de 1Kcal/g de ganho de peso para cada 50Kg a mais de PV, por exemplo, 11 Kcal/g para animais de 300 Kg, 12 Kcal/g para animais de 350 Kg, e assim por diante. Energia para Prenhez Não se observou na literatura informações específicas para búfalas durante a gestação. Diante disto, sugere o autor a utilização dos mesmos índices requeridos para os animais em crescimento, qual seja, 125 Kcal/P kg 0.75 /dia, acrescendo-se no último trimestre da energia necessária para proporcionar 400g de ganho diário na cria, que seria 4.000 Kcal (10Kcal x 400g). Energia para Lactação As informações fornecidas por 3 autores apresentou dados conflitantes, variando de 120 Kcal/P kg 0.75 /dia, 132 Kcal/P kg 0.75 /dia e 159 Kcal/P kg 0.75 /dia, fornecendo uma média de 137 Kcal/P kg 0.75 /dia, valor foi utilizado pelo autor na elaboração das tabelas de necessidades. Estes valores variam desde necessidades semelhantes à de bovinos de mesmo peso até 38% acima. Na realidade, a necessidade de energia de lactação é função da quantidade de leite produzida e de seu conteúdo em nutrientes, tais como proteína, teor de gordura, sólidos não gordurosos, etc. Em termos comparativos, costuma-se expressar a necessidade de energia de lactação por Kg de leite produzido ajustado a 4% de gordura A partir daí, autores apontam necessidades desde 1.188 Kcal/Kg leite a 4% gordura até 1.603 Kcal. O autor utilizou o valor médio de 1.230 Kcal/Kg leite a 4% gordura, comparável ao encontrado em bovinos 1.144, ovinos, 1250 e caprinos, 1.203 Kcal. Nota: - A fim de "ajustar" a produção observada para 4% de gordura, pode-se utilizar a fórmula de Gaines-Davidson: Leite a 4% gordura = (0,4 x P) + (0,15 x P x G%) Onde: P=produção em Kg, G=% de gordura do leite Energia para Trabalho Estima-se em 2,4 Kcal de EM/Kg peso vivo por hora de trabalho. PROTEÍNAS Proteína para Manutenção Através da análise de diversos trabalhos, o autor adotou o valor de 2,54 g/P Kg 0.75 /dia como a necessidade de manutenção de bubalinos. Os diversos trabalhos analisados parecem indicar que os búfalos são capazes de utilizar mais eficientemente a proteína que os bovinos, tornando suas necessidades de proteína digerível para manutenção menor. (até 16% menos). Proteína para Crescimento Através de adaptações e avaliação de diversos autores, sugere-se que a necessidade de proteína para o crescimento, já incluída a necessidade pra a manutenção poderia ser obtida através da seguinte fórmula: NDP= 2,54 g/P Kg 0.75 + 0,238g GPV + 0,6631 kgPV - 0,001142 kg PV 2 Onde: NDP= necessidade de proteína digerível em g/dia Pkg 0.75 = Kg de peso metabólico GPV = ganho de peso vivo diárioPV = Peso Vivo Proteínas para Prenhez (últimos 3 meses) O feto desenvolve cerca de 2/3 de seu peso nos últimos 3 meses de gestação, o que eleva neste período significativamente as necessidades alimentares da búfala. O ganho de peso do feto neste período deve ser de cerca de 400-500g/dia , daí, estima-se que a necessidade adicional de prteínas digeríveis neste período deva ser de cerca de 95g/dia. Proteínas para Lactação Os valores observados pelo autor na sua revisão forma bastante divergentes, tendo porém assumido um valor médio de 3,42 g/Pkg 0.75 /dia como a necessidade de proteína digestível durante o início e meio da lactação. EXIGÊNCIAS de MINERAIS As necessidades de minerais em búfalos são ainda pouco conhecidas. Cálcio A necessidade básica de búfalas adultas é estimada em 23 a 35g/dia. Búfalas jovens necessitam de cálcio adicional para garantir o seu crescimento durante suas primeiras lactações, e ainda, o cálcio contido no leite deve ser reposto pela dieta, estimando-se sua necessidade em quantidades variáveis, de 2,9 g/Kg de leite com 5% de gordura, até 4,1 g/Kg de leite com 11% de gordura. Fósforo É um elemento que se reveste de especial importância, haja visto que a maioria das forrageiras naturais contém baixo teor deste elemento. Estima-se a necessidade diária em 14,5 g/dia. A esta quantidade, deve-se assegurar quantidades adicionais a fim de atender as necessidades de gestação, de crescimento e de produção, além de evitar-se exceder a relação Ca:P acima de 3:1.